SISTEMA MEIOSI NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE CANA-DE-AÇÚCAR

Administração, Ciências Agrárias, Volume 27 - Edição 123/JUN 2023 / 12/06/2023

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8029018

Diego Benicio Bossler1, Max Oliveira Martins1, Ronaldo Pereira Lima2

RESUMO

Este trabalho apresenta resultados de revisão bibliográfica que compõe o Trabalho de Conclusão do Curso Superior de Agronomia, no semestre letivo 2022/02 ofertado pela Faculdade Guaraí/FAG, mantida pelo Instituto Educacional Santa Catarina/IESC. Constituem-se como questões necessárias para a produção/investigação deste texto à necessidade de conceituar o que é sistema MEIOSI e sua relação com à produção de cana-de-açúcar, situando suas desvantagens no que se refere à produção de mudas por meio deste sistema. É objetivo geral compreender as características deste modo de produção em seus aspectos gerais instituindo o sistema MEIOSI como mecanismo de desenvolvimento da produção com exemplos no Estado do Tocantins e no Brasil. Para tanto, adota-se uma abordagem qualitativa, sendo considerada uma pesquisa do tipo descritiva no que se refere aos seus objetivos, trata-se de uma revisão bibliográfica em relação ao delineamento dos procedimentos metodológicos.

Palavras-chave: Produção. Processo. Mecanismos.

INTRODUÇÃO

A introdução da cana-de-açúcar no Brasil foi por Martim Afonso de Sousa no século XVI, foi um marco importante para a economia do país. O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de açúcar do mundo, durante a safra 2020/21, respondeu por aproximadamente 23% da produção e por 51,3% do comércio global do produto. Além disso, o país também é conhecido pela produção de etanol, que é utilizado como combustível, principalmente na forma de adição à gasolina (GALLANI, et al 2021).

Na década de 1970, durante a crise do petróleo, houve um aumento significativo na produção de etanol no Brasil. Em resposta a essa crise e à necessidade de utilizar fontes de energia limpas e renováveis, o governo brasileiro lançou o Programa Nacional do Álcool (Proálcool). O programa tinha como objetivo substituir os veículos movidos a gasolina por veículos movidos a álcool, incentivando a produção e o consumo desse combustível renovável. O Proálcool impulsionou a indústria do etanol no Brasil, estimulando investimentos em tecnologia e pesquisa na área (GALLANI, et al 2021).

No Estado do Tocantins, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a média de produção de cana-de-açúcar é de quase 86,6 toneladas por hectare. Essa é uma média significativa, indicando um bom desempenho na produção do estado. Em resumo, o Brasil, incluindo o Estado do Tocantins, é reconhecida como uma potência mundial na produção de alimentos e biocombustíveis, devido a sua alta produção de cana-de-açúcar (CONAB, 2020).

O desenvolvimento de práticas efetivas e inovadoras na agricultura é fundamental para aumentar a produtividade e a eficiência dos produtores rurais, garantindo não apenas o retorno econômico, mas também considerando a sustentabilidade ambiental e social. A busca por métodos mais eficientes, como o uso de tecnologias modernas, o manejo adequado do solo, a irrigação eficiente e o controle integrado de pragas e doenças, pode contribuir para melhorar a produtividade e o rendimento dos produtores. Além disso, é importante ressaltar que o setor agrícola brasileiro emprega um papel fundamental na economia do país, gerando empregos, renda e exportações. A produção de alimentos e combustíveis renováveis contribui para a segurança alimentar e energética do Brasil, bem como para o fornecimento desses produtos para o mercado internacional (EMBRAPA, 2018).

Plantio em MEIOSI (Método de Integração de Informações para Otimização dos Sistemas Irrigados) é uma inovação tecnológica do sistema sucroalcooleiro, que a produção de mudas de cana-de-açúcar é acompanhada por uma rotação de cultura de um leguminosas na própria área de renovação da cana, reduzindo custos produzido de forma sustentável, visando melhorar a eficiência dos sistemas produtivos, especialmente na agricultura irrigada (NORONHA, 2012).

Elaborado nos anos 80, o Sistema MEIOSI foi desenvolvido pelo agrônomo José Emílio Teles de Barcelos, é um método que consiste em aproveitar a área para dupla utilização do terreno, onde no plantio da cana-de- açúcar, possar estar vinculado a produção de outra cultura como soja, amendoim ou feijão (NOVACANA, 2019).

No contexto da produção de cana-de-açúcar, a agricultura de precisão está dando espaço a técnica do Sistema MEIOSI, pois está se tornando cada vez mais eficiente e prometendo diversos ganhos. Após a implantação da cana- de-açúcar, é importante que se tenha a irrigação para o desenvolvimento inicial, posteriormente ocorrendo a entrada da cultura intercalar. Uma gestão eficiente é importante para que se tenha um bom manejo, visando que a duas culturas cultivadas na área tenham a mais alta produtividade (RIBEIRO, 2021).

Além disso, o Sistema MEIOSI também pode auxiliar na gestão de outras práticas agrícolas, como o manejo adequado do solo, o controle de pragas e doenças, a aplicação precisa de fertilizantes, entre outros aspectos. Essa integração de informações e adoção de tecnologias permite uma maior produtividade produtiva e um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis. Com isso, a cana-de-açúcar pode ser cultivada em novas áreas que antes não eram consideradas tradicionais para o cultivo dessa cultura. Isso pode contribuir para a expansão da produção em regiões com potencial, mas que enfrentavam restrições, como a disponibilidade de água. No entanto, é importante destacar que a viabilidade do cultivo da cana-de-açúcar em novas áreas depende de diversos fatores, como o clima, o solo, o acesso à água e a viabilidade econômica do empreendimento. O Sistema MEIOSI, aliado à irrigação, pode ser uma alternativa para aumentar a produtividade da cana-de-açúcar em áreas não tradicionais. Através da integração de informações e da gestão eficiente dos recursos, é possível aproveitar o potencial dessas regiões, confiante para o desenvolvimento sustentável da agricultura (RIBEIRO, 2021).

Constituiu-se como problemática desta pesquisa o que é sistema MEIOSI e sua relação com à produção de cana-de-açúcar, situando suas desvantagens no que se refere à produção de mudas por meio deste sistema. É objetivo geral compreender as características deste modo de produção em seus aspectos gerais instituindo o sistema MEIOSI como mecanismo de desenvolvimento da produção com exemplos no Estado do Tocantins e no Brasil.

Assim, este trabalho possui como objetivo geral compreender o processo de produção de mudas de cana-de-açúcar, vantagens e características do sistema MEIOSI, além de comparar com outros métodos apresentando suas características inovadoras. Utiliza-se uma metodologia do tipo descritiva, sendo uma revisão bibliográfica e documental conforme delineamento metodológico abordado. Este trabalho está subdividido em seções, sendo constituído de resumo, introdução, desenvolvimento/revisão de literatura e considerações finais.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O Relato de Experiência aqui apresentado se realizou mediante uma revisão de literatura. Assim, este trabalho possui como objetivo geral compreender o processo de produção, vantagens e características do sistema MEIOSI, além de comparar com outros métodos apresentando suas características inovadoras. Utiliza-se uma metodologia do tipo descritiva, sendo uma revisão bibliográfica e documental conforme delineamento metodológico abordado. Este trabalho está subdividido em seções, sendo constituído de resumo, introdução, desenvolvimento/revisão de literatura e considerações finais.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Sistema MEIOSI

O plantio em MEIOSI (Método Inter Ocupacional Ocorrendo Simultaneamente) é uma inovação tecnológica no sistema canavieiro, onde há produção da muda da cana-de-açúcar concomitante a rotação de uma leguminosa na própria área de renovação dos canaviais, reduzindo o custo de produção de forma sustentável, principalmente pela sua logística da muda para o plantio e ausência do viveiro (CENAGRIJR, 2019).

O método MEIOSI envolve a criação de um sistema de viveiro na área de lavoura comercial que deseja cultivar. Os viveiros estão distribuídos no distrito em forma de fileira de linha de plantio de mudas de cana-de-açúcar, plantadas com a mesma distância. De acordo com o plano, cada linha de plantio pode fornecer mudas para pelo menos seis linhas de cultivo comercial. Durante o período de crescimento das mudas, pode-se plantar soja, amendoim, milho e outras culturas, trazendo benefícios ambientais e econômicos aos produtores. Ao final do ciclo, com as mudas de cana-de-açúcar totalmente desenvolvidas para as lavouras comerciais, pode-se fazer o plantio (SYNGENTA, 2017).

Na imagem 01, apresenta-se um modelo padrão de implantação do sistema MEIOSI:

Figura 1. Usina de Pedro Afonso – TO

Para atender as mudanças de forma sustentável, a mecanização torna-se imprescindível, tanto no plantio quanto na colheita. No que se refere ao plantio mecanizado, algumas dificuldades têm sido encontradas, pois em relação ao plantio convencional, normalmente ocorrem maiores danos às gemas e menor número de gemas por metro de sulco, aumentando a porcentagem de falhas no plantio com redução na produtividade agrícola (VIDAL, 2022).

Além de viabilizar o plantio de viveiros e a multiplicação de mudas de cana dentro da área, o que gera uma significativa redução de custos com maquinário e logística, o método de MEIOSI, ao explorar o plantio intercalar de culturas leguminosas, melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo (VIDAL, 2022).

A cana plantada servirá de muda para o cultivo do restante da área no fim do período das águas (fevereiro/março). Já a cultura intercalar fornecerá uma renda extra, como a soja e o amendoim. A escolha da variedade para o sistema de MEIOSI deve atender aos quesitos técnicos que se espera da área de canavial. Por exemplo: a seleção precisa considerar o ambiente de produção, a utilização, ou não, de variedades precoces ou mais resistentes ao plantio e a colheita mecanizada (MUNHOS, 2021).

Por outro lado, o custo operacional, pode ser uma grande vantagem para o plantio mecanizado. No sentido de se reduzir ainda mais os custos de produção, surgiu o sistema MEIOSI (método Inter ocupacional ocorrendo simultaneamente), que prevê a produção da muda da cana-de-açúcar na própria área de renovação (DIAS et al., 2014; PONCIANO et al., 2010).

Assim, partindo da hipótese de que o sistema MEIOSI, por se tratar de uma operação mecanizada simultânea da colheita de mudas e do plantio de cana-de- açúcar, possa afetar qualidade dessas operações, este trabalho foi desenvolvido a fim de avaliar a qualidade do plantio mecanizado e da colheita de mudas de cana-de- açúcar em sistema meiose, além do desempenho do conjunto trator plantadora e da colhedora, utilizando-se de ferramentas do controle estatístico de processo (MELLO & LANÇAS, 2009).

Mudas de cana-de-açúcar: Produção e desenvolvimento

A qualidade da colheita de mudas de cana-de-açúcar é fundamental para que se obtenha mudas sadias, resultando no plantio eficaz, principalmente na região centro – sul do Brasil, onde a mecanização de colheita nas lavouras cresce em ritmo acelerado e as usinas estão colocando em prática planos de ampliação do corte mecanizado. Observa-se que na colheita mecanizada de cana-de-açúcar, existem algumas peculiaridades relacionadas às interações solo-planta-máquina, que resultam em perdas no campo, redução na qualidade da matéria-prima e da longevidade do canavial (VIDAL, 2022).

Critérios para reforma de cana:

  • Estágio do canavial: Atualmente todo plantio é realizado para ser depreciado após ser colhido por 6 anos, ou seja, após o 6° corte com a depreciação final do canavial ele está apto economicamente para ser reforma.
  • Produtividade: Levando-se em consideração a média produtiva da usina é analisado o TCH de colheita da última safra, de modo que se a cana produz de 20 a 30% menos que a média é destinada a reforma.
  • Potencial produtivo: O quanto a área é capaz de produzir sendo analisado o tipo de solo, sistema de irrigação resultando por fim no ambiente de produção, ex: se tem uma fazenda produzindo 20% abaixo da média, com potencial de produção de 40% está apta a reforma.
  • Raio: Quanto mais próxima da unidade processadora menor é o custo de transporte de cana, de modo que se tenho duas opções de reforma com mesma características, uma a 30 km e outra a 5 km é mais economicamente viável a reforma do canavial próximo porque na primeira colheita terá cana de alta produtividade próxima.
  • Incêndio: Com o avanço da colheita mecanizada de cana a prática de queima e incêndio proposital foi eliminada, desta forma, as variedades são menos susceptíveis a rebrota por fogo, quando se tem o incêndio involuntário reduz drasticamente a população de plantas reduzindo produtividade e fazendo necessário a reforma.
  • Sistematização: A divisão de talhões, disposição de carreadores é realizada com alta tecnologia topográfica visando aumentar o rendimento de todas as operações agrícola, aproveitamento de área e rendimento de colheita, fazendas com sistematização antiga que não foram sem essas características se torna candidata a reforma.
  • Pragas: O controle de pragas de solo, como Broca gigante, Pão de galinha, Migdolus e Sphenophorus são de difícil controle devido a hábito comportamental ser no solo e/ou touceira, além disso diminui população de plantas afetando a produtividade de todos os anos posteriores, com isso uma forma de controle das pragas é no plantio, sendo necessário antecipar a reforma.
  • Plantas daninhas: Áreas com altas infestações aumentam o banco de sementes das invasoras e dificultam a colheita, sendo um pré-requisito para definição de área da reforma (MUNHOS, 2021).

Independentemente do modelo de plantadora a ser utilizado consideraram que o fator mais importante para uma boa produtividade é a qualidade do plantio, que deverá proporcionar um bom estande de gemas por metro (CONSTANTIN et. al. 2018).

O setor produtivo constatou que a MEIOSI viabilizada, consolida-se como uma possibilidade real de melhoria no desempenho, cultivo e sustentabilidade no processo de produção da cana-de-açúcar, assim a preferência pelo método expande-se consideravelmente em todas as regiões do Brasil (CONSTANTIN et. al. 2018).

O plantio, porém, deve passar por melhorias, tais como a diminuição do grande volume de massa de mudas, que visa compensar falhas de deposição no sulco; a necessidade de um mecanismo dosador de rebolos; maior estabilidade em certas regiões declivosas; maior sincronismo entre velocidade do trator e velocidade na distribuição da muda; diminuição dos danos as gemas causadas dentro da plantadora (CEBIM, 2007; PAULI, 2009; BARROS & MILAN, 2010).

Abaixo imagens do sistema MEIOSI implantando em uma usina na cidade de Pedro Afonso – TO:

Figura 2. Usina de Pedro Afonso – TO

Figura 3. Usina de Pedro Afonso – TO

O plantio de cana-de-açúcar, em relação ao plantio semi-mecanizado, causa maiores danos às gemas e proporciona menor número de gemas por metro de sulco, aumentando a porcentagem de falhas e reduzindo a produtividade agrícola, porém, o custo operacional, apresenta-se altamente vantajoso (MACÊDO, 2021).

CEBIM et. Al (2008), observa que além da redução da quantidade de gemas viáveis, observa-se que mesmo utilizando maior quantidade de mudas, há menor perfilhamento, maior número de falhas e menor produtividade no plantio mecanizado de cana-de-açúcar quando comparado com o plantio semi-mecanizado, firmando que o fracionamento dos colmos em rebolos do sistema mecanizado ocasiona a diminuição do número de gemas viáveis, contribuindo para um maior número de falhas de plantio.

Mudas de cana – de -açúcar, produção e sistema MEIOSI: Relação e processos necessários

O Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente (MEIOSI) é uma técnica desenvolvida pela UNESP (Universidade Estadual Paulista) na década de 1980 para consorciar a cultura principal de cana-de-açúcar com outras culturas de interesse econômico, como soja e amendoim. A ideia é aproveitar os espaços entre as linhas de cana-de-açúcar para cultivar culturas consorciadas e, após a colheita dessas culturas, plantar os toletes (pedaços de colmo de cana-de-açúcar utilizados para propagação) nos mesmos espaços (RIBEIRO, 2021).

Esse método visava otimizar o uso da terra, aumentar a diversidade de culturas e maximizar a produção agrícola. Ao consorciar a cana-de-açúcar com culturas de interesse econômico, buscava-se obter benefícios como a utilização mais eficiente dos recursos naturais, o controle de doenças e doenças por meio da diversificação, a melhoria da qualidade do solo e a diversificação de renda para os agricultores (CENTRO DE TECNOLOGIA CANAVIEIRA, 2019).

O Sistema MEIOSI foi uma proposta inovadora na época, mas sua implantação em larga escala foi limitada devido a adaptação das práticas de manejo diferentes para as culturas consorciadas. Porém, a prática está voltando a ser utilizada novamente pelos produtores devido ao avanço tecnológico, como o uso de GPS (Sistema de Posicionamento Global) em equipamentos agrícolas e a utilização de mudas pré-brotadas (MPB) (NOVACANA, 2019).

O plantio em MEIOSI consiste em uma colheitadeira e duas semeadoras, e no início da operação, a plantadeira deve ser preenchida com mudas colhidas anteriormente, enquanto o outro estará vazio com um elevador as colheitadeiras de mudas são sempre direcionadas para dentro da caçamba da plantadeira vazia. Assim, ao iniciar o plantio, as rodas da colheitadeira encha a semeadora enquanto outra semeadora inicia é esvaziado e o elevador é direcionado para outra plantadeira para esvaziar, alterne sempre a posição do elevador (NORONHA, 2012).

Uma opção do plantio mecanizado é o sistema meiose, que foi desenvolvido visando à redução dos custos de produção, devido à produção da muda da cana-de- açúcar na própria área de renovação (PEREIRA, 2019).

O plantio em meiosi é feito da seguinte maneira:

  • Escolhe-se a área e a variedade de cana que será introduzida;
  • Verifica-se a época que a área estará disponível para plantio, tipo de solo e clima da região;
  • Define-se a partir dos critérios levantados a taxa de multiplicação;
  • Planta-se as linhas mãe (as linhas que falamos anteriormente) espaçadas de acordo com a taxa escolhida;
  • De preferência planta-se uma cultura de verão (soja, amendoim, crotalária etc.) entre as linhas;
  • Colhe-se a cultura intercalar;
  • Desdobra-se a cana das linhas mãe (com 6 a 9 meses de idade) nas demais linhas sulcadas entre elas (PEREIRA, 2019).

Esse procedimento tem diversas vantagens como garantir que serão utilizadas mudas de qualidade, melhoria da qualidade do plantio já que a desdobra é em geral manual, facilidade logística de ter as mudas no local do plantio, desocupação das áreas de viveiro para moagem e por fim melhorar o manejo varietal garantindo que variedades possam ser introduzidas com maior agilidade (PEREIRA, 2019).

Devido à complexidade operacional, a manutenção da qualidade envolve fatores como velocidade de movimentação, sanidade das mudas, índice de danos às gemas e melhor distribuição de brotações por metro de sulco, pois a plantadora não distribuirá com precisão essa quantidade. Os resultados apresentados estão relacionados à agilidade, sustentabilidade, custo/benefício do processo produtivo e composição de fatores que melhoram a qualidade do cultivo da cana em quase 100%. (TAUBE, 2010).

Para a maximização do potencial produtivo, as novas tecnologias são ferramentas importantes, permitindo a exploração, de maneira mais eficiente, dos recursos disponíveis, como água, fertilizantes e luz, havendo assim ganhos significativos em produtividade, com o mínimo dos custos de produção. Dentre estas tecnologias existem, várias técnicas novas que vêm sendo utilizadas na tentativa de aumentar tanto quantitativa quanto qualitativamente a produção de cana-de-açúcar, sendo uma delas a aplicação de reguladores vegetais. A utilização de reguladores sobre a cana-de-açúcar resulta em promoção do crescimento e do desenvolvimento das plantas, devido ao incremento da absorção de água e nutrientes açúcar (FIGUEIREDO, 2022).

  • aplicação de reguladores vegetais derivados de soluções simples ou complexas de fitohormônios naturais ou sintéticos tem sido amplamente difundida na agricultura para facilitar o melhor manejo das fases de desenvolvimento das culturas e aumentar a produtividade em condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento das plantas. Os reguladores também atuam como estimuladores do enraizamento e controladores do alongamento celular, entre outras possíveis formas de interferir nos processos de desenvolvimento da usina (FIGUEIREDO, 2022).

Essa qualidade reduz o consumo de mudas no cultivo da cana-de-açúcar, resultando em consideráveis benefícios econômicos tanto no sistema de cultivo mecanizado quanto no convencional. No entanto, o desempenho de variedades comerciais de cana-de-açúcar sob esta técnica de viveiro e sistema de cultivo em lavouras de cana-de-açúcar requer uma avaliação científica mais aprofundada (MILLER et. al, 2014).

O sistema MEIOSI, ao permitir o consórcio da cana-de-açúcar com culturas de grãos, oferece benefícios agronômicos e financeiros para o setor produtivo. A diversificação das culturas e o uso mais eficiente dos recursos naturais podem resultar em ganhos tanto em termos de produtividade quanto de rentabilidade. No entanto, é importante considerar que nem todas as áreas são adequadas para a implementação do sistema MEIOSI. A viabilidade desse método depende de fatores como as características do solo, clima, disponibilidade de recursos e logística. Portanto, é necessário um planejamento cuidadoso e uma análise criteriosa das condições locais para determinar se o MEIOSI é apropriado em uma determinada área. Além disso, a implementação do MEIOSI exige a utilização de mudas adequadas no momento correto e a antecipação da liberação de áreas para o plantio das culturas consorciadas. Essas práticas demandam um manejo preciso e uma coordenação eficiente por parte dos produtores. É interessante observar que, apesar dos benefícios do MEIOSI, algumas áreas já estão adotando a mecanização do plantio, mesmo naquelas onde o sistema é utilizado. Esse processo envolve a colheita da cana-muda, seguida pelo uso de uma plantadora que preenche as linhas onde estavam os grãos. Essa prática pode reduzir a necessidade de mão de obra e trazer ganhos em termos de eficiência e produtividade. É importante ressaltar que o MEIOSI e a mecanização do plantio são abordagens distintas, e a escolha entre elas dependerá das condições locais, dos recursos disponíveis e dos objetivos específicos dos produtores. Cada método tem suas vantagens e desafios, e cabe aos agricultores decidirem qual é a melhor estratégia para sua realidade e contexto (SANTOS, 2019).

O sistema pode aumentar a eficiência e o retorno econômico na implantação de viveiros, replantio de áreas comerciais, ampliação e reforma de áreas de cultivo de cana-de-açúcar. Entretanto, para a implantação do sistema em grande escala, ainda não é viável, exige, por exemplo, irrigação para o pegamento das mudas, transplantadoras mais eficientes, que cobrem mais linhas simultaneamente, e, para muitos, o custo da muda ainda é alto. Após a implantação da cana em campo, é realizada uma irrigação para o pegamento das mudas e o início do desenvolvimento (SANTOS, 2019).

Visto que o MEIOSI pode ser considerado um método de produção de mudas, a utilização do método de mudas pré-germinadas (MPB) é um método alternativo que pode ser agregado ao processo. As linhas-mãe no sistema de MEIOSI podem ser plantadas com o uso da MPB. Na seção seguinte, apresenta-se o sistema MEIOSI interligado a produção de cana-de-açúcar em seus aspectos gerais, observando a relevância do processo de produção com o sistema para a sustentabilidade e custo benefício de sua (SANTOS, 2019).

Sistema MEIOSI na produção de mudas de cana – de – açúcar

O replantio de canaviais com variedades mais novas e produtivas é facilitado por novos métodos de plantio com plantios pré-brotados combinados com os viveiros integrados aos campos de renovação de culturas, denominados localmente MEIOSI, que também permitem a fácil introdução de culturas de rotação (CENTRO DE TECNOLOGIA CANAVIEIRA, 2019).

A MEIOSI é o processo no qual uma célula-mãe se divide duas vezes em quatro células-filhas contendo metade da informação genética original, ou seja, as células- filhas são haploides. O sistema, se implementado e gerenciado adequadamente, trará muitos benefícios ao produtor, por isso a assessoria técnica é essencial, pois com suporte dedicado é possível entender o potencial do espaço a ser utilizado e preparar o sistema para a obra mais eficaz ainda e benéfico (ALVES, 2019).

Quais as principais vantagens?

  • Redução de custos na implantação: O sistema MEIOSI permite o uso dos toletes produzidos pelas linhas-mãe, reduzindo os custos de aquisição de mudas ou sementes.
  • Garantia de qualidade e uniformidade dos toletes: Ao utilizar as linhas-mãe para a produção de toletes, é possível garantir a qualidade e uniformidade das mudas utilizadas no sistema.
  • Proteção do solo contra erosão: Durante o período de renovação do canavial, as culturas consorciadas ajudam a proteger o solo contra a erosão, mantendo a cobertura vegetal e preservando a estrutura do solo.
  • Melhoria das condições físicas, químicas e microbiológicas do solo: O consórcio com culturas intercalares pode melhorar as condições do solo, promovendo a ciclagem de nutrientes, aumentando a matéria orgânica e estimulando a atividade microbiana, o que contribui para a saúde e fertilidade do solo.
  • Renda extra com a produção das culturas intercalares: Além da produção de cana-de-açúcar, as culturas intercalares podem gerar uma renda adicional para o produtor, diversificando a produção e aproveitando os recursos disponíveis de forma mais eficiente (ALVES, 2019).
  • vantagem mais interessante na adoção desse método está relacionada à idade das mudas (seis a oito meses), que significa maior vigor e, portanto, menor consumo de gemas para plantar um hectare, melhor sanidade e maior rendimento de corte. Também vale ressaltar que não há necessidade de carregar e transportar as mudas na meiosi, pois elas são produzidas na própria área de reforma, minimizando custos e melhorando a logística operacional (MUNHOS, 2021).

Deve-se também considerar e destacar que esse sistema pode acelerar a expansão e multiplicação de novas variedades, mais modernas e produtivas, implicando em resultados mais favoráveis. Portanto, quando a meiosi é associada à tecnologia de mudas pré-brota-das (MPB), ocorre uma interferência positiva no processo de produção da cana-de-açúcar acarretando diminuição dos custos e ganhos de produtividade (AQUINO, 2019).

Os sistemas de cultivo com mudas pré-brotadas (MPB) visam aumentar a eficiência econômica e minimizar os problemas fitossanitários na implantação de viveiros, replantio, reforma e ampliação de áreas comerciais de cultivo de cana-de- açúcar. É uma tecnologia desenvolvida no Centro de Cana do Instituto de Agronomia de Campinas (IAC) e tem sido difundida por meio da indústria, produtores rurais, instituições de pesquisa e universidades (LANDELL et al., 2012; XAVIER et al., 2014). As mudas de cana-de-açúcar antes da germinação é um sistema de propagação que proporciona altos padrões de fitossanidade, vigor e uniformidade de plantio (DIAS et al., 2017). Esse sistema tem como vantagens melhorar a uniformidade das linhas de plantio, diminuir o número de falhas, reduzir a quantidade de mudas utilizadas no plantio, evitar o risco de propagação de doenças e facilitar a introdução mais rápida de tecnologia na agricultura (LANDELL et al., 2012).

Embora o processo de produção seja muito simples, o uso da MPB introduz mudanças de conceitos relacionados ao negócio do cultivo. Ou seja, substitua as plantas distribuem aleatoriamente gemas no sulco, que se originarão de uma unidade biológica no final de um ciclo de crescimento. Este ajuste se aplica ao estágio início do processo produtivo agrícola abre novas perspectivas de desenvolvimento no manejo da cultura ao longo do ciclo de cultivo e no consequente somatório de benefícios desenvolver a cultura da cana-de-açúcar (FIGUEIREDO, 2022).

As vantagens trazidas pelo sistema são várias, e ganhando força no cenário atual de produção, fica cada vez mais interessante economicamente para o produtor e, é claro, a produtividade fica sobressalente, sendo ainda mais benéfico o sistema (AQUINO, 2019).

Algumas vantagens do sistema são:

  • Redução no custo com mudas;
  • Menor estrutura operacional (maquinário agrícola)
  • Redução em investimento de transporte, carregamento e picação de mudas;
  • Plantio de mudas sadias e livres de patógenos;
  • Proteção do solo e diminuição de erosões;
  • Renda extra com a cultura intercalar;
  • Melhora física, química e microbiota do solo;
  • Maior fixação de Nitrogênio no solo visto o uso de culturas intercalares com essa capacidade, como, por exemplo, a soja;
  • Redução das falhas de plantio

No entanto, um dos principais problemas enfrentados na implantação dessa nova tecnologia é a necessidade de alta umidade do solo, no período inicial após o plantio. Nesse sentido, a torta de filtro, resíduo resultante do processo de filtração do caldo de cana, já bastante utilizado no plantio convencional de inverno, pode ser uma alternativa para favorecer o desenvolvimento dessa tecnologia, pela manutenção da umidade e temperatura do solo, incentivando a brotação. A torta de filtro contém 1,2 a 1,8% de P e aproximadamente 70% de umidade, o que é importante para garantir a brotação da cana em plantios feitos durante as estações de inverno no sul e sudeste. Além disso, possui alto teor de Ca (cerca de 2% da matéria seca) e altas quantidades de micronutrientes (B, Zn, Mo, Mn, Co), o que potencializa o desenvolvimento da canade-açúcar. A importância desse resíduo decorre não apenas do grande volume gerado, mas também por ser um adubo orgânico (AQUINO, 2019).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A tecnologia de mudas pré-brotadas (MPB) proporciona um alto padrão de fitossanidade, vigor e uniformidade de plantio. Essas mudas são produzidas em condições controladas, garantindo um material de qualidade superior, livre de doenças e pragas. Isso resulta em uma melhor adaptação das plantas ao campo, enfrentando os riscos de perdas e mantendo os índices de pegamento e estabelecimento.

Ao combinar o Sistema MEIOSI com a tecnologia de mudas pré-brotadas, os produtores podem reformar grandes áreas de forma mais eficiente e com menor custo. A utilização de mudas de alta qualidade reduz a necessidade de replantio e aumenta a uniformidade do plantio, gerando em maior produtividade.

Além disso, a logística de planejamento aprimorada é outra vantagem fornecida por esse sistema. Com mudas de qualidade e uniformes, é possível otimizar o processo de plantio, atender o tempo e os custos envolvidos. Isso também contribui para uma melhor sincronia do ciclo de produção e colheita, facilitando a gestão da safra.

REFERÊNCIAS

ALVES, Mayk. Meiose é um importante processo de divisão celular. Disponível em: <https://agro20.com.br/meiose/>. Acesso em: 1 jun. 2023.

AQUINO, Gisele Silva de Aquino et al. Manejo de plantas daninhas no sistema MEIOSI. 1899Semina: Ciências Agrárias. Londrina, PR, 2019. 10 p. Disponível em: https://doi.org/10.5433/1679-0359.2018v39n5p1899. Acesso em: 31 mai. 2023.

CEBIM, G. J. Plantio Mecânico de cana de açúcar (Sccharum spp.): desempenho operacional e econômico. 2008. 101 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 2008.

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1 Acadêmicos do curso de agronomia, Instituto Educacional Santa Catarina – FAG. Guaraí-TO

2 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agroenergia pela Universidade Federal do Tocantins.

Professor do curso de agronomia, pelo Instituto Educacional Santa Catarina – FAG, Guaraí-TO.

E-mail: ronaldo.lima@iescfag.edu.br