A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11175140


Antonio Orlando Júnior1
Dayane Da Silva Barbosa2
Hinndyiracemma Moura Saraiva3
José Alessandro Da Conceição Santos4
Lucas Da Costa Fonseca5
Maria Gabrielle Bezerra Oliveira6
Vitória Zacarias Bochoschi7


Resumo

Este artigo tem o intuito de trazer à tona a importante relevância de se trabalhar o lúdico na sala de aula de educação infantil, à partir das brincadeiras das crianças trazidas de qualquer espaço do meio ambiente. Nesse processo, a utilização da metodologia adequada é o que proporcionará o melhor desenvolvimento e aprendizagem no ensino infantil, objetivando mostrar que o lúdico é importante na construção da aprendizagem significativa da criança, assim como especifica demonstrar que os jogos e brincadeiras são de suma importância no interior da sala de aula e outros espaços inerentes a vida humana, e na construção do caráter geral das crianças, uma vez que esta metodologia respeita o ofício primordial da criança, que é o brincar. Buscando também identificar habilidades através do fazer pedagógico dos profissionais de educação infantil para se ter a plenitude do desenvolvimento da comunicação e socialização da criança, e assim, assegurar que o lúdico seja importante no processo de ensino e aprendizagem dos pequenos cidadãos. Isso busca resolver alguns problemas, como a timidez do processo do fazer pedagógico brasileiro, pois muitos professores não trabalham o lúdico na sala de aula, por encontrarem dificuldades no processo de construção do planejamento e da execução deste, que acaba sendo entendido de forma preconceituoso e bastante trabalhoso, ou até mesmo pela falta de conhecimento, entendem o processo como não necessário para a educação infantil.

Palavras-chave: Ensino. Lúdico. Aprendizagem. Infantil. Educação.

Abstract

This abstract aims to bring to the fore the important relevance of working the playful in the classroom of early childhood education. In this process, the use of the appropriate methodology is what will provide the best development and learning in early childhood education, aiming to show that play is important in the construction of meaningful learning of the child, as well as specifying to demonstrate that games and games are of paramount importance within the classroom and in the construction of the general character of children,  since this methodology respects the primary craft of the child, which is to play. Also seeking to identify skills through the child pedagogical practice to have the fullness of the development of communication and socialization of the child, and thus ensure that play is important in the teaching and learning process of small citizens. This seeks to solve some problems, such as the shyness of the Brazilian pedagogical practice process, because many teachers do not work the playful in the classroom, because they encounter difficulties in the process of construction of planning and execution of this, which ends up being understood in a prejudiced and quite laborious way, or even by lack of knowledge, they understand the process as not necessary for early childhood education.

Keywords: Teaching. Ludic. Apprenticeship. Infantile. Education.

INTRODUÇÃO

A criança tem um ofício muito importante no processo de vivência e crescimento humano, necessário e fiel ao desenvolvimento orgânico. O brincar está entre os atos mais prazerosos da humanidade, justificado cientificamente, uma vez que a criança tem uma intensidade desenvolvimentista brutal em todo o seu processo físico, inclusive da psiquê1 em desenvolvimento. Basta ter um pouco de lógica científica para compreender que qualquer corpo físico vivo ou inanimado que dependa de articulações em sentido mecânico ou psicológico necessita de forças intrínsecas2 à motricidade, e que é indispensável para todo o crescimento do ser humano, pois é isso que mantém todo e qualquer corpo ativo e crescente.

A importância da ludicidade na educação infantil é acima de tudo um tema que compreende uma explicação natural do homem, não é apenas por se tratar de ser prazeroso, ou legal, ou até mesmo emocionante, é sobre uma prioridade necessária, é por isso que naturalmente o homem na sua idade infantil desenvolve biologicamente os prazeres corporais do brincar. Tendo em vista essa concepção natural, a comunidade científica se mostra imbuída na busca por métodos que irão introduzir a vida humana, é notório isso em todas as áreas dos saberes quando se busca pelo lúdico, os resultados satisfatórios para certos setores, até mesmo em idades adultas, então o lúdico também abrange outras idades, modalidades de ensinos e níveis superiores, o prazer desenvolvido independente das idades mostra o quanto a ludicidade é necessária para o processo de ensino e aprendizagem humano, porque a didática e o processo do aprender pegam carona sustentáveis, onde aparecem os resultados positivos em várias experiências que trabalham o lúdico dentro do processo de aprendizagem.

O objetivo deste artigo é mostrar que o lúdico é importante na construção da aprendizagem significativa da criança para que todo o desenvolvimento do trabalho aqui postulado se torne um campo claro aos leitores e pesquisadores do artigo.

Um dos objetivos específicos deste trabalho é demonstrar que os jogos e brincadeiras são de suma importância no interior da sala de aula e outros espaços inerente a vida humana, e na construção do caráter geral das crianças, sendo assim o centro regular deste artigo que se insere ao campo de formação pedagógico desta pesquisadora.

Este artigo se justifica pela compreensão elucidada em campo de estágio quando percebe-se a ausência do lúdico na educação de base, e é notório a condição desumanizada do aprender com as crianças, fica nítido que esta justificativa para desenvolvimento deste artigo se baseia fundamentalmente no problema central da pesquisa que será dinamizado ao longo dos tópicos deste artigo, hora de forma teórica, hora de forma sensível, mas com base em experiências vividas em estágio.

A desenvoltura deste artigo trará contribuições ao campo científico de forma bem mais aprofundada e específica, subsidiará mecanismos científicos para outras fundamentações teóricas, pois fortalece o campo específico do lúdico e cria novas possibilidades para a comunidade científica, essa contribuição mais específica é fundamental para acadêmicos que iniciarão dentro do campo pedagógico e outras áreas da educação, principalmente a infantil.

Por outro lado, o processo de ensino e aprendizagem vem ganhando muito com esses métodos voltados para a ludicidade, o fazer pedagógico dos dias atuais estão se voltando didaticamente para essa nova concepção de aprender. Teóricos e praticantes de uma pedagogia libertadora, participativa e construtivista estão otimista com os resultados. As faculdades e campos de formações pedagógicas se atualizaram muito rápido para aderir ao novo movimento da ludicidade, hoje é quase que indispensável uma instituição que não tenda para esse movimento que compreende o campo da criança como participantes ativos da sociedade contemporânea, e que se mostra fidedigno da realeza de fazer por prazer, buscando aprender e se relacionando com a prática pedagógica do lúdico.

A ludicidade em si é um campo que vem ganhando independência, os discursos de uma nova matéria do saber humano é explícito, por uma simples razão e reconhecidamente importante para o início do processo de crescimento do homem, ainda mais quando se trata de crianças, vinculadas ao seu ofício de brincar. Essa importância na educação infantil está prevista na legislação do estado nacional brasileiro, as diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil observam essa prática há algum tempo, é mérito do setor de educação básica, que incluiu quando ainda não se tinha essa intensidade do pensamento lúdico.

Então, pensando em toda essa importância, este artigo científico vem colaborar no movimento científico através de uma percepção em campo de estágio sobre a necessidade de discutir o tema, bem como estabelecer caminhos bibliográficos/referências para encontrar metodologias e experiências assistidas com o intuito de enfatizar a importância do lúdico no fazer pedagógico da comunidade didática-pedagógica e comunicar a comunidade científica desta importância, pois como bem estabelece Lakatos (2003, p. 158) “O artigo científico consiste na apresentação sintética dos resultados de pesquisas ou estudos realizados a respeito de uma questão”.

Essa apresentação, ora acadêmica, para final de curso superior, mas também eleva-se ao objetivo principal, segundo Lakatos (2003, p. 159): “[…] o conhecimento torna-se público e promovemos a comunicação entre os cientistas […]”. O artigo irá abordar a concepção de pesquisa bibliográfica direta com base em observações de pesquisa de campo em estágio supervisionado institucional em consonância com análises e contribuições de pesquisadores da universidade federal do Amazonas, que observaram insumos trazidos por acadêmicos do curso de pedagogia da Faculdade Amazonas, grupo FAMETRO, que culminou na formação deste grupo de estudos e pesquisa.

1. EDUCAÇÃO INFANTIL E SEUS PRESSUPOSTOS GERAIS.

A educação infantil compreende a primeira modalidade do ensino básico brasileiro, está relacionada com a idade e fase da criança, nela está organizado em lei, diretrizes e parâmetros curriculares para o processo de ensino e aprendizagem nacional. Mais especificamente as diretrizes curriculares, na resolução número 05, de 17 de dezembro de 2017, que fixa toda essa estrutura documental em âmbito nacional, onde estabelece objetivos como, propostas pedagógicas para a educação infantil, reúne princípios, fundamentos e procedimentos estabelecidos pelo conselho nacional de educação, toda essa concepção conversa com as legislações dos estados e municípios para compactar a modalidade de educação infantil.

Dentro dos deveres e garantias, Brasil (2010, p. 12) estabelece:

Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social.

Dentro dessas duas divisões, creche e pré-escola ainda existem subdivisões que ficam a cargo de cada instituição para trabalharem de acordo com cada necessidade ou melhores condicionamentos, com o intuito de obterem resultados satisfatórios, na creche de 0 a 3 anos não-obrigatório tem-se o berçário I de 0 a 1 ano, os maternais 1, 2 e 3 anos, e na pré-escola, pré I e II, 4 e 5 anos obrigatório, respectivamente. Essa preparação vai buscar os melhores métodos para o processo de ensino e aprendizagem da criança.  Esse contexto administrativo se relaciona com as concepções teóricas mais diversas em que discute ou estabelece cientificamente as fases da criança, é aqui que é o segredo da busca ideal de métodos para o estabelecimento de uma aprendizagem apurada, digna com resultados que irão de fato formar a criança, essas fases da criança se envolvem com as diversas áreas dos saberes humanos, que vai dos religiosos aos filosóficos, mas a didática-pedagógica evidencia o campo da psicologia, ideal para discutir esse processo de crescimento de acordo com cada fase da educação infantil.

A educação infantil é a articulação política administrativa baseada em concepções pedagógica e científicas para colocar o ser humano em uma linha de aprendizagem, conforme a idade e modalidade de ensino adequada para as crianças, nessa linha de pensamento positivista da legislação brasileira, o sujeito é dotado de direitos específicos de acordo com o ofício dele. É isso que encontraremos nas diretrizes e parâmetros do ministério da educação.

De acordo com Brasil (2010, p. 12) estabelece:

Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.

Esses direitos são fundamentais para que o processo democrático de direito seja alcançado pelas crianças, pois elas dependem diretamente dos adultos para que ocorra a cidadania infantil. Nisso não se pode esquecer de forma alguma do processo subjetivo que construiu por muitos anos a ideia de que o futuro se constrói no presente, na lógica de crescimento humano, o futuro de uma nação são as crianças, elas serão em tempo não muito distantes os adultos das sociedades planetárias, no Brasil então, essa questão cultural do envolvimento da cultura adulta com a cultura infantil é muito tímida ainda, pois o Brasil sofre os resquícios do mundo preconceituoso, onde crianças eram simplesmente seres que deveriam esperar crescerem para poder exercerem seus direitos plenos ou até parciais. Essa concepção foi aos poucos sendo quebradas com vários olhares psicopedagógicos.

Com estabelecimento do campo da educação infantil, de 0 a 5 anos de idade, é necessário o entendimento psicológico e evolutivo, com o biólogo Jean Piaget em seus dois primeiros estágios sobre o desenvolvimento cognitivo da criança, esses processos chamados de sensório-motor e a etapa pré-operacional irão mostrar como se fez necessário organizar metodologias relacionadas ao ofício da criança para respeitar toda a dignidade do crescimento dela.

1.1 Estágio sensório-motor.

Esse momento vai do nascimento do bebê até ele começar a falar, mais ou menos 2 anos de idade, está ligado diretamente ao processo de construção das frases simples por exemplo, mas Piaget percebe que nesse período há uma necessidade significativa do bebê interagir com o mundo, ele entende que a criança nessa fase, tem uma ânsia de buscar através dos seus sentidos no ambiente, as possibilidades de explorações, para o desenvolvimento cognitivo.

É neste momento que aparecem as incidências principais da necessidade de criar um campo específico para tratar da aprendizagem humana, é o senso de descobrir o mundo através dos objetos no ambiente que é o motor inicial para a compreensão da ludicidade, das brincadeiras e a possibilidade de ser usadas para o processo de ensino e aprendizagem. Os autores que trazem essa concepção piagetiana, nos faz refletir que Piaget, preparou um conteúdo em fases de desenvolvimento, observando uma estrutura de crescimento, obedecendo os ofícios de cada fase do ser humano, e esse ensaio desse primeiro momento é importante par a compreensão da segunda fase.

De acordo com Camillo (2018, p. 89) estabelece:

Ocorre entre 0 e 2 anos de idade. Tudo se dá pelas sensações e pelos movimentos da criança, o que coopera para que ela desenvolva seus primeiros esquemas de ação. Aparecem os reflexos básicos dos bebês, que mudam conforme a maturação do sistema nervoso e a interação com o meio. Ainda não estão envolvidos representações mentais e pensamentos.

A citação objetiva é a importância do momento, porque a creche abrange crianças de 0 a 3 anos de idade, o tema aqui não desvincula a importância da ludicidade nessa fase, por mais que ela seja entendida em secção, é importante enfatizar que se fala de uma construção, onde tem preparação e atividade de fato. Essa educação infantil brasileira dividida em secções, pode confundir de maneira rasteira a importância da ludicidade na educação infantil, porque além de ter que buscar as concepções da criança, na outra fase ela específica o fator real da articulação entre brincar, fase e pré-escola de 4 e 5 anos de idade. É necessário desconfigurar por algum momento essas secções e se envolver nas fases, de 0 a 2 anos e de 2 a 7 anos, aí sim configura-se novamente a educação infantil brasileira para entendimento da importância da ludicidade como contexto de construção do crescimento do ser humano.

1.2 Etapa pré-operacional.

Nessa fase de 2 a 7 anos de idade, segundo autores que embasam Piaget, as pessoas tem mais capacidade de interagir com o ambiente e os objetos, nesse período os jogos lúdicos são importantes, porque o domínio com as ferramentas da brincadeira são ligadas ao prazer que a criança tem dentro do seu ofício infantil. O valor simbólico dos objetos é bastante enfatizado pelas crianças, aqui as cores, imagens e articulações das brincadeiras são dinamizadas pelo mundo infantil. Nessa fase o mundo fictício é dinamizado, montam mundo paralelos aos dos adultos com objetos de brincadeiras, desenvolvem funções sociais de brincadeira, e assim imitam o mundo adulto.

É tão importante essa fase, porque é o ensaio para a cultura adulta, com ações que não devem ter consequências, os brinquedos nessa etapa são dotados de proteções para garantir a segurança da criança. As crianças nessa idade substituem pessoas, dão nomes de pessoas ilustres e criam seu próprio mundo imaginário entre os mesmos membros da faixa etária.

É desenvolvido o interesse empático e altruísta, as primeiras condições emocionais, e aí é necessário entender que os objetos para esse meio devem ter razões associadas a cultura da criança, o brincar neste caso é o maior objetivo para a finalidade de aprender. A capacidade de associação das ideias é muito forte, mas devem ter cuidados com o contrates de pensamento de decisões, então o mundo mágico de quem desenvolve a pedagogia mais construtivista, mais adequada com nível de crescimento da criança, é por isso que se tem a necessidade de construção de um campo metodológico voltado para a educação infantil, neste tópico percebe-se a importância da ludicidade, porque ela não está relacionada apenas ao brincar pelo brincar, ela está relacionada ao desenvolvimento biopsicossociocultural3 do ser humano.

Essa fase está de acordo com Piaget, explicado e traduzido por Camillo  (2018, p. 89) ao qual estabelece:

Ocorre entre 2 e 7 anos de idade. A criança começa a desenvolver sua capacidade simbólica, não dependendo exclusivamente de suas sensações e movimentos. Passa a distinguir o significante (imagem/palavra/símbolo) do significado (conceito). Exemplo: a criança, ao ver a mãe com uma bolsa, compreende que ela sairá de casa. Ainda não compreende a reversibilidade – compreende que 6+1=7, mas não compreende que 7-1=6. Tem pensamento animista (dá vida aos seres inanimados), pensamentos egocêntricos (particulares da realidade), raciocínio transdutivo – raciocício particular (banana verde causa dor de barriga, então abacate verde também causa dor de barriga).

Todo esse campo explicativo sobre as fases da criança, principalmente partindo das fases de Piaget, confirmam no mundo atual que a pedagogia contemporânea tem um papel importante na busca e organização do campo da metodologia, bem como a lapidação específica do entendimento lúdico, de se estabelecer condições estruturais para que as fases da criança sejam de fato e de direito respeitadas, pois a omissão dessa estrutura, compromete toda a evolução sensata do crescimento humano.

Segundo Camillo (2018, p. 89): “O educador Jean Piaget ao descrever a aprendizagem, tem um prisma diferente do que normalmente se atribui a esta palavra, separando o processo cognitivo inteligente em duas palavras: aprendizagem e desenvolvimento”. Nesse prisma de Piaget, o homem é naturalmente adquiridor dos saberes a partir da prática, o que difere são as abordagens por fase e idade, na verdade os críticos conservam bem a lógica de aprender fazendo, é na prática que se estabelece o aprendizado de fato, então na educação infantil não é diferente, é através do ofício da criança de brinca é que os conteúdos das disciplinas importantes ao conhecimento humano serão dinamizados. É necessário articular este tópico ao próximo tópico, porque sim, a ludicidade veio de uma lógica histórica e científica, ela corresponde sim as fases e ao campo da educação infantil e estão diretamente ligadas, compreende-se a relação desse composto essencial ao campo pedagógico.

Essa fundamentação básica e teórica em Piaget, partindo de Camillo é muito importante, porque ela vem completa, ela não só abrange a psicologia, mas todos os saberes inerentes ao ser humano, pensando nessa importante maneira de articular, é necessário a visualização das diretrizes da educação infantil no Brasil. Na concepção pedagógica das diretrizes curriculares, está previsto várias garantias à criança brasileira, as instituições de ensino brasileiro, devem segundo Brasil, (2010, p. 17) “Oferecer condições e recursos para que as crianças usufruam de seus direitos civis, humanos e sociais”.

Esse dever do estado pressupõe objetivamente que as escolas devem articular os seus materiais didáticos com estruturas que irão conversar com a maneira de aprender da criança, através daquilo que ela gosta de fazer, e como isso é lógico, aprender brincando, usando o lúdico é a possibilidade cientificamente adotada pelos teóricos e por toda a base de referencial da educação infantil brasileira. As diretrizes curriculares são os resumos legislativos do nosso direito objetivo que em linguagem simples se torna o manual do setor executivo de ensino, nelas estão explícitos esses oferecimentos de uma educação digna ao ofício da criança.

Nesse contexto da segunda fase de Piaget, explicado por Camillo, cria-se a expectativa científica e teórica de abordagem fundamental para o entendimento crucial dos resultados de aprendizagem, pois na própria diretriz da educação infantil está previsto os objetivos e finalidade.

Brasil, (2010, p. 18) se estabelece o seguinte:

A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças.

Então essa ludicidade não está solta, não é um complexo de fazeres pedagógicos dos profissionais da educação, é fundamental porque também é lei, além de ser ciência. Esses pressupostos fundamentais para a dignidade da educação brasileiras compreende dentro do currículo necessário, organizações institucionais dentro dos planos flexíveis dos professores, está relacionado diretamente ao plano de gestão das escolas e dos projetos políticos pedagógicos dos setores educacionais, dentro da pedagogia instituição escolar ou da supervisão escolar, esse exercício é fundamental, principalmente da supervisão, pois os direitos e garantias das crianças e toda essa concepção científica só é possível se os executores estiverem ativos no fazer pedagógico, aí que entra a importância do pedagogo está articulado com os profissionais das salas de aulas, porque mais que supervisionar é criar possibilidades para que outros profissionais como docentes deem conta desse fazer pedagógico, é interessante ter essa visão dos problemas que intermedeiam o fazer pedagógico com as dificuldades para planejar e executar aulas que compreendam esse direito da criança.

Nesse tópico, a filosofia do entendimento das fases, articuladas com a objetividade do campo da educação infantil reestrutura a educação infantil como essencial para avançar as outras modalidades de ensino. Mas é necessário também respeitar certos tipos de avanços das crianças nesse campo, porque algumas crianças realmente não irão se mostrar condicionadas ao campo da necessidade objetiva e subjetiva das fases de Piaget, e, nem exatamente aos pressupostos amarrados nas diretrizes curriculares brasileiras, o que se tem de novo nesse fundamento do crescimento é a obediência ao campo da observação, é exatamente aí que está o segredo geral para que o professor, por exemplo, busque conhecimentos externos ou mais restritos aos seus alunos. É claro que a compreensão nesse caso é um dado geral, baseado em amostras científicas para humanidade como um todo, mas no mundo de flexibilidade, considera-se sim as especificações.

Na concepção da prática pedagógica da educação infantil está previsto as interações e brincadeiras, como bem coloca Brasil (2018, p. 25) “As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira”. O interacionismo de Piaget não foi colocado de lado nas concepções pedagógicas brasileira, trazer esse mecanismo teórico das duas primeiras fases de Piaget é entender que teoria e prática são sinônimos de bons resultados, e claro que essa técnica de produção do campo curricular chamado práxis4 se relaciona com a aprendizagem contemporânea, pois é indispensável que a prática seja omitida pelos protagonistas da busca pelo saber.

Camilo enfatiza as outras fases não necessária a metodologia e desenvolvimento desse artigo, porém é necessário entender que essas duas primeiras fases é uma introdução continuada das outras duas fases finais, é claro que não será abordado aqui o conteúdo, mas é importante o entendimento do material completo para compactar o construtivismo e interacionismo piagetiano, bem como a concepção da curricularização da educação infantil.

Pensando nessa criação do campo metodológico é interessante as abordagens a luz da observação, os profissionais da educação tem dificuldades muito relacionado ao fato da timidez com o campo do planejamento, pois para essa atividade funcionar, o responsável por executar parâmetros irão conduzir a quebra dos paradigmas das disciplinaridades tradicionais e se condicionarão aos planejamentos participativos, pois segundo Vasconcellos (2000, p. 31) “Aqui, consciência, internacionalidade e participação são fundamentos mais marcantes”. Ele está se referindo ao planejamento que quebra formas tradicionais de planejar, nisso estabelece uma expectativa do rompimento com o planejamento funcional e normativo, parafraseando Vasconcelos (2000), as práticas estão relacionadas a um desenvolvimento mais humano, significativo e voltado para o contexto da pessoa, esse planejamento deve ser o trabalho metodológico de quem vai evoluir a ludicidade na educação infantil.

2. A LUDICIDADE E SUA EXECUÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Wallon (1979) afirma que a mente se desenvolve de acordo com o ato motor do corpo, ela é resultado das ações diretas da movimentação do corpo, a psicomotricidade nesse caso é a base estrutural da explicação da busca da ludicidade, do campo do brincar necessário ao desenvolvimento cognitivo.

É primordial a ludicidade na educação infantil, como compreendeu-se no tópico anterior, da importância da criança desenvolver seu mecanismo motor e psicológico. É necessário que se tenha em mãos as ferramentas adequadas para o desenvolvimento dessa ludicidade, mas afinal, o que é mesmo ludicidade? Como ela se aplica na educação infantil? Quem pode aplicar? Então, é necessário responder a essas três problemáticas simples para uma compreensão simples. Mas também é necessário o entendimento propulsor que estimulou o desenvolvimento desse artigo, e foi exatamente no campo de estágio, disciplina prática obrigatória do curso superior que instigou essa busca, foi vendo a omissão de certos espaços educacionais e a necessidade da ludicidade que houve um incomodo ao desenvolvimento de escrever essa importância.

2.1 Ludicidade

Etimologicamente essa ludicidade se refere aquilo que é qualitativo do lúdico, que em tese vem do latim, lodus o que significa brincadeira/diversão. Apesar de ter uma timidez bibliográfica do ponto de vista da produção científica neste assunto encontra-se ainda alguns materiais específicos sobre o tema, e claro eles vem trazendo aquilo que se espera, sair da etimologia, ressignificando o tema. No site, brincando com a natureza o autor vem trazendo uma significação mais elaborada e específica, uma definição bem mais densa e que sintetiza toda a concepção do campo lúdico. Para Almeida, [acesso em 2022, site brincando com a natureza] “[…a definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo…]”.

Neste caso, essa ressignificação sintética e clara direciona simplesmente o ato de brincar, os métodos agora tomam rumos sobre insumos, eles não dispensam as brincadeiras das crianças, ela simplesmente mostra a matéria real para ser incluída nos métodos dos profissionais de educação, as brincadeiras vem não só sendo o campo de matéria, mas jurídico, é necessário que os profissionais da educação infantil garantam a brincadeira nos espaços educacionais de forma jurídica.

O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer povo desde os mais remotos tempos. Através deles, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a auto-estima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor.  (BRINCANDO COM ANATUREZA, 2022).

Em muitos campos práticos as brincadeiras ou a ludicidade são entendidas como um ato isolado da criança, geralmente é aberto um espaço de tempo para que elas brinquem e isso é notório nos estabelecimentos educacionais, onde são pleiteados de brinquedotecas, jogos e playground’s, mas será que realmente o lúdico tá sendo desenvolvido? É aqui que está o segredo, porque a especialidade do pedagogo é analisar exatamente esse detalhe, nem sempre ter um espaço munido de brinquedos e com tempo e espaço para que as crianças brinquem, é sinônimo de ludicidade.

A ludicidade tem que tá ligada diretamente ao campo didático, eles tem que estarem intrinsecamente conectados simultaneamente, na sala de aula ou na área externa da escola, o método deve ser evoluído a partir da brincadeira, o professor nesse caso deve-se ao seu plano flexível e participativo, sempre partindo do pressuposto de que a criança vai brincar a todo momento e através dessa brincadeira dela é que a parte didática entra, o método é esse, a partir das brincadeiras naturalmente desenvolvidas pelas crianças serem insumo de junção do conteúdo previstos nos parâmetros curriculares.

É necessário entender também que se entenda que na educação infantil não é buscado a seleção através da avaliação, segundo as diretrizes curriculares da educação infantil, Brasil (2010, p. 29) “As instituições de Educação Infantil devem criar procedimentos para acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou classificação”.

Brasil, (2010, p. 25) estabelece o seguinte:

A observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano; Utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.); A continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação Infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/Ensino Fundamental); Documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças e os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil; A não retenção das crianças na Educação Infantil.

Então é entendido aqui que, o processo avaliativo do aluno de educação infantil é continuado, é um processo de construção e não um processo de seleção, aqui se busca o pleno desenvolvimento do cidadão, e isso está ligado diretamente ao ofício que a criança tem de brincar. 

2.2 A aplicabilidade do lúdico na educação infantil.

Esse campo da ludicidade está todo mapeado, inclusive as referências para aplicar o lúdico nos espaços educacionais, para isso é necessário que o profissional de educação infantil tenha em mente a importância de estar munido desses referências que são os parâmetros nacionais qualitativo para a educação infantil e o território do brincar, um material mais especifico que vem trazendo passos de como o profissional deve elaborar e executar o brincar nas escolas.

O projeto Território do Brincar contribuiu também para uma importante constatação: a de que crianças, por todo o Brasil, inclusive em grandes centros urbanos, continuam brincando – e muito. É possível, assim, refletir mais sobre nossas falas e parar de repetir o que quase virou um perigoso mantra: que hoje a criança não brinca mais. O ser humano nasce, cresce, se conhece e aprende brincando. As brincadeiras são a experiência e a experimentação por excelência. (BRASIL, 2015, p. 33).

É necessário entender que as crianças não pararam de brincar, elas são crianças independente de tudo, essa essência não muda, portanto desenvolver o fazer pedagógico a partir das brincadeiras é sempre necessário. Agora como aplicar tudo isso na prática? Talvez seja esse o problema maior pela qual professores não conseguem ou pelo menos não se arriscam ao lúdico, porque a ideia é de uma prática trabalhosa, a ideia principal desse fazer pedagógico é compreender que não é necessário os professores desenvolverem altas competências e estruturas para que isso ocorra, as crianças brincam com tudo o que tem na frente delas, não é necessário confeccionar padrões de brinquedos ou construir grandes locais temáticos, não, nunca será necessário isso, as crianças brincam com a sandália, com frutas, com os botões da camisa, com as mãos, com tudo que é possível fisicamente.

Nas comunidades indígenas, crianças brincam com arco e flecha feita pela própria matéria tirada da floresta. Nas comunidades ribeirinhas as crianças brincam com as frutas, elas desenvolvem animais como o gado feito com palitos de fósforos e ramos de folhas e capim.

Não tem justificativa da falta de material, porque a criança cria, inventa em qualquer espaço, ela não precisa de brinquedos industrializados para tal função, ela pega por exemplo, uma garrafa pet na rua e faz a manja do garrafão, é essa visão que o professor muito capitalizado deve combater. Essa estrutura natural do brincar deve apenas ter alguns cuidados com a segurança e saúde da criança, o professor deve promover um campo saudável e seguro, porque a criança está em suas fases sensório-motor e pré-operatório, ela não está preocupada com os perigos, porque ela não ver perigo em nada, apenas diversão e sensação eufórica referente ao seu ofício, principalmente nas áreas urbanas.

Até o final da Idade Média, ainda era possível visualizar algum vestígio de liberdade anárquica, quando as crianças participavam de modo mais ativo, tanto no interior da família como nos lugares públicos. Com o advento da modernidade, esses espaços vão tornar-se perigosos com o contínuo incremento da violência cotidiana, que hoje se constitui um aspecto problemático da atual organização da vida social, especialmente nos espaços urbanos. (BARRETO, 2012, p. 59).

Barreto alerta para esses cuidados nos novos ditames sociais em brincadeiras de ruas, ela quer trazer a informação de que a violência do mundo contemporâneo é uma prática que interfere no decorrer da busca dos direitos naturais da criança, e isso os profissionais de educação devem estarem alertos. Desenvolver sim, é necessário em espaços urbanos, mas com cuidados e segurança. 

Meirelles, (2015, p. 38) afirma o seguinte:

No âmbito da antropologia surgiu, na década de 1980, um interesse em olhar para os grupos infantis. Os pensadores e as pesquisas apontaram que as crianças têm linguagens e culturas próprias, são atores sociais e têm voz, necessidades e interesses diversos, que variam conforme o contexto no qual elas crescem e se desenvolvem.

Neste caso, a citação acima confirma o que enfatiza-se nesse tópico, elas são seus próprios protagonistas, o ambiente é seu campo natural de criação dos seus objetos a partir das suas imaginações. É claro que não é nem de longe dispensável aquelas culturas onde as crianças são desenvolvidas a partir dos brinquedos industrializados e padrões estruturais, os mesmos resultados são obtidos, o que se enfatiza aqui é que as brincadeiras e seus objetos existem naturalmente a todo tempo no mundo infantil, o que é necessário o profissional de educação entender, é como ele vai relacionar esse brincar natural com seus conteúdos.

Meirelles, (2015, p. 44) afirma o seguinte:

As “viagens” antropológicas aos mundos das crianças, percursos por diversas trilhas e o contato com inúmeras paisagens infantis começam pela possibilidade de visitar seus espaços e tempos de brincadeiras, de esconderijos, de solidões, de espontaneidades; seus recreios, seus cadernos, suas produções. Visitar suas casinhas, acompanhar seus percursos, descobrir suas preferências, se maravilhar com suas descobertas; se sensibilizar com suas dores, se encantar com seus saberes. Rolar com elas, brincar junto, pintar junto. Viver intervalos de suas vidas com elas e reviver os da nossa infância, em um voltar a ser criança por alguns instantes.

A imaginação do adulto na busca pela ludicidade também deve se movimentar, o professor deve voltar no seu tempo de criança para que ele saiba da necessidade do aluno, a ludicidade leva todo o campo pedagógico para o mundo das crianças, nesse contexto aplicável, o professor vai dinamizar a geografia, quando tiver falando dos espaços de uma casinha de brinquedo por exemplo, de história ou estórias quando for lembrar do tempo que era criança, vai dinamizar a fala, a oratório, dar voz para a criança se expressar, vai pedir para ela escrever ou desenhar sua história familiar, ou contar como foi seu dia.

Os conteúdos neste entrelace do lúdico na didática da educação infantil tomam ressignificações, através das brincadeiras eles irão tomar novas formas de imaginação, aos poucos é introduzido os conteúdos, por exemplo: A política nacional, dentro do campo social, o professor pode relacionar o chefe do governo ao chefe de uma casinha e os outros integrantes da casa aos deputados e senadores, é claro que o conteúdo aqui não faz parte diretamente dos parâmetros curriculares e diretrizes, mas se o professor achar necessário informar seus alunos ele pode sim e deve através das brincadeiras chegar nesse patamar, não esquecendo nunca que seu plano deve ser participativo e flexível para esse contexto da ludicidade.

O professor deve deixar aberto todas as possibilidades de informações, mas é necessário entender as fases da criança, na creche por exemplo, de 0 a 3 anos de idade é um pouco mais sensível, porque aqui o professor deve desenvolver através de imagens e objetos lúdicos não controláveis os sentidos das crianças, o contato e o controle da visada por exemplo, aquilo que a gente chama de concentrar ou entreter a criança, na verdade no campo da ludicidade é elevar a criança para o desenvolvimento psicomotor que irá desenvolver um pouquinho mais na frente, porque a criança começa a ter contato com o processo de engatear e andar, então esse processo lúdico das imagens dos vídeos é muito voltado para o processo sensível, o professor deve elaborar os vídeos infantis voltados para a percepção dos sons, pois no processo de andar por exemplo o aluno precisa se guiar pelos sons, ou pelas imagens que ver. Nisso os conteúdos mais uma vez estão em evidências se misturando com o contato, com a visão, com os sons, trabalha-se nesse caso música, artes, linguagem corporal e linguagem portuguesa.

Meirelles, (2015, p. 44) afirma o seguinte:

Para que essas brechas sejam possíveis, como professores-educadores não podemos temer abrir as janelas da autonomia, da liberdade de tempos sem relógio e de espaços cujas paredes sejam construídas pelos tijolos da fantasia e da imaginação infantis, a fim de que as crianças vivam plena e significativamente suas infâncias.

O brincar é tão importante que a palavra não tem etimologia, o brincar é sui generis5 se estabelece independente, então a criança tem seu próprio campo independente, não se deriva de nenhum outro. Segundo Meirelles, (2015 p. 47) “O impulso lúdico. Brota da força de criação que reside em nós, como uma centelha divina. O ser humano é humano na medida em que ele cria de dentro para fora: cria pensamentos, sentimentos, ações”. O que se busca entender aqui é a simplicidade do fazer pedagógico, porque ele parte do pressuposto imaginação com o ambiente vivo e inanimado, é compreender que para trabalhar a ludicidade não é necessário toda uma parafernália estrutural que seria possível apenas com muito investimento, quando o professor tem essa visão ele acaba matando sonhos das crianças, porque ele não sabe preparar o ambiente natural para que as crianças desenvolvam seu ofício.

A cultura da criança se estabelece de forma simples, ela é básica, só é necessário a criança e o meio ambiente e o mediador, o conteúdo é mapeado, a arte de envolver conteúdos ao lúdico, as brincadeiras, depende apenas da imaginação, mas é necessário também considerar todo o campo de formação profissional pedagógico para tal exercício. Como afirma Brasil, (2018, p. 22) “[…reconhecer as práticas aqui recomendadas como norteadoras para a melhoria das práticas pedagógicas…]” “[…documentar a aprendizagem e o desenvolvimento da criança e realizar uma autorreflexão sobre a prática pedagógica a partir dos parâmetros estabelecidos…]”. é essencial que o profissional esteja munido de ferramentas teóricas e referenciais para o pleno desenvolvimento da práxis lúdica.

Então no que se refere a aplicabilidade do lúdico na educação infantil, é simplesmente entender e praticar, pois o aprender fazer o lúdico é ir e pôr a mão na massa, imaginando e dando autonomia para a criança desenvolver seu próprio mundo, através das suas imaginações com os seres vivos e inanimados.

2.3 Os responsáveis pelo desenvolvimento da ludicidade na educação infantil.

Como todo o campo da educação, a ludicidade não está separado do processo educacional que engloba as responsabilidade do dever de educar e fazer acontecer o processo de ensino e aprendizado, não se pode ter a visão separatista deste campo, como foi bastante enfatizado nos tópicos anteriores, o lúdico faz parte do currículo e é dever do estado e da família garantir esse direito a criança para o desenvolvimento cognitivo efetivo da criança, a concepção de educação se garante sim nas leis de diretrizes e bases da educação.

Como bem estabeleceu a LDB (lei de diretrizes e bases da educação), Segundo Brasil, (1996) “A educação, dever da família e do estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Esse entendimento objetivo constitucional determina de forma lúcida que os responsáveis por todo esse processo e toda a sociedade, inclusive do estado administrativo de direito executivo, é crucial esse entendimento de forma mais macro do ponto de vista da constituição, porque isso dar base para todas a outras diretrizes específicas do processo de ensino e aprendizagem na educação infantil, inclusive da ludicidade e seus responsáveis.

Ora, se é dever da família e do estado, então os profissionais de educação que estão na ponta é que devem mesmo, é indispensável que profissionais da educação, como professores, pedagogos, gestores e auxiliares do campo da educação infantil se mantenham ativos nesse fazer pedagógico, já que ele faz parte do processo de desenvolvimento cognitivo do ser humano, justificado de forma psicobiosociocultural, discutido anteriormente.

O que se tem de importante neste tópico é enfatizar a importância de que para isso acontecer, pessoas, neste caso profissionais dos setores de educação estejam imbuídos deste processo, porque se não estiverem não irá funcionar, e aí é necessário o processo de gestão está funcionando, o processo de supervisão e orientação da coordenação pedagógica está funcionando, e os planos participativos e flexíveis sejam na prática a ferramenta ativa do professor.

Em geral é necessário que o profissional de educação infantil esteja desenvolvendo sua práxis de fato e de direito, onde o fazer pedagógico abrangendo o lúdico seja uma dinâmica diária sem virar rotina, mas transformadora e inovadora, sempre envolvendo as brincadeiras das crianças aos seus conteúdos, sejam eles referenciados ou soltos, não importa o conteúdo, se o professor quiser ele ensina através da brincadeira, qualquer nível de conteúdo, é claro que não se quer aqui, que o professor saia do seu campos conteudista, mas enfatizar que é possível que seja introduzido qualquer conhecimento à criança através dessa dinâmica da ludicidade.

O artigo 13 da LDB assegura a clientela da educação infantil o direito de receber o ensino necessário, porque não é um favor que a criança tem, é lei, é determinação da legislação em vigor, pois para Brasil, (1996) “[…Os docentes incumbir-se-ão de: participarem da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino…]”. Então se está previsto no plano de gestão a luz dos parâmetros curriculares da qualidade da educação infantil e está previsto no projeto político da escola e ordenamentos administrativos do regimento interno, o profissional de educação infantil não tem que fazer porque quer ou gosta, é porque tem que fazer, deve realizar e isso deve ser prática diária, a ludicidade é nos dias de hoje imprescindível nos planos de gestão, nos projetos políticos pedagógicos e previsto nos regimentos das escolas, ele deve ser dinamizado semanalmente nos planos dos professores.

Brasil, (2018, p. 26) orienta o seguinte:

A gestão dos sistemas e redes de ensino em seus diferentes níveis, de maneira democrática, articulada e colaborativa, contribui para o planejamento, a implementação, o acompanhamento e a avaliação das práticas de qualidade da oferta da Educação Infantil. Isso implica, portanto, em (re)desenhar o horizonte político da gestão, reforçando o princípio de efetiva autonomia, democracia e união de esforços. Uma gestão partilhada e ações conjuntas entre diferentes atores – Gestores, Professores e demais profissionais da Educação Infantil – contribuirão para uma maior coordenação entre seus serviços e práticas, ampliando e fortalecendo o diálogo, a fim de promover as abordagens democráticas e inclusivas na implementação da política da Educação Infantil, favorecendo as crianças e as famílias.

Para Brasil, (2018, p. 26) “O maior reconhecimento da importância dos primeiros anos de vida no desenvolvimento de uma criança requer uma estrutura sistêmica e unificada, com princípios e práticas comuns, pautadas nas necessidades e nos direitos das crianças dessa faixa etária”. Essa previsão nos parâmetros é fundamental para que o profissional responsável pela educação infantil, bem como a própria família não se frustre com os seus deveres de promover a educação desse público, através das brincadeiras.

O lúdico aqui nesse tópico é essencial na vida de quem operacionaliza a educação infantil, o campo só é possível se essa execução funcionar, ao contrário serão novos ilusionistas mantendo uma farsa, tirando fotos com as estruturas de brinquedotecas para passarem a sensação de que se tem uma escola padrão que desenvolve o lúdico, porém na verdade são brinquedos que só saem dos depósitos em épocas de eventos mostruários.

Para isso acontecer a família bem como todos da sociedade devem gerir o processo de cidadania, é necessário fiscalizar os planos de gestão da escola, é buscar entendimento dos planos dos professores, suas atividades, é necessário que a família entenda o processo do lúdico na educação infantil, sua importância para o crescimento da criança. A busca por um processo pouco ideal é o mínimo que a sociedade pode exercer, mas para isso é necessário compreender tudo isso, porque devemos entender, como qualquer outro campo, onde tem seres humanos responsáveis pelo processo, e não é diferente na educação, o dever da família é esse, verificar se a criança está tendo todos os mínimos de requisitos, apoiar de forma efetiva também é analisar o que se passa na escola, por isso a ideia de participar.

CONCLUSÃO

Este artigo imbuiu-se de mostrar a toda a comunidade científica, bem como ao processo de formação acadêmica e de pesquisa em pós-graduação, a importância do processo lúdico nas escolas de educação infantil e outros espaços. O entendimento desse campo de forma completa, relaciona a prioridade da criança em aprender.

A complexidade de resultados no envolvimento do entendimento e compreensão são claras, a busca por uma construção ideal para que as crianças de educação infantil tenham seus direitos garantidos e sensatos, mas é com rapidez que se busca, o intuito é justamente enfatizar essa construção, é exatamente aí o segredo de se construir artigos como este. O processo cultural da criança aqui toma um rumo de garantias, de direitos, o fator surpresa, em exercício da aprendizagem através do brincar com o campo do preconceito social deve ser quebrado.

A estipulação da compactação da ludicidade é essencial para que essa prática seja tão forte como a disciplinaridade dos conteúdos, é criar campos de conscientização efetivas em todo o campos de educação básica para que seja introduzida a ideia de fixação dos conteúdos a partir das brincadeiras lúdicas, jogos infantis, compreendendo as fases sensórias e pré-operatórias da criança. Além de tudo isso, é muito necessário nos campos de formação do ensino superior à necessidade de conscientização nos primeiro períodos de formação pedagógica, onde o acadêmico deve entender onde ele tá pisando, porque o campo de educação infantil é sensível e busca pessoas sensíveis às metas de alcance educacionais, descapitalizar emocionalmente o profissional da educação infantil é bastante importante, porque a bandeira da educação infantil tem mais a ver com se doar do que com mercado educacional.

Na contribuição geral deste artigo é importante enfatizar que o mundo lúdico espera por trabalhos como este, de grupos comprometidos com a educação mais voltada para o mundo infantil, por se tratar de fatores evidentemente tímidos de materiais científicos e de articulações metodológica mais avançadas, é um campo que vem se construindo ao longo desse processo de descobrimento da educação infantil.

Mais importante do que o simples gesto de brincar é o aprender a partir dele, é preparar um mundo metodológico e científico para o campo não só das instituições, mas para as famílias e desenvolver métodos a disposição no mercado para que todos que dão importância para esse campo, possa comprar os métodos numa mercearia por exemplo, como se compra tabuada para aprender as operações por exemplo.

Os setores públicos devem se adaptarem a este mundo, cada qual tem que ter a consciência de que filhos existem, crianças existem, não é um problema em ter filho, o problema é não ter espaços com brinquedotecas para as famílias participarem do processo de cidadania, o que se espera do fortalecimento desses trabalhos voltados para o lúdico é justamente fortalecer o campo pedagógico.

REFERÊNCIAS

LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica 1 Marina de Andrade Marconi. 5. ed. – São Paulo : Atlas 2003. 311 p.

PRODANOV, Cleber Cristiano. Metodologia do trabalho científico [recurso eletrônico]: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. – Novo Hamburgo: Feevale, 2013. 276 p.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil. – Brasília : MEC, SEB, 2010.

CAMILLO, CÍNTIA MORALLES. Teorias da educação [recurso eletrônico]. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, 2018. 1 e-book : il.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico – elementos metodológicos para elaboração e realização, 7ª ed. – São Paulo: Libertad, 2000. – (cadernos pedagógicos do libertad; V. 1).

BRINCANDO COM A NATUREZA. O que é o lúdico? Disponível em: https://sites.google.com/site/brincandocomanatureza/o-que-e-o-lúdico. Acesso em: 02 de maio de 2024.

MEIRELLES, Renata (org): diálogo com escolas. -São Paulo : Instituto Alana, 2015. — (Coleção terrítório do brincar).

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Nacionais de Qualidade para Educação Infantil. Brasília: MEC/SEC, 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9.394 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/96). Diário Oficial da União. Brasília: nº 248, 23 de dezembro, 1996.

BARRETO, Maria. O jardim das imagens, a infância e suas flautas sagradas.Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2012.

Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo, Paz e Terra, 2011.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido, 17ª. Ed. Rio de Janeiro, paz e terra, 1987

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo: Edições Loyola, 1985.

SALTINI, Cláudio J. P. Afetividade e inteligência. 5º ed.– Rio de Janeiro: Wak Ed., 2008.

WALLON, Henri. Psicologia e educação da criança. Lisboa: Veiga, 1979. Retirado de: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2005/anaisEvento/documentos/pal/PAL001.pdf acesso em 02 de maio de 2024.


  1. Palavra com origem no grego psykhé e que é usada para descrever a alma ou espírito. ↩︎
  2. Que faz parte de ou que constitui a essência, a natureza de algo; que é próprio de algo; inerente. ↩︎
  3. Junção das quatro áreas dos saberes, biologia, psicologia, sociologia e cultura. ↩︎
  4. Campo que considera a articulação da prática com a teoria, indispensável ao campo científico. ↩︎
  5. Palavra que não se deriva de nenhuma outra, ela é única. ↩︎

1Mestrando em Letras pela Universidade Federal do Amazonas. E-mail: antonioorlandojunior@hotmail.com

2Graduada em Pedagogia pela Faculdade Amazonas (FAMETRO). E-mail: dayanedasilva2206@gmail.com

3Mestranda em Letras pela Universidade Federal do Amazonas. E-mail: mourahinndy@gmail.com

4Mestrando em Letras pela Universidade Federal do Amazonas. E-mail: as4677506@gmail.com

5Mestrando em Letras pela Universidade Federal do Amazonas. E-mail: lucasdacostafonseca@gmail.com

6Graduada em Pedagogia pela Faculdade Amazonas (FAMETRO). E-mail: gabyo2544@gmail.com

7Mestranda em Letras pela Universidade Federal do Amazonas. E-mail: vitoriazacariasbochoschi39@gmail.com