REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202509232317
Elias Gonçalves de Andrade1
Eliana Maria da Silva2
Orientadora: Dinorah Krieger Gonçalves3
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo analisar o uso de metodologias ativas no contexto da educação básica, destacando seus fundamentos, aplicações, benefícios e limitações. Através de uma revisão de literatura de caráter qualitativo, buscou-se compreender de que forma essas metodologias ativas têm sido incorporadas às práticas pedagógicas e quais os impactos gerados no processo de ensino-aprendizagem. As metodologias ativas propõem uma ruptura com o ensino tradicional, ao promover a participação ativa dos estudantes na construção do conhecimento. Experiências relatadas em diferentes etapas da educação básica evidenciam resultados positivos, especialmente quando há planejamento, intencionalidade pedagógica e formação adequada dos docentes. No entanto, a adoção dessas práticas ainda encontra obstáculos, como a falta de infraestrutura, a resistência de alguns educadores, a cultura avaliativa tradicional e a carência de políticas públicas de apoio. Conclui-se que, apesar dos desafios, as metodologias ativas representam um caminho promissor para uma educação mais inovadora, inclusiva e significativa, desde que aplicadas de forma crítica e contextualizada.
Palavras-chave: Educação básica; Metodologias ativas; Inovação pedagógica; Aprendizagem significativa; Formação docente.
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, o cenário educacional brasileiro passou por profundas transformações impulsionadas pela emergência de novas tecnologias, pela expansão do acesso à informação e pelas mudanças nas expectativas sociais quanto ao papel da escola. Nesse contexto, o uso de metodologias ativas na educação básica emergiu como uma resposta inovadora às limitações do ensino tradicional, centrado na figura do professor como único detentor do saber. O enfoque nas metodologias ativas visava ressignificar o papel do aluno como protagonista de seu processo de aprendizagem, promovendo maior engajamento, participação e autonomia (BACICH; MORAN, 2018; CICH; TANZI NETO; TREVISANI, 2015).
Delimitando-se ao contexto da educação básica, observou-se que estratégias como a sala de aula invertida, a aprendizagem baseada em projetos, o uso de tecnologias digitais e jogos educativos passaram a ser incorporadas com maior frequência nas práticas pedagógicas. Essa inserção foi intensificada durante e após o período da pandemia da Covid-19, quando o ensino remoto impôs desafios sem precedentes à formação e à atuação dos professores (AMARAL RODRIGUES; GUIMARÃES, 2022; MOREIRA; COUTINHO, 2024). Nesse cenário, professores buscaram alternativas para manter o vínculo com os estudantes e garantir a continuidade da aprendizagem, optando por metodologias que estimulassem a interação, a criatividade e o pensamento crítico.
O problema que se apresentava, contudo, residia na dificuldade de implementação efetiva dessas metodologias no cotidiano das escolas, devido à resistência de parte do corpo docente, à escassez de formação continuada, à sobrecarga de conteúdos curriculares e à falta de infraestrutura adequada. Ainda que os benefícios pedagógicos das metodologias ativas já tivessem sido amplamente discutidos na literatura, sua prática permanecia, em muitos casos, superficial ou pontual (MATTAR, 2021; RODRIGUES, 2023). Além disso, nem sempre essas estratégias estavam alinhadas às realidades socioculturais dos alunos ou integradas aos objetivos educacionais de maneira planejada e sistemática (CARVALHO et al., 2023).
Justifica-se, portanto, a importância de se investigar o uso das metodologias ativas na educação básica, considerando sua potencialidade para promover aprendizagens significativas e o desenvolvimento de competências essenciais ao século XXI. Estudos anteriores já apontaram que abordagens como a aprendizagem baseada em projetos podem favorecer a contextualização do conhecimento e a formação crítica dos estudantes (ROSA; SOUZA, 2023; SILVA; DIAS, 2022). Ao mesmo tempo, práticas lúdicas e interativas, especialmente na educação infantil, mostraram-se eficazes no estímulo ao desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças (SILBER, 2019).
Diante disso, o objetivo geral deste trabalho foi analisar como as metodologias ativas vêm sendo utilizadas no âmbito da educação básica, identificando suas principais aplicações, desafios e contribuições para o processo de ensino-aprendizagem. Pretendeu-se compreender em que medida essas estratégias favoreceram a construção do conhecimento de forma participativa e dialógica, e de que maneira influenciaram a prática pedagógica dos docentes no contexto contemporâneo.
METODOLOGIA
A presente pesquisa foi desenvolvida por meio de uma revisão de literatura de caráter qualitativo e exploratório, com o intuito de analisar e sistematizar produções acadêmicas relevantes sobre o uso de metodologias ativas no contexto da educação básica. A escolha por essa abordagem justificou-se pela necessidade de reunir e interpretar o conhecimento já produzido sobre o tema, a fim de compreender as diferentes formas de aplicação dessas metodologias, seus impactos na prática docente e seus efeitos no processo de aprendizagem dos estudantes.
Para garantir maior rigor metodológico, a revisão foi orientada pelos princípios do Protocolo PRISMA 2020 (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses), conforme proposto por Marcondes e da Silva (2023). Ainda que a pesquisa não tenha seguido integralmente todas as etapas do protocolo, adotaram-se suas diretrizes centrais no que se refere à transparência e sistematização na identificação, seleção e análise das fontes.
A delimitação do objeto de estudo concentrou-se em publicações que abordaram diretamente a implementação de metodologias ativas tais como sala de aula invertida, aprendizagem baseada em projetos, uso de tecnologias digitais e práticas lúdicas aplicadas à educação básica, incluindo as etapas da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio.
As fontes analisadas foram selecionadas a partir de livros, capítulos de obras coletivas e artigos científicos publicados entre os anos de 2015 e 2024, com ênfase em autores reconhecidos na área, como Bacich, Moran, Mattar, Cich, entre outros, além de estudos mais recentes que refletiram sobre os desafios e avanços pedagógicos durante e após o contexto pandêmico.
Foram incluídos na análise apenas os trabalhos que apresentavam vínculo direto com a prática pedagógica na educação básica, fundamentação teórica consistente e contribuições empíricas ou reflexivas sobre a aplicação das metodologias ativas. Publicações que tratavam exclusivamente do ensino superior ou que não estabeleciam relação clara com o objeto da investigação foram desconsideradas.
O material selecionado foi examinado de forma interpretativa, com base em uma leitura crítica e integradora, que permitiu identificar as abordagens predominantes nas práticas educacionais investigadas, bem como os contextos escolares envolvidos, os principais resultados obtidos e os entraves enfrentados pelos docentes. A partir dessa análise, foi possível delinear um panorama atual das metodologias ativas na educação básica e compreender como essas estratégias vêm sendo incorporadas ainda que de forma desigual às práticas escolares no Brasil.
RESULTADOS
Metodologias Ativas: Fundamentos e Conceitos
As metodologias ativas emergiram como uma alternativa ao ensino tradicional, centrado na transmissão unilateral de conteúdos, ao propor a participação ativa dos estudantes na construção do conhecimento. Fundamentadas em abordagens pedagógicas inovadoras, essas metodologias colocam o aluno no centro do processo de aprendizagem, estimulando sua autonomia, o pensamento crítico, a colaboração e a resolução de problemas reais. Segundo Bacich e Moran (2018), trata-se de uma mudança de paradigma, em que o estudante deixa de ser um receptor passivo para se tornar agente do próprio aprendizado, enquanto o professor assume o papel de mediador e facilitador.
Na perspectiva de Cich, Tanzi Neto e Trevisani (2015), as metodologias ativas representam uma resposta às demandas da sociedade contemporânea, que exige sujeitos mais críticos, criativos e capazes de aprender continuamente. Essas práticas pedagógicas são embasadas na concepção construtivista da aprendizagem, que valoriza a experiência prévia do aluno, o trabalho em equipe, a investigação e o uso de múltiplas linguagens para a expressão do conhecimento. Entre as estratégias mais conhecidas nesse campo destacam-se a aprendizagem baseada em projetos (ABP), a sala de aula invertida, a aprendizagem baseada em problemas (PBL), os jogos didáticos e o uso de tecnologias digitais.
A aprendizagem baseada em projetos, por exemplo, busca integrar teoria e prática por meio de atividades contextualizadas que partem de problemas reais e significativos para os alunos. Essa abordagem favorece não apenas o domínio de conteúdos, mas também o desenvolvimento de competências socioemocionais, como a empatia, o trabalho em grupo e a responsabilidade social (CARVALHO et al., 2023; ROSA; SOUZA, 2023).
Já a sala de aula invertida propõe a reorganização do tempo e do espaço pedagógico, transferindo para o ambiente doméstico o contato inicial com o conteúdo e reservando o tempo em sala para atividades práticas e colaborativas. Durante a pandemia da Covid-19, essa metodologia foi intensamente explorada com o auxílio de ferramentas digitais, como o TikTok, que passaram a ser utilizadas como recurso didático, especialmente na formação continuada de professores (AMARAL RODRIGUES; GUIMARÃES, 2022).
Mattar (2021) destacou que, com o avanço da educação a distância e o uso massivo das tecnologias digitais, o debate sobre metodologias ativas ganhou ainda mais força. O autor observou que, para que essas estratégias sejam eficazes, é necessário que estejam acompanhadas de planejamento didático, intencionalidade pedagógica e formação docente adequada. Nesse mesmo sentido, Moreira e Coutinho (2024) ressaltaram a importância da capacitação dos professores, sobretudo na educação infantil, para que as metodologias ativas não sejam aplicadas de forma superficial ou descontextualizada.
Desse modo, compreende-se que as metodologias ativas não constituem apenas um conjunto de técnicas, mas sim uma filosofia de ensino que busca transformar a relação entre ensino e aprendizagem, valorizando a experiência do aluno, a interação social e o uso crítico das tecnologias. Sua aplicação, no entanto, exige comprometimento institucional, formação docente contínua e abertura à inovação pedagógica, especialmente no contexto da educação básica, onde ainda se enfrentam desafios estruturais e culturais para a consolidação dessas práticas.
A Educação Básica e os Desafios Pedagógicos Contemporâneos
A educação básica no Brasil enfrenta, há décadas, desafios estruturais, sociais e pedagógicos que comprometem a qualidade do ensino e a equidade no acesso ao conhecimento. Esses desafios se intensificaram nos últimos anos diante das transformações culturais, tecnológicas e econômicas, que exigem uma escola mais dinâmica, inclusiva e conectada com a realidade dos alunos. Nesse contexto, professores e gestores têm sido convocados a repensar suas práticas, buscando romper com modelos tradicionais e investir em abordagens pedagógicas mais participativas e contextualizadas.
A escola contemporânea precisa lidar com múltiplas demandas: combater a evasão escolar, reduzir desigualdades de aprendizagem, integrar as tecnologias digitais ao cotidiano pedagógico, respeitar a diversidade sociocultural dos estudantes e formar cidadãos críticos e conscientes de seu papel na sociedade. Segundo Rosa, Lima e Cavalcanti (2023), essas demandas estão associadas à necessidade de uma educação comprometida com a formação para a cidadania, o que exige práticas pedagógicas que promovam o diálogo, a criticidade e a valorização do contexto social dos alunos.
Durante a pandemia da Covid-19, os desafios da educação básica tornaram-se ainda mais evidentes. O fechamento das escolas, a migração para o ensino remoto emergencial e a desigualdade no acesso às tecnologias aprofundaram as lacunas já existentes no sistema educacional. Nesse período, a formação docente também foi colocada à prova, revelando a urgência de preparar os professores para atuar com flexibilidade, criatividade e domínio das ferramentas digitais (AMARAL RODRIGUES; GUIMARÃES, 2022; MOREIRA; COUTINHO, 2024).
Além disso, os desafios contemporâneos não se limitam ao uso de recursos tecnológicos, mas dizem respeito, sobretudo, à capacidade da escola de garantir uma aprendizagem significativa e humanizadora. A fragmentação curricular, a rigidez dos modelos avaliativos e a desvalorização do trabalho docente são fatores que ainda dificultam a construção de um ensino mais eficaz e inclusivo. Para enfrentar essas questões, torna-se necessário adotar metodologias que respeitem os saberes dos alunos, promovam a interdisciplinaridade e estimulem o pensamento autônomo e criativo.
Conforme apontam Bacich e Moran (2018), a superação dos desafios da educação básica passa pelo investimento em metodologias que envolvam os estudantes ativamente e que os preparem para lidar com problemas reais e complexos do mundo atual. Tais abordagens exigem, no entanto, mudanças profundas na formação inicial e continuada dos professores, na gestão escolar e nas políticas públicas voltadas à educação.
Assim, compreender os desafios pedagógicos da educação básica contemporânea implica reconhecer que a escola não pode mais ser apenas reprodutora de conteúdos, mas precisa assumir um papel formador, crítico e transformador, capaz de dialogar com a vida dos alunos e com as demandas de uma sociedade em constante mudança.
DISCUSSÃO
Experiências Relevantes no Contexto Escolar
A implementação de metodologias ativas na educação básica tem gerado experiências significativas em diversas redes de ensino, demonstrando seu potencial para transformar o ambiente escolar e promover aprendizagens mais significativas. Essas experiências, embora ainda não sejam hegemônicas, revelaram caminhos promissores para a inovação pedagógica, especialmente quando associadas à formação docente e ao uso contextualizado das tecnologias.
Durante o período pandêmico, por exemplo, a sala de aula invertida ganhou destaque como uma alternativa viável para manter o vínculo entre professores e alunos no ensino remoto. Amaral Rodrigues e Guimarães (2022) descreveram uma experiência em que o aplicativo TikTok foi utilizado como recurso pedagógico em atividades da formação continuada docente, favorecendo o engajamento e a apropriação das ferramentas digitais. Nesse caso, a proposta de inversão da lógica tradicional da sala de aula — com a apresentação prévia dos conteúdos em vídeos curtos e o uso do tempo síncrono para discussões e práticas — contribuiu para o protagonismo do aluno e a reconstrução dos vínculos pedagógicos.
Outros relatos também evidenciaram o sucesso da aprendizagem baseada em projetos (ABP) em escolas de educação infantil e ensino fundamental. Segundo Rosa e Souza (2023), uma sequência didática inspirada nos pressupostos freireanos e estruturada a partir da ABP permitiu que estudantes do ensino de ciências desenvolvessem competências investigativas e compreendessem os conteúdos de forma crítica e integrada ao seu cotidiano. De forma semelhante, Carvalho et al. (2023) apontaram que a abordagem por projetos, aliada à contextualização e à interdisciplinaridade, mostrou-se eficaz para promover a educação socioambiental, ao articular saberes científicos com os problemas reais enfrentados pela comunidade escolar.
Na educação infantil, Moreira e Coutinho (2024) relataram experiências nas quais professores passaram a utilizar práticas lúdicas e metodologias ativas como meio de garantir a participação das crianças em tempos de distanciamento social. Essas práticas envolveram jogos, contação de histórias interativas e uso de vídeos educativos enviados às famílias, mostrando que, mesmo em situações adversas, a inovação pedagógica é possível quando há intencionalidade e compromisso com a aprendizagem.
Essas experiências demonstram que o êxito das metodologias ativas depende não apenas da técnica aplicada, mas de um projeto pedagógico coerente com os objetivos educacionais, com o contexto social dos alunos e com a formação crítica do professor. Como destacam Bacich e Moran (2018), o uso dessas metodologias requer planejamento, acompanhamento e avaliação contínua, para que não se tornem apenas modismos pedagógicos, mas sim instrumentos reais de transformação da prática educativa.
Portanto, ao analisar as experiências exitosas no contexto escolar, observa-se que as metodologias ativas, quando bem estruturadas e alinhadas à realidade da comunidade escolar, promovem maior envolvimento dos estudantes, desenvolvem competências socioemocionais e cognitivas e ressignificam o papel do professor e do aluno no processo de ensino-aprendizagem.
Dificuldades e Limitações na Aplicação das Metodologias Ativas
Apesar do potencial transformador das metodologias ativas, sua implementação no contexto da educação básica brasileira ainda enfrenta diversos obstáculos que limitam sua eficácia e alcance. Tais dificuldades estão relacionadas a fatores estruturais, pedagógicos e formativos, refletindo tanto os desafios históricos da educação no país quanto as resistências à mudança no ambiente escolar.
Um dos principais entraves identificados refere-se à formação docente. Muitos professores ainda não receberam uma preparação adequada para aplicar metodologias centradas na aprendizagem ativa e, frequentemente, não dispõem de suporte institucional para realizar essa transição pedagógica. Como apontam Bacich e Moran (2018), a mudança de postura exigida pelas metodologias ativas do professor transmissor ao mediador demanda um processo contínuo de formação e reflexão, que nem sempre é oferecido pelas redes de ensino. Essa lacuna formativa compromete a aplicação consistente dessas práticas e pode levar a usos pontuais ou distorcidos, esvaziando seu potencial pedagógico.
Além disso, a infraestrutura das escolas constitui outro fator limitante. Em muitas instituições públicas, ainda há carência de recursos básicos, como acesso à internet, equipamentos tecnológicos e materiais didáticos adaptados às novas abordagens. Tais condições dificultam especialmente o uso de estratégias como a sala de aula invertida e a aprendizagem baseada em tecnologias, que exigem, por exemplo, que os alunos tenham acesso a conteúdos digitais fora do ambiente escolar (AMARAL RODRIGUES; GUIMARÃES, 2022).
No que se refere à cultura escolar, há também uma resistência significativa por parte de alguns docentes, gestores e até mesmo das famílias, que muitas vezes associam qualidade de ensino à transmissão de conteúdos e ao uso de métodos tradicionais. Segundo Mattar (2021), essa resistência cultural pode ser agravada pela pressão por resultados imediatos, avaliações padronizadas e pelo excesso de conteúdos nos currículos, o que dificulta a adoção de metodologias que exigem mais tempo para planejamento, execução e acompanhamento das aprendizagens.
Outro ponto crítico diz respeito à avaliação da aprendizagem, que ainda se baseia predominantemente em provas escritas e classificatórias. As metodologias ativas, por sua natureza processual e integradora, demandam instrumentos avaliativos mais amplos, como portfólios, autoavaliações, observações sistemáticas e projetos. A ausência de uma cultura avaliativa condizente com essas abordagens torna-se um empecilho à sua consolidação nas práticas escolares (CICH; TANZI NETO; TREVISANI, 2015).
Por fim, é importante destacar que a aplicação dessas metodologias precisa considerar as particularidades do território escolar, respeitando o contexto social, cultural e econômico dos alunos. Conforme observaram Rosa e Souza (2023), estratégias como a aprendizagem baseada em projetos devem estar vinculadas à realidade concreta dos estudantes, para evitar que se tornem artificiais ou desconectadas de seus interesses e vivências.
CONCLUSÃO
O uso de metodologias ativas na educação básica representa um avanço significativo no sentido de promover uma aprendizagem mais significativa, participativa e alinhada às necessidades da sociedade contemporânea. Ao colocar o estudante no centro do processo educativo e favorecer o desenvolvimento de competências como autonomia, pensamento crítico, colaboração e criatividade, essas abordagens rompem com o modelo tradicional e contribuem para uma educação mais dinâmica e inclusiva.
Ao longo da pesquisa, foi possível perceber que, embora as metodologias ativas apresentem um grande potencial para transformar a prática pedagógica, sua implementação ainda é marcada por inúmeros desafios. Entre eles, destacam-se a carência de formação adequada dos professores, a limitação de recursos materiais e tecnológicos, a rigidez curricular e a resistência a mudanças por parte de alguns setores escolares. Tais fatores revelam que, para que essas metodologias sejam realmente eficazes e permanentes, é necessário um esforço conjunto entre educadores, gestores, instituições formadoras e políticas públicas.
Apesar dessas limitações, as experiências analisadas demonstram que é possível aplicar metodologias ativas de forma criativa e sensível às realidades escolares. A educação básica precisa continuar avançando em direção a práticas pedagógicas que valorizem o protagonismo dos alunos, respeitem sua diversidade e estejam comprometidas com a formação de sujeitos críticos, éticos e socialmente engajados.
Conclui-se, portanto, que as metodologias ativas não devem ser vistas como soluções imediatas ou modismos educacionais, mas como parte de um processo contínuo de transformação da escola. Sua consolidação exige tempo, investimento e, sobretudo, uma mudança de concepção sobre o ensinar e o aprender. Nesse caminho, é fundamental que todos os envolvidos no processo educativo estejam dispostos a experimentar, refletir e construir, de forma coletiva, uma educação mais justa, significativa e conectada com os desafios do presente e do futuro.
REFERÊNCIAS
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1Graduado licenciatura em Pedagogia e História. Especialização em Psicopedagogia , Clinica e Institucional; especialização em Supervisão, Orientação e Gestão escolar com ênfase em psicologia educacional e História e Geografia. Mestrando em Educação UNINQ eliasgonadrade@gmail.com
2Licenciatura Plena em Pedagogia, especialização em Informática na Educação e experiência em Coordenação Pedagógica e Gestão de Recursos Humanos. Mestrando em Educação UNINQ. Lianaosfelu@gmail.com
3ORIENTADORA Prof.ª Dinorah Krieger Gonçalves