ATIVIDADES LÚDICAS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11153627


Raimunda Nunes Rodrigues
Regyrlanya Maria Da Silva Sousa
Carlos Antônio Neves Farias


RESUMO

Essa pesquisa o surgiu da expectativa de viabilizar discussões sobre a questão do brincar na escola, por perceber que a brincadeira na Escola, é compreendida apenas como entretenimento e não como estratégia de ensino-aprendizagem. Ao contrário do que se pode pensar a brincadeira é um importante   instrumento de integração e sociabilização entre as crianças. O Brincar na Escola é uma ferramenta didática que proporciona as crianças vivenciem no dia a dia, situações de cooperação, compartilhamento de ideias e conhecimentos e exercitem a criatividade, a imaginação e o respeito mútuo. Neste sentido, a brincadeira é o meio que a criança tem de compreender e adaptar-se a tudo que a rodeia. Os jogos e brincadeiras têm grande importância no processo de ensino-aprendizagem, bem como na formação da personalidade das crianças. Para a criança o brincar é a coisa mais séria que existe, tão necessária ao seu desenvolvimento quanto o alimento e o descanso.

Palavras-chave: Brincadeiras.  Lúdico. Alfabetização.

SUMMARY

This research arose from the expectation of enabling discussions on the issue of playing at school, by realizing that play at school is understood only as entertainment and not as a teaching-learning strategy. Contrary to what one might think, play is an important instrument of integration and socialization among children. Play at School is a didactic tool that allows children to experience situations of cooperation on a daily basis, and exercise creativity, imagination and mutual respect. In this sense, play is the child’s means of understanding and adapting to everything that surrounds him. Games and games are of great importance in the teaching-learning process, as well as in the formation of children’s personalities. For the child, play is the most serious thing that exists, as necessary to his development as food and rest.

1. INTRODUÇÃO

A alfabetização das crianças vem sendo uma das prioridades da educação, espera-se que os alunos estejam alfabetizados nos primeiros anos do ensino fundamental, para que não ocorra o analfabetismo funcional.

Reforça-se que a alfabetização tem fundamental importância para a formação do aluno, pois ela introduz, para os futuros conhecimentos que o aluno irá adquirir no decorrer da sua vida escolar.

A ludicidade no processo de alfabetização aliada as estratégias no âmbito da educação contribuem no processo de alfabetização dos alunos.

As metodologias utilizando materiais lúdicos como jogos, são facilitadores, aguçam a criatividade e uma melhor percepção para o aprender.

Diante disso, o objetivo geral da pesquisa é compreender que para tornar o processo de alfabetização significativa e eficaz é necessário o envolvimento entre o professor e aluno.

E como objetivos específicos:

Descrever os benefícios do ensino lúdico.

Apresentar os níveis de aprendizagem segundo Emília Ferreiro

Relatar as atividades lúdicas e metodologias nessa área.

Como metodologia o artigo abordou uma Pesquisa bibliográfica, descritiva. Segundo Gil (2009), relata que o estudo descritivo objetivo captar informações “do que existe”, a fim de descrever e interpretar o que realmente acontece entre o ambiente, pesquisador e seu sujeito

A descrição do que e para que serve a pesquisa bibliográfica, permitiu compreender que, se de um lado a resolução de um problema pode ser obtida através dela, por outro, tanto a pesquisa de laboratório quanto a de campo (documentação direta) exigem, como premissa, o levantamento do estudo da questão que se propõe a analisar e solucionar. A pesquisa bibliográfica pode por tanto ser considerada também como o primeiro passo de toda pesquisa cientifica (MARCONI & LAKATOS, 2001).

2 ATIVIDADES LÚDICAS

Para o desenvolvimento de atividades lúdicas no ambiente escolar, faz-se necessário que o educador tenha conhecimento de algumas estratégias e seu papel na construção da aprendizagem. Essas brincadeiras devem oportunizar a criatividade, a agilidade, o equilíbrio, alguns exemplos dessas brincadeiras são: a leitura coletiva, jogos de tabuleiro, circuitos lúdicos, gincanas, pintura entre muitas outras.

2.1.O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

  O conceito atual de alfabetização evidencia-se num processo de ensinar a ler, escrever, decodificar, interpretar, criar, opinar, enfim envolve uma série de manifestações que permeiam o decorrer do desenvolvimento da criança. Com isso:

Pode-se definir alfabetização como o processo específico e indispensável de apropriação do sistema de escrita, a conquista dos princípios alfabético e ortográfico que possibilitem ao aluno ler e escrever com autonomia. Noutras palavras, alfabetização diz respeito à compreensão e ao domínio do chamado “código” escrito, que se organiza em torno de relações entre a pauta sonora da fala e as letras (e outras convenções) usadas para representá-la, a pauta, na escrita (VAL, 2006, p. 19).

No entanto nos dias de hoje, já se sabe que a alfabetização começa muito antes da criança entrar na escola. Ela se inicia, a partir da relação com a família, do convívio com outras pessoas e objetos que estão à sua volta, a criança será alfabetizada de forma hábil.

Dentro do ambiente escolar, tal processo também deve acontecer de forma gradativa natural, mas para isso, é preciso despertar na criança o desejo de aprender. Faz-se necessário então, que o professor seja capaz, de propor aos alunos atividades criativas e enriquecedoras, e que sejam coerentes com a realidade dos mesmos.

O principal objetivo da alfabetização nos anos iniciais, é ensinar as crianças a ler e escrever e o letramento, remete-se a aquisição da habilidade de fazer uso da leitura nos espaços sociais. Os processos de alfabetização e letramento são correlativos e, quando bem estruturados, levam a uma aprendizagem mais significativa. Aprender a ler e escrever também requer compreender o mundo, o tempo, o espaço e a realidade em torno de si.

Podemos definir processo de ensino como uma sequência de atividades do professor e dos alunos, tendo em vista a assimilação de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades, por meio dos quais os alunos aprimoram capacidades cognitivas (pensamento independente, observação, análise-síntese e outras) (LIBÂNEO, 2013, p. 56).

A alfabetização caracteriza-se como uma didática pedagógica que se inicia nos anos iniciais do ensino fundamental, e o letramento pode estar incluso desde a educação infantil, embora seja claro que a alfabetização e o letramento necessariamente devem caminhar juntos, sendo que o docente ao alfabetizar letrando, proporciona um ambiente alfabetizador que promova maiores oportunidades diferentes de aprendizagem. Destacando-se que nos anos iniciais do ensino fundamental, deve ser um momento de alfabetizar, e considerar que o letramento deve ter como embasamento as próprias experiências do cotidiano dos alunos.

Quando mencionamos que a finalidade do processo de ensino é proporcionar aos alunos os meios para que assimilem ativamente os conhecimentos é porque a natureza do trabalho docente é a mediação da relação cognoscitiva entre o aluno e as matérias de ensino. Isto quer dizer que o ensino não é só transmissão de informações, mas também o meio de organizar a atividade de estudo dos alunos. O ensino somente é bem-sucedido quando os objetivos do professor coincidem com os objetivos de estudo do aluno e é praticado tendo em vista o desenvolvimento das suas forças intelectuais (LIBÂNEO, 2013, p. 58).

O ensino fundamental, parte integrante da educação básica, que sucede a educação infantil, é respaldado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96. Nesse contexto, por força legal amparada constitucionalmente, o ensino fundamental deve ser gratuito, universal e de direito público subjetivo, com duração de nove anos, iniciando-se aos seis anos de idade e tem por objetivos gerais: que o educando se aproprie dos meios básicos de leitura e cálculo, desenvolvê-lo plenamente e assegurar-lhe a formação comum, indispensável para o exercício da cidadania (CORREA, 2007).

A referida lei, cita em seu artigo 32, parágrafo 1º, faculta aos sistemas de ensino a desdobrar o ensino fundamental em ciclos, ou seja, não há obrigatoriedade de sua aplicação, porém, grande parte das redes públicas, tanto municipais ou estaduais, abandonou o sistema seriado e adotou o sistema de ciclos.

Para Barreto e Mitrulis (1999, p.28), explicam que:

Os ciclos compreendem períodos de escolarização que ultrapassam as séries anuais, organizados em blocos que variam de dois a cinco anos de duração. Colocar em cheque a organização da escolaridade em graus e representam uma tentativa de superar a excessiva fragmentação e desarticulação do currículo durante o processo de escolarização. A ordenação do conhecimento se faz em unidades de tempo maiores e mais flexíveis, de forma a favorecer o trabalho com clientelas de diferentes procedências e estilos ou ritmos de aprendizagem, procurando assegurar que o professor e a escola não percam de vista as exigências de aprendizagem postas para o período.

O Ensino Fundamental tem a seguinte divisão: no primeiro ciclo, estabelecido do 1º ao 3º ano dos anos iniciais, realiza-se uma didática focada na alfabetização e letramento, entre os seis e oito anos de idade. Nesta faixa etária (06 a 08 anos de idade), as crianças estão em transição, dos estágios de desenvolvimento definidos e caracterizados por Piaget, segundo Goulart (2005), do estágio pré-operatório (que compreende dos 02 aos 07 anos), para o operatório-concreto (07 aos 11 anos)  (GOULART, 2005).

Embora não seja conceituado com o nome de “alfabetização”, esse embasamento da ideia de alfabetização e letramento está incluso no processo da  Educação Infantil da BNCC no contexto brasileiro.

Desde o nascimento, as crianças participam de situações comunicativas cotidianas com as pessoas com as quais interagem. […] Progressivamente, as crianças vão ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais recursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da língua materna – que se torna, pouco a pouco, seu veículo privilegiado de interação (BNCC, 2018).

Destaca-se que devido as peculiaridades desta fase, os alunos necessitam de atividades significativas, que possam desenvolver de fato suas funções cognitivas essenciais, que o sujeito se desenvolva plenamente, dentro de suas possibilidades e necessidades.

Níveis De Aprendizagem Segundo Emília Ferreiro

É importante que o docente ao realizar a leitura com os seus alunos, busque incentivar que eles interpretem as funções de objetos, ou seja, é possível afirmar que mesmo antes da alfabetização e letramento, a criança já tem um conhecimento de mundo, tornando possível incentivá-las a entender o espaço onde estão inseridas.   Sendo assim, verifica-se que tanto o docente quanto o ambiente escolar, possuem um objetivo fundamental que é a utilização das diversas metodologias e referenciais que se tornem prazerosas.

Segundo Ferreiro (1999) os níveis de aprendizagem são: 1. Nível Pré -Silábico I, 2. Nível Pré -Silábico II, 3. Nível Silábico, 4. Nível Silábico – alfabético, 5. Nível Alfabético. 

Na tabela abaixo esses níveis são descritos, bem como os exemplos de escrita de cada nível:

Tabela 1: Níveis de Aprendizagem 

FONTE: Revista Educação Pública, 2021, p. 56

Cabe ao professor orientar os alunos nessa prática, selecionando as melhores propostas metodológicas e pedagógicos para alcançar seus objetivos que, evidentemente, formará leitores críticos e escritores competentes, capazes de criar textos coerentes, utilizando os mais variados recursos linguísticos e sempre associando a leitura como um todo, assim:

As produções escritas devem envolver os mais diversos suportes de textos escritos (embalagens, rótulos, livros, revistas, jornais, etc.) e perceber as condições de produção e os usos sociais dos diversos gêneros presentes nesses portadores (instruções e informações, notícias, contos de fadas, histórias em quadrinhos, aventuras). Portanto é imprescindível que a criança exercite enquanto criadora destes textos, em situações de produção social real e deixe de ser uma mera atividade escolar (FERREIRO, 2002, p. 50).

A aquisição da língua escrita consiste num processo de aprendizagem em que o desenvolvimento é gradual, então o professor deve estar atento e intervir nas hipóteses que os alunos formularem, à medida que forem investigando conceitos e regras, durante a construção compartilhada do saber gramatical (FERREIRO, 2002). Para Libâneo (2013, p. 165),

Cada ramo do conhecimento, por sua vez, desenvolve métodos próprios. Temos assim, métodos matemáticos, métodos sociológicos, métodos pedagógicos, etc. Podemos falar, também, em métodos de transformação da realidade.

Quando um docente inicia a alfabetização de seus alunos, para atingir suas metas, deve ter como embasamento uma metodologia, com a qual possa trabalhar em sala de aula, inserido na realidade de seus alunos, podendo realizar uma aprendizagem significativa ao optar por trabalhar com atividades lúdicas (CORREA, 2007).

A partir do momento que a criança tiver melhor domínio da escrita alfabética, o professor poderá inserir questões que o levem a pensar sobre suas produções, sobre a adequação das palavras, além de confrontar com outras possibilidades de escrita, mas sempre respeitando a criança como autora do texto. Assim, tendo o professor uma postura de verdadeiro mediador do saber, fará do aluno um indivíduo capaz de exercer e usufruir da escrita, utilizando-a das mais variadas formas (FERREIRO, 2002).

Para Libâneo (2003, p. 165), cada ramo do conhecimento, por sua vez, desenvolve métodos próprios. Temos assim, métodos matemáticos, métodos sociológicos, métodos pedagógicos, etc. Podemos falar, também, em métodos de transformação da realidade.

          Mas, afinal qual é o melhor método?

São os chamados métodos analítico-sintéticos, que tentam combinar aspectos de ambas as abordagens teóricas, ou seja, enfatizar a compreensão do texto desde a alfabetização inicial, como é próprio dos métodos analíticos ou globais, e paralelamente identificar os fonemas e explicitar sistematicamente as relações entre letras e sons, como ocorre nos métodos fônicos (CARVALHO, 2008, P. 18).

O professor ao alfabetizar os alunos, enfrentam desafios diariamente em sala de aula, em relação ao referencial metodológico que adotar, pois, eles possuem formas diferenciadas de aprendizagem. É claro que não existe um método infalível para alfabetizar, nem pesquisas científicas que comprovem que um método seja melhor que outro,  o docente deve sempre dar o seu melhor para obter eficácia no processo da aprendizagem da alfabetização (CARVALHO, 2008).

A ludicidade é assunto que tem conquistado espaço no panorama nacional, principalmente nas séries iniciais, por ser o brinquedo a essência da infância e seu uso permitirem um trabalho pedagógico que possibilita a produção do conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento (MELO, 2005, p. 29).

O lúdico pode ser utilizado em situações diversificadas na escola, pois, proporciona um meio eficaz de aprendizagem. Na conjuntura educacional, isso significa propiciar ambientes favoráveis para que os professores possam compreender onde os alunos estão inseridos em um ambiente dinâmico onde sua aprendizagem e desenvolvimento promovem os domínios cognitivos e afetivos (MELO, 2005).

Pesquisando sobre a ludicidade chega-se a seguinte conclusão, com base nas afirmações de Kaercher:

A utilização do lúdico nas escolas é de fundamental importância e não deve ser negligenciado, por ser a atividade lúdica muito eficaz, se for desempenhada de maneira simultânea na tarefa de distrair e instruir” KAERCHER, 2001, p. 133).

Na prática o que se observa no dia a dia das escolas é que quase sempre os conteúdos são ensinados da mesma forma, o que se configura numa grande preocupação e num enorme desafio para os docentes, que exige criatividade e iniciativa para que mudanças possam ocorrer (KAERCHER, 2001).

Verifica-se que os educadores em contato com diferentes formas de representação, são desafiados constantemente a aprender e usar as metodologias e referenciais para que tornem suas aulas prazerosas (KISHIMOTO, 2014).

As atividades realizadas com finalidades lúdicas têm por objetivo básico proporcionar a criança a entrar em contato com o mundo imaginário, ou seja, possibilitar o desenvolvimento de suas habilidades de criar e também relacionar esses conhecimentos, pois, dessa forma, elas serão capazes de realmente desenvolver uma linguagem e a dominar todo o tipo de informação no âmbito educacional onde estão inseridas (LOPES, 2006).

ATIVIDADES LÚDICAS nA EDUCAÇÃO INFANTIL

As atividades lúdicas enquanto função educativa, propicia a criança desenvolver de maneira mais eficaz, sua construção do conhecimento e sua compreensão de mundo (OLIVEIRA, 2000).

A ludicidade é um assunto que tem conquistado espaço no panorama nacional, principalmente na educação infantil, por ser o brinquedo a essência da infância e seu uso permitir um trabalho pedagógico que possibilita a produção do conhecimento (ROSA, 2011, p. 81).

Atualmente nas escolas, a ausência de uma proposta pedagógica que incorpore e mantenha ações pedagógicas com o lúdico.  Este resultado, apesar de apontar na direção das ações do professor e de sua práxis, não lhe deve atribuir total culpa ou responsabilidade. Ao contrário, trata-se de evidenciar o tipo de formação profissional, a qual os professores estão submetidos, que não contempla informações, nem vivências necessárias acerca do brincar e do desenvolvimento infantil, numa perspectiva social, afetiva, cultural, histórica e criativa (MELO, 2005).

A vida da criança está entregue a sua imaginação. A realidade é o presente vivido e sentido de maneira direta e imediata. Para ela tudo acontece como se estivesse sempre no reino do brinquedo, sem preocupações de resultados e, muito menos, de planejamentos (ROSA, 2011, p. 23).

A escola no contexto atual deve impreterivelmente buscar oportunizar situações em que o educador possa utilizar os vários saberes e competências cabíveis a sua função, com a finalidade de passar cada vez mais conhecimentos aos educandos, e ajuda-las a interpretar o mundo onde estão inseridas (MELO, 2005).

 Neste sentido “conhecer verdadeiramente como o sujeito aprende é um conceito revolucionário, no sentido de aceitar o sujeito como ele é, fazer com que este sujeito aprenda de verdade, não fazendo de conta” (SANTIAGO, 2000, p. 14).

Os conteúdos podem ser trabalhados com o uso de atividades lúdicas, pois estas tendem a contribuir muito para que o trabalho do professor seja bem sucedido. Mas, é preciso reconhecer e vale ressaltar que os jogos e as brincadeiras, são algumas das estratégias a serem utilizadas, para a garantia de um bom desenvolvimento na educação das crianças e não as únicas (KISHIMOTO, 2014, P. 47).

A qualidade das interações que ocorrem em sala de aula, incluindo todas as decisões de ensino assumidas, refere-se a relações intensas entre professores e alunos, proporcionando diversificadas experiências de aprendizagem, a fim de promover o desenvolvimento dos mesmos (SANTIAGO, 2000, p. 79).

A brincadeira é a expressão da energia vital. Bloqueá-la, pois, é converter essa energia em sintomas neuróticos ou doenças psicossomáticas (ROSE, 2011, P.50).

Por meio desse trabalho também buscou-se entender a importância das atividades lúdicas e intervenções neuropsicopedagógicas, mostrando o processo pedagógico na educação e define-se pelos fundamentos básicos tais como: princípios éticos, políticos e estéticos com o propósito de estabelecer vínculos afetivos e de trocas de forma a respeitar a faixa etária e o ritmo de cada criança (OLIVEIRA, 2002).

E o papel do lúdico na educação infantil é perceber que a criança é um sujeito histórico e social que sente e pensa de um jeito próprio. Dessa forma os jogos e as brincadeiras vêm contribuir para despertar na criança o gosto e o interesse pelos estudos, permitindo a formação do pensamento numa forma gradativa, onde ela se utiliza das atividades lúdicas para resolver situações problemas, compreender, expressar seus desejos e vontades, interagindo entre si, nas situações do cotidiano e na interação com a sociedade, onde o brincar é a essência da infância  (SANTIAGO, 2000).

Uma criança aprende mais rapidamente e de modo mais efetivo por experiências pessoais do que por aquilo que os outros fazem ou dizem para ela. O aprendizado lúdico tem lugar no momento em que a criança se torna interessada e ao mesmo tempo envolvida mental e fisicamente nas atividades propostas (FELDMAN, 2017).

Pesquisando sobre a ludicidade chega-se a seguinte conclusão, com base nas afirmações de Souza (FELDMAN, 2017 p. 133).

“A utilização do lúdico nas escolas é de fundamental importância e não deve ser negligenciado, por ser a atividade lúdica muito eficaz, se for desempenhada de maneira simultânea na tarefa de distrair e instruir”.

Neste sentido os professores precisam ter em mente que o condutor do jogo ou brincadeira  utilizada como ferramenta didática, deve proporcionar aos alunos, elementos que enriqueçam essa metodologia.

Piaget propõe três estruturas do jogo: jogos de exercícios voltados para a formação de hábitos; jogos simbólicos que servem para a produção de conhecimento na escola e os jogos de regras, cujo caráter coletivo é a regra específica (KISHIMOTO, 2000).

O lúdico é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser visto apenas, como diversão. O desenvolvimento deste aspecto facilita a aprendizagem, o desenvolvimento social, pessoal e cultural, psicológico dos alunos.

Na sala de aula a criança deve interagir; errar para aprender a ler e a redigir. Deve-se também dar importância e a linguagem falada, pois ela é a primeira que a criança; e a linguagem com a qual ela faz a relação com a escrita. Toda e qualquer linguagem, é importante pois promove a interação e a transformação (ROSE, 2011, P. 119).

Desta forma, conclui-se que o jogo ou brincadeira deve estar inserido num contexto em que se configure como apoio pedagógico para o professor e não, simplesmente como um passatempo. Sabemos que o desenvolvimento e a aprendizagem ocorrem na constante interação entre a criança e o meio (LIRA, 2020).

CONCLUSÃO

Ensinar no contexto educacional atual, é necessário que os educadores quebrem paradigmas, e principalmente, que adotem novas posturas diante das ferramentas pedagógicas utilizadas em sala de aula.

Neste sentido de acordo com Freire (1996, p. 67): “Saber que deve respeito à autonomia e identidade do educando exige de mim uma prática em tudo coerente”.

O estudo aqui apresentado nos mostra que o brincar na escola precisa ser repensado, cabendo aos profissionais de educação pensar em estratégias para mudar suas práticas, a fim de adquirir qualificação e adequar as necessidades das crianças.

No decorrer deste trabalho, procurou-se o foco nas reflexões sobre a importância das atividades lúdicas serem utilizadas como ferramentas didáticas durante a passagem da criança pela Educação Infantil, tendo sido possível perceber que a ludicidade é de fundamental importância para o desenvolvimento global da criança, pois para ela, brincar é aprender.

 Na escola é possível inserir atividades lúdicas, jogos e brincadeiras e trabalhar estes aspectos como forma de difundir conteúdos. A criança precisa brincar, inventar e criar para crescer e manter seu equilíbrio com o mundo.

Nos jogos e brincadeiras podem ser reconhecidos e observados diversos aspectos do comportamento das crianças, bem como tendências e identificação cultural.  

Falta aos professores uma análise ampla e crítica da  prática docente e a cada aluno. Somente assim poderão se moldar didaticamente, em uma dinâmica que estimule os alunos, fazendo com que eles superem as dificuldades de aprendizagem e possíveis atrasos comportamentais.

Através de formação continuada e reflexão constante sobre a sua práxis, o professor poderá fazer frente às novas formas em que se materializa o aprendizado e poderá reavaliar suas estratégias de ensino, com base numa autoeducação contínua e cíclica.

Docentes do século XXI não podem acomodar-se em posição distanciada dos alunos, colocando-se como centralizadores do conhecimento. Ouvindo e refletindo mais, conhecendo melhor seus alunos e suas famílias, sendo mais sensíveis à suas reais necessidades e dificuldades, os professores tendem a desenvolver sua capacidade de serem afetivos e vivenciarem experiências mais produtivas e bem sucedidas na educação com o auxílio das atividades lúdicas como ferramentas didáticas.

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