SISTEMA DE ENERGIA FOTOVOLTAICA COMO ESTRATÉGIA DE SUSTENTABILIDADE DOMICILIAR NA CIDADE DE SANTARÉM NO ESTADO DO PARÁ – UM ESTUDO DE CASO

PHOTOVOLTAIC ENERGY SYSTEM AS A HOME SUSTAINABILITY STRATEGY IN THE CITY OF SANTARÉM IN THE STATE OF PARÁ – A CASE STUDY

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.7594766


Luís Otávio Coelho de Sousa1
Pollyanna Coêlho de Sousa2
José Cláudio Ferreira dos Reis Jr3


RESUMO

O objetivo deste estudo foi analisar os benefícios da geração de energia sustentável proposta pelos sistemas de energia fotovoltaica, mostrando as vantagens econômicas, sociais e ambientais para o consumidor. Para realização desse trabalho foi realizada revisão na literatura nas plataformas digitais google acadêmico e scielo, após pesquisa na literatura foi feita a análise de um projeto executado em uma residência na cidade de Santarém, no estado do Pará, com a finalidade de avaliar a implementação de um sistema de energia fotovoltaica. Realizou-se o estudo da viabilidade econômica, tempo para retorno do investimento, revelando os benefícios ao meio ambiente e consumidor. O desenvolvimento do estudo possibilitou uma análise de viabilidade econômica e ambientais obtendo como alguns dos resultados o pay back do sistema que é a partir de 3 anos e o retorno ambiental que ao longo de 25 anos deixam de ser emitidos 81,9 toneladas de CO2, em razão da implantação de um sistema fotovoltaico.

Palavras-chave: Energia limpa; Desenvolvimento sustentável; Sistemas fotovoltaicos.

ABSTRACT

The objective of this study was to analyze the benefits of sustainable energy generation proposed by photovoltaic energy systems, showing the economic, social and environmental advantages for the consumer. To carry out this work, a literature review was carried out on the digital platforms google academic and scielo, after researching the literature, an analysis of a project carried out in a residence in the city of Santarém, in the state of Pará, was carried out, with the purpose of evaluating the implementation of a photovoltaic energy system. An economic viability study was carried out, time for return on investment, revealing the benefits to the environment and consumer. The development of the study made possible an analysis of economic and environmental viability, obtaining as some of the results the pay back of the system, which is from 3 years and the environmental return, which over 25 years stop emitting 81.9 tons of CO2, due to the installation of a photovoltaic system.

Keywords: Clean energy; Sustainable development; Photovoltaic systems.

1. INTRODUÇÃO

A energia elétrica é um recurso vital para as funcionalidades do cotidiano em sociedade e com o passar dos anos o consumo de energia tem aumentado para atender a demanda dos domicílios e indústrias, o que fez aumentar a procura por fontes limpas, ou seja, sustentáveis com intuito de minimizar os danos ao meio ambiente. 

A matriz energética brasileira é marcada pelas fontes renováveis, com as fontes hídricas sendo a mais significativa (53,4% da oferta interna), sendo que 57% aproximadamente desse total produzindo é oriunda somente das usinas de Itaipu. No total, as fontes renováveis representam 78,1% da oferta interna de eletricidade no país, resultado da soma dos montantes referentes à produção nacional mais as importações, que são essencialmente de origem renovável (BEN 2022).

As fontes não renováveis são caracterizadas por se originarem de matrizes de energia que se encontram na natureza em quantidades limitadas, se extinguindo com o tempo de uso. São exemplos o carvão, petróleo bruto, gás natural e urânio. São também conhecidos por não se regenerarem, pois são finitos, ao contrário das fontes de energia renováveis, que têm fluxo contínuo de energia proveniente da natureza. (BARBOSA 2020).

Entre as vantagens das tecnologias relacionadas a energia renovável, podemos citar a capacidade de reduzir a dependência de recursos como combustíveis fósseis, emitindo menos carbono na atmosfera e o fato de evitarem problemas de segurança e ambientais, no caso da energia atómica. No aspecto social, não provocam perdas de áreas, com prejuízos a flora e a fauna e impactos sociais como no caso da instalação de usinas hidrelétricas (ROQUE & PIERRI, 2019). 

Em um estudo sobre o desenvolvimento sustentável no Brasil, com foco na demanda energética, realizado em 2005 pela Agência Internacional de Energia Atômica, foi constatado, á aquela época, que a matriz energética brasileira é marcada pelo uso de energia renovável: 27% de biomassa; 14% hidráulica; 42% de petróleo; 8% de gás natural; 7% de carvão e; 2% nuclear. É notório o fato de que a anergia solar é pouco utilizada no Brasil (DZIEDZIC & DZIEDZIC, 2017). 

Pereira (2022) reforça que o aumento da demanda enérgica no Brasil e no mundo, associado a conscientização para a preservação do meio ambiente e a busca pela diversificação da matriz energética, impulsionou a geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis, destacando a energia gerada pelo sol como uma das mais atrativas, quando comparada a outras, como a geração de energia a partir de hidrelétricas. Mendonça (2022) aponta vantagens que favorecem a geração fotovoltaica, como a boa incidência solar anual que o Brasil possui em grande parte do seu território, o que significa ter uma estabilidade enérgica para quem a utiliza. Pipe (2022) ressalta que além da disponibilidade de luz solar, o fato de que, ao colocar os painéis solares no telhado das casas, não exige nenhum outro espaço, torna o sistema convidativo, pois isso não é possível em sistemas como as usinas nucleares, petróleo e carvão (PIPE, 2016).

De acordo com Daniels (1997), a utilização de energia solar pode incluir sistemas fototérmicos e fotovoltaicos. O primeiro tipo utiliza transformadores de energia da radiação incidente para calor radiante, aplicando o mesmo princípio para de superfícies de cor preta que absorvem bem a luz solar e a transformam em calor. Segundo Roaf (2001), os sistemas fotovoltaicos são formados por células, com uma estrutura de sanduiche de materiais semicondutores com uma junção positivo-negativo. Silicone, por exemplo, pode ser dopado por diferentes elementos que ditam se uma carga positiva (silicone tipo-n) ou negativa (silicone tipo-p) restará. Quando a luz (quanta) atinge a célula, fótons são absorvidos e elétrons são soltos, criando pares eléctron-abertura (eléctron livre e abertura deixada na camada de valência). Se o sistema for conectado a um único circuito externo, será criada uma corrente direta (Dziedzic e Dziedzic (2017).

Li e Lam (2001) relatam que iluminação controlada por níveis de iluminação solar reduzem a demanda enérgica de edifícios em aproximadamente 0,3 kWh.m-3. Reinhart (2004) analisou a utilização de controle de iluminação por ocupação, resultando em redução de cerca de 20% do consumo de energia. De acordo com Córdoba et al. (1998), o uso combinado de janelas com aplicação de filme de controle solar e isolamento térmico reduz em até 12% o consumo enérgico (Dziedzic e Dziedzic (2017).

O objetivo deste estudo foi analisar os benefícios da geração de energia sustentável proposta pelos sistemas de energia fotovoltaica, mostrando as vantagens econômicas, sociais e ambientais para o consumidor.

2. Material e métodos

2.1 Localização e aspectos fisiográficos do município de Santarém

O município de Santarém está localizado no Estado do Pará (2º 24’ 52” S e 54º 42’ 36” W), distando 807 km da capital do Estado, na mesorregião do Baixo Amazonas (figura 1). Limita-se ao Norte com o Alenquer, a Leste com o Prainha, a oeste juruti ao Sul com o município de Mojui dos campos (Santarém 2020). A população estimada em 2021 pelo IBGE é de 308.339 pessoas, apresentando um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 12,87 hab/km² (IBGE, 2021). 

Apresenta 38,1% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, 43,3% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização e 7,8% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada (presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio). Quando comparado com os outros municípios do estado, fica na posição 14 de 144, 51 de 144 e 20 de 144, respectivamente. Já quando comparado a outras cidades do Brasil, sua posição é 2.744 de 5.570, 4.386 de 5.570 e 3.038 de 5.570, respectivamente (IBGE, 2021).

Santarém apresenta um crescimento populacional constante, porém o desenvolvimento do saneamento básico e da economia não acompanham o mesmo ritmo e os dados levantados pelo IBGE demonstram a realidade da população. 

2.2 Caracterização da área de estudo

De acordo com o Plano de Diretor de Santarém 2017, o município está divido em distritos, sendo eles: Grande Área da Aldeia; Grande Área da Nova República; Grande Área da Prainha; Grande Área do Santarenzinho; Grande Área do Maicá. O estudo de caso foi conduzido em uma unidade familiar no distrito da Grande Área da Prainha, no Bairro Santana (figura 3). Também fazem parte deste distrito, os bairros Prainha, Santíssimo, Livramento, São José Operário, Uruará, Área Verde, Urumari, Interventoria e Diamantino. 

A seleção do bairro de Santana se deu a partir da pesquisa nos relatórios das oficinas participativas realizadas para a aprovação do Plano Diretor do município em 2017, observando-se o interesse dos presentes no tema de “Meio Ambiente”, sendo enfatizado “a falta de recursos para energia renovável/Solar. A partir das imagens do Google Earth, foi possível localizar as residências que possuíam placas solares nos telhados e a Unidade Familiar foi selecionada demonstrou interesse em participar da pesquisa, aceitando formalmente ao convite para o estudo, assinando um Termo de Consulta Livre e Esclarecido (TCLE).  

Figura 3 – Localização da área de estudo: Destaque em linha amarela para os limites do bairro de Santana, o ponto em vermelho é a Unidade Familiar estudada e os pontos em verde são as demais residências identificadas com placas solares nos telhados. Santarém, PA.

Fonte: autores

2.3 Procedimentos metodológicos

Para a realização do estudo foi elaborado um protocolo de campo, composto de etapas conforme descritas abaixo: 

Etapa 1 – Revisão de literatura – realizada a partir de plataformas digitais como o Google Acadêmico, Biblioteca Virtual e Scielo, utilizando-se as palavras chaves: energia limpa, “geração de energia solar”, “sustentabilidade da energia solar “e “energias renováveis”, os critérios de inclusão foram: artigos publicados a partir do ano de 2017 até 2022, foram excluídos artigos duplicados;

Etapa 2 – Elaboração e aplicação de questionário semiestruturado com questões socioeconômicas e sobre o sistema fotovoltaico implementado pela família – o questionário foi aplicado durante uma visita na residência, com a realização de entrevista ao chefe da família e ao integrante da família que era responsável pelo monitoramento do sistema fotovoltaico.

Etapa 3 – Análise dos dados Caracterização socioeconômica da unidade familiar e do sistema fotovoltaico.

Para a caracterização socioeconômica da unidade familiar estudada, as informações coletadas passaram por um processo de sumarização, tabulação e sistematização em planilhas eletrônicas do programa Microsoft Excel (2010), para posterior análise e construção de gráficos e tabelas. Os dados qualitativos foram analisados utilizando-se a estatística descritiva.

A caracterização do sistema fotovoltaico foi realizada a partir das informações obtidas a partir de documentos repassados pela família, referentes a proposta de financiamento da concessionaria de energia (Equatorial Energia). Nestes documentos também, já estava detalhada a viabilidade econômica, tempo para retorno do investimento, o que facilitou o diagnóstico do caso estudado e a reflexão sobre os benefícios socioambiental e para o consumidor.

3. Resultados e Discussão

3.1 A situação atual da geração de energias renovaveis em domicílios no Brasil.

Figura 3 – Oferta de energia por fonte no Brasil de acordo com Ben

Gráfico, Gráfico de pizza
Descrição gerada automaticamente
Fonte: BEN (2022).

Conforme mostrado na figura 3 a matriz energética do brasil é bastante diversificada com sua maioria composta por geração de energia renovável, 56,8% da energia nacional é oriunda das usinas hidroelétricas que apesar de ser renovável causa um dano enorme nas proximidades onde é instalada, sem contar com o custo elevado para instalação e operação.

 No Brasil há poucas regiões com constância de ventos e condições climáticas para instalações e o valor de operação é elevado, a energia de biomassa é de diferente das outras o seu custo é baixo, no entanto a sua obtenção intensifica o desmatamento, substituindo mata nativa por monocultura e com baixa eficiência energética.

A melhor alternativa de energia renovável com eficiência energética, mínimo de danos ao meio ambiente, a maior dificuldade para sua instalação é o alto custo que o consumidor final tem que arcar para poder fazer a instalação, no entanto o retorno financeiro e ambiental do investimento é extremamente vantajoso.

3.2 Caracterização socioeconômica da unidade familiar

A unidade familiar é formada por cinco pessoas, com idades que variam de 22 a 65 anos. A chefe da família possui como renda principal uma aposentadoria e uma pensão. Os demais membros são um filho, uma filha e um neto. Com relação a escolaridade, com exceção da chefe da família que possou ensino médio completo, os demais já cursaram ou cursam ensino superior. A partir das entrevistas individuais, foi possível verificar que a renda global familiar gira em torno de R$ 12.500,00, levando em consideração esse valor a renda per capita é de R$ 2.500, valor este que está acima do salário-mínimo médio municipal levantado pelo IBGE. 

4.2 Caracterização da implementação de um sistema fotovoltaico domiciliar

Para realização da instalação do sistema fotovoltaico foi considerado a quantidade de equipamentos elétricos na residência e foi levado em consideração o consumo de 12 meses de abril de 2021 a abril de 2022 conforme a figura 4.

Figura 4 – Histórico de consumo de energia em kw/mês

Gráfico
Descrição gerada automaticamente com confiança baixa

Fonte: Equatorial Pará 2022

A energia fotovoltaica se divide em dois aspectos on grid e off grid: 

on grid que é o mais comum no mercado que é ligado à rede elétrica e possibilita o usuário realizar compensação com a concessionaria de energia. 

– off grid onde o sistema é independente da rede pública e tem um fornecimento de energia contínuo e acumulando em baterias.  

O modo on grid foi escolhido considerando que a residência é localizada na zona urbana da cidade e há fornecimento de energia pela concessionaria (equatorial), o dono da residência solicitou que a miniusina de geração de energia gerasse 1.000 kwh/mês com a justificativa que após a implantação do projeto o seu consumo aumentaria e assim a empresa contratada realizou o dimensionamento conforme tabela 1.

Tabela 1 – Dimensionamento do sistema fotovoltaico modo on grid para uma unidade familiar em Santarém, Pa.

Dimensionamento do projeto

Tipo de estrutura Carpot solar
Irradiação solar 4,50 kwh/m2
Potência do sistema dimensionado 9,90 kwp
Energia estimada a ser gerada pela potência dimensionada 1.016 kwh/mês
Área necessária para instalação  44,00 m2
Painéis fotovoltaicos 1m x 1,65m18 unidades
Peso de cada painel 18-20 quilograma (kg)
Fonte: Adaptado pelos autores do dimensionamento feito pela empresa Equatorial Energia.

O dimensionamento foi extremamente necessário para a escolha do local da instalação do sistema, foi levado em consideração os itens da tabela 1 para que fosse instalado em local que o sistema produzisse sem interferências.

Para ocorrer a produção energética sem interferências os painéis são instalados em telhados e superfícies abertas e sem restrição do sol para poder ocorrer a conversão, LAGRIMANTE (2018) compreende que a conversão ocorre quando os raios atingem os painéis, que em sua função através de suas células geram uma corrente contínua que transformam a energia do sol em energia elétrica limpa. Essa energia passa por um “inversor” (equipamento que transforma a CC em CA), convertendo a energia as características de rede padrão (utilizada em redes domésticas).

A empresa contratada constatou que a melhor área para instalar os painéis solares desse projeto era no telhado dos fundos da residência onde os raios solares atingem os painéis sem nenhuma interferência de prédios, plantas ou qualquer coisa que viesse a interferir o desempenho na geração de energia, para instalação do sistema foi utilizado os materiais listados na tabela 2 a seguir:

Tabela 2 – Materiais utilizados para instalação do sistema fotovoltaico.

ProdutosQuantidades
Inversor solplanet ASW4000-S C/ 2 MPPTs1
Inversor solplanet ASW5000-S C/ 2 MPPTs1
Painel fotovoltaico dah mono 555w18
Par de conectores MC4 1500v4
Cabo solar preto 6mm280
Cabo solar vermelho 6mm280
Kit de fixação (parafusos solares group) p/ 4 painéis 6
Kit componentes ca p/ monofásico 220/380v (s-m32-220)1
Cabo ca flexível preto 6mm30
Cabo flexível verde 6mm (aterramento)30
Fonte: Adaptado pelos autores do dimensionamento feito pela empresa Equatorial Energia.

4.3 Estimativa de geração de energia 

A tabela 3 foi elaborada considerando o consumo mensal da residência de 1.000 kw e o sistema produzindo 1.016 kw mensais restará 16 kw todos os meses que entrara como crédito nas faturas e os únicos valores a serem pagos serão os encargos tributários para a concessionaria de energia elétrica.

Tabela 3 – Consumo mensal de energia elétrica na residência estudada.

MêsConsumo (kwh)Geração (kwh)Crédito no mês (kwh)Crédito acumulado (kwh)Fatura sem sistemaFatura com sistema
Jan1.0001.0161616R$ 1.120,00R$ 56,00
Fev1.0001.0161631R$ 1.120,00R$ 56,00
Mar1.0001.0161647R$ 1.120,00R$ 56,00
Abr1.0001.0161663R$ 1.120,00R$ 56,00
Mai1.0001.0161679R$ 1.120,00R$ 56,00
Jun1.0001.0161694R$ 1.120,00R$ 56,00
Jul 1.0001.01616110R$ 1.120,00R$ 56,00
Ago 1.0001.01616126R$ 1.120,00R$ 56,00
Set 1.0001.01616142R$ 1.120,00R$ 56,00
Out 1.0001.01616157R$ 1.120,00R$ 56,00
Nov 1.0001.01616173R$ 1.120,00R$ 56,00
Dez 1.0001.01616189R$ 1.120,00R$ 56,00
Em um ano12.00012.189189R$ 13.440,00R$ 672,00
Fonte: Adaptado pelos autores do dimensionamento feito pela empresa Equatorial Energia.

A tabela compara o valor do consumo anual da residência sem o sistema que é de 13.440,00 e com o sistema que é de 672,00, mostrando o benefício econômico de ter um sistema fotovoltaico na residência e gerando kw a mais para serem usados como créditos com a concessionaria de energia pelo consumidor.  

4.4 custos para implantação e formas de pagamento.

O valor do projeto foi de R$ 43.000,00 e a empresa contratada disponibilizou duas formas de pagamentos que eram à vista ou três tipos de financiamentos através de bancos com juros compostos mensais como descrito na tabla 4.

Tabela 4 – formas de pagamento do sistema fotovoltaico

Formas de pagamentodetalhesValor da entradaValor da parcela
A vistaNo cartão de 1x, pix, transferência ou dinheiro vivo.R$ 43.000,00
Financiamento 148 parcelas.1,87% de juros mensais e sem entrada.R$ 0,00R$ 1.365,05
Financiamento 248 parcelas.1,88% de juros mensais e sem entrada.R$ 0,00R$ 1.367,87
Financiamento 348 parcelas.1,67% de juros mensais e sem entrada.R$ 0,00R$ 1.309,42

O proprietário do imóvel analisou as formas de pagamento, levou em consideração para escolher a proposta, a de menor custo financeiro e sem juros, a família já vinha se planejando há alguns meses para instalar o sistema na residência e então optou por efetua o pagamento do projeto à vista.

4.5 Retorno do investimento – Pay Back

Para Ayrão (2018, p. 75) payback significa pagar de volta e esse critério visa exatamente isso: verificar em quanto tempo o somatório das entradas iguala o valor do investimento inicial.

No Payback composto (ou descontado) cada entrada ou saída futura é trazida a valor presente usando uma taxa de desconto (chamada taxa de juros) e vai se somando as parcelas até que o fluxo de entrada (trazido a valor presente) seja igual ao valor investido. (AYRÃO, 2018).

Tabela 5 – retorno do investimento e comparativo com outros investimentos.

StatusanoPreço da tarifa (R$/kwh)Produção de energia (kwh/ano)Produção de energia total (R$)Resultado financeiro (R$)Poupança (R$)
Investimento00,000,000,00-43.000,000,00
Investimento11,1212.192,0013.655,04-29.344,9644.354,50
Investimento21,2212.094,0028.421,81-14.578,1945.751,67
Lucro31,3311.997,0044.389,821.389,8247.192,84
Lucro41,4511.901,0061.658,1718.658,1748.679,42
Lucro51,5811.806,0080.335,2637.335,2650.212,82
Lucro61,7411.712,00100.526,7557.526,7551.794,52
Lucro71,8711.618,00122.356,9779.356,9753.426,05
Lucro82,0411.525,00145.960,17102.960,1755.108,97
Lucro92,2311.433,00171.478,63128.478,6356.844,91
Lucro1024311.342,00199.073,72156.073,7258.635,52
Lucro112,6511.251,00228.911,37185.911,3760.482,54
Lucro122,8911.161,00261.177,82218.177,8262.387,74
Lucro133,1511.072,00296.065,69253.065,6964.352,95
Lucro143,4310.983,00333.792,30290.792,3066.380,07
Lucro153,7410.895,00374.583,18331.583,1868.471,04
Lucro164,8110.808,00418.690,63375.690,6370.627,88
Lucro174,4410.772,00466.382,09423.382,0972.852,66
Lucro184,8410.636,00517.945,42474.945,4275.147,52
Lucro195,2810.551,00573.696,90530.696,9077.541,66
Lucro205,7610.467,00633.986,82590.986,8279.956,38
Lucro216,2710.383,00699.171,29656.171,2982.475,00
Lucro226,8410.300,00769.654,19726.654,1985.072,96
Lucro237,4510.218,00845.870,25802.870,2587.752,76
Lucro248,1310.136,00928.275,93885.275,9390.516,97
Lucro258,8610.055,001.017.383,34974.383,3493.368,26
Resultado líquido (descontando o imposto de renda)974.383,3493.368,26

Conforme especificações do fabricante, os módulos fotovoltaicos instalados na residência perdem somente 20% de eficiência de geração ao longo de 25 anos, a perca da capacidade de geração foi levada em consideração e também foi considerado a uma inflação anual de 9%, rendimento na poupança de 3.15% ao ano e a taxa de deposito intercambiário de 4.40% ao ano.    

4.6 Benefícios econômicos para o meio ambiente e o consumidor 

Com os níveis das águas muito baixos nas represas, as usinas hidrelétricas passam a funcionar com uma capacidade inferior à normal, afetando o custo da energia. Já a energia solar não apresenta tal problema, tendo em vista que em dias nublados é possível produzir energia solar. O Brasil por ser um país tropical e o que mais recebe incidência solar do mundo, a escassez não se torna uma preocupação. A construção de usinas hidrelétricas provoca impactos ambientais onde são construídas e nos seus arredores. Embora os investimentos iniciais de implantação de painéis fotovoltaicos sejam altos, em comparação a energia hidroelétrica, esta tecnologia tem muitas vantagens. (LAGRIMANTE et. al 2018). 

De acordo com MENDONÇA 2020, as vantagens de um sistema fotovoltaico é porque é uma energia limpa sustentável e inesgotável que garante segurança energética e pode ser feito em áreas remotas, mesmo não tendo acesso à energia da rede de abastecimento o sistema pode ser instalado e funcionar com uso das baterias.

Figura 05 – Retorno ambiental em 25 anos

Interface gráfica do usuário
Descrição gerada automaticamente com confiança média

   Fonte: Autores.

De acordo com a figura 05 estimativas após a instalação do sistema fotovoltaico é que ao longo de 25 anos 81,79 toneladas de CO2 deixaram de ser produzidos, certa de 3,3 toneladas anuais, para eliminar essa quantidade de CO2 seriam necessários em torno de 23,3 arvores com o custo de R$467,20 por ano, a produção de energia solar é uma ótima alternativa para o consumidor tanto pelo lado econômico quando pelo lado ambiental ao longo e curto prazo.

Após a vida útil dos painéis fotovoltaicos o destino deles são diferentes dos outros resíduos por se tratar de lixo eletrônico existe a logística reversa onde empresas coletoras de resíduos recicláveis compram os painéis usados para reutilização dos mesmos, os artesãos também acharam uma finalidade bem engenhosa para os painéis como por exemplo transformando em mesas ou em divisórias entre outras finalidades.    

5. Conclusão     

O desenvolvimento do estudo possibilitou uma análise de viabilidade econômica e ambiental da implantação de um sistema fotovoltaico em uma residência na cidade de Sanatrém-pa e cumpriu o objetivo de demonstrar as vantagens para o consumidor e para o meio ambiente. 

Levando em consideração as desvantagens de a perca da eficiência dos painéis solares ao longo dos anos e o custo de implantação do sistema que é elevado, o projeto a longo prazo é extremamente vantajoso economicamente para o consumidor que tem o retorno de investimento a partir do terceiro ano de implantação e ao longo de 22 anos terá lucro com a geração de energia.  

O retorno ambiental é excelente considerando que é uma energia limpa, silenciosa, totalmente renovável, baixa degradação ambiental comparados com outras fontes renováveis e não serão emitidas 81,79 toneladas de CO2 na atmosfera.

6. Referências 

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1ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1394-572X. Graduando em Ciência e Tecnologia das Águas. Universidade Federal do Oeste do Pará, Brasil

2ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1997-0344. Doutoranda em Desenvolvimento Socioambiental. Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA)/Universidade Federal do Pará

3Doutorando em Sociedade Natureza e Desenvolvimento. Universidade Federal do Oeste do Pará