DESAFIOS E SUCESSOS EM INTERVENÇÕES EDUCACIONAIS PARA ESTUDANTES COM AUTISMO E ALTAS HABILIDADES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202410060821


Aline Gisleide Hugo;
Kelly Cristina Martoni;
Lilian Nogueira Breda Andreato;
Michelle Carolina Lopes Simas


RESUMO

Este estudo analisa as intervenções educacionais para alunos com autismo e altas habilidades, focando nos métodos e resultados dessas práticas. A problemática consiste em entender como as estratégias educacionais específicas influenciam o desenvolvimento acadêmico e social desses alunos. Esta questão se justifica pela necessidade de proporcionar um ensino de qualidade e inclusivo que atenda às características únicas desses indivíduos. O objetivo central deste estudo é identificar e discutir as abordagens pedagógicas mais eficazes, avaliando os impactos das intervenções educacionais no desenvolvimento dos alunos. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica abrangente, com levantamento de fontes relevantes como artigos científicos, livros e periódicos especializados. A análise demonstrou que métodos como a diferenciação curricular, programas de enriquecimento, aceleração, aprendizagem baseada em projetos, tecnologias educacionais, mentorias, ensino colaborativo e avaliação contínua são eficazes para atender às necessidades desses alunos. Conclui-se que a implementação de estratégias personalizadas e integradas é essencial para maximizar o potencial dos alunos com autismo e altas habilidades, promovendo um desenvolvimento acadêmico e socioemocional equilibrado.

Palavras-chave: Autismo. Altas Habilidades. Intervenções Educacionais. Inclusão. Diferenciação Curricular.

1. INTRODUÇÃO

A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, como aqueles com autismo e altas habilidades, é um desafio contínuo e uma prioridade no contexto educacional contemporâneo. Este estudo aborda as intervenções educacionais específicas para esses alunos, explorando métodos e resultados das práticas aplicadas. O tema se delimita na análise das abordagens pedagógicas voltadas para alunos que apresentam tanto o Transtorno do Espectro Autista (TEA) quanto altas habilidades, fenômeno que demanda estratégias de ensino diferenciadas e adaptadas às suas necessidades específicas. A escolha deste tema se justifica pela crescente necessidade de desenvolver práticas educacionais que atendam de maneira eficaz e inclusiva este público, proporcionando-lhes um ambiente de aprendizado que favoreça seu pleno desenvolvimento. (GOMES; OLIVEIRA, 2016)

O problema de pesquisa que norteia este estudo pode ser resumido na seguinte questão: como as intervenções educacionais específicas para alunos com autismo e altas habilidades influenciam seu desenvolvimento acadêmico e social? A compreensão deste problema é fundamental para a elaboração de estratégias pedagógicas que possam ser implementadas de maneira eficaz nas escolas, garantindo que esses alunos recebam o suporte necessário para alcançar seu potencial máximo. A revisão da literatura existente permitirá uma análise crítica das práticas atuais e a identificação de possíveis lacunas ou áreas que necessitam de aprimoramento. (RODRIGUES; ALMEIDA, 2018)

Justifica-se a realização deste estudo pela necessidade urgente de proporcionar um ensino de qualidade e inclusivo para todos os alunos, independentemente de suas particularidades. Alunos com autismo e altas habilidades enfrentam desafios únicos que requerem intervenções educacionais específicas, as quais devem ser baseadas em evidências científicas e práticas bem-sucedidas. Ao entender melhor os métodos e resultados dessas intervenções, educadores e formuladores de políticas podem desenvolver programas mais eficazes, contribuindo para a melhoria do sistema educacional como um todo.

O objetivo geral deste estudo é analisar e discutir diferentes métodos educacionais aplicados a alunos com autismo e altas habilidades, identificando os resultados obtidos por meio dessas intervenções. Para alcançar este objetivo, serão delineados os seguintes objetivos específicos: identificar as abordagens pedagógicas mais utilizadas para esse público, avaliar os impactos dessas intervenções no desenvolvimento acadêmico e social dos alunos, e explorar as melhores práticas para a integração e desenvolvimento desses alunos no ambiente escolar.

A metodologia utilizada será a revisão bibliográfica, com levantamento de fontes relevantes, como artigos científicos, livros e periódicos especializados. Esta abordagem permitirá uma análise abrangente e crítica da literatura existente, possibilitando a identificação de métodos educacionais que têm se mostrado eficazes. O foco será em estudos de caso, revisões de literatura anteriores e pesquisas empíricas que apresentem resultados concretos das metodologias aplicadas.

Este estudo visa contribuir para a literatura acadêmica sobre o tema, fornecendo uma visão abrangente das abordagens educacionais eficazes para alunos com autismo e altas habilidades. Ao compilar e analisar as intervenções mais eficazes, pretende-se oferecer subsídios teóricos e práticos que possam ser utilizados por educadores, pesquisadores e formuladores de políticas educacionais, promovendo uma educação inclusiva e de qualidade para todos.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

A educação inclusiva tem se tornado um tema central nas discussões sobre políticas educacionais e práticas pedagógicas, especialmente no que tange aos alunos com necessidades especiais. A inclusão desses alunos no sistema regular de ensino exige a implementação de estratégias específicas que atendam às suas particularidades. Segundo Nascimento e Ramos (2021), práticas pedagógicas inclusivas são essenciais para promover a igualdade de oportunidades educacionais e o desenvolvimento pleno de alunos com autismo e altas habilidades. Esses alunos apresentam características que demandam abordagens diferenciadas, e a adaptação curricular é uma das principais estratégias para assegurar uma educação de qualidade.

A legislação brasileira reforça a necessidade da inclusão escolar, garantindo o direito de todos os alunos a uma educação adequada às suas necessidades. A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) e a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva são exemplos de marcos legais que orientam as práticas educativas. De acordo com Cunha (2020), a inclusão de alunos com autismo requer não apenas adaptações físicas, mas também mudanças significativas nas metodologias de ensino e na formação dos professores. A preparação dos educadores é crucial para lidar com as especificidades desses alunos, promovendo um ambiente de aprendizagem acolhedor e eficaz.

Os desafios enfrentados por alunos com necessidades especiais no ambiente escolar são múltiplos e variados. Além das barreiras físicas e atitudinais, há também a necessidade de suporte pedagógico contínuo. Roama-Alves e De Cássia Nakano (2021) destacam que alunos com dupla excepcionalidade, como aqueles que possuem altas habilidades e transtornos do espectro autista, requerem intervenções que considerem ambos os aspectos. A identificação precoce e a intervenção adequada são fundamentais para o sucesso educacional desses alunos. Programas de enriquecimento e aceleração curricular podem ser eficazes para atender às necessidades de alunos com altas habilidades, enquanto estratégias comportamentais e estruturadas são mais indicadas para alunos com autismo.

A formação de professores para a educação inclusiva é um aspecto crucial que deve ser constantemente aprimorado. A capacitação docente envolve não apenas o conhecimento teórico sobre as necessidades específicas dos alunos, mas também habilidades práticas para a implementação de estratégias inclusivas na sala de aula. Nascimento e Ramos (2021) apontam que a formação continuada dos professores é essencial para a efetividade das práticas inclusivas. Além disso, a sensibilização e o envolvimento de toda a comunidade escolar são fundamentais para criar um ambiente inclusivo e acolhedor.

A abordagem inclusiva na educação não se limita apenas à adaptação curricular e à formação de professores. É necessário também o desenvolvimento de políticas de apoio que envolvam a família e a comunidade. A colaboração entre escola, família e profissionais de saúde pode proporcionar um suporte integral ao aluno com necessidades especiais. Este suporte é essencial para garantir que os alunos recebam as intervenções necessárias tanto no ambiente escolar quanto fora dele. A parceria entre esses diferentes atores é crucial para o sucesso das práticas inclusivas. (CUNHA, 2020, p.04)

Os benefícios da educação inclusiva para alunos com necessidades especiais são amplamente reconhecidos. Além de promover a igualdade de oportunidades, a inclusão escolar contribui para o desenvolvimento social e emocional dos alunos. Roama-Alves e De Cássia Nakano (2021) afirmam que a inclusão pode proporcionar um ambiente mais diversificado e enriquecedor, onde todos os alunos aprendem a conviver com as diferenças. A interação entre alunos com e sem necessidades especiais pode favorecer a construção de uma sociedade mais inclusiva e empática.

Entretanto, a implementação da educação inclusiva enfrenta diversos obstáculos, como a falta de recursos e a resistência a mudanças. A efetivação das práticas inclusivas depende de um investimento contínuo em infraestrutura, formação docente e desenvolvimento de materiais pedagógicos acessíveis. Nascimento e Ramos (2021) ressaltam a importância de políticas públicas que garantam os recursos necessários para a inclusão escolar. Além disso, é fundamental promover uma cultura de inclusão que valorize a diversidade e combata o preconceito.

A educação inclusiva para alunos com necessidades especiais é um direito fundamental e um desafio constante para o sistema educacional. A construção de um ambiente escolar que atenda às necessidades de todos os alunos exige a colaboração de diferentes atores e a implementação de estratégias pedagógicas diversificadas. De acordo com Cunha (2020), a inclusão só será efetiva quando houver um compromisso coletivo com a valorização da diversidade e a promoção da igualdade de oportunidades. Portanto, é essencial continuar investindo em pesquisas, formação e políticas públicas que sustentem e ampliem as práticas inclusivas na educação.

2.2 CARACTERÍSTICAS DO AUTISMO E ALTAS HABILIDADES

As características do Transtorno do Espectro Autista (TEA) são amplamente diversas, variando significativamente entre os indivíduos afetados. O TEA é uma condição neurobiológica que impacta o desenvolvimento social, a comunicação e o comportamento de uma pessoa. Segundo Garcia e Melo (2017), os principais sinais incluem dificuldades na interação social, comunicação restrita e comportamentos repetitivos. Essas características podem se manifestar de maneiras distintas, desde uma ausência completa de fala até a utilização de linguagem formal e complexa em indivíduos com alto funcionamento.

A identificação precoce do autismo é crucial para a implementação de intervenções adequadas que possam melhorar significativamente a qualidade de vida e o desenvolvimento dos indivíduos afetados. Para Oliveira e Ferreira (2020), a detecção precoce do autismo possibilita intervenções mais eficazes, que podem mitigar os desafios associados ao transtorno. Ferramentas de triagem e diagnósticos específicos são utilizadas por profissionais de saúde para identificar sinais de TEA em crianças pequenas, permitindo um planejamento educacional mais adequado.

Além do autismo, alguns indivíduos apresentam altas habilidades ou superdotação, caracterizando uma dupla excepcionalidade. Esta condição é definida pela presença simultânea de um transtorno do desenvolvimento e habilidades cognitivas superiores. De acordo com Martins e Pereira (2020), alunos com altas habilidades demonstram capacidades avançadas em áreas específicas, como matemática, ciência ou artes, embora possam enfrentar dificuldades em outras áreas devido ao autismo. Essa combinação única de habilidades e desafios requer abordagens educacionais altamente personalizadas.

As altas habilidades são frequentemente identificadas através de avaliações psicopedagógicas que medem o desempenho acadêmico e as habilidades cognitivas. Segundo Oliveira e Ferreira (2020), essas avaliações são essenciais para identificar alunos que necessitam de programas de enriquecimento e aceleração curricular. No entanto, a identificação de altas habilidades em indivíduos com autismo pode ser complexa devido às peculiaridades do transtorno, que podem mascarar ou distorcer as manifestações das habilidades avançadas.

Uma abordagem educacional eficaz para alunos com autismo e altas habilidades deve considerar tanto os pontos fortes quanto as necessidades de suporte desses alunos. Garcia e Melo (2017) destacam que a integração de estratégias comportamentais e de enriquecimento curricular pode promover um desenvolvimento mais equilibrado. Essas estratégias incluem desde intervenções terapêuticas específicas até programas de aceleração acadêmica, adaptados às capacidades individuais dos alunos.

As intervenções educativas para esses alunos devem ser flexíveis e dinâmicas, permitindo ajustes contínuos conforme as necessidades e habilidades dos alunos evoluem. A flexibilidade curricular é fundamental para acomodar as diversas formas de aprendizagem e desenvolvimento observadas em alunos com autismo e altas habilidades. A personalização do ensino não só facilita a aprendizagem, mas também promove a inclusão e o bem-estar emocional dos alunos. (MARTINS; PEREIRA, 2020, p.09)

A colaboração entre educadores, famílias e profissionais de saúde é essencial para o sucesso das intervenções educacionais para alunos com autismo e altas habilidades. Oliveira e Ferreira (2020) afirmam que um trabalho conjunto e coordenado pode oferecer um suporte mais completo e eficaz, abordando as múltiplas facetas das necessidades desses alunos. A comunicação constante entre todos os envolvidos permite uma adaptação mais rápida e precisa das estratégias educacionais, garantindo que as intervenções sejam sempre relevantes e eficazes.

Em resumo, entender as características do autismo e das altas habilidades é crucial para desenvolver intervenções educacionais que sejam realmente eficazes. Garcia e Melo (2017) ressaltam que o sucesso dessas intervenções depende de uma avaliação cuidadosa e contínua das necessidades dos alunos, bem como da implementação de estratégias adaptativas e inclusivas. A educação desses alunos não só melhora suas capacidades acadêmicas, mas também promove seu desenvolvimento social e emocional, preparando-os para uma vida plena e produtiva.

2.3 MÉTODOS EDUCACIONAIS PARA ALUNOS COM AUTISMO

Os métodos educacionais para alunos com autismo são variados e devem ser adaptados às necessidades individuais de cada aluno, considerando suas habilidades e desafios específicos. As intervenções baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA) têm se mostrado bastante eficazes na melhoria das habilidades sociais e comunicativas de crianças com autismo. Segundo Silva e Barros (2018), a ABA utiliza princípios de reforço positivo para aumentar comportamentos desejáveis e reduzir comportamentos problemáticos, proporcionando um ambiente de aprendizagem estruturado e previsível.

Outro método amplamente utilizado é o Programa de Educação e Tratamento de Crianças Autistas e Crianças com Desvantagens Relacionadas à Comunicação (TEACCH). Este programa é baseado na utilização de pistas visuais para ajudar os alunos a compreender e organizar suas atividades diárias. Souza e Lima (2019) afirmam que o TEACCH facilita a independência dos alunos ao proporcionar um ambiente de aprendizagem altamente estruturado, que é adaptado às suas necessidades sensoriais e de comunicação. A utilização de materiais visuais, como horários e roteiros visuais, ajuda a reduzir a ansiedade e aumenta a previsibilidade do ambiente escolar.

A inclusão de tecnologias assistivas também tem sido uma abordagem eficaz para apoiar a aprendizagem de alunos com autismo. Ferramentas como aplicativos de comunicação aumentativa e alternativa (CAA) e softwares educacionais interativos podem melhorar significativamente as habilidades de comunicação e a participação em atividades escolares. A utilização de tecnologias assistivas pode aumentar a motivação dos alunos e facilitar a personalização do ensino, atendendo às suas necessidades individuais de aprendizagem. (COSTA; MOURA, 2019, p.11)

Além das abordagens comportamentais e tecnológicas, estratégias de ensino colaborativo têm sido recomendadas para apoiar alunos com autismo. Silva e Barros (2018) destacam a importância de uma abordagem multidisciplinar, envolvendo professores, terapeutas, pais e outros profissionais. A colaboração entre diferentes especialistas permite a criação de um plano de ensino abrangente e integrado, que aborda tanto os aspectos acadêmicos quanto os socioemocionais do desenvolvimento do aluno.

A musicoterapia é outro método que tem mostrado benefícios significativos para alunos com autismo. Através da música, os alunos podem desenvolver habilidades de comunicação, expressão emocional e interação social. Souza e Lima (2019) relatam que a musicoterapia pode ajudar a reduzir comportamentos estereotipados e aumentar a capacidade de atenção e concentração dos alunos. A música serve como um meio não ameaçador para explorar emoções e construir conexões com os outros.

A educação física adaptada também desempenha um papel crucial no desenvolvimento de habilidades motoras e sociais de alunos com autismo. Atividades físicas estruturadas podem melhorar a coordenação motora, a saúde física e o bem-estar geral dos alunos. Costa e Moura (2019) observam que a educação física adaptada pode proporcionar oportunidades para o desenvolvimento de habilidades de cooperação e trabalho em equipe, além de promover a inclusão social dos alunos no ambiente escolar.

A utilização de histórias sociais é uma estratégia que pode ajudar alunos com autismo a entender e responder de forma adequada a diferentes situações sociais. Silva e Barros (2018) explicam que as histórias sociais são narrativas curtas que descrevem situações sociais específicas e as respostas esperadas, ajudando os alunos a antecipar eventos e comportamentos. Essa abordagem pode reduzir a ansiedade e melhorar a competência social dos alunos.

Finalmente, é fundamental que todas as intervenções educacionais sejam continuamente avaliadas e ajustadas conforme necessário. Souza e Lima (2019) enfatizam a importância do monitoramento constante do progresso dos alunos e da adaptação das estratégias de ensino para garantir a eficácia das intervenções. A avaliação regular permite identificar áreas de progresso e desafios, facilitando a implementação de ajustes oportunos e pertinentes ao plano de ensino individualizado de cada aluno.

2.4 MÉTODOS EDUCACIONAIS PARA ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES

Os métodos educacionais para alunos com altas habilidades são projetados para maximizar o potencial desses alunos, proporcionando-lhes desafios adequados às suas capacidades excepcionais. A diferenciação curricular é uma das estratégias mais eficazes nesse contexto. De acordo com Rodrigues e Almeida (2018), a diferenciação curricular envolve a adaptação do conteúdo, processos e produtos de aprendizagem para atender às necessidades individuais dos alunos. Isso permite que alunos com altas habilidades avancem em um ritmo acelerado e explorem áreas de interesse em maior profundidade.

Além da diferenciação curricular, os programas de enriquecimento são outra abordagem fundamental para o atendimento de alunos com altas habilidades. Esses programas proporcionam oportunidades para que os alunos se envolvam em atividades que vão além do currículo regular, como projetos de pesquisa independentes, participação em competições acadêmicas e envolvimento em clubes escolares. Ferreira e Santos (2016) destacam que os programas de enriquecimento ajudam a desenvolver habilidades de pensamento crítico e resolução de problemas, além de promover a motivação e o engajamento dos alunos.

A aceleração é uma estratégia educacional que permite aos alunos com altas habilidades avançarem mais rapidamente através do currículo escolar. Isso pode incluir a aceleração de matérias específicas ou a promoção do aluno para uma série mais avançada. Gomes e Oliveira (2016) afirmam que a aceleração pode ser altamente benéfica para alunos com altas habilidades, pois oferece desafios intelectuais adequados e evita o tédio associado à repetição de conteúdo já dominado. No entanto, é crucial que a aceleração seja cuidadosamente planejada e monitorada para garantir que os alunos estejam preparados emocional e socialmente para o avanço.

Outra metodologia eficaz é a aprendizagem baseada em projetos (PBL), que envolve os alunos na investigação de questões complexas e na criação de soluções inovadoras. Rodrigues e Almeida (2018) sugerem que a PBL não só estimula o pensamento crítico e a criatividade, mas também proporciona um contexto real para a aplicação do conhecimento. Alunos com altas habilidades tendem a se beneficiar particularmente da PBL, pois ela permite a exploração profunda de temas de interesse e o desenvolvimento de habilidades de pesquisa e colaboração.

O uso de mentorias é uma prática recomendada para apoiar o desenvolvimento de alunos com altas habilidades. A mentoria proporciona orientação individualizada de um adulto ou colega mais experiente, ajudando os alunos a explorar seus interesses e a desenvolver habilidades específicas. A mentoria pode ser particularmente eficaz em áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), onde os alunos podem trabalhar em projetos avançados sob a orientação de especialistas. (FERREIRA; SANTOS, 2016, p.02)

A inclusão de tecnologias educacionais avançadas também desempenha um papel significativo na educação de alunos com altas habilidades. Ferramentas digitais e recursos online podem oferecer desafios adicionais e oportunidades de aprendizagem personalizada. Gomes e Oliveira (2016) destacam que plataformas de aprendizagem online e softwares educacionais especializados permitem que os alunos avancem em seu próprio ritmo e explorem tópicos de interesse de maneira aprofundada. A tecnologia pode, assim, complementar as estratégias de ensino tradicionais e enriquecer a experiência educacional dos alunos.

A abordagem de ensino colaborativo, que envolve o trabalho em grupo e a colaboração entre pares, é outra metodologia eficaz. Rodrigues e Almeida (2018) apontam que o ensino colaborativo não só facilita a troca de ideias e o desenvolvimento de habilidades sociais, mas também permite que os alunos aprendam uns com os outros. Para alunos com altas habilidades, essa abordagem pode proporcionar um ambiente de aprendizagem dinâmico e estimulante, onde eles podem compartilhar seu conhecimento e aprender com os demais.

Finalmente, a avaliação contínua e formativa é essencial para monitorar o progresso dos alunos com altas habilidades e ajustar as intervenções conforme necessário. Ferreira e Santos (2016) afirmam que a avaliação formativa permite a identificação precoce de áreas de necessidade e a implementação de ajustes pedagógicos para apoiar o desenvolvimento contínuo dos alunos. A utilização de múltiplas formas de avaliação, incluindo autoavaliação e feedback dos pares, pode proporcionar uma visão abrangente do progresso dos alunos e garantir que suas necessidades educacionais sejam plenamente atendidas.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise das intervenções educacionais para alunos com autismo e altas habilidades revela a necessidade de abordagens diferenciadas e adaptativas que atendam às características únicas desses alunos. As estratégias educacionais devem ser cuidadosamente planejadas e implementadas, levando em consideração as particularidades de cada indivíduo. A diferenciação curricular e os programas de enriquecimento, por exemplo, mostram-se eficazes ao proporcionar desafios que estão de acordo com as capacidades dos alunos, evitando o tédio e promovendo um engajamento mais profundo nas atividades acadêmicas.

O uso de métodos como a aceleração e a aprendizagem baseada em projetos (PBL) destaca a importância de oferecer oportunidades de avanço e exploração em áreas de interesse específico. A aceleração permite que os alunos avancem rapidamente através do currículo, enquanto a PBL estimula a criatividade e o pensamento crítico. Essas metodologias, quando aplicadas de maneira adequada, podem proporcionar um ambiente de aprendizagem mais enriquecedor e satisfatório para os alunos com altas habilidades, atendendo às suas necessidades intelectuais e emocionais.

A inclusão de tecnologias educacionais e mentorias também se mostra essencial na educação desses alunos. Ferramentas digitais e recursos online oferecem a flexibilidade necessária para personalizar a aprendizagem, permitindo que os alunos avancem no seu próprio ritmo e explorem tópicos de interesse em profundidade. As mentorias proporcionam um apoio individualizado, guiando os alunos na exploração de suas habilidades e interesses específicos, e são especialmente eficazes em áreas STEM. Essa abordagem multidimensional é fundamental para maximizar o potencial dos alunos com altas habilidades.

A prática do ensino colaborativo e a avaliação contínua complementam essas estratégias, criando um ambiente de aprendizagem dinâmico e responsivo. O ensino colaborativo facilita a troca de ideias e o desenvolvimento de habilidades sociais, enquanto a avaliação formativa permite ajustes pedagógicos contínuos para atender às necessidades dos alunos. Essa combinação de métodos garante que o ensino seja adaptativo e centrado no aluno, promovendo um desenvolvimento acadêmico e socioemocional equilibrado.

Em suma, a implementação de métodos educacionais variados e personalizados é crucial para o sucesso de alunos com autismo e altas habilidades. As estratégias discutidas, incluindo diferenciação curricular, programas de enriquecimento, aceleração, PBL, tecnologias educacionais, mentorias, ensino colaborativo e avaliação contínua, devem ser integradas de maneira holística para criar um ambiente de aprendizagem inclusivo e eficaz. O compromisso com a personalização do ensino e o suporte contínuo garantirá que esses alunos possam alcançar seu pleno  potencial, contribuindo significativamente para seu desenvolvimento acadêmico e pessoal.

4 REFERÊNCIAS

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