REFLEXÕES SOBRE AUTOESTIMA, ADOLESCÊNCIA E REDES SOCIAIS: UMA  REVISÃO DE LITERATURA NARRATIVA  

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11223695


Maristela Ribeiro de Macedo Moreira*
Nágilla Cirqueira Garcias**
Prof ª Adrielly Martins Porto Netto***


Resumo:

Pode-se considerar que hoje o termo autoestima se popularizou, porém, o  conhecimento a respeito do seu significado e das possíveis interferências no  processo de desenvolvimento do adolescente, ainda são escassos. Em suma a isso,  outro tema que vem sendo exponencialmente discutido, é referente às tecnologias.  Segundo dados do IBGE (2022), cerca de 90% da população brasileira tem acesso à internet em 2021, em relação aos estudantes o percentual é de que 90,3% possuem  acesso. Partindo desse total, 98,2% da rede privada e 87,0% da rede pública de  ensino. Sendo assim, o presente artigo tem como objetivo refletir sobre autoestima,  redes sociais e adolescência, por meio de uma pesquisa bibliográfica narrativa. 

Palavras-chave: Adolescência; autoestima; redes sociais. 

Abstract: It can be considered that today the term self-esteem has become popular,  however, knowledge regarding its meaning and possible interference in the  adolescent’s development process is still scarce. In addition to this, another topic that  has been exponentially discussed is technology. According to data from IBGE (2022),  around 90% of the Brazilian population has access to the internet in 2021, in relation  to students the percentage is that 90.3% have access. From this total, 98.2% from  the private network and 87.0% from the public education network. Therefore, this  article aims to reflect on self-esteem, social networks and adolescence, through  narrative bibliographical research. 

Keywords: Adolescence; self esteem; social media. 

1 INTRODUÇÃO 

A tecnologia alcançou uma dimensão significativa na atualidade, sendo  atualizada constantemente, onde cada vez mais esse universo tecnológico vem  fazendo parte da vida dos indivíduos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e  Estatística – IBGE, cerca de 90,0% da população brasileira tem acesso à internet em  2021, mas em relação aos estudantes o percentual é maior, cerca de 90,3%, sendo  98,2% para os da rede privada e 87,0% para a rede pública de ensino (Nery; Britto,  2022). 

Sendo assim, grande parte dos estudantes adolescentes estão conectados à internet, e tendo acesso a diversidade de informações, em período de grande  importância para a construção física, cognitivo e psicossocial. Nesse sentido, Papalia  e Feldman (2013) afirmam que a adolescência é marcada pelo início da puberdade,  do processo de maturação, acontecendo uma mudança na forma de pensar, sentir e  agir.  

Considerando isso, os adolescentes estão construindo a forma como se  veem, construindo sua auto estima, que segundo Coopersmith (1967 apud Avanci et  al., 2007) a autoestima entende-se como a avaliação que o indivíduo faz de si  próprio. Demonstrando uma atitude de aprovação ou de repulsa de si, que engloba o  autojulgamento em relação à competência e valor. Sendo, portanto, o juízo pessoal  de valor revelado através das atitudes que um indivíduo tem consigo mesmo,  tornando-se uma experiência subjetiva aberta às pessoas através de seus relatos  verbais e comportamentos observáveis. (Branden, 2000; Rosenberg, 1956/1989  apud Avanci et al., 2007). 

Dessa maneira, a baixa autoestima se caracteriza pelo sentimento de  incompetência, de inadequação à vida e incapacidade de superação de desafios e  já a alta mostra um sentimento de confiança e competência; e a média flutua  sentimento de adequação ou inadequação, manifestando essa inconsistência no  comportamento. 

Portanto, a autoestima é de suma importância para a saúde mental do  indivíduo, refletindo também nas suas relações sociais e profissionais, e  especialmente no caso dos adolescentes influenciando também na construção da  sua personalidade.  

Diante do exposto, considera-se o presente tema de significativa relevância  social, acadêmica e educacional. Reconhecendo a importância do conhecimento de  como as redes sociais têm afetado a autoestima dos adolescentes na atualidade e  quais as consequências disso, sempre baseados nos conceitos teóricos da  psicologia. 

Sendo assim, o presente artigo tem como objetivo refletir sobre autoestima,  redes sociais e adolescência, por meio de uma pesquisa bibliográfica narrativa. 

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

Neste capítulo, apresentaremos conceitos e definições sobre autoestima na  adolescência, a baixa autoestima e sua influência psicológica, faremos também um  breve histórico sobre as redes sociais e falaremos sobre a influência das redes  sociais na autoestima. 

2.1 Autoestima na adolescência 

Pode-se considerar que hoje o termo autoestima se popularizou, porém, o  conhecimento a respeito do seu significado e das possíveis interferências no  processo de desenvolvimento do adolescente, ainda são escassos. 

Segundo Moysés (2014) o estudo sobre a autoestima se originou nas ideias  de Willian James em 1890, em Principles of psychology, porém os estudos sobre a  temática criaram corpo nas décadas de 1970 e 1980. No âmbito conceitual, coube  às pesquisas e escritos dos autores W. Brookover, Stanley Coopersmith e William  Purkey, que ofereceram os subsídios basilares para investigação nessa área. Com  isso formou-se um consenso de que autoconceito é a percepção que a pessoa tem  de si mesma, e a autoestima é a percepção que ela tem do seu próprio valor. 

Dessa maneira, segundo Freire e Tavares (2011), a autoestima é definida  como a avaliação afetiva do valor, apreço ou importância que cada um faz de si  próprio. Nessa mesma linha de pensamento Rosenberg (1965, apud Romano,  Negreiro; Martins, 2007) refere-se à autoestima como a avaliação que a pessoa  demonstra e normalmente mantém sobre si mesma, onde implica um sentimento de  valor, que compreende um componente predominantemente afetivo, manifesta em  uma atitude de aprovação/desaprovação em relação a si mesma. 

Já para Mosquera e Stobäus (2006) a autoestima é o conjunto de atitudes  que cada pessoa tem sobre si própria, sendo ela uma compreensão avaliativa, um  jeito de ser, segundo a qual a própria pessoa tem ideias sobre si mesmo, podendo  ser positivas ou negativas. Não sendo estática, visto que apresenta altos e baixos,  revelando-se nos acontecimentos sociais, emocionais e psíquico-fisiológicos  (psicossomáticos), exibindo sinais detectáveis em vários graus. 

Sendo assim, pode-se compreender que a autoestima é a visão que cada  pessoa tem de si mesmo, podendo ser positiva ou negativa, mas nunca estática,  mudando conforme os acontecimentos da vida do sujeito. E quando se fala da  autoestima dos adolescentes, compreende-se as inúmeras mudanças afetivas,  cognitivas e sociais que se apresentam nessa fase, afetando muitas vezes a forma  como eles se veem. 

Considerando isso, conforme Filipini et al. (2013) definem a adolescência por  um momento de vivências associadas a profundas mudanças físicas e psíquicas.  Trata-se de uma fase de transição entre a vida infantil e a vida adulta. É nesta fase  de extrema importância que o adolescente tende a adquirir subsídios como:  princípios, valores, crenças, atitudes e vontades, e descobrirá seu papel social,  determinando intensa ansiedade e inúmeras fantasias. 

Do mesmo modo, Papalia e Feldman (2013) definem a adolescência como  um período de transição entre a infância e a vida adulta, sendo um momento  marcado por mudanças físicas, cognitivas, sociais e emocionais, assumindo diversas  formas em diferentes contextos. Sendo demarcada pelo início da puberdade, do  processo de maturação, onde ocorre uma transformação na forma de pensar, sentir  e agir. 

Portanto, compreende-se que os adolescentes estão suscetíveis a muitos  conflitos psicológicos, pois encontram-se vivendo inúmeros mudanças, adquirindo  responsabilidades e muitas vezes não tendo uma rede de apoio e orientação para  minimizar todos os acontecimentos negativos que enfrentam, e acabam isolando-se  e se apoiando nas redes sociais, que por muitas vezes pode gerar comparações  afetando ainda mais sua saúde mental. 

2.2 Baixa autoestima e sua influência psicológica 

Compreende-se que a baixa autoestima pode influenciar em diversos  aspectos na vida do indivíduo, como também ocasionar diversos problemas.  Bandeira e Hutz (2010) afirmam que a autoestima está relacionada à saúde mental e  também ao bem-estar psicológico, sua ausência está relacionada a certos  fenômenos mentais negativos como depressão e suicídio. Sendo assim, entender o  nível da autoestima dos adolescentes se torna significativo para a psicologia. 

Considerando isso, Branden (2000) e Rosenberg (1956/1989), relatam que a  autoestima pode ser avaliada pelos níveis: baixo, médio e alto. Sendo a baixa  autoestima caracteriza-se pelo sentimento de incompetência, de inadequação à vida  e incapacidade de superação de desafios; já a alta demonstrada um sentimento de  confiança e competência; e a média flutua entre o sentimento de adequação ou  inadequação, manifestando essa inconsistência no comportamento. (Branden, 2000;  Rosenberg, 1956/1989 apud Avanci et al., 2007). 

Considerando isso, Rosenberg criou uma escala de autoestima, que  atualmente é um dos é um dos instrumentos mais utilizados para a avaliação da  auto-estima global, o instrumento é constituído por 10 questões com os conteúdos  referentes aos sentimentos de respeito e de aceitação de si mesmo. As respostas  das questões são apresentadas em quatro itens no formato Likert (concordo  totalmente = 4; concordo = 3; discordo = 2; discordo totalmente = 1). Não obstante,  metade dos itens é enunciada positivamente e a outra metade negativamente, com  ordem embaralhada. Onde cada alternativa leva uma pontuação, e a soma das  respostas fornece o escore da escala, onde a pontuação total varia de 10 a 40,  sendo uma pontuação alta revela alta autoestima. (Viscard; Correia, 2017) 

Outro fato importante é que pessoas com baixa autoestima engajam-se em  comportamentos delinquentes como uma forma de retaliação contra a sociedade  que desdenha deles e como uma forma de obter autoestima (Rosenberg, 1989 apud Bandeira; Hutz 2010). 

Em concordância Freire e Tavares (2011) relatam que a autoestima foi  identificada como uma das características mais associadas aos indivíduos mais  felizes. Porém a baixa autoestima pode estar associada a ansiedade, a depressão  e a agressão. 

Dessa maneira, pode-se compreender que a baixa autoestima gera inúmeros  problemas psicológicos nos indivíduos, sendo de extrema importância entender os  fatores que podem estar influenciando na baixa autoestima. 

2.3 Breve histórico das redes sociais 

Tomaél e Marteleto (2006) afirmam que uma rede social consiste em um  grupo de pessoas, organizações ou outras entidades sociais conectadas por relacionamentos motivados pela amizade, relações de trabalho ou compartilhamento  de informações, dessa forma, através dessas conexões, essas redes vão moldando  e reestruturando a estrutura social. 

De forma semelhante, Silva e Ferreira (2007), dizem que uma rede social é uma estrutura composta por diversos atores sociais conectados por diferentes tipos  de relações, como amizade, familiares, comerciais, sexuais, entre outros. Através  dessas relações, os atores sociais desencadeiam movimentos e fluxos sociais,  compartilhando crenças, informações, poder, conhecimento e prestígio. 

Considerando isso, Recuero (2009), relata que o surgimento da primeira rede  social teve início entre os anos de 1970 e 1980 quando ainda estavam procurando  pelo seu desenvolvimento. Descreve que na época alguns fóruns de discussão e  sistemas de compartilhamento de arquivos foram criados para permitir a interação  entre seus usuários. Todavia, apenas em 1997 foi lançado o SixDegrees.com,  considerado o primeiro site que permitia seus usuários criarem perfis e se  conectarem uns aos outros, porém o site foi encerrado em 2001. Ademais em 2002,  foi lançado o Friendster, rapidamente se tornou uma rede social de grande sucesso  e logo após em 2003 foi lançado o Linkedln, com foco profissional, buscando que  seus usuários se conectassem com colegas de trabalho e contatos profissionais. 

Deste modo, segundo Moura (2023) em 2004 surge a rede social ORKUT,  que fez com que se popularizasse as redes sociais, no mesmo ano também surge o  Facebook, onde se tornou a maior rede social do mundo, atualmente ele conta com  2,96 bilhões de usuários. Já o Twitter foi criado em 2006, mas se popularizou  apenas em 2008, alterando um pouco o conceito das redes sociais que existiam até  aquele momento, pois era um microblog, com mensagens limitadas a 140  caracteres. Além disso, em 2009 surge o WhatsApp, um aplicativo de comunicação  instantânea e criptografada que foi desenvolvido como opção às mensagens via SMS e  rapidamente se popularizou. Adicionalmente, em 2010 surge o Instagram, que  atualmente conta com 2 bilhões de usuários, onde se pode postar, fotos, vídeos e  muito mais. De forma semelhante, em 2014 foi lançado o TikTok, e atualmente conta  com 1 bilhão de usuários, e tem a proposta de edição de todos os tipos de vídeos e  publicação. 

Considerando isso, podemos observar a rápida evolução das redes sociais e a  quantidade de pessoas que acessam essas plataformas, sendo assim, podem estar  gerando diversos impactos na vida das pessoas. 

2.4 Redes sociais e sua influência na autoestima 

Segundo Nardon (2006, apud Silva; Silva, 2017), a internet está cada vez  mais presente no cotidiano das pessoas, especialmente dos jovens. Os  adolescentes são mais suscetíveis às transformações das tecnologias digitais e  podem desenvolver vícios. Isso pode levar ao isolamento social e prejudicar sua  capacidade de socialização, dificultando a distinção entre a realidade e o mundo  virtual. 

Nesse sentido, Lira et al. (2017), relata que as redes sociais têm efeitos  diferentes na população e podem reforçar o narcisismo e os padrões de beleza  vigentes e esse efeito tem um peso ainda maior na adolescência, visto que as  mudanças que ocorrem neste período podem ser mais incompreensíveis, pois  envolvem aspectos emocionais e biológicos. 

Em virtude disso, as redes sociais podem afetar a percepção dos jovens  sobre si mesmo ao gerar comparações com outras pessoas que vivem realidades  opostas, gerando um efeito negativo e afeta diretamente na autoestima. Quanto  mais os jovens ficam expostos a rede social, maior é a comparação. O ideal é que  se tenha equilíbrio, e que a autoavaliação seja justa, de forma que os indivíduos não  alterem a sua imagem, quando realizam essa comparação (Vaz; Fernandes, 2021). 

Dessa maneira, para Rossi, Meurs e Perrewé (2015), a tecnologia, apesar de  facilitar nossas vidas, também gera uma pressão extrema devido à rapidez da  informação, o que pode resultar em problemas de estresse e ansiedade. A  ansiedade está relacionada à impossibilidade de acessar o que se deseja, ou seja,  as pessoas não se sentem ansiosas quando estão usando dispositivos digitais, mas  sim quando são impedidas de usá-los. 

3 MATERIAIS E MÉTODOS 

O presente artigo trata-se de uma revisão bibliográfica narrativa, que segundo  Rother (2007) são publicações amplas, próprias para descrever e discutir o  desenvolvimento ou o “estado da arte” de um assunto, sob perspectiva teórica ou  contextual. Portanto, são, necessariamente, análises da literatura publicada em  livros, artigos de revista impressas ou digitais, com base na interpretação e análise  crítica do autor. 

Sendo assim, foram selecionados artigos científicos indexados nas bases de  dados da Scielo utilizando para a pesquisa as seguintes palavras-chave:  adolescência, autoestima e redes sociais. Portanto, a pesquisa foi realizada na  plataforma entre os meses de agosto de 2023 a maio de 2024, sendo que os resultados apontaram aproximadamente 125 produções, entre os anos de 2018 e  2023, porém foram excluídos 122 artigos da pesquisa que não abordavam  autoestima na adolescência e temas relacionados a redes sociais e também internet, ou cujo foco não evidenciava alguma relação ou interface com o temática, sendo  assim foram selecionados 03 artigos, sendo um brasileiro, um mexicano e um  colombiano, que atendiam aos critérios de relevância. 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Considerando a métodos referidos acima, os artigos incluídos nesta revisão  são elencados na Tabela 1 e, posteriormente estará a descrição individual de cada  um dos trabalhos selecionados, observando suas principais características. 

Quadro 1 – Caracterização dos estudos selecionados. 

Título Ano da  Publicação Autores Revista Objetivo Geral
Transtorno mental  comum na  adolescência tardia  e dependência de  internet: possíveis  associações2021 Bueno, Viana  e NetoRevista  Psicologia,  Saúde &  DoençasVerificar as associações dos  sintomas de ansiedade,  depressão e autoestima com a dependência de Internet na  adolescência tardia em  estudantes matriculados no  ensino médio da Região  Metropolitana da Grande  Vitória – Espírito Santo  (RMGV-ES).
Riesgo de adicción  a redes sociales e  Internet y su  relación con  habilidades para la  vida y  socioemocionales  en una muestra de  estudiantes de  bachillerato del  municipio de  Envigado2021Klimenko,  Restrepo e  EcheverriPsicogenteAvaliar o risco de  dependência de redes sociais  e Internet e sua relação com  a vida e competências  socioemocionais em uma amostra de  adolescentes.
El sentido de la  vida como  mediador entre la  autoestima y la  adicción al internet  en adolescentes2021 González Ângulo et al.Enfermagem  GlobalAnalisar a relação entre  dependência de internet e  autoestima em adolescentes  mexicanos.

Fonte: Elaborado pela autora 

Bueno, Viana e Santos Neto (2021), tiveram seu estudo concentrado em  investigar as associações entre ansiedade, depressão, autoestima e dependência de  internet em estudantes que já se encontravam no final da adolescência na Região  Metropolitana da Grande Vitória- Espírito Santo. Sendo assim, os dados foram  coletados de 2.293 adolescentes, com idades entre 15 e 19 anos, e para a coleta  dos dados foi utilizado ferramentas como o Teste de Dependência na Internet (IAT),  a Escala de Autoestima de Rosenberg (EAR) e a Escala Hospitalar para Ansiedade  e Depressão (HAD). O estudo se concentrou em examinar a relação entre sintomas  de ansiedade, depressão e autoestima com o vício na internet no final da  adolescência. 

Em virtude disso, o estudo confirmou que estudantes do sexo feminino tinham  maior probabilidade de apresentar sintomas de ansiedade e baixa autoestima,  enquanto os sintomas depressivos eram mais prevalentes em estudantes do  primeiro ano do ensino médio e de escolas públicas. 

Além disso, o vício em Internet foi associado a maiores chances de sentir  ansiedade, depressão e baixa autoestima entre os estudantes. Dessa maneira, a  pesquisa concluiu que ansiedade, depressão e baixa autoestima são condições  mentais comuns entre adolescentes de 15 a 19 anos e estão ligadas ao vício em  internet. 

Já o segundo artigo de Klimenko et al. (2021), teve como objetivo de pesquisa  avaliar o risco de dependência de redes sociais e Internet entre adolescentes e sua  relação com sua vida e competências socioemocionais. O estudo visou identificar  padrões de uso problemáticos e fatores associados a potenciais riscos de  dependência. Foi utilizado para a coleta de dados questionários e escalas, e para  análise da autoestima dos adolescentes assim como no primeiro estudo foi aplicada  a Escala de Autoestima para Adolescentes, elaborada por Rosenberg. 

Um aspecto importante da pesquisa, é que os adolescentes da amostra  pertencentes ao sexo masculino apresentaram pontuações mais elevadas em  autoestima, autoeficácia, satisfação com a vida e tolerância à frustração do que as  mulheres. Já a resiliência e as habilidades sociais foram significativamente maiores  nas mulheres. O estudo aponta que essa diferença de pontuação mais baixas para  as mulheres possam estar relacionadas à maior vulnerabilidade emocional feminina,  principalmente na adolescência, devido à incidência de hormônios femininos no  sangue e a frequência de transtornos afetivos que em alguns estudos têm maior  prevalência em mulheres. 

Já o terceiro artigo de Gonzalez-Ângulo et al. (2021), realizou a pesquisa com  o objetivo de analisar a relação entre o vício em internet, a autoestima e o senso de  vida em adolescentes mexicanos. Sendo assim, foi efetivado um estudo descritivo e  correlacional com uma amostra de 238 estudantes que cursavam o nível básico de  ensino e ensino médio selecionados por amostragem não probabilística de  conveniência. Para a coleta de dados foram utilizados cartão de dados pessoais, escala  de autoestima de Rosenberg, teste de dependência de internet e teste de sentido da  vida. 

Dessa forma, para este estudo, considera-se hipoteticamente que a baixa  autoestima tem um efeito direto no vício, em Internet os resultados da pesquisa  confirmam uma relação negativa e significativa entre o vício em internet e o senso de  vida (rs = -0,359, p Ÿ 0,001) e a autoestima (rs = -0,426, p Ÿ 0,001). O senso de vida  foi identificado como um mediador entre a autoestima e o vício na internet, com um  efeito mediador (B = -0,188). Verificou-se que o gênero tem um efeito moderador na  relação entre autoestima e dependência de internet, mostrando importância em  ambos os sexos. 

Quanto ao nível de autoestima e sua variação segundo o sexo, foi encontrada  uma variação um pouco maior nas mulheres do que nos homens, ao contrário do  relatado por outros estudos, segundo os autores, eles descrevem que essas  variações podem ser decorrentes do contexto em que vivem e das variáveis  estudado. Por esse motivo, é importante a realização de mais estudos que analisem  esse tipo de efeito das variáveis. 

Dessa forma, as descobertas destacam as intrincadas conexões entre  autoestima, senso de vida e dependência de internet em adolescentes, enfatizando  a importância de considerar esses fatores em intervenções e programas de apoio  para essa população. 

Sendo assim, no primeiro artigo, Bueno, Viana e Santos Neto (2021)  trouxeram com sua pesquisa dados muito importantes onde foram comparados os  dependentes de Internet com os não dependentes, sendo que os que mais  utilizavam a Internet ofereciam quase duas vezes mais chance de ter sintomas de  ansiedade e depressão prováveis, se comparados com os não dependentes. Outro  aspecto, é que a chance de terem baixa autoestima foi 70% maior nos dependentes  de Internet. Mostrando assim, que o uso abuso do uso da internet pode ter relação  com a baixa autoestima de adolescente, levando a efeitos prejudiciais a sua saúde  mental. 

Considerando isso, o estudo também mostrou que em relação ao sexo dos  adolescentes, revelou que o sexo feminino teve mais de duas vezes mais chance de  mostrar sintomas de ansiedade em comparação ao sexo masculino. Resultado esse,  que vai no mesmo sentido do segundo artigo apresentado onde Klimenko et al.  (2021), que também apontou que o sexo masculino apresentou pontuações mais  elevadas em autoestima, autoeficácia, satisfação com a vida e tolerância à  frustração do que as mulheres. 

Nesse sentido, os autores dos dois artigos justificam que esse resultado pode  estar relacionado a uma maior prevalência de transtornos mentais no sexo feminino,  confirmando assim os resultados apresentados em estudos. 

Em contrapartida, o terceiro estudo apresenta um resultado diferente em a  relação à autoestima quando em relação ao sexo, onde Ângulo, et al. (2021) foi  encontrada uma variação um pouco maior nas mulheres do que nos homens, e eles  justificam esse resultado pode ser decorrente do contexto em que vivem os  adolescentes e dizem que é importante mais estudos como esse, pelas variações  conforme o público pesquisado. 

Por conseguinte, o que foi semelhante nos três estudos foi uma relação entre  a baixa autoestima e uso excessivo da internet pelos adolescentes, além disso os  estudos apresentam o aumento crescente do acesso à internet nos últimos anos,  deixando-os mais suscetíveis a baixa autoestima e um possível prejuízo na sua  saúde mental.  

5 CONCLUSÃO  

Diante do exposto, a pesquisa buscou explorar por meio de uma pesquisa  bibliográfica narrativa a complicada relação entre autoestima, adolescência e mídias  sociais, destacando os efeitos psicológicos desses fatores nos adolescentes. Nesse  sentido, durante a transição da infância para a idade adulta, os adolescentes  enfrentam diversos conflitos e desafios psicológicos, muitas vezes sem o suporte  adequado para lidar efetivamente com essas mudanças. Sendo assim, essa  vulnerabilidade pode levá-los a buscar conforto e validação em plataformas de redes  sociais, expondo-se de forma imprudente a comparações prejudiciais que podem  afetar ainda mais seu bem-estar mental. 

Portanto, a autoestima tem um papel fundamental na saúde mental,  impactando não só o bem-estar pessoal, mas também as relações sociais e  profissionais. No caso dos adolescentes, a autoestima é crucial para moldar sua  visão de si mesmos e suas interações com o mundo ao seu redor. Isso ressalta a  seriedade de entender e lidar com as influências das redes sociais na autoestima  dos jovens. 

Nesse sentido, essa pesquisa ressalta ainda a importância de conscientizar  os adolescentes da necessidade de ter uma gestão cuidadosa com o mundo virtual,  compreendendo seus impactos na saúde mental e os prejuízos que podem causar.  Assim como, trazer um alerta a outros pesquisadores da importância de mais  pesquisas sobre o tema, e estimular intervenções e programas de promoção a  saúde mental. 

REFERÊNCIAS 

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*Maristela Ribeiro de Macedo Moreira. Graduanda em Psicologia. E-mail:  marismacedo30@gmail.com;
**Nágilla Cirqueira Garcias. Graduanda em Psicologia. E-mail: nagillagarcia@gmail.com;
***Professor(a) orientador(a) Esp Adrielly Martins Porto Netto. E-mail: adripsicologia2015@gmail.com