REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10982496
Carlos André Colins dos Santos[1]
RESUMO
As produções cinematográficas tornaram-se, na historiografia, itens componentes das narrativas possíveis a respeito das construções de identidade, pertencimento e origem das formas as quais os fenômenos do tempo são descritos. O objetivo do presente estudo foi realizar análise a fim de compreender as representações do sistema colonial presentes no filme Quilombo do cineasta Cacá Diegues. Foi feita uma busca das referências das bases Periódicos CAPES, Google Scholar (e Pubmed) em dezembro de 2023 acerca do sistema colonial implementado no Brasil por Portugal. A busca permitiu a identificação de 5 artigos que se adequaram aos critérios dispostos e estabelecidos. A partir da análise dos dados foi possível estabelecer características dos processos de exploração implementados no Brasil e seus desdobramentos no cotidiano dos indivíduos na sociedade colonial. Os colonos eram, principalmente, indivíduos em busca de melhores condições econômicas de vida e ao longo do tempo acabaram criando correntes socioeconômicas proporcionando investimentos nas terras colonizadas e busca por novos mercados. A grande propriedade rural baseada na monocultura constituía-se na base da economia, sendo que a força de trabalho utilizada nas unidades produtivas era fornecida pelo tráfico de escravizados na África. A escravização de indivíduos de pele negra influenciava as relações sociais e formulava o modo como as comunidades coloniais vivenciavam o mundo. O filme Quilombo esforça-se em indicar um cotidiano carregado pelas relações coloniais de produção com base na escravização de indivíduos de pele negra. Portanto, o autor do referido filme representa o sistema de produção colonial como a materialização de um modo de concepção de riqueza em que as populações negras são massacradas e marginalizadas, sobrando a estas apenas a revolta e a insubordinação.
Palavras–chaves: Colonialismo. Cinema. Escravização. Palmares.
Introdução
O filme Quilombo é uma obra da produtora CDK datada de 1984 e dirigida por Carlos Diegues. O cineasta Carlos Diegues nasceu no Nordeste, Maceió, Alagoas, em 1940, falecendo aos 81 anos de idade, Filho do eminente antropólogo Manuel Diegues, teve oportunidade de estudar em grandes instituições de ensino no Rio de Janeiro.
Carlos Diegues foi um dos precursores do movimento Cinema Novo, revolução de cunho artístico e cinematográfico surgida no Brasil em meados da década de 1960 que tinha por principal objetivo a crítica em relação à desigualdade social que se formalizava principalmente nas questões de origem racial, indica Severo (2021). Carlos Diegues notabilizou seu trabalho pela coragem em tratar de maneira detalhada e exaustiva temas que envolviam a pobreza do país, o racismo, as lutas políticas e ideológicas. Desta maneira, suas principais obras perpassam pela história do Brasil diante da condição dos homens e mulheres de pele negra.
Sua obra de maior destaque, Xica da Silva, estreou no circuito cinematográfico brasileiro em 1974, baseado no livro de João Felício dos Santos[2]. Este filme rela a história de Xica da Silva, escrava nascida no século 18 que obteve liberdade ao casar-se com o mais importante funcionário da administração imperial da região do Rio de janeiro na época, o que causou forte descontentamento na sociedade de então.
A obra que iremos analisar neste trabalho também retrata tema que envolve questões inerentes à escravidão no Brasil e raças. O filme Quilombo foi construído em meio aos processos desencadeados pela ditadura militar que se instalou no Brasil com o levante de 64. Carlos Diegues foi exilado, tendo que se refugiar primeiramente na Inglaterra e depois na França. Crítico dos modelos totalitários de meados do século 20, trouxe para o filme Quilombo esse teor ácido e inconsequente, não se privou em mostrar em detalhes uma leitura violenta das instituições escravistas.
Desta forma, mediante análise detalhada do filme Quilombo, fonte do texto, indicamos como objeto deste trabalho, questão a ser debatida, as características sob as quais o autor do filme representa o sistema colonial, contexto sobre o qual a narrativa é desenvolvida.
Descrição de roteiro e personagens
O cenário inicial do filme é uma propriedade de monocultura de cana de açúcar no século 17 na região de Pernambuco. Trata-se de filme baseado no livro Ganga Zumba de José Feliciano dos santos[3]. O elenco principal é formado pelos atores Zezé Motta, Antônio Pompêo, Grande Otelo e Tony Tornado. A história do filme circula em torno de um grupo de trabalhadores escravizados que, devido à extrema crueldade dos senhores de engenho, acabam se rebelando, sendo que o grupos foge em direção a uma comunidade de ex-escravos onde se estabelecem. A história continua até o sobrinho de Ganga Zumba, líder do quilombo, enfrentar forças estatais que tinham por objetivo a destruição da comunidade quilombola.
O filme tem início por meio de um pequeno texto que descreve a história da colônia instaurada em terras brasileiras. O destaque do texto é a forma adotada pelos portugueses para geração de riquezas no Brasil, a saber, a monocultura de açúcar e o trabalho escravizado. A partir de então é iniciada cena em que um escravo passa por tortura enquanto uma senhora branca declama texto acerca da condição de mercadoria dos escravos. No campo do engenho um forte escravizado matou um capataz, pois este estava espancando um trabalhador negro. Outro escravo adverte o algoz do capataz que este cometeu um grande erro e lembra que os trabalhadores negros estavam sempre suscetíveis a castigos desumanos.
O escravizado que tira a vida do capataz é Ganga Zumba, um príncipe africano capturado pelo tráfico de trabalhadores cativos. Este ex-monarca sugere aos demais negros que se rebelassem contra o domínio senhorial. Próximo dali chegava uma comitiva formada por um funcionário do império holandês e o senhor do engenho. Revoltados, os escravos atacam a comitiva e conseguem êxito. Após a batalha, os revoltosos decidem partir rumo ao quilombo Palmares, lugar idealizado por eles como uma terra onde gozariam de liberdade. Outro grupo de revoltosos decide tentar voltar para a África.
No caminho para o quilombo, o grupo rebelado encontra uma casa onde indivíduo branco conta histórias bíblicas para crianças indígenas. Ganga Zumba propõe ao sujeito que se desloquem rumo a Palmares e lá configurem uma aliança. Ao chegarem em Palmares o grupo depara-se com a anciã, líder do local que teme uma aliança com pessoas brancas, mas é advertida por Ganga Zumba que, para manter vivo o quilombo, é preciso formar alianças, contatos, pois, findando a guerra entre portugueses e holandeses, o próximo alvo de quem vencesse seria o quilombo. A anciã, devido à indicação de seus orixás, resolve instituir Ganga Zumba como novo líder do quilombo e assim inicia-se uma nova era em Palmares.
O reinado de Ganga Zumba mostra-se promissor: o autor do filme busca relatar um cotidiano leve e tranquilo no quilombo. A idealização de Palmares como lugar de crianças, mulheres, liberdade e paz contrasta com o ambiente de guerra, miséria material e peste do mundo dos engenhos e vilas dominadas pelo sistema colonial. Porém, a tranquilidade do quilombo é afetada por mercadores de escravizados, quilombolas são assassinados, e o sobrinho de Ganga Zumba raptado e vendido em um vilarejo para um padre. Ganga Zumba faz juramento, prevê que seu sobrinho voltará ao convívio do quilombo e trará coisa boas aos ex-escravizados.
A história sofre adiantamento de 15 anos. Neste trecho encontramos o afilhado de Ganga Zumba, o futuro Zumbi dos Palmares, em idade adulta, sobre o domínio do cristianismo e servindo a igreja católica. Entretanto, mediante oportunidade, ele acaba fugindo e superando desafiador caminho até chegar ao quilombo e ser encontrado por Ganga Zumba. Novamente o diretor esforça-se em mostrar o cotidiano do quilombo como experiência de liberdade e paz. A cultura de inexistência de propriedade privada e repartição coletiva do trabalho e riquezas são exaustivamente detalhadas pelo autor do filme. A experiência do autor com o regime militar deu ao filme um tom de crítica a qualquer ideologia que oportunizasse ataques a liberdade dos indivíduos.
Em Palmares, Francisco, futuro Zumbi, é iniciado na arte da guerra por Ganga Zumba, é integrado na sociedade do quilombo, passa a tratar dos cultos religiosos e recebe a tarefa de liderar seu povo. Não demora até que o autor passe a tratar dos conceitos entre colonizadores e negros. É interessante observar que Carlos Diegues mostra um quilombo onde as barreiras raciais tinham possibilidades de serem vencidas; índios, negros e brancos conviviam harmonicamente em Palmares e sob a liderança de Ganga Zumba.
É retratado que os colonizadores contratavam mercenários para enfrentarem os quilombolas e recapturar os negros rebelados, sendo que um indivíduo pago para atacar palmares entra em contato com Ganga Zumba e deste encontro nasce um acordo. O estilo conciliador de Zumba é colocado em destaque. Ele propõe que apenas por meio da paz o quilombo poderia crescer a tal ponto de não ser possível o colonizador vencer Palmares e colocar sob o julgo da escravização os trabalhadores que ali residiam. À medida que o quilombo alcançava independência, os confrontos com a administração imperial aumentavam, vilarejos eram atacados e trabalhadores em regime de escravidão eram colocados em liberdade. Zumbi obteve várias vitórias e esteve perto de invadir Recife.
Entretanto, o estilo conciliador de Ganga Zumba fazia-se sempre presente. Emissários da administração imperial trouxeram a Palmares solicitação do governador da região para ter encontro com o líder do quilombo, Ganga Zumba, que aceitou e encontrou-se com membros importantes da região. Um acordo foi firmado, os colonizadores ofereceram uma região de vale, distante da localização de Palmares. Se os negros aceitassem tal oferta, os colonizadores os poupariam de confrontos; se negassem, ocorreria a guerra. Segundo Marques (2018), a relação entre quilombos e colonizadores no período anterior a proclamação da independência brasileira era permeada pela violência, não obstante os quilombos empreendiam saques a fazendas e cortejos, acolhiam escravos fugitivos desafiando o sistema de exploração vigente; tal situação é relatada em detalhes no filme.
Ao retornar para Palmares, Ganga Zumba explicita os termos do acordo com os colonizadores para os quilombolas. Noo entanto, Zumbi levanta-se contrariando as indicações de Ganga Zumba. Para Zumbi, o confronto seria a melhor alternativa. Em reunião sobre o acordo vemos Carlos Diegues retratar Palmares como uma união de várias tribos sob a regência de um líder. Cada tribo tinha direito a voto acerca dos rumos do quilombo. Na votação Zumbi saiu vitorioso e Ganga Zumba partiu para o vale prometido pelo governador do Recife.
A guerra entre Palmares e os colonizadores começa. Zumbi à frente dos negros e Jorge velho[4] na liderança das forças imperiais. O início da guerra retratado por Carlos Diegues é caracterizado pela ofensiva de Jorge Velho em direção a Palmares, mas as forças do quilombo assumiram uma estratégia de não enfrentamento direto. Por meio das guerrilhas e armadilhas as forças de zumbi obtiveram vitórias parciais e forçaram os colonizadores a recuarem. O diretor retrata ainda a forte influência do terreno e clima a favor das táticas de Zumbi.
Porém, o uso de canhões e demais armas de fogo, além da superioridade numérica, levaram os colonizadores a invadirem Palmares, sendo que o quilombo foi dizimado, os negros massacrados e mortos. Zumbi conseguiu escapar, mas sem demora é alcançado e morto. O filme é encerrado com a morte de Zumbi, mas não são retratados os desdobramentos do conflito. O autor parece deixar em evidência o intuito de exaltação aos feitos de Zumbi frente ao sofrimento dos escravizados.
Representações do sistema colonial
Miller (1997), ao buscar compreender a produção de riquezas no Atlântico Sul por meio de um produto específico, o açúcar, observa que a historiografia tradicional a respeito do tema tende a tratá-la como um sistema homogêneo, pronto, fruto de um processo contínuo cuja evolução sistêmica provém de pressupostos teleológicos; o sistema de produção açucareira ganhou nesta historiografia ares de fim em si mesmo. Entretanto, ao analisarmos a fonte, percebemos o quanto a implantação da monocultura de cana de açúcar foi complexa, além do imbricado sistema de comércio e produção, o plantio de cana engendrava revoltas e levantes. Palmares foi produto de tais incongruências.
O autor indicando o açúcar como ente que ligou África, América e Europa por intermédio de um sistema capaz de fomentar maneiras de experiências, configurações de vida específicas, aponta para a defesa de uma empreitada no Atlântico imersa em descontinuidades, inflexões e dificuldades. Assim como Reis (2015), entende que o sistema de produção baseado na escravização de trabalhadores de pele negra arrastava pessoas, ideias e sistemas de produção, mas de forma não linear.
Frente a estas múltiplas descontinuidades classificar o continente africano, polo emanador de mão de obra escravizada para a América, apenas por este viés, o de base para exploração de trabalhadores, constitui-se em falha. O diretor do filme em análise indica tal disposição ao retratar o ambiente de evolução dos personagens num intrincado mosaico de engrenagem que, juntas, formavam o sistema de exploração da metrópole em relação ao Brasil. A escravização dos indivíduos de pele negra convivia com um complexo sistema de alianças políticas, mercado de produtos agrícolas e pequenos fluxos de comércio de serviços.
Após reconhecer o estado de múltiplas características do sistema de produção de açúcar no Atlântico Sul, Miller (1997) aponta mais um item de importância para sua estratégia de análise, a constatação do sistema como parte integrante da reprodução da vida em seu caráter básico; para muitos indivíduos a produção com base na escravização de trabalhadores era forma de sustento, trabalho responsável pela renda família. Para outros, era a maneira de investir e tentar ascender socialmente. Neste âmbito, a escravização não é um conjunto de acontecimentos apoteóticos, mas o desenrolar básico de muitas experiências sociais.
Outras experiências de vida também surgiam em contraste ao sistema colonial, confrontando-o, sendo que os quilombos são exemplos deste tipo de vivência. Porém, como estabelece Couceiro (2005), estas experiências somente manifestam inteligibilidade quando postas diante do contexto do tráfico de escravizados no Atlântico.
O sistema contou com a atividade incessante de muitos. Toda a estrutura de captação de mão de obra, infraestrutura das rotas comercias e produção de mercadorias teve como base investimentos particulares, por vezes incertos, vultuosas somas de capital colocados por empresários e comerciantes juntos ou concomitantes aos investimentos estatais. No entanto, não foram apenas os grandes capitalistas e o Estado os desbravadores desta sistematização, uma vez que pequenos proprietários, pequenos comerciantes e até mesmos indivíduos de poucas posses alimentaram o sistema de produção fundamentado na escravização de indivíduos de pele negra. Tais indivíduos faziam parte do contexto que possibilitou o surgimento de quilombos no século 17 em terras brasileiras.
Comunidades eram afetadas ou mesmo criadas pela dinâmica de produção com base em mão de obra escravizada. Law (2002), assim como Miller (1997), Couceiro (2005) e Du Plessis (2010), indica que coletividades aderiam às especificidades das instituições escravistas, faziam deste sistema produtivo base de suas qualidades; entretanto, estas características poderiam nutrirem-se até mesmo de ações consideradas ilegais ou imorais dentro do próprio sistema, mesmo que tais ações, em seus resultados últimos, beneficiassem a dinâmica escravagista.
Law (2002), ao debruça-se na análise da comunidade brasileira de Uidá, coletividade que se formou junto ao porto de Uidá no reino de Daomé frente a iminência do fim do tráfico de trabalhadores negros na região, utiliza como forma metodológica de análise da coletividade a busca pela sua gênese. Com base no estabelecimento das comunidades, este autor passa a detalhar as principais características do meio social. Tal estratégia é utilizável em referências aos grupos que formavam o quilombo Palmares. Reis (2015), Du Plessis (2010), Couceiro (2005) e Miller (1997), diferentemente, intensificam a busca por conexões externas no sentido de qualificação do objeto de pesquisa.
O autor do filme em análiserelata a existência da escravização de indivíduos negros como parte da vida de pessoas humildes ou pobres. O protagonista do filme, Zumbi, é vendido ao padre de uma vila. Tratava-se de um religioso humilde, sem grandes posses. Todos os autores analisados indicam que o sistema de escravização permeava o cotidiano, as produções mais simples e comuns da existências em todos os níveis de escala.
Miller (1997) estabelece que outras formas de produção de riquezas também auxiliaram a formalização do mercado de mão de obra de origem africana e escravizada. Este autor indica que o mercado de pedras preciosas e a mineração nas Américas e na Ásia foram fundamentais para a implementação do sistema de escravização de trabalhadores africanos, tanto no financiamento das ações de infraestrutura quanto na mudança de estratégia dos comerciantes africanos que, ao se depararem com a demanda de mão de obra causada pelos recursos provenientes de atividade mineradora em outros continentes, passaram a vender escravizados.
A obra Quilombo indicava que as instituições escravistas estavam ligadas de maneira direta a outros sistemas de produção, assim como relata Miller (1997) em observação a contexto mais amplo. A escravidão não se detinha apenas ao sistema de monocultura voltada para a exportação, pois os processos de formalização do comércio cotidiano ou em larga escala e a agricultura familiar perpassavam pela resolução das questões que envolviam os escravizados e o lugar destes no contexto da dominação colonial, chegando, então, a observações semelhantes a Du Plessis (2010).
Ao trabalhar o comércio de produtos têxteis na Europa no século XVIII, Du Plessis (2010) observa uma série de gostos e percepções que circulavam pelo Atlântico, interligando regiões; no século 17 este fluxo de experiências atlânticas perpassa pelas vilas, engenhos, por intermédio de observações provenientes dos grandes centros do capitalismo ou de áreas periféricas do sistema de comércio global. O diretor de Quilombo indica por meio do figurino, das expressões e ações dos personagens que padrões culturais que circulavam em terras distantes de Palmares faziam-se presentes naquele contexto. Tratava-se de ambiente interligado à dinâmica cultural global, embora eivado de especificidades.
Considerações finais
Desta maneira, a experiência quilombola no século 17 em espaço brasileiro, tomando por base a fonte estabelecida neste texto, a produção cinematográfica Quilombo de autoria de Carlos Diegues, segundo indicações formalizadas junto aos referenciais teóricos propostos anteriormente, constituiu suas indicações representacionais sob as formulações impostas pelo tráfico de escravizados no Atlântico e pelo discurso colonial. Estes itens alcançaram desenvolvimento a nível global, embora alçasse bases nas especificidades locais. Palmares foi resultado destas imbricadas trajetórias do modo de produção baseado no comércio Atlântico de mão de obra cativa e produtos agrícolas.
O autor esforçou-se em mostrar um ambiente carregado de violência contra os escravizados e pobre. Entretanto, não se negou em abordar a possibilidade de alianças, negócios e uma vida em comum entre indivíduos de diferentes origens. As questões referentes as desigualdades entre homens e mulheres na sociedade colonial foi tratada pelo autor de maneira colocando personagens femininas em destaque no ambiente de representação da sociedade quilombola. O núcleo de representação da sociedade quilombola de Palmares recebeu como principal característica a liberdade de seus membros, atitude intensificada pelo diretor como símbolo central da narrativa.
REFERÊNCIAS
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DUPLESSIS, Robert. 2010. Mercadorias globais, consumidores locais: têxteis no mundo Atlântico nos séculos XVII e XVIII. Afro-Ásia, 41, p.9-55.
LAW, Robin. A comunidade brasileira de Uidá e os últimos anos do tráfico atlântico de escravos. Afro-Ásia, 27, 2002, 41-78.
LOVEJOY, Paul E. 2014. Jihad na África Ocidental durante a “Era das Revoluções”: em direção a umdiálogo com Eric Hobsbawm e Eugene Genovese. Topoi, Rio de Janeiro, v. 15, n. 28, p. 22-67, jan./jun.
LOVEJOY, Paul E. 2015. Jihad, “Era das Revoluções” e história atlântica: desafiando a interpretação deReis da história brasileira. Topoi, Rio de Janeiro, v. 16, n. 30, p. 390-395, jan./jun.
MARQUES, Danilo Luiz. SOB A SOMBRA DE PALMARES: escravidão, memória e resistência na Alagoa oitocentista. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Pontífici Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018.
MILLER, Joseph C. 1997. O Atlântico escravista: açúcar, escravos e engenhos. Afro-Ásia, 19-20, p. 9-36.
REIS, João José. 2015. Resposta a Paul Lovejoy. Topoi, Rio de Janeiro, v. 16, n. 30, p. 374-389, jan./jun.
SEVERO, Carolina Asti. CINEMA NOVO A PARTIR DA PERSPECTIVA DE GÊNERO: as mulheres em O cafajeste, Os fuzis e Os deuses e os mortos (Ruy Guerra/ 1962/1965/9170). Dissertação (Mestrado em História) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-Graduação em História, Porto Alegre, 2021.
[2] Escritor brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro em 1911, faleceu na mesma cidade aos 78 anos. Notabilizou seus trabalhos por tratar de temáticas nacionais que envolviam histórias de personagens negros.
[3] Segundo Marques (2018), o quilombo Palmares atualmente localiza-se na região de Alagoas, na serra da Barriga, entretanto, a divisão geográfica do século 17 na região brasileira difere substancialmente da divisão atual.
[4] Bandeirante nascido em 1641 na capitania de São Paulo vindo a falecer em 1705 na capitania da Paraíba.
[1] Mestre em História pela Universidade Federal do Maranhão