TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA E RESPOSTA AOS TRATAMENTOS COM TOXINA BOTULÍNICA TIPO A: INVESTIGAÇÃO CLÍNICA PARA MELHORIA DOS RESULTADOS

IMMUNE TOLERANCE AND RESPONSE TO TREATMENTS WITH BOTULINUM TOXIN TYPE A: CLINICAL INVESTIGATION TO IMPROVE RESULTS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202508111300


Riceli de Carvalho Fagundes1
Vitor Hugo dos Santos2
Henrique José do Nascimento3


RESUMO

A toxina botulínica – Botulinum Neurotoxin (BoNT) é amplamente utilizada para fins estéticos, visando a redução de rugas e linhas de expressão facial por meio de injeções nos músculos-alvo. Seus efeitos são temporários, com duração de três a seis meses, tornando necessárias novas aplicações para a manutenção dos resultados. Embora o uso de BoNT seja considerado seguro e eficaz, a administração repetida pode levar à formação de anticorpos neutralizantes, comprometendo a eficácia do tratamento. Este estudo clínico observacional avaliou 50 pacientes (11 homens e 39 mulheres), com idades entre 25 e 65 anos, para analisar a eficácia da toxina botulínica tipo A (Botulift®) na musculatura facial. O procedimento foi realizado por um cirurgião-dentista qualificado, com avaliações de revisão aos 15 dias e três meses após a aplicação. Os resultados demonstraram que 90% dos pacientes perceberam paralisia muscular dentro de 72 horas após a aplicação. Durante as consultas de revisão, 22% necessitaram de uma dose complementar, limitada a um máximo de 10 unidades internacionais (UI). O retorno gradual da função muscular variou entre os pacientes: 23% relataram recuperação a partir de dois meses, 72% após três meses e 5% mantiveram a redução da força muscular por mais de seis meses. Além disso, 6 pacientes apresentaram diminuição do tempo de ação da toxina e foram tratados com a administração de fitase + zinco, resultando em melhora na resposta clínica em cinco deles. Conclui-se que a aplicação de BoNT é uma opção eficaz e bem tolerada para a paralisia da musculatura facial, porém a variação na duração dos efeitos sugere a necessidade de novos estudos para aprimorar a compreensão da persistência dos resultados e otimizar a eficácia do tratamento.

Palavras-chave: Toxina Botulínica Tipo A, Imunogenicidade, Estética, Rugas.

ABSTRACT

Botulinum Neurotoxin (BoNT) is widely used for aesthetic purposes, aiming to reduce wrinkles and facial expression lines through targeted muscle injections. Its effects are temporary, lasting three to six months, requiring new sessions to maintain the results. Although BoNT is considered safe and effective, repeated administration can lead to the formation of neutralizing antibodies, potentially compromising treatment efficacy. This observational clinical study evaluated 50 patients (11 men and 39 women), aged 25 to 65 years, to analyze the effectiveness of botulinum toxin type A (Botulift®) on facial muscles. The procedure was performed by a qualified dental surgeon, with follow-up assessments at 15 days and three months post-application. Results showed that 90% of patients experienced muscle paralysis within 72 hours after the injection. During follow-up visits, 22% required a complementary dose, limited to a maximum of 10 international units (IU). The gradual return of muscle function varied among patients: 23% reported recovery after two months, 72% after three months, and 5% maintained reduced muscle strength for more than six months. Additionally, six patients showed a reduced duration of BoNT effects and were treated with phytase + zinc supplementation, which improved clinical response in five of them. It is concluded that BoNT application is an effective and well-tolerated option for facial muscle paralysis. However, the variation in the duration of effects highlights the need for further studies to better understand result persistence and optimize treatment efficacy.

Keywords: Botulinum Toxin Type A, Immunogenicity, Aesthetics, Wrinkles.

RESUMEN

La toxina botulínica – Botulinum Neurotoxin (BoNT) se utiliza ampliamente con fines estéticos, con el objetivo de reducir las arrugas y líneas de expresión facial mediante inyecciones en los músculos objetivo. Sus efectos son temporales, con una duración de tres a seis meses, lo que requiere nuevas aplicaciones para mantener los resultados. Aunque el uso de BoNT se considera seguro y eficaz, la administración repetida puede provocar la formación de anticuerpos neutralizantes, comprometiendo la efectividad del tratamiento. Este estudio clínico observacional evaluó a 50 pacientes (11 hombres y 39 mujeres) de entre 25 y 65 años para analizar la eficacia de la toxina botulínica tipo A (Botulift®) en la musculatura facial. El procedimiento fue realizado por un cirujano dentista calificado, con evaluaciones de seguimiento a los 15 días y tres meses después de la aplicación. Los resultados mostraron que el 90% de los pacientes experimentó parálisis muscular dentro de las 72 horas posteriores a la inyección. Durante las consultas de revisión, el 22% requirió una dosis complementaria, limitada a un máximo de 10 unidades internacionales (UI). El retorno gradual de la función muscular varió entre los pacientes: el 23% informó recuperación después de dos meses, el 72% después de tres meses y el 5% mantuvo la reducción de la fuerza muscular durante más de seis meses. Además, seis pacientes presentaron una reducción en la duración de los efectos de BoNT y fueron tratados con suplementación de fitasa + zinc, lo que mejoró la respuesta clínica en cinco de ellos. Se concluye que la aplicación de BoNT es una opción eficaz y bien tolerada para la parálisis de la musculatura facial. Sin embargo, la variabilidad en la duración de los efectos resalta la necesidad de más estudios para comprender mejor la persistencia de los resultados y optimizar la efectividad del tratamiento.

Palabras-clave: Toxina Botulínica Tipo A, Inmunogenicidad, Estética, Arrugas.

1. INTRODUÇÃO

A toxina botulínica (BoNT), comumente conhecida pelo nome comercial Botox®, tem sido amplamente utilizada para fins estéticos, especialmente na redução de rugas dinâmicas e linhas de expressão facial. Seu mecanismo de ação envolve o bloqueio da liberação de acetilcolina nas terminações nervosas, impedindo a contração muscular e promovendo uma aparência mais suave e rejuvenescida. Esse efeito é particularmente útil em áreas como a testa, a glabela e os ao redor dos olhos. Seu uso em dermatologia estética cresceu exponencialmente nas últimas décadas, tornando-se um dos procedimentos minimamente invasivos mais populares em clínicas especializadas (DOVER et al., 2018). O procedimento consiste na aplicação de pequenas injeções diretamente nos músculos-alvo, utilizando seringas de baixa gramatura para garantir precisão e minimizar desconforto. A quantidade de toxina utilizada varia de acordo com a área tratada e a necessidade do paciente, sendo que profissionais experientes conseguem personalizar a dose para evitar efeitos adversos, como a paralisia excessiva da musculatura facial. Os efeitos da toxina botulínica são temporários, durando geralmente entre três a seis meses, o que torna necessárias novas aplicações para a manutenção dos resultados desejados (HEFTER et al., 2012). É importante destacar que a periodicidade da aplicação deve respeitar um intervalo mínimo recomendado, pois o uso excessivo pode aumentar a resistência do organismo à toxina. Pacientes que utilizam a BoNT por longos períodos podem desenvolver estratégias para prolongar sua eficácia, como ajustes na dosagem e no espaçamento das aplicações. Quando administrada por profissionais qualificados, a BoNT é considerada segura e eficaz, sendo uma alternativa não cirúrgica amplamente aceita para tratamentos estéticos faciais. No entanto, erros na técnica de aplicação podem levar a resultados indesejados, como assimetria facial, ptose palpebral ou um efeito congelado, que compromete a expressão natural do rosto (DE SOUSA, 2022). Por isso, é essencial que os profissionais realizem um mapeamento cuidadoso da musculatura antes da aplicação, garantindo que a substância seja injetada nos pontos corretos. Além disso, a qualidade do produto utilizado influencia diretamente nos resultados, pois diferentes formulações podem apresentar variações na potência e na durabilidade dos efeitos.  Ademais, novas formulações da toxina, desenvolvidas com tecnologia avançada, apresentam proteínas mais purificadas, o que reduz significativamente a chance de indução imunológica (CARR et al., 2021). A eficácia da toxina botulínica pode variar de acordo com diversos fatores, incluindo a massa muscular do paciente, a técnica de aplicação e o tipo de formulação utilizada. Indivíduos com maior volume muscular na face, como homens ou atletas, tendem a necessitar de doses mais elevadas para obter os mesmos resultados observados em pacientes com musculatura menos desenvolvida. Bem como, a precisão na escolha dos músculos-alvo é crucial para garantir um efeito natural e harmonioso, evitando paralisia excessiva ou insuficiente. Profissionais experientes realizam um mapeamento anatômico detalhado antes do procedimento, levando em consideração características individuais do rosto e a movimentação natural da expressão facial (FILHO et al., 2023). Além das características fisiológicas individuais, o estilo de vida do paciente também pode influenciar diretamente na durabilidade dos efeitos da BoNT. Estudos indicam que a prática regular de atividade física intensa pode acelerar a metabolização da toxina, reduzindo sua efetividade e exigindo reaplicações mais frequentes. Isso ocorre porque o aumento da circulação sanguínea nos músculos tratados pode facilitar a eliminação da substância pelo organismo. Outros hábitos, como o consumo excessivo de bebidas com cafeína, podem impactar o metabolismo geral e, consequentemente, diminuir o tempo de ação da toxina. O uso concomitante de certos medicamentos, como antibióticos aminoglicosídeos e bloqueadores neuromusculares, pode potencializar ou reduzir os efeitos da toxina, tornando essencial uma avaliação criteriosa do histórico clínico do paciente antes da aplicação (CAMPOS; MIRANDA, 2021). Pesquisas recentes indicam que a suplementação com fitase e zinco pode auxiliar na potencialização e prolongamento dos efeitos da BoNT, reduzindo o impacto da resposta imunológica e melhorando a absorção da toxina pelas terminações nervosas. O zinco desempenha um papel fundamental no metabolismo dos neurotransmissores e pode atuar como um cofator na ligação da toxina à membrana celular, aumentando sua eficácia. Já a fitase, uma enzima que melhora a biodisponibilidade de minerais no organismo, pode contribuir para a absorção adequada do zinco, potencializando seus benefícios (SOUZA GCA ,2024). A diversidade de formulações disponíveis no mercado, as variações individuais na resposta ao tratamento e os fatores externos que influenciam a metabolização da toxina tornam essencial a realização de estudos adicionais para padronizar protocolos e otimizar os resultados. A evolução da pesquisa nessa área deve continuar fornecendo insights valiosos para aprimorar os tratamentos disponíveis, garantindo maior previsibilidade nos resultados e satisfação dos pacientes que buscam esse tipo de intervenção (LOPES et al., 2023).

O presente estudo irá verificar com uma abordagem cuidadosa quais problemas são comumente enfrentados para garantir resultados satisfatórios no uso da toxina botulínica para tratamentos estéticos e terapêuticos. Irá propor como hipóteses da não-eficácia tanto em relação ao efeito esperado quanto à sua permanência no organismo do paciente. Objetivando verificar o índice de não-efetividade da BoNT relacionado à imunogenicidade: Investigar quais os mecanismos de ação que ativam a imunogenicidade do organismo em relação à BoNT e examinar as variações na resposta imune entre diferentes grupos submetidos ao tratamento estético-terapêutico com o emprego da BoNT.

2. METODOLOGIA

O estudo incluiu 50 pacientes, com idades variando de 25 a 65 anos, sendo 39 mulheres e 11 homens. Na cidade de Volta Redonda/ Rio de Janeiro . O objetivo foi avaliar a eficácia da toxina botulínica tipo A (Botulift®) na musculatura facial. A seleção dos pacientes foi realizada por convite, com 74 convidados, sendo que 50 aceitaram e forneceram consentimento informado, conforme o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os critérios de inclusão foram pacientes que buscavam tratamento estético com toxina botulínica. Os critérios de exclusão envolveram pacientes com histórico de reações adversas à toxina ou condições médicas que contra indicariam o uso da substância. A toxina botulínica tipo A (Botulift®) foi reconstituída conforme as instruções da bula, utilizando solução salina estéril. Após a reconstituição, a toxina foi armazenada entre 2°C e 8°C, seguindo as recomendações do fabricante, e foi utilizada dentro do prazo de validade. A aplicação foi realizada de forma dose-dependente, com uma dose mínima de 50 unidades internacionais (UI), sendo que a média aplicada foi de 100 UI por paciente. As áreas de aplicação foram o músculo prócero, o músculo corrugador do supercílio, o músculo frontal, o músculo orbicular dos olhos, e o músculo nasal, com foco no terço superior facial. A administração foi realizada por um profissional qualificado, utilizando técnica precisa para garantir eficácia e segurança. Após a aplicação, foi realizada uma consulta de revisão após 15 dias para avaliação do efeito máximo e das assimetrias, e uma segunda revisão após 3 meses para avaliar a força de contração muscular. A avaliação da tolerância imunológica seguiu os seguintes critérios: Reações adversas cutâneas e sistêmicas, Avaliação clínica da eficácia através da reavaliação dos sintomas, Histórico de tratamento e duração, Preparação da toxina, Histórico e predisposição imunológica do paciente.   O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Centro Universitário de Volta Redonda/ Fundação Oswaldo Aranha – UNIFOA, sob o CAAE nº 79897324.5.0000.5237 e o parecer nº 6.881.632.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o procedimento de aplicação de toxina botulínica tipo A (Botulift ®), os pacientes relataram um nível de dor variando entre 1 e 3 na escala de 1 a 10. Esse intervalo de dor é indicativo de um desconforto leve a moderado, sugerindo que a aplicação foi geralmente bem tolerada pelos pacientes, sendo um indicativo de que o procedimento é relativamente confortável, o que é uma consideração importante para a aceitação e satisfação geral dos pacientes com o tratamento estético (Rahman; Carruthers, 2024). Em relação aos efeitos adversos observados durante o estudo, cinco pacientes relataram cefaleia leve após a aplicação da toxina botulínica. É relevante notar que essa cefaleia foi descrita como leve e não exigiu tratamento medicamentoso adicional. Isso sugere que, apesar da ocorrência de efeitos colaterais, eles foram relativamente benignos e não interferiram significativamente na experiência geral dos pacientes. A ausência de necessidade de intervenção adicional para a cefaleia é um aspecto positivo, pois indica que os efeitos adversos foram gerenciáveis e não comprometeram a segurança e a eficácia do tratamento. Essa observação é crucial para a avaliação da segurança do procedimento, pois mostra que os efeitos adversos associados são raros e de baixa severidade, o que é um bom indicativo da profilaxia e do gerenciamento eficaz dos efeitos colaterais (Viggiani; Sabec-Pereira, 2023). A análise dos resultados demonstrou que 90% dos pacientes notaram o início da paralisia da musculatura facial dentro de 72 horas após a aplicação da toxina botulínica. Esse resultado é de grande importância, pois revela que a toxina botulínica tipo A tem um início de ação relativamente rápido. Para os pacientes que buscam resultados estéticos de forma eficiente e em um período relativamente curto, a rápida manifestação dos efeitos desejados é uma vantagem significativa. A eficácia do tratamento em iniciar a paralisia muscular rapidamente pode contribuir para uma alta taxa de satisfação dos pacientes, que podem perceber e aproveitar os resultados do tratamento em um tempo mais breve (Rahman; Carruthers, 2024). Após a aplicação, foram realizadas consultas de revisão 15 dias depois para verificar a simetria da contração muscular. Durante essas consultas, 18% dos pacientes necessitaram de uma dose complementar pontual, com um máximo de 10 unidades internacionais. A necessidade de doses complementares é uma resposta esperada devido às variabilidades individuais na resposta ao tratamento. A baixa porcentagem de pacientes que precisaram de ajuste adicional sugere que, na maioria dos casos, a dose inicial foi suficiente para alcançar os resultados desejados, e apenas um pequeno número de pacientes apresentou necessidade de correção adicional (Rangel; Araújo; Silva, 2023). O retorno gradual do movimento muscular foi observado em uma parte dos pacientes: 23% relataram o retorno da função muscular a partir de 2 meses após a aplicação, 72% após 3 meses, e 5% apresentaram uma redução da força de contração muscular por mais de 6 meses. Esses dados indicam que a duração da eficácia da toxina botulínica pode variar entre os pacientes. Enquanto a maioria dos pacientes mantém os efeitos do tratamento por aproximadamente 3 meses, alguns indivíduos podem experimentar um retorno gradual da função muscular antes desse período ou uma persistência na redução da força muscular por um período mais longo. A variação na duração dos efeitos sugere que a resposta ao tratamento é individual e que a eficácia da toxina botulínica pode ser influenciada por fatores específicos de cada paciente. Esses resultados reforçam a necessidade de personalização do tratamento e acompanhamento contínuo para otimizar os resultados e gerenciar as expectativas dos pacientes de forma eficaz (Souza, 2024). Os resultados obtidos no estudo evidenciam a eficácia da aplicação de toxina botulínica tipo A (Botulift ®) na paralisia da musculatura facial, refletida na alta taxa de sucesso observada. A eficácia do tratamento foi confirmada por 90% dos pacientes, que notaram o início da paralisia muscular dentro de 72 horas após a aplicação. Esse dado é significativo, pois indica que a toxina botulínica tipo A atua rapidamente, proporcionando resultados estéticos de forma eficiente. O início precoce da paralisia é um indicador positivo para os pacientes que buscam resultados visíveis em um curto período, o que pode aumentar a satisfação com o tratamento. Dentre os pacientes, cinco foram selecionados para a utilização da medicação oral pré-aplicação da BoNT (fitase + zinco). Entre os cinco, quatro apresentaram melhora da resposta e duração da toxina, enquanto 1 paciente apresentou resistência à toxina e não se beneficiou da medicação oral pré-aplicação (Viggiani; Sabec-Pereira, 2023; Rangel; Araújo; Silva, 2023). A análise da necessidade de doses complementares revelou que apenas 18% dos pacientes necessitaram de ajustes adicionais. Essa baixa taxa de necessidade de doses complementares sugere que a dose inicial da toxina botulínica foi suficiente para a maioria dos pacientes, e que o tratamento é geralmente eficaz e duradouro. No entanto, a necessidade de ajustes em uma pequena parcela dos pacientes pode ser atribuída a variabilidades individuais na resposta ao tratamento. A manutenção da eficácia por 3 meses para a maioria dos pacientes reforça a durabilidade do tratamento, embora a resposta individual possa variar (Rahman; Carruthers, 2024). Enquanto a maioria dos pacientes mantém os efeitos desejados por 3 meses, alguns podem experimentar um retorno da função muscular antes desse período. Essa variação sugere que a resposta ao tratamento pode ser influenciada por fatores individuais, como características fisiológicas e metabolismo do paciente. Essas observações sublinham a importância de ajustar as expectativas dos pacientes quanto à duração dos efeitos e considerar a possibilidade de tratamentos de manutenção para otimizar os resultados (Souza, 2024; Viggiani; Sabec-Pereira, 2023).

Tabela 1: Resultados do Estudo de Toxina Botulínica Tipo A (Botulift®) – Efeitos e Duração

ResultadoValorObservações
Nível de dor durante a aplicação (escala 1-10)1 a 3Indicação de desconforto leve a moderado
Relato de cefaleia leve após aplicação5 pacientesCefaleia não exigiu tratamento medicamentoso adicional
Início da paralisia muscular após aplicação90% dos pacientes (dentro de 72h)Indicação de ação rápida da toxina botulínica
Necessidade de doses complementares (15 dias após)18% dos pacientesAjustes pontuais com até 10 unidades internacionais
Retorno gradual da função muscular (2 a 3 meses)23% aos 2 meses, 72% aos 3 meses5% apresentaram redução prolongada da função muscular
Duração da eficácia (média)3 meses para 72% dos pacientesAlgumas variações individuais, 5% com duração maior

Fonte: Autoria própria (2025)

Ressalta-se ainda a ocorrência de um caso específico dentro da amostra estudada, em que um dos pacientes apresentava histórico prévio de resistência à toxina botulínica. Este paciente necessitou de uma reavaliação clínica após 21 dias da aplicação inicial, em função do retorno precoce da movimentação do músculo frontal, mesmo tendo recebido a dose de reforço conforme protocolo. Tal situação reforça a hipótese de uma resposta imunogênica já estabelecida, uma vez que o retorno da contração muscular ocorreu antes do período usual de eficácia esperado. Seguindo as recomendações de intervalo mínimo entre as aplicações, respeitou-se o período de quatro meses antes de realizar nova intervenção. Na ocasião, procedeu-se ao uso de medicação adjuvante prévia à nova aplicação de toxina botulínica. Ainda assim, observou-se a manutenção da resistência, sem melhora clínica do resultado, evidenciando a persistência do quadro de imunogenicidade e a ineficácia da toxina naquele paciente. A compreensão desses resultados é essencial para a prática clínica e para a formulação de recomendações para futuros tratamentos. Os dados obtidos ressaltam a eficácia da toxina botulínica tipo A na paralisia facial, ao mesmo tempo que indicam a necessidade de consideração de variabilidades individuais na resposta ao tratamento. A capacidade do procedimento de oferecer resultados rápidos e eficazes, juntamente com a tolerância ao tratamento e a gestão eficaz dos efeitos adversos, sublinha o potencial da toxina botulínica como uma opção viável e segura para tratamentos estéticos faciais. No entanto, as variações na duração dos efeitos e a necessidade de ajustes adicionais indicam que a personalização do tratamento e o acompanhamento contínuo são fundamentais para maximizar a satisfação e os resultados para cada paciente. Essas informações são cruciais para informar os pacientes e os profissionais de saúde sobre o perfil de segurança do tratamento, ajudando a garantir que as expectativas sejam geridas de forma realista e que a experiência do paciente seja otimizada. As futuras pesquisas poderão explorar mais a fundo os fatores que influenciam a duração dos efeitos e a eficácia a longo prazo, contribuindo para o aprimoramento das estratégias de tratamento e gerenciamento de efeitos colaterais (Rahman; Carruthers, 2024).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aplicação de toxina botulínica tipo A (Botulift®) demonstrou ser uma opção eficaz e bem tolerada para a paralisia da musculatura facial, com baixos níveis de dor e efeitos colaterais mínimos. A eficácia do tratamento foi observada por até 3 meses na maioria dos pacientes, evidenciando que a toxina botulínica proporciona resultados estéticos satisfatórios em um prazo relativamente curto. A introdução da suplementação com fitase + zinco, administrada antes da aplicação, foi analisada em uma subamostra de pacientes, com alguns mostrando uma resposta positiva à toxina botulínica, indicando um possível efeito prolongado. A conformidade com as diretrizes de reconstituição e armazenamento da toxina botulínica foi crucial para garantir a eficácia e a segurança do procedimento. A baixa necessidade de doses complementares e a tolerância positiva dos pacientes sustentam a conclusão de que o tratamento com toxina botulínica tipo A é uma opção viável e eficaz para a paralisia facial, proporcionando resultados satisfatórios com um bom perfil de segurança e baixo risco de imunogenicidade.

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1,2,3Centro Universitário de Volta Redonda -UNIFOA.