SERVIÇO SOCIAL E A INCLUSÃO SOCIAL DOS USUÁRIOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL

SOCIAL SERVICE AND THE SOCIAL INCLUSION OF USERS IN MENTAL HEALTH SERVICES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7841217


Romilda Macedo de Oliveira Rodrigues¹


RESUMO: O presente artigo com o tema: serviço social e a inclusão dos usuários nos serviços de saúde mental, trata do resgate da atuação do profissional de serviço social na política de saúde mental, dando visibilidade de sua participação no processo de cura e melhora na qualidade de vida destes sujeitos, bem como sua inclusão em serviços e nas políticas públicas e sociais. O serviço social nesse espaço de atuação é uma pratica profissional especializada, que abrange as mais variadas abordagens teóricas, metodológicas e práticas, com o objetivo de promover o bem estar-social, justiça social e cidadania. Objetivo: contribuir para a promoção da saúde mental dos sujeitos, bem como para a inclusão social e a autonomia dos mesmos. Metodologia: A metodologia de revisão bibliográfica, sendo um método de pesquisa baseado na coleta e análise de informações obtidas a partir de fontes como livros, artigos científicos, teses, revistas, documentos oficiais, entre outras sobre Serviço Social e política de saúde, Serviço Social e os espaços ocupacionais, Serviço Social e saúde mental, Serviço Social e inclusão, que permitiu formar um quadro geral sobre o assunto, além de fornecer recursos para aprofundar o estudo sobre o tema. Conclusão: A atuação do assistente social na saúde mental é realizada por meio de intervenções que visam à promoção, prevenção, proteção, recuperação, reabilitação e reinserção social de pessoas com sofrimento mental. Estas atividades incluem, entre outros, aconselhamento, orientação, pesquisa, educação, participação em grupos terapêuticos, acompanhamento e intervenção em crise, trabalho em equipes multidisciplinares, articulação com o setor público e privado, trabalho com famílias e comunidade.

Palavras chaves: Serviço Social e Saúde Mental. Serviço Social e Inclusão Social. Serviços. Intervenções

ABSTRACT: The present article with the theme: social work and the inclusion of users in mental health services, deals with the rescue of the performance of the social work professional in the mental health policy, giving visibility to their participation in the healing process and improvement in the quality of life of these subjects, as well as their inclusion in services and public and social policies. Social work in this area of ​​activity is a specialized professional practice, which covers the most varied theoretical, methodological and practical approaches, with the objective of promoting social well-being, social justice and citizenship. Objective: to contribute to the promotion of the subjects’ mental health, as well as to their social inclusion and autonomy. Methodology: The literature review methodology, being a research method based on the collection and analysis of information obtained from sources such as books, scientific articles, theses, magazines, official documents, among others on Social Work and health policy, Social Work and the occupational spaces, Social Work and Mental Health, Social Work and Inclusion, which made it possible to form a general framework on the subject, in addition to providing resources to deepen the study on the subject. Conclusion: The role of the social worker in mental health is carried out through interventions aimed at the promotion, prevention, protection, recovery, rehabilitation and social reintegration of people with mental suffering. These activities include, among others, advice, guidance, research, education, participation in therapeutic groups, monitoring and intervention in crisis, work in multidisciplinary teams, articulation with the public and private sector, work with families and the community.

Keywords: Social Work and Mental Health. Social Work and Social Inclusion. Services. Interventions

1. INTRODUÇÃO

O Serviço Social é uma profissão regulamentada por lei e que pertence à área da saúde; seu principal objetivo é atuar na solução de problemas relacionados às condições de vida da população. Visa atender às necessidades sociais da população com base na análise e compreensão das relações de produção, distribuição e consumo de bens e serviços e do processo de trabalho.

O profissional de Serviço Social desenvolve ações de promoção, prevenção, proteção, defesa dos direitos humanos, desenvolvimento social e intervenção social, buscando a transformação da realidade socioeconômica e política das pessoas.

 Atua em diversas áreas, como saúde, educação, assistência social, trabalho, meio ambiente, direitos humanos, geração de renda, moradia, alimentação, cultura etc. Estas áreas são abordadas de forma interdisciplinar, trabalhando em equipe com outras profissões, como psicologia, educação e outras áreas da saúde.

Cabe aqui ainda trazer que, o Serviço Social também desenvolve pesquisas, orientações, diagnósticos e planejamentos, a partir de métodos e técnicas de análise, para a elaboração de políticas sociais e programas de governo, atuando na promoção de projetos sociais e na mobilização da sociedade para o debate e a defesa de direitos.

O Serviço Social é uma prática profissional especializada, que abrange uma série de abordagens teóricas, metodológicas e práticas, onde entre os mais variados objetivos, busca promover o bem-estar social, justiça social e a cidadania. É um meio de abordar as questões sociais e os desafios enfrentados pelas minorias e grupos marginalizados.

Esta abordagem tem sido utilizada para interpelar problemas como pobreza, saúde mental, discriminação, desigualdade social, desemprego, violência, abuso de drogas e outros problemas sociais, tais como a inclusão de sujeitos vulneráveis. Aqui podemos citar os sujeitos que enfrentam diuturnamente as consequências gravosas sofridas por conta de problemas relacionados a saúde mental.

Na área da saúde mental, os profissionais de Serviço Social têm um papel fundamental na promoção da inclusão desses indivíduos, contribuindo para a construção de um cenário inclusivo, que possibilite o acesso aos serviços de saúde mental e a garantia dos direitos fundamentais. O estudo, portanto, justifica-se, pois, a inclusão de pessoas por meio dos profissionais de Serviço Social na política de saúde mental é fundamental para que estes possam ter aos serviços e direitos fundamentais.

 O estudo também permite avaliar as dificuldades e desafios enfrentados pelos profissionais de Serviço Social nos serviços de saúde mental. Além disso, é possível identificar as estratégias e práticas que possam contribuir para a promoção da inclusão e da participação social desses indivíduos, uma vez que o que se observa com frequência é a não inclusão social destes sujeitos frentes as mais variadas questões sociais.

As ações dos profissionais devem primar no que tange a desenvolver estratégias para melhorar o acesso aos serviços, entre eles o referente a saúde mental na comunidade, incluindo a eliminação de barreiras geográficas e a eliminação de estigmas associados ao tratamento, bem como mobilizar a comunidade no tocante a conscientização sobre a importância da saúde mental, trabalhando de forma multidisciplinar com outros profissionais, uma vez que o trabalho multidisciplinar é fundamental na política de saúde mental, pois permite que diversos profissionais trabalhem juntos para encontrar soluções eficazes para a saúde mental dos indivíduos.

Pois quando profissionais de diferentes áreas da saúde mental se unem, eles garantem abordagens mais amplas e holísticas para o tratamento de problemas de saúde mental, permitindo que o paciente receba o melhor tratamento possível. Além disso, o trabalho multidisciplinar também permite que os profissionais possam atuar conjuntamente para garantir que as políticas de saúde mental estejam em linha com as necessidades da população. Isso inclui a criação de programas de prevenção e tratamento de doenças mentais, bem como a implementação de políticas de saúde mental que promovam a saúde psíquica e bem-estar da população.

O profissional de Serviço Social, ao não atuar com a equipe multiprofissional, corre o risco de não desenvolver um trabalho eficiente, pois a equipe multiprofissional como mencionado anteriormente possibilita a visão holística do processo de trabalho, no qual cada profissional contribui com suas competências e habilidades, para que se alcance os objetivos do serviço. Ademais, também se corre o risco de que o trabalho desenvolvido seja menos eficaz no atendimento às necessidades e demandas dos usuários, pois a ausência de um profissional pode resultar na falta de conhecimento específico ou em uma atuação limitada.

 Por último, o profissional de Serviço Social pode acabar não colaborando com a produção de conhecimento e de mudanças sociais, pois a participação em equipes multiprofissionais possibilita que cada agente contribua com seu conhecimento para a melhoria dos serviços e, assim, produzir melhorias na sociedade.

No entanto, o profissional deve atentar-se as diretrizes e código de ética profissional, buscando não intervir de maneira contraria a sua profissão, bem como atuando de forma a contribuir a favor da classe que demanda o serviço, uma vez que aquele que  atua na política de saúde mental deve agir de acordo com os princípios éticos, as normas de conduta profissional, os direitos e deveres previstos na legislação específica e as diretrizes estabelecidas pela sua profissão.

Esses princípios e normas compreendem o respeito à dignidade humana, a autonomia, a confidencialidade, a responsabilidade, a competência profissional, a justiça, a equidade, a ética e a responsabilidade social.

Outro ponto fundamental é que este profissional deve atuar de forma a respeitar as particularidades e necessidades do paciente, buscando cumprir seus deveres de forma a minimizar o sofrimento e ajudar a melhorar a qualidade de vida deste. Ele deve prezar pela igualdade de tratamento, não discriminar e assegurar o direito à privacidade e à liberdade de escolha do paciente.

Além do que, o profissional deve manter o compromisso de preservar o sigilo profissional, assim como o dever de atualizar-se e manter-se qualificado para um melhor atendimento aos pacientes. Devendo buscar sempre o cumprimento dos direitos dos usuários.

Sendo este um dos principais campos de atuação do Serviço Social, que se caracteriza como uma abordagem de trabalho profissional que tem como objetivo a compreensão e a transformação das problemáticas sociais identificadas nas situações de vida das pessoas, famílias e grupos. O Serviço Social engloba o estudo, o diagnóstico e o planejamento de ações de intervenção dirigidas ao enfrentamento de problemas sociais como a desigualdade social, as discriminações, as desigualdades e as violências sociais, entre outros.

O mesmo exige uma abordagem que leva em consideração a análise das condições de vida dos indivíduos e grupos, a partir da qual se busca compreender o contexto em que eles se inserem e as relações sociais que configuram suas situações. Essa abordagem considera ainda a análise das problemáticas que acometem os grupos e as pessoas, a partir da qual se promove a reflexão sobre as estruturas sociais que produzem as desigualdades e as discriminações e, por fim, busca-se propor ações de intervenção que visam transformar essas problemáticas.

O Serviço Social é, portanto, uma abordagem de trabalho profissional que busca atuar no enfrentamento das problemáticas sociais, a partir da análise e da compreensão do contexto em que as pessoas e os grupos se inserem e das relações sociais que configuram suas situações que demandam tal serviço.

Sendo uma interpelação que tem como objetivo auxiliar as pessoas a identificar e enfrentar problemas sociais, psicológicos e emocionais. Esta abordagem envolve o trabalho de profissionais capacitados que oferecem aconselhamento individual, grupal ou familiar para ajudar as pessoas a lidar com dificuldades e obter inclusão social.

2. MATERIAL E METODOS

Esta investigação objetivou uma pesquisa bibliográfica sendo um método de pesquisa baseado na coleta e análise de informações obtidas a partir de fontes como livros, artigos científicos, teses, revistas, documentos oficiais, planos de estudos, entre outras sobre Serviço Social e política de saúde, Serviço Social e os espaços ocupacionais, Serviço Social e saúde mental, Serviço Social e inclusão, que permitiu formar um quadro geral sobre o assunto, além de fornecer recursos para aprofundar o estudo sobre o tema. Para darmos início a construção deste artigo, foram priorizadas as bases de dados científicos nacionais e internacionais no campo da pesquisa. Tais bases foram: LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde), SciELO (Scientific Eletronic Library Online), Web of Science, Web of Knowledge – ISI e Academic Search Premier, bem como Google Acadêmico. Essas foram escolhidas por serem apontadas como sendo as mais abrangentes entre as disponíveis, bem como pelo fato de agregarem fontes consistentes de dados científicos. Em relação ao período de postagem, foi considerado o intervalo de 2000 a 2021.

3. REVISÃO DE LITERATURA

A história do Serviço Social tem seu início nos Estados Unidos, onde na década de 1880 surgem organizações com o objetivo de atender os pobres e necessitados, surgindo como uma resposta aos problemas sociais e econômicos gerados pela Revolução Industrial. Onde no ano de 1895, o Serviço Social foi oficialmente reconhecido como profissão nos Estados Unidos (VASCONCELOS, 2000).

Nessa época, a atuação dos assistentes sociais se dava principalmente na área de saúde. Ao longo dos anos, a profissão foi evoluindo e ampliando sua área de atuação para a educação, trabalho, habitação, lazer, entre outros. No Brasil, o Serviço Social surgiu no início do século XX. Em 1915, a Escola de Serviço Social foi criada na cidade de São Paulo², tornando-se a primeira instituição de ensino superior específica para a formação de assistentes sociais (BANDEIRA; MELO, 2010).

A partir da década de 1960, o Serviço Social brasileiro passou a adotar uma abordagem marxista, com o intuito de desenvolver uma visão crítica dos problemas sociais. O Serviço Social tornou-se então uma profissão comprometida com o projeto de transformação social (NETTO, 2011).

 Na contemporaneidade, a profissão é reconhecida como sendo uma atividade importante para o desenvolvimento social e econômico de um país, onde os profissionais atuam em diversas frentes, desde a saúde e educação, até a proteção social e direitos humanos (IAMAMOTO; CARVALHO, 1996, p. 16).

No entanto cabe aqui de maneira ainda que sucinta trazer que o serviço social, antes mesmo de tudo o que foi exposto anteriormente já atuava com a saúde mental, senão vejamos:

A história da saúde mental é uma das áreas mais antigas do Serviço Social. Desde os primórdios, o Serviço Social tem lidado com o bem-estar e saúde mental das pessoas, tentando criar soluções para os problemas de saúde mental enfrentados pelos sujeitos. No início do século XX, os trabalhadores sociais foram os principais responsáveis por educar as pessoas sobre saúde mental e tratamento (VASCONCELOS, 2000).

Eles foram pioneiros na criação de serviços de saúde mental e na promoção de melhorias na qualidade de vida das pessoas. Durante a Primeira Guerra Mundial, trabalhadores sociais foram enviados para ajudar a cuidar das necessidades dos soldados, o que ajudou a expandir o trabalho do Serviço Social na área da saúde mental (VASCONCELOS, 2000).

Insta aqui inclusive mencionar que no decorrer da história da humanidade “[…] a loucura tem sido uma companheira inseparável do homem […]. Desde o Velho Testamento aos estudos etnográficos das sociedades chamadas primitivas as referências aos loucos são abundantes.” (RESENDE, 2000).

Na década de 1920, os trabalhadores sociais começaram a trabalhar para criar serviços para cuidar dos sujeitos acometidos por transtornos mentais. Eles estabeleceram serviços de treinamento para cuidar dos doentes e foram pioneiros na criação de programas de prevenção de doenças mentais. Nos anos 30, os trabalhadores sociais continuaram trabalhando para melhorar os serviços para pessoas com transtornos psíquicos, e também começaram a trabalhar em colaboração com outros profissionais da saúde mental, como psicólogos e psiquiatras (VASCONCELOS, 2000, p.193).

Durante a década de 1940, o Serviço Social começou a se centrar em cuidar dos indivíduos e famílias que enfrentavam problemas de saúde mental, sendo pioneiros na criação de programas de tratamento para ajudar as pessoas a lidar com os problemas advindos de distúrbios psíquicos e melhorar sua qualidade de vida (VASCONCELOS, 2000, p.193).

Na década de 1950, os trabalhadores sociais começaram a trabalhar com a comunidade para prevenir problemas de saúde mental, ao mesmo tempo em que trabalhavam para melhorar os serviços para as pessoas com transtornos mentais. Nos anos 60 e 70, o Serviço Social desenvolveu programas de prevenção de doenças mentais, ao mesmo tempo em que continuava a trabalhar em programas de tratamento (GUIMARÃES, 2013).

A década de 1980 viu o Serviço Social expandir seu alcance para trabalhar com pessoas com deficiência mental, transtornos alimentares, uso de drogas e abuso de substâncias e outras questões (GUIMARÃES, 2013).

Portanto, trazer a temática sobre Serviço Social e exclusão dos sujeitos com transtornos mentais que busquem pela política de saúde mental, se dá pelo fato de que a exclusão destes sujeitos podem ocorrer devido a um conjunto de fatores, incluindo: preocupações com segurança; estigma e preconceito; falta de acesso a serviços adequados; e falta de compreensão sobre o transtorno (FOUCAULT, 2008).

Muitos dos sujeitos acometidos com transtornos mentais são discriminadas e excluídos dos grupos sociais em que vivem por causa de seu transtorno, o que pode levar a sentimentos de isolamento e solidão. Algumas pessoas também podem ter medo de pedir ajuda, pois podem sentir vergonha ou receio de serem julgadas, tornando-as mais vulneráveis. Além do que, muitas pessoas com transtornos mentais não têm acesso a serviços adequados ou não recebem o tratamento apropriado (RESENDE, 2000).

Essa exclusão também pode ser resultado de uma falta de compreensão sobre transtornos mentais e do preconceito associado a eles, havendo por uma grande parcela da sociedade uma visão distorcida desses transtornos que contribuem para excluir pessoas com transtornos mentais por conta da ignorância acerca do assunto. A exclusão de pessoas com transtornos mentais é uma questão grave que precisa ser endereçada (FOUCAULT, 2008).

Haja visto que a saúde é um direito de todos e não só daqueles que não sofrem de transtornos mentais, como afiança a Constituição Federal de 1988 no artigo 196º, o qual define a saúde como um direito fundamental dos seres humanos:

“A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” (BRASIL, 2011)

É importante lembrar que as pessoas com transtornos mentais merecem o mesmo respeito e direitos que qualquer outra pessoa. É preciso conscientizar as pessoas sobre transtornos mentais e promover o acesso a serviços adequados para que as pessoas com tais patologias possam se sentir inclusas e compreendidas. Neste sentido podemos trazer a contribuição de Basaglia (1985), que diz que:

O doente mental é doente, sobretudo por ser um excluído, um abandonado por todos; porque é uma pessoa sem direitos e em relação a quem pode-se tudo. Por isso negamos dialeticamente nosso mandato social, que exigia que considerássemos o doente como um não-homem, e, ao negá-lo, negamos a visão do doente como um não-homem (BASAGLIA, 1985)

Assim, o trabalho do assistente social com pessoas com transtornos mentais é extremamente importante para garantir que elas recebam o cuidado e o suporte necessários para melhorar a qualidade de vida, uma vez que este profissional pode identificar necessidades, oferecer orientação para ajudar na tomada de decisões e encaminhar para serviços de saúde mental especializados, além de atuar como um elo entre a família, a sociedade e o paciente.

Senão vejamos:

[…] profissional de serviço social é formado para trabalhar em diversos tipos de ações, em empresas, em comunidades, em saúde, em serviços de infância e na Justiça, entre outros. Seu leque de opções no mercado de trabalho é variado, embora seja insuficiente o número de profissionais contratados. Sua capacitação, que o habilita a estar à frente das mais diversas realidades, ajuda-o a trabalhar com a saúde mental, que envolve de tudo um pouco. Vale lembrar que a questão social está presente em todos os lugares e expressa-se nas mais diversas formas, trazendo impasses para as equipes multidisciplinares. Para o enfrentamento dessa realidade, portanto, faz-se necessário o trabalho do assistente social, que ocupa assim um lugar estratégico e diferenciado nessas equipes. (Leme, 2013, p. 14)

Ainda trabalha no que tange a fornecer informações e educação à família, para que eles possam compreender a condição do paciente, além de ajudar a estabelecer redes de apoio e encontrar recursos adequados. O assistente social também pode contribuir para a prevenção de problemas de saúde mental, ajudando a identificar e tratar os sintomas precocemente.

No tocante ao profissional de serviço social na saúde, este tem ainda tem por objetivo garantir a promoção da saúde dos usuários, além de prestar assistência aos pacientes, familiares, cuidadores e profissionais de saúde, também desenvolve atividades educativas, proporcionando orientação e informações sobre prevenção de doenças, práticas de saúde, direitos dos usuários e melhoria da qualidade de vida (ROCHA, 2012).

Insta frisar que, o serviço social na saúde também atua na defesa dos direitos dos usuários, prestando serviços de orientação, aconselhamento, apoio psicossocial, assessoria jurídica e acompanhamento de processos de saúde (ROCHA, 2012).

Serviço Social e Saúde Mental estão estreitamente relacionados, onde o profissional contribui para a promoção da saúde mental, prestando atenção aos fatores psicossociais que influenciam a saúde mental, através da adoção de práticas que melhorem as condições sociais e econômicas das pessoas. Estes profissionais podem trabalhar em parceria com profissionais de saúde mental, para ajudar a identificar e tratar problemas de saúde mental (ROCHA, 2012).

Os profissionais de serviço social trabalham também para promover a saúde mental, educando as pessoas sobre o assunto, apoiando famílias e comunidades afetadas por problemas de saúde mental, fornecendo serviços de ligação e referência, construindo capacidades para ajudar as pessoas a lidar com problemas de saúde mental e trabalhando diretamente com indivíduos e famílias para abordar questões de saúde mental.

De acordo com A. Vasconcelos:

A garantia de acesso às informações necessárias e de direitos para que os usuários possam se defrontar com diferentes opções e só assim fazerem realmente escolhas a partir de seus interesses e necessidades, quando não contarem com estes direitos detalhados em cartazes, cartilhas e debates… E aqui, na democratização das informações necessárias para potencializar as escolhas pelos usuários, faz-se necessário não só o conhecimento dos textos e leis que garantem estes direitos, mas o detalhamento destes direitos no cotidiano da população a partir das demandas que colocam, das dúvidas e desinformações que revelam na utilização dos serviços […] (2007, p. 433).

Portanto, serviço social é um ramo que se concentra na prevenção e no tratamento de problemas sociais e de saúde mental, que envolve assessorar, prestar serviços diretos e aconselhar indivíduos, grupos e comunidades. Sendo fundamental que o profissional de serviço social tenha conhecimento sobre as leis e regulamentos relacionados à sua prática, para garantir que os serviços sejam prestados de forma ética e legal (GUIMARÃES, 2013).

3.1  ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL FRENTE A SAÚDE MENTAL

A relação entre o Serviço Social e a Saúde Mental é baseada na premissa de que o bem estar social e psicológico de uma pessoa são indissociáveis, tendo como objetivo por exemplo lidar com contextos sociais e com as consequências das desigualdades sociais sobre a saúde mental e o bem-estar das pessoas (SCHULTZ et al, 2010).

O Serviço Social pode oferecer apoio social, aconselhamento, educação, formação e até mesmo intervir em situações de crise e abuso. Podendo também trabalhar em conjunto com profissionais da saúde mental para ajudar a promover o bem estar mental e social de indivíduos. Por exemplo, o Serviço Social pode ajudar indivíduos a encontrar recursos para lidar com problemas psicológicos, como ansiedade e depressão, e também a encontrar meios de enfrentar condições socioeconômicas adversas.

O profissional de serviço social deve atuar na política de saúde mental contribuindo para a compreensão, prevenção e tratamento dos transtornos mentais. Isso significa que o serviço social deve desenvolver ações que promovam o acesso a serviços de saúde mental, assim como ações de prevenção e tratamento dos transtornos mentais (FRAGA, 2010).

 Além disso, o serviço social deve contribuir para o desenvolvimento de programas de saúde mental e para o aprimoramento dos serviços existentes. Isso inclui apoiar a criação de políticas públicas que promovam a conscientização, prevenção e cuidado de pessoas com transtornos mentais (FRAGA, 2010).

É importante lembrar que tanto a prevenção quanto o tratamento de transtornos mentais dependem do acesso a serviços de saúde mental de qualidade. Por isso, o serviço social deve contribuir para o aprimoramento destes serviços. Além disso, o serviço social deve atuar na promoção da inclusão social, melhoria das condições de vida e garantia de direitos das pessoas com transtornos mentais (AMARANTE, 2009).

Além destes serviços o profissional deve atuar, entre outros na garantia de:

Direito à privacidade: o profissional de serviço social clinico deve garantir a confidencialidade dos dados e informações dos usuários;
Direito à informação: os usuários têm direito a receber informações claras e completas sobre os serviços oferecidos;
Direito à participação: os usuários devem ter acesso a todos os processos de tomada de decisão e às informações sobre os serviços oferecidos;
Direito à autonomia: os usuários devem poder exercer seu direito de decidir sobre seu próprio tratamento e acompanhamento, sem interferência externa;
Direito à não-discriminação: os usuários devem ser tratados de forma igualitária, sem discriminação de qualquer natureza (ROBAINA, 2010).

Portanto, o profissional de Serviço Social deve atuar na política de saúde mental buscando promover a autonomia dos sujeitos e grupos, a partir da valorização de seus direitos, da inclusão social e da participação democrática (BRAVO, 2001).

Deve ainda desenvolver ações que visem à promoção, prevenção e tratamento da saúde mental, buscando o acesso a serviços, oportunidades de participação e de trabalho, comunidades protetoras, além de produzir conhecimento para a compreensão e abordagem de questões como a violência, o racismo, a discriminação e a exclusão social (BRAVO, 2001).

Desse modo, o profissional de Serviço Social deve atuar na construção de novos paradigmas, que contemplem a saúde mental de forma ampla e integral, e que sejam construídos de forma interdisciplinar, por meio do diálogo com outras áreas do conhecimento, como a Educação, o Trabalho Social, a Saúde, entre outras (BRAVO, 2001).

Onde os desafios da profissão está no que tange a desenvolver estratégias para reduzir as desigualdades sociais que contribuem para a saúde mental,  promovendo políticas que visem a prevenção e o tratamento dos transtornos mentais de forma eficaz e abrangente,  estabelecendo parcerias com outros setores para melhorar as condições de saúde mental e o bem estar dos usuários (OLIVEIRA, 2008). Buscando promover ações de informação e conscientização acerca dos fatores que influenciam a saúde mental, garantindo o acesso universal a serviços de saúde mental de qualidade (FRANÇA; CAVALCANTI, 2013).

 Buscar junto ao estado o desenvolvimento de políticas que visem a prevenção do uso abusivo de drogas e álcool, estimulando a formação de profissionais qualificados para atuar na área da saúde mental. Estabelecer estratégias para melhorar a qualidade de vida de pessoas com transtornos mentais, promover iniciativas para reduzir o estigma e a discriminação relacionados à saúde mental, bem como desenvolver planos de ação para garantir acesso aos direitos fundamentais dos usuários de serviços de saúde mental (MACHADO, 2009).

Assim, é fundamental que a atuação do Serviço Social no campo da Saúde Mental deve ser guiada por uma perspectiva teórico metodológica e ético política que reconheça a importância dos direitos humanos individuais e coletivos, bem como a necessidade de trabalho conjunto entre diferentes profissionais para promover a saúde mental (ROCHA, 2012).

Na prática, isso significa que o Serviço Social deve buscar desenvolver ações que visem à prevenção e à redução dos efeitos causados por problemas mentais, tais como o aumento do estigma, a discriminação e a exclusão social. Outra sim, é importante que o Serviço Social incentive a adoção de medidas que promovam a autonomia e a participação dos indivíduos afetados por problemas de saúde mental e que busquem melhorar a qualidade de vida destes indivíduos (SCHULTZ et al, 2010).

4. DISCUSSÃO

A inclusão de sujeitos na política de saúde mental é essencial para garantir que todos tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade; onde os profissionais podem ajudar a promover uma abordagem mais inclusiva para a saúde mental. Isso envolve ajudar a garantir que os serviços sejam acessíveis para todos, independentemente de sua raça, etnia, gênero, orientação sexual ou outros fatores.

Iamamoto e Carvalho (1996) destacam a importância de se compreender a saúde mental como parte da saúde integral, isto é, como um todo que inclui o bem estar físico, mental, social e espiritual. Eles acreditam que os profissionais de serviço social devem ser capazes de abordar a saúde mental de forma integral, a partir de uma perspectiva abrangente.  Enfatizam a importância de se desenvolver modelos de atenção em saúde mental que incorporem abordagens interdisciplinares e que estejam abertos ao diálogo entre diferentes áreas de conhecimento.

Insta mencionar ainda que todos os outros autores que foram citados para dar arrimo a este artigo destacam a importância do Serviço Social atuando na política de saúde mental, pois acreditam que as práticas e abordagens sociais são fundamentais para a promoção de um ambiente saudável e para a prevenção do adoecimento mental.

Eles também enfatizam a necessidade de se trabalhar em conjunto com outros profissionais da saúde, como médicos, enfermeiros e psicólogos, para garantir o melhor tratamento para os usuários. Além disso, os autores apontam para a necessidade de mudanças nas políticas de saúde mental para alcançar um tratamento mais humanizado e inclusivo.

No que tange as limitações do estudo, é possível destacar a falta de recursos financeiros para aumentar o acesso aos serviços de saúde mental, onde o profissional enfrenta limitações no que diz respeito às estruturas e políticas existentes para assistir pessoas com problemas de saúde mental. E outra limitação se dá na escassez de profissionais qualificados para tratar de pessoas com problemas de saúde mental.

Por fim, destaco a importância da comunidade cientifica na produção de artigos acadêmicos de Serviço Social e saúde mental no que tange ao estudo dos impactos da adoção de programas de saúde mental para populações vulneráveis para melhorar seu bem estar geral, bem como investigar como os programas de saúde mental podem ser aplicados de maneira eficaz para reduzir a desigualdade e a inclusão social.

5. CONCLUSÃO

O Serviço Social é uma profissão que trabalha em prol da inclusão social dos usuários de serviços de saúde mental. Os profissionais de Serviço Social possuem conhecimento técnico e científico para contribuir com o bem estar desses usuários, identificando barreiras e desafios à sua inclusão e oferecendo suporte para acesso aos serviços, recursos e direitos que possam contribuir para a melhora de suas condições de vida.

Inclusive o Serviço Social tem um papel diferenciado no que tange a complementar a equipe multidisciplinar uma vez que promove na rede uma articulação de direitos sociais:

[…] que o destaque conferido aos direitos sociais está ligado à construção do “novo” habitus (produto do Projeto Ético-Político da Profissão) que impulsiona um “novo” capital simbólico, que é fortalecido pela orientação da Reforma Psiquiátrica e pelas conquistas democráticas presentes na Constituição (1988, que garante na forma legal os direitos sociais e que permitem à profissão acioná-los no enfrentamento da questão social). (Machado, 2009, p. 105)

 Este profissional também atua na promoção de iniciativas de prevenção de doenças mentais e estratégias de proteção social para usuários de serviços de saúde mental. Dessa forma, é possível afirmar que o Serviço Social desempenha um papel importante na promoção da inclusão social dos usuários de serviços de saúde mental.

Dado tudo o que foi exposto ao longo deste artigo é possível concluir que A inclusão social dos usuários de serviços de saúde mental é fundamental para o bem estar dos pacientes. O Serviço Social tem um papel importante nesse processo, pois contribui para a promoção da saúde mental dos usuários, o que possibilita o desenvolvimento de habilidades, relações sociais saudáveis e acesso às necessidades básicas.

 Além disso, o Serviço Social busca promover a inclusão social de acordo com as necessidades e interesses dos usuários, através da criação de estratégias eficazes para a melhoria dos serviços de saúde mental, bem como o desenvolvimento de recursos e programas que visem a melhoria da vida desses pacientes. Portanto, o Serviço Social deve ser visto como um importante aliado para a inclusão social dos usuários de serviços de saúde mental.

Em suma, o Serviço Social tem um papel importante a desempenhar na inclusão de sujeitos na política de saúde mental. A ajuda que os assistentes sociais podem oferecer para garantir que as necessidades de saúde mental de todos sejam atendidas é inestimável. A abordagem inclusiva e os serviços de qualidade que eles podem ajudar a promover são cruciais para garantir que todos possam ter acesso às oportunidades de saúde mental de que precisam.

7. REFERENCIAS

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¹Graduada em Serviço Social pela Universidade Anhanguera – UNIDERP, Pós Graduada em Gestão de Politicas Publicas e Serviço Social pelo Instituto Tocantinense de Pós Graduação- ITOP. E-mail: romildarodrigues@arrodrigues.adv.br. Telefone: (99) 981470018
²Surgiram também outras escolas em estados como Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte, entre os anos de 1940 e1945, mediadas por suas especificidades regionais e políticas.