INDICAÇÕES E RISCOS DA POSIÇÃO PRONA: REVISÃO DA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7590431


Geovanna Gonçalves Klisys
Pietro Elias da Silva
Orientador: Prof. Dr. Oswalcir A. de Azevedo


RESUMO

Introdução: Com a pandemia COVID-19, a posição prona, pouco conhecida pela enfermagem em geral, embora utilizada há algum tempo, se tornou um recurso relevante no tratamento dos pacientes acometidos pela doença. A posição prona ajuda a combater a hipoxemia em pacientes que apresentam Síndrome de desconforto respiratório agudo (SDRA) e pacientes com COVID-19. Este posicionamento trouxe melhoria de qualidade de vida para os pacientes que apresentavam essas doenças e evitou que muitos ficassem internados em UTI’s e mesmo viessem a óbito. Objetivo: Descrever as indicações e riscos da posição prona, bem como os cuidados que a equipe de saúde deve ter com o paciente em decúbito ventral. Método: Estudo de revisão bibliográfica integrativa, em que foram utilizadas as bases de dados: Lilacs, BDEnf e Scielo, com os descritores: Implicações; Posição Prona; Equipe de enfermagem. A busca recuperou artigos sobre a posição prona publicados nos últimos 5 anos (2017-2021). Foram selecionados 1.064 documentos, com a filtragem de idioma e de publicações nos últimos 5 anos (2017-2021) resultou em 514 publicações, contudo foram excluídos 550 artigos. Os autores avaliaram os 514 artigos e excluíram 389 artigos por não tratarem-se do tema principal. Resultaram em 125 artigos, e em uma decisão em consenso entre os autores, foram selecionados 24 artigos para a produção desta pesquisa. Resultados: O estudo mostrou que prona o paciente, pode resultar em complicações como: úlceras, lesões por pressão e dificuldades no manejo de pacientes com acessos venosos, sondas ou cateteres; esta posição é indicada para pacientes com hipoxemia, ou seja, aqueles com insuficiência de oxigênio no sangue, pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo. Conclusão: a equipe de enfermagem deve cuidar do paciente pronado, evitando edemas faciais, obstrução de vias aéreas, lesões cutâneas, perda de acessos venosos e sondas.

Palavras-chave: Decúbito ventral; Posição Prona; Indicações terapêuticas; Cuidado de enfermagem.

ABSTRACT

Introduction: With the COVID-19 pandemic, the prone position, little known by nursing in general, although used for some time, has become a relevant resource in the treatment of patients affected by the disease. The prone position to combat hypoxemia in patients with acute care syndrome (ARDS) and with COVID-19. This positioning improved life for the same patients and presented quality of life for these diseases and prevented many from being hospitalized in ICUs with death. Objective: To describe the appropriate health equipment and risks of the prone position, as well as the care that the health team must have with the patient in the decubitus position. Methods: An integrative bibliographic review study, in which the following databases were used: Lilacs, BDEnf and Scielo, with the descriptors; Implications; Prone Position; Nursing team. The search retrieved articles on the prone position published in the last 5 years (2017-2021). A total of 1.064 documents were selected, with language and publication filtering in the last 5 years (2017-2021), it resulted in 514 publications, but 550 articles were excluded. The authors evaluated the 514 articles and excluded 389 articles because they were not the main theme. They resukted in 125 articles, and in a decision in consensus among the authors, 24 articles were selected for the production of this research. Results: The study showed that pronating the patient can result in complications such as: accesses in the management of patients with venous difficulties and difficulties, probes or catheters. This position is indicated for patients with hypoxemia, or those who have adequate functioning. Conclusions: The nursing team must take care of the patient, the appropriate equipment for the edema, the transport equipment, the treatment lines, the venous acess probes and the accessories.

Keywords: Ventral decubitus; Prone Position; Therapeutic Indications; Nursing Care.

1 INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como foco principal descrever as decisões a serem tomadas quando considerar a necessidade de colocar o paciente na posição prona se torna uma realidade. Segundo Paiva (2005), a posição do decúbito ventral, é uma manobra utilizada para reduzir a hipoxemia dos pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA).

A instalação do quadro de insuficiência respiratória é descrita pela quantidade excessiva de líquidos nos pulmões e a presença de lesão pulmonar difusa aguda, que é geralmente estimulada por doenças ou quadros clínicos que lesionam os pulmões, assim como pneumonia, sepse e atualmente COVID-19.

As manobras e os cuidados de enfermagem necessários são esclarecidos no estudo. Bandeira (2021) relata que quando o paciente é pronado os cuidados redobram, pois, a pele, principalmente a área facial, fica em contato com o colchão, trazendo em consequência lesões por pressão, e é nesta hora que os cuidados de enfermagem se tornam imprescindíveis para que essas lesões sejam evitadas. A equipe de profissionais, precisa estar preparada para o manejo de pacientes pronados para que os acessos que nele se encontram, também não venham a ser perdidos. A atenção precisa ser redobrada.

Apesar da posição prona ter sido colocada em evidência após a pandemia, ela já era muito utilizada anteriormente. Binda (2021) evidencia que a necessidade de permanência do paciente nesta posição por tempo prolongado decorrente das complicações respiratórias devidas à COVID-19 e o enfrentamento da pandemia trouxe muitas dúvidas para os profissionais de saúde, tornando necessário treinar a equipe para que todos soubessem cuidar do paciente nesta situação.

Borges (2020) deixa claro que a posição em decúbito ventral melhorou muito a oxigenação, trazendo resultados muito positivos para a recuperação deste paciente.

Ao conduzir este estudo a intenção principal é contribuir para aprimorar os conhecimentos dos profissionais da saúde frente a necessidade de pronar um paciente, além de buscar contribuir para a melhora do paciente, uma vez que a falta de cuidados e atenção pode reduzir os benefícios deste posicionamento, resultando em outros problemas para o mesmo que poderão culminar em lesão e retardo na recuperação.

1.1 Problema e objetivos

Visando abordar esta problemática, foi definida a seguinte questão chave: quais as condições clínicas que indicam o posicionamento do paciente em decúbito ventral, quais as implicações da colocação do paciente na posição prona para o paciente e  para a equipe de enfermagem e quais são as indicações que um paciente deve possuir para utilizar a posição prona?

Objetivo geral:

Identificar as condições que indicam a necessidade da colocação do paciente na posição prona e descrever os cuidados de enfermagem relacionados com a manutenção do paciente em decúbito ventral por período prolongado, apresentados na literatura.

Objetivos específicos:

Identificar as condições que indicam a necessidade da colocação do paciente na posição prona conforme apresentado na literatura publicada nos últimos 5 anos (2017-2021)

Descrever os benefícios da colocação do paciente na posição prona conforme a literatura publicada nos últimos 5 anos (2017-2021);

Descrever os riscos decorrentes do posicionamento do paciente em decúbito ventral, conforme a literatura.

1.2 Justificativas

Esse trabalho justifica-se por abordar um problema que impactou a assistência de enfermagem mundialmente em função das complicações respiratórias decorrentes do quadro agudo associado às condições respiratórias de muitos pacientes que tiveram sua saúde agravada durante o estado pandêmico vivenciado ao redor do mundo, dada a necessidade que a equipe de saúde enfrentou ao lidar com um paciente mantido em pronação por período prolongado.

Com os resultados, Manfredini (2013), Ananias (2018) e Paiva (2004) mostra que a posição prona teve grande êxito. A pesquisa é relevante pois buscou sintetizar informações sobre o processo assistencial de pacientes com SDRA vivenciado em diferentes partes do mundo. Desta forma, o estudo pode sugerir o desenvolvimento de novos estudos e abordagens sobre o cuidado dispensado ao paciente posicionado em decúbito ventral, visando a melhoria no tratamento e atendimento dos pacientes que necessitam utilizar essa posição para uma melhor evolução do seu quadro clínico.

2 MÉTODO

Este estudo foi conduzido seguindo as etapas de uma revisão integrativa de literatura. De acordo com Ercole (2014) “a revisão integrativa de literatura é um método que tem como finalidade sintetizar resultados obtidos em pesquisas sobre um tema ou questão, de maneira sistemática, ordenada e abrangente.”

Trata-se de uma revisão de literatura nas bases bibliográficas LILACS, BDENF e Scielo. A estratégia de busca incluiu os termos “Posição Prona”, “Cuidados de enfermagem”, “Cuidados Críticos”, “Pronação”, “Enfermagem” e “SDRA”. Foram incluídas publicações realizadas entre 2017 e 2021, com limite de idiomas dentro da língua portuguesa e língua inglesa.

A busca foi realizada entre setembro de 2021 à maio de 2022 e localizou 1.064 documentos, dos quais 550 foram excluídos por não serem artigos completos, 389 foram excluídos por fugir do foco central que era a posição prona, suas indicações e riscos. A seleção seguiu com 125 artigos que tiveram seus títulos e resumos lidos. Durante este processo de seleção, os autores excluíram 101 artigos por se repetirem em mais de uma base e também por fugirem do assunto principal que era requisitado, tais como o foco principal não eram as indicações e riscos da posição prona e também que não abordavam sobre os cuidados de enfermagem. Esta etapa foi realizada por dois pesquisadores, independentes e, consecutivamente discutidas entre os autores para que a decisão final da seleção dos artigos fossem tomadas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 1. Fluxograma das etapas de seleção dos textos utilizados no estudo. São Paulo, 2022.

A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) está associada a alta mortalidade e morbidade. portanto, é necessário avaliar o quadro clínico do paciente, para avaliar se ele pode ou não ser pronado. Essa posição é popular, pois melhora a hipoxemia em até 70% dos casos. Este procedimento não é isento de riscos, sendo as complicações mais comuns: lesão por pressão, pneumonia associada à ventilação mecânica e obstrução ou extubação do tubo endotraqueal.

Segundo Welter (2020), apenas é realizado a pronação em pacientes que apresentam a síndrome de desconforto respiratório agudo (SDRA) e visa melhorar a oxigenação.

Segundo Anesi (2021), Cohen (2021) e Sodhi (2020), a posição é conveniente para pacientes com:

  • Grave alteração de troca gasosa PaO2 /FiO2 for menor que 150 mmHg e deve ser mantida entre 16-20 horas, antes de voltar o paciente à posição normal.
  • Quando há dificuldade de manter a ventilação pulmonar e disfunções apresentadas em ecocardiografia.
  • Quando o paciente apresenta distensão alveolar menor que 15cmH2 e pressão platô menor que 30cmH2.

Segundo Borges (2020), Rapello (2020) e Andrande (2020), as contraindicações absolutas para pronar um paciente são:

  • Arritmias graves agudas
  • Esternotomia recente
  • Fraturas pélvicas
  • Fraturas vertebrais instáveis e pressão intracraniana elevada.
  • Peritoneostomia

Segundo os mesmos autores citados acima, as contraindicações relativas são:

  • Artrite reumatoide avançada
  • Balão intra-aórtico
  • Cifoescoliose
  • Cirurgia abdominal
  • Cirurgia cardiotorácica
  • Cirurgia oftalmológica/pressão ocular elevada
  • Diálise contínua
  • Dreno torácico
  • Ferimentos ou cirurgias faciais nos últimos 15 dias
  • Formação de estoma
  • Gestação
  • Graves lesões na parede torácica ou fraturas de costelas
  • Manejo de vias aéreas dificultade
  • Marca-passo cardíaco instalado nos últimos 2 dias;
  • Parada cardiorrespiratória recente;
  • Peso corporal maior que 135 kg;
  • Politraumas com fraturas não instáveis;
  • Pressão intra-abdominal maior que 20mmHg;
  • Tórax instável;
  • Traqueostomia em menos de 24 horas há 15 dias;
  • Trombose venosa profunda tratada recentemente;
  • hemorragia pulmonar.

Recentes evidências demonstram que o decúbito ventral em pacientes intubados com SDRA melhora a oxigenação e diminui a mortalidade. A alteração fisiológica com o posicionamento em decúbito ventral tem sido amplamente estudada em pacientes ventilados mecanicamente. O posicionamento em decúbito ventral melhora a complacência pulmonar e reduz o gradiente de pressão pleural, com pouco efeito na perfusão, além disso, o posicionamento prono já demonstrou melhorar a ventilação, provavelmente através da redução do espaço morto alveolar. A eliminação de secreções também é significamente aumentada pela posição em decúbito ventral Camporota, (2022).

O posicionamento prono é uma opção atraente de intervenção precoce em pacientes com COVID 19 com hipoxemia, porque é uma terapia relativamente fácil de implementar com poucas contraindicações, baixo custo e baixa utilização de pessoal. Já o posicionamento prono de pacientes acordados requer compreensão e adesão do paciente, portanto é uma intervenção desafiadora. Os resultados desse estudo aumentarão nossa compreensão dos efeitos do posicionamento prono, e os efeitos fisiológicos das mudanças na posição do corpo na oxigenação e no trabalho respiratório em pacientes com COVID 19. Roca (2021).

Esses achados potencialmente abrirão caminho para futuras pesquisas sobre fatores que podem ser usados para prover descompensação e insuficiência respiratória, estudos mostram que há uma melhora mensurável na oxigenação, pode ser observada em menos de 1 hora após o posicionamento em decúbito ventral. 16 horas diárias de posicionamento prona é encomendada para pacientes intubados. Para pacientes acordados, a duração mínima de intervenção necessária para produzir um efeito mensurável, bem como a durabilidade dessas alterações ainda precisam ser determinadas. Durante a pandemia da COVID 19, o mínimo de pacientes com SDRA moderada à grave, aumentou consideravelmente e a posição prona ganhou importância como tratamento adjuvante da hipoxemia grave. A manobra de decúbito ventral durante a ventilação mecânica é relatada como segura e factível embora a evidência de várias complicações incluindo úlceras por pressão seja maior em pacientes mantidos em prono por longas sessões. Santos (2021).

Estudo de Bandeira (2021) mostra que úlceras por pressão foram 37% mais comuns ao adotar a posição prona em comparação com posição supina. Os benefícios na oxigenação da posição prona na COVID-SDRA, foram descobertos que quanto maior o potencial de recrutamento pulmonar na posição supina, maior a melhora na mecânica respiratória na posição prona. O fato de a pronação ter um grande impacto, deve solicitar ao médico para reavaliar este parâmetro após cada mudança de posição. A posição tem efeitos diferenciais em recrutadores baixos e altos, pois tanto a oxigenação quanto a mecânica respiratória permaneceram melhores após o reposicionamento apenas em supino em altos recrutadores. Assim, a posição prona pode ter maiores benefícios fisiológicos para altos recrutadores com COVID-19.

Dalmedico (2019) demonstra que o uso da posição prona melhora a sobrevida de pacientes com SDRA moderada à grave. Os resultados de estudos observacionais demonstraram que a posição prona em pacientes com SDRA tratados com oxigenação por membrana extracorporal (ECMO) pode ser realizada com segurança e tem muitos benefícios fisiológicos que podem potencialmente levar à diminuição da mortalidade. A Posição Prona, particularmente quando administrada precocemente, atinge uma resposta de oxigenação significativa em quase 80% dos pacientes com SDRA grave. A resposta à posição prona foi associada com sobrevivência melhorada. Diferentemente de um estudo que não inclui pacientes com COVID-19, a prevalência de úlceras por pressão relacionadas ao decúbito foi maior.

Os locais mais afetados por úlceras por pressão na posição prona é o rosto e o queixo. Em pacientes com COVID 19, a pressão prolongada da pele na face, juntamente com a hipoxemia grave, a lesão microvascular e a trombose, podem explicar o alto risco de úlceras por pressão relacionadas à propensão facial. Em geral isso pode promover o desenvolvimento de úlceras de pressão facial, particularmente nos pontos de pressão da cabeça propensa, no caso, testas, maçãs do rosto e queixo.

A utilização de um colchão de baixa perda de ar sem outros travesseiros ou suporte tóraco-pélvico, podem garantir a redução da pressão de contato na interface pele-colchão, aumentando a área da superfície em princípio, esse mecanismo permite evitar a ruptura da pele, bem como distribuir a pressão adaptando-se as prominências ósseas e minimizando as descamações dos tecidos. Vowden (2021).

No entanto, essas recomendações nem sempre são viáveis em pacientes que são ventilados mecanicamente em decúbito ventral e conectados a uma variedade de monitores, sondas e sistemas de tubos. Nesse cenário o risco de deslocamento de tubos e dispositivos aumenta a cada paciente exigindo, portanto, vários enfermeiros altamente treinados para coordenar o posicionamento com segurança. Benajmim et al descreve o risco de desenvolvimento de úlceras por pressão relacionados também com pacientes com peso normal. IMC, incluindo sexo masculino e idade foram variáveis significativas para o risco de desenvolver úlcera por pressão, durante a permanência na UTI.

Santos et al (2021) mostram que os levantamentos são importantes, pois ajudam os enfermeiros e médicos a identificar melhor os pacientes que necessitam de cuidados adicionais. Por exemplo, utilizar a escala de BRADEN, que avalia o risco de úlceras por pressão na pele. Uma outra complicação da posição prona são os deslocamentos de dispositivos médicos e desautoração, isso exige interrupção da posição prona. Durante a pandemia, com o aumento dos primeiros leitos de UTI, os hospitais contrataram novos profissionais com pouco treinamento e não muito familiarizados com a enfermagem em terapia intensiva, parcialmente essa também poderia explicar o aumento das complicações com a posição prona. Visto no uso de protocolo, foi útil para orientar o membro da equipe profissional com menos experiência ao longo do processo.

A posição é um método terapêutico muito eficaz na diversidade de patologias relacionadas ao um certo desconforto respiratório. Cour et al dizem que entre muitos os desafios, está a colocação prolongada do paciente em decúbito o ventral e o uso de equipamento de suporte respiratório que sempre vem aumentando o risco de lesão por pressão. A exemplo disso são os pacientes com tratamento da COVID-19 que apresenta SDRA quando são submetidos a uma intubação traqueal e de ciclos de posição em prona durante 5 dias. Com o resultado, pode apresentar múltiplas lesões ulcerativas na face, em particular no queixo e nas narinas. A pressão atribuída pelos aparelhos utilizadas para ventilação mecânica, principalmente durante a posição prona, tem o objetivo de identificar um incidente e certas complicações graves registradas em possíveis fatores relacionados ao tratamento em decúbito ventral.

Para prevenção de lesões por pressão, se faz necessário o uso de coxim, hidratação diária da pele, manutenção da pele longe de umidade, mudança de decúbito após o uso da posição prona. Além da utilização de curativos hidrocoloides nos pontos de maior risco de lesão e o uso de almofadas para posicionamento. A posição prona proporciona diversos benefícios para os pacientes não-intubados com COVID-19, pois pode melhorar a oxigenação em curto prazo e adiar ou prevenir a necessidade de intubação e reduzir a mortalidade. Friedman (2021).

Silva (2021) observou que esse processo carece de muita atenção dos profissionais de saúde. O posicionamento prono pode ser considerado um tratamento de baixo custo com benefícios potencialmente significativos na sobrevivência. Nenhum equipamento complexo é necessário para realizar a mudança de posição, simplesmente uma equipe de profissionais de saúde. Os médicos e enfermeiros devem, no entanto, ser alertados ao considerar o posicionamento em decúbito ventral como um procedimento benigno. Foram detalhadas muitas complicações do posicionamento em decúbito ventral, incluindo deslocamento do tubo endotraqueal, intubação, deslocamento do acesso intravenoso, edema facial, lesão do plexo braquial e lesão cutânea relacionada à pressão. Se o deslocamento de um tubo ou linha não for reconhecido ou não é abordado em um tempo relativamente curto podem ocorrer danos permanentes ou até mesmo a morte do paciente. A pandemia exigiu uma adaptação rápida e profunda dos serviços, políticas e procedimentos de saúde para acomodar o fluxo de pacientes e o aumento da dependência dos mesmos, especialmente em termos de suporte respiratório.

A formação de um time especializado em pronação, exigiu uma abordagem interdisciplinar, incluindo médicos, fisioterapeutas e enfermeiros experientes com o apoio da liderança do hospital. A criação rápida de uma equipe interdisciplinar durante uma crise foi viável, segura e eficiente. Chiu (2021).

Tabela 1. Quadro de artigos:

AutorAnoTítuloConclusão
 Anesi, G. et al 2021 COVID-19: Manejo do adulto intubado.O nível de ansiedade e trauma entre pacientes e familiares deve ser combatido com estratégias de comunicação claras e envolvimento precoce dos cuidados paliativos
Bandeira, L. et al.2021Estratégias de prevenção de lesões por pressão facial ocasionadas pelo uso da posição prona. As estratégias de prevenção de LP faciais em paciente em PP, é um conjunto de atitudes à serem tomadas por antecipação. 
Benjamin, F. et al2018Posição prona em unidade de terapia intensiva.Apresenta a PP na UTI. Descrevendo seus riscos e benefícios afim de orientar a melhor forma de executála.
Binda, F. et al2021Complicações da posição prona em pacientes com COVID-19.A obesidade não é um obstáculo  para o uso da PP, mas a equipe da UTI deve estar ciente de que pacientes obesos podem exigir mais vigilância e prevenção ativa.
Borges, D. et al2020Posição prona no tratamento da insuficiência respiratória aguda na COVID-19.Sugere cautela na indicação deste posiconamento durante a pandemia de COVID-19, especialmente em UTI´s improvisadas, com time reduzido e não treinado.
Camporota, L. et al2022Posição prona na síndrome do desconforto respiratório agudo COVID-19.A PP quando administrada precocemente atinge uma resposta significativa de oxigenação em quase 80% dos pacientes com SDRA grave.
CHIU, M. et al2021Desenvolvendo e implementando uma equipe dedicada de posiconamento prono para pacientes com SDRA ventilados mecanicamente durante a crise do COVID-19.A rápida implementação de uma equipe interdisciplinar de PP em uma situação de crise é viável. Ele pode fornecer uma alternativa segura e eficiente para aumentar a carga de trabalho de uma equipe de enfermagem sobrecarregada.
COHEN, P. et al2021COVID-19: Avaliação de adultos com doença aguda no laboratório.Gerenciamento de sintomas, aconselhamento sobre controle de infecção domiciliar e terapia específica para COVID-19. 
COUR, M. et al2021Efeitos diferenciais da posição prona na SDRA relacionada ao COVID-19 em recrutadores baixos e altos.Sugerem que a posição prona tem efeitos diferenciais em recrutadores baixos e altos tanto na oxigenação quanto na mecânica respiratória. A PP pode ter maiores benefícios fisiológicos para altos recrutadores com COVID-19.
Dalmedico, M. et al.2019Posição prona e oxigenação por membrana extracorpórea na síndrome do desconforto respiratório agudo.As combinações de terapias interferem positivamente no prognóstico de pacientes com SDRA, e não apresentam riscos adicionais à eventos adversos.
    
Ergur, O. et al2021O uso da posição prona em pacientes graves com COVID-19 fora da unidade de terapia intensiva.Diminuir a sobrecarga da UTI. Diminuir a intubação para reduzir as complicações e mortes.
Francisco, M. et al2021Implementando o posicionamento prono para pacientes com COVID-19 fora da UTI.Implementação de um novo protocolo de enfermagem é possível com forte apoio baseado na unidade, mesmo durante uma pandemia.
Friedman,M. et al2021Racionalização da posição prona e resultados respiratórios em pacientes não entubados com COVID-19.16 horas diárias são recomendadas para pacientes intubados. Os achados deste estudo têm o potencial de impactar os padrões atuais de prática no atendimento de pacientes com insuficiência respiratória por COVID-19.
Lima, G. et al2021Cuidados de enfermagem ao paciente com COVID-19 em hemodiálise e posição prona.Enfatiza a importância do cuidado de enfermagem para as respostas dos pacientes, com ações baseadas em protocolos assistenciais, fortalecendo as relações humanas. 
Linda, K. et al2021Colocação de um cateter central de inserção periférica em um paciente de bruços com COVID-19.Demonstrou que a inserção do PICC em um paciente propenso é uma opção viável, pode ser aplicável a pacientes com SDRA aguda induzida por COVID-19.
Louis, G. et al2021Complicações de cateter relacionadas à infecção em pacientes submetidos à posição pron para SDRA.A PP foi associada a um maior irsco de complicações infecciosas do CVC. 
Nunes, P. et al2021Avaliação da resposta à posição prona em pacientes acordados com COVID-19.A PP em pacientes acordados pode reduzir o desconforto e a taxa de internação na UTI.
Quadros, T. et al2021Utilização da PP em ventilação espontânea em pacientes com COVID-19. A indicação precoce da PP em pacientes com COVID-19 pode contribuir para um desfecho clínico favorável e com progressão para alta hospitalar.
Roca, O. et al2021Pronar ou não pronar pacientes com SDRA em ECMO.A PP em pacientes com SDRA tratados com ECMO pode ser realizado com segurança e tem muitos benefícios fisiológicos que podem levar a uma diminuição da mortalidade.
Santos, V. et al2021Pacientes com COVID-19 em decúbito ventral: validação de materiais instrucionais para prevenção de LP.O estudo pode ser utilizado na prática clínica para facilitar a prevenção de LP em pacientes em decúbito ventral.
Silva, F.2021PP: Efetividade da intervnção educativa no processo assistencial intensivo.Constatou-se efetividade da intervenção educativa no processo assistencial intensivo a cerca do conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre o PP.
SODHI, K. et al2020Pronação em acordados: evidências atuais e considerações práticas.A PP em acordados melhora a oxigenação em pacientes com COVID-19. Uma ferramenta de zero custo e com complicações mínimas. 
Vita, C. et al2021PP: Uma estratégia em expansão?Revelou os benefícios da PP e busca ampliar o conhecimento dos profissionais para que possam utilizá-la.
Vowden, K. et al2021Qual é o impacto do COVID-19 nos serviços de viabilidade tecidual e na úlcera por pressão?Demonstra o impacto que o COVID-19 teve dentro de um hospital de ensino 

4 CONCLUSÃO

Constatou-se a necessidade de conhecidos técnicos e científicos dos profissionais da saúde para que possam realizar a manobra da posição prona com o paciente e os cuidados que todos da equipe devem possuir e estarem atentos para que não ocorram úlceras e lesões por pressão. E quando um paciente pode ou não ser pronado. Ficou claro que a posição prona há resultados positivos, tanto para pacientes com síndrome de desconforto respiratório agudo (SDRA) e para pacientes com COVID-19.

Os objetivos propostos foram alcançados, vimos nesta pesquisa os riscos e benefícios do paciente na posição prona, quais eram as necessidades para pronar um paciente e os cuidados que a equipe de enfermagem deve ter com o paciente nessa situação. As implicações da colocação do paciente nessa posição é se ele se encontra acordado ou desacordado, visando que desacordado é mais fácil para a equipe pois há total controle sobre o corpo da pessoa e já quando o paciente se encontra acordado, precisa contar com a colaboração do paciente para obter sucesso na pronação. Já para a equipe de enfermagem, observou que os cuidados com o paciente fazem toda a diferença, a missão da equipe é evitar lesões e úlceras por pressão, visar se é viável a colocação do paciente na posição… E claro, obter a melhora do paciente, propiciando uma troca gasosa mais eficaz e melhorando a sua oxigenação.

O estudo contribui para que gere mais pesquisas sobre o tema e que haja mais conhecimento sobre a posição prona, visando alcançar os profissionais de saúde para que na hora que encontrarem-se diante de um paciente que venha a ficar na posição prona, ele saiba como cuidar e o que deve prevenir para obter a melhora do seu paciente.

5 REFERÊNCIAS

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