MEDIAÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6954111


Autores:
Ana Maria Pereira Cerqueira1
Luiz de Lavor Marculino2


RESUMO

O ambiente familiar é um dos primeiros responsáveis pela socialização da criança o qual a função de mediador constitui como elemento fundamental dos padrões, modelos e ações culturais. analisar a importância da família no desenvolvimento escolar dos alunos. A escola possui mecanismos que podem ser utilizados para fins de melhorar a relação com a família, começando pelo envio de materiais de apoio aos pais, mostrando como os pais podem contribuir para a educação de seus filhos. A escola é o primeiro lugar onde os alunos aprendem sobre a vida social e se torna um desafio para alguns alunos. Uma série de fatores contribuíram para as mudanças observadas atualmente nas questões de formação familiar e essas estruturas familiares, que trazem os pais para o mercado de trabalho, há muitas atividades adicionais que acontecem e é cada vez mais comum ter menos tempo dedicado aos filhos. É  fundamental a atenção dos pais e/ou responsáveis ​​na supervisão das atividades extracurriculares, o que ajuda a melhorar a autoestima das crianças, faz com que se sintam apoiadas e incentivadas a aprender mais. O envolvimento dos pais na vida escolar do filho é essencial para o bom desempenho do filho, pois a partir do momento em que os pais aumentam a supervisão no processo de ensino e aprendizagem, o desenvolvimento da criança se torna mais fácil, pois ela passa a se sentir mais valorizada e importante na vida dos pais, e esses sentimentos proporcionam inúmeras contribuições para sua aprendizagem.

Palavras-chave: Família; Escola; Ensino-aprendizagem.

1. INTRODUÇÃO

A educação começa na família, no ambiente doméstico, e se estende a todas as outras áreas da sociedade em que a criança vive. É por isso que fazemos da família o principal alicerce da educação e a escola como uma instituição complementar à educação que começa em casa.

Como intermediária entre o homem e o conhecimento, a família estabelece a parcela dinâmica das descrições de cunho afetivo, coletivo e da aprendizagem. Por meio das interações familiares que se efetivam as mudanças nas sociedades, com isso favorece as relações familiares posteriores.

A desestruturação da família provoca uma serie de transformações no comportamento do indivíduo, ou seja, nos papéis cumpridos pelos seus membros, nos princípios, nas perspectivas e nas maneiras de aperfeiçoamento das relações de cidadania. Necessitando de uma reorganização familiar, para que os princípios e funções se concretizem.

Segundo Ramos (2012), a família influencia positivamente quando transmite afetividade, apoio e solidariedade e negativamente quando impõem normas através de leis dos usos e dos costumes.

O envolvimento da família é essencial para que os alunos cresçam como estudante. É impossível buscar resultados de ensino sem considerar a reeducação dos pais porque eles não conhecem a proposta de ensino da escola, o que a escola oferece às crianças e o que elas aprendem.

Sendo assim, qual o impacto da participação da família no processo de ensino e aprendizagem dos alunos? Para responder esse questionamento, o presente artigo objetivou analisar a importância da família no desenvolvimento escolar dos alunos.

2. CONTEXTUALIZANDO A FAMÍLIA

A contextualização da família na sociedade tem um quadro conceitual diverso. Seu conceito vem sendo construído, historicamente, em decorrência da trajetória de sua existência na sociedade (OLIVEIRA, 2009). De acordo com Wiese e Santos (2011), a família é uma construção social que se modifica com os tempos, porém, o chamado “afeto familiar”, que é formado pelo emaranhado de emoções e comportamentos pessoais, familiares e culturais, compõem o universo do mundo familiar.

Historicamente, o modelo ideal de família, de acordo com Lévi-Strauss (1956, p.34) deveria atender as seguintes características:

(1) tem sua origem no casamento; (2) é constituído pelo marido, pela esposa e pelos filhos provenientes de sua união; e (3) os membros da família estão unidos entre si por (a) laços legais, (b) direitos e obrigações econômicas e religiosas ou de outra espécie, (c) um entrelaçamento definido de direitos e proibições sexuais, e uma quantidade variada e diversificada de sentimentos psicológicos, tais como amor, afeto, respeito, medo e outros.

A Revolução Industrial foi marco histórico para as mudança no conceito de família. A industrialização acabou com a ideia de família patriarcal de que o pai era a autoridade suprema; as mulheres entraram no mercado de trabalho para ajudar no sustento da família, levando a mudanças na hierarquia familiar. A família recebeu uma nova estrutura e, na maioria das legislações, as mulheres receberam os mesmos direitos que os maridos, de modo que os cônjuges estavam em pé de igualdade dentro da família para sociedade (SANTOS; SANTOS, 2009; SANTOS; DIAS, 2016).

 A família torna-se então nuclear, constituída de pai, a mãe e os filhos. Nesse contexto que o casamento perde seu vínculo anterior e alcança o significado de união afetiva de duas pessoas ao invés de família, perdendo assim seu status de única forma legítima de união, ou seja, há outros modos de família, distintas do modelo clássico, provenientes do casamento, totalmente amparada pela lei (SANTOS; SANTOS, 2009; SANTOS; DIAS, 2016).

Segundo Gontijo (2013), a palavra família é derivada do latim famulus que significa escravo, doméstico. O artigo 226 da Constituição Federal brasileira de 1988 estabelece que a família é a base da sociedade e está sujeita à proteção especial do Estado, e a conceitua como “grupo social constituído pelo casal” (BRASIL, 1988). Já o código Civil Brasileiro (2002) regulamenta a família como: “ou qualquer dos pais” (§ 4º) – “pelos que a eles se interligam pelo parentesco” e “pelos vínculos da afinidade” (Código Civil, 2002). A Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006, que trata da violência doméstica e familiar contra a mulher, introduziu o conceito de família, no no artigo 5º inciso II,  como a “comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa” (KATO, 2013).

A definição de família ainda é difícil e seus aspectos vão depender do contexto sociocultural em que está inserida. Para trabalhar com as famílias na política social, é preciso ter em mente as considerações de Sarti:

A família para os pobres, associa-se aqueles em quem se pode confiar. […] Como não há status ou poder a ser transmitido, o que define a extensão da família entre os pobres é a rede de obrigações que se estabelece: são da família aqueles com quem se pode contar, isto quer dizer, aqueles que retribuem ao que se dá, aqueles, portanto, para com quem se tem obrigações. São essas redes de obrigações que delimitam os vínculos, fazendo com que as relações de afeto se desenvolvam dentro da dinâmica das relações […] (SARTI, p. 63, 1996 apud WIESE E SANTOS, p. 5, 2011).

Segundo Ramos (2012), a família influencia positivamente quando transmite afetividade, apoio e solidariedade e negativamente quando impõem normas através de leis dos usos e dos costumes.

Em consonância com Reis (2010), as reformulações familiares encontram-se sem modelo pré-estabelecido, necessitando de novos meios que atendam aos princípios básicos da educação familiar: sendo elas as regras, direitos e deveres. Dessa forma a família é responsável pela formação da base do indivíduo, o ideal seria que os responsáveis desenvolvessem um trabalho em parceira com a escola.

Wiese e Santos (2011) complementa que a família é um espaço indispensável para a sobrevivência e proteção adequada das crianças e demais membros, independentemente dos arranjos familiares ou da estrutura familiar. As famílias fornecem contribuições emocionais, especialmente materiais necessários para o desenvolvimento e bem-estar de seus membros. Desse modo, desempenham um papel decisivo na educação formal e não formal, pois em seu espaço se absorvem valores morais e éticos, além de aprofundarem o senso de solidariedade.

3. A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA

O ambiente familiar é um dos primeiros responsáveis pela socialização da criança o qual a função de mediador constitui como elemento fundamental dos padrões, modelos e ações culturais.

Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descentes. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e matem vínculos de afinidade e afetividade (ECA, 2012, p. 16).

Com base na Constituição Federal 1988 no Art. 205 cap.III seção I – Da Educação diz:

A educação direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).

Entende-se que a família tem papel fundamental na educação dos filhos, ou seja, tem dever de zelar, incentivar, apoiar, acompanhar para que esse indivíduo adquira os conhecimentos necessários para o convívio social e que tenha uma boa conduta moral e ética (PICCHIONI, 2020).

Ainda com respaldo na Constituição Federal 1988, Artigo 226, a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Se a lei maior do nosso país prioriza a família, o porquê de a escola não privilegiar essa relação essencial, que da base, que sustenta e que fortalece a sociedade. A gestão escolar precisa proporcionar meios para melhor atender a família (BRASIL, 1988).

Segundo Zymanshi (2009) existe uma barreira muito sutil, mesmo que a escola queira aproximar-se dos pais que enfrentam obstáculos na aproximação com a escola. Essa dificuldade é consequência muitas das vezes da timidez, da humilhação sofrida em algum momento pelos pais. Esse distanciamento pode acarretar nesse impasse que a muito tem prejudicado no bom desempenho dos alunos.

Família e escola precisam caminhar juntas, unir forças e buscar soluções em torno de um mesmo objetivo, que é preferencialmente o de educar. Os pais devem conhecer a proposta pedagógica da escola que escolheram para seus filhos, compreendendo assim de que forma podem contribuir para o ensino-aprendizagem (PRADO, 2011).

Com base em alguns estudiosos do assunto, como: Parolin (2008) a família não tem como substituir a escola e nem a escola tem como assumir toda a responsabilidade na educação, pois cada uma tem um papel impar e importante no desenvolvimento do indivíduo. Segundo Alves (2008), a escola foi criada para servir a sociedade e assim, prestar contas do seu trabalho, de como faz e como conduz a aprendizagem das crianças.

A escola possui mecanismos que podem ser utilizados para fins de melhorar a relação com a família, começando pelo envio de materiais de apoio aos pais, mostrando como os pais podem contribuir para a educação de seus filhos. Pois muitos deles não tiveram uma formação adequada e com isso apresenta dificuldades na educação dos filhos (PAROLIN, 2008).

Na realidade a falta de comunicação tem tomado conta do meio escolar, falta de compreensão e compromisso. Para que esse cenário venha mudar e ser um ambiente produtivo é necessário que haja um investimento maior em boas relações (PICCHIONI, 2020). Muitos pais comparecem somente à escola no início e no final do ano, deixando de acompanhar o filho. É fundamental um acompanhamento minucioso. Se os pais não procuram a escola, a escola deve fazer isso, proporcionar momentos de interação, de orientações aos pais para mediar com a situação que traz prejuízos para o processo de ensino e aprendizagem (WITTER, 2011).

A escola caracteriza-se um meio diversificado de proporcionar o desenvolvimento e aprendizagem, possibilitando aos indivíduos as atividades, regras e princípios fundamentais para a inserção na sociedade. Mesmo com as diversas transformações ocorridas no meio escolar e familiar, é preciso uma visão mais ampla com relação à participação de ambas no processo de ensino- aprendizagem, sempre rumo a um objetivo comum (ALVES, 2008).

As responsabilidades escolares devem ser dividas com a família, sendo necessária uma participação recíproca, os pais precisam ter conhecimento das necessidades dos filhos, para poderem auxiliá-los no que precisarem.

4. A FAMÍLIA E OS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM

A relação entre a família e a escola inicia com a matricula e a partir daí surgem os contatos diários, acompanhados pelos professores e pela equipe gestora, com apoio fundamental dos pais. A educação proporcionada pela família complementa o que é ensinado na escola, possibilitando a formação cognitiva individual (MORAES, SANTOS, 2018).  No processo de ensino e aprendizagem, a participação dos pais é essencial para realização das atividades escolares e extracurriculares, visto que os alunos realizam os deveres de casa com a ajuda dos pais ou responsáveis (CONCEIÇÃO et al, 2018).

Conforme Freire (1993), a família é a primeira intermediária entre o ser humano e a cultura, é a matriz da aprendizagem humana, possui significado e prática cultural própria, e gera padrões de relações interpessoais e de construção individual e coletiva. Os fatos e os ensaios familiares proporcionam a formação de repertórios comportamentais, ações e resolução de problemas com significado geral e especial.

De certa forma, a escola é o primeiro lugar onde os alunos aprendem sobre a vida social e se torna um desafio para alguns alunos. Porque cada um traz de casa seus costumes e modo de vida em família, dificultando um pouco a convivência com a escola, a escola enfrenta conflitos, preocupações e desafios diante de áreas de conhecimento que estão em constante mudança e também desafia o relacionamento com os alunos, sejam eles crianças ou jovens adultos (COELHO, 2015).

Espera-se que a participação da família seja ativa nas ações e decisões escolares através do conselho de classe, associação de pais e professores e grêmio escolar (ANTUNES, 2016). No entanto, conflitos e fragilidades persistem, impedindo os atores de se engajarem efetivamente na construção de tais parcerias, principalmente quando há ideias preconcebidas sobre a família (GLIDDEN, 2018).

Nesse sentido, Souza (2009, p. 05) observa que “as escolas e famílias, assim como outras instituições, sofreram profundas transformações ao longo da história”. Essas mudanças levam a rupturas nas estruturas familiares e na dinâmica escolar. Souza (2009, p. 05) também afirma que diante das circunstâncias da época, incluindo o fato de a mãe e/ou responsável ter que trabalhar para ajudar no sustento da família, a família transferiu para a escola algumas das tarefas educativas que deveriam ter pertencido a eles.

Uma série de fatores contribuíram para as mudanças observadas atualmente nas questões de formação familiar e essas estruturas familiares, que trazem os pais para o mercado de trabalho, há muitas atividades adicionais que acontecem e é cada vez mais comum ter menos tempo dedicado aos filhos (ALMEIDA, 2014). Diante dessa situação, as instituições escolares devem se adequar a esse novo ambiente, proporcionando a todas as famílias os meios para que possam participar de alguma forma da vida escolar de seu filho participando das mais diversas atividades propostas pela escola.

 A relação entre escola e família é mais do que contribuições financeiras para a manutenção da escola ou presença em datas comemorativas. É importante desenvolver uma relação efetiva e participativa em que a família também tenha opiniões, planos e compromissos próprios para melhorar as qualificações educacionais de seus filhos.

Todavia, se a família coloca os filhos na escola na escola, mas não acompanha pode gerar na criança um sentimento de negligencia e abandono em relação ao seu desenvolvimento. Por falta de um contato mais próximo e afetuoso, surgem às condutas caóticas e desordenadas, que se refletem em casa e quase sempre, também na escola em termo de indisciplina e de baixo rendimento escolar. (BRUST, 2009, p. 20)

Muitos professores se sentem sem estímulos e incentivos por não conseguirem resultados proveitosos em sala de aula, muitas vezes pela falta de apoio familiar, desencadeando sérios problemas em sala. Muitos alunos vêm de casa achando que podem tudo, que a escola é deles, e que podem fazer o que quiserem simplesmente pelo fato de não haver cobranças em casa. Sem o apoio familiar a criança fica exposta a qualquer tipo de influência externa, podendo acarretar sérios problemas de personalidade, ficando assim vulnerável as dificuldades de aprendizagem, a indisciplina, a violência, e até mesmo a evasão escolar (MORAES; SILVA, 2018).

Independente da situação social é relevante considerar que a postura familiar diante de uma situação difícil, problemática, faz toda a diferença, pois os vínculos afetivos são primordiais para o êxito escolar. 

“A escola nunca educará sozinha, de modo que a responsabilidade educacional da família jamais cessará. Uma vez escolhida à escola, a relação com ela apenas começa. É preciso o diálogo entre escola, pais e filhos” (REIS, 2007, p. 6).

Dessa forma, é fundamental a atenção dos pais e/ou responsáveis ​​na supervisão das atividades extracurriculares, o que ajuda a melhorar a autoestima das crianças, faz com que se sintam apoiadas e incentivadas a aprender mais.

5. INTERVENÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA

O termo Psicopedagogia segundo Bossa (2000) distingue-se em três conotações: como um campo de investigação do ato de aprender e como saber científico. A psicopedagogia considera o processo de ensino aprendizagem como resultado das relações que o indivíduo estabelece em diferentes contextos. Preocupando-se assim também com a relação família e escola.

A intervenção psicopedagógico vai coordenar a instituição de ensino a ter uma visão mais ampla de si e como um todo, analisando cada situação a partir das relações escolares e familiares que envolvem o aluno. Os problemas apresentados pelos alunos possuem influencia de vários fatores, um deles está relacionado ao contexto familiar, com isso o psicopedagogo desenvolve um levantamento das possíveis causas, estudando cada detalhe para melhor resolver esses obstáculos (OLIVEIRA; BOSSA, 2015).

O psicopedagogo trabalha de forma a entender as particularidades do sujeito, numa visão mais compreensiva, buscando variadas maneiras para melhor atendê-los nos sistemas que estão inseridos. Além de atuar com alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, o psicopedagogo também atua com relação aos mecanismos que farão parte do ambiente escolar e familiar (FRANÇA, 2016).

No ambiente familiar, são vários os fatores que contribuem para as dificuldades de aprendizagem, sendo a falta de formação adequada dos professores, condições precárias de estrutura, falta de políticas públicas eficazes. No sentido de inserir e favorecer condições de manutenção das crianças na escola. Cabe ao professor mediar o ensino-aprendizagem, criando novas estratégias para melhor atender o aluno, promovendo momentos de reflexão nos contextos pedagógicos e psicopedagógico, resultando em uma educação significativa para a vida do aluno (WITTER, 2011).

A maneira com que a psicopedagogia trabalha, oportuniza aos professores possibilidade de desenvolvimento de uma visão psicopedagógico, favorecendo assim um melhor desempenho na prática, influenciando de forma positiva no aprendizado dos alunos. É fundamental a presença dos psicopedagogos no ambiente escolar, para que ações, estratégias, sejam realizadas com a intenção de amenizar os problemas de aprendizagem (POLITY, 2004).

Considera-se que o psicopedagogo tenha um olhar clínico, contribuindo sempre com os professores e pais, compreendendo ambas as partes, tanto da escola, quanto da família. Deve-se diminuir essa distância entre a família e a escola, promovendo encontros com a família de maneira agradável, sempre mostrando o verdadeiro papel da escola (MAHLE, 2015).

A educação escolar é diferente da educação familiar. Não há como uma substituir a outra, pois ambas são complementares. Não se pode delegar a escola parte de educação familiar, pois esta é única e exclusiva, voltada a formação do caráter e aos padrões de comportamento familiares (REIS, 2010 p. 187).

Diante dessa premissa, faz-se necessária uma reformulação das regras no ambiente escolar, visando uma reestruturação adequada do modelo de ensino em nossa sociedade. A escola deve recorrer a profissionais qualificados e capacitados, articulando novos conceitos e formulando novos conhecimentos. A sociedade atual precisa de pessoas que trabalham em grupo. Nesse ponto quem sabe sejam amenizadas as situações de distanciamento entre família e escola, prevalecendo à coletividade (ALVES, 2008; ZYMANSHI. 2009).

A importância da família nos processos de aprendizagem é fundamental, pois auxilia na construção dos conhecimentos e uma vez que favorece um acompanhamento mais eficaz nas fases de desenvolvimento dos filhos para melhor aquisição e conscientização sobre o meio escolar em suas vidas, em consonância com Osório (1996) que diz que a família educa e a escola ensina.

O sucesso escolar depende de alguns elementos considerados fundamentais: organização do espaço físico, a disponibilidade de materiais, além do envolvimento da família no processo de desenvolvimento dos filhos. O processo de aprendizagem é continuo se inicia desde o momento do nascimento e prevalecendo pela vida toda. Para que este processo se desenvolva é importante levar em conta ou valorizar o pensamento, afeto, linguagem, ação e a harmonia familiar (POLITY, 2004).

Podendo assim os pais desenvolver expectativas sobre os filhos, com relação ao método pedagógico. Quando não há uma análise educacional, ou até mesmo um aumento satisfatório e preciso analisar o estudante, a sua família e a escola. Para que dependendo da origem do problema dentro do contexto familiar os obstáculos sejam amenizados e solucionados (MAHLE, 2015).

Segundo Brilhante (2009) as dificuldades encontradas com relação á aprendizagem e ao sucesso são muitas. Por um lado, há uma espécie de sentimento de culpa dos pais, que se cobram por não conseguirem atender as necessidades dos filhos, e do outro lado, os filhos sentem-se abandonados pelos pais nas suas necessidades, e por fim a escola, que não consegue desempenhar o papel social para o qual foi designada.

A escola precisa ter um diálogo com a família, colocando-se como parceira na aprendizagem do aluno, demonstrando interesse e apresentando atitudes livres de preconceitos para com o aluno e a família. Agindo de forma moderada das ansiedades das famílias, com vistas aos problemas apresentados pelos alunos (SAMPAIO, 2012).

Segundo Souza (2009), tanto a escola quanto a família deveriam tentar promover mudanças que lhe permitissem responder adequadamente, no sentido de auxiliar a criança, e evitar maiores dificuldades e situações de estresses.

A boa formação do individuo é facilitada pela forma de se encontrar parcerias entre família e escola, sendo ambas responsáveis pelo desenvolvimento do ser humano, cabe à escola uma reorganização, redefinindo alguns princípios para atender a nova práxis pedagógica, tendo em vista uma mudança no meio educacional (COELHO, 2015).

Uma educação pautada de apoio familiar da família e escola possui probabilidade de atingir maior nível de qualidade. Uma vez que a família desempenha um papel decisivo no ensino formal e informal, nesse meio são assimilados os valores éticos, e morais, favorecendo os laços de solidariedade, construindo as identidades entre as gerações nos quais os valores culturais são percebidos.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo tem como objetivo acompanhar uma reflexão sobre a relação entre a família e a escola. Essa parceria é fundamental para o desenvolvimento do trabalho pedagógico, visto que os conhecimentos adquiridos em casa complementam a formação ministrada pela escola. Para isso, é fundamental compreender a realidade dos envolvidos no processo e como intervir.

O envolvimento dos pais na vida escolar do filho é essencial para o bom desempenho do filho, pois a partir do momento em que os pais aumentam a supervisão no processo de ensino e aprendizagem, o desenvolvimento da criança se torna mais fácil, pois ela passa a se sentir mais valorizada e importante na vida dos pais, e esses sentimentos proporcionam inúmeras contribuições para sua aprendizagem.

 A escola e a família devem trabalhar em conjunto com base no desenvolvimento de relações claras, pois ambas complementam as ações dos outros e devem ter como foco o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças.

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1 Mestre em Ciências da Educação (Universidad Interamericana). Doutoranda em Ciências da Educação (Universidad Interamericana). Licenciada em Pedagogia nas Séries Iniciais (Universidade Estadual de Feira de Santana). Aluna de Licenciatura em História (UNIASSELVI). Especialista em Educação de Jovens e Adultos (UCAM). Especialista em História e Cultura Afro-brasileira (FINOM). Professora da rede municipal de Irará, BA. Email: ana-mariapc@hotmail.com

2 Mestrando em Ciências da Educação (Universidad Interamericana). Graduado em Teologia (Centro Universitário Claretiano). Especialista em Liderança e Coaching (Centro Universitário Claretiano). Email: llmfolos@hotmail.com