PRÁTICAS EDUCATIVAS AFROCENTRADAS DE PROFESSORAS AFROUNIVERSITÁRIAS

AFROCENTRATED EDUCACIONAL PRACTICES OF AFROUNIVERSITY TEACHERS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7631274


Walquíria Costa Pereira1
Raimunda Nonata da Silva Machado2


RESUMO 

O estudo analisa memórias de Professoras AfroUniversitárias construídas nas produções científicas da área da educação, evidenciando o que revelam sobre práticas educativas afrocentradas em universidades brasileiras. Discute a noção de memórias e experiências, visando a compreensão das lutas e resistências políticas, pedagógicas e epistêmicas de Professoras AfroUniversitárias. Faz uso do conceito de arqueologia (FOUCAULT, 2012), como perspectiva teórica-metodológica, garimpando memórias (POLLAK, 1989) em produções científicas – teses e dissertações porque revelam ações engajadas na promoção de justiça social e cognitiva no contexto universitário de produção e disseminação dos conhecimentos. Destaca a necessidade de se ampliar a produção de conhecimentos sobre memórias de Professoras AfroUniversitárias sobretudo na área de educação, uma vez que as análises de situações vivenciadas durante suas trajetórias socioeducacionais oferecem contribuições essenciais, dentre outras, na elaboração de práticas educativas afrocentradas nas universidades brasileiras, especialmente, nos processos de formativos de profissionalidade docente. 

Palavras-chaves: Professoras AfroUniversitárias. Arqueologia de memórias. Práticas Educativas Afrocentradas.

ABSTRACT

The study analyzes memories of Afro-University Professors built-in scientific productions in the area of education, highlighting what they reveal about Afro-centered educational practices in Brazilian universities. It discusses the notion of memories and experiences, aiming to understand the political, pedagogical and epistemic struggles and resistances of Afro-University professors. It uses the concept of archeology (FOUCAULT, 2012), as a theoretical-methodological perspective, mining memories (POLLAK, 1989) in scientific productions – theses and dissertations because they reveal actions engaged in the promotion of social and cognitive justice in the university context of production and dissemination of knowledge. It highlights the need to expand the production of knowledge about memories of Afro-University teachers, especially around education, since the analyzes of situations experienced during their socio-educational trajectories offer essential contributions, among others, in the elaboration of Afro-centered educational practices in Brazilian universities, especially in the training processes of teaching professionalism.

Keywords: Afro-University Teachers. Archeology of memories. Afrocentered Educational Practices

INTRODUÇÃO

Investigar memórias de professoras afrodescendentes na docência do ensino superior é uma possibilidade de localizar práxis de resistências libertadoras, em movimentos construídos com “desobediência epistêmica” à lógica hegemônica, como transgressão e insubmissão, que essas mulheres realizam ao se apropriarem de um espaço privilegiado de produção do conhecimento. 

Compreendemos que os movimentos de desobediência epistêmica estão engajados na ruptura com a hegemonia do padrão eurocêntrico, de forma que o sujeito tenha um posicionamento de resistência decolonial, no intuito da ressignificação do saber, poder e ser produzidos em contextos de violência colonial. Na ótica de Mignolo, “significa entre outras coisas, aprender a desaprender” (MIGNOLO, 2008, p. 290, grifos nosso). Desaprender, por exemplo, estereótipos de incapacidade intelectual endereçados a população afrodescendente1, afinal, as Professoras AfroUniversitárias, subvertem essa lógica colonial/moderna que as inferiorizam, colocando-as como grupo subalternizado. 

Nossas aspirações neste estudo é garimpar e disseminar práticas afrocentradas dessas docentes, por meio da análise de suas memórias evidenciadoras de trajetórias de vida permeadas por lutas e resistências a diferentes situações de preconceitos, discriminações e segregações. Dialogamos com mulheres que conseguiram adentrar em um espaço historicamente negado a elas pela cultura hegemônica de poder eurocêntrico, que privilegia a supremacia branca e masculina do norte global. 

Utilizamos um campo de pesquisa simbólico constituído por produções científicas que discutem a trajetória de professoras afrodescendentes na docência superior das universidades brasileiras, na área da educação. Para tanto, conduzimos nosso estudo com apoio no conjunto das teorizações pós-críticas, cuja metodologia permite nos movimentar em vários lugares, considerando a origem de produção de cada dissertação e tese analisada. 

Dialogando com Meyer e Paraíso (2014 p. 19) compreendemos que, “Movimentamo-nos ziguezagueando no espaço entre nossos objetos de investigação e aquilo que já foi produzido sobre ele, para aí estranhar, questionar, desconfiar”. A realização desse movimento contribuiu para conhecer práticas afrocentradas de mulheres afrodescendentes que possuem suas experiências silenciadas, invisibilizadas ou subalternizada. 

Direcionar o nosso olhar às memórias de Professoras AfroUniversitárias fez-nos compreender as suas práticas educativas como um movimento político, pedagógico e epistêmico de ruptura com a lógica colonial/moderna, marcada pelos diferentes estigmas impostos por uma sociedade que continua sendo bastante excludente, patriarcal e sexista, exigindo dessas docentes modos de intervenção para se afirmarem na docência universitária e serem reconhecidas e valorizadas nestes espaços. 

 Boakari pontua que “os estudos sobre as mulheres como sujeitos servem de perspectiva rica para analisar como uma determinada sociedade trata da sua maioria silenciada e esquecida” (2010, p. 2). Com esse argumento sustentamos que este silenciamento se evidencia ainda mais entre as mulheres afrodescendentes, cujo grupo fortemente segregado, possui suas trajetórias de vida interligadas por estigmas, estereótipos produzidos e estabelecidos por uma lógica epistêmica colonial/moderna geradora de preconceitos, discriminações e, por conseguinte, desigualdades raciais e sociais.

Na discussão desses elementos, que contribuem com a existência das exclusões sociais e cognitivas, optamos pelo uso da categoria afrodescendente por valorizar a dimensão da história, cultura e ancestralidade, uma vez que “nasce de um pensamento que reconhece a humanidade de todos, acredita na origem africana de todos os seres humanos” (BOAKARI, 2015. p.22), incluindo a marcação fenotípica, pois não desconsidera sua relevância na estruturação das relações de poder na sociedade brasileira. 

Com este olhar, realizamos uma arqueologia de memórias de mulheres afrodescendentes (neste estudo são Professoras AfroUniversitárias brasileiras), garimpando-as em teses e dissertações de programas de pós-graduação em Educação, disponíveis no Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES. 

Com o procedimento arqueológico foucaultiano de garimpagem de produções cientificas “não é nada além e nada diferente de uma reescrita: isto é, na forma mantida da exterioridade, uma transformação regulada do que já foi escrito” (FOUCAULT, 2012, p. 171). Nesse sentido, buscamos compreender como as memórias de Professoras AfroUniversitárias são construídas nas produções científicas da área da educação e o que revelam de vestígios para descrevermos sistematicamente sobre práticas educativas afrocentradas em universidades brasileiras. 

Com esta inquietação, sistematizamos este estudo da seguinte forma: no primeiro momento, que constitui esta parte introdutória, contextualizamos a pesquisa, situando o leitor quanto a questão central, objetivos e metodologia utilizada. 

Posteriormente, em “Trilhas metodológicas: o percurso da pesquisa” apresentamos os resultados do processo de garimpagem das produções científicas, onde concluímos sobre a necessidade de haver mais discussão sobre a presença de professoras afrodescendentes no exercício da docência do ensino superior, aprofundando experiências acadêmicas de epistemes antirracistas, afrocentradas e decoloniais que valorizam vozes e atitudes vinculadas aos saberes locais.

A seguir, em “Professoras AfroUniversitárias: construindo memórias de resistências?”, mostramos quem são as professoras que dialogam conosco neste estudo, destacando como suas experiências e suas memórias de resistência, inspiraram suas ações dentro da academia, criando estilos de fuga às opressões coloniais, oportunizando se apropriarem desse espaço, desconstruindo estereótipos de incapacidade intelectual, politicamente, atribuída a população negra. 

Em “Professoras AfroUniversitárias: memórias de práticas educaticas afrocentradas?” apresentamos como as memórias de professoras afrodescendentes, que chamamos de memórias de resistência, contribuem na constituição de práticas educativas afrocentradas.

Portanto, este estudo é um convite a reflexão sobre a presença (como existência) de professoras afrodescendentes na docência do ensino superior, cuja apropriação política e pedagógica do espaço acadêmico, constitui um movimento de “desobediência epistêmica” (MIGNOLO, 2008) da lógica de pensamento colonial da ciência moderna, à medida que produz práticas sociais que negam estereótipos racistas e sexistas.

1. TRILHAS METODOLÓGICAS: O PERCURSO DA PESQUISA

As autoras Meyer e Paraíso afirmam que “Uma pesquisa é sempre pedagógica porque se refere a um como fazer, como fazemos ou como faço minha pesquisa. Trata-se de caminhos a percorrer, de percursos a trilhar, de trajetos a realizar” (2014, p.17, grifo das autoras).

Em diálogo com as autoras acima, buscamos refletir acerca do percurso metodológico que realizamos para desenvolver nossa arqueologia de memórias de Professoras AfroUniversitárias, no que se refere as formas de “revelar a regularidade de uma prática discursiva” (FOUCAULT, 2012. p.177) como enunciados criadores que emitem informações inéditas e ativas.

Para a realização dessa trilha metodológica fizemos nosso levantamento no Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, garimpando teses e dissertações nos programas de pós-graduação em Educação. 

Inicialmente, utilizamos os descritores: professoras afrodescendentes; mulheres afrodescendentes na docência superior. Posteriormente, utilizamos a categoria negra no intuito de possibilitar uma maior quantidade de documentos possíveis, pois constatamos que a utilização do conceito afrodescendência, nas produções científicas, ainda é pouco explorado. Assim sendo, incluímos o termo negro nas buscas e utilizamos também os descritores: mulheres negras; professoras negras; professoras negras no ensino superior.

Neste processo foi possível catalogar dez produções defendidas entre 2008 e 2015, cujo temáticas discutem a presença de professoras afrodescendentes ou negras na docência superior. Para uma melhor sistematização desses dados, elaboramos um quadro que nos permite ter uma visão mais ampliada dessa arqueologia. Vejamos, a seguir, no quadro 1:

QUADRO 1: arqueologia das produções científicas – Professoras AfroUniveresitárias

PRODUÇÕES CIENTÍFICAS (2008 a 2015)
Teses
Título: Trajetórias de mulheres negras, professoras que atuam no ensino superior: as histórias de vida que as constituíram.
Autora: Maria Clareth Gonçalves Reis
Orientador: Waldeck Carneiro da Silva
Instituição: Universidade Federal Fluminense – UFF
Título: Tornar-se negro: trajetórias de vida de professores universitários no Ceará.
Autora: Maria Auxiliadora de Paula Gonçalves Holanda
Orientadora: Ercília Maria Braga de Olinda
Instituição: Universidade Federal do Ceará – UFC
Título: Gerando eus, tecendo redes e trançando nós: ditos e não ditos das professoras e estudantes negras nos cotidianos do curso de pedagogia.
Autora: Margareth Maria de Melo
Orientadora: Nilda Guimarães Alves
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro- UERJ
Título: Enfrentamentos ao racismo e discriminações na educação superior: experiências de mulheres negras na construção da carreira docente.
Autora: Maria de Lourdes Silva
Orientadora: Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva
Instituição: Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR
Título: Mulheres negras no cotidiano universitário: flores, cores e sentidos plurais.
Autora: Maria Aparecida dos Santos Crisostomo
Orientadora: Marcos Antonio dos Santos Reigota
Instituição: Universidade de Sorocaba – UNISO
Dissertações
Título: Mulher negra: trajetórias e narrativas da docência universitária em Sorocaba – São Paulo.
Autora: Maria Aparecida dos Santos Crisostomo
Orientador: Marcos Antonio dos Santos Reigota
Instituição: Universidade de Sorocaba – UNISO
Título: A cor na Universidade: um estudo sobre identidade étnica e racial de professores/as negros/as na Universidade Federal do Maranhão no Campus do Bacanga.
Autor: Raimundo Nonato Silva Junior
Orientadora: Iran de Maria Leitão Nunes
Instituição:  Universidade Federal do Maranhão
Título: Professoras Negras na UERJ e cotidianos curriculares a partir dos primeiros tempos do acervo fotográfico J. Vitalino.
Autora: Isabel Machado
Orientadora: Nilda Guimarães Alves
Instituição: Universidade do estado do Rio de Janeiro- UERJ
Título: Mulher afrodescendente na docência superior em Parnaíba: memórias da trajetória de vida e ascensão social.
Autora: Maria do Rosário de Fátima Vieira da Silva
Orientadora: Maria do Amparo Borges Ferro
Instituição: Universidade Federal do Piauí – UFPI
Título: Vidas de mulheres negras, professoras universitárias na Universidade Federal de Santa Maria.
Autora: Taiana Flores de Quadros
Orientador: Jorge Luiz da Cunha
Instituição: Universidade Federal de Santa Maria – UFSM
Fonte: produzido pelas autoras com base nas teses e dissertações analisadas – Banco de Teses e Dissertações da CAPES

Vale ressaltar que, esse estudo faz parte do Projeto de Pesquisa Professoras Afrodescendentes no Magistério Superior: vozes epistêmicas que analisa o ingresso e a participação de professoras afrodescendentes no magistério superior da Universidade Federal do Maranhão e do Piauí (UFMA e UFPI), visando produzir arqueologias de memórias de resistências, por meio de narrativas sobre trajetórias de Professoras AfroUniversitárias.

Nesse sentido, este artigo constitui um dos momentos dessa pesquisa. Com base nesse levantamento, realizamos a leitura das produções científicas e sistematizamos as primeiras reflexões sobre memórias de Professoras AfroUniversitárias presentes nesses documentos.  Para tanto, foi necessário,

Ler! Buscamos ler demoradamente (…) Lemos demoradamente para sabermos o que já foi produzido sobre nosso objeto, para nos juntarmos e nos separamos de ideias, perspectivas, temas, significados. Lemos para mostrarmos a diferença do que estamos produzindo e nos capacitarmos a buscar novas associações, estabelecer comparações e encontrar complementações (PARAÍSO, 2014, p.31).

Lemos no intuito de compreender, a partir dos discursos, como as mulheres afrodescendentes se constituem como docentes da educação superior, a partir dos marcadores sociais de gênero e raça; o que revelam as suas práticas educativas e se elas são afrocentradas. As primeiras unidades de análises, destacadas nesse levantamento, nos ajudaram a entender que as produções científicas (teses e dissertações) se inscrevem em um sistema de formação discursiva organizado por meio da autoria (práticas sociais de quem escreve), das regiões brasileiras (o lugar da escrita) e dos conceitos e/ou escolhas temáticas que compõem a posicionalidade das Professoras AfroUniversitárias em suas práticas acadêmicas: 

Quanto a autoria, os estudos foram realizados principalmente por mulheres afrodescendentes, sendo que apenas uma pesquisadora não se reconhece como afrodescendente ou possui fenótipo negro e uma dissertação é de autoria masculina. Em relação aos títulos, somente uma dissertação utiliza a categoria afrodescendente. 

São produções científicas realizadas em universidades públicas e privadas, principalmente nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste, cuja intenções de pesquisa nem sempre estão relacionadas exclusivamente a professoras negras.

Quanto a natureza conceitual e de escolha temática, os estudos estão centrados, principalmente, na análise dos impactos do racismo na mobilidade social das mulheres negras, destacando alguns fenômenos como preconceito e discriminação racial, de gênero, classe, bem como o processo de escolarização como essencial na ascensão intelectual e econômica da população negra.

Metodologicamente, conforme (Foucault, 2012), o uso da arqueologia busca, na análise do saber, a sua regularidade, definindo seus discursos próprios. Neste estudo, buscamos as regularidades dos saberes, sobre processos de racialização, nas memórias de Professoras AfroUniversitárias, discutindo maneiras de promover justiça cognitiva, ainda denunciar o racismo estrutural e o epistemicídio que atravessam a sociedade brasileira e, em especial, as universidades.

Fazer a escolha metodológica de garimpar produções científicas, na área da educação, que discutem a presença de mulheres afrodescendentes na docência superior, é uma possibilidade de evidenciar o que essas mulheres praticam quando se apropriam de um espaço elitista de relações de poder e produção de conhecimento com possibilidade de intervenção pedagógica e epistêmica como campo político de lutas e resistências criadoras de equidade social. 

Percorrer essa trilha metodológica nos mostrou, imediatamente, a necessidade de haver mais discussões acerca das trajetórias de mulheres afrodescendentes e professoras universitárias, sobretudo na área da educação. Essas provocações apresentamos, a seguir, analisando as memórias de Professoras AfroUniversitárias, aqui compreendidas como memórias de resistências às formas de colonização do corpo afrodescendente! 

PROFESSORAS AFROUNIVERSITÁRIAS: construindo memórias de resistências?

Ao longo da hegemonia da história ocidental as mulheres aparecem em uma posição de invisibilidade social. Entre elas, as mulheres afrodescendentes pertencem a um grupo social mais segregado e invisibilizado pelo pensamento de supremacia branca e masculina, que as colocam em desvantagem social e profissional, tal como afirmam Machado; Almeida (2021): “A Educação Infantil e o Ensino Fundamental absorvem 80% de mulheres afrodescendentes (pretas e pardas) e 63,6% de mulheres brancas. Já o nível da Educação Superior, as mulheres são, respectivamente, 1,6% e 5,1%”.

Então, concordamos que há um grupo atingindo uma mobilidade social ao conseguir superar os desafios das diferenciações triplicadas (BOAKARI, 2010). Deste grupo, destacamos as Professoras AfroUniversitárias que estão subvertendo a lógica eurocêntrica, ao “desconstruir preconceitos de incapacidade intelectual” (MACHADO, 2019, p.32), ao mesmo tempo em que se apropriam de um espaço historicamente não pensado ou projetado para elas.

Essas professoras afrodescendentes universitárias possuem, em suas trajetórias sociais e educacionais, uma variedade de enfrentamentos políticos de diferentes marcadores sociais: gênero, raça, classe, sexualidade, dentre outros. Para tanto, é necessário transcender as barreiras impostas por esses marcadores, construindo coalizões que trarão mudanças sociais (COLLINS, 2015).

A presença de mulheres afrodescendentes, atuando na docência do ensino superior, é uma possibilidade de evidenciar experiências concretas de protagonismos socioculturais, inerentes a pessoa afrodescendente com suas memórias de resistências. São modos de abalar o racismo estrutural, proporcionando o “rompimento com o silêncio instituído para quem foi subalternizado” (RIBEIRO, 2017, p. 90) e negligenciado pela historiografia tradicional na produção do conhecimento.

A análise das memórias de resistências, neste estudo, como possibilidade de rompimento com o silêncio atribuído aos grupos segregados, requer questionar:  Quem são as mulheres que subvertem a lógica epistêmica colonial/moderna, ao se apropriarem do espaço acadêmico? Como essas mulheres se apropriarem do espaço acadêmico e produzem experiências de práticas educativas afrocentradas? 

Com esses questionamentos, mapeamos quem são as professoras afrodescendentes, presentes nas teses e dissertações analisadas, compartilhando suas experiências como partícipes das pesquisas (Quadro 2). 

QUADRO 2: arqueologia de memórias de professoras afrodescendentes nas produções científicas

Fonte: produzido pelas autoras com base nas teses e dissertações analisadas

Durante as leituras e análises das memórias das professoras afrodescendentes participantes das produções científicas (teses e dissertações analisadas), destacamos suas memórias com relações de gênero, raça, classe e instituições como família, movimentos sociais e escola. Compreendemos que elas, em sua maioria, pertencem a famílias de origem pobre, que viram o exercício da docência como uma possibilidade de ascensão social e rompimento com o destino historicamente “esperado” para elas.

Para a filósofa e antropóloga Lélia Gonzalez (1935-1994) “Ser negra e mulher no Brasil, repetimos, é ser objeto de tripla discriminação, uma vez que os estereótipos gerados pelo racismo e pelo sexismo a colocam no nível mais alto de opressão” (GONZALEZ, 2020, p. 58, grifos nosso). Essa situação demonstra o quanto “o racismo contra o negro tornou-se uma estrutura fundamental e constitutiva da lógica do mundo moderno-colonial” (GROSFOGUEL, 2016, p.39), ou seja, o racismo é “um sistema de opressão que nega direitos” (RIBEIRO, 2019, p.12).

As Professoras AfroUniversitárias também enfrentaram discriminações de gênero, raça e classe. Essas “categorias de análises são fundamentais para nos ajudar a entender as bases estruturais de dominação e subordinação” (COLLINS, 2015, p.15). Afinal, a sociedade brasileira ainda reproduz um pensamento moldado no viés hegemônico e eurocentrado. 

Entretanto, essas mulheres, conseguiram subverter essa lógica ao se posicionarem dentro do espaço acadêmico como produtoras de conhecimento. Algumas, utilizaram suas experiências em participarem nos Movimentos Sociais, como possibilidade de moldar suas ações na academia. 

Sobre isso, pontuamos que ao participarem de Movimentos Sociais, se fortaleceram com conhecimentos de lutas políticas, o que contribuiu na criação de práticas educativas, mais afrocentradas, dentro da academia. Elaboram práticas educativas que combatem as diferentes formas de discriminações e racismo, uma vez que “articulam a militância política e a produção do conhecimento sobre a realidade étnico-racial a partir da sua própria vivência racial” (GOMES, 2010, p. 496), proporcionando atitudes de resistências e engajamento político. 

É nesse sentido que a militância das professoras do nosso estudo, pode ser também compreendida como possibilidade de construção de uma docência criativa e inovadora, no sentido de que sua atuação pedagógica, epistêmica e política “mexe com as forças conservadoras, com o capital e com os grupos de poder” (GOMES, 2017, p. 20).

Garimpar memórias de professoras afrodescendentes em teses e dissertações, nos mostrou que essas mulheres possuem trajetórias sociais e educacionais, permeadas por diferentes situações de preconceitos, racismo e discriminações, sobretudo, no que se refere as dimensões sociais de gênero, raça e classe.

De acordo com Euclides e Silva (2016, p. 108):

As mulheres que logram ingressar neste espaço rompem com uma cadeia lógica de normalidade, quebrando paradigmas de competência e destino profissional. Toda essa identificação é parte de um contexto maior de resquícios ainda de hierarquização de papéis masculinos e femininos na sociedade. De forma simbólica, homens e mulheres já nascem com determinadas ideias do que é lugar de mulher e do que é lugar de homem, e isso se reflete nas atitudes, conquistas e projetos.

Ao entrarem no espaço acadêmico, as Professoras AfroUniversitárias, desobedecem ao que está posto pela hegemonia branca e masculina. Por meio de suas memórias, que são práticas discursivas socializadas nas dissertações e teses analisadas, constatamos a existência de movimentos de reflexão sobre si e sobre o outro, aproveitando o espaço da pesquisa para registrar, visibilizar e disseminar experiências plurais de denúncia e combate aos racismos e sexismos. Para tanto, se apropriam também do que a filósofa brasileira Djamila Ribeiro chama de “lugar de fala” (RIBEIRO, 2017), ao relatarem as suas formas próprias de protagonizarem suas experiências.

Esse lugar de fala de Professoras AfroUniversitárias deve ser compreendido como crítica as vozes insurgentes historicamente, mas, esquecidas nas formações discursivas colonial e moderna, inclusive pelo feminismo hegemônico. É, desse modo, uma possibilidade de denunciar atitudes epistêmicas que negam e subalternizam as vozes de certos grupos sociais, que não se enquadram na lógica moderna eurocentrada.

Assim sendo, damos ênfase ao lugar social que estas mulheres se encontram, mostrando que as oportunidades sociais, culturais e econômicas podem se expandirem, criando espaços para uma multiplicidade de vozes que nos ajudam a entender “realidades que foram consideradas implícitas dentro da normatização hegemônica” (RIBEIRO, 2017, p.59) e “quebrar com o discurso autorizado e único, que se pretende universal. Busca-se aqui, sobretudo, lutar para romper com o regime de autorização discursiva (RIBEIRO, 2017, p. 69).

Nesse lugar de fala, outro elemento importante, a considerar, é a construção da identidade racial dessas professoras.  Para Cunha Junior (2005, p.257), a identidade “É constituída por conjuntos amplos, complexos de motivações e condições culturais, sociais, econômicas e políticas”. Sobre essa questão Gomes (2005, p.41) argumenta que:

A identidade não é algo inato. Ela se refere a um modo de ser no mundo e com os outros. É um fator importante na criação das redes de relações e de referências culturais dos grupos sociais. Indica traços culturais que se expressam através de práticas linguísticas, festivas, rituais, comportamentos alimentares, tradições populares e referências civilizatórias que marcam a condição humana.

Dessa forma, a identidade racial é formada e transformada diariamente a partir de nossas vivências com o outro. O reconhecimento de suas identidades raciais, advém de suas memórias traduzidas nas próprias experiências desenvolvidas durante suas vidas, formada por lembranças, esquecimentos e silêncios, influenciando inclusive suas práticas educativas na academia porque a memória é dinâmica, é movimento de recriação de experiências, modificando, desse modo, as práticas sociais.

Assim sendo, como se constitui as práticas educativas de professoras afrodescendentes universitárias? São práticas educativas afrocentradas? É o que nos propomos a discutir, a seguir!

4. PROFESSORAS AFROUNIVERSITÁRIAS: memórias de práticas educativas afrocentradas?

Para a pedagoga e antropóloga social Nilma Lino Gomes as intelectuais engajadas “produzem um conhecimento que tem como objetivo dar visibilidade a subjetividades, desigualdades, silenciamentos e omissões em relação a determinados grupos sociorraciais e suas vivências” (GOMES, 2010, p.495). É com esse argumento que inserimos, as Professoras AfroUniversitárias nesse grupo de intelectuais engajadas.

Afinal, a produção de conhecimento dessas mulheres, advém de suas experiências, uma vez que são acontecimentos vividos, os quais são representados por dificuldades, contradições e conquistas (POLLAK,1989). Estes acontecimentos ao serem rememorados, possibilitam inovações na academia, que questionam atitudes epistêmicas conservadoras a exemplo da criação de espaço para produção de práticas educativas afrocentradas, impulsionadas pela presença e participação de Professoras AfroUniversitárias engajadas nas lutas antirracistas. 

Sobre isso, a pesquisadora Crisostomo nos alerta que: “À medida que a mulher negra se fizer mais presente na universidade em posições sociais e profissões em que antes não lhe era permitido, promoverá transformação nas expectativas da sociedade” (CRISOSTOMO, 2014, p.80):

Esse modo de “desobediência epistêmica” (MIGNOLO, 2008) via apropriação de espaços acadêmicos inaugura outras práticas educativas endereçadas à pesquisa, ensino e extensão de valorização da história e cultura africana e afro-brasileira, é capaz de romper com a colonialidade de poder, de ser e de saber rumo a “descolonização do pensamento” (GROSFOGUEL, 2016). Afinal, segundo Padilha e Machado (2019, p. 191):

a própria presença de professoras afrodescendentes na universidade é um movimento de subversão com a lógica epistêmica dominante que favorece o uso de outras epistemologias mais afrocêntricas, colocando os sujeitos, marginalizados e subalternizados, como agentes de sua própria história.

As docentes afrodescendentes universitárias, partícipes deste estudo, na análise de dissertações e teses possuem narrativas de lutas, resistências e superações, se colocando como agentes de sua própria história ao desobedecerem ao que é posto pelo padrão eurocêntrico que privilegia as relações de poder existentes na sociedade. 

No âmbito dos movimentos sociais, a participação dessas professoras contribuiu para o desenvolvimento de práticas educativas de valorização e reconhecimento das experiências do sujeito afrodescendente que chamamos de práticas educativas afrocentradas.  

Essas práticas educativas, das Professoras AfroUniversitárias, são consideradas afrocentradas porque, ao se apropriarem da universidade como campo de disputa, luta, trabalho e militância, criam diferentes maneiras de valorização dos saberes afrodiásporico, se constituindo como mulheres professoras afrocentristas. Afinal, toda prática educativa possui uma intencionalidade!

Nas produções analisadas, consideramos práticas educativas afrocentradas quando as professoras, participantes da pesquisa, realizam dentro do espaço acadêmico a discussão sobre as relações raciais, tais como: a) incentivo e disseminação da produção do conhecimento acerca dos saberes de África e afrodiaspórico em sala de aula, nas orientações de trabalhos de extensão, iniciação científica, monografias, dissertações, teses, além de discussão nos eventos científicos; b) criação do laboratório de Programa de Culturas Populares que discutia sobre as contribuições dos negros, índios e brancos para a cultura; c) realização de palestras e formações sobre as relações raciais; d) a visibilidade dada para as/os autoras/es africanas/os, as músicas, os contos e festas da população negra e afrodescendente; e) e, criação de grupos de estudos e pesquisas como possibilidades de evidenciar a história e cultura africana. 

O filósofo Molefe Kete Asante, sistematizou o conceito de Afrocentricidade na década de 1980, pontuando ser “um tipo de pensamento, prática e perspectiva que percebe os africanos como sujeitos e agentes de fenômenos atuando sobre sua própria imagem cultural e de acordo com seus próprios interesses humanos” (ASANTE, 2009, p.93).

Toda prática educativa possui uma intencionalidade, e, desenvolver uma prática educativa afrocentrada, é poder promover um ensino de valorização da história e cultura africana, ou ainda, fazer o diálogo com o projeto afrocêntrico desenvolvido por Asante (2009, p.96), cuja prática educativa exige destacar os seguintes princípios: 

1) o interesse pela localização psicológica, ou seja, a forma como a pessoa se posiciona em relação ao mundo africano; 

2) o compromisso com o posicionamento do sujeito afrodescendente, especialmente, o que ele pensa, diz e faz; 

3) a defesa dos elementos culturais africanos – sobretudo a ciência; 

4) o compromisso com o refinamento léxico, desvelando a confusão de significados produzidos pela história ocidental sobre os africanos e afrodescendentes e, por fim;

5) o compromisso com uma nova narrativa, visando promover tentativas de valorização e agenciamento de toda produção de africanos e afrodescendentes.

As Professoras AfroUniversitárias, em sua atuação docente dentro da academia, nas discussões em sala de aula a partir das disciplinas ministradas, nas atividades de orientações em artigos e monografias e ainda a participação em grupos de estudos e pesquisas, desobedecem a lógica epistêmica ao proporcionar uma ruptura com um currículo hegemonicamente eurocentrado, contribuindo para que os sujeitos se reconheçam dentro de sua própria história de ancestralidade africana e afrobrasileira.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As mulheres, ao longo da história, vêm enfrentando diferentes situações de discriminações, silenciamentos e exclusões, por uma sociedade de supremacia branca e masculina. Entre elas, as afrodescendentes, que pertencem a um grupo social mais segregado e que precisam enfrentar os marcadores sociais de gênero, raça e classe.

Evidenciar como as memórias de Professoras AfroUniversitárias são construídas nas produções científicas da área da educação e o que revelam sobre práticas educativas afrocentradas em universidades brasileiras, é uma possibilidade de ruptura com a lógica da ciência moderna, que desvaloriza os saberes e experiências de sujeitos subalternizados.

As Professoras AfroUniversitárias que compõem nosso estudo, se inserem dentro do grupo de afrocentrista (ASANTE, 2016), ao desafiarem a lógica da ciência moderna e eurocêntrica, mediante a criação de espaços que valoriza e visibiliza a história e cultura africana nos diferentes espaços acadêmicos de constituição do ensino, da pesquisa e da extensão. 

Afinal, ao se apropriarem de um espaço historicamente não pensado para elas, estão em constante movimentos de luta para se manterem nesse espaço, ao mesmo tempo que realizam também, o movimento de (re)apropriação cultural por seus alunos, ao proporem a inserção da temática racial na academia, a partir das disciplinas, estágios supervisionados, orientações de pesquisas, eventos científicos, dentre outras atividades acadêmicas. 

As Professoras AfroUniversitárias, que compõem o nosso estudo, em sua maioria são oriundas de famílias pobres que acreditaram na docência como uma possibilidade de rompimento com o que é posto pelos marcadores sociais de gênero, raça e classe, buscando uma ascensão social e econômica.

Ora, são mulheres afrocentristas que possuem consciência de suas experiências como mulheres afrodescendentes que, embora tenham titulações acadêmicas, estão a todo momento precisando comprovar que possuem capacidades intelectuais, e são produtoras de conhecimentos. 

Com esse estudo, ao garimpar produções científicas, teses e dissertações na área da educação, foi possível destacar a necessidade de ampliar a produção de conhecimentos sobre a temática racial, sobretudo no que se refere a produção sobre Professoras AfroUniversitárias, uma vez que só catalogamos dez produções no período de 2008 a 2015. 

As memórias de Professoras AfroUniversitárias evidenciam narrativas de experiências de enfrentamentos ao racismo e sexismo presente na sociedade e no espaço acadêmico. Além disso, sua participação em movimentos sociais, contribuem para a sua atuação docente, uma vez que assumem um engajamento político e acadêmico ao explicitar o “seu pertencimento a um grupo historicamente excluído do lugar de produtor da ciência e que carrega esse mesmo grupo na sua voz, no seu corpo, na sua forma de ler, interpretar e produzir conhecimento” (GOMES, 2010, p.505).

O reconhecimento de seu pertencimento a um grupo social, advém de sua própria identidade racial. Ora, as Professoras AfroUniversitárias, são mulheres afrocentristas que possuem autoconsciência de seu lugar na sociedade. Essa autoconsciência pode ser compreendida e assumida a partir dos princípios da Afrocentricidade que surge em resposta a supremacia branca (MAZAMA, 2009). 

As memórias de Professoras AfroUniversitárias contribuem para a produção de práticas educativas afrocentradas, uma vez que elaboram saberes de valorização e reconhecimento africano e afrodiaspórico. Suas trajetórias são permeadas de lutas contra os estereótipos estabelecidos por uma sociedade hegemônica branca e masculina, que desvaloriza suas capacidades intelectuais e competência docente. 

Compreendemos que essas mulheres, como sujeitos afrodescendentes, realizam um movimento de subversão epistêmica, ao se apropriarem desse espaço que historicamente não foi pensado para elas. 

Eis alguns modos de construção de memórias de resistência e contribuições para a produção de práticas educativas afrocentradas de Professoras AfroUniversitárias!!!

REFERÊNCIAS 

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1Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

2Docente do Departamento de Educação II e do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA)