INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: DESAFIOS E OPORTUNIDADES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202410161050


Renata Cristina Pilotti Aimone; Lidiane Helena Crispim Cabral; Ana Carmen Oliveira de Souza; Edson José Pinheiro; Idarlene Rocha Balieiro de Souza; Obadias José Santos de Souza; João Evânio Araújo; Ueudison Alves Guimarães.


RESUMO

A formação do professor para atuar com práticas inovadoras é fundamental para que a inclusão educacional seja realizada com êxito. Os avanços tecnológicos trazem uma nova perspectiva metodológica, exigindo do professor uma reflexão sobre a sua prática, sobre a metodologia e a utilização dos recursos computacionais com competência. Para o professor constitui um desafio fundamentar sua prática nos novos paradigmas educacionais propostos para o século XXI, entendendo que a formação continuada deve fazer parte da sua rotina de estudos. A formação continuada é urgência necessária no cotidiano do professor consciente da necessidade de ser atuante e participativo nesse novo momento. A tecnologia já faz parte do cotidiano dos alunos, seja na escola, nos lares e no mercado de trabalho. Portanto, mediante uma pesquisa de caráter bibliográfico descobriu-se que cursos, os quais venham contribuir para dinamizar a prática do professor no processo de ensino, farão significativas diferenças, trazendo contribuições para todas as disciplinas. Dentre os principais resultados nota-se que o professor deve mudar sua postura, porém, existe a necessidade de criar políticas públicas de formação continuada nas coordenações pedagógicas. O estado possui o dever de propiciar as condições para que os docentes consigam melhorar suas práticas pedagógicas.

Palavras-Chave: Ensino. Formação Docente. Inovações Tecnológicas.

ABSTRACT

Teacher training to work with innovative practices is essential for educational inclusion to be successful. Technological advances bring a new methodological perspective, requiring teachers to reflect on their practice, methodology and the competent use of computer resources. It is a challenge for teachers to base their practice on the new educational paradigms proposed for the 21st century, understanding that continuing education must be part of their study routine. Continuing education is an urgent need in the daily lives of teachers who are aware of the need to be active and participatory in this new era. Technology is already part of students’ daily lives, whether at school, at home or in the job market. Therefore, through bibliographic research, it was discovered that courses that contribute to streamlining teachers’ practice in the teaching process will make significant differences, bringing contributions to all disciplines. Among the main results, it is noted that teachers must change their attitude, but there is a need to create public policies for continuing education in pedagogical coordination. The state has the duty to provide the conditions for teachers to improve their pedagogical practices.

Keywords: Teaching. Teacher Training. Technological Innovations.

1 INTRODUÇÃO

Entre as inúmeras possibilidades de trabalho a serem desenvolvidas no ambiente escolar, destaca-se a urgência de incentivar os professores a abraçarem novas ferramentas e recursos pedagógicos que possam revolucionar a qualidade do ensino ofertado.

No entanto, dentro desse contexto, é gritante a dificuldade que muitos docentes enfrentam ao lidar com essas novas tecnologias, exacerbada pela resistência em transmitir esses conhecimentos aos seus alunos. Muitos educadores, ainda ancorados no tradicionalismo, desconhecem completamente essas inovações e, em vez de adaptarem-se e evoluírem, preferem rejeitar essas ferramentas transformadoras, perpetuando métodos obsoletos e antiquados.

As autoridades competentes têm oferecido esforços consideráveis para transformar essa realidade. Um exemplo notável é a criação da Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais de Educação (EAPE) no Distrito Federal (DF). Esta instituição surge como uma tentativa ousada de modificar o cenário atual, proporcionando capacitações para a inserção de conteúdos digitais e novas ferramentas nas escolas, enriquecendo assim a aprendizagem de maneira significativa.

O uso das novas tecnologias, em sua acepção mais ampla, tornou-se um tema de debates incessantes entre educadores e pesquisadores, visto que eles compreendem a real importância dessas práticas inovadoras na melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem.

No entanto, a resistência e o conservadorismo de muitos docentes criam uma barreira quase intransponível, desafiando as iniciativas mais progressistas e impedindo a plena revolução educacional que essas tecnologias prometem.

No que diz respeito às políticas públicas de informatização do ensino público nos municípios e estados, é alarmante a disparidade que surge: enquanto as escolas privadas desfrutam de laboratórios de informática de última geração, as escolas públicas permanecem à mercê de políticas de informatização que, muitas vezes, são ineficazes ou inexistentes.

Mesmo quando essas políticas são implementadas, o resultado é desolador: os professores enfrentam obstáculos monumentais para desenvolver um trabalho eficaz, devido à falta de formação e capacitação adequadas para aproveitar plenamente os recursos tecnológicos em suas práticas pedagógicas.

Esse abismo tecnológico não só perpetua a desigualdade educacional, mas também sufoca qualquer tentativa de inovação e progresso na educação pública, exigindo uma reavaliação urgente e radical das estratégias de implementação tecnológica.

O tema em questão se justifica ao discorrer acerca da utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no planejamento curricular e o racional aprimoramento da prática docente sob diversos aspectos cruciais, dentre os quais se destacam: a revolução na formação docente, tanto inicial quanto continuada, conforme previsto nas políticas públicas; a transformação de aulas e práticas pedagógicas em experiências mais envolventes e eficazes; o desenvolvimento de habilidades de criatividade, experimentação e incentivo à pesquisa.

No capítulo 1, realiza-se uma revisão de literatura com a intenção de elucidar e trazer à tona as principais ideias e momentos da formação docente em TIC, mergulhando nas profundezas das teorias e práticas acumuladas ao longo do tempo. No capítulo 2, apresenta-se uma análise minuciosa das características do ambiente objeto de estudo, complementada com os métodos e materiais utilizados na pesquisa de campo.

Finalmente, no capítulo 3, realiza-se uma detalhada análise e discussão dos dados, estabelecendo uma correlação dinâmica entre a revisão de literatura e os resultados alcançados, desvendando as complexas interrelações que nascem da prática pedagógica sob a influência das TIC.

2 METODOLOGIA

A metodologia deste estudo é baseada em uma pesquisa bibliográfica, que visa examinar e analisar as inovações tecnológicas na formação de professores, destacando os desafios e oportunidades associados a essa temática. A pesquisa bibliográfica permite uma exploração aprofundada das fontes teóricas e empíricas existentes, proporcionando uma compreensão ampla e fundamentada do tema.

Para iniciar a pesquisa, será realizada uma revisão de literatura abrangente e sistemática. Esta revisão tem como objetivo identificar, coletar e analisar os estudos mais relevantes sobre inovações tecnológicas na formação de professores. Serão incluídos artigos científicos, livros, teses, dissertações e publicações em revistas especializadas, tanto nacionais quanto internacionais.

A busca por essas fontes será realizada em bases de dados acadêmicas como Scielo, Google Scholar, ERIC, e outras plataformas relevantes. Os critérios de inclusão para a seleção dos materiais abrangerão estudos publicados nos últimos dez anos, que tratem diretamente das tecnologias educacionais e sua aplicação na formação de professores.

O processo de seleção das fontes seguirá um roteiro rigoroso, que inclui a leitura dos títulos e resumos para verificar a relevância do material, seguida pela leitura completa dos textos selecionados. Essa abordagem permitirá a identificação dos principais conceitos, teorias, práticas e resultados relacionados às inovações tecnológicas na formação de professores. Além disso, a análise crítica das fontes permitirá destacar as contribuições mais significativas e identificar possíveis lacunas na literatura existente.

Após a revisão inicial e a seleção dos materiais pertinentes, a análise dos dados coletados será realizada de forma estruturada. Será utilizada uma abordagem de categorização para organizar as informações conforme temas e subtemas emergentes, como as estratégias de integração tecnológica na sala de aula, a eficácia das ferramentas digitais na prática pedagógica e os desafios enfrentados pelos educadores na adoção dessas inovações.

A análise também envolverá a comparação entre diferentes contextos educacionais, identificando variações e semelhanças nas aplicações tecnológicas e suas implicações para a formação docente. A partir dessa análise, será possível traçar um panorama detalhado sobre as tendências e mudanças na formação de professores impulsionadas pela tecnologia.

Além disso, a pesquisa buscará destacar tanto os impactos positivos quanto as limitações das inovações tecnológicas na formação de professores. Aspectos como o desenvolvimento de habilidades digitais, a personalização do aprendizado e a facilitação do acesso a recursos educacionais serão avaliados em termos de suas contribuições para a qualidade da formação docente.

Paralelamente, serão discutidos desafios como a resistência à mudança, a necessidade de infraestrutura adequada e a capacitação contínua dos professores para lidar com novas ferramentas e plataformas. Esse exame crítico permitirá oferecer uma visão equilibrada sobre os efeitos das tecnologias na educação e suas reais implicações para o processo de formação de professores.

Os resultados da análise serão sintetizados em uma conclusão que oferecerá recomendações práticas e sugestões para futuras pesquisas. A conclusão destacará as melhores práticas identificadas, as áreas que necessitam de mais investigação e as implicações para políticas educacionais e práticas pedagógicas.

Esta etapa visa fornecer orientações claras e acionáveis para instituições de ensino superior, formuladores de políticas e pesquisadores interessados em aprimorar a integração das tecnologias na formação de professores. A pesquisa buscará contribuir para a construção de um corpo de conhecimento mais robusto e fundamentado, capaz de orientar a implementação eficaz das inovações tecnológicas no contexto educacional.

3 FORMAÇÃO DOCENTE

A formação de professores, em meio ao acúmulo intenso de atividades profissionais, tem sido majoritariamente conduzida por Programas de Educação à Distância. Portanto, é imprescindível fazer algumas considerações sobre as dificuldades que os participantes encontram ao longo desse processo.

Segundo Kenski (2001), à medida que as sociedades se desenvolvem, a educação é repensada continuamente, buscando uma reflexão incessante entre seus objetivos e as reais necessidades da sociedade contemporânea, o que se manifesta claramente no cotidiano da sala de aula e no dia a dia da escola. A educação precisa se modernizar, tornando-se cada vez mais dinâmica, ativa e reflexiva, rompendo com práticas obsoletas e engessadas.

Demanda-se que a formação dos professores seja totalmente repensada, refletindo a realidade social da escola brasileira, tendo em vista que um dos principais desafios das Secretarias de Educação em todo o país é a formação de professores. Desse modo, questões como o perfil profissional, o papel das instituições formadoras, o currículo dos cursos de formação inicial e os mecanismos de formação continuada e em serviço são amplamente debatidas pelas autoridades brasileiras.

Além disso, a valorização profissional e a instituição de planos de carreira para o magistério são pontos cruciais nas discussões dos Secretários, buscando garantir a qualidade no aprendizado do aluno, que é a meta principal do ensino público brasileiro.

É sabido que, para oferecer um ensino de qualidade, o professor precisa estar confiante e satisfeito. Porém, é vital que ele receba o suporte necessário para ministrar aulas excelentes e eficazes, rompendo com modelos ultrapassados e inadequados.

Conforme Kuenzer (1999), torna-se importante destacar a louvável e oportuna iniciativa da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES) em reunir especialistas para debater a “Formação de Professores e o papel de suas Instituições Formadoras, das Universidades e dos Institutos Superiores de Educação.

Esse esforço é de imensa relevância na atual realidade educacional e, sem dúvida, constitui um pressuposto fundamental para efetivar as mudanças necessárias no padrão de qualidade do ensino e do aprendizado dos alunos, em resposta às demandas de um mundo cada vez mais globalizado e dinâmico.

A formação dos professores, essencial para efetivar mudanças radicais no padrão de qualidade do ensino e no aprendizado dos alunos, emerge como o principal desafio do ensino público brasileiro, conforme preconizam a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e o Plano Nacional de Educação (PNE). Em diversos países, como França e Uruguai, a formação docente ocorre em Institutos Superiores de Educação, fora das Universidades.

Entretanto, a quantidade de professores formados ainda é drasticamente insuficiente para suprir as necessidades das redes de ensino, revelando um cenário alarmante, especialmente em áreas críticas como as ciências exatas.

Atualmente, no Brasil, são instituídas comissões nacionais, institucionais e interinstitucionais com o propósito de intensificar o debate sobre a formação inicial e continuada dos professores. O Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação no Congresso Nacional, considera o perfil do professor como um profissional da educação, exigindo formação teórica robusta e práticas adequadas ao exercício da profissão.

Esse contexto revela um movimento intenso em direção a transformações profundas nas práticas vigentes de formação docente, buscando romper com o obsoleto e abraçar um novo paradigma educacional.

4 DESAFIOS E OPORTUNIDADES

O avanço tecnológico, em suas múltiplas facetas da vida social e institucional, tem se manifestado de maneira avassaladora e investigado por diversas perspectivas. Nesse turbilhão de mudanças aceleradas, escolas e educadores enfrentam desafios monumentais.

Em relação ao papel do professor, nesse novo cenário de aprendizagem que se desenha, um processo de formação contínua exige que professores e alunos aprendam simultaneamente, em uma busca incessante pela atualização de seus conhecimentos e práticas pedagógicas. Além de impulsionar novas aprendizagens e elevar os níveis de pensamento, o professor, nesse novo panorama, nasce como um propulsor ativo e facilitador da aprendizagem cooperativa (Martins, 1993).

Em relação à atividade do professor, Lévy (1999) sublinha a grande necessidade de acompanhar a gestão das aprendizagens por meio das incessantes trocas de saberes, da mediação dinâmica e do meticuloso registro individual dos percursos de aprendizagem.

No cenário atual, os conhecimentos adquiridos no início de uma carreira rapidamente se tornam obsoletos ao longo da vida profissional. Dessa forma, esse fenômeno impele os indivíduos a buscarem continuamente garantias através do enriquecimento de seus saberes, adquirindo novas competências ao longo de toda a vida.

A mera transmissão e repetição de conhecimentos não assegura o cumprimento das funções e a manutenção de um lugar no mercado profissional. Cada vez mais, os saberes são validados e homologados, tanto individualmente quanto coletivamente, dentro e fora do ambiente de trabalho, desafiando os educadores a se reinventarem constantemente.

Na área educacional, conforme ressalta Torres (1998), experiências de formação em ambiente de trabalho advêm como uma poderosa possibilidade de aperfeiçoamento e atualização, pois essas práticas se destacam pela integração de novos modelos de apropriação e construção de conhecimentos, fortemente vinculados à inserção de tecnologias por meio de comunidades virtuais.

Cada indivíduo e cada grupo são fundamentais no processo de transição de uma educação e formação centrada no institucional para uma vivência que enfatiza vigorosamente a troca de saberes. Esse processo também prioriza o gerenciamento de percursos individuais e contínuos, entrelaçados aos processos de aprendizagem coletiva, configurando um panorama dinâmico e revolucionário na educação.

Dessa maneira, buscamos refletir e compreender as mudanças metodológicas que os professores implementam em sala de aula ao inserir tecnologias digitais na escola. Nesse contexto, destaca-se que uma das investigações piagetianas estava centrada no estudo do conhecimento, nas diversas formas de conhecer e, principalmente, orientada pelas seguintes questões:

Como se formam nossos conhecimentos? Como aumentam nossos conhecimentos? Acrescentamos ainda: como nós, professores, aprendemos? Como realizamos mudanças em nossa sala de aula considerando a vivência de novas práticas pedagógicas? Qual é o papel da linguagem tecnológica em nosso fazer pedagógico?

Diante dessas questões, acreditamos que a formação de professores, ainda ancorada em um modelo tradicional, precisa urgentemente de transformação, pois se torna imprescindível superar a mera transmissão de conhecimento e adotar um modelo interativo onde o saber é construído a partir de um novo patamar de inovação.

Estudos realizados por Leher (1997) indicam que isso pode ser traduzido no enriquecimento dos ambientes de aprendizagem, privilegiando a atividade do aprendiz e a construção compartilhada do conhecimento. Além disso, valoriza-se a diversidade e a integração dos saberes, enriquecidos pela busca autônoma e cooperativa, o que favorece o desenvolvimento de modelos interativos na formação de professores.

Sobre a formação do professor, Barreto (2002) acrescenta que se acredita no importante papel da formação dos professores para o bom êxito na implantação dos projetos de informática na educação se realmente pretendemos que a inserção dessas tecnologias no contexto venha contribuir para a tão almejada melhoria e transformação da educação.

Alves (2000) argumenta veementemente que os cursos de formação de professores para as novas tecnologias não devem ser simplificados a uma mera busca por competência técnica, pois acredita ser essencial considerar a realidade vivida pelo professor, suas dificuldades e deficiências no trabalho, para que ele possa ver a tecnologia como uma aliada. Só assim, será possível utilizá-la de forma criativa, reflexiva e consciente, transformando o ensino e promovendo uma verdadeira revolução educacional.

Cysneiros (2001) ressalta categoricamente que o professor se torna imprescindível na criação das condições cognitivas e afetivas necessárias para o uso eficaz das mídias, multimídias e diversas formas de intervenção educativa. No entanto, ao se considerar a formação de professores, faz-se necessário reconhecer as mudanças no perfil da educação nas escolas e seu papel na formação geral e na promoção de uma cidadania crítica.

Todavia, é necessário, acima de tudo, reavaliar a metodologia e a organização do ensino diante dessa realidade em constante transformação. Cysneiros (2001) ressalta que essa reavaliação não é apenas desejável, mas decisiva para a adaptação e inovação no processo educativo.

Entre as inúmeras questões que permeiam o tema “formação do professor”, destaca-se a preocupação predominante dos educadores com a análise da teoria e prática, a interdisciplinaridade, a construção curricular e a organização do trabalho pedagógico.

Além desses aspectos, estudos adicionais buscam correlacionar a formação docente com variáveis externas, como o frenético avanço tecnológico e suas repercussões sobre o comportamento dos indivíduos e da sociedade em geral. Assim sendo, elevar a qualidade e a motivação dos professores deve, portanto, ser uma prioridade indiscutível na educação.

Nesse contexto, evidencia-se a necessidade de desenvolver programas de formação contínua que permitam a cada professor acessá-los regularmente, especialmente por meio de tecnologias de comunicação avançadas, devido a importância de implementar programas que capacitem os professores a se familiarizarem com os mais recentes avanços nas tecnologias da informação e comunicação.

5 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

A formação de professores, segundo Oliveira (2001) em ambientes de aprendizagem mediados por tecnologias digitais exige a adoção de uma pedagogia inovadora, que expanda as possibilidades de criação individual e promova o compartilhamento de ideias e propostas dentro do grupo. Esse novo estilo pedagógico deve redefinir a prática pedagógica, não apenas substituindo práticas antigas, mas criando e compreendendo novas possibilidades de atuação.

É fundamental entender como essas novas práticas são efetivadas, construídas e como os conhecimentos dos professores se integram a estilos pedagógicos contemporâneos, caracterizados pela conexão em tempo real e a participação em comunidades virtuais

Sousa (1997) sublinha a necessidade urgente da emergência de um novo tipo de professor, um mediador do conhecimento, crítico e sensível, um aprendiz constante, orientador, colaborador curioso e, acima de tudo, um verdadeiro cidadão, já que o ato de ensinar transcende a mera transferência de conhecimento, ou seja, trata-se de criar possibilidades para sua produção e construção.

O aluno moderno entra na escola carregando um vasto universo de informações, muito além do escopo familiar, graças aos meios de comunicação, o que transforma radicalmente a relação ensino-aprendizagem.

Assim, nasce o novo aluno da escola cidadã: um sujeito ativo em sua formação, curioso, autônomo, motivado para aprender, disciplinado, organizado e, essencialmente, um cidadão global e solidário.

Belloni (2001) postula que o ciberespaço, as comunidades virtuais, o compartilhamento digital e as bases de dados online são os novos mediadores de nosso mundo contemporâneo. Em termos de política educacional, ele enfatiza a necessidade de novas práticas que promovam a construção coletiva de saberes e aprendizagens.

Ademais, acrescenta que com este novo suporte de informação e comunicação, emergem gêneros de conhecimento completamente inusitados, critérios de avaliação revolucionários para guiar o saber e novos protagonistas na produção e tratamento do conhecimento.

Nesse sentido, torna-se imprescindível destacar que se você não resgata o professor, não resgata a escola. Se o professor não é incluído, como ele pode ajudar a promover a inclusão? Devemos transformar o magistério na profissão mais valorizada, pois é a profissão mais vital nesta sociedade do conhecimento, onde a aprendizagem é essencial. O professor é o profissional estratégico, o mestre dos mestres, é nele que reside a seriedade e a dignidade de um país.

De acordo com Thompson (1999), a modernidade educacional clama por mecanismos transformadores que libertem os profissionais das velhas amarras de estruturas ultrapassadas, convertendo-os em seres vibrantes, críticos e sedentos de novos conhecimentos, capazes de se adaptar com agilidade às novas realidades e de buscar soluções inovadoras por sua própria iniciativa

Assim, o aluno rompe os tradicionais deveres escolares e se torna o arquiteto de seus próprios conhecimentos, engajando-se em uma reflexão crítica que o eleva de um mero receptor passivo a um protagonista ativo no processo de aprendizagem.

Para Belloni (2001), o uso da tecnologia deve ser uma preparação transformadora para os próprios professores, mergulhando-os na experiência de mudanças revolucionárias que eles, por sua vez, proporcionarão aos seus alunos.

Quanto à aplicação dessas tecnologias, as autoras abordam dois pontos cruciais: primeiro, a natureza intrinsecamente transitória da tecnologia, que em seu incessante desenvolvimento, nos obriga a uma busca incessante de atualização. Segundo, é precisamente a aplicação dessas novas tecnologias que pode catalisar mudanças paradigmáticas na educação, convertendo a formação de indivíduos passivos, limitados e dependentes, em um processo de formação de cidadãos ativos, criativos, autônomos e responsáveis, que não apenas vivenciam, mas também moldam e colaboram nos próprios processos de desenvolvimento e aprendizagem contínua em que estão engajados.

Quando o professor, em interação direta com seus alunos e utilizando a informática, depara com os resultados dessa dinâmica, produz, como destaca Kuenzer (1999), insumos valiosos para a reflexão. Essas reflexões inevitavelmente geram questionamentos e problemas que, muitas vezes, o professor não consegue resolver sozinho. Diante desse impasse, ele pode encaminhar essas questões ou uma breve descrição do ocorrido para um especialista.

O especialista, por sua vez, analisa as questões apresentadas e envia suas considerações ou materiais orientativos, seja uma sugestão a ser testada, um texto teórico ou um material de apoio com informações específicas que podem ajudar o professor a solucionar os problemas enfrentados.

O mesmo autor enfatiza que o professor recebe as ideias e tenta implementá-las, o que inevitavelmente gera novas dúvidas, resolvíveis com o suporte do especialista. Esse ciclo contínuo mantém o professor engajado em atividades inovadoras, desenvolvendo conhecimento prático sobre essas ações, mas sempre com o apoio do especialista.

Dessa forma, a rede telemática permite que o especialista “esteja junto” com o professor, promovendo uma cooperação ativa, ao invés de um processo de formação centrado exclusivamente na figura do especialista.

6 DISCUSSÕES

A integração das inovações tecnológicas na formação de professores desencadeia discussões abrangentes e profundas sobre os desafios e oportunidades emergentes desse processo. As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) possuem um potencial transformador imenso, capaz de revolucionar as práticas pedagógicas ao introduzir novas formas de ensino e aprendizagem que transcendem as metodologias tradicionais. No entanto, a implementação dessas inovações não ocorre sem enfrentar obstáculos significativos.

Um dos maiores desafios é a resistência à mudança por parte dos educadores. Muitos professores, acostumados aos métodos tradicionais de ensino, podem sentir-se desconfortáveis ou inseguros ao utilizar novas tecnologias. Essa resistência frequentemente decorre da falta de familiaridade com as ferramentas tecnológicas e da percepção equivocada de que as TICs possam não ser eficazes no ambiente educacional.

Além disso, a necessidade contínua de formação e desenvolvimento profissional é crucial para garantir que os professores estejam atualizados com as novas tecnologias e saibam integrá-las eficazmente em suas práticas pedagógicas. A formação continuada, embora essencial, muitas vezes é negligenciada ou inadequada, comprometendo a implementação das inovações tecnológicas.

Outro desafio significativo é a profunda desigualdade no acesso às tecnologias. Enquanto algumas escolas e professores desfrutam de equipamentos de ponta e infraestrutura robusta, outros lutam com uma escassez desesperadora de recursos tecnológicos básicos. Essa disparidade cria um abismo digital que obstrui a equidade no ensino e na aprendizagem.

A ausência de infraestrutura tecnológica adequada, como acesso à internet de alta velocidade e dispositivos digitais, surge como uma barreira monumental que precisa ser superada para que as inovações tecnológicas sejam amplamente adotadas e eficazes.

Apesar desses desafios, as oportunidades proporcionadas pelas inovações tecnológicas na formação de professores são vastas e promissoras. As TICs oferecem ferramentas que podem transformar e enriquecer profundamente a experiência de aprendizagem, tanto para professores quanto para alunos.

Nesse sentido, entende-se que plataformas de aprendizado online, recursos multimídia e ambientes de aprendizagem virtual possibilitam uma abordagem mais flexível e interativa, adaptada às necessidades individuais dos alunos. Ademais, essas tecnologias facilitam o acesso a uma gama infinita de recursos educacionais, incluindo materiais didáticos, pesquisas acadêmicas e comunidades de prática globais, que podem revolucionar o conteúdo curricular e as metodologias de ensino.

Desse modo, as inovações tecnológicas na formação de professores apresentam tanto desafios quanto oportunidades significativas. Para tanto, a superação das barreiras requer um compromisso contínuo com a formação e o desenvolvimento profissional dos professores, a equidade no acesso às tecnologias e a criação de políticas e práticas educacionais que promovam a integração efetiva das TICs. As oportunidades oferecidas pelas tecnologias podem transformar a educação, tornando-a mais interativa, personalizada e criativa, e preparando melhor os professores e alunos para as demandas do século XXI.

7 CONCLUSÃO

Para compreender a intrincada dinâmica do processo de ensino-aprendizagem com as TIC, foi necessário examinar diversos textos, artigos e pesquisas de renomados autores na área de tecnologias educacionais. Essas análises revelaram que a proposta de incorporar esses recursos no cotidiano dos professores e alunos exige uma preparação sólida de ambos para absorver a vasta gama de informações, inovações e oportunidades que essa inserção oferece.

Constatamos que uma parcela significativa dos professores participantes da pesquisa jamais participou de qualquer formação relacionada às TIC. Alguns, devido à falta de interesse, outros, pela ausência de incentivos institucionais.

No entanto, é categórico entender que os principais beneficiários dessa formação profissional não são os órgãos empregadores, como a SEEDF, mas sim os alunos, que estão imersos em um mundo cada vez mais globalizado e demandam uma educação alinhada com as exigências contemporâneas.

Uma luz surge no final do túnel. Muitos docentes, conscientes da vital importância de incorporar as TIC em suas práticas pedagógicas, manifestam a intenção de integrá-las gradativamente, mesmo que ainda não as utilizem em sala de aula. Não obstante, manifesta-se uma problemática inquietante: a urgência de transformar o discurso em ações concretas que propiciem uma revolução educacional.

Há uma notável lacuna entre as palavras e as práticas pedagógicas, evidenciada pelo famoso ditado popular “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”. Em outras palavras, embora os professores declarem a intenção de adotar as TIC, suas palavras ainda não se traduzem em ações concretas e efetivas no cotidiano da prática docente.

Para compreender a inserção da informática na educação, é fundamental primeiro identificar as condições em que as situações de aprendizagem geralmente ocorrem, especialmente aquelas em sala de aula, no plano cognitivo do aluno e nas propostas pedagógicas do professor. O computador e as mídias devem sempre ser vistos como instrumentos de aprendizagem centrados no educando.

Assim sendo, mostra-se relevante lembrar que as TICs não são eficazes por si mesmas; sua eficácia depende de como são utilizadas e, sobretudo, da habilidade de quem as utiliza. Aqui reside a questão central: o professor deve possuir um conhecimento prático-teórico que lhe permita repensar sua prática, metodologia, recursos e postura, compreendendo que precisa estar à frente de seu tempo.

Que o professor deve mudar sua postura não há qualquer dúvida, mas é imprescindível que o órgão empregador, em parceria, desenvolva políticas públicas de qualificação e formação continuada durante os períodos de coordenação pedagógica. O estado tem a responsabilidade de criar condições e meios para que os docentes aprimorem suas práticas pedagógicas.

Desse modo, fica claro que o objetivo não é encerrar as discussões sobre a formação docente em TIC, mas sim, lançar um alerta a todos os envolvidos no processo educacional.

Demanda-se que, em conjunto, busquemos ativamente minimizar os impactos devastadores da exclusão das TIC do contexto educacional, uma vez que precisamos urgentemente promover a inclusão digital e capacitar nossos professores, transformando a realidade educacional para refletir as demandas da sociedade contemporânea.

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