OS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM COMO FATOR DE INCENTIVO AO FRACASSO ESCOLAR NOS ANOS INICIAIS.

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11138422


Tawine Luzeiro Batalha1
Verônica Torres da Silva2
Yasmin Toga de Oliveira3
Thiago Matos Saltão4


RESUMO: Os transtornos afetam diretamente na aprendizagem do aluno, comprometendo diretamente na sua absorção de conteúdos e seu desenvolvimento, apresentando sua formação cerebral e ligações neurais, demonstrando como é feita a sua formação e aquisição de habilidades, diante do artigo apresentado, busca-se levantar conceitos sobre a dislalia, dislexia, disgrafia e discalculia. Trazendo explicações para reformular o ensino com estes alunos, para que seja possível seu desenvolvimento integral, não o limitando apenas por suas dificuldades, respeitando o seu processo independente de qualquer lugar que esteja, por tanto. É possível entender que existe formas para trabalhar e contemplar este aluno com uma educação digna, visando a sua formação integral, mas entendendo que ele não adquira ou demonstrará as mesmas habilidades que os demais, conseguindo fazer ligação a empatia, pois a forma de ver as pluralidades do aluno, é essencial dentro de uma sala e o professor, deverá ser o condutor de temáticas e intervenções necessárias.

Palavras- Chaves: Dislalia, dislexia, disgrafia e discalculia.

ABSTRACT

The disorders directly affect the student’s learning, directly compromising their absorption of content and their development, presenting their brain formation and neural connections, demonstrating how their formation and acquisition of skills are carried out, in view of the article presented, we seek to raise concepts about dyslalia, dyslexia, dysgraphia and dyscalculia. Bringing explanations to reformulate teaching with these students, so that their integral development is possible, not limited only by their difficulties, respecting their process regardless of wherever they are, therefore. It is possible to understand that there are ways to work and provide this student with a dignified education, aiming at their comprehensive training, but understanding that they do not acquire or demonstrate the same skills as others, managing to connect empathy, as the way of seeing pluralities of the student, is essential within a room and the teacher, must be the guide of themes and necessary interventions.

Keywords:Dyslalia, dyslexia, dysgraphia and dyscalculia.

1 INTRODUÇÃO:

Este trabalho busca a contribuição de conteúdo para debates sobre os transtornos de aprendizagem, esse objeto de estudo foi selecionado para obtenção de dados e compartilhamento de conteúdo, buscando criar ainda mais conhecimento para que seja possível trazer maior visibilidade para compreender quais são os tipos de transtorno de aprendizagem mais comuns em sala de aula, como identificá-lo, os tipos, os possíveis fatores causais e como afetam a vida do aluno. Para muitos a escola é a única que precisa fazer esse desenvolvimento do aluno, mas não é o que ocorre realmente, pois existe um grupo multidisciplinar que facilita na aprendizagem do aluno, além do acompanhamento dos pais.

A sala de aula já é um lugar bastante desafiador para as crianças e professores, por isso segue a importância dos docentes perceberem as qualidades e dificuldades de cada aluno para pensar nas formas de como trabalhar as crianças dentro da sala de aula. Crianças que apresentam transtornos de aprendizagem precisam de mais atenção com as aulas e atividades sendo mais estruturadas seguindo a sua linha de dificuldade, utilizando métodos e recursos que estimulem de forma lúdica a aprendizagem do aluno, incentivando e incluindo em sala de aula para que não haja a desestimulação por não compreender o conteúdo e se sentir deslocado em sala de aula, para não ocasionar na exclusão da criança em sala de aula.

É possível compreender que os distúrbios acabam atrapalhando o aprendizado do aluno, por isso acaba acarretando o fracasso escolar, pois os transtornos de aprendizagem podem acarretar fatores que facilitem o fracasso escolar, como a falta de interesse, bullying e desistência escolar por haver dificuldade em compreensão dos conteúdos e até mesmo pode acarretar em uma futura depressão com o sentimento de fracasso, além de prejudicar o futuro social e profissional daquela criança.

O objetivo deste artigo é identificar e compreender os transtornos de aprendizagem mais comuns em sala de aula, apresentando suas características e causas, a fim de ajudar pais, docentes e crianças com esse transtorno a serem identificadas o mais rápido possível para que tenham um acompanhamento cedo para desenvolver melhor as suas habilidades.

2 RESULTADOS

Por que a escola e as vivências são tão importantes? Entende-se que a escola contribuirá para o desenvolvimento da criança e que cada situação estimulada pelo professor, atribui no seu desenvolvimento, mas algumas experiências que os alunos obtêm na escola não são satisfatórias, pois podem ter ocorrido algumas situações desagradáveis, como a dificuldade em compreender os conteúdos sendo a: leitura, contas matemáticas, dificuldades de fala e escrita, o que para muitos deveria ser algo simples crianças com algum tipo de distúrbio de aprendizagem ou transtorno apresenta muita dificuldade na absorção desses conteúdos e essa criança sem auxílio adequado pode incentivá-la ao fracasso escolar, apresentando desmotivação, baixas notas, baixo desempenho nas atividades em sala de aula, afastamento dos colegas de turma e futuramente desistência. Lembrando que é um processo normal, pois toda criança possui dificuldades na absorção de conteúdos novos, mas dependendo do professor isso pode se tornar ainda mais dificultoso em sala de aula, pois dependendo da maneira de guiar os conteúdos pode ocasionar na exclusão desse aluno e consequentemente o baixo rendimento escolar. Ao entender que cada aluno possui suas habilidades e dificuldades é necessário a compreensão em discernir se a criança possui uma dificuldade de aprendizagem comum que pode ser compreendida com o tempo ou se é alguma limitação de algum distúrbio ou transtorno que está prejudicando o seu processo de aprendizagem.

Diante disso, podemos considerar que a educação precisa contribuir na formação do aluno, não deixando com que suas dificuldades atrapalhem o seu rendimento ou sua necessidade de aquisição de conteúdo, acredita-se que a formação dos professores precisa acompanhar o estudo dessas dificuldades de aprendizagem para que as crianças não acabem se sentindo deslocadas na escola e apresentando baixo desempenho escolar, o que acarretará em diversas dificuldades em sua fase adulta. 

2.1 TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

É comum que qualquer pessoa apresente dificuldades para compreender algum assunto novo, principalmente uma criança, mas uma criança com distúrbio de aprendizagem apresenta mais dificuldade para compreender o conteúdo por conta de alterações externas e internas, portanto como docente é importante identificar a dificuldade das crianças e estar atualizado sobre tudo o que ocorre em relação à aprendizagem. 

Segundo Farrel.

Esses transtornos são às vezes chamados de “específicos” porque, sendo circunscritos, não implicam uma dificuldade generalizada de aprendizagem (como é o caso, por exemplo, do déficit cognitivo). (FARREL, 2024, p.20)

Serão comentados nesse artigo os transtornos mais comuns em sala de aula, como por exemplo: dislalia, dislexia, disgrafia e discalculia. Conceituando todas as suas características para facilitar o seu reconhecimento nas crianças e será comentado também as suas consequências e maneiras de como lidar com esse distúrbio.

Lembrando que transtorno de aprendizagem é diferente de dificuldades de aprendizagem, a dificuldade de aprendizagem é comum e momentâneo, pois é normal apresentarmos dificuldade ao aprendermos um assunto novo, mas com o tempo compreendemos o assunto, o transtorno de aprendizagem está ligado a fatores causais, sejam por questões neurais, genéticas e má formação, o que exige uma atenção a mais e acompanhamento de um trabalho multiprofissional, com profissionais como fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicólogo, terapeuta ocupacional, pedagogo, psicopedagogo e assistente social, todos possuem um trabalho importante para o desenvolvimento da criança, que de acordo com o seu transtorno a forma que ela será acompanhada é diferente de acordo com as suas necessidades.

2.2 DISLALIA

Dislalia pode ser facilmente identificada, pois é caracterizado como um distúrbio de fala, onde a criança apresenta dificuldade em articular, falar algumas palavras e quando ocorrem trocas de letras. Segundo Lima a etimologia da palavra dislalia vem do grego, o termo “dys” que significa dificuldade e “lalien”, do verbo falar (LIMA, 2008). Consequentemente como a fala está afetada a escrita também poderá ser prejudicada.

Para produzirmos o som da fala utilizamos todo um processo, desde a respiração até a articulação da boca sendo eles a língua e os dentes.

Segundo Dockrell.

As dificuldades de aprendizagem afetam um número substancial de crianças em nossa sociedade. Essas dificuldades são heterogêneas, podendo ser leves, moderadas ou graves, gerais ou específicas, de curta ou longa duração. Para os profissionais, estas dificuldades exigem avaliação e intervenção. (Dockerell, 2000, p. 58).

De acordo com a fonoaudióloga Rodriguez(2023), “Essa alteração é mais comum na infância, sendo considerado normal em crianças até 4 anos, no entanto quando a dificuldade para falar alguns sons ou para articular algumas palavras persiste após essa idade, é importante consultar o pediatra, otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo para que seja feita a investigação da alteração e possa ser iniciado o tratamento mais adequado.” Por isso é importante sempre acompanhar o desenvolvimento da criança e estar atento à suas capacidades, as crianças que possuem dislalia apresentam em sala de aula constrangimento ao falar, pois muitas vezes apresenta estresse por conta das outras crianças e docentes não compreendem o que ela fala ou brincam com a sua maneira de falar, por muitas vezes por conta da criança falar errado acaba escrevendo errado, por isso a criança se sente desestimulada e deslocada em sala de aula.

Compreende-se que os maiores agentes causadores da dislalia são as alterações na boca, problemas auditivos e sistema nervoso, pode vir de maneira hereditária, incentivos de algum personagem que a criança goste e queira imitar ou de pessoas próximas que falam errado. A dislalia possui quatro tipos, e são conceituadas de acordo com as suas causas, sendo elas:

Evolutiva – É um processo normal e pode facilmente ser reabilitado com um tempo.

Funcional – Se caracteriza com alterações da articulação do fonema, ou seja, distorções dos sons com as letras.

Orgânica – Possui erro na pronúncia, pois apresenta alterações na formação dos neurônios cerebrais, ou alteração no órgão de fala.

Audiógena – São caracterizados por problemas auditivos, então a criança apresenta dificuldade em falar a palavra corretamente, pois a mesma não compreende corretamente o som da palavra.

Conforme Eberhart e Cauduro (2013, p.10)

Na dislalia surge uma alteração na fala, onde há imprecisão articulatória afetando padrões de produção de sons da língua, relacionados às fases de programação e ou execução neuromotora. Esta ocorre quando a criança está começando a falar.

A sala de aula é um espaço onde há muita socialização, por isso torna-se mais fácil a identificação desse transtorno.

Segundo Sousa (2016, p. 2): 

O processo de socialização traz implícito a potencialização das capacidades de interação e, consequentemente, de desenvolvimento da linguagem. Nessa perspectiva, a escola, na função de instituição sistematizadora do conhecimento, cumpre, ainda, a missão de permitir o acesso ao saber a todos os educandos, sejam crianças, adolescentes, jovens e adultos a terem as mesmas oportunidades de aprender, questionar, participar e se mostrarem como sujeitos autores de suas trajetórias

Tornando-se importante repassar aos pais para buscarem um fonoaudiólogo assim que perceber a alteração de fala da criança, pois essa incorreção pode causar doenças cerebrais e atrasos no desenvolvimento mental, físico e linguístico, também pode ocasionar dificuldades, perdas e memória auditiva, análise de sons e discriminação fonética. Quanto ao tratamento devemos seguir de acordo com as instruções do profissional e incentivar a criança a falar a palavra corretamente estimulando o conhecimento de cada família silábica e não incentivar a sua comunicação errônea por achar “fofinho” ou engraçada.

Segundo Souza e Fontanari (2015, p. 3):

Ao longo do desenvolvimento infantil, observamos alguns distúrbios da fala, que inicialmente são considerados pelos pais ‘bonitinhos’ e ‘engraçadinhos’, mas que merecem atenção e correção, podendo tornar-se erro persistente. Os erros linguísticos podem afetar drasticamente a vida familiar e social dos acometidos por tais distúrbios, caso não sejam tratados. O auxílio dos pais, professores e demais profissionais especializados são essenciais para que o tratamento seja realizado com sucesso.

Casos de dislalia em ambiente escolar podem ocasionar muito constrangimento e bullying provocado por outras crianças. Dislalia pode ser ainda mais prejudicada devido a grande quantidade de crianças em sala de aula, falta de acompanhamento no especialista, auxiliar, recursos e principalmente ao não acompanhamento familiar que é de grande importância para o desenvolvimento da criança.

Uma criança dislexa apresenta muita dificuldade em se socializar, consequentemente a criança se torna mais introvertida se distanciando de todos os colegas da turma o que pode prejudica o seu emocional, sentindo-se frustrado e incompreendido pelos colegas e até mesmo familiares, tornando a sala de aula mais desmotivadora e dificultosa para a criança o que facilita o seu fracasso escolar, pois irá apresentar dificuldade em socialização, leitura e escrita.

2.3 DISLEXIA

O transtorno da dislexia envolve a dificuldade na leitura, de acordo com Pinheiro (2020, p14) A palavra dislexia vem do grego, onde “dis” significa dificuldade e “lexia” significa palavra. Apesar de ser um transtorno de origem neurobiológica ele não afeta a capacidade de compreensão ou pensar de uma pessoa, a dislexia afeta diretamente a leitura, dificuldade em reconhecer as palavras, decodificação, fonemas e soletração. 

De acordo com Pinheiro.

1. Dislexia do desenvolvimento, que é uma condição inata. 2. Dislexia adquirida, que é quando a pessoa perde a habilidade de ler e de escrever como resultado de uma lesão no cérebro causada por traumatismo ou por uma doença, como o derrame. Essa condição é também chamada de alexia. (PINHEIRO, 2017, p.14)

De acordo com Farrel (2024, p.29), existem outros fatores causais cognitivos ou modalidades como processamento/ déficit fonológico, processamentos auditivos e visuais, nomeação rápida, memória de curto prazo e de trabalho e dificuldades em manter a atenção.

Primeiro vamos especificar a dislexia do desenvolvimento e dislexia adquirida. A dislexia do desenvolvimento, ou dislexia genética está presente desde o nascimento da criança, vindo de forma hereditária, ou seja, herdando a dislexia de um membro familiar. Diferente da dislexia adquirida a pessoa não nasce na condição, mas é causada por alguma lesão cerebral.

A dislexia além de observarmos que existem dois tipos, ela também possui grau, seja eles: leve, moderado e severo. De acordo com Oliveira (2004) os dislexos que apresentam o grau leve apenas apresentam dificuldade para ler e escrever, o moderado apresenta troca de palavras faladas e escritas e falha na memória, quanto ao severo apresentam incapacidade para ler e escrever. Lembrando que seguindo a terapia e tratamento adequado a pessoa nessa condição poderá se desenvolver ao longo do tempo. Quanto aos outros fatores cognitivos de acordo com Farrel (2024) “Déficit fonológico: O conhecimento fonológico permite compreender a alteração dos sons e como uma palavra muda o significado como, por exemplo, “gato” e “pato”, ou seja, ele estabelece uma representação fonológica da sequência de sons da fala. Alguém com esse déficit pode ter problemas com esse processamento e prejudicar a sua leitura e consciência dos diferentes sons e significados de uma palavra eles tem dificuldade em vincular os fonemas e vincular com suas representações visuais e pode prejudicar a identificação rápida de palavras e leitura. Processamento auditivo: refere-se ao som captado pelo ouvido e transmitido ao cérebro para uma interpretação, alguém que tenha esse transtorno ou atraso não se refere na questão de ouvir, mas de processar, por isso uma dificuldade nesse processamento limita a capacidade de refletir sobre os sons e palavras que ouvimos. Processamento visual: O processamento visual não envolve a dificuldade visual como por exemplo a miopia, mas sim a capacidade de interpretação das informações visuais do ambiente o que prejudica a discriminação de letras, ou seja, dificuldade com o posicionamento das letras, confundir palavras, e confusão na leitura. Nomeação rápida: é a capacidade de nomear os itens (estímulos visuais) que já conhecem, o que tende a correlacionar com a dificuldade de leitura. Memória: Armazenamento de informações, aqueles que apresentam déficit em memória apresenta dificuldade em reconhecer as letras e significados. Atenção: Aqueles que apresentam déficit em atenção possuem dificuldade em manter o foco, o que pode ter dificuldade em desvencilhar de estímulos visuais e auditivos”.

As características de crianças que possuem dislexia são: Atraso de fala e linguagem (leitura e escrita), soletração, dispersão, dificuldade em aprender rimas e músicas, falta de interesse em livros, dificuldade em copiar de livros e lousa, dificuldade em ler em voz alta, baixa autoestima e organização.

De acordo com Pinheiro (2017, p.20) “A sensação de possuir dislexia pode acarretar em baixa autoestima, evasão escolar, depressão precoce, transtornos de conduta e baixo alcance ocupacional”. As consequências de uma dislexia são graves se não tratadas, podendo causar ao fracasso escolar, pois como a dislexia afeta diretamente a leitura e decodificação de palavras, a criança haverá muita dificuldade em acompanhar os conteúdos da escola, e isso acarretará em perda de confiança e motivação assim que ela perceber que todos os seus colegas estão seguindo adiante e a mesma está ficando para trás. A forma adequada de trabalhar uma criança com dislexia é não repetir toda vez o conteúdo, estimular a sua confiança, conversar e explicar os conteúdos de forma simples e objetiva para que não haja confusão, falar olhando diretamente para ele, oferecer resumo e sempre acompanhá-lo em suas atividades dando-lhe dicas para realizá-la. O diagnóstico é adquirido pela participação da equipe interdisciplinar com vários profissionais e testes, então o indicado é sempre seguir o tratamento indicado dos profissionais.

2.4 DISGRAFIA

A disgrafia é um transtorno que afeta diretamente a área da escrita, se caracterizando também por uma desordem de coordenação motora. A criança apresenta baixa habilidade motora de acordo com a sua idade e inteligência, em alguns apresentam até mesmo o atraso na realização de movimentos precisos (como por exemplo: movimento de pinça, andar, subir, sentar) e dificuldade na realização de esportes. Como os outros a disgrafia não está ligada a nenhum comprometimento intelectual, na maioria das vezes ocorre a dificuldade em recordar a grafia das palavras. Então a pessoa disgráfica apresenta dificuldades em escrever, apresentando uma grafia confusa, letras diferenciadas e mal posicionadas e cansaço muscular.

Podemos descrever que os elementos que fazem parte da escrita nos anos iniciais são: gramática, ortografia, vocabulário, pontuação, expressão escrita. As crianças disgráficas apresentam dificuldades em todas essas áreas, desde recordar como se escreve a letra, até colocar a vírgula e expressar em forma de texto, frase ou palavra através da escrita. Todos esses elementos apresentam certo grau de dificuldade para qualquer pessoa e criança que está aprendendo o novo conteúdo, pois cada apresenta regras complexas e ótima memorização para se estruturar corretamente um texto, por isso pode-se notar desde a alfabetização que por sua vez a criança foca mais em caligrafia, exigindo bastante sua coordenação motora fina, percepção visual, atenção e consciência sensorial dos dedos. Segue importante a identificação de uma criança dislexa o quanto antes, pois caso a criança não seja diagnosticada e acompanhada poderá prejudicar a sua vida, tanto a escola, social e profissional. De acordo com BASTOS (2013, p.1) “Pessoas disgráficas podem apresentar outros sinais que podem dificultar a escrita das letras, como por exemplo, a postura incorreta do material, forma incorreta de segurar o lápis, pressão insuficiente no papel e um ritmo lento ou rápido demais. 

É comum as crianças apresentarem dificuldade até as três primeiras séries por estarem aprendendo conteúdo novo e assim acontecer às confusões, mas a partir das séries em diante, caso a mesma ainda apresenta dificuldade é importante investigar a causa. Como podemos identificar a disgrafia? De acordo com ALMEIDA (2010, p.9) crianças que apresentarem: Rigidez no traçado com letras muito inclinadas ou comprimidas, relaxamento gráfico quando as letras e margem são mal organizadas, impulsividade e instabilidade no traçado que é a falta de controle na escrita e esforço excessivo de precisão e lentidão quando escreve de maneira lenta e com muito esforço. Estas foram à maneira de identificar a disgrafia, então se compreende que as características de uma disgrafia são os traços irregulares, desorganização, letra ilegível, espaço entre linhas e desorganização do tamanho da escrita.

A dificuldade na escrita também causa o sentimento de fracasso, pois todo o conteúdo escolar e futuramente profissional exigirá a escrita, seja manualmente no papel ou na digitação, caso uma pessoa disgráfica não acompanhada terá muita dificuldade em acompanhar os conteúdos escolares e seguir carreira profissional, pois para trabalhar se exige um nível de conhecimento, a leitura e escrita são essenciais, mesmo que digitado um dislexo haverá dificuldade para relembrar a escrita e as regras gramaticais, ortográficas e de expressão textual. 

Uma criança se sente muito deprimida e ociosa por não conseguir acompanhar os conteúdos da escola e seus colegas, levando a ocasionar a desistências futuras, compreendendo que desistência na infância não significa as suas faltas em ir a escola, mas a desistência de comprometimento e interesse na escola, e isso causa agitação na criança, pois se a mesma não se interessa pelo aprendizado por ter muita dificuldade ela acaba brincando em sala de aula, portanto é importante sempre observar as atividades e comportamento de cada aluno.

Existem dois tipos de disgrafia, sendo um o disléxico e o outro caligráfico que também é conhecido como motor. A disgrafia disléxica é a alteração simbólica, ou seja, troca e confusão de letras com sons semelhantes, trocas de ordem das sílabas, invenção de palavras, separação e união de palavras de forma incorreta. A disgrafia caligráfica (motor) se caracteriza pela forma e qualidade da escrita, com tamanho e espaçamento irregulares, inclinações e pressão na escrita.

2.5 DISCALCULIA

A discalculia é um transtorno que afeta diretamente a matemática, prejudicando o entendimento de conceitos de números, ou seja, reconhecer os números, colocá-los em sequência, relacioná-los com a sua quantidade, dificuldade em contar e resolver as quatro operações mentalmente, dificuldade com procedimentos e estratégias matemáticas, medidas. De acordo com COWAN (2015, p.1028) “a discalculia está relacionada com diferenças de funcionamento e estrutura em áreas do cérebro na parte esquerda associada à matemática.” Sabemos que o hemisfério esquerdo é responsável pelo nosso raciocínio lógico, então alguns pesquisadores realizaram estudos para compreender melhor o transtorno, de acordo com as pesquisas de BUGDEN & ANSARI (2015, p. 37) “com estudos de neuroimagem em crianças examinaram o córtex parietal do cérebro, que está associado a resolução de problemas e a pesquisa apresentou anomalia de funcionamento nessa parte do cérebro.”

Quando realizamos um cálculo ou buscamos a solução de um problema, o nosso cérebro trabalha em conjunto, por exemplo, Silveira (2008) explica que “nosso sistema nervoso central subdivide em áreas como lobo frontal, parietal, occipital e temporal. Todas essas são necessárias para a nossa compreensão matemática, pois a frontal é a concentração e solução de problemas, podemos dizer que ela é responsável pelos cálculos rápidos; o parietal esquerdo é a informação de espaço e volume, ou seja grande/pequeno; occipital é responsável pela visão onde podemos ver e diferenciar cada número; temporal responsável pela percepção visual, auditiva e memória.” 

É importante destacar que para ser bom em questões lógicas é importante desenvolver o lado esquerdo do nosso cérebro, com o mundo moderno utilidades como o celular e calculadora facilita ao resolvermos contas e isso deixa o nosso lado esquerdo ocioso, pessoas que convivem muito com cálculos mentais como comerciantes, matemáticos e engenheiros possuem mais facilidade por viverem em meio de cálculos o que desenvolve o lado esquerdo. 

De acordo com Novaes (2007) “podemos identificar a discalculia nas crianças com a dificuldade em compreender medidas (tamanho, curto, longo, grande e pequeno), formas, igual e diferente, identificar os números e colocá-los em sequência”. Em sala de aula podemos observar muito a dificuldade dos alunos na educação infantil, principalmente na sequência numérica onde as crianças não conseguem lembrar a ordem dos números, podem até reconhecer o som, mas possuem dificuldade em reconhecer a sua escrita, além de dificuldade em identificar qual é o número anterior e qual seria o próximo, relacionar o número com a quantidade também é uma característica muito comum, às vezes mesmo contando um por um acabam se confundindo na hora da contagem, trocando números, esquecendo, pulando elementos da imagem e acrescentando a mais. Há várias habilidades que a criança deve adquirir de acordo com a sua faixa etária, portanto é importante sempre observar se a criança está com muita dificuldade e ver se aparenta ser uma dificuldade que passe com o tempo ou que permanece apesar de já ter explicado de várias maneiras, muitas crianças e até mesmo adultos apresentam muita dificuldade com a matemática, mas ela é muito importante para o nosso cotidiano, por isso é importante sempre conversar com as crianças sobre como utilizaremos e incentivar, por exemplo usamos a matemática para representar quantidades, fazer compras, ver o horário, o dia que estamos. 

A pessoa que apresenta discalculia irá se sentir distante da sociedade por não compreender, além de que isso prejudicará seu lado profissional, pois a matemática está presente em concursos e profissões, mesmo com a utilização da calculadora para se resolver alguns problemas é necessário ter o entendimento. Por conta disso é importante investigar a dificuldade da criança e acompanhar para que ela não se sinta deslocada em sala de aula e futuramente na sociedade.

De acordo com Kosc (1974) existem 6 tipos de discalculia:

  • Verbal: Dificuldade em nomear os números, formas, símbolos, quantidade.
  • Gráfica: Dificuldade em escrever.
  • Practognóstica: Dificuldade para enumerar e diferenciar imagens.
  • Léxica: Dificuldade em compreender os símbolos matemáticos.
  • Operacional: Dificuldades na resolução de cálculos.
  • Ideognóstica: Dificuldades em cálculos mentais e na compreensão dos conceitos. 

As causas da discalculia de acordo com o BOMBONATTO (2004) são:

  • Neurológico: que é a imaturidade cerebral, ou seja, um atraso no desenvolvimento neurológico e afeta a compreensão matemática.
  • Linguística: Dificuldade em nomear quantidade e números.
  • Genética: Genes de pais com discalculia podem passar para seus filhos.
  • Pedagógico: Dificuldade com ensino-aprendizagem.
  • Psicológico: Pessoas com alterações podem prejudicar a sua aprendizagem, memória, foco e percepção.

3 CONCLUSÃO:

Os transtornos apresentam-se como principal fator de dificuldade no ensino/ aprendizagem dentro da sala de aula, dificultando o trabalho dos professores e coordenação, pois muitos não possuem conhecimentos necessários sobre os transtornos e quais as maneiras para trabalhar com estes alunos, tornando-se incompreendido e abstrato, podendo ser colocados como preguiçosos ou apenas desatentos em suas atividades, isso ocorre por conta de não apresentarem as mesmas característica que os demais alunos, mas qual a necessidade de debater sobre os transtornos e entender cada caso, elaborando formas de trabalhar ?

Ao entender cada tipo de transtorno, é possível ter uma noção previa de como trabalhar com os alunos, fazendo a inclusão de todos, ressaltando que é dever do professor, compreender que o seu público de trabalho é diverso e que cada uma precisa de atenção especial, por tanto. Ao trabalhar com alunos que possuem dificuldades na sua aprendizagem, é importante ter atenção ao seu emocional e ao seu social dentro da escola, pois muitos correm riscos de serem excluídos ou apresentando comportamentos violentos com os que rodeiam.

Portanto, ao elaborar este estudo, é possível compreender a sua relevância de acrescentar conhecimento e repercutir a necessidade da escola em entender seus alunos, pois dentro da instituição, o aluno precisa receber educação e adquirir qualidades para viver em sociedade, adentrando nos trabalhos de intervenção, podendo gerar uma sociedade mais equitativa, contribuindo o desenvolvimento de um todo. Sendo assim este conteúdo explana a realidade dos alunos, podendo compreender além do papel, mas também a forma de compreender como um ser, independente de suas limitações.

Ao elaborar questionamentos que abordem a realidade das limitações dos alunos, é possível criar estratégias, que poderão contribuir no desenvolvimento do aluno, trazendo maior facilidade para o professor e ampliando seu campo de visão em relação a pluralidade dos alunos, contribuindo diretamente em suas formações, discentes ou docentes. Pois é impossível desenvolver um aluno, sem possuir noção de como trabalhar com ele, sem entender como funciona e quais as suas principais características.

Pode-se considerar que este artigo irá acrescentar o olhar profissional, familiar e pessoal, podendo-se desenvolver um olhar mais humano e empático em suas fases de crescimento, não limitando o aluno em uma pequena caixa de conhecimento, mas compreendendo que cada um possui a sua forma de ensino e o seu conhecimento não poderá ser “medido” apenas por não conseguir executar determinada ação, entendendo-se que será de importância compreender e aceitar o outro.

4 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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SILVEIRA, Mara Musa Soares. Considerações sobre o aprender e o não aprender. 2008.


1Pós-graduanda do curso de Psicopedagogia clínica e institucional, E-mail: tawine75@gmail.com
2Pós-graduanda do curso de Psicopedagogia clínica e institucional, E-mail: verasilva32vts@gmail.com
3Pós-graduanda do curso de Psicopedagogia clínica e institucional, E-mail: yasminolivieratoga@gmail.com