Level assessment of physical activity and risk of falls in elderly patients from Hospital Public Server of São Paulo
Elisângela Cristina Ramos(I), Frederico Scuta Garcia (II), Chistiane Mandolesi Vilas Boas (III), Renata Freitas Nogueira Salles (IV), Luciana Malosa Sampaio (V)
(I)Mestre, fisioterapeuta do HSPM, São Paulo, SP – Brasil, e-mail elisangelacrhernandes@gmail.com
(II)Especialista, coordenador do Serviço de Fisioterapia do HSPM, São Paulo, SP- Brasil, email fsgarcia@hspm.sp.gov.br
(III)Especialista, médica assistente do HSPM, São Paulo, SP-Brasil, e-mail chrismvb@hotmail.com
(IV)Mestre,coordenadora do Serviço de Geriatria do HSPM , São Paulo, SP-Brasil, e-mail rfnsalles@yahoo.com
(V)Doutora, docente do Programa de Mestrado em Ciências da Reabilitação da Universidade Nove de Julho (UNINOVE), São Paulo, SP, lucianamalosa@gmail.com
RESUMO
INTRODUÇÃO: Entre as perdas apresentadas no envelhecimento estão a capacidade funcional e a independência para atividades de vida diária, devido alterações no sistema músculo-esquelético com consequente aumento no risco de quedas. OBJETIVO: Correlacionar o nível de atividade física com o risco de quedas em idosos fisicamente independentes. MATERIAIS E MÉTODOS: Pesquisa descritiva e transversal. A amostra foi composta por 40 pacientes, ambos sexos, 90% sexo feminino, com idade média de 76 anos. Foi utilizado um Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), versão longa, adaptado para idosos e também a Escala de Equilíbrio de BERG na qual avalia risco de quedas. Para responder aos objetivos do estudo foram utilizadas análise estatística descritiva por meio de tabelas e gráficos com média, desvio padrão e análise de correlação de Spearman e Qui quadrado , adotando um nível de significância de 5% (p<0,05%). RESULTADOS: A maioria dos pacientes apresentaram IPAQ como muito ativo (53%) seguido por insuficientemente ativo (38%), já a escala BERG, apresentaram 58% com baixo risco de queda e 43% com médio risco de queda e não houve nenhuma observação da categoria alto risco de queda. Para avaliar a correlação entre IPAQ e Berg foi aplicado o teste para correlação de Spearman, observamos que a correlação é alta apresentando um valor de 0.74 e estatisticamente significativa (p-valor <0.0001) CONCLUSÃO: Pode-se observar que a maioria da população estudada de idosos independentes apresentaram baixo risco de queda avaliado pela escala de Berg e nível de atividade física alta, permitindo inferir que idosos ativos têm uma menor incidência de quedas comparados aos insuficientemente ativos.
Palavras-chave: Atividade Física; Equilíbrio Postural; Idosos; Acidentes por Quedas.
ABSTRACT
INTRODUCTION: The functional capacity and independence in daily activities are among the losses that occur with aging, secondary to changes in the musculoskeletal system with consequent increase in fall risk. OBJECTIVE: Correlate the physical activity level with fall risk in physically independent elderly. METHODS: Descriptive cross study. The sample consisted of 40 patients, of both genders, being 90% female, with mean age of 76 years. The International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), long form, adapted for the elderly, and the Berg Balance Scale, which evaluates the fall risk, were used in this study.Descriptive statistical analysis were used to achieve the study objectives, through analysis of tables and graphics with mean, standard deviation and analysis of Spearman Correlation Test and Chi-Square Test, with significance level of 5% (p<0.05). RESULTS: Most patients were considered very active as evaluated through IPAQ score (53%), followed by poorly active (38%). The Berg Balance Scale showed 58% with low fall risk and 43% with medium fall risk and no patient with high fall risk.The Spearman Correlation Test was applied to evaluate the correlation between IPAQ and Berg Balance Scale scores, and it was found a high correlation of 0.74, statistically significant (p<0,0001) CONCLUSION: It was observed that most of the independent elderly population studied showed low fall risk in the Berg Balance Scale and high physical activity level, allowing to conclude that active elder people have lower incidence of falls when compared to poorly active elder people.
Key Words: Physical Activity, Postural Balance, Elderly, Accidental Falls.
Introdução
A diminuição da natalidade e melhoria das condições de vida são fatores que favorecem a expectativa de vida e consequentemente acarretam um aumento crescente no número de idosos. Estima-se que no ano de 2025 o Brasil será a sexta maior população de idosos com um contingente de 30 milhões de pessoas. (1,2)
O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo, na qual há alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas, que vão alterando progressivamente o organismo tornando-o mais suscetível as agressões intrínsecas e extrínsecas que terminam por levá-lo à morte.(3)
Entre as perdas apresentadas nos idosos estão a capacidade funcional e a independência para atividades básicas de vida diária, devido principalmente alterações no sistema músculo-esquelético.(4)
A musculatura apresenta-se com uma espessura menor, os vasos sanguíneos mais frágeis, há redução da massa óssea, perda da massa muscular, diminuição dos espaços interarticulares, alterações do sistema nervoso decorrente da perda da massa encefálica com consequente comprometimento do equilíbrio.(5)
O controle postural também altera com o envelhecimento, estas alterações podem parecer pequenas e insignificantes, mas a soma dos déficits visual, osteomuscular e a desorganização dos processos centrais aumentam o risco de uma resposta insuficiente, resultando em uma perda da coordenação motora.(6)
No Brasil 30% dos idosos caem pelo menos uma vez ao ano e quanto maior a idade maior a chance de queda. Estas quedas ocorrem mais em mulheres do que em homens da mesma faixa etária. As quedas resultam em 5% de fraturas e 10% ferimentos importantes.(7)
A queda pode ser definida como um deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial, com incapacidade de correção em tempo hábil. Ela pode ser resultante da interação de diversos fatores como: ambiental, fisiológicos, psicossociais e biomédicos. (8)
Os principais fatores predisponentes para queda são: idade, sexo feminino, diminuição da cognição, fraqueza muscular, inatividade, alterações no equilíbrio e na marcha, quedas anteriores, dificuldades em realizar atividades básicas ,uso de medicamentos entre outros.(9)
Intervenções eficazes baseiam-se na identificação precoce dos idosos com maior risco de quedas decorrente ou não de alguma doença, da adequação do espaço físico, bem como a prática regular de exercício físico.(10)
Os benefícios da prática de exercícios físicos pelos idosos tem sido bastante estudado, com resultados de melhora e redução do declínio funcional como equilíbrio, força, coordenação e velocidade de movimento, contribuindo assim para a redução do risco de quedas.(11)
A presente pesquisa tem por objetivo correlacionar o impacto da atividade física sobre o risco de quedas em idosos do Ambulatório da Clínica de Geronto Geriatra do HSPM.
Materiais e Métodos
Este presente estudo consistiu em uma pesquisa descritiva e transversal sendo realizada no Ambulatório da Clínica Geronto Geriatra do HSPM. O recrutamento dos pacientes foi realizado em 2 ambulatórios semanais com média de 9 pacientes idosos por Ambulatório no período de 3 meses em 2015.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa do HSPM, sob o número do protocolo do CAAE 41115215.6.0000.5442.
A aplicação da entrevista ocorreu no próprio espaço físico do Ambulatório, anteriormente à entrevista, foram expostos aos idosos, o objetivo, importância da pesquisa, sigilo da identificação, modo de aplicação e destino dos dados. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Os pacientes foram selecionados de forma sequencial por ordem de chegada, atendendo os critérios de exclusão definidos.
Foram adotados como critérios de exclusão: pacientes com incapacidade funcional (patologias neuromusculares, vestibular, visual, fraturas, próteses), comprometimento cognitivo que incapacite a compreensão dos comandos, pacientes com alterações nos sinais vitais que dificultasse e colocasse em risco a realização do teste.
A amostra foi caracterizada por sexo, idade,onde foram aplicados um Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), versão longa, adaptado para idosos .
O instrumento permitiu classificar o indivíduo como:
Muito ativo: >300 minutos de atividade física por semana;
Ativo: 150- 300 minutos de atividade física por semana;
Insuficientemente ativo: <150 minutos de atividade física por semana.
No IPAQ há questões como anos de estudo, se o idoso trabalha de forma remunerada, se realiza trabalho voluntário e como ele analisa seu atual estado de saúde (ruim, regular, bom, ótimo ou excelente).(12,13)
Também foi utilizada a Escala de Equilíbrio de BERG(EEB) na qual avalia o controle postural e risco de quedas. Ela é constituída por 14 tarefas que envolvem equilíbrio estático e dinâmico tais como alcançar, girar, transferir-se, permanecer em pé e levantar-se. A realização das tarefas é avaliada por meio de observação e a pontuação varia de 0-4 totalizando um máximo de 56 pontos.(14)
É um teste simples, fácil de administração e aplicação, exigem poucos materiais de baixo custo, além de ser seguro para idosos.(15)
Para responder aos objetivos do estudo foram utilizadas, além de técnicas básicas de análise exploratória como freqüência relativa e absoluta, o teste de Qui-Quadrado para Independência e a análise de correlação de Spearman.
Todos os testes de hipóteses desenvolvidos nesse trabalho consideraram uma significância de 5%, ou seja, a hipótese nula foi rejeitada quando p-valor foi menor ou igual a 0,05 (p<0,05%).
Resultados
As análises se iniciaram com a descritiva das variáveis, na tabela 1 temos a freqüência absoluta e relativa das variáveis categóricas. Observamos que a amostra é composta 40 pacientes, ambos os sexos, acima de 60 anos, sendo 90% de mulheres, 45% tem até 75 anos e 38% de 76 a 80 anos, 80% não trabalham de forma remunerada e 85% não realizam trabalho voluntário, a maioria considera seu estado de saúde regular (48%) ou boa (38%).
A maioria apresentou o IPAQ min como muito ativo (53%) seguido por insuficientemente ativo (38%), já a escala BERG, apresentou 58% de baixo risco e 43% de médio risco e não houve nenhuma observação da categoria alto risco. Dados demográficos, atividade laboral, atividade voluntária, IPAQ e BERG estão representados na Tabela 1.
Tabela 1: Dados demográficos, atividade laboral, atividade voluntária, IPAQ e BERG
Variável | Categoria | N | % |
Sexo | Masculino Feminino | 36 4 | 90 10 |
Faixa Etária | Até 75 De 76 até 80 Acima de 80 | 18 15 7 | 45 38 18 |
Trabalha | Sim Não | 7 33 | 18 83 |
Voluntário | Sim Não | 6 34 | 15 85 |
IPAQ min | Insuficientemente ativo Ativo Muito ativo | 15 4 21 | 38 10 53 |
BERG | Baixo risco Médio risco | 23 17 | 58 43 |
Observamos que a correlação foi alta entre o IPAQ e o BERG apresentando um valor de 0.74 e estatisticamente significativa (p-valor <0.0001), ou seja, conforme há um aumento de Berg há um aumento do IPAQ min (Figura1).
A Tabela 2 mostra que neste caso a associação também é significativa (p-valor <0.0001), sendo que quanto mais ativo menor o risco observado. Apesar de não haver nenhum caso de alto risco na escala de BERG, observamos que o percentual de médio risco diminui conforme aumentamos a atividade: insuficientemente ativo apresenta 93% em médio risco enquanto ativo apresenta 75% em médio risco e muito ativo 0% em médio risco.
Tabela 2: Frequencias cruzadas e teste exato de qui-quadrado para associação entre IPAQ min e BERG
BERG
IPAQ min | Estatística | Baixo | Médio | Total | p-valor |
Insuficientemente ativo | N % linha | 1 7 | 14 93 | 15 | < 0,0001 |
Ativo | N % linha | 1 25 | 3 75 | 4 | < 0,0001 |
Muito ativo | N % linha | 21 100 | 0 0 | 21 | < 0,0001 |
TOTAL | 23 55 | 17 43 | 40 100 |
Discussão
Nossos resultados demonstraram que idosos com baixo risco de quedas apresentavam maior nível de atividade física (ativo e muito ativo) quando comparados aos idosos menos ativos (insuficientemente ativos). Esses resultados relatam a importância de níveis adequados de atividade física para melhoria e manutenção do controle postural e consequente redução do risco de quedas.
O estilo de vida saudável está associado ao incremento da prática de atividades físicas , sejam elas realizadas em âmbito do trabalho, da locomoção, do lazer/ esporte e das atividades domésticas e como consequência melhores padrões de saúde e qualidade de vida.(16,17)
No questionário IPAQ utilizado neste estudo para avaliar o nível de atividade física foi analisado 5 domínios :atividades físicas no trabalho, como meio de transporte, nas tarefas domésticas, exercício físico/lazer e tempo gasto sentado. (12,16)
As atividades físicas de trabalho foram as que menos contribuíram com dispêndio energético já que 18% da amostra estudada realizavam atividades laborais.
Evidências internacionais identificaram que a utilização de um deslocamento considerado ativo pode acarretar benefícios em termos de saúde coletiva.(17,18)
A associação positiva entre deslocamento ativo e atividade física praticada no tempo de lazer é promissora, pois colabora com aumento dos níveis de atividade física.(19)
Estudos demonstram que a mudança na forma de deslocamento promove aumento no volume máximo de oxigênio consumido (V02 máx) com consequente melhora do desempenho físico de homens e mulheres destreinadas.(20)
A presente pesquisa observou que o deslocamento ativo foi presente como meio de locomoção já que a amostra reside no município de São Paulo, com distâncias consideráveis de deslocamento.
Já nas atividades físicas realizadas dentro e ao redor da habitação de forma moderada e vigorosa (atividade física doméstica) foram representadas com maior gasto energético entre as mulheres.
De acordo com Ainsworth a demanda energética das mulheres durante a vida é representada principalmente pelas atividades domésticas e estima-se 3,9 horas por dia em trabalhos domésticos e em tarefas de cuidados com a família.(21)
Dentre as mais ativas 31% realizavam atividade física de lazer, sendo considerada no IPAQ as atividades de recreação, esporte, exercício físico com duração de pelo menos 10 minutos contínuos e sua intensidade moderada ou vigorosa.(12)
Estudos de YUSUF et al apontam a caminhada, a ginástica e natação como as principais atividades físicas em idosos.(22)
Os idosos que fizeram parte deste estudo passam, durante a semana uma parte do dia na posição sentada com tempo médio de 180 minutos/dia.
Estudos apontam que as principais atividades detectadas no dia a dia de idosos foram assistir televisão, ouvir rádio, costurar, ler e receber visitas. São atividades de intensidade leve, na qual adotam em geral postura sentada e não promovem estímulo benéfico à saúde. (23) A American College of Sports Medicine afirma por meio de estudos que quanto mais ativa é uma pessoa, menos limitações físicas ela tem.(24)
A diminuição do nível de atividade física regular é um potencial fator de risco que pode aumentar o declínio funcional e risco de queda em idosos .(25,26)
Queda é um problema grave de saúde pública nos idosos, onde aproximadamente um quarto da população acima de 65 anos já experimentaram a situação e 60% desses indivíduos foram expostos a uma lesão do sistema esquelético.(27)
As alterações no sistema sensorial dos idosos, assim como redução da propriocepção irão atuar como fator para o risco de queda, já que sua resposta acontecerá em um tempo maior , muitas vezes, insuficiente para manter o equilíbrio.(28,29)
O equilíbrio é um processo complexo que depende da integração da visão, comandos centrais, resposta neuromusculares principalmente força muscular e tempo de reação.(27,30)
A Escala de Equilíbrio de Berg utilizada avaliou 14 itens como controle postural que requerem diferentes forças, equilíbrio dinâmico e flexibilidade. Foi um teste de fácil aplicabilidade, baixo custo e se mostrou seguro para idosos.(13,14)
Em nosso estudo a maioria dos idosos apresentaram baixo risco de quedas e consequentemente eram mais ativos fisicamente.
Vale ressaltar que nossa pesquisa buscou uma população com nível cognitivo para realizar os testes e sem histórico de doenças que pudessem afetar diretamente o equilíbrio.
Uma das limitações da pesquisa foi a pequena população estudada, sugere-se que outras pesquisas com um amostra maior devem ser realizadas, para verificar similaridades ou diferenças nos resultados deste estudo.
Conclusão
Pode-se observar que a maioria da população estudada de idosos independentes apresentaram baixo risco de queda avaliado pela escala de Berg e nível de atividade física alta, permitindo inferir que idosos ativos têm uma menor incidência de quedas comparados aos insuficientemente ativos.
Programas de exercícios físicos direcionados e eficientes voltados para idosos tornam-se importantes para diminuir os números de quedas, assim como elaboração de políticas públicas para incentivo e agregar recursos que possibilitem manter projetos com a prática de exercícios.
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