TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO SOB O PRISMA EDUCACIONAL: PODCASTS E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA BIOLOGIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11167119


Josean Santos Nascimento


RESUMO

A pandemia de Covid-19 acarretou mudanças na sociedade e na educação que foi fortemente impactada com a virtualização do ensino e com a maior inserção tecnológica. Assim, este trabalho objetivou analisar a produção de podcasts como recurso tecnológico e educacional no ensino de Ciências e Biologia em tempos de pandemia na perspectiva de docentes e acadêmicos do Estado de Sergipe e também desenvolver para professores e licenciandos de Ciências e Biologia uma oficina virtual apresentando as possibilidades e aplicabilidades dos podcasts nas aulas remotas. Foi utilizada a metodologia de pesquisa quali-quantitativa e desenvolvida uma oficina sobre produção de podcasts com a participação de 15 graduandos em Ciências Biológicas e dois professores. Na oficina os participantes produziram podcasts que foram avaliados pela técnica de Rubrica quanto a linguagem, oralidade, sonoridade e abordagem do conteúdo. Foram produzidos 17 podcasts, dos quais seis tinham como tema a ecologia. Quanto a linguagem e a oralidade, 53% dos podcasts eram excelentes, na sonoridade 6% dos podcasts eram excelentes e na abordagem do conteúdo 65% eram excelentes. Conclui-se que a oficina Podcasts e o ensino de Ciências e Biologia enfatizou de modo exitoso as potencialidades dos podcasts no processo ensino e aprendizagem das Ciências e Biologia.

Palavras-chave: Docência; Pandemia; Podcasts; Tecnologia.

ABSTRACT

The Covid-19 pandemic has brought about changes in society and education, which have been strongly impacted by the virtualization of teaching and greater technological insertion. Thus, this work aimed to analyze the production of podcasts as a technological and educational resource in the teaching of Science and Biology in times of pandemic from the perspective of teachers and academics in the State of Sergipe and also to develop a virtual workshop for teachers and undergraduate students of Science and Biology presenting the possibilities and applicability of podcasts in remote classes. The qualitative-quantitative research methodology was used and a workshop on the production of podcasts was developed with the participation of 15 undergraduate students in Biological Sciences and two professors. In the workshop, participants produced podcasts that were evaluated by the Rubric technique regarding language, orality, sound and content approach. 17 podcasts were produced, of which six had ecology as their theme. As for language and orality, 53% of the podcasts were excellent, in terms of sound 6% of the podcasts were excellent and in the approach to content 65% were excellent. It is concluded that the Podcasts workshop and the teaching of Science and Biology successfully emphasized the potential of podcasts in the teaching and learning process of Science and Biology.

Keywords: Teaching; Pandemic; podcasts; Technology.

INTRODUÇÃO

Ensino remoto, pandemia, COVID-19, termos que decerto rondaram o ideário mundial durante o ano de 2020 e de 2021. Diante de imensuráveis modificações na vida em sociedade, que necessitou do isolamento em seus lares para a diminuição da cadeia de transmissão do SARS-CoV-2, um dos âmbitos vigorosamente impactados foi o educacional, dessa maneira, os professores tiveram que transformar drasticamente suas práxis pedagógicas de modo a adaptar ao ensino remoto postulado pelos órgãos normativos. Assim, ficou notória a imprescindibilidade das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) para a educação.

As TDICs estão presentes no cotidiano do alunato e até então vinham sendo renegadas como elemento constituinte das atividades escolares em decorrência da baixa aplicabilidade da modernização educacional que promove como uma consequência a falta de professores detentores de habilidades digitais. Assim, o ensino remoto requisitado pelo isolamento social no ínterim pandêmico propiciou a reinvenção dos docentes e, portanto, desvelou desafios ao uso exequível das TDICs na educação, mas também inúmeras possibilidades diversificadas de sua aplicabilidade no ensino de Ciências e Biologia e a importância do conhecimento acerca das tecnologias educacionais do século XXI (NASCIMENTO; BENEDETTI; SANTOS, 2020).

Os profissionais da educação abruptamente foram inseridos no mundo virtual e diante da inquietude de pais e alunos por uma educação de qualidade precisaram aprender e reaprender a labuta docente e se deparar com colegas de trabalho que não conseguiram dar continuidade a seu trabalho em virtude da não adaptação ao virtual ou pela ausência de conexão à internet (OLIVEIRA; SILVA; SILVA, 2020).

Os docentes da educação básica, sobretudo de instituições públicas, com a virtualização das aulas foram confrontados por diversas problemáticas educacionais já existentes, mas que foram descortinadas pela pandemia, como a falta de acesso à internet pelos discentes, a ausência de recursos e capacitação tecnológica de professores, etc (SOUZA; MIRANDA, 2020).

Assim, ante ao perceptível mundo tecnológico que os educandos estão inseridos mesmo que ainda de forma não integral e da viabilidade significativa das TDICs na educação, a presente pesquisa é justificada pela indispensabilidade da promoção de meios de capacitação docente para o uso das TDICs em suas aulas, especialmente os podcasts, bem como, por seu caráter inovador de propiciar aos órgãos públicos e a futuras pesquisas dados que podem balizar ações de formação continuada para professores de escolas públicas e privadas e para alunos de graduação.

O podcast, em tempos em que a tecnologia permeia as relações sociais, tem recebido notoriedade perante o meio social e educacional acarretando novas perspectivas acerca da escuta e da produção midiática, na medida em que possibilita o acesso de arquivos de áudio nos meios digitais e apresenta fácil acessibilidade (PINTO; LIMA, 2020).

A palavra “Podcast” foi desenvolvida por Cury em 2004 a partir da abreviação dos termos “publico on demand” e “Broadcast”, em tradução literal para a língua portuguesa: “transmissor” e “distribuidor de dados” (SOARES, 2017).

Desse modo, para Freire (2013, p. 42), “o podcast consiste em um modo de produção/disseminação livre de programas distribuídos sob demanda e focados na reprodução de oralidade, também podendo veicular músicas/sons”.

Instrumentos contributivos da aprendizagem dos alunos vêm despontando na educação contemporânea, dessa maneira, os podcasts além da capacidade de facilitar a relação professor-aluno, apresentam grande acessibilidade, requisitando apenas de smartphones ou computadores para sua reprodução (MEIRA; PEREIRA, 2018).

Partindo de tais pressupostos, o presente trabalho teve como objetivo analisar a produção de podcasts como recurso tecnológico e educacional no ensino de Ciências e Biologia em tempos de pandemia na perspectiva de docentes e acadêmicos do Estado de Sergipe, como também, desenvolver para professores e licenciandos de Ciências e Biologia uma oficina virtual apresentando as possibilidades e aplicabilidades dos podcasts nas aulas virtualizadas de Ciências e Biologia.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Perfil da amostra de pesquisa

Estavam inscritos na oficina “Podcasts e o Ensino de Ciências e Biologia” 76 pessoas, todavia, grande parcela deste quantitativo não participou efetivamente da culminância da oficina. Sendo assim, este trabalho considerou a participação de 15 graduandos (88%) em Ciências Biológicas – Licenciatura e dois professores (12%) da Educação Básica. Os princípios de inclusão de participação na pesquisa foram: Ser professor de Ciências e/ou Biologia; Integrar o corpo docente de Instituição de Educação Básica Pública ou Particular; Ser graduando de Licenciatura em Ciências Biológicas.

Do quantitativo total da amostra de pesquisa, 12 participantes (71%) eram oriundos da Universidade Tiradentes e cinco participantes (29%) da Universidade Federal de Sergipe.

Desenvolvimento da oficina sobre podcasts

O presente trabalho contém a metodologia de pesquisa quali-quantitativa com caráter exploratório e descritivo. Os resultados obtidos foram ponderados estatisticamente por meio da ferramenta Microsoft Excel.

A oficina foi desenvolvida de forma virtual com a carga horária total de quatro horas, através da plataforma de videochamadas Google Meet com os professores participantes da pesquisa. Em tal oportunidade foram expostas algumas das possibilidades da aplicação dos podcasts no ensino de Ciências e Biologia em tempos de pandemia, bem como, a elucidação dos aspectos funcionais deste. Como produto final da oficina, os professores e graduandos produziram podcasts abordando objetos de conhecimento das Ciências e Biologia de seus interesses.

Na produção dos podcasts foi utilizado o aplicativo Anchor, disponível para celulares Android e IOS, por meio do qual é possível gravar, editar e publicar podcasts de temas variados, inclusive temas educacionais, em plataformas digitais como o Spotify e Apple Podcasts. O Anchor apresenta uma interface dinamizada e um processo de inscrição na plataforma com etapas intuitivas, conforme a Figura 1.

Figura 1 – Etapas de inscrição no aplicativo Anchor

(Fonte: Autoria própria).

Com intuito de institucionalizar a oficina, elaborou-se um projeto de atividade extensionista que foi submetido a Pró-Reitoria de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão da Universidade Tiradentes. Com a aprovação do projeto, foi oferecida a certificação de 04 horas aos participantes devidamente inscritos.

Avaliação da oficina

Os podcasts produzidos pelos professores e licenciandos foram apreciados pela técnica de Rubrica de Avaliação que considerou como critérios avaliativos, a linguagem, a oralidade, a sonoridade e a abordagem do conteúdo escolhido, como também, foram classificados conforme a temática destrinchada (Quadro 1).

Quadro 1 – Rubrica de Avaliação dos podcasts produzidos na oficina “Podcasts e o Ensino de Ciências e Biologia”

Parâmetros AvaliativosClassificação
RuimRegularBoaMuito BoaExcelente
            LinguagemA linguagem é objetiva, coesa e coerente em 0% a 20% do tempo do podcast, apresentando construções frasais com dez ou mais vícios de linguagem, impossibilitando o entendimento da mensagem objetivada.A linguagem utilizada é objetiva, coesa e coerente em 20% a 40% do tempo do podcast, apresentando construções frasais com sete a nove vícios de linguagem, possibilitando o entendimento reduzido da mensagem objetivada.A linguagem utilizada é objetiva, coesa e coerente em 40% a 60% do tempo do podcast, apresentando construções frasais com quatro a seis vícios de linguagem, possibilitando o entendimento parcial da mensagem objetivada.A linguagem utilizada é objetiva, coesa e coerente em 60% a 80% do tempo do podcast, apresentando construções frasais com um a três vícios de linguagem, mas possibilitando o entendimento da mensagem objetivada.A linguagem utilizada é objetiva, coesa e coerente em 80% a 100% do tempo do podcast, apresentando construções frasais com zero vício de linguagem, possibilitando o entendimento integral da mensagem objetivada.
              OralidadeAs falas do podcast apresentam entonação em 0% a 20% do tempo, apresentando tons de voz monótonos, bem como, somente 0% a 20% das palavras são pronunciadas de maneira clara.As falas apresentam entonação rompendo a monotonia de tons de voz em 20% a 40% do tempo do podcast, bem como, 20% a 40% das palavras são pronunciadas de maneira clara.As falas apresentam entonação rompendo a monotonia de tons de voz em 40% a 60% do tempo do podcast, bem como, 40% a 60% das palavras são pronunciadas de maneira clara.  As falas apresentam entonação rompendo a monotonia de tons de voz em 60% a 80% do tempo do podcast, bem como, 60% a 80% das palavras são pronunciadas de maneira clara.  As falas apresentam entonação rompendo a monotonia de tons de voz ao longo de 80% a 100% do tempo do podcast, bem como, 80% a 100% das palavras são pronunciadas de maneira clara.  
      SonoridadeO podcast apresenta som de fundo e vinheta 0% a 20% compatíveis com seu tema ou não utiliza recursos sonoros.O podcast contém som de fundo e vinheta 20% a 40% compatíveis com seu tema.O podcast contém som de fundo e vinheta 40% a 60% compatíveis com seu temaO podcast contém som de fundo e vinheta 60% a 80% compatíveis com seu tema.O podcast contém som de fundo e vinheta 80% a 100% compatíveis com seu tema.
    Abordagem do ConteúdoO conteúdo é desenvolvido de 0% a 20% de maneira dinâmica e explícita e com 0% a 20% das exemplificações permitindo o aluno fazer associações com o contexto que está inserido.O conteúdo é desenvolvido de 20% a 40% de maneira dinâmica e explícita e com 20% a 40% das exemplificações permitindo o aluno fazer associações com o contexto que está inserido.O conteúdo é desenvolvido de 40% a 60% de maneira dinâmica e explícita e com 40% a 60% das exemplificações permitindo o aluno fazer associações com o contexto que está inserido.O conteúdo é desenvolvido de 60% a 80% de maneira dinâmica e explícita e com 60% a 80% das exemplificações permitindo o aluno fazer associações com o contexto que está inserido.  O conteúdo é desenvolvido de 80% a 100% de maneira dinâmica e explícita e com 80% a 100% das exemplificações permitindo o aluno fazer associações com o contexto que está inserido.  

(Fonte: Autoria própria).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a análise dos 17 podcasts resultantes da oficina virtual, constatou-se que seis podcasts desenvolveram temáticas concernentes a Ecologia, dois podcasts trataram de temas da Imunologia, dois podcasts apontaram as contribuições da experiência de participação na oficina e as outras temáticas como Biologia Forense, Zoologia, Evolução, Parasitologia, Taxonomia, Genética e Biologia Geral, foram observadas respectivamente em apenas um podcast (Tabela 1).

Tabela 1 – Temáticas abordadas nos podcasts produzidos na oficina

Este resultado corrobora ao observado por Chagas et al.  (2017) que analisando temáticas de 136 Trabalhos de Conclusão de Curso – TCCs da Universidade Estadual do Amazonas verificou que a Ecologia (presente em 18 TCCs) foi um dos temas mais recorrentes.

Os podcasts apresentaram duração média de aproximadamente seis minutos. Este resultado é dissonante ao de Silva e Santos (2020) que averiguando aspectos como periodicidade e duração dos programas de podcasts mais popularizados no Brasil e nos Estados Unidos no ano de 2019, constatou que 70% dos podcasts brasileiros duram mais de 30 minutos. Não obstante, deve-se considerar a necessidade de que a duração de podcasts com fins educacionais esteja adaptada aos padrões subjetivos de aprendizado de cada turma e de cada componente curricular.

De acordo com Foschini e Taddei (2006, p. 25), no podcast o autor “conduz o ouvinte para um universo feito apenas de imaginação e sons”. Desse modo, um podcast de qualidade deve dispor de falas não muito rápidas e que suplantem a monotonia de ritmicidade, de linguagem concisa e compreensível para todos os ouvintes, de aspectos sonoros como vinhetas e músicas de fundo, entre outras coisas.

Levando em consideração os critérios utilizados na Rubrica de Avaliação dos podcasts resultantes do produto final da oficina, verificou-se que quanto ao parâmetro Linguagem 53% (nove podcasts) foram classificados com uma linguagem excelente, 41% (sete podcasts) apresentaram uma linguagem muito boa e 6% (um podcast) apresentou uma linguagem boa (Figura 2).

Tais dados estão em conformidade ao postulado por Filatro e Cairo (2015), que afirmam que a produção de conteúdos educacionais deve prezar, entre outras coisas, por uma linguagem cognoscível e compatível com o nível instrucional do público-alvo.

Figura 2 – Avaliação dos Podcasts com base no parâmetro da Linguagem

(Fonte: Autoria própria).

Baseando-se no princípio avaliativo da oralidade, foi identificado que 53% dos podcasts (nove podcasts) foram discorridos com uma oralidade excelente, 23% (quatro podcasts) com uma oralidade muito boa, 12% (dois podcasts) com uma oralidade boa e apenas 6% (um podcast) com oralidade regular e outros 6% com oralidade ruim (Figura 3). 

Para Campos e Matuda (2019) uma das competências ensejadas na gravação de podcasts é a oralidade, uma vez que este recurso de áudio possibilita que a fala humana seja apreciada assim, aspectos como a pronúncia e a emissão dos sons das palavras são notados e aprimorados. Dessa forma, observa-se que apesar de um podcast apresentar uma linguagem ruim, este resultado do presente trabalho está em consonância com as habilidades da oralidade requeridas para a produção de podcasts audíveis.

Figura 3 – Avaliação dos Podcasts com base no parâmetro da Oralidade

(Fonte: Autoria própria).

Considerando a Sonoridade, relacionada às músicas de fundo ou vinhetas do podcast, observou-se que 76% dos podcasts (13 podcasts) foram avaliados com uma sonoridade ruim por ser produzido com a ausência dos recursos sonoros disponibilizados na plataforma Anchor e somente 6% (um podcast) foi classificado como excelente, conforme a Figura 4. No decorrer da oficina foi explicitada a maneira de inserção de elementos sonoros em podcasts e os participantes não demonstraram indagações sobre este processo. Desse modo, percebeu-se que houve uma possível dificuldade dos participantes da oficina em utilizar as ferramentas sonoras propiciadas pela plataforma Anchor para a ambientação de podcasts com fins educativos no ensino de Ciências e Biologia e que não foi exposta para a ocorrência de uma explanação mais acurada sobre os aspectos funcionais desta plataforma digital de podcasts.

Figura 4 – Avaliação dos Podcasts com base no parâmetro da Sonoridade

(Fonte: Autoria própria).

Assim, este resultado é discrepante ao preconizado por Lopes (2015) que aponta que na produção de podcasts as inclusões de fatores sonoros como vinheta e música de fundo compatível com a cadência do áudio devem ser ponderadas para a gravação de um podcast aprazível ao público destinado.

No critério de Abordagem do Conteúdo, constatou-se que 65% (11 podcasts) tinham abordagem do conteúdo excelente, 23% (quatro podcasts) muito boa, 6% (um podcast) boa e em outros 6% a abordagem do conteúdo foi considerada regular (Figura 5). 

A proficiência na abordagem dos conteúdos dos podcasts analisados no presente trabalho coaduna ao postulado por Oliveira et al. (2020) que utilizando podcasts no desenvolvimento de temáticas da disciplina Fundamentos da Educação II numa universidade do Estado do Paraná, salientaram a existência de uma diversidade de conteúdos que podem ser abordados por meio de podcasts e que estes conteúdos devem ser destrinchados de modo dinâmico e inteligível.

Figura 5 – Avaliação dos Podcasts com base no parâmetro de Abordagem do Conteúdo

(Fonte: Autoria própria).

Segundo Krasilchik (2019), o desenvolvimento de conteúdos acerca da Ciência e da Biologia deve prezar pelo fomento ao debate de assuntos das disciplinas, para assim sobrelevar a ação dos discentes no processo ensino e aprendizagem.  À vista disso, percebe-se a ingerência do modo em que os conteúdos são tratados nas aulas em relação a consolidação da aprendizagem significativa.

CONCLUSÃO

Diante dos supracitados resultados, depreende-se que os podcasts produzidos pelos participantes da oficina concentraram-se em áreas específicas da Biologia, como Ecologia e Imunologia.

No que concerne a avaliação dos podcasts, constatou-se que quanto ao parâmetro avaliativo da Linguagem 53% eram excelentes, em relação a Oralidade 53% dos podcasts também foram considerados como excelentes, quanto a Sonoridade somente 6% e por fim, quanto a Abordagem do Conteúdo 65% dos podcasts foram classificados como excelentes.

A utilização de podcasts nas aulas remotas de Ciências e Biologia, além de suscitar habilidades digitais nos docentes, é uma alternativa para a dinamização e flexibilização da abordagem de objetos de conhecimento preceituados pela nova Base Nacional Comum Curricular e que rotineiramente são abordados em princípios educativos tradicionalistas não mais preponderantes para a formação integral dos alunos do século XXI.

Portanto, a disponibilização de instrumentos formativos acerca de ferramentas das Tecnologias da Informação e Comunicação a professores e graduandos de Ciências e Biologia no contexto de virtualização do ensino, concomitante a exposição dos inúmeros empecilhos para a consolidação do ensino de qualidade, evidencia a vasta possibilidade de aplicações tecnológicas para a reinvenção de práticas pedagógicas em tempos de inconstâncias sociais, políticas e econômicas engendradas pelo surgimento da pandemia de SARS-CoV-2.

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 (Biólogo e Professor de Ciências e Biologia da SEDUC-AL)