REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202510070442
Agda Barreto De Oliveira; Aline Ferreira da Silva; Luana Vilarinho Melo; Lucimar Pereira Viana Amorim; Marivalda Galdino; Raiza Souza Matos Xavier; Roseni Pereira da Silva; Suell Barreto de Oliveira; Orientadora: Professora Gláucia Piacentini Agreste
RESUMO
O desenvolvimento psicomotor de uma criança, pode acontecer por meio de experiências lúdicas a que ela tem acesso na infância, como as brincadeiras e os jogos oferecem. Através dos jogos as crianças se comunicam com o mundo, expressando-se, descarregando suas energias, interagindo com o meio onde vivem e com sua cultura. É brincando que a criança provoca o funcionamento do pensamento e adquire conhecimento social e emocional. O objetivo deste trabalho é demonstrar a importância da utilização dos jogos e brincadeiras na educação infantil. Levando em consideração estes aspectos: jogos, brinquedos e a brincadeira, ferramentas essenciais para ajudar no desenvolvimento das crianças na Educação Infantil. Portanto, é muito importante que a criança conheça o mundo que a rodeia por meio de suas percepções corporais além disso, fazem parte da cultura da infância. Brincando as crianças aprendem a exercitar regras sociais, incorporam valores morais éticos, inventam, recriam, imitam e desenvolvem a criatividade.
Palavras-chave: jogos; brinquedos; brincadeiras; educação infantil.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho aborda como os jogos, brinquedos e brincadeiras podem ser utilizados no processo de aprendizagem para que a criança tome consciência das possibilidades de seu corpo, e demonstra através de filósofos a importância dessas contribuições. Através da brincadeira a criança exercita todas as suas potencialidades, desenvolvendo seu lado social, motor e cognitivo.
Mais concretamente, o contexto histórico dos jogos, brinquedos e brincadeiras na infância; como os jogos ajudam no desenvolvimento infantil; nas brincadeiras e no processo de aprendizagem os brinquedos possuem um significado; a importância do ato de brincar; a relação do lúdico utilizado como objeto de aprendizagem brinquedos, por que trabalhar com jogos? E a importância na educação infantil.
O jogo, o brinquedo e a brincadeira possuem um determinado sentido. São elementos que desenvolvem a coordenação motora, o raciocínio, as relações sociais, o envolvimento, bem como fortalecem laços coletivos. As crianças ao jogar ou brincarem atribuem as suas brincadeiras, sentidos ligados à realidade. Sendo assim, o jogo representa um fator relevante no desenvolvimento do Ser humano, podem ser utilizados como ferramentas estimuladoras, facilitadoras e enriquecedoras que através do lazer e com prazer estimulam satisfatoriamente todo o processo de aprendizagem do indivíduo. As brincadeiras de roda, o faz de conta são atividades universais na infância. Na rua, em casa, na floresta, na cidade ou no campo a atividade sempre terá caráter formador do indivíduo como ser cultural.
O objetivo deste trabalho é demonstrar a importância da utilização dos jogos e brincadeiras na educação infantil. Levando em consideração estes aspectos: Jogos, Brinquedos e a brincadeira na infância.
Segundo Kishimoto (1993, p.45), brincar é uma atividade fundamental para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. Desde muito cedo as crianças se comunicam por gestos, sons e mais tarde imaginação. Podemos dizer que brincar é uma atividade natural, espontânea e necessária para a sua formação.
Esta pesquisa foi fundamentada na revisão bibliográfica dos referenciais teóricos acerca do tema, de forma crítica e reflexiva sobre as teorias que apontam a importância do jogo, brinquedo e brincadeiras na infância. A escolha do Tema “Jogos, Brinquedos e Brincadeiras na Infância “, dá-se principalmente a partir da minha experiência profissional como auxiliar de sala, vivenciando o desenvolvimento infantil por meios destes elementos.
O diferencial desta pesquisa é para dar ênfase a esta importância. Dessa forma o jogo e a brincadeira desde que bem planejada poderá estimular o desenvolvimento da criança, sua criatividade e proporcionar um aprendizado com prazer.
As brincadeiras são realizadas na infância de acordo com a realidade do mundo em que vivem as crianças e do desenvolvimento do espaço. Por fim, irei identificar a contribuição dos jogos e brincadeiras para a aprendizagem e desenvolvimento da criança na infância, no pensamento de autores que serão interpretados numa perspectiva didática pedagógica.
2. DESENVOLVIMENTO
É através das brincadeiras que as crianças desvendam o seu mundo. Sozinha, ou em grupos as crianças fazem descobertas. Vivenciam novas experiências e representam suas emoções e percepções do mundo de maneira espontânea. A brincadeira é tão remota quanto a própria humanidade e passado como herança cultural.
2.1 O CONTEXTO HISTÓRICO DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA INFÂNCIA
Jogos, brinquedos e brincadeiras na infância, sempre fizeram parte do universo infantil. As brincadeiras são fontes inesgotáveis de diversão e aprendizagem para crianças de todas as idades, em diferentes lugares do mundo, em todos os tempos. Ao tentar imitar o adulto, em vários tipos de brincadeiras, a criança aprende regras, socializa, compartilha conhecimentos e compreende conceitos socialmente estabelecidos. Podemos dizer que a brincadeira e o brinquedo podem e devem ser tratados a partir dessa dupla perspectiva: a criança brinca porque precisa compreender como funciona o mundo do adulto, mas inventa e reinventa os jogos e brincadeiras porque tem uma necessidade natural de criar seus próprios conceitos a respeito do mundo real, mas também sobre aquele por ela imaginado.
Todavia, se na atualidade o brinquedo está praticamente condicionado às regras do capital e virou uma mercadoria rentável, no passado existia uma estreita relação entre brincadeiras e os ritos das festas pagãs, previstas no calendário de vários povos. Estudiosos da história das religiões antigas, nos informam que brincadeiras como o balanço, que ainda faz a alegria de crianças e adolescentes na atualidade, eram comuns na festa de Aiora, ou festa da juventude. Outro brinquedo bem conhecido são as bonecas. Tão comuns na atualidade, eram instrumentos usados por feiticeiros e bruxos em seus encantamentos, os chocalhos tão apreciados pelos bebês, é um instrumento para afastar os maus espíritos. Principalmente aqui no Brasil por ser um país de grande mistura de raças, fica bem difícil saber sobre as origens destas brincadeiras. O primeiro indício de brincadeiras veio com o folclore lusitano e os primeiros colonizadores, incluindo contos, histórias, lendas, superstições e os jogos, festas e valores.
Não se conhece a origem destes jogos. Seus criadores são anônimos. Sabe se apenas que são provenientes de práticas abandonadas por adultos, de fragmentos de romances, poesias, mitos e rituais religiosos. A tradicional idade e universalidade dos jogos assentam-se no fato de que povos distintos e antigos como da Grécia e orientes brincaram de amarelinha, de empinar papagaios, jogar pedrinhas, e até hoje as crianças o fazem quase da mesma forma. Estes jogos foram transmitidos de geração em geração através de conhecimentos empíricos e permanecem na memória infantil. (KISHIMOTO, 2003, p.15)
Em muitas culturas antigas a fartura de uma colheita, por exemplo, dependia do bom desempenho dos jogadores em competições, realizadas nessas festas, que eram verdadeiras cerimônias sagradas. Velasco (1996), afirma que na antiguidade as crianças brincavam e participavam das festividades, lazer e jogos dos adultos, mas ao mesmo tempo tinham também um espaço reservado para que elas realizassem suas próprias atividades. O que incluía nestas atividades, hoje chamamos de brincadeiras populares, pois naquela época a brincadeira era considerada um elemento cultural, do riso e do folclore. Jogos e brincadeiras eram vivenciados por todos os membros de uma sociedade para celebrar as mudanças das estações do ano, a época das colheitas, o nascimento de crianças ou a morte de um líder comunitário. Com o passar do tempo, os jogos e as brincadeiras foram paulatinamente sendo dissociados do seu caráter religioso e comunitário. Elas foram sendo apropriadas pelas crianças, surgindo assim a ideia que impera na atualidade de que as brincadeiras e os jogos podem ser praticados coletivamente ou individualmente, mas só por crianças. Hoje, faz-se necessário resgatar o caráter simbólico do homem, quanto à percepção consciente que se vê a cada dia, mais reprimido, enrijecido e massificado, onde todos correm em busca do poder aquisitivo, que leva à alienação do próprio processo de criação e simbolização do sujeito. As crianças não têm mais espaço para viver a infância de maneira plena e enriquecedora, a pedagogia tradicional limita-se a aprimorar e buscar o conhecimento.
Com a chegada de jogos eletrônicos e computadores, podemos notar, que a brincadeira utilizada naquela época, hoje se faz presente no dia a dia com dificuldades para continuar.
Desde tempos passados, a educação reflete a transmissão da cultura, o acervo de conhecimentos, competências, valores e símbolos. Entre os métodos de se transmitir esta cultura, há, as Brincadeiras Tradicionais que tem até hoje um objetivo muito importante na educação, auxiliar no desenvolvimento motor, social e afetivo da criança.
Kishimoto (2000), afirma que definir a palavra brincadeira ou jogo não é tarefa fácil. Pois quando se pronuncia estas palavras, cada um pode entendê-la de modo diferente. Vamos então buscar o que autores afirmam a este respeito, buscando identificar cada palavra com um significado. Mas vamos começar com o lúdico, definiremos esta palavra para clarear nosso interesse de investigar brincadeiras e jogos.
2.2 O DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS ATRAVÉS DOS JOGOS
Jogos e brincadeiras são as principais atividades da criança durante seus primeiros anos de vida. O Jogo de exercício predomina do nascimento até aproximadamente os dois anos, nesta fase o objetivo central é a repetição de um ato motor. Segundo Piaget (1986) o ser humano nasce desprovido de qualquer conhecimento, não herdamos conhecimentos de nossos pais, tudo deverá ser aprendido pelo sujeito, o que herdamos como espécie são reflexos e os sentidos. Esta interação com o meio, já em seu início, é necessária para que ocorra a acomodação e para tanto necessita do exercício, o qual é chamado de experiência. Este jogo de exercício ocorre, então desde as atividades mais elementares, como o reflexo de sugar, agarrar, bater etc., até as atividades superiores. A aceitação e a utilização de jogos e brincadeiras como uma estratégia no processo de ensinar e do aprender têm ganhado força entre os educadores e pesquisadores nesses últimos anos, por considerarem, em sua grande maioria uma forma de trabalho pedagógico que estimula o raciocínio e favorece a vivência de conteúdos e a relação com situações do cotidiano. O jogo como estratégia de ensino e de aprendizagem em sala de aula deve favorecer a criança a construção do conhecimento científico, proporcionando a vivência de situações reais ou imaginárias, propondo à criança desafios e instigando-a a buscar soluções para as situações que se apresentam durante o jogo, levando-a a raciocinar, trocar ideias e tomar decisões.
Froebel e Pestalozzi, pioneiros no campo da educação infantil, eram participantes sensíveis à importância do jogo na infância, relacionando à prática do ensino da educação da criança. Os jogos, brincadeiras proporcionam a imaginação às crianças; o brincar preenche necessidades que mudam de acordo com a idade, e proporcionam situações em que a criança cria regras.
Segundo Vygotsky, à medida que a criança vai se desenvolvendo, há uma modificação. Primeiramente predominam a situação de regras ocultas (não explícitas); quando ela vai ficando mais velha, predominam as regras (explicitas), e a situação imaginária fica oculta.
Para Piaget (1971), é um meio de explicação para apresentar como a criança realiza seu desenvolvimento em uma busca incessante para compreender e explicar a sua realidade.
Através das brincadeiras, do jogo simbólico, a criança cria situações e resoluções para os problemas. É capaz de lidar com dificuldades psicológicas, como o medo, dor, perda, conceitos de bem e mal, sendo um reflexo do meio em que vive e de situações imaginárias que os desenhos animados apresentam na televisão. Um exemplo é quando a criança resiste a ir ao médico, e quando brinca, simula ser médico, e os “pacientes” projetam seus medos ou frustrações.
Uma segunda categoria de jogos infantis é a que denominaremos o jogo simbólico. Ao invés de jogo de exercício, que não supõe o pensamento nem qualquer estrutura representativa especificamente lúdica, o símbolo implica a representação de um objeto ausente, visto ser comparação entre um elemento dado e um elemento imaginado, e uma representação fictícia, porquanto essa comparação consiste numa assimilação deformante (PIAGET, 1971, p.146).
No jogo simbólico a criança aplica os esquemas construídos na fase anterior, possibilitando assim uma ampliação e uma criação de novos esquemas que possibilitarão uma melhor compreensão do mundo e, consequentemente, um melhor desenvolvimento do sujeito. Vemos que este simbolismo aplicado na busca de compreender o mundo é que possibilita ao sujeito ir aplicando uma lógica em suas relações com este mesmo mundo, e assim ir refinando a sua compreensão dele. No desenvolvimento das crianças, é evidente a transição de uma forma para outra através de jogos, que é a imaginação em ação. Uma das formas de intervir para que o jogo ocorra da forma mais rica possível é disponibilizar materiais versáteis, que possam se transformar em muitas coisas, como panos, tocos de madeira, sucatas etc.
A criança necessita de espaço, motivação para trabalhar a construção do real pelo exercício da fantasia.
A imaginação é um processo psicológico novo para criança, representa uma forma especifica humana de atividade consciente que não está presente na consciência das crianças muito pequenas e está ausente nos animais.
A criança necessita da imaginação do meio físico e social, onde poderá construir seu pensamento e adquirir novos conhecimentos de forma lúdica, onde há o prazer na aprendizagem. As relações na escola estão estáticas, impossibilitando a construção do conhecimento significativo. É necessário ampliar o conceito de escrita presente na maioria das Escolas de Educação Infantil, resgatando o direito da criança a uma educação que respeite seu processo de construção do pensamento, que lhe permita desenvolver-se nas linguagens expressivas do jogo, do desenho e da música, como instrumento simbólico de leitura e escrita de mundo, promovendo o desenvolvimento cognitivo e afetivo-social da criança.
O professor e o pedagogo, na sua atuação escolar, deverão estar sempre avaliando seus trabalhos e os resultados destes, proporcionando à criança, técnicas diversificadas que favoreçam o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral do educando.
O pedagogo poderá desenvolver um trabalho contra estereótipo que muitos profissionais de educação apresentam sobre o brincar, os jogos não podem ser vistos somente como divertimento e aplicados só em momentos livres para que possam gastar energias, são utilizados como objetos de aprendizagens. O jogo é um recurso altamente poderoso e enriquecedor que contribui para a construção do conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório.
As crianças são motivadas a usar sua inteligência nos jogos, para superarem os obstáculos, procurando jogar cada vez melhor e obter a vitória, assim, possibilitando a autodescoberta, a assimilação e a integração com o mundo por meio de relações e suas próprias vivencias.
A aprendizagem não irá acontecer somente através do lúdico, há outro fator imprescindível para que esta aconteça; o indivíduo necessita estar estimulado para aprender.
Além da motivação, deve se levar em consideração a maturidade da criança. A maturação resulta do desenvolvimento biopsíquico, interesses, evolução social e educação. O processo de amadurecimento apresenta certo paralelismo com a idade.
O processo de ensino aprendizagem deve ser projetado nas situações reais, com situações-problemas, sendo trabalhado o esquema corporal, a coordenação motora, entre outros aspectos importantes que favorecem a aprendizagem significativa para o indivíduo. Segundo Adriana Rosa, as brincadeiras para a criança constituem atividade primária que traz grandes benefícios do ponto físico, a qual supre necessidades de crescimento, e do ponto intelectual e social. Contribui para a desinibição, produzindo uma excitação mental, altamente fortificante.
As brincadeiras abrangem grande parte do desenvolvimento da criança, quando esta representa situações observadas no cotidiano e que futuramente irá vivenciar. Cria situações irreais paralelamente com o real, assim conhecendo suas capacidades e habilidades, as quais muitas vezes não conhecem. desta forma está desenvolvendo o “eu” (querer, poder, fazer, vencer e fracassar).
O lúdico deve ser visto e praticado de forma consciente, pois não é mera diversão ou preenchimento de tempo, e sim, um fator essencial para uma educação de qualidade ao indivíduo.
A ludicidade tem conquistado espaço principalmente na educação infantil, pode ser brinquedo a essência na infância e seu uso permitir um trabalho pedagógico que possibilita a produção do conhecimento.
É no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou o adulto fruem sua liberdade de criação. (Winnicott)
Neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e divertimentos, e é relativa também a conduta daquele que joga, que brinca e que se diverte. Sobre atividades lúdicas, existe hoje uma vasta bibliografia, mas a realidade é que estes estudos pouco têm influenciado na pratica a educação infantil.
Educar não se limita a repassar informações ou mostrar apenas um caminho, aquele caminho que o professor considera o mais correto, mas é ajudar a pessoa a tomar consciência de si mesma, das pessoas e da sociedade.
O lúdico é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser visto apenas como diversão. O desenvolvimento deste aspecto facilita a aprendizagem, o desenvolvimento social, pessoal e cultural, colabora para uma boa saúde mental.
A forma do lúdico se assenta em pressupostos que valorizam a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, a nutrição da alma, proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas, experiências corporais que se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora.
A forma do lúdico deve possibilitar ao futuro educador conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades e limitações, desbloquear suas resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança e do adulto.
O adulto volta a brincar, não se torna criança novamente, apenas ele convive, revive e resgata com prazer a alegria do brincar, por isso é importante o resgate desta ludicidade, a presença do jogo pode transpor esta experiência para o campo da educação.
A aprendizagem da leitura e escrita deve ser entendida como um processo de múltiplas dimensões, que promoverá o indivíduo a condições com seus pares a fim de que ele possa construir a escrita.
Esta interação proporciona uma variedade de construções que são fundamentais para o desenvolvimento infantil. Assim é a criança, consolida e constrói suas concepções a partir de suas experiências, ampliando seu conhecimento sobre o mundo, desenvolvendo novas hipóteses à medida que este processo avança.
O lúdico servirá como suporte na formação do educador, com o objetivo de contribuir na sua reflexão, ação e reflexão, buscando dialetizar teoria e prática. Os materiais oferecidos nas atividades lúdicas serão afirmativos de problematização, subsídios e contradições, com objetivos de contribuir para a superação do tema proposto, bem como a oportunidade de buscar novos caminhos ou referências para sua atuação como educar.
2.3 OS BRINQUEDOS POSSUEM SIGNIFICADOS
O reconhecimento e compreensão dos signos ocorre depois da fase dos gestos, pois estes são a primeira representação de significados da criança, enquanto aqueles que tratam de uma representação mais completa.
O brinquedo aparece como um pedaço de cultura, pois leva a criança a imaginar, agir e representar a vida e situações desta, que se apresentam na família e na sociedade.
É através de seus brinquedos e brincadeiras que a criança tem oportunidades de desenvolver um canal de comunicação, uma abertura para o diálogo com o mundo dos adultos, onde ela restabelece seu controle interior, sua autoestima e desenvolve relações de confiança consigo mesma e com os outros (GABARDINO e col.,1992 p. 12).
Os brinquedos são considerados importantes aliados no processo de aprendizagem das crianças, em especial as que apresentam certa deficiência. Tudo tem que ser muito bem avaliado e planejado de forma bem coerente, atingindo o objetivo que um determinado brinquedo propõe bem como desenvolver a capacidade motora.
A interação com os brinquedos é essencial para o conhecimento do mundo dos objetos, a diversidade de formas, texturas, cor, tamanho, espessura, cheiros, e outras especificidades do objeto são importantes para a criança compreender esse mundo. Os brinquedos são considerados importantes aliados no processo de aprendizagem das crianças, em especial as que apresentam certa deficiência. O brinquedo a ser utilizado pela criança deficiente, não é diferente de um brinquedo utilizado por qualquer outra criança. Os brinquedos não são especiais, mais o momento de seleção deles é de extrema importância. O ideal é que seja realizada de acordo com o nível de desenvolvimento motor e cognitivo da criança. Tudo tem que ser muito bem avaliado e planejado de forma bem coerente, atingindo o objetivo que um determinado brinquedo propõe bem como desenvolver a capacidade motora.
Fazer brinquedos não se restringe ao produto, carrinho, boneca, mas ao processo de criação e experimentação, de planejamento e construção, de reflexão e de ação, de prazer e de frustração. Transformar imagens mentais em objetos concretos é próprio dos cientistas e inventores, que inovam constantemente o mundo em que vivem. (Crepaldi, 2010, p.20).
Ao planejar a construção de brinquedos com as crianças, é necessário levar em consideração quais são os conhecimentos e habilidades motoras de cada criança, analisando para isso se eles sabem recortar, sabem encaixar, sabem pintar, sabem montar etc.
O interesse pelo estudo do brinquedo também é muito antigo. E, isso talvez decorra do fato de que o brinquedo e o jogo façam parte tão intrínseca da vida infantil e juvenil. Entender seu significado é um caminho muito útil, senão mesmo necessário, para conhecer a própria criança e seu processo de desenvolvimento. O brinquedo foi objeto de consideração de filósofos, psicólogos, psicanalistas, teólogos, antropólogos, médicos, terapeutas, educadores e pais, portanto, nos mais diversos campos das ciências e das práticas sociais. Até hoje os brinquedos são utilizados como objetos de aprendizagens, principalmente na Educação Infantil.
Nas escolas Waldorf os brinquedos disponíveis para as crianças são aqueles oferecidos pela natureza: Troncos de madeira, bambu, panos de algodão e lã. Como também, manuseiam brinquedos simples feitos de madeira objetivando o desenvolvimento da fantasia e da criatividade. Pois acreditam que os brinquedos de plástico não possibilitam essa proposta, pois é frio e muitas vezes leve, já a madeira é quente e apresenta um maior peso. As bonecas disponibilizadas não possuem expressões de felicidade ou tristeza, pois assim a criança se sente livre para explorar os sentimentos durante as brincadeiras com as bonecas. Não esquecendo os momentos de brincadeiras livres: correr, saltar, descer, pisar na areia, na grama, na terra, andar em meio a árvores ou subir nelas.
2.4 ATO DE BRINCAR
Ao brincar a criança constrói o conhecimento. Tanto o jogo quanto a brincadeira como o brinquedo podem ser englobados em um universo maior, chamado ato de brincar. Pode-se observar que brincar não significa simplesmente recrear-se, isto porque é a forma mais completa que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo.
O ato de brincar é importante, é terapêutico, é prazeroso, e o prazer é o ponto fundamental da essência do equilíbrio humano. No brincar, quanto mais papéis a criança representar, mais amplia sua expressividade, entendida como uma totalidade. A partir do brincar ela constrói os conhecimentos através dos papéis que representa, amplia ao mesmo tempo dois vocabulários: o linguístico e o psicomotor, além do ajustamento afetivo emocional que atinge na representação desses papéis. A criança brinca porque tem um papel, um lugar específico na sociedade, e não apenas porque o faz-de-conta, como brincar de cavalo, em que a criança se utiliza do cabo de vassoura, parte da natureza da criança. O jogo é a forma que as crianças encontram para representar o contexto em que estão inseridas. O modo como ela brinca revela o interior dela, proporcionando o aprender fazendo. Através do lúdico, a criança realiza aprendizagem significativa e proporciona às crianças relacionarem as coisas umas com as outras, ao relacioná-las é que elas constroem o conhecimento. Transformando o real com recursos da fantasia e da imaginação. Tem a chance de dar vazão a uma afetividade que, frequentemente é tolhida na difícil luta pela sobrevivência enfrentada dia a dia por seus pais. A criança que brinca precisa ser respeitada, pois o seu mundo é mutante, e está em permanente oscilação entre a fantasia e a realidade. Precisa tanto de brinquedos como de espaço, o suficiente para que se sinta à vontade e dona dele. A criança sempre brinca, mas esse ato depende do contexto em que está inserida, independente de época, classe social e outros fatores.
…. A brincadeira é a atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um todo – da vida natural interna no homem e de todas as coisas. Ela dá alegria, liberdade, contentamento, descanso externo e interno, paz com o mundo…A criança que brinca sempre, com determinação auto ativa, perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode auto sacrifício para a promoção do seu bem e de outros…Como sempre indicamos, o brincar em qualquer tempo não é trivial, é altamente sério e de profunda significação. (Froebel, 1912c, p.55)
3. A RELAÇÃO DO LÚDICO COM O DESENVOLVIMENTO E A APRENDIZAGEM
As atividades lúdicas são a essência da infância. Os jogos e os brinquedos, embora sendo um elemento sempre presente na humanidade desde seu início, eram vistos como fúteis, e tinham como objetivos a distração e recreio. O aparecimento do jogo e do brinquedo como fator de desenvolvimento infantil proporcionou um campo amplo de estudo e pesquisas, e hoje é questão de consenso a importância do lúdico.
Dentre as contribuições mais importantes destes estudos podemos destacar:
• As atividades lúdicas possibilitam fomentar a formação do autoconceito positivo.
• As atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento integral da criança já que, através destas atividades, a criança se desenvolve efetivamente, convive socialmente e opera mentalmente.
• O brinquedo e o jogo são produtos de cultura, e seus usos permitem a inserção da criança na sociedade.
• Brincar é uma necessidade básica assim como é a nutrição, a saúde, a habitação e a educação. Brincar ajuda as crianças no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, as crianças formam conceitos, relacionam ideias, estabelecem relações lógicas, desenvolvem a expressão oral corporal e reforçam habilidades sociais.
• Reduzem a agressividade, integram-se na sociedade e constroem seu próprio conhecimento.
• O jogo é essencial para saúde física e mental.
• O jogo simbólico permite à criança vivências do mundo adulto, e isto possibilita a mediação entre o real e o imaginário.
Valorizar as atividades lúdicas, podem percebê-la como atividade natural, espontânea e necessária a todas as crianças, tanto que o brincar é um direito da criança, reconhecido em declarações, convenções e em leis em nível mundial.
Muitos alunos (às vezes o professor também) atestam não encontrar prazer em escrever.
Foi assim que começaram a surgir nas escolas algumas atividades prazerosas como música, dança, conversas e jogos. Segundo Schiller, o homem brinca unicamente quando é homem no sentido pleno da palavra, e é plenamente homem unicamente quando brinca. Vincular o lúdico a finalidades práticas, o que conta, é a produtividade, é não perceber que a produtividade é o próprio processo de brincar, uma vez que, nessa concepção, jogar é intrinsecamente educativo, é essencial enquanto forma de humanização.
3.1 BENEFÍCIOS DO LÚDICO
Os benefícios do lúdico são grandes do ponto de vista físico, intelectual e social. Como benefício físico, o lúdico satisfaz as necessidades de crescimento e de competitividade da criança. Os jogos lúdicos devem ser a base fundamental dos exercícios físicos impostos às crianças pelo menos durante o período escolar. Como benefício intelectual, o brinquedo contribui para a desinibição, produzindo uma excitação mental e altamente fortificante. Nesta perspectiva, os jogos podem ser a única maneira de penetrar os sistemas formais. Através das brincadeiras a criança se mostra inteira. Como benefício social, a criança, através do lúdico representa situações que simbolizam uma realidade que ainda não pode alcançar; através dos jogos simbólicos se explica o real e o eu. Por exemplo, brincar de boneca representa uma situação que ainda vai viver desenvolvendo um instinto natural. Como benefício didático, as brincadeiras transformam conteúdos maçantes em atividades interessantes, revelando certas facilidades através da aplicação do lúdico. Outra questão importante é a disciplinar, quando há interesse pelo que está sendo apresentado e faz com que automaticamente a disciplina aconteça. Os procedimentos didáticos altamente importantes; mais que um passatempo; é o meio indispensável para promover a aprendizagem disciplinar, o trabalho do aluno e incutir-lhe comportamentos básicos, necessários à formação de sua personalidade. Estudar as relações entre as atividades lúdicas e o desenvolvimento humano é uma tarefa complexa. A maioria dos estudiosos classificou o desenvolvimento humano em três fases distintas: aspectos psicomotores, aspectos cognitivos e aspectos afetivo sociais. Nos aspectos psicomotores encontram-se várias habilidades musculares e motoras, de manipulação de objetos, escrita e aspectos sensoriais. Os aspectos cognitivos dependem, como os demais, de aprendizagem e maturação que podem variar desde simples lembranças de aprendido até mesmo formular e combinar ideias, propor soluções e delimitar problemas. Já os aspectos afetivo-sociais incluem sentimentos e emoções, atitudes de aceitação e rejeição de aproximação ou de afastamento. O fato é que esses três aspectos interdependem uns do outros, ou seja, a criança necessita dos três para tornar-se um indivíduo completo. O lúdico é o grande articulador desses aspectos.
3.2 POR QUE TRABALHAR COM JOGOS E BRINCADEIRAS?
Os jogos são práticas culturais que se inserem no cotidiano das sociedades em diferentes partes do mundo e em diferentes épocas da vida das pessoas. Por outro lado, eles também cumprem papéis diversos relacionados à expressão da cultura dos povos. Kishimoto (2003,p.17) exemplifica tal dimensão histórica mostrando que “se o arco e a flecha hoje aparece como brinquedos, em certas culturas indígenas representavam instrumentos para a arte da caça e da pesca’’, ou seja, que o brinquedo pode representar uma maneira de resguardar a história da humanidade. Ao falarmos que os jogos estão presentes em diferentes épocas da vida das pessoas estamos evidenciando o quanto eles participam da construção das personalidades e interferem nos próprios modos de aprendizagem humanos. Eles estão presentes desde os primeiros momentos da vida do bebê. Piaget (1987) dá especial atenção aos jogos de exercício no período sensório-motor, momento em que as crianças, ao brincarem, aprendem a coordenar visão e movimento das mãos e dos pés; visão e audição; enfim, a perceber o mundo a sua volta, e começam a agir para dele participar.
Ainda em etapas muito iniciais do desenvolvimento podemos destacar os jogos de construção, tão bem estudados por Chauncey (1979) e Venguer (1988). Por meio desses jogos as crianças desenvolvem noções de equilíbrio, de formas de espaço, dentre outras habilidades. o jogo, além de constituir-se como veículo de expressão e socialização das práticas culturais da humanidade e veículo de inserção no mundo, é também uma atividade lúdica em que a criança e/ou adultos se engajam num mundo imaginário, regido por regras próprias que geralmente são constituídas a partir das próprias regras sociais de convivência.
Fromberg (1987), ao discutir sobre os jogos, destaca algumas de suas características: representar a realidade e as atitudes humanas; possibilitar a ação no mundo ( mesmo que de modo imaginário); incorporar motivos e interesse da própria criança; que estão sujeitos a regras, sejam elas explicitas ou implícitas, e têm alto grau de espontaneidade na ação. Se tomarmos como foco de discussão os princípios de que os jogos possibilitam a ação no mundo e estão sujeitos a regras, entramos no debate acerca da importância dos jogos no desenvolvimento humano.
Leontiev (1988), por exemplo, defendia que as brincadeiras seriam as atividades principais durante a infância e que, brincando, as crianças aprendiam a se inserir no mundo adulto. A partir dessa maneira de ver a inserção dos jogos no desenvolvimento humano, o autor classificou os jogos em dois grandes blocos: jogos de enredo e jogos de regras. No jogo de enredo, os participantes brincam de representar situações, narrar e vivenciar histórias. Nesse sentido, Leontiev (1988, p.130), “nessas situações, as operações e ações da criança são sempre reais e sociais, e nelas a criança assimila a realidade humana”. O brinquedo (como disse Gorki) é realmente o caminho pelo qual as crianças compreendem o mundo em que vivem e que serão chamadas a mudar. Dias (2003, p.52) também defende a importância desses jogos, salientando que o jogo de enredo é o ‘’instrumento primeiro de pensamento no enfrentamento da realidade’’. Ele amplia as possibilidades de ação e compreensão do mundo. Os jogos de enredo, fazem com que as crianças experimentam a vida em sociedade e exercem papéis sociais diversos, pois as regras sociais são o alicerce da brincadeira. O outro tipo de jogo citado por Leontiev é o jogo de regras. Nesse caso a atenção dos participantes recai sobre o atendimento às regras compartilhadas, embora tais regras continuem atreladas à construção de um mundo imaginário.
Quintiliano, Erasmo, Rabelais, Froelbel, estudiosos em diferentes épocas, defenderam a ideia de que precisamos promover um ensino mais lúdico e “criativo”, surgindo, assim, a noção de “brinquedo educativo”. A esse respeito Kishimoto (2003) mostra-nos que:
Na alfabetização eles podem ser poderosos aliados para que os alunos possam refletir sobre o sistema de escrita, sem, necessariamente, serem obrigados a realizar treinos enfadonhos e sem sentido. Nos momentos de jogo as crianças mobilizam saberes acerca da lógica de funcionamento da escrita, consolidando aprendizagens já realizadas ou se apropriando de novos conhecimentos nessa área.
Brincando, elas podem compreender os princípios de funcionamento do sistema alfabético e podem socializar seus saberes com os colegas.
É preciso estar atento para o fato de que nem tudo que aprende se consolida durante a brincadeira. É necessário criar situações em que os alunos possam sistematizar a aprendizagem.
Nesse sentido o professor continua sendo um mediador das relações. Precisa intencionalmente, selecionar os recursos didáticos em função dos seus objetivos, avaliar se esses recursos estão sendo suficientes e planejar ações sistemáticas para que os alunos possam aprender de fato.
Mrech (2003, p.128) também defende tal ideia, quando diz que brinquedos, jogos e materiais pedagógicos não são objetos que trazem em seu bojo um saber pronto e acabado. Ao contrário, eles são sujeitos que trazem um saber ativado pelo aluno”, ou seja, não podemos esquecer que é o professor que faz as mediações entre os alunos e os recursos materiais que disponibiliza, sendo necessário, que tenha consciência do potencial desses materiais, muitas crianças brincam com a língua, quando cantam música e cantigas de roda, recitam parlendas, poemas, quadrinhas, quando desafiam os colegas com diferentes adivinhações, participam do jogo da forca, de adedonha (também chamado de “stop ortográfico” ou “animal, fruta, pessoa, lugar”), palavras cruzadas, dentre outras brincadeiras. O professor pode se valer dos jogos que as crianças já conhecem e juntamente com outros que ele introduzirá, ajudar a transformar a língua num objeto de atenção e reflexão.
Como defendem Debyser (1991) e Vever (1991), entendemos que os “jogos de linguagens”, tão frequentes nas mais variadas culturas, permitem introduzir, na sala de aula, um espaço de prazer e de ampliação das capacidades humanas de lidar com linguagem, numa dimensão estética, gráfica e sonora.
Mas razões de outra ordem também nos levam a considerar, seriamente, a necessidade de usar tais jogos, de forma intensa, no início da escolarização. Diferentes estudos, realizados tanto no Brasil como no exterior, apontam a adequação de instituição escolar. Promovem desde o último ano da educação infantil, aqueles jogos que levam à reflexão sobre palavras, rimas e silabas semelhante (Morais, 2004). Os ganhos alcançados se comungam com evidências de que a consciência fonológica – num sentido amplo, que não se restringe à noção de “consciência fonêmica” – deve ser promovida durante o processo de alfabetização formal.
A consciência fonológica é um conjunto de habilidades necessárias, mas não suficientes para que a aprendiz se alfabetize. Crianças pequenas ao iniciar em situações que lhe permitem conviver com a escrita alfabética como um sistema notacional, julgou mais adequado incluir a reflexão fonológica num amplo conjunto de atividades de “reflexão sobre o funcionamento das palavras escritas “(Morais, 2006). Desse modo, os aprendizes são ajudados a começar observar certas propriedades do sistema alfabético (como a ordem, a estabilidade e a repetição de letras nas palavras), ao mesmo tempo em que, divertindo-se, analisam as semelhanças sonoras (de palavras que rimam ou tem sílabas iniciais ou iguais), bem como examinam a quantidade de partes (falada e escrita) das palavras (Morais; Leite,2005). Em lugar de uma concepção de treinamento, propomos um ensino que permita aos alunos tratar as palavras como objetos com os quais se pode brincar e, de uma forma menos ritualística, aprender o uso dos jogos de alfabetização aqui apresentados visa, portanto, garantir a todos os alunos oportunidades para, ludicamente, atuarem como sujeitos da linguagem, numa dimensão mais reflexiva, num contexto que não inclui os usos programáticos e de puro deleite da língua escrita, por meio da leitura e exploração de contexto de palavra.
4. JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS A IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
É a qualidade na educação infantil e seus princípios pedagógicos que se destacam como fatores fundamentais para o ensinar e o aprender, fatores estes que estão definidos no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998). Por meio deste é possível identificar as contribuições das diferentes áreas do conhecimento que compõem a organização das atividades a serem desenvolvidas junto à educação. De acordo com o Referencial Curricular da Educação Infantil (1998) a respeito da importância e significados da ludicidade enquanto princípio didático das práticas pedagógicas na Educação Infantil, a criança é um ser social e histórico e que está em processo de formação. E por isto é preciso tomar como meta alguns objetivos gerais, de modo a articular o processo educativo, e as necessidades das crianças. Segundo o Referencial Curricular da Educação Infantil (1998) Intenções educativas que estabelecem capacidades que às crianças poderão desenvolver como consequência de ações intencionais do professor.
O Referencial Curricular da Educação Infantil (1998, p. 48) classifica essa ordem com característica própria, sendo elas de ordem: física, caracterizando o uso do corpo para uma melhor expressão das emoções e a coordenação motora, a de ordem cognitiva que deve envolver a comunicação do pensar, as resoluções de problemas, a de ordem afetiva para uma melhor convivência e auto estima, a de ordem estética para a produção cultural e artística da criança, a de ordem ética denominadas para a construção de valores, para a relação interpessoal, destacando os valores de convivência com os diferentes costumes e cultura, e por fim as de ordem de inserção social que se classifica como a possibilidade que a criança deva a ter com relação à participação dela na comunidade e sociedade. Com esses fatores pode-se observar que a educação infantil ganha a partir daí características importantes que a integra definitivamente como fase de total importância para a formação social da criança de zero a cinco anos de idade. A ação pedagógica que integra dois paradigmas: o cuidar e o educar indicam também uma aproximação entre dimensões educacionais e sociais e propõe ai outro método que possa possibilitar a aprendizagem de maneira lúdica que é o brincar na infância, uma vez que a criança pequena aprende se integra e se socializa com todos aqueles que estão ao seu redor por meio da brincadeira. Neste ambiente educacional onde a brincadeira é de caráter estimulativo, ela é também responsável pelo desenvolvimento da criança, o que se caracteriza em atividades próprias estimulando e exercitando seus sentidos, envolvendo todo o seu corpo com movimentos que se transformam em aprendizagem. A criança pode sentir, ouvir, tocar, degustar e vocalizar-se, por meio da brincadeira, já que ela é capaz de levá-la a conquistar sua autoconfiança e competência, se aperfeiçoando de acordo com sua capacidade de expressão. O brincar tem a função socializadora e integradora. A sociedade moderna cada vez mais tem sofrido transformações em relação ao brincar e ao espaço que se tem para brincar, os pais e os filhos têm pouco tempo para ficarem juntos e brincar. A escola acaba sendo a única fonte transmissora de cultura, onde ainda existem espaços para as crianças brincarem, tendo os profissionais de educação à incumbência de ensinar e resgatar as brincadeiras populares, mas não só isso, como também o jogo deve fazer parte do cotidiano das crianças, e seria usado como uma nova forma de transmitir conhecimento, pois a atividade lúdica é benéfica ao aprendizado. O brincar vai desde a sua prática livre até uma atividade dirigida, com regras e normas. Os jogos são ótimos para desenvolver o raciocínio lógico, e o desenvolvimento físico, motor, social e cognitivo, e atualmente a aplicação desta nova maneira de transmissão de conhecimento é até mais fácil pelos recursos metodologias e disponíveis para o professor. Mas, vamos falar do brincar pelo brincar, atualmente, só é aberto o espaço para brincar na educação infantil, e nem sempre é aceito de uma forma natural. As crianças têm que brincar, porque, brincando aprende a participar das atividades pelo prazer de brincar, sem visar uma recompensa ou temer castigo, mas adquirindo o hábito de estar ocupada, fazendo alguma coisa inteligente e criativa, experimentando o mundo ao seu redor, buscando um sentido para sua vida. Mas, mesmo proporcionando todos esses benefícios, o brincar, a atividade lúdica, nas escolas de educação infantil quase sempre são muito dirigidos, se tornando menos espontâneo, criativo e prazeroso. Temos também a cobrança dos pais no sentido de obter um trabalho com bastante conteúdo, e na fase da educação infantil, a criança deve ser menos cobrada, havendo uma menor pressão dos pais em relação à obtenção de um trabalho com conteúdo mais estruturados. Muitas vezes a escola não oferece oportunidades, espaços para a prática da brincadeira livre, e quase sempre, impede que aconteça. Seria valoroso que a escola se apropriasse da brincadeira, porque isso traria resultados mais relevantes e adequados às necessidades do mundo de hoje. Apesar da sua importância, a prática da brincadeira na pré-escola ainda tem o estigma de ser apenas preparatória para a escola, sem valor pedagógico ou como um passatempo.
5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A análise em assunto favorece um exame sobre a importância dos Jogos, brinquedos e brincadeiras na infância. A investigação teve início a partir de um levantamento bibliográfico apoiando-se nos autores de forma crítica e reflexiva, com a finalidade de alcançar os objetivos propostos.
Para Gil (2002, p61), as fontes bibliográficas compreendem livros de leitura corrente, “claras as referências, teses e dissertações, periódicas científicas, anais de encontros científicos e periódicos de indexação e resumo”.
Concluído a coleta de dados, foram conceituadas e avaliadas as consequências do presente estudo.
6. ANÁLISE E DISCUSSÃO
A partir dos objetivos específicos propostos para este estudo, podemos identificar os seguintes resultados da análise crítica e reflexiva, discutida no decorrer da revisão da literatura.
Hoje em dia encontra-se variedades de jogos, brinquedos e brincadeiras que desenvolvem e estimulam a criança. Tizuko M Kishimoto (1994) fala da importância de outras referências que podemos ter em nossas brincadeiras pedagógicas. A sociedade considera essencial a diferenciação do significado do jogo e brincadeiras. Sem deixar de destacar a importância do brinquedo também. Sendo suporte da brincadeira ideológica ao concreto. Na obra “O Jogo e a Educação Infantil”, Kishimoto relata um pouco da história cultural do brinquedo. Fala também da relevância que o brinquedo possui na vida da criança.
Muitos professores têm dificuldade em associar o brinquedo como material pedagógico para realizar um processo de aprendizagem. Para que o trabalho seja realizado com eficiência, a brincadeira deverá possuir duas funções essenciais: a função lúdica nos mostra a diversão e o prazer, a função educativa propicia conhecimento e saberes ao indivíduo que está brincando. É necessário buscar estabilidade entre estas duas funções na atividade que irá orientar as crianças. Os critérios deverão serem seguidos corretamente para a criança manipular o brinquedo ou na realização das brincadeiras. Exemplo: Disposição de brinquedos, disponibilidade de material e entre outros. Ao escolher o material para a brincadeira devem ter coerência com a proposta temática. As brincadeiras pedagógicas são mais externas, autores se dedicam a publicar guias para que possam auxiliar na escolha da brincadeira. Os jogos tradicionais infantis remetem a história do país, através do folclore, da cultura popular trabalhado em salas de aulas e preservando o patrimônio. Uma brincadeira pedagógica bem trabalhada pode acrescentar muito no processo de aprendizagem da criança. Na flexibilidade da brincadeira pode nos mostrar uma visão em como educar. Em casa os pais podem incentivar seus filhos através das brincadeiras e brinquedos indicados a sua faixa etária. O brinquedo se torna um elemento educativo importante. Quando comprar um jogo de caça-palavras, por exemplo, os pais estarão contribuindo para o processo transformador da linguagem escrita e oral. É complexo e longo o processo de ensino e aprendizagem.
De acordo com Piaget, as crianças possuem um papel ativo na construção de seu conhecimento. O desenvolvimento cognitivo é a base de aprendizagem que se dá pelo processo de acomodação e assimilação. Quando uma pessoa não consegue assimilar determinada situação pode ocorrer dois processos: a mente desiste ou se modifica. Quando modificado ocorre o processo de acomodação, podendo levar a construção de novos esquemas de assimilação, resultando no processo de desenvolvimento cognitivo. Como provocar o processo de acomodação? Para modificar os esquemas de assimilação faz-se necessário propor atividades desafiadoras para que provoquem desequilíbrios e equilibrações sucessivas nas crianças. Apenas a acomodação vai promover a descoberta e posteriormente a construção do conhecimento. De acordo com Piaget, o desenvolvimento cognitivo das crianças ocorre em quatro fases:
1° Fase – Sensório Motor (até os dois anos)
2° Fase – Pré-Operacional (dos três aos sete anos)
3° Fase – Operatório Concreto (dos oito aos onze anos)
4° Fase – Operatório Formal (a partir dos doze anos)
O educador deve estimular o desequilíbrio mental, escolher passos intermediários para adequá-los às estruturas mentais da fase de desenvolvimento da criança. Através deste processo a criança constrói um conhecimento e dessa forma exerce um papel ativo. O jogo para Piaget (1971) é um meio de explicação para apresentar como a criança realiza seu desenvolvimento em uma busca incessante para compreender e explicar a sua realidade. Não era sua intenção estudar o jogo como uma manifestação cultural, as contribuições deste autor nos auxiliam na compreensão dos comportamentos realizados pela criança em sua busca de compreender e se apropriar do mundo, possibilitando assim as pessoas uma mediação fundamentada em uma teoria científica sólida.
Ele apresenta três estruturas: Jogo do exercício; Jogo simbólico e Jogo de regra. Vale lembrar que em cada uma destas estruturas estão presentes a assimilação e a acomodação. O jogo de exercício predomina do nascimento até aproximadamente os dois anos. O objetivo central é a repetição de um ato motor. Este comportamento é uma característica marcante dos estágios do jogo, nesta primeira grande estrutura (jogo de exercício), a característica inicial é o predomínio da acomodação, pois a estrutura inicial que é hereditária, que está pronta para funcionar, necessita de contato com o meio exterior, ou seja precisa da interação para que ocorra a acomodação. No jogo simbólico a criança aplica os esquemas construídos na fase anterior, possibilitando assim uma ampliação e uma criação de novos esquemas que possibilitarão uma melhor compreensão do mundo e, consequentemente um melhor desenvolvimento do sujeito. O jogo simbólico é aplicado pela criança em todas as situações que ela vivência. No jogo de símbolo podemos ver o mesmo desenvolvimento que ocorreu no jogo de exercício, porém dentro de uma lógica e também de uma representação ainda que deformada da realidade, nesta fase também é possível observar a repetição, o exercício, porém ele já não é mais o fator que impulsiona o sujeito a buscar compreensão do mundo. O jogo de regras supõe relações sociais ou interindividuais em um caráter coletivo. Uma violação corresponde a uma falta. Não era sua intenção estudar o jogo como uma manifestação cultural, as contribuições deste autor nos auxiliam na compreensão dos comportamentos realizados pela criança em sua busca de compreender e se apropriar do mundo, possibilitando assim as pessoas uma mediação fundamentada em uma teoria científica sólida. Por meio do brincar, as crianças equilibram as tensões provenientes de seu mundo cultural, construindo sua marca pessoal e sua personalidade. Aprender brincando é um enunciado que contempla a lógica do Princípio da Ludicidade que permeia as práticas pedagógicas na Educação Infantil. Quanto a refletir sobre a importância dos jogos, brinquedos e brincadeiras, o lúdico contribui para o desenvolvimento motor, social, afetivo e cognitivo da criança. Sobre estes aspectos discutidos a partir desta pesquisa, destacaram-se os seguintes autores com seus respectivos conceitos acerca do Aprender Brincando:
Brougere (2004): Analisa a importância dos jogos e brincadeiras na construção dos símbolos que regulam a relação da criança com o mundo. Cunha (2000): Propõe a classificação e tipologia dos brinquedos com base na lógica piagetiana das Fases do desenvolvimento.
Friedmann (1976): Destaca a importância dos jogos para o desenvolvimento das regras necessárias ao convivo social.
Huizinga (1992): Evidencia a importância dos brinquedos como consequência de representações sociais.
Kishimoto (2006): Considera os jogos como ferramenta de grande valor pedagógico uma vez que eles desenvolvem na criança o raciocínio lógico matemático, a competitividade além do cooperativismo, fundamental para as relações sociais.
Piaget (1971): A partir dos Estágios do Desenvolvimento Humano, enfatiza que, para a criança a ludicidade se torna mais compreensível uma vez que seu estágio intelectual ainda não está preparado para entender metodologia mais complexas.
Referencial Curricular (1998): Prescreve a ludicidade como princípio pedagógico que permeia as práticas pedagógicas na Educação Infantil. Rizzi & Haydt (1987): Consideram que brincando e jogando, a criança reproduz as suas vivências, transformando o real de acordo com seus desejos e interesses, expressando, assimilando e construindo a realidade. Benjamin fez algumas reflexões importantes sobre o lúdico, considerando o seu aspecto cultural. Brinquedo e brincar, para ele, estão associados, e documentam como o adulto se coloca em relação ao mundo da criança. Os estudos de Benjamin mostraram como, desde as origens, o brinquedo sempre foi um objeto criado pelo adulto para a criança. Segundo Benjamin, acreditava-se erroneamente que o conteúdo imaginário do brinquedo é que determinava as brincadeiras infantis, quando na verdade quem faz isso é a criança. Por esta razão, quanto mais atraentes forem os brinquedos, mais distantes estarão do seu valor como instrumentos do brincar. É através do brincar que a criança se encontra com o mundo de corpo e alma. Percebe como ele é e dele recebe elementos importantes para a sua vida, desde os mais insignificantes hábitos, até fatores determinantes da cultura de seu tempo. Também é através do brincar que a criança vê e constrói o mundo, expressa aquilo que tem dificuldade de colocar em palavras. Sua escolha é motivada por processos e desejos íntimos, pelos seus problemas e ansiedades. É brincando que a criança aprende que, quando se perde no jogo, o mundo não se acaba.
Didonet afirma que todas as culturas, desde as mais remotas eras, produziram e utilizaram brinquedos. A boneca e a bola são dos mais antigos que se tem notícia e mais difundidos em todas as culturas. Em túmulos egípcios de 4 a 5 mil anos atrás foram encontradas bonecas. Nas civilizações andinas, as crianças eram enterradas com elas. Oficina de Educação 2 O interesse pelo estudo do brinquedo também é muito antigo. E isso talvez decorra do fato de que o brinquedo e o jogo façam parte tão intrínseca da vida infantil e juvenil. Entender seu significado é um caminho muito útil, senão mesmo necessário, para conhecer a própria criança e seu processo de desenvolvimento. O brinquedo foi objeto de consideração de filósofos, psicólogos, psicanalistas, teólogos, antropólogos, médicos, terapeutas, educadores e pais, portanto, nos mais diversos campos das ciências e das práticas sociais. O brincar é algo tão espontâneo, tão natural, tão próprio da criança, que não haveria como entender sua vida sem brinquedo. É preciso ressaltar, no entanto, que não é apenas uma atividade natural. É, sobretudo, uma atividade social e cultural. Desde o começo, o brinquedo é uma forma de relacionar-se, de estar com, de encontrar o mundo físico e social. Didonet salienta que é necessário passar as informações e conhecimentos sobre a importância do brinquedo para a criança e o significado para o seu desenvolvimento afetivo, social, cognitivo e físico.
Vygotsky O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal (capacidade que a criança possui), pois na brincadeira a criança comporta-se num nível que ultrapassa o que está habituada a fazer, funcionando como se fosse maior do que é. O jogo traz oportunidade para o preenchimento de necessidades irrealizáveis e a possibilidade para se exercitar no domínio do simbolismo. Quando a criança é pequena, o jogo é o objeto que determina sua ação. Na medida em que cresce, a criança impõe ao objeto um significado. O exercício do simbolismo ocorre justamente quando o significado fica em primeiro plano. Do ponto de desenvolvimento da criança, a brincadeira traz vantagens sociais, cognitivas e afetivas. Ainda, segundo esse autor, a brincadeira possui três características: a imaginação, a imitação e a regra. Elas estão presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis, tanto nas tradicionais, naquelas de faz-de-conta, como ainda nas que exigem regras. Podem aparecer também no desenho, como atividade lúdica. Do ponto de vista psicológico, Vygotsky atribui ao brinquedo um papel importante, aquele de preencher uma atividade básica da criança, ou seja, ele é um motivo para a ação. Segundo o autor, a criança pequena, por exemplo, tem uma necessidade muito grande de satisfazer os seus desejos imediatamente. Quanto mais jovem é a criança, menor será o espaço entre o desejo e sua satisfação. No pré-escolar há uma grande quantidade de tendências e desejos não possíveis de serem realizados imediatamente, e é nesse momento que os brinquedos são inventados, justamente para que a criança possa experimentar tendências irrealizáveis. A impossibilidade de realização imediata dos desejos cria tensão, e a criança se envolve com o ilusório e o imaginário, onde seus desejos podem ser realizados. É o mundo dos brinquedos. Segundo Vygotsky, a imaginação é um processo novo para a criança, pois constitui uma característica típica da atividade humana consciente. É certo, porém, que a imaginação surge da ação, e é a primeira manifestação da emancipação da criança em relação às Oficina de Educação 5 restrições situacionais. Isso não significa necessariamente que todos os desejos não satisfeitos dão origem aos brinquedos.
Para Winnicott, a brincadeira é universal e própria da saúde: o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde. O brincar conduz aos relacionamentos grupais, podendo ser uma forma de comunicação na psicoterapia. Portanto, a brincadeira traz a oportunidade para o exercício da simbolização e é também uma característica humana. Sua contribuição mais original ao tema, entretanto, é o desenvolvimento dos aspectos dos objetos transicionais e fenômenos transicionais (1951, 1971), para descrever a experiência de viver em uma área de transição da experiência, isto é, transição com respeito à realidade interna e externa.
As discussões feitas pelos pesquisadores que procuram entender o ato de brincar da criança pequena, a partir das teorias aqui presentes, vêm em auxílio dos profissionais que, atualmente, buscam revisar seus conceitos acerca do que é brincar, para a criança, e como manter esse jogo no cotidiano infantil. Baseado em tais teorias, verificamos que, ao brincar, a criança constrói conhecimento. E para isto uma das qualidades mais importantes do jogo é a confiança que a criança tem, quanto à própria capacidade de encontrar soluções. Confiante, pode chegar às suas próprias conclusões de forma autônoma. Assim, afirmamos que tanto o jogo quanto a brincadeira como o brinquedo podem ser englobados em um universo maior, chamado de ato de brincar. Não somos favoráveis a uma rigidez dos termos, pois se por um lado a discussão sobre os mesmos pode ampliar a perspectiva lúdica de nossa prática pedagógica, por outro pode seccioná-la em hora do jogo ou hora da brincadeira. Podemos observar que brincar não significa simplesmente recrear-se, isto porque é a forma mais completa que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo. Nesse brincar está a verbalização, o pensamento, o movimento, gerando canais de comunicação. A presente idéia vem ao encontro de acreditarmos que a linguagem cultural própria da criança é o lúdico. A criança comunica-se através dele e por meio dele irá ser agente transformador, sendo o brincar um aspecto fundamental para se chegar ao desenvolvimento integral da criança. Portanto, o ato de brincar é importante, é terapêutico, é prazeroso, e o prazer é ponto fundamental da essência do equilíbrio humano. Logo, podemos dizer que a ludicidade é uma necessidade interior, tanto da criança quanto do adulto. A necessidade de brincar é inerente ao desenvolvimento. No brincar, quanto mais papéis a criança representar, mais amplia sua expressividade, entendida como uma totalidade. A partir do brincar ela constrói os conhecimentos através dos papéis que representa, amplia ao mesmo tempo dois vocabulários – o linguístico e o psicomotor – além do ajustamento afetivo emocional que atinge na representação desses papéis. A criança brinca porque tem um papel, um lugar específico na sociedade, e não apenas porque o faz-de-conta – como o brincar de cavalo, em que a criança se utiliza do cabo de vassoura – parte da natureza de tal criança. O jogo é a forma que as crianças encontram para representar o contexto em que estão inseridas. Além disso, o ato de brincar pode incorporar valores morais e culturais em que as atividades lúdicas devem visar a autoimagem, a autoestima, o autoconhecimento, a cooperação, porque estes conduzem à imaginação, à fantasia, à criatividade, à criticidade e a uma porção de vantagens que ajudam a moldar suas vidas, como crianças e como adultos. E sem eles a criança não irá desenvolver suficientemente o processo de suas habilidades. Através do lúdico, a criança realiza aprendizagem significativa. Assim, podemos afirmar que o jogo propõe à criança um mundo do tamanho de sua compreensão, no qual ela experimenta várias situações, entre elas o fazer comidinha, o limpar a casa, o cuidar dos filhos etc. O ato de brincar proporciona às crianças relacionarem as coisas umas com as outras, e ao relaciona las é que elas constroem o conhecimento. Esse conhecimento é adquirido pela criação de relações e não por exposição a fatos e conceitos isolados, e é justamente através da atividade lúdica que a criança o faz. O brincar é o meio de expressão e crescimento da criança. A criança sempre brinca, mas esse ato depende do contexto em que está inserida, independente de época, classe social e outros fatores. Podemos considerar que, desde os primeiros anos da infância, encontram-se processos criativos que se refletem sobretudo nos jogos. É através deles que as crianças reelaboram, criativamente, combinando fatos entre si e construindo novas realidades de acordo com seus gestos e necessidades. Também nestes jogos aparece toda a experiência acumulada da criança. Neles as lideranças são desenvolvidas, e aí ela aprende a obedecer e respeitar regras e normas.
Diante da revisão teórica adotada e da análise realizada decorrente da pesquisa bibliográfica, o lúdico contribui para a melhoria do processo ensino aprendizagem, favorecendo a criatividade e iniciativa das crianças na expectativa de aprender a aprender e aprender a conviver. Toda criança tem direito de brincar, assim como tem direito a uma educação de qualidade. Desde muito pequenas elas constroem conhecimentos em qualquer área a partir do uso dos recursos lúdicos e de suas vivências. Por meio do brincar, as crianças equilibram as tensões provenientes de seu mundo cultural, construindo sua marca pessoal e sua personalidade. Os profissionais que atuam na Educação Infantil precisam resgatar o aludido Princípio, posto que o brincar é uma característica da infância. O lúdico contribui para o desenvolvimento motor, social, afetivo e cognitivo da criança.
Desta forma, a pesquisa realizada poderá constituir-se em referência teórica para os educadores que atuam na Educação Infantil. Quem tem conhecimento, tem maiores possibilidades de escolher caminhos novos a serem trilhados, principalmente na área educacional, onde as pesquisas precisam ser cada vez mais realizadas.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O comportamento de brincar é complexo e tem sido estudado por diferentes autores, pode-se observar que há uma importante relação entre os jogos, brinquedos e brincadeiras no desenvolvimento infantil. Pois o brincar faz com que a criança demonstre seus conhecimentos de forma tal que, quem a observa brincar pode vislumbrar o modo como ela vê o mundo. Um exemplo: as brincadeiras que as crianças brincam entre os pares de casinha, momento que demonstram como veem os papéis sociais. A produção de conhecimento acerca da brincadeira é importante e necessária para os profissionais que estão envolvidos com essa faixa etária da educação infantil. Estimular esse comportamento, é propiciar um ambiente em que o brincar seja feito de forma enriquecedora. Quanto mais permitir que o aluno faça uso de sua experiência direta, com seu objeto de estudo, tanto melhor aprenderá a aprender, quanto mais possa participar da organização e da coletividade escolar, mais poderá enfrentar a solução de problemas em relação à tomada de decisões e a colaboração com os outros e o brincar proporciona isso para a criança. Não permitir que a criança brinque é como tirar suas possibilidades de interação com a cultura lúdica, brincar tem que ser intencional e até o brincar livre tem uma intenção, pois o brincar livre representa possibilidades de um encontro da criança consigo mesmo, com o outro e com o meio social em que ela habita. O brincar na escola com certeza pode ser um instrumento a favor do professor para trabalhar com os conteúdos de forma lúdica em que a criança assimila com maior facilidade o que a ela é ensinado.
O objetivo deste trabalho é demonstrar a importância da utilização dos jogos e brincadeiras na educação infantil. Levando em consideração estes aspectos: Jogos, Brinquedos e a brincadeira na infância. Mais concretamente, o contexto histórico dos jogos, brinquedos e brincadeiras na infância; como os jogos ajudam no desenvolvimento infantil; nas brincadeiras e no processo de aprendizagem os brinquedos possuem um significado; a importância do ato de brincar; a relação do lúdico utilizado como objeto de aprendizagem brinquedos, por que trabalhar com jogos? E a importância na educação infantil.
O fato é que esses três aspectos interdependem uns do outros, ou seja, a criança necessita dos três para tornar-se um indivíduo completo. O lúdico é o grande articulador desses aspectos. Contribui para a melhoria do processo ensino aprendizagem, favorecendo a criatividade e iniciativa das crianças na expectativa de aprender a aprender e aprender a conviver. Como acertadamente assinala Kishimoto (2001a), os jogos, quando aparecem servem de ferramenta para o ensino de conteúdo, maior preocupação da educação infantil. A preocupação com a aquisição de normas e comportamentos relega ao adulto a posição de controlador e regulador das ações das crianças, capturando-as. Além disso, considerando esta condição e o importante papel desempenhado pelos jogos, brinquedos e brincadeiras na constituição das identidades infantis cabe aos professores organizarem práticas de brincar que permitam, dentro do possível, a participação e a escolha das crianças, a exploração de seus movimentos e imaginação. Como ressalta Dornelles (2001, p. 108),
As crianças estarão a fim de brincar se lhes for garantido na escola, na sala, no pátio, em casa ou na praça… que os brinquedos estão à sua disposição, ao alcance. É importante também que se garanta um tempo para o livre brincar, pelo prazer de brincar. Que meninos e meninas brinquem e cuidem de si e do outro nas suas brincadeiras. Que eles/as possam brincar entendendo que, quem está a fim de brincar, tem seu direito garantido para fazê-lo.
A formação do profissional da educação infantil é indispensável, podem existir pessoas que ainda pensam que são apenas crianças e não tem necessidades de muito estudo, porém quanto mais preparado este profissional com a teoria e com a prática, melhor é sua atuação.
Quem tem conhecimento, tem maior possibilidade de escolher caminhos novos a ser trilhado, principalmente na área educacional em que pesquisas precisam ser cada vez mais realizadas, pois a cada momento temos novidades e o mundo tem evoluído de forma rápida o que exige um novo olhar do profissional da educação para o melhorar o processo educacional.
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