PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INOVADORAS EM AMBIENTES MULTICULTURAIS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202508311114


Odete Aparecida Sperandio1
Aida Dominato Gonçalves2
Darcilena das Graças Mielke de Paula3
Maria Lúcia de Oliveira Perozzo4
Dr. Diogenes José Gusmão Coutinho5


RESUMO: Na atualidade investir em práticas pedagógicas que incluam as diversas inovações da atualidade e a diversidade cultural existente na sociedade e que se estende às salas de aulas propicia um ambiente inclusivo e respeitoso para todos os alunos e uma educação mais acessível a todos. O objetivo do artigo é discorrer sobre essas práticas no contexto da educação brasileira, um país rico em ambientes multiculturais. Para isso foi realizada uma revisão de bibliografia, desenvolvida através de consultas em bases de dados como Academia Edu, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD); Scielo e Google Acadêmico. Os resultados indicam que os docentes devem investir em  práticas pedagógicas inovadoras e que promovam a inclusão e o respeito às diferenças, valorizando para isso os ambientes multiculturais que existem no Brasil e nas salas de aulas.

Palavras-chave: práticas pedagógicas; Inovação; ambientes multiculturais.

ABSTRACT: Currently, investing in pedagogical practices that incorporate the various innovations of today and the cultural diversity that exists in society, extending into classrooms, fosters an inclusive and respectful environment for all students and a more accessible education for all. The objective of this article is to discuss these practices in the context of Brazilian education, a country rich in multicultural environments. To this end, a literature review was conducted, developed through searches in databases such as Academia Edu, the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations (BDTD); Scielo, and Google Scholar. The results indicate that teachers should invest in innovative pedagogical practices that promote inclusion and respect for differences, valuing the multicultural environments that exist in Brazil and in classrooms.

Keywords: pedagogical practices; innovation; multicultural environments.

1. INTRODUÇÃO

Esse estudo visa discutir as práticas pedagógicas voltadas para contextos multiculturais, com foco na valorização da diversidade cultural dos alunos, investigando para isso como as práticas docentes que considerem ambientes multiculturais podem tornar o processo de aprendizagem mais inclusivo, respeitoso e conectado com a realidade dos alunos.

A motivação para o presente estudo surgiu da constatação de que na prática educacional atual ainda é pouco considerado o multiculturalismo presente na maioria das sociedades, ainda que deva ser considerado um dos pilares das políticas educacionais inclusivas. Assim, realizar uma pesquisa que analise como as práticas pedagógicas contemporâneas podem e devem inserir elementos culturais e qual o papel do docente nessa dinâmica se revela essencial.

Justifica-se a escolha do tema porque apesar da ampla diversidade cultural existente no Brasil e nas salas de aula brasileiras, muitas práticas pedagógicas ainda seguem modelos tradicionais e que não consideram a diversidade cultural, o que torna necessário o estudo do tema sobre as práticas pedagógicas em ambientes multiculturais.

O artigo tem por objetivo amplo analisar como as práticas pedagógicas inovadoras que considerem a diversidade cultural contribuem para a inclusão e para melhoria dos resultados no ensino e aprendizagem no Brasil. Como objetivos específicos: a) discorrer sobre a necessária inovação no contexto educacional; b) analisar a diversidade cultural nas salas de aula e como essas podem ser integradas nas práticas pedagógicas; c) avaliar quais as estratégias os professores utilizam para atender essa diversidade; d) apontar a contribuição dessas práticas para a melhoria dos resultados no ensino e na aprendizagem.

Para isso serão utilizados conceitos como de interculturalidade, práticas pedagógicas e inovação pedagógica para fundamentar esta pesquisa, oferecendo um arcabouço teórico que permite analisar como a valorização das diferenças culturais pode ser incorporada às práticas educativas de modo a promover um ensino inclusivo, crítico e transformador. Ainda, serão, aqui, importantes, para a elaboração do artigo, as perspectivas de diversos teóricos, como Candau (2020), Fiorese e Trevisol (2024), Emed (2025), Martinho et al. (2025), e outros mais que se fizerem necessário.

Segundo Emed (2025), o Brasil se caracteriza por uma marcante diversidade, especialmente étnica, linguística e cultural, presente nos mais variados espaços de convivência, inclusive no ambiente escolar. Incorporar essa multiculturalidade ao processo educacional configura-se como uma estratégia eficaz para o ensino e a aprendizagem. Nesse contexto, Chafin e Souza (2022) destacam que o professor, enquanto mediador do processo pedagógico, pode ressignificar propostas já existentes por meio de práticas inovadoras, promovendo uma educação mais inclusiva e sensível à diversidade.

A metodologia a ser adotada é a revisão bibliográfica, realizada através de pesquisas em plataformas como BDTD, Scielo e Google Acadêmico, sobre assuntos como práticas pedagógicas, ambientes multiculturais e inovação na educação, dando-se para isso preferência a obras mais atualizadas e relacionadas com o tema abordado. 

Para isso o estudo será organizado em três seções, sendo a primeira seção dedicada ao resumo e introdução. Já a segunda seção terá como conteúdo a fundamentação teórica,  e por fim na terceira e última seção serão trazidas as considerações finais sobre o que foi estudado. Com relação a pergunta de pesquisa: como as práticas pedagógicas inovadoras e que incluam a diversidade cultural podem contribuir para uma educação mais inclusiva?

2. ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS INOVADORAS EM CONTEXTOS DIVERSOS

No que se refere à inovação, Fiorese e Trevisol (2024) apontam que etimologicamente, essa palavra vem do latim innovatio, significando renovação. Dessa forma, a inovação representa um novo olhar ou um olhar diferente. No contexto da educação inovação se refere à introdução de novas ideias, métodos, tecnologias ou práticas que buscam melhorar o processo de ensino-aprendizagem. 

Nesse sentido, importante esclarecer que segundo Candau (2025), os diferentes contextos educacionais trazem desafios ao cotidiano escolar e evidenciam a necessidade de uma reconfiguração periódica dos seus enfoques, de forma a trazer inovação à sala de aula. Dezinho (2022) complementa que, na atualidade, a recomposição da aprendizagem é uma realidade, com a questão sendo debatida em formações continuadas, reuniões pedagógicas e planejamentos. 

A educação para sua prática requer recursos didáticos que venham a auxiliar no processo ensino-aprendizagem, e nesse sentido, o desenvolvimento e a aplicação de estratégias apropriadas e inovadoras revela-se fundamental e devem fazer parte da recomposição da aprendizagem (Nunes; Malagri (2024). Um dos objetivos da recomposição da aprendizagem é a promoção de desafios para os alunos, democratizando os saberes e desenvolvendo competências e habilidades essenciais (Dezinho, 2022), e as práticas pedagógicas devem ir além do processo de alfabetização, devendo buscar o desenvolvimento da humanização social, afetiva e cognitiva do aluno, elevando assim a qualidade no ensino e aprendizado da disciplina. 

Na atualidade essas práticas devem também considerar os ambientes multiculturais em que estão quase sempre envolvidos. No que se refere ao multiculturalismo, este se configura como uma proposta de democratização pautada no respeito e na inclusão dos diversos pluralismos, sobretudo de natureza ética, reconhecendo a cultura como um fenômeno dinâmico, heterogêneo e multiforme. Tal perspectiva problematiza discursos identitários essencialistas e orienta-se pela construção de sociedades mais justas, equitativas e socialmente comprometidas com a valorização da diversidade, apontam Couto e Amadon (2021).

Para Ivenicki (2023), a diversidade étnico-racial, de gênero, orientação sexual e cultural, dentre outros marcadores das identidades plurais que constituem os seres humanos, é abraçada pelo multiculturalismo, movimento que traz a valorização da pluralidade e desafia preconceitos.

As escolas possuem um intercâmbio regional, com alunos oriundos de diversas regiões do país. Por vezes não se tem a oportunidade de apresentar e valorizar a riqueza de variação linguística que transita no território nacional. Outros elementos culturais de cada região que possam proporcionar uma troca que venha a favorecer o respeito e ampliação de repertório linguístico aos educandos (Chafin; Souza, 2022, p. 1).

Entre as questões que interpelam a Didática e a formação de professores na atualidade, são consideradas de especial relevância as relacionadas às diferenças culturais no cotidiano escolar, aponta Candau (2020), devendo assim ser buscada uma formação profissional que considere a diversidade. Entretanto, se por um lado existem docentes preocupados e comprometidos em considerar as diferenças culturais existentes, há também docentes que não levam em consideração a multiculturalidade, tanto no que se refere ao aluno como às práticas pedagógicas, elucida Emed (2023). 

Deve-se ainda considerar o caráter monocultural presente na dinâmica escolar, como aponta Candau (2020). Para Couto e Anadon (2021) a sociedade ainda tem um modelo que segue baseada na crença de um monolitismo cultural, que nada mais é do que uma educação que se baseia em uma visão única e homogênea de cultura e que promove somente os valores, saberes, línguas, tradições e perspectivas de um grupo dominante, em detrimento da diversidade cultural existente na sociedade. Esse modelo se estende ao ambiente educacional.

Nesse sentido, para o enfrentamento da educação monocultural, ou seja, baseada apenas em uma cultural, é necessária uma abordagem crítica e transformadora, que venha a atuar em diversos níveis como o curricular, o pedagógico, o institucional e o formativo, de forma a superar as eventuais práticas excludentes e construir uma educação de fato plural, democrática e inclusiva (Couto; Anadon, 2021).

Já no que se refere às práticas pedagógicas, são elas o conjunto de métodos, estratégias, procedimentos e ações aplicadas de forma intencional pelo docente no processo de ensino-aprendizagem. São fundamentadas em teorias educacionais, buscando assim promover o desenvolvimento cognitivo, social, afetivo e cultural dos estudantes, esclarecem Fiorese e Trevisol (2024).

Dentre as diversas práticas pedagógicas que podem e devem ser aplicadas em sala de aula em que a diversidade é comum entre alunos é a sequência didática. Chafin e Souza (2022) elucidam que a sequência didática proposta tem como objetivo geral promover a valorização da diversidade cultural, com foco no reconhecimento e no respeito às distintas manifestações culturais, notadamente em relação a costumes e valores. Entre os objetivos específicos, destaca-se a promoção de reflexões críticas sobre o preconceito, a valorização das experiências socioculturais dos sujeitos envolvidos e o fortalecimento de atitudes de respeito mútuo. As atividades serão desenvolvidas por meio de metodologias ativas, com caráter criativo e dinâmico, integrando o uso de tecnologias digitais como mediadoras do processo de ensino e aprendizagem.

Nesse sentido a tecnologia vem se destacando, não só na área da educação como em todas as áreas da existência humana, devendo ser incorporados à prática pedagógica, de forma que a educação no país venha a cada vez mais alcançar um patamar de qualidade e de acordo com as diretrizes nacionais e internacionais, apontam Nunes e Malagri (2024). 

Assim, com relação ao uso das tecnologias como práticas pedagógicas deve existir o investimento sólido na formação dos docentes para saberem utilizar a tecnologia em sala de aula, elucidam Nunes e Malagri (2024), de forma que o professor esteja preparado para utilizar ferramentas como jogos, aplicativos e outros para facilitar o método de aprendizagem.

A escola muitas vezes, é criticada por não conseguir acompanhar as transformações do mundo e, portanto, por estar defasada em relação ao seu tempo histórico. Nesse sentido, o uso das diversas tecnologias disponíveis em época contemporânea deve ser uma realidade no âmbito do ensino e aprendizagem, devendo habitar a escola, assim como estarem presentes em outras instituições e no cotidiano das pessoas, apontam Gonçalves e Faria Filho (2021).

Ainda, como bem colocam Gonçalves e Faria Filho (2021), a educação só se realiza através dos usos de diversos recursos com os quais a interage, como os artefatos tecnológicos, os livros didáticos e outros. Isso porque a educação deve estar de acordo com o que acontece no mundo, e a presença das tecnologias na escola e seus usos para educar é uma realidade na grande parte das instituições de ensino no Brasil na atualidade.

Com relação à práticas pedagógicas inovadoras, Fiorese e Trevisol (2024) esclarecem que inovadora é a prática pedagógica que vai além do usual e que rompe com a lógica tradicional de ensino e aprendizagem através da proposição de novos paradigmas que venham a superar os modelos dominantes e propor novas formas de ensinar. Indo além, as práticas docentes podem ser expandidas para abranger perspectivas culturais, esclarecem Braga et al. (2024).

Nesse sentido, as práticas pedagógicas inovadoras devem considerar os ambientes multiculturais existentes na maior parte das escolas. Ambientes de aprendizagem multiculturais se traduzem em espaços educativos organizados para acolher, valorizar e integrar a diversidade cultural de seus alunos, de forma a promover o respeito, a equidade e a convivência entre diferentes identidades, saberes e perspectivas culturais (Fiorese; Trevisol, 2024).

Importante esclarecer que o Brasil é reconhecidamente um país multicultural, em virtude da diversidade de povos, etnias, línguas, crenças, práticas sociais e expressões culturais que compõem sua identidade nacional. Essa diversidade tem raízes históricas, sociais e territoriais profundas, resultando em uma sociedade marcada pela convivência entre diversos grupos culturais (Rodrigues; Guedes, 2019). A escola configura-se como um dos espaços sociais compartilhados marcadamente diversos, uma vez que é composta por sujeitos plurais, cujas diferenças transcendem os aspectos linguísticos e regionais do contexto brasileiro (Emed, 2025).

Nesse sentido, Rodrigues e Guedes (2019) complementam que o pensamento de cultura no Brasil é frágil e não estruturado, sendo desvalorizado, tomando-se em seu lugar a cultura estrangeira como modelo de modernidade a ser alcançada, ainda que seja um país com tanta diversidade cultural. Indo além, não se trata apenas de ser o Brasil um país multicultural pela diversidade de seu povo, mas também deve-se considerar a existência de estudantes estrangeiros.

Assim, deve-se considerar que os ambientes multiculturais englobam tanto a diversidade própria de um país tão amplo como o Brasil como a existência de estudantes estrangeiros. Mas como bem coloca Emed (2023), esses estudantes nem sempre recebem acolhimento e respeito e nem sempre são alvos de ações que contribuem para a integração em sociedade, o que se reflete no ambiente educacional. 

Trata-se da necessidade de mudar essa realidade e trazer essa ampla diversidade cultural já existente entre os estudantes para as práticas pedagógicas através da inovação pedagógica. A inovação pedagógica, segundo Martinho et al. (2025), corresponde à aplicação de novos modelos educativos, estratégias ou metodologias que busquem melhorar a qualidade da aprendizagem e tornar o processo educativo mais eficaz. Essa inovação depende e exige dos papéis dos docentes. 

Nesse sentido, o professor deve não apenas investir em práticas pedagógicas inovadoras, mas também ao uso de recursos tecnológicos. Deve usar o ambiente multicultural como recurso para uma aprendizagem significativa, promovendo para isso o diálogo entre diferentes saberes, valorizando as identidades culturais dos estudantes e a construção de uma educação inclusiva e equitativa. Ao reconhecer a diversidade como potencial pedagógico, o docente transforma o espaço escolar em um lugar de escuta, respeito e intercâmbio, onde cada aluno se vê representado e legitimado em sua singularidade.

A formação de docentes para atuar em ambientes de aprendizagem multiculturais implica a necessidade de reconfigurar as práticas pedagógicas, tornando-as mais inclusivas e responsivas à diversidade cultural presente nas comunidades acadêmicas. Elementos como a valorização da alteridade, a promoção do diálogo intercultural e a disposição para a transformação das abordagens educativas são apontados como dimensões fundamentais dessa macro competência, considerada essencial para a efetivação da inovação pedagógica no contexto da educação contemporânea.

Indo além, resta clara a necessidade e a importância de se promover a reflexão acerca do que é e como se constitui uma prática pedagógica inovadora, visando uma concepção mais assertiva sobre o conceito, que possa fundamentar a prática nos cursos de formação docente e a consolidação do perfil do(a) professor(a) inovador(a), esclarecem Fiorese e Trevisol (2024).

Partindo do entendimento de que a cultura constitui um elemento fundamental para o fortalecimento da confiança, o estímulo à inovação e a construção de ambientes de aprendizagem mais eficazes, este estudo sustenta a relevância de aprendizagens situadas, capazes de promover a reflexão compartilhada entre docentes e discentes, servindo como fundamento para a co-construção de contextos educativos genuinamente interculturais (Martinho et al. 2025).

Para Rodrigues e Guedes (2019), no campo educacional, a vivência do multiculturalismo aliada à incorporação das tecnologias tem se constituído como um desafio significativo para a prática pedagógica. O currículo escolar representa um esforço estruturado no sentido de integrar a diversidade cultural, abordar criticamente os conteúdos produzidos pela indústria cultural e promover a construção de conhecimentos e o acesso qualificado à informação.

Um currículo multicultural deve promover a cidadania global e enfatizar o desenvolvimento de abordagens pedagógicas que venham a promover uma cidadania tanto ativa quanto reflexiva, bem coloca Braga et al. (2024), focando para isso na valorização e na inclusão da diversidade. 

Os currículos multiculturais são projetados para cobrir perspectivas culturais, não apenas permitindo que os estudantes aprendam sobre suas próprias culturas, mas também os expondo a e incentivando o respeito por culturas distintas das suas. Machado e Soares (2020) destacam que a inclusão de conteúdos diversificados nos currículos formais facilita a construção de pontes de entendimento e respeito mútuo entre os alunos (Braga et al. 2024, p. 14).

Nesse sentido, Martinho et al. (2025) aponta para a necessidade de capacitar docentes para impulsionar o sucesso acadêmico dos alunos através da promoção da consciência cultural e da internacionalização do ensino. Já Fiorese e Trevisol (2024) deve-se repensar a prática pedagógica com estratégias diversificadas que compreendem e mobilizem, conjuntamente, os processos de ensinar e de aprender. Entre essas estratégias, a utilização do ambiente multicultural, que costuma ser as salas de aula, deve fazer parte de uma prática pedagógica inovadora.

Mas para que isso seja uma realidade deve-se também investir na formação docente, de forma a preparar esses profissionais para a inovação e os diversos recursos pedagógicos que ela propicia. Para Martinho et al. (2025) em um contexto de crescente ambiente multicultural na educação, revela-se cada vez mais urgente capacitar docentes para lidar com os desafios de ambientes pedagógicos multiculturais, nomeadamente no que respeita à adaptação de práticas e abordagens pedagógicas.  

Para Emed (2023) as práticas pedagógicas monoculturais podem ser rompidas através de estudos e reflexões possibilitadas através de projetos de extensão, oficinas e mesmo da capacitação/formação, tanto inicial como continuada. Couto e Anadon (2021) apontam que a construção, no contexto da formação docente, de conteúdos mais democráticos e inclusivos, menos etnocêntricos e preconceituosos, se revela apenas em alguns dos desafios suscitados pelo multiculturalismo, que os currículos que formam professores têm de lidar permanentemente.

Para Braga et al. (2024), ainda existem desafios na adoção de práticas pedagógicas que considerem ambientes multiculturais, como resistências por parte de instituições, demandas por recursos tradicionais, falta de recursos didáticos adequados e a necessidade de formação específica para professores. Apesar desses obstáculos, os benefícios que emergem da implementação de práticas pedagógicas culturais são diversos como a promoção de empatia e respeito entre os alunos e a preparação de cidadãos conscientes e adaptados ao mundo globalizado.

Emed (2025) esclarece que nesse contexto nem todos professores se preocupam e se comprometem em considerar as diversas culturas existentes, havendo também docentes que não levam em consideração as vivências e o ambiente cultural no qual os alunos estão inseridos. Ivenicki (2023) esclarece que no cenário nacional, novos tempos na educação ocorrem após a época em que visões distorcidas da diversidade eram predominantes nos debates públicos. Porém, grandes desafios também devem ser enfrentados, inclusive no que se refere a prática docente. 

Mas investir em práticas pedagógicas inovadoras facilita o método de aprendizagem e o trabalho do professor, apresentando benefícios não apenas para os alunos, devendo assim o docente investir em ferramentas como sequência didática e tecnologias, e incluir o multiculturalismo na educação, afirmam Chafin e Souza (2022).

Mas existem possibilidades marcantes para fomentar uma maior compreensão intercultural e para o desenvolvimento de competências globais entre os alunos, esclarecem Braga et al. (2024). A continuação no desenvolvimento e integração de práticas docentes multiculturais é fundamental para preparar os estudantes para enfrentar as complexidades do mundo contemporâneo, além de contribuir para a construção de uma sociedade justa, inclusiva e consciente. 

Assim, deve existir uma maior conscientização acerca da importância da junção entre práticas pedagógicas e diversidade cultural, assim como um maior investimento nesse sentido, aduz Emed (2025). Nesse sentido, políticas públicas educacionais devem valorizar os ambientes multiculturais, buscando para isso promover a inclusão e o respeito às diversas culturas presentes no ambiente escolar, de forma a garantir que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade e que valorize sua identidade cultural, finalizam Braga et al. (2024).

3. CONCLUSÃO

Com base nas evidências disponíveis na literatura científica nacional sobre o tema aplicado no presente estudo, constatou-se que no Brasil as práticas pedagógicas ainda são bastante tradicionais e monoculturais, não obstante a ampla diversidade cultural e racial presentes na sociedade e que se estendem ao âmbito escolar. Ainda que as práticas pedagógicas venham se modificando e inovando, como ocorre com o uso das tecnologias na educação, estas ainda pouco consideram os ambientes multiculturais existentes na sociedade e nas salas de aula.

Conclui-se que muito dessa deficiência se dá a nível de formação profissional docente, motivo pelo qual deve existir mais investimentos nesse sentido, de forma que os docentes estejam preparados não apenas para investir em práticas inovadoras como o uso de tecnologias na educação, como para considerar os ambientes multiculturais, valorizando a diversidade cultural dos alunos e usando de ferramentas que celebrem a diversidade cultural.

Adaptar as práticas pedagógicas para a realidade cultural em que o aluno está inserido e no contexto multicultural comum às sociedades deve ser uma preocupação de docentes, de governos e de cursos de formação de forma a não apenas valorizar a diversidade cultural dos alunos como ainda fortalecer a sua autoestima ao reconhecer e valorizar suas origens e costumes. Também ajuda a formar cidadãos mais conscientes e que respeitam e valorizam a diversidade.

Como limitação ao estudo constatou-se o número reduzido de estudos brasileiros atualizados que tragam a diversidade cultural como elemento a ser integrado nas práticas pedagógicas, motivo pelo qual se sugere mais pesquisas sobre o tema.

REFERÊNCIAS

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1Mestranda em Ciências da Educação pela Universidade Christian Business School, licenciada em História e especialização em História Contemporânea.
2Mestranda em Ciências da Educação pela Universidade Christian Business School, licenciada em Geografia e especialização em Estudo da Geografia no Contexto Amazônico.
3Mestranda em Ciências da Educação pela Universidade Christian Business School, licenciada em Letras e especialização em letras: Português e Literatura.
4Mestranda em Ciências da Educação pela Universidade Christian Business School,  licenciada em Pedagogia e especialização em Educação infantil e Alfabetização.
5Orientador no curso de Mestrado em Ciências da Educação pela Universidade Christian Business School,  Dr em Biologia pela UFPE.