DEGENERAÇÃO TESTICULAR EM TOURO HOLANDÊS (BOS TAURUS) 

TESTICULAR DEGENERATION IN HOLSTEIN BULL (BOS TAURUS) 

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.7590741


Rodrigo Vieira Martins Neto1
Hanna Cristiny de Mello Gonçalves1
Walker Nunes Chagas2
Daniela Mello Vianna Ferrer2
Dala Kezen Vieira Hardman Leite2 


Resumo 

A degeneração testicular é uma doença de alta incidência no Brasil que se define como  alterações no parênquima testicular que causam mudanças na morfologia das células de  linhagem germinativa, ocasionadas por diversas causas. O exame andrológico é de grande  relevância para a avaliação reprodutiva do animal. A falta do diagnóstico precoce na  degeneração testicular tem dificultado para um tratamento precoce, prognóstico favorável e  problemas com o bem-estar animal. Essa patologia causa infertilidade ou subfertilidade em  touros. Esse trabalho teve como objetivo relatar um caso de degeneração testicular em um  touro, da raça Holandesa (Bos taurus). No exame físico, o animal apresentou ECC de 2,0 a  2,5, além de problemas nos cascos. Nos exames, a bolsa escrotal apresentou alterada, com a  presença de carrapatos, presença de dermatite, formato irregular, nódulos e crostas. Quanto a  avaliação dos testículos, estes estavam presentes na bolsa escrotal e apresentaram mobilidade,  testículo direito apresentou menor e com consistência mais flácida que o esquerdo que se  apresentava de tamanho e consistência normais. O perímetro escrotal medido foi de 31,5 cm.  A avaliação do epidídimo mostrou que o direito estava maior em relação ao testículo, e com  uma consistência mais rígida. As glândulas vesiculares demonstraram que a direita estava  maior que à esquerda. O pênis e prepúcio não apresentaram nenhuma alteração. Quanto as  características macroscópicas do sêmen apresentaram com coloração transparente, odor suis  generis e pH 7,0. Na análise das características microscópicas, não se constatou a presença de  espermatozoides no sêmen, sugerindo um animal azoospermico. Ao final do exame, o  diagnóstico foi que o animal é inapto para reprodução. O exame andrológico foi de extrema importância na avaliação reprodutiva do paciente. A azoospermia encontrada no  espermograma do touro no presente estudo não é um assunto muito explorado na literatura,  sendo relevante para o conhecimento científico.  

Palavras-chave: Testículo. Termorregulação. Exame andrológico. Bovino. 

Abstract 

Testicular degeneration is a disease of high incidence in Brazil that is defined as changes in the  testicular parenchyma that cause changes in the morphology of germline cells, caused by several  causes. The andrological examination is of great relevance for the reproductive evaluation of the  animal. The lack of early diagnosis in testicular degeneration has made it difficult to treat early  treatment, a favorable prognosis and problems with animal welfare. This pathology causes  infertility or subfertility in bulls. This study aimed to report a case of testicular degeneration in a  Holstein bull breed (Bos taurus). On physical examination, the animal presented CCS from 2.0  to 2.5, in addition to problems in the hooves. In the examinations, the scrotum presented altered,  with the presence of ticks, presence of dermatitis, irregular shape, nodules and crusts. Regarding the evaluation of the testicles, these were present in the scrotum and presented mobility, the right  testicle presented lower and with more flaccid consistency than the left one that presented normal  size and consistency. The scrotal perimeter measured was 31.5 cm. The evaluation of the  epididymis showed that the right was higher in relation to the testicle, and with a more rigid  consistency. The vesicular glands showed that the right glands were larger than the left. The penis  and foreskin showed no alteration. As for the macroscopic characteristics of the semen presented with transparent coloration, odor suis generis and pH 7,0 In the analysis of microscopic  characteristics, the presence of sperm in the semen was not verified, suggesting an azoospermic  animal. At the end of the animal examination, the diagnosis was that the animal is unfit for  reproduction. The andrological examination was extremely important in the reproductive  evaluation of the patient. The azoospermia found in the bull spermogram in the present study is  not a subject widely explored in the literature, being relevant for scientific knowledge. 

Keywords: Testicle. Thermoregulation. Andrological exam. Bovine. 

INTRODUÇÃO 

A Degeneração Testicular é uma das principais causas de baixa de fertilidade de  bovinos. Em casos mais graves, pode levar a azoospermia, que se dá pela ausência completa  de espermatozoides no ejaculado. Algumas causas de degeneração testicular em touro são  ocorrência de distúrbios endócrinos, infecções, exposição a toxinas e o estresse térmico, uma  das maiores incidências da enfermidade no Brasil. A maior parte dos animais de produção  estão sendo criados em locais onde o clima tropical prevalece, assim, afetando a  termorregulação testicular. Os autores citam ainda desordens nutricionais, excesso de gordura  escrotal, varicocele e iatrogenias medicamentosas (GONZAGA et al., 2022). 

As principais alterações macroscópicas encontradas são relacionadas ao tamanho e  textura do órgão, apresentando assimetria ou redução dos perímetros testiculares, com a  presença de flacidez à palpação (CBRA, 2013; CELEGHINI, 2017). 

A perda da qualidade seminal e mudança morfológica das células germinativas são vistas e diagnosticadas por meio de espermograma, uma das etapas utilizadas no exame  andrológico, exame que avalia a fertilidade de um reprodutor. Nesse exame é coletado  histórico e anamnese, exame físico geral, exame físico do sistema reprodutor e o  espermograma. Com esse exame é possível encontrar alterações da genitália, inflamações nos  órgãos envolvidos, problemas na libido e habilidade de cópula (CBRA, 2013; GONÇALVES, 2021). 

O exame andrológico tem como objetivo avaliar o potencial reprodutivo dos  reprodutores, visando observar não só a capacidade fecundante do touro (potentia generandi),  mas também a capacidade de monta (potentia coeundi). O exame é indicado na seleção de  touros antes e após a estação de monta, bem como o histórico de infertilidade. Resultados  positivos dos exames andrológicos proporcionará uma seleção de reprodutores aptos e com  bom desempenho reprodutivo, tendo assim maior cobertura de fêmeas, aumentando as taxas  de fertilidade no rebanho, e assim, aumentando os resultados econômicos para os proprietários  (ALFARO, 2011). Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de degeneração testicular  em um touro da raça Holandesa (Bos taurus).

RELATO DE CASO 

O trabalho foi submetido ao Comitê de Ética – UNIG obedecendo às normas do comitê  de ética e experimentação animal, PEBIO/UNIG Nº 001/2022. 

Um animal da espécie bovina, da raça Holandês (Bos taurus) de 15 anos de idade, que  vive sob sistema extensivo, em pasto de Brachiaria, recebendo suplementação com sal  mineral, foi submetido ao exame andrológico. Este está localizado na Fazenda Escola do curso  de Medicina Veterinária da Universidade Iguaçu – Campus Iguaçu – UNIG, mediante a  autorização do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para uso de animais em  Pesquisa.  

Para o início do exame andrológico, o animal foi encaminhado ao tronco de contenção  individual para bovinos, onde foi identificado em ficha individual. Em seguida, foi feita a anamnese do animal, além da avaliação do histórico reprodutivo do mesmo, que tem um  histórico de realização de monta com presença de descendentes.  

Posteriormente, foi realizado o exame físico geral no animal, com avaliação de escore  de condição corporal (ECC) e avaliação dos aprumos. Após este exame, o animal foi  submetido ao exame físico específico do sistema reprodutor, iniciando-se pela bolsa escrotal  com palpação digital, avaliando as condições da pele, existência de carrapatos, feridas e  cicatrizes. Também foi avaliada quanto a sua forma e tamanho da bolsa escrotal. Em relação  aos testículos, foi avaliado quanto a sua presença na bolsa escrotal, mobilidade e consistência.  Os epidídimos foram avaliados quanto a presença, tamanho e consistência. A biometria  testicular foi realizada com a mensuração do perímetro escrotal, sendo utilizada uma fita  métrica específica na parte mais larga da bolsa escrotal. Em seguida, foi efetuada a palpação  retal para avaliação das glândulas vesiculares, quanto a sua morfologia e simetria. Além disso,  também foram avaliados o prepúcio e o pênis do animal, quanto a seu aspecto e presença ou  não de secreção.  

A coleta do sêmen foi realizada em um tronco de contenção individual para bovinos,  pelo método de eletroejaculação, sendo realizadas duas coletas, em maio de 2022 e outra em  setembro de 2022. O protocolo do uso do eletroejaculador foi adaptado à resposta individual  do animal. 

Na técnica do eletroejaculador, foi utilizado o protocolo de coleta de sêmen por meio  de eletrodo retal, conectado a uma fonte geradora de eletrochoques de corrente em 60 Hz, com  voltímetro e amperímetro, além de um suporte para o tubo flexível, tubo flexível de látex e  tubo coletor graduado. O eletrodo foi introduzido no reto do animal e foi fornecido pequenos  choques em onda de 2 a 3 segundos com voltagem pequena (0-200v), sempre observando a  resposta do animal quanto a voltagem. O tubo coletor graduado utilizado foi recoberto por  gaze para a luz não chegar diretamente no sêmen. 

Para a avaliação do ejaculado foi seguido o protocolo do manual de exame andrológico  do CBRA (2013). O ejaculado foi avaliado pelas características macroscópicas de volume, odor  e pH, sendo esse último quantificado pela utilização de fitas reagentes graduadas (Merck, Merck  & Co, Inc., Whitehouse Station, NJ, EUA). Após a avaliação macroscópica foi realizado o exame  das características microscópicas do ejaculado, correspondentes à análise de turbilhonamento,  motilidade, vigor e morfologia espermática. 

Nos resultados do exame clínico geral o animal apresentou ECC 2 – 2,5 (Figura 1A), na  primeira e na segunda visita, respectivamente. Este também tinha problemas nos cascos,  principalmente, casco do membro posterior direito (Figura 1B), dificultando a monta. 

Figura 1- A) Avaliação do ECC do touro e B) Alterações nos cascos com o membro  posterior direito com visualização mais significativa (seta) 

Fonte: LEITE, 2022. 

No exame clínico específico, a bolsa escrotal encontrou-se alterada, com presença de  grande quantidade de carrapatos e feridas e crostas na pele da mesma. Os dois testículos estavam  presentes na bolsa escrotal e apresentavam mobilidade, porém o testículo direito se apresentou  bem menor e com consistência mais flácida que o esquerdo, que se apresentava de tamanho e  consistência normais (Figura 2A). O perímetro escrotal foi medido com ajuda de uma fita métrica  específica com 31,5 cm (Figura 2B). A avaliação do epidídimo mostrou que o direito estava maior  em relação ao testículo, com consistência mais rígida. A glândula vesicular do lado direito  apresentou-se maior que a esquerda. O exame do pênis e prepúcio foi efetuado e não apresentaram  nenhuma alteração.

Figura 2- A) Exame clínico dos testículos na bolsa escrotal e B) medição do perímetro escrotal com uma fita métrica específica  

Fonte: LEITE, 2022. 

Quanto ao espermograma, as características macroscópicas apresentaram volume 3mL  e 8mL coloração transparente, odor sui generis, e o pH 7 e 8. Na análise das características  microscópicas, não se constatou a presença de espermatozoides no sêmen, sugerindo um  animal azoospérmico. O animal estava inapto para reprodução. 

O laudo final após o exame andrológico foi de inapto para a reprodução, pois o mesmo se encontrava com a suspeita clínica de degeneração testicular, tem idade avançada, problemas  de aprumos e ao final do exame andrológico, com os achados de todo o exame, foi constatada  a infertilidade. 

DISCUSSÃO 

Neste caso foi observada uma degeneração testicular em um touro (Bos taurus) da raça  Holandês, que segundo Sanguanini, Cortellini e Gomes (2019) é a principal causa de  infertilidade em touros, e que quando somadas a idade e outras patologias tornam ainda mais  difícil a sobrevivência de espermatozoides.  

Os cascos do animal relatado, tanto na primeira, quanto na segunda avaliação clínica apresentaram alterações, sendo mais avançada no casco posterior direito que dificultava a monta,  estando de acordo com Schrag e Larson (2016), que afirmam que animais que apresentam  problemas nos aprumos, ou patologias articulares nos membros posteriores, tem dificuldade em  montar nas fêmeas. 

No primeiro e segundo exame clínico, a bolsa escrotal se apresentou alterada, com a  presença de carrapatos, presença de dermatite, formato irregular, nódulos e crostas na pele da 

bolsa, conforme acordo com Crespilho (2021) que diz que as dermatites causadas por carrapatos  são corriqueiras em touros reprodutores, em principal o holandês, e podem causar falha na  termorregulação testicular, acarretando falha na espermatogênese.  

Quanto a avaliação dos testículos, estes estavam presentes na bolsa escrotal e  apresentavam mobilidade, porém o testículo direito apresentou bem menor e com consistência  mais flácida que o esquerdo que se apresentava de tamanho e consistência normais, além de  apresentarem uma medição de perímetro escrotal de 31,5 cm, estando de acordo com Celeghini  et al. (2017) que citam que animais que apresentam degeneração testicular, dependendo do  grau, tendem a apresentar o testículo com consistência flácida e tamanho reduzido.  

Neste caso, a avaliação do epidídimo mostrou que o direito estava maior em relação ao  testículo, e com uma consistência mais rígida, concordando com Da Silva (2021) que diz que  os epidídimos ficam desproporcionais em relação ao testículo, quando apresentam degeneração  testicular.  

A análise das glândulas vesiculares foi feita por meio de palpação retal, que mostrou  que a direita estava maior em relação a esquerda estando de acordo com relato CBRA (2013)  que cita que em animais adultos o tamanho das glândulas vesiculares varia de tamanho e  quando apresentam assimetria deve ser considerado como um achado clínico.  

Em relação as características macroscópicas do sêmen, foi avaliado o volume da  primeira coleta de 3 mL e da segunda coleta de 11 mL, não estando de acordo com as  normalidades referidas no manual para exame andrológico e avaliação de sêmen animal do  CBRA (2013), que diz que os valores de referência de volume de ejaculado são de 5 a 8 mL.  O odor das duas coletas se apresentou sui generis, e o pH 7 e 8 na primeira e segunda coleta,  estando de acordo CBRA (2013) que relata as características acima citadas como desejáveis.  Entretanto, a coloração transparente encontrada no presente touro não está de acordo com  CBRA (2013) que relata que a coloração do ejaculado de touros deve ser branco ou amarelo  marfim. 

Na análise das características microscópicas, não se constatou a presença de  espermatozoides no sêmen, sugerindo um animal azoospérmico, na primeira e na segunda  coleta estando de acordo com estudos que relatados por CBRA (2013), Da Silva (2020) e Da  Silva (2021), que a degeneração testicular de forma grave pode gerar oligospermia ou  azoospermia. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O exame andrológico é de extrema importância na avaliação reprodutiva do paciente. A  falta do diagnóstico precoce na degeneração testicular traz problemas para o bem-estar do animal  permitindo dessa forma o tratamento adequado e assim um prognóstico favorável.

A degeneração testicular é uma das principais causas de subfertilidade e infertilidade em  touros. A azoospermia encontrada no espermograma do touro no presente estudo não é um  assunto muito explorado na literatura, sendo relevante para o conhecimento científico.  

REFERÊNCIAS 

ALFARO, C. E. P. Importância da avaliação andrológica na seleção de reprodutores a campo.  Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 35, n. 2, p. 152-153, 2011. 

BLANCHARD, T. L.; JOHNSON, L.; VARNER, D. D.; RIGBY, S. L.; BRINSKO, S. P.;  LOVE, C. C.; MILLER, C. Low daily sperm output per ml of testis as a diagnostic criterion for testicular degeneration in stallions. Journal of Equine Veterinary Science, v.21, n.1,  p.11-35, 2001.  

CBRA – COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL. Manual para exame  andrológico e avaliação de sêmen animal. 3. ed., Belo Horizonte: CBRA, 2013. p. 104. 

CELEGHINI, E. C. C. et al. Degeneração testicular: visão científica. 2ª Reunião da  Associação Brasileira de Andrologia Animal (ABRAA), Uberlândia, MG, Anais…, 9 e 10 de  Junho, p. 30, 2017. 

CRESPILHO, A. M. Produção de sêmen em regime de Central–muito além do  espermograma. Revista Brasileira de Reprodução Animal v. 45, n. 4, p. 566-573, 2021. 

DA SILVA, E. I. C. Azoospermia em Bovinos: principais causas nutricionais. Revista  AGROPE IFPEBJ, v. 1 n. 1. p. 2-11, 2020. 

DA SILVA, Y. F. R. S. Atualidades na abordagem da degeneração testicular em garanhões.  Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 45, n. 4, p. 267-278, 2021. 

GONÇALVES, P. B. D. Biotécnicas aplicadas a reprodução animal e humana. 3. ed., Rio  de Janeiro; Roca, 2021. p. 59-72. 

GONZAGA, V. H. G. et al. Degeneração testicular: alterações espermáticas e sua relação  com a hemodinâmica testicular em touros da raça Nelore. Revista Brasileira de  Reprodução Animal, v. 46, n. 2, p. 186-187, 2022. 

SANGUANINI, G.; CORTELLINI, D.; GOMES, F. J. Características seminais de Bos taurus  indicus. Seminário de Iniciação Científica e Seminário Integrado de Ensino, Pesquisa e  Extensão, Anais…, 2019. 

SCHRAG, N.; LARSON, R. L. Yearling Bull Breeding Soundness Examination: Special  Considerations. The Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v.32,  n.2, p. 465–78. 2016.  


1Discente do curso de Medicina Veterinária – Universidade Iguaçu campus Nova Iguaçu, RJ, Brasil.

2Docente do curso de Medicina Veterinária – Universidade Iguaçu campus Nova Iguaçu,RJ, Brasil. Av. Abílio  Augusto Távora 2134, Nova Iguaçu, RJ, 26275-580. (21) 99912-7785