VERTICALIZAÇÃO DE GRANDES EDIFICAÇÕES NO MEIO URBANOS E PERIFERIAS

VERTICALIZATION OF LARGE BUILDINGS IN THE URBAN ENVIRONMENT AND PERIPHERIES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11398478


Eduardo Henrique dos Santos Almeida Pinto¹


Resumo: A verticalização de grandes edificações nas áreas periféricas e nos centros urbanos é caracterizada pela intensa ocupação do solo, simbolizando transformações sociais e econômicas significativas. Dessa forma, a verticalização emergiu como uma resposta natural à escassez de espaço e a necessidade de acomodar um número crescente de residentes e atividades econômicas. É indiscutível que a verticalização é necessária e influencia diretamente no crescimento da cidade em vários aspectos. Todavia, como em qualquer processo de construção existem vantagens quanto às desvantagens, nesse sentido a construção de grandes edificações trazem consigo impactos e/ou consequências que precisam ser analisadas. O objetivo geral da pesquisa foi compreender os impactos da verticalização de grandes edificações no meio urbano e nas periferias. Utilizou-se das metodologias de revisão bibliográfica e análise documental para fundamentar a pesquisa com resultados extraídos de estudos científicos, doutrinas, legislações e dados estatísticos. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, de natureza básica, com objetivos descritivos e procedimento bibliográfico. Os resultados encontrados evidenciaram que a verticalização de grandes edificações é impulsionada por uma variedade de fatores que refletem as características e necessidades específicas de contextos urbanos e periféricos. Nos centros urbanos, a escassez de terrenos, o crescimento populacional, o desenvolvimento econômico e as políticas urbanas são os principais impulsionadores. Nas periferias, a expansão urbana, a melhoria da infraestrutura, programas de habitação, incentivos econômicos e a criação de polos industriais e comerciais são determinantes. Conclui-se que o impacto da verticalização das cidades abrange diversas esferas, com ênfase nas consequências ambientais.

Palavras-chave: Grandes Edificações. Meio Urbanos. Periferias. Verticalização

Abstract: The verticalization of large buildings in peripheral areas and urban centers is characterized by intense land occupation, symbolizing significant social and economic transformations. In this way, verticalization emerged as a natural response to the scarcity of space and the need to accommodate a growing number of residents and economic activities. It is indisputable that verticalization is necessary and directly influences the city’s growth in several aspects. However, as in any construction process there are advantages and disadvantages, in this sense the construction of large buildings brings with it impacts and/or consequences that need to be analyzed. The general objective of the research was to understand the impacts of the verticalization of large buildings in the urban environment and on the outskirts. Bibliographic review and document analysis methodologies were used to support the research with results extracted from scientific studies, doctrines, legislation and statistical data. This is research with a qualitative approach, of a basic nature, with descriptive objectives and a bibliographic procedure. The results found showed that the verticalization of large buildings is driven by a variety of factors that reflect the specific characteristics and needs of urban and peripheral contexts. In urban centers, land scarcity, population growth, economic development and urban policies are the main drivers. On the outskirts, urban expansion, improved infrastructure, housing programs, economic incentives and the creation of industrial and commercial hubs are decisive. It is concluded that the impact of the verticalization of cities covers several spheres, with an emphasis on environmental consequences.

Keywords: Large Buildings. Urban Environments. Peripheries. Verticalization.

INTRODUÇÃO

A verticalização de grandes edifícios nas áreas urbanas e periferias é um fenômeno que transformou a paisagem das cidades globalmente, resultando em mudanças significativas na forma como os espaços urbanos são utilizados e percebidos. De acordo com Araújo (2019) este processo é impulsionado, dentre outros, pelo crescimento populacional e pela busca por soluções eficientes de uso do solo, que acaba apresentando uma série de impactos econômicos, sociais e ambientais. Além disso, com a urbanização acelerada e o aumento da densidade populacional, compreender os efeitos da verticalização torna-se fundamental para o planejamento urbano sustentável e a qualidade de vida dos habitantes (Dourado;Sobrinho,2020).

Nas últimas décadas, as cidades experimentaram um crescimento vertiginoso em termos de população e infraestrutura. A verticalização emergiu como uma resposta natural à escassez de espaço e a necessidade de acomodar um número crescente de residentes e atividades econômicas. Dourado e Sobrinho (2020) avaliam que os arranha-céus de Nova York e Dubai a os complexos residenciais comerciais em cidades como São Paulo e Xangai, a verticalização redefiniu o conceito de desenvolvimento urbano (Milhomens, 2017).

Brandão et al.(2020) destacam que esse movimento é impulsionado por diversos fatores, como a valorização dos terrenos em áreas centrais, a busca por soluções de habitação em regiões densamente povoadas e o avanço das tecnologias de construção. No entanto, a verticalização de grandes edificações também traz desafios significativos, incluindo a gestão de impactos ambientais, a necessidade de infraestrutura adequada e a garantia de equidade social.

No contexto contemporâneo, a verticalização de grandes edificações também está ligada a questões de sustentabilidade. A construção de edifícios verdes e o uso de tecnologias ecoeficientes são tendências emergentes que buscam minimizar o impacto ambiental das grandes edificações. Além disso, a verticalização tem implicações sociais significativas, afetando a acessibilidade habitacional, a gentrificação e a dinâmica comunitária nas áreas urbanas (Roso; Oliveira; Beuter, 2021).

Vale destacar também que a verticalização de grandes edificações no centro urbano e nas periferias apresenta características e dinâmicas distintas. Nos centros urbanos, a verticalização é geralmente impulsionada pela alta demanda por espaços comerciais e residenciais, pela valorização imobiliária e pela escassez de terrenos disponíveis (Araujo, 2019). Brandão et al. (2020) mencionam também que esses centros são frequentemente bem servidos por infraestrutura e serviços públicos, como transporte, saúde, educação e lazer, o que torna a construção de grandes edifícios uma solução viável e atrativa.

Nas periferias, por outro lado, a verticalização dos edifícios surge como uma tentativa de atender à crescente demanda habitacional decorrente do êxodo rural e do crescimento populacional (Maroto, 2017). No entanto, esses locais muitas vezes carecem de infraestrutura adequada e dos serviços essenciais presentes nos centros urbanos. A falta de planejamento urbano e a infraestrutura deficiente são desafios significativos que podem limitar o sucesso e a sustentabilidade dos projetos de verticalização nas periferias (Dourado;Sobrinho,2020). Para condução da pesquisa foi feito a seguinte indagação: quais são os impactos da verticalização de grandes edificações no meio urbano e periferias?

O objetivo central da pesquisa foi compreender os impactos da verticalização de grandes edificações no meio urbano e periferia. Para o alcance deste objetivo, estabelece-se os seguintes objetivos específicos: I- Identificar os fatores que impulsionam a verticalização de grandes edificações em diferentes contextos urbanos e periféricos; II- Avaliar os impactos econômicos, sociais e ambientais da verticalização, de edificações tanto positivos quanto negativos; IIIComparar os processos de verticalização grandes edificações nas áreas urbanas e periféricas, destacando as particularidades e desafios de cada região e IV- Sugerir práticas e estratégias para um desenvolvimento urbano mais sustentável e inclusivo, considerando as lições aprendidas com a verticalização.

Socialmente a pesquisa se justifica pela importância de apontar que a verticalização de grandes edificações é uma solução para os desafios do crescimento populacional quanto como uma estratégia para a utilização eficiente do espaço em áreas urbanas densamente povoadas. No entanto, a verticalização também levanta uma série de questões e preocupações que precisam ser abordadas de maneira crítica e informada. A justificativa acadêmica da pesquisa foi a necessidade de contribuir tanto para o conhecimento acadêmico quanto para a prática do planejamento urbano e da arquitetura. Ao fornecer uma análise detalhada e multidisciplinar da verticalização, espera-se que este estudo possa informar políticas públicas, orientar planejadores urbanos e arquitetos, e servir como referência para futuras pesquisas na área.

Utilizou-se da metodologia de revisão bibliográfica para fundamentar a pesquisa com resultados extraídos de dez estudos científicos – com ano de publicação entre 2015 e 2024 ,no idioma português, buscados nas bases de dados do Google Acadêmico e do Scielo, quatro livros e três legislações. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, natureza básica, objetivos descritivos e procedimento bibliográfico.

O desenvolvimento da pesquisa encontra-se estruturado em uma seção e quatro subseções, as quais discorrem sobre o desenvolvimento territorial brasileiro, as políticas territoriais nacionais, às necessidades sociais e a correlação entre o ordenamento territorial e os conflitos sociais existentes na atual sociedade. Na seção subsequente ao desenvolvimento, dispõe-se das considerações finais da pesquisa, onde será emitida a resposta encontrada para o problema de investigação, retomando aos principais resultados para demonstrar o atendimento aos objetivos de pesquisa.

VERTICALIZAÇÃO NO CONTEXTO URBANO E PERIFÉRICO DA CIDADE: ASPECTOS GERAIS

O processo de verticalização de grandes edifícios no meio urbano e periferias é fenômeno que remonta aos primórdios da civilização humana, mas seu desenvolvimento moderno ganhou impulso significativo no final do século XIX e início do século XX. Antes desse período, as cidades eram predominantemente compostas por estruturas baixas e dispersas, refletindo as limitações tecnológicas e as necessidades de espaço para acomodar a população em crescimento (Lomolino et al.,2019).

No entanto, avanços revolucionários na engenharia civil e na arquitetura, como a introdução de estruturas de aço, concreto armado e elevadores, possibilitaram a construção de edifícios mais altos e seguros. Essas inovações abriram caminho para o surgimento dos primeiros arranha-céus em cidades como Nova Iorque, Chicago e Paris, marcando o início de uma nova era na história urbana (Brandão et al.,2020).

De acordo com França e Almeida (2015) a verticalização urbana marca um estágio avançado na ocupação do solo urbano, simbolizando mudanças profundas tanto sociais quanto econômicas. É considerada um ícone da modernidade e representa uma revolução na paisagem urbana. Residir em edifícios altos tornou-se uma ideologia que reflete status social, oferecendo infraestrutura urbana de qualidade, localização privilegiada e um ambiente seguro. Para Maroto (2017) é importante ressaltar que a verticalização não apenas transforma a morfologia e a organização do espaço urbano, mas também implica em mudanças econômicas, culturais e sociais.

Padrões de urbanização são frequentemente observados em várias cidades ao redor do mundo, refletidos na paisagem urbana através de uma variedade de conceitos, planos e projetos urbanísticos (Lomolino et al.,2019). No Brasil, não é diferente, a implementação de modelos como a cidade jardim, cidade industrial, turística, e até mesmo os novos ideais das smart cities, adaptados e aplicados em diferentes contextos. Dentro desses processos, a verticalização emerge como uma estratégia para inserir a cidade em uma dinâmica moderna. No entanto, em muitos casos, essa verticalização não se limita à multiplicação do solo para fins residenciais, assumindo diferentes propósitos e formas de ocupação (Roso; Oliveira; Beuter, 2021).

Na análise geográfica contemporânea, a expansão urbana territorial aborda diversas questões relacionadas ao déficit habitacional, sendo este um dos aspectos mais proeminentes. No entanto, também revela aspectos e configurações de uma cidade empreendedora, voltada para o consumo e a modernidade, além de evidenciar a alta valorização econômica do solo urbano, que por sua vez reflete as lutas de classe e as desigualdades sociais urbanas (Milhomens, 2017).

Dourado e Sobrinho (2020) dizem que um ponto fundamental a ser considerado no crescimento urbano atual é o esgotamento ou a diminuição dos espaços horizontais disponíveis para a produção de moradias, estabelecimentos comerciais, empreendimentos industriais ou outros usos, o que ressalta a necessidade de uma abordagem cuidadosa e sustentável no planejamento urbano.

A verticalização de grandes edificações não se limita apenas as áreas centrais das cidades. Com o tempo, expandiu-se para as periferias, impulsionada pela necessidade de acomodar o rápido crescimento populacional e pela busca por uma melhor utilização do solo. Esse movimento levou a formação de bairros residenciais e comerciais verticalizados, caracterizados por edifícios de múltiplos andares e alturas variadas (Roso; Oliveira; Beuter, 2021).

A evolução da verticalização urbana está intrinsecamente ligada à transformação da paisagem urbana e à redefinição dos padrões de vida nas cidades. Ao longo do século XX e até os dias atuais, testemunhamos o surgimento de ícones arquitetônicos, como o Empire State Building, as Torres Petronas e o Burj Khalifa, que simbolizam o poder econômico e o progresso tecnológico das sociedades urbanas (Santos et al., 2015).

No entanto, essa evolução também trouxe consigo uma série de desafios e questões a serem enfrentados, incluindo a pressão sobre a infraestrutura urbana, a segregação socioespacial e os impactos ambientais negativos. Portanto, entender as origens e a evolução da verticalização urbana é fundamental para contextualizar os debates atuais sobre planejamento urbano, sustentabilidade e qualidade de vida nas cidades modernas (Milhomens, 2017).

A verticalização, quando realizada de maneira desigual, acaba por perpetuar e até intensificar as disparidades socioespaciais, em vez de mitigá-las. Para que os benefícios da verticalização sejam plenamente alcançados, é fundamental que o planejamento urbano integre políticas que assegurem o acesso equitativo a moradias em áreas centrais para todas as camadas da população (Santos et al., 2017). Nesse sentido, implica a criação de habitações acessíveis, a melhoria da infraestrutura nas periferias e a implementação de medidas que promovam a inclusão social e a diversidade nas áreas urbanas mais desenvolvidas.

Segundo Chociai (2023) a verticalização de grandes edificações tem o objetivo de adensar a população em regiões centrais, reduzindo a concentração de residentes nas periferias e aproximando uma parcela maior da população dos postos de trabalho, do consumo de produtos e serviços, e da oferta de transportes e outros serviços públicos. Contudo, quando realizada de forma desigual, a verticalização perpetua e até intensifica as disparidades socioespaciais, em vez de mitigá-las. Para que os benefícios da verticalização de grandes edificações, tanto nos centros urbanos como nas periferias sejam plenamente alcançados, é fundamental que o planejamento urbano integre políticas que assegurem o acesso equitativo a moradias em áreas centrais para todas as camadas da população (Santos et al.,2017).

A transformação trazida pela verticalização de grandes edificações é uma ferramenta eficaz para reduzir as desigualdades e promover uma cidade mais justa e integrada exige um compromisso contínuo e a colaboração entre governos, sociedade civil e setor privado. Apenas com um planejamento urbano inclusivo e equitativo será possível criar um ambiente urbano que beneficie todos os seus habitantes, independentemente de sua origem ou condição socioeconômica (Rapeli, 2023). Sobre, os impactos socioeconômicos da verticalização nas áreas urbana e periferias serão tratados na próxima seção.

IMPACTOS DA VERTICALIZAÇÃO DE GRANDES EDIFICAÇÕES NO MEIO URBANA PERIFERIA : VANTAGENS E DESVANTAGENS

De acordo com França e Almeida (2018) a verticalização de grandes edifícios é caracterizada pela intensa ocupação do solo urbano, simbolizando transformações sociais e econômicas significativas. Esta tendência representa impactos marcantes na paisagem urbana, sendo vista como um símbolo de modernidade. Nesse sentido, a verticalização nos principais centros urbanos, assim como nas periferias é uma realidade quase irreversível, essa propensão deve se manter, acentuadamente, nos próximos anos.

Grandes edificações, isto é, a verticalização apresenta tanto oportunidades quanto desafios para as cidades contemporâneas. Enquanto pode promover o desenvolvimento econômico e revitalizar áreas urbanas, também traz consigo questões sociais complexas que precisam ser cuidadosamente gerenciadas (Mendes; Silva Filho, 2015). O sucesso da verticalização depende de um planejamento urbano integrado que considere tanto os aspectos econômicos quanto os sociais, buscando um equilíbrio que beneficie a todos os moradores da cidade (França; Almeida, 2018).

É indiscutível que a verticalização de grandes edificações é necessária e influencia diretamente no crescimento da cidade em vários aspectos. Todavia, como em qualquer processo de construção existe vantagens quanto desvantagens (Mauá; Pina, 2023). Um das principais vantagens está otimização do uso do solo. Mendes e Siva Filho (2015) analisam que em áreas onde o espaço horizontal é limitado, a verticalização permite uma melhor utilização do solo, permitindo que mais pessoas habitem a mesma área. Desse modo, a verticalização torna-se uma solução prática para acomodar um grande número de pessoas em áreas limitadas, maximizando o uso do solo (Beserra, 2023).

Além dessa questão, Beserra (2023) analisa que o processo de verticalização está ligado à expansão urbana resultante do crescimento populacional de uma cidade. A construção de edifícios altera o espaço urbano, pois exige novas características associadas a esse desenvolvimento.

Para Mendes e Silva Filho (2015) o aumento da densidade populacional como um aspecto positivo, pois a construção de edifícios mais altos nos centros urbanos como nanas periferias ,pode contribuir para aumentar a densidade populacional, o que pode ser benéfico para a economia local, incentivando o comércio e os serviços. Outrossim, é a questão da mobilidade urbana, a verticalização em áreas periféricas corrobora para implantação de uma melhor infraestrutura de transporte público, pois tende a concentrar mais pessoas em áreas que podem ser mais facilmente servidas por linhas de ônibus, metrôs ou outros modos de transporte (França; Almeida, 2018).

Outra vantagem, não mais ou menos importante, está na valorização imobiliária, a construção de edifícios mais altos pode valorizar as propriedades tanto na área urbana urbana como na periférica, tornando-as mais atrativas para investidores e estimulando o desenvolvimento econômico local (Rangel; Santos, 2023).

É importante compreender que a verticalização pode alterar drasticamente a paisagem urbana, especialmente em áreas onde predominava construções de baixa altura. Sendo assim, pode causar impactos visuais negativos e afetar a identidade cultural e visual dessas comunidades (Gresseli, 2020). Rangel e Santos (2023) ressaltam que a verticalização pode alterar sensivelmente a paisagem urbana, especialmente em áreas onde predominavam construções de baixa altura. Nesse sentido, pode causar impactos visuais negativos e afetar a identidade cultural e visual dessas comunidades.

Beserra (2023) afirma que um ponto a ser considerado é a questão da sobrecarga de infraestrutura, ou seja, com o aumento da densidade populacional decorrente da verticalização pode sobrecarregar a infraestrutura existente, incluindo sistemas de transporte, redes de água e esgoto, serviços de saúde e educação. Bem como, o aumento da desigualdade social.

Em alguns casos, a verticalização nas periferias pode levar à segregação socioeconômica, porque com áreas mais altas dominadas por moradores de maior renda, enquanto os residentes de menor renda podem ser empurrados para áreas menos desenvolvidas ou marginalizadas (Branquinho; Sousa, 2023).

Assim, a verticalização nas periferias das cidades pode trazer benefícios significativos, como uma melhor utilização do espaço urbano e o aumento da densidade populacional, mas também apresenta desafios, como impactos visuais negativos, sobrecarga de infraestrutura e possíveis efeitos negativos sobre a coesão social e a equidade urbana (Costa,2023). É importante que o planejamento urbano leve em consideração esses aspectos e busque um equilíbrio entre o crescimento vertical e a qualidade

O processo de verticalização nas cidades envolve a consideração e análise de diversos fatores que influenciam o espaço público urbano. Segundo Costa (2023) alguns desses fatores são mensuráveis, como o aumento do número de pessoas e veículos e as mudanças no microclima local. No entanto, há também aspectos que estão relacionados à percepção humana e são essencialmente qualitativos, como a sensação causada por uma paisagem urbana de amplitude limitada (Soares et al.,2015).

A verticalização das grandes edificações, ao concentrar mais pessoas e atividades em espaços reduzidos, pode alterar significativamente a dinâmica urbana. O aumento da densidade populacional pode resultar em maior demanda por infraestrutura, serviços e transporte, além de impactar diretamente a qualidade de vida dos moradores (França; Almeida, 2018). As mudanças no microclima, como a variação na temperatura e na circulação do ar, também são consequências importantes desse processo, afetando tanto o conforto térmico quanto a saúde pública (Gresseli, 2020).

Por outro lado, os aspectos qualitativos, como a percepção da paisagem urbana, desempenham um papel importante na experiência dos cidadãos. Uma paisagem composta por altos edifícios pode gerar sensações de claustrofobia ou opressão, diminuindo a sensação de bem-estar e conexão com o ambiente. A percepção visual e emocional do espaço urbano é um componente vital que pode influenciar a maneira como os indivíduos interagem com a cidade (Mendes; Silva Filho, 2015).

Segundo França e Almeida (2018) a construção de prédios resulta no adensamento urbano, manifestando-se através do aumento da população, do número de veículos e da circulação nas áreas urbanas. Esse adensamento traz consigo consequências como maiores conflitos entre pedestres em áreas de lazer, jardins e calçadas, além de contribuir para a maior concentração de dióxido de carbono, poeira e material particulado em suspensão (Soares et al.,2015).

Outrossim é que a verticalização pode sobrecarregar a infraestrutura urbana, levando à saturação de serviços como água, esgoto e energia (Soares et al.,2015). Além disso, contribui para a impermeabilização do solo, aumentando o risco de enchentes e reduzindo a capacidade de absorção da água da chuva. A maior área exposta de concreto e asfalto intensifica o fenômeno das ilhas de calor, elevando a temperatura urbana e impactando o microclima local.

Costa (2023) por outro lado, discute tanto os aspectos positivos quanto os negativos da verticalização. Entre os pontos positivos, destacam-se a otimização e o uso eficiente do solo, a racionalização dos custos de habitação, a minimização das distâncias percorridas e o aumento da segurança. Essas vantagens refletem a capacidade da verticalização de tornar as áreas urbanas mais funcionais e acessíveis, oferecendo soluções práticas para o crescimento populacional (Branquinho; Sousa, 2023).

Nas áreas centrais das cidades, a verticalização é geralmente associada a vantagens como a proximidade de postos de trabalho, serviços, comércio e transporte público. Santos et al. (2015) chama atenção para o adensamento populacional, ou seja, a concentração de mais pessoas em espaços reduzidos, o que pode diminuir a pressão sobre as áreas periféricas. Magrini (2024) aponta que as grandes edificações corroboram para racionalização dos custos, pois reduzindo as despesas com transporte e infraestrutura, já que os moradores têm acesso facilitado a diversas comodidades. Sem falar na segurança, áreas mais densamente povoadas tendem a ser mais seguras devido à maior presença de pessoas e serviços de vigilância.

A verticalização urbana é um fenômeno intensamente influenciado também pelos promotores imobiliários, que, através da especulação imobiliária, elevam os valores de terrenos em áreas centrais. Essa valorização não decorre apenas da localização privilegiada, mas também da escassez desses terrenos em locais estratégicos. A alta demanda por áreas centrais impulsiona a necessidade de otimizar o uso do solo disponível, resultando na multiplicação de terras através da construção de edifícios verticais (Soares et a.,2015).

De acordo com Magrini (2024) essa prática permite que uma única parcela de terra acomoda diversas unidades habitacionais, aproveitando o espaço de forma mais eficiente e atendendo à crescente demanda por moradia em áreas urbanas privilegiadas. Dessa maneira, a verticalização se torna uma solução para a escassez de terrenos e a valorização imobiliária, promovendo o adensamento populacional em regiões centrais e otimizando o uso do espaço urbano. A verticalização gera impactos socioambientais que serão abordados na próxima seção.

VERTICALIZAÇÃO E IMPACTOS AMBIENTAIS

O processo de urbanização no mundo contemporâneo, marcado pela intensificação dos papéis urbanos sob o industrialismo e pelas novas formas de produção e consumo na cidade, tem aprofundado as contradições entre o ambiental e o social nos espaços urbanos. Nesse sentido, a crescente urbanização, impulsionada pela busca incessante de desenvolvimento econômico e pela transformação das cidades em centros de consumo e produção, gera significativos impactos ambientais, como a poluição e a degradação dos recursos naturais (Antocheviz;Gregoletto, 2021).

Ao mesmo tempo, intensifica desigualdades sociais, evidenciadas pela segregação socioespacial, pela precariedade habitacional e pelo acesso desigual aos serviços urbanos (França; Almeida, 2018). Essa dualidade reflete a complexa relação entre o desenvolvimento urbano e a sustentabilidade. Para Antocheviz e Gregoletto (2021) a expansão das cidades, muitas vezes desordenada, compromete áreas verdes e ecossistemas, enquanto a pressão por moradia acessível e infraestrutura adequada intensifica os desafios sociais. Assim, a urbanização contemporânea exige um equilíbrio delicado entre crescimento econômico, justiça social e conservação ambiental, destacando a necessidade de políticas públicas que promovam uma urbanização mais inclusiva e sustentável (Borelli, 2017).

Os impactos ambientais podem ocorrer de forma direta ou indireta. Conforme a Resolução nº 001/86 do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente, qualquer alteração de ordem física, química ou biológica do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, e a qualidade dos recursos naturais é classificada como impacto ambiental (Lima, 2022).

A verticalização é uma questão de gosto e estética, mas, mais do que isso, é uma questão de funcionalidade que passa necessariamente pela organicidade do espaço urbano. Além de transformar o skyline das cidades e influenciar as percepções visuais e culturais dos habitantes, a verticalização responde a necessidades práticas. Assim , ela otimiza o uso do solo em áreas densamente povoadas, permitindo a acomodação de um maior número de pessoas e atividades em espaços limitados (Teixeira, 2021).

Souza et al.(2023) compreendem que a funcionalidade é importante para a organização eficiente do espaço urbano, promovendo a proximidade entre moradia, trabalho e serviços, e contribuindo para a redução de deslocamentos longos e congestionamentos. Assim, a verticalização, quando bem planejada, pode fortalecer a coesão e a dinâmica urbana, integrando diferentes aspectos da vida urbana de maneira harmoniosa e sustentável (Borelli, 2017).

Mendes e Silva Filho (2015) afirmam que como impactos negativos da verticalização a sobrecarga na infraestrutura, a impermeabilização dos solos e o aumento da área exposta a radiação, gerando ilhas de calor. A sobrecarga na infraestrutura urbana pode resultar em problemas no abastecimento de água, energia e no saneamento básico, além de aumentar o tráfego e a poluição. A impermeabilização dos solos reduz a capacidade de absorção da água da chuva, aumentando o risco de enchentes e prejudicando o ciclo hidrológico natural.

Outro fator que vale ser observado é o efeito de sombreamento causado pelas edificações altas que diminui a insolação em áreas próximas, o que pode favorecer a proliferação de fungos e aumentar a incidência de doenças respiratórias devido à maior umidade e menor exposição ao sol (Queiroz, 2018). Esses fatores destacam a necessidade de um planejamento urbano cuidadoso, que leve em consideração tanto os benefícios quanto os desafios da verticalização, buscando soluções que mitiguem seus impactos negativos e promovam uma qualidade de vida sustentável nas cidades ( Teixeira, 2021).

A crescente construção de edifícios altos altera padrões de ventilação e sombreamento, impactando o microclima urbano. Ecologicamente, pode levar à redução de áreas verdes e habitats naturais. Politicamente, pode intensificar disputas por terrenos e influenciar políticas urbanas. Os aspectos físico-biológicos incluem alterações na saúde pública devido à densidade populacional e qualidade do ar (Borelli, 2017). Eticamente, levanta questões sobre justiça social e acesso equitativo a recursos e espaços. Psicologicamente, a verticalização pode afetar o bem-estar e a percepção de espaço dos moradores, influenciando sentimentos de confinamento ou anonimato na vida urbana (Soares et a.,2015).

Como impactos sociais da verticalização, observa-se que os trabalhadores de obras grande normalmente buscam se fixar na cidade. A falta de alternativas habitacionais adequadas, esses trabalhadores frequentemente acabam aumentando o contingente de favelas, ocupações irregulares e invasões de áreas públicas, privadas e de preservação ambiental. Essa dinâmica intensifica os problemas de habitação precária, falta de infraestrutura básica e degradação ambiental (Borelli, 2017). Assim, a verticalização, se não for bem planejada, pode levar a uma desconexão entre os moradores e seu entorno, diminuindo a qualidade das experiências urbanas e a relação das pessoas com a cidade. É fundamental que o planejamento urbano equilibre a necessidade de densificação com a preservação de espaços abertos, vistas naturais e a qualidade ambiental.

CONCLUSÃO

A pesquisa levantou resultados que foram suficientes e importantes para responder a pergunta norteadora, bem como, alcançou os objetivos geral e específicos. Dessa forma foi possível constatar que a verticalização de grandes edificações é impulsionada por uma variedade de fatores que refletem as características e necessidades específicas de contextos urbanos e periféricos.

Nos centros urbanos, a escassez de terrenos, o crescimento populacional, o desenvolvimento econômico e as políticas urbanas são os principais impulsionadores. Nas periferias, a expansão urbana, a melhoria da infraestrutura, programas de habitação, incentivos econômicos e a criação de pólos industriais e comerciais são determinantes. Em ambos os contextos, avanços tecnológicos, sustentabilidade e segurança são fatores comuns que promovem a construção de edifícios altos.

Viu-se também que a verticalização de edificações possui um impacto multidimensional, com efeitos econômicos, sociais e ambientais que podem ser tanto benéficos quanto prejudiciais. Do ponto de vista econômico, ela pode estimular o desenvolvimento e aumentar o valor imobiliário, mas também pode acentuar a desigualdade. Socialmente, pode melhorar a oferta de serviços e a coesão comunitária, ao mesmo tempo que pode causar deslocamento de comunidades e segregação espacial.

Ambientalmente, pode ajudar a conter a expansão urbana e melhorar a eficiência energética, mas também pode colocar pressão sobre recursos naturais e infraestrutura local. Logo, a gestão cuidadosa e a implementação de políticas públicas adequadas são essenciais para maximizar os benefícios e mitigar os impactos negativos da verticalização.

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¹Autor do artigo científico. E-mail:edu.arq@outlook.com