OS IMPACTOS DOS DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS NO COMPORTAMENTO E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NA PRIMEIRA INFÂNCIA- UMA PERSPECTIVA PÓS PANDEMIA

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11427078


Ewelin Da Silva Ferreira*
Kamilla Gomes Flôres*
Luiza Corbucci Filó Dias De Sousa*
Adrielly Martins Porto Netto**


Resumo: Este estudo aborda o desenvolvimento cognitivo na primeira infância, focando nas interações entre tempo de tela, desenvolvimento cognitivo e os impactos da pandemia de COVID-19. Baseado nas teorias de Jean Piaget (1951) e Lev Vygotsky (1978), o objetivo é analisar como o aumento do tempo de tela durante a pandemia afetou diversas áreas do desenvolvimento infantil, incluindo aspectos cognitivos, socioemocionais e motores. A pesquisa utiliza uma metodologia qualitativa descritiva, com revisão de literatura narrativa, analisando publicações de 2020 a 2023 que discutem o impacto dos dispositivos eletrônicos no desenvolvimento infantil. Os resultados preliminares indicam que o tempo de tela tem efeitos ambíguos, potencializando certas habilidades cognitivas e criativas, mas possivelmente prejudicando o desenvolvimento emocional e social. O estudo contribui para o conhecimento acadêmico sobre os efeitos da tecnologia na primeira infância e oferece diretrizes práticas para pais, educadores e formuladores de políticas, enfatizando a importância da mediação parental e do planejamento pedagógico em um ambiente cada vez mais digital.

Palavras-chave: Primeira Infância, Desenvolvimento Cognitivo, Tempo de Tela, Pandemia.

Abstract: This study addresses cognitive development in early childhood, focusing on the interactions between screen time, cognitive development, and the impacts of the COVID-19 pandemic. Based on the theories of Jean Piaget (1951) and Lev Vygotsky (1978), the aim is to analyze how the increase in screen time during the pandemic has affected various areas of child development, including cognitive, socio-emotional, and motor aspects. The research employs a descriptive qualitative methodology, with a narrative literature review, analyzing publications from 2020 to 2023 that discuss the impact of electronic devices on child development. Preliminary results indicate that screen time has ambiguous effects, enhancing certain cognitive and creative skills but potentially hindering emotional and social development. The study contributes to academic knowledge on the effects of technology in early childhood and provides practical guidelines for parents, educators, and policymakers, emphasizing the importance of parental mediation and pedagogical planning in an increasingly digital environment.

Key-words: Early Childhood, Cognitive Development, Screen Time, Pandemic.

1  INTRODUÇÃO

A primeira infância, um período crítico no desenvolvimento humano, enfrenta novos desafios e oportunidades em um mundo cada vez mais digitalizado. Esta pesquisa aborda o desenvolvimento cognitivo durante a primeira infância, com foco particular nas interações entre tempo de tela, desenvolvimento cognitivo e os impactos da pandemia de COVID-19. A investigação é ancorada em teorias fundamentais de Jean Piaget (1951) e Lev Vygotsky (1978), que destacam, respectivamente, as mudanças estruturais no pensamento infantil e a influência do contexto sociocultural no desenvolvimento cognitivo.

A pesquisa visa entender como o aumento no tempo de tela durante a pandemia influenciou o desenvolvimento cognitivo, sócio emocional e motor na primeira infância.

 Justifica-se pela necessidade urgente de avaliar os efeitos a longo prazo dessas interações digitais, especialmente quando as restrições pandêmicas modificaram drasticamente o ambiente de aprendizagem e desenvolvimento.

Neste contexto, o estudo adota uma metodologia qualitativa descritiva, utilizando a técnica de revisão de literatura narrativa para explorar as contribuições de autores como Piaget (1951), Vygotsky (1978) e novas pesquisas discutidas em publicações recentes como as de Oliveira et al. (2023) e Dutra et al. (2024). Os critérios incluem publicações entre 2020 e 2023, com foco no desenvolvimento da primeira infância e o impacto dos dispositivos eletrônicos.

Os resultados preliminares sugerem que o aumento do tempo de tela pode ter efeitos mistos, potencializando certas habilidades cognitivas e criativas, enquanto possivelmente prejudica o desenvolvimento emocional e social. Este estudo, portanto, não apenas contribui para o corpo acadêmico sobre os efeitos da tecnologia na primeira infância, mas também oferece diretrizes para pais, educadores e formuladores de políticas para equilibrar o uso de tecnologia com atividades de desenvolvimento saudáveis.

Esse estudo busca oferecer perspectivas sobre as maneiras de aprimorar as estratégias de mediação dos pais e o planejamento pedagógico para assegurar e fomentar o desenvolvimento completo das crianças numa época dominada pelo uso constante de tecnologia.

2  FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1  O Desenvolvimento Cognitivo Na Primeira Infância

O desenvolvimento cognitivo na primeira infância é um período crucial de crescimento e aprendizado, durante o qual as bases para habilidades cognitivas complexas são estabelecidas. As várias etapas passadas ao longo da vida vão qualificando e quantificando o desenvolvimento humano e formando todo o ciclo de vida, sendo que as mudanças quantitativas se referem aos aspectos físicos do crescimento, enquanto as qualitativas abrangem as modificações do desenvolvimento, como as cognitivas (capacidades mentais) e as socioemocionais (interações) (Vygotsky, 1978).

A ideia de que as várias etapas da vida qualificam e quantificam o desenvolvimento humano é um conceito central em teorias do desenvolvimento, como para Jean Piaget (1951) e Lev Vygotsky (1978).

Segundo Piaget (1951), reconhecido por suas contribuições significativas no campo do desenvolvimento cognitivo, o processo de crescimento humano é caracterizado por uma sequência de estágios que demarcam diferentes formas de entender e interagir com o mundo. Ele argumentava que, desde a infância, as pessoas passam por fases distintas que são fundamentais para a construção do raciocínio e da percepção da realidade, as quais são essenciais para o desenvolvimento cognitivo ao longo da vida (Piaget, 1951).

De acordo com Vygotsky (1978), o desenvolvimento cognitivo é fortemente influenciado por elementos sociais e culturais, sendo entendido como um processo dinâmico que se desenrola na interação com o meio social. Ele destacava a importância do contexto sociocultural no desenvolvimento das funções psicológicas superiores, contrapondo-se à ideia de estágios fixos propostos por teorias anteriores, como a de Piaget (1951). Para Vygotsky (1978), o desenvolvimento é visto como uma trajetória contínua e profundamente enraizada nas relações sociais e históricas que cercam o indivíduo.

Segundo a cartilha publicada pelo Ministério da Saúde (2014, p. 04),

“A aprendizagem inicia-se desde o começo da vida. Muito antes de a criança entrar na escola, enquanto cresce e se desenvolve em todos os domínios (físico, cognitivo e socioemocional), ela aprende nos contextos de seus relacionamentos afetivos. Especialmente na primeira infância, a aprendizagem é fortemente influenciada por todo o meio onde a criança se encontra e com o qual interage” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014, p. 04).

Conforme enfatizado em uma cartilha pelo Ministério da Saúde em 2014, a aprendizagem começa muito antes da escola, no âmbito dos relacionamentos afetivos e do desenvolvimento físico, cognitivo e socioemocional da criança, sendo profundamente influenciada pelo meio em que se encontra (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). 

Para Piaget (1951), a primeira infância, caracterizada, em particular, pelos cinco primeiros anos de vida de um ser humano, é marcada por intensos processos de desenvolvimento, período em que a arquitetura do cérebro está se formando e as experiências vividas pela criança nesse período têm um impacto importante e permanente no seu processo de desenvolvimento, sendo fundamental para formar a base cerebral, definindo ela forte ou frágil para a aprendizagem, o comportamento e a saúde, ao longo da vida. 

O desenvolvimento infantil se define pela evolução psicomotora que toda criança saudável deve viver. A fase inicial da vida de uma criança é um período de grandes mudanças do ponto de vista do desenvolvimento neuropsicomotor, estas mudanças requerem que tenha um acompanhamento regular, com a finalidade de detectar precocemente quaisquer agravos à sua saúde (REICHERT et al. 2015). 

Dentre aspectos importantes que influenciam o desenvolvimento precisamos ressaltar as mudanças repentinas que o período pandêmico causou ao impor restrições como o isolamento social, e o impacto substancial nas experiências cruciais para o desenvolvimento na primeira infância, impedindo atividades que envolviam brincar ao ar livre com pares e frequentar locais como creches e escolas que nessa fase da vida são espaços de grandes possibilidades para interação e estimulação (ANJOS e FRANCISCO, 2021).

De acordo com Banco Mundial (2023), a falta de interações sociais, estimulação adequada e educação presencial pode resultar em prejuízos significativos no desenvolvimento cognitivo, emocional e linguístico. A ausência de atividades motoras e interações presenciais pode afetar negativamente as habilidades motoras e adaptativas.

Wallon (1995), discute a influência significativa dos fatores genéticos no desenvolvimento, porém enfatiza que as experiências vividas durante os primeiros anos de vida, especialmente entre 0 e 3 anos, têm o poder de modificar certos traços genéticos herdados. Ele argumenta que experiências positivas na primeira infância podem contribuir para a formação de uma estrutura cerebral mais robusta, capaz de enfrentar adversidades, o que melhora a capacidade de desenvolvimento educacional da criança e influencia positivamente seus processos de desenvolvimento ao longo da vida.

Ademais, Vygotsky (1978) aborda o desenvolvimento humano como um processo abrangente que integra múltiplos aspectos interconectados que se influenciam mutuamente ao longo da vida. Ele destaca que o desenvolvimento inclui dimensões físicas, cognitivas, neuropsicomotoras, e emocionais, cada uma delas essencial para a compreensão completa do crescimento humano e suas interações com o ambiente.

Segundo Piccinin (2012), a base para as aprendizagens humanas está na primeira infância, período que compreende entre o primeiro e o terceiro ano de idade. A qualidade de vida nessa fase exerce grande influência no desenvolvimento futuro da criança e pode ser determinante para as contribuições que ela oferecerá à sociedade quando adulta. Quando a primeira infância inclui suporte para os demais desenvolvimentos, como habilidades motoras, adaptativas, crescimento cognitivo, aspectos sócio emocionais e desenvolvimento da linguagem, as relações sociais e a vida escolar da criança tendem a ser bem-sucedidas e fortalecidas.

2.2  Marcos Do Desenvolvimento Na Primeira Infância

Lev Vygotsky (1978) e Jean Piaget (1951), se referem aos marcos do desenvolvimento como habilidades que as crianças adquirem durante o seu crescimento, sendo divididos em: psicomotor, cognitivo, emocional e de linguagem.

O Marco Motor surge desde os primeiros anos de vida, através dos movimentos, tendo em vista que os movimentos são a base de todas as funcionalidades do corpo, os quais usamos para poder respirar, se movimentar e executar tarefas que exigem as coordenações motoras finas ou amplas. Segundo Silva (2019), é crucial identificar e melhorar todos os aspectos que contribuem para o desenvolvimento do corpo desde a primeira infância (Vygotsky,1978).

Vygotsky (1978) e Piaget (1951) discutem a importância dos primeiros anos de vida no desenvolvimento cognitivo das crianças. Segundo Vygotsky (1978), o marco cognitivo, que faz parte do Sistema Nervoso Central, é fundamental para definir como as crianças aprendem e armazenam informações. Piaget (1951) complementa que, embora a capacidade cognitiva se estenda por toda a vida, é nos primeiros anos que a intensidade dos estímulos recebidos exerce um impacto significativo em todo o desenvolvimento cognitivo subsequente e nas etapas de aprendizado pelas quais as crianças passarão.

Segundo Rodrigues e Melchiori (s.d), a questão cognitiva da criança foi tida como ação inata dela, ou seja, ela já nasce propensa a ser inteligente, todavia, diversos estudos trazidos por alguns autores como Piaget (1951), Vygotsky (1978), dentre outros, defendem que o meio influencia muito no desenvolvimento da inteligência e consequentemente, das crianças, sendo que quanto mais estimulada pelo ambiente, maior será sua cognição e potencialidade para enfrentar fases mais complexas que surgirão em todo o ciclo de vida da criança.

O Marco Motor, segundo Xavier e Nunes (2015) na primeira infância, é quando a criança começa a se relacionar com o meio interno e externo através dos atos de comunicação, gestos e movimentos, sendo que sua fala passa a ter a função de comunicação e de contato social, sendo externalizada.

Conforme uma cartilha publicada pelo Ministério da Saúde (2016, p. 70),

A linguagem desempenha um papel essencial na organização perceptual, na recepção e na estruturação das informações, na aprendizagem e nas interações sociais do ser humano. É a partir da entrada no mundo da linguagem (mundo simbólico) que a criança nasce, também, como sujeito em um meio social (MINISTÉRIO DA SAÚDE,  2016 p. 70).

Já o marco psicossocial envolve os meios de interação das crianças, através do ambiente em que vivem, sendo que é preciso brincar, interagir e oportunizar diversas experiências positivas. Em muitos casos, questões culturais, sociais e econômicas podem também ser fatores preponderantes. O marco psicossocial, que abrange as interações das crianças com seu ambiente, é essencial nas fases do desenvolvimento cognitivo da criança. Este aspecto enfatiza a importância de brincadeiras e interações sociais na formação das habilidades cognitivas e emocionais, além de destacar como fatores culturais, sociais e econômicos podem influenciar o desenvolvimento (Jean Piaget, 1951).

Assim, o progresso cognitivo das crianças, conforme explorado por teorias como a de Piaget (1951), está intimamente ligado ao seu contexto psicossocial, ressaltando a necessidade de um ambiente enriquecedor que promova experiências positivas e interações significativas para um desenvolvimento holístico.

2.3  Fases Do Desenvolvimento Cognitivo Da Criança 

Conforme os estudos do psicólogo Jean Piaget (1951), os marcos do desenvolvimento infantil também são divididos em etapas, indicando a existência de quatro etapas de crescimento da mente das crianças: 

•              Fase sensório-motora;

•              Fase pré-operatória;

•              Fase operatória concreta;

•              Fase operatória formal.

Fase sensório-motora (0 a 2 anos): A fase sensorial é aquela em que envolvem os sentidos e os movimentos e há um aumento nessas habilidades. Nessa fase, o bebê, nos seus primeiros meses de vida, começa a entender os seus próprios reflexos e, aos poucos, aprende a agir com intenção.

Fase pré-operatória (2 a 7 anos): Onde a criança entra na fase da comunicação verbal, ou seja, começa a se comunicar através da fala. As crianças começam a usar palavras e formar frases para falar, se expressar e, com o tempo, vão pegando o jeito de lidar com as suas ideias.

Fase operatória completa (7 a 11 anos): Aqui as crianças já conseguem controlar as suas ideias e lembranças e começam a criar regras mentais sobre como tudo funciona e as usam para saber como devem agir ou pensar, se tornando mais independentes e formando suas próprias ideias sobre o que é certo e errado.

Fase operatória formal (a partir dos 11 anos): Essa fase é caracterizada por ser a fase final do desenvolvimento do pensamento, onde as crianças já conseguem lidar com ideias mais abstratas, conseguindo entender o ponto de vista dos outros e ter empatia por eles em diferentes situações.

A coisa mais importante nessa etapa é que elas começam a desenvolver a habilidade de criar hipóteses para explicar e resolver problemas. Isso é conhecido como pensamento hipotético-dedutivo (Jean Piaget, 1951).

A infância é um período que implica diversos riscos ao processo de crescimento e desenvolvimento, deste modo, o Ministério da Saúde determina que a assistência da saúde à criança seja uma das ações principais a serem desenvolvidas nos serviços de saúde (SOUSA; COSTENARO, 2016).

Ademais, como afirmam Sousa e Costenaro (2016), a infância é um período que implica diversos riscos ao processo de crescimento e desenvolvimento, a criança ao longo dos meses, vai vivenciando diferentes experiências e aperfeiçoando seus aprendizados, sendo que todas estas aquisições são esperadas em momentos específicos da vida da criança, de acordo com sua idade. 

2.4  O Avanço Tecnológico e os Impactos na primeira Infância

O avanço tecnológico tem impactado profundamente todas as faixas etárias, em especial a primeira infância. Embora a tecnologia possa oferecer oportunidades de aprendizado e entretenimento, seu uso excessivo ou inadequado pode ter consequências negativas no desenvolvimento das crianças pequenas (Dutra et. Al., 2024).

DUTRA et al. (2024) discutem que as tecnologias digitais fazem parte do cotidiano de todas as pessoas, atualmente, bem como são necessárias e essenciais em vários aspectos da vida das pessoas e não é diferente com as crianças, já que cada vez mais cedo as tecnologias digitais fazem parte da infância.

Mathias e Gonçalves (2017) argumentam que o  avanço tecnológico trouxe grandes benefícios para a sociedade como um todo, fornecendo instrumentos ou ferramentas, além de serem recursos auxiliares na educação, trabalho e demais áreas de vivências das pessoas no mundo atual, fazendo parte da vida das famílias e crianças, e, se bem empregados, favorecem o crescimento e desenvolvimento de seus usuários.

“a chamada globalização causou transtornos tanto positivos quanto negativamente para todos em geral, se fazendo presente no progresso tecnológico da atual modernidade” (MATHIAS; GONÇALVES, 2017).

Todavia, Mathias e Gonçalves (2017) também afirmam que um dos principais impactos da tecnologia na primeira infância é o tempo de tela excessivo, que pode substituir atividades físicas, interações sociais e brincadeiras ao ar livre, fundamentais para o desenvolvimento saudável das crianças. Além disso, o conteúdo inapropriado pode expor as crianças a imagens violentas, conteúdo sexual ou informações inadequadas para sua idade.

Conforme Rocha (2022), as crianças estão cada vez mais expostas a uma ampla gama de dispositivos digitais e incorporando essas tecnologias em suas vidas com o uso de celulares, tablets, computadores e videogames. 

De acordo com Rosa e Sousa, (2021, apud PASSOS, 2021), a dependência digital da geração Alpha provocou transformações nos seus usuários, sendo prejudicial na parte cognitiva. O uso das mídias digitais, de maneira desequilibrada, traz danos às crianças, pois ela retém a atenção de forma em que os usuários encontrem dificuldades de pensar e concentra, salientando que além de manifestarem-se na infância, impactam também no desenvolvimento do indivíduo na adolescência e na vida adulta.

Considerada uma etapa fundamental para o desenvolvimento em todos os seus aspectos, para Jean Piaget (1951) a infância é uma fase de mudanças, envolvendo as áreas cognitivas, afetivas, sociais e motoras, fazendo-se necessário conhecer e compreender os diferentes aspectos presentes e influenciadores. Segundo Vygotsky (1978), o desenvolvimento intelectual humano ocorre por meio de uma interação constante e ininterrupta entre processos internos e externos. Por isso, acredita-se que, neste momento da vida da criança, é essencial levar em consideração o uso abusivo de aparelhos, por exemplo, do celular, do notebook, do tablet e dos computadores. 

Outro aspecto importante é o impacto no desenvolvimento cognitivo e emocional, sendo que o uso precoce e excessivo de dispositivos eletrônicos pode interferir na capacidade das crianças de se concentrarem, se comunicarem e desenvolverem habilidades sociais. Além disso, pode afetar negativamente a qualidade do sono, essencial para o crescimento e desenvolvimento adequados (FERNANDES; EISENSTEIN; SILVA, 2020).

Miguel (2023), destaca que o avanço tecnológico modificou a maneira como as crianças interagem e se comunicam, sendo que as redes sociais permitem uma conexão facilitada e mais rápida, fazendo com que pessoas de diversos locais possam se comunicar instantaneamente, facilitando o compartilhamento de experiências e a formação de novas amizades.

De acordo com Moraes e Meneguzzi (2023) os jogos eletrônicos, na última década, se tornaram uma das principais atividades de lazer de crianças e adolescentes, deixando as brincadeiras e os brinquedos de lado, sendo que a riqueza de experiências vivenciadas pela criança a partir do brincar, é indispensável como espaço de aprendizagem. 

Medicare (2021), discute sobre os efeitos da tecnologia no desenvolvimento das crianças de forma ampla e multifacetada, abrangendo tanto aspectos positivos quanto negativos. Por um lado, a tecnologia pode oferecer benefícios educacionais significativos, como aprimorar a coordenação motora, a capacidade de resolução de problemas e o desenvolvimento da criatividade. 

O uso de jogos de vídeo, por exemplo, pode contribuir positivamente para esses aspectos do desenvolvimento infantil. Aplicativos educacionais, jogos interativos e conteúdo adequado à idade podem complementar o aprendizado das crianças e estimular sua criatividade e curiosidade (Medicare, 2021).

Por outro lado, a exposição à tecnologia também levanta preocupações em relação à atenção, comportamento e desenvolvimento emocional das crianças. O aumento da exposição tecnológica pode influenciar a maneira como as conexões cerebrais são formadas, levando a uma abordagem mais dispersiva de pensar, semelhante à navegabilidade da internet. Isso pode resultar em uma atenção fragmentada, onde o cérebro se acostuma com estímulos visuais rápidos e frequentes, afetando negativamente a capacidade de foco e atenção concentrada (SCIENCEDAILY, 2017).

No período pandêmico, acredita-se um significativo aumento no envolvimento das crianças com tecnologias, resultando em uma transformação marcante na forma como elas interagem com o mundo ao seu redor. Com o fechamento de escolas e a implementação de medidas de distanciamento social, as crianças recorrem cada vez mais a dispositivos eletrônicos para continuar seu aprendizado, participar de aulas online e manter conexões sociais. Esse aumento nas interações digitais não apenas evidenciou a adaptabilidade das crianças a novos ambientes virtuais, mas também destacou a importância crucial da tecnologia como ferramenta educacional em tempos desafiadores (ROCHA et al, 2022).

Oliveira et al. (2023), apontam que a pandemia acelerou a integração da tecnologia na vida cotidiana das crianças, tornando-se essencial para a educação e interação social. No entanto, essa nova realidade também levantou questões críticas sobre as consequências negativas do uso excessivo de dispositivos eletrônicos. Problemas como danos à saúde ocular, perturbações do sono e aumento do sedentarismo são preocupações emergentes que exigem a atenção e ação de pais e educadores para minimizar os riscos associados ao tempo de tela prolongado.

Todos os eventos vivenciados durante a utilização das tecnologias nas aulas remotas demonstram que a educação não será a mesma, uma vez que houve mudanças repentinas e significativas na rotina e a dinâmica escolar diante da pandemia do Covid-19, levando professores e alunos a construírem um novo modelo de educação e se adequarem a esse novo modelo e vivenciarem o ‘novo normal’ (OLIVEIRA et al., 2023).

A pandemia da COVID-19 trouxe consigo uma série de mudanças significativas no comportamento e na rotina das pessoas ao redor do mundo. Com as medidas de isolamento social e o fechamento temporário de escolas, a internet tornou-se uma ferramenta ainda mais essencial para a educação, o lazer e a socialização. No entanto, esse aumento no uso da internet não veio sem consequências (ROCHA et al, 2022).

Estudos recentes, como o conduzido por Silva et al. (2020), começam a revelar as complexas repercussões dessa realidade virtual ampliada. A pesquisa aponta para um crescimento nas vulnerabilidades psicológicas dos jovens, destacando um aumento potencial no estresse e nas ideações suicidas. Além disso, a exposição a conteúdos nocivos e a práticas perigosas na internet, como os infames ‘desafios’ online, são motivo de grande preocupação. Esses elementos ressaltam a necessidade de vigilância e apoio contínuos para garantir a segurança e o bem-estar dos jovens nesse novo ambiente digital.

O uso intensivo da internet por crianças e adolescentes no contexto da COVID-19 pode aumentar as vulnerabilidades para estresse e ideações suicidas, bem como expor os jovens a práticas de violências auto infligidas, como os chamados ‘desafios’ online” (SILVA et al., 2020, p. 1).

Com isso, o aumento do uso de tecnologia também suscitou preocupações quanto à segurança online e à exposição das crianças a conteúdos inadequados, ao acesso desregrado à internet. Nesse contexto, para Silva et al. (2020) torna-se essencial adotar medidas educativas e de controle parental eficazes, visando proteger o bem-estar das crianças e promover uma relação saudável e equilibrada com as tecnologias digitais. Esse cenário também causou preocupações quanto ao tempo excessivo de tela e à necessidade de equilibrar o uso da tecnologia com atividades offline para promover um desenvolvimento saudável.

Quanto aos malefícios, o tempo excessivo em frente às telas pode levar a problemas de saúde, como sedentarismo, obesidade e distúrbios do sono, conforme OMS (2019), além de estarem expostos a conteúdos violentos, ou inadequados para a idade, afetando negativamente o desenvolvimento emocional e psicológico das crianças. 

Para Rocha et al. (2022), a infância é uma fase crucial no desenvolvimento humano, marcada por intensas transformações. Para compreender plenamente essas mudanças, é fundamental considerar diversos aspectos influenciadores. Essa temática ganha relevância dada a crescente presença desses aparelhos na vida das crianças, o que pode impactar significativamente seu desenvolvimento.

A infância considerada a etapa fundamental para o desenvolvimento e fase de mudanças infantis, envolvendo as áreas cognitivas, afetivas, sociais e motoras, faz-se necessário, conhecer e compreender os diferentes aspectos presentes e influenciadores, neste momento da vida da criança, portanto, é essencial que se leve em consideração o uso abusivo de aparelhos, por exemplo, do celular, do notebook, do tablet, dos computadores (ROCHA et al, 2022).

 Torna-se necessário, porém, ensinar às crianças habilidades sociais e capacidade de discernimento para que os mesmos possam lidar com os desafios e riscos associados a essas interações digitais (ROCHA et al, 2022). 

Renner (2011), destaca a influência dos hábitos dos pais no desenvolvimento de vícios e comportamentos nas crianças, apontando que o tempo excessivo que os responsáveis passam com dispositivos eletrônicos, como computadores e celulares, pode ser modelador de comportamentos infantis. Essa observação é fundamental para o uso adequado de dispositivos eletrônicos na infância, sugerindo a necessidade de conscientização e moderação no uso desses dispositivos pelos adultos, para promover um exemplo positivo e saudável para as crianças.

2.5  O Uso Adequado De Dispositivos Eletrônicos Na Infância

O uso adequado de dispositivos eletrônicos na infância é crucial para equilibrar os benefícios e os potenciais impactos negativos da tecnologia no desenvolvimento das crianças (SANTOS et al, 2020).

O cenário contemporâneo testemunha uma realidade inegável: o acesso precoce das crianças aos dispositivos eletrônicos tornou-se praticamente inevitável. É imperativo considerar a inserção dessas tecnologias na vida dos pequenos com prudência e supervisão adequada (BERLATO, 2016). 

Nesse contexto, a Associação Brasileira de Pediatria (2019) destaca a relevância de limitar o contato com telas digitais durante os dois primeiros anos de vida, período crucial para o desenvolvimento cerebral, cognitivo e emocional da criança. Sugere-se, portanto, que nessa fase, as fontes naturais de estímulos, como o contato visual, carinho e interação direta com os pais, sejam privilegiadas.

Segundo Costa e Almeida (2021), a inserção precoce das crianças no ambiente virtual tem se tornado uma realidade cada vez mais comum, onde os dispositivos tecnológicos passam a integrar o cotidiano infantil. Essa intensa utilização de tecnologia muitas vezes substitui atividades tradicionais, como passeios, viagens e momentos familiares, nos quais o diálogo e a troca de ideias eram valorizados. 

Essa tendência sugere que os dispositivos tecnológicos estão absorvendo completamente a atenção das crianças, em detrimento das interações familiares e sociais anteriormente vivenciadas (COSTA e ALMEIDA, 2021).

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), traz ressalvas sobre o hábito de oferecer dispositivos eletrônicos. Em seu Manual de Orientação, a SBP enfatiza que “nada substitui o afeto humano”. O olhar, a expressão facial, todo esse contato com a família é vital para a criança pequena. Uma fonte instintiva de estímulos e cuidados que não pode ser trocada por telas e tecnologias e são fundamentais para o desenvolvimento da linguagem, das habilidades cognitivas e sociais. Atrasos nessas áreas são frequentes em bebês que ficam passivamente expostos às telas, por períodos prolongados (Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019).

Silva e Santos (2018) acrescentam um componente relevante ao destacar o papel dos pais como modelos para seus filhos. A influência direta que os pais exercem sobre o comportamento das crianças é substancial. O exemplo diário dos responsáveis no uso equilibrado e consciente das tecnologias molda a percepção dos pequenos sobre o papel desses dispositivos em suas vidas.

“O contexto familiar é alicerce e os pais, são exemplos para a criança sendo que, essa nos primeiros anos de vida, dependendo totalmente de seus progenitores necessita que eles proporcionem um ambiente saudável para seu desenvolvimento” (SILVA; SANTOS, 2018).

Assim, Silva e Santos (2018) acreditam que a abordagem consciente sobre o uso de tecnologias na infância requer não apenas limites claros, mas também um comprometimento ativo dos pais em proporcionar um ambiente enriquecedor que promova atividades para o desenvolvimento saudável das crianças.

2.5.1  Mediação Parental

A mediação parental é uma prática essencial para garantir um ambiente seguro e saudável para as crianças no mundo digital, envolvendo o acompanhamento ativo, o direcionamento e o apoio dos pais ou responsáveis na interação das crianças com a tecnologia (CARVALHO; FEREC, 2019).

De acordo com OpenEdition Journals (2020), o conceito de mediação parental em relação ao uso de dispositivos eletrônicos por crianças é discutido no contexto de um estudo que explora as práticas de supervisão, controle e mediação dos pais em relação ao uso de dispositivos conectados à internet por seus filhos, sendo que este conceito envolve as diversas práticas que os pais adotam para gerenciar e regular o envolvimento de seus filhos com a mídia, tendo suas origens no monitoramento do consumo de televisão e evoluindo para abranger as atividades online na era digital.  

No livro “Tela com Cautela”, as autoras Rafaela Carvalho e Roberta Ferec (2019), propõem um conjunto de orientações valiosas para mediar o uso de telas na infância. Este guia prático se destaca por oferecer um roteiro estruturado, baseado em cinco passos, que auxilia os adultos na construção de estratégias de mediação. 

Com uma abordagem sensível às dinâmicas familiares, princípios e valores individuais, as autoras supracitadas abordam questões cruciais, como o limite de tempo, o conteúdo acessado, os locais permitidos para uso de eletrônicos, os momentos específicos do dia e da noite para acesso às telas, bem como as maneiras adequadas de utilização desses dispositivos (Rafaela Carvalho e Roberta Ferec, 2019).

A mediação sobre o uso de telas na infância, cinco passos podem ser seguidos, envolvendo a consideração de aspectos como o limite de tempo, o conteúdo, os locais permitidos para o uso de eletrônicos, os momentos específicos do dia e da noite para o acesso às telas, e as maneiras adequadas de utilização dos dispositivos (CARVALHO; FEREC, 2019).

Assim, Carvalho e Ferec (2019) destacam que a mediação parental eficaz requer uma abordagem proativa e contínua, adaptada às necessidades e ao desenvolvimento de cada criança. Ao envolver-se ativamente na vida digital de seu filho, os pais podem ajudá-lo a navegar de forma segura e responsável pelo mundo online.

2.5.2  Tempo de Exposição Adequado

Estabelecer limites claros para o tempo de exposição é essencial (SBP, 20192021). A restrição do tempo de tela não é apenas uma questão de quantidade, mas de qualidade. Estudos recentes indicam que a natureza do conteúdo e a interatividade durante o uso de dispositivos desempenham um papel fundamental no impacto cognitivo infantil. 

A supervisão ativa não apenas limita o tempo, mas também possibilita experiências digitais enriquecedoras. Programas educativos que informam sobre os impactos negativos do excesso de tempo de tela e oferecem orientações claras são essenciais (SBP, 2019-2021).

A Academia Americana de Pediatria (AAP) e outras organizações de saúde oferecem diretrizes para o tempo de exposição adequado de crianças às telas, levando em consideração a idade e o desenvolvimento infantil.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), recomenda-se limitar o tempo de exposição das crianças às telas a no máximo uma hora por dia, sob supervisão de adultos responsáveis. É importante também estabelecer regras de uso saudáveis para dispositivos e aplicativos digitais, incluindo medidas de segurança como senhas e filtros. A SBP destaca ainda a relevância de períodos sem uso de tecnologia e o aumento da convivência familiar como parte de um estilo de vida equilibrado com a tecnologia (SBP, 2019-2021, p. 7).

Em suma, ao adotar a restrição do tempo de exposição, os responsáveis e cuidadores desempenham um papel crucial na promoção de um ambiente que favorece o crescimento saudável da criança, equilibrando a introdução de tecnologias digitais com práticas que promovem um desenvolvimento integral (WAISBURG, 2018).

2.5.3  Promoção de Atividades ao Ar Livre 

A promoção de atividades ao ar livre surge como uma estratégia imprescindível para atenuar o tempo dedicado às telas por crianças de 0 a 3 anos, visando prevenir possíveis impactos no desenvolvimento cognitivo. Respaldada pelas orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP, 2019-2021), essa abordagem fundamenta-se na compreensão de que as atividades ao ar livre não apenas contribuem para o desenvolvimento físico, mas também desempenham um papel vital na saúde cognitiva infantil. 

“As crianças e adolescentes devem ter acesso diário, no mínimo por uma hora, a oportunidades de brincar, aprender e conviver com a – e na – natureza para que possam se desenvolver com plena saúde física, mental, emocional e social” (Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019).

Estudos, a exemplo de Herrington e Pickett (2015), destacam que proporcionar à criança experiências ao ar livre é fundamental para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e emocionais. A interação com diferentes ambientes naturais não só contribui para a atividade física, mas também promove a consciência sobre alimentação e estimula o cuidado com os outros (Health Education Research, 2008).

“O ser humano aprende a avaliar e a correr riscos, cair e levantar, se machucar e persistir desde cedo, na interação com o ambiente. Garantir à criança o brincar ao ar livre é proporcionar uma variedade de situações em que terá a autonomia de escolher os riscos que quer correr, gerenciá-los e aprender com eles. E, dessa forma, a criança chegará à vida adulta mais confiante e resiliente, capaz de lidar com as adversidades da vida (Herrington & Pickett, 2015). ”

Seguindo as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a ideia de incentivar atividades ao ar livre vai além de simplesmente oferecer uma alternativa ao tempo excessivo nas telas. É uma intervenção estratégica que afeta os aspectos fundamentais da saúde das crianças desde os primeiros anos de vida, mas construindo uma base robusta para o crescimento global das crianças. 

3  METODOLOGIA

A metodologia para este estudo sobre os impactos dos dispositivos narrativa eletrônicos na primeira infância utilizou a técnica de revisão de literatura segue uma, seguindo uma abordagem qualitativa com objetivo descritivo.

De acordo com Jesson, Matheson e Lacey (2011), a revisão de literatura narrativa é uma abordagem descritiva e interpretativa que busca fornecer uma visão geral abrangente e crítica sobre um determinado tópico.

Segundo Patton (2015), uma abordagem qualitativa com objetivo descritivo visa proporcionar uma compreensão detalhada e aprofundada dos fenômenos estudados, enfocando os significados, contextos e experiências. 

As fontes consultadas abrangem artigos, livros e revistas de saúde no período de 2020 a 2023, com plataformas como Scielo, PubMed Artigos e o site do Ministério da Saúde sendo as principais bases de dados. 

Para sistematizar as informações coletadas, foi adotado um protocolo de revisão que inclui a busca, seleção e análise de literatura relevante ao tema. Inicialmente, foram definidos os critérios de inclusão, tais como tipo de publicação (artigos, livros, revistas), idioma (português), período de publicação (2020 a 2023) e relevância para o tema de desenvolvimento infantil e impacto dos dispositivos eletrônicos. A busca foi realizada nas plataformas escolhidas, focadas em termos como “primeira infância”, “desenvolvimento cognitivo, tempo de tela”, e “pandemia”.

Após a seleção inicial, as fontes foram organizadas e revisadas para extrair os dados pertinentes aos objetivos do estudo. A análise focou em identificar tendências, debates e lacunas na literatura existente, proporcionando uma visão crítica sobre os efeitos observados do uso de tempo de dispositivos eletrônicos na cognição, no desenvolvimento socioemocional e nas habilidades motoras das crianças na primeira infância, em especial após a pandemia do COVID-19.

Os resultados desta revisão são integrados no corpo do artigo, facilitando a verificação e garantindo a credibilidade das informações apresentadas. Esta metodologia permite não apenas a compreensão dos impactos diretos e imediatos do tempo de uso dos dispositivos eletrônicos, mas também aponta para as implicações de longo prazo na estrutura cognitiva e no desenvolvimento integral da primeira infância, fundamentando teoricamente as discussões e sugerindo direções para futuras investigações no campo.

4  RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após análise dos artigos encontrados nas plataformas da pesquisa, compreende-se que a primeira infância é caracterizada desde o nascimento até os 6 anos de idade, sendo este período crucial para um desenvolvimento ativo e fundamental às idades futuras. No primeiro ano de vida, as crianças estão descobrindo o mundo e interagem com diversas atividades, sem o estabelecimento de um único padrão, sendo que através da estimulação o cérebro compreende as conexões mais utilizadas e formam a memória (COLMAN, 2020).

Ademais, para que a criança desperte sua consciência cognitiva e motora é imprescindível que ocorra a exploração do mundo ao seu redor. O contato com o novo é fator ativo do desenvolvimento, sendo necessário que os pequenos aprendam empiricamente para sua maturação (COLMAN, 2020).

Contudo, Dunkan (2017) afirma que a revisão da literatura sobre o desenvolvimento cognitivo, emocional e social durante a primeira infância revelou implicações profundas relacionadas à exposição excessiva a dispositivos eletrônicos. Esta exposição limita significativamente as oportunidades para o desenvolvimento de habilidades essenciais, como resolução de problemas, criatividade, coordenação motora e percepção sensorial. Interfaces digitais estimulantes e muitas vezes sobrecarregadas podem comprometer a capacidade das crianças de manter a atenção, processar informações de forma eficiente e regular emoções, impactando negativamente a memória, aprendizado e interações sociais.

Nesse ínterim, a pesquisa dos autores Faraco, Torres e Souza (2020) indica que a pandemia de COVID-19 exacerbou essa situação, aumentando drasticamente o tempo de exposição das crianças a dispositivos eletrônicos devido às restrições de movimento e ao fechamento de escolas, sendo que o uso da tecnologia remota serviu para minimizar os impactos dessas restrições e do prejuízo do ensino-aprendizagem.

Imersos cada vez mais em uma cibercultura, as crianças na infância passam a utilizar de forma demasiada e cada vez mais precocemente os aparelhos digitais; os smartphones, os computadores, os tablets etc. Em tempos de isolamento o uso das telas passa a ser em muitos momentos a única alternativa, uma vez que utilizam a tecnologia para grande parte das atividades do dia a dia, seja para a continuação do processo de escolarização, com as aulas de forma remota, seja no contato com parentes que estão distantes ou até mesmo para distração (FARACO, TORRES e SOUZA, 2020, p. 3).

Conforme Nobre et. Al., (2021), essa situação torna-se mais complexa, devido que 90% das crianças e adolescentes brasileiros fazem parte desse rol, por usar as telas como o principal meio de distração (Youtube, jogos e outros).

Estudos sugerem uma correlação entre o aumento do tempo de tela na primeira infância e prejuízos no desenvolvimento cognitivo, incluindo habilidades linguísticas, cognitivas e sociais, sendo que o uso excessivo de telas pode contribuir para dificuldades na concentração e atenção, prejudicando o desenvolvimento de habilidades essenciais para a aprendizagem (Dunkan, 2017).

Segundo Barbosa (2017 apud CÂMARA et al., 2020) a exposição, de forma precoce, à tecnologia, afeta o psicológico e social da criança, o que pode provocar a ela dificuldades na interação social e ansiedade.

Destarte, o uso da tecnologia para educação remota, embora necessário, destacou os desafios de equilibrar os benefícios educacionais da tecnologia com seus efeitos potencialmente prejudiciais ao desenvolvimento cognitivo e socioemocional, sendo que os resultados também apontam para implicações significativas no desenvolvimento socioemocional das crianças, afetando as interações sociais e a capacidade de empatia (MADIGAN et al, 2019).

Conforme Santos et. al (2022), o uso abusivo de dispositivos eletrônicos por crianças tem implicações significativas em seu desenvolvimento psicológico, sendo que a exposição precoce, a duração excessiva do uso e a falta de orientação podem contribuir para problemas como o cyberbullying, dificuldades de sono e um maior risco de problemas de saúde mental Isso sublinha a necessidade de estratégias que equilibrem o uso de dispositivos eletrônicos com atividades que promovam o desenvolvimento físico, cognitivo e emocional saudável.

o uso desequilibrado de telas prejudica o desenvolvimento emocional infantil, quanto mais horas nos dispositivos tecnológicos, menos aprimoramento nos domínios motores e afetivos, desta forma, maiores são as chances para o desenvolvimento de problemas psicológicos (SANTOS; BARROS, 2017).

O tempo gasto em frente às telas pode substituir interações significativas e enriquecedoras com cuidadores e ambientes físicos, o que é crucial para o desenvolvimento saudável da criança (COSTA e ALMEIDA, 2021).

O estudo de Joung, Oh e Lee (2023) busca mostrar a necessidade de programas de intervenção adequados para crianças que apresentam problemas relacionados ao uso excessivo de smartphones, sendo que os resultados sugerem que tais programas devem ser flexíveis, levando em consideração as necessidades emocionais e comportamentais das crianças, sempre oferecendo atividades alternativas e criativas que promovam a autoestima e o autocontrole, reduzindo a dependência de dispositivos eletrônicos.

Yang et. al.(2022) também defende a essencialidade de programas de intervenção e educação para lidar com crianças que já demonstram problemas relacionados ao uso excessivo de telas, visando a promoção de um desenvolvimento psicológico e cognitivo saudáveis.

Embora as telas tenham se tornado uma ferramenta importante durante a pandemia para manter a conexão e o aprendizado, é essencial encontrar um equilíbrio entre seu uso e outras atividades que promovam o desenvolvimento infantil (Yang et. Al, 2022).

Todavia, é imperativo a mediação dos pais e cuidadores no uso da tecnologia na primeira infância, adotando estratégias para promover um uso saudável e equilibrado de dispositivos eletrônicos, estabelecendo limites claros para o tempo de tela, incentivando atividades ao ar livre e interações face a face, e servindo como modelos positivos no uso de tecnologia. Essas estratégias são essenciais para mitigar os efeitos negativos e promover um desenvolvimento equilibrado (MAIDEL, S.; VIEIRA, M. L, 2015).

O tipo de conteúdo consumido nas telas é crucial. Conteúdos educacionais e interativos podem ter impactos positivos, enquanto o consumo excessivo de entretenimento passivo pode ser prejudicial (SANTOS et al, 2020).

Este estudo reforça a complexidade do desenvolvimento na primeira infância e a necessidade de uma abordagem interdisciplinar que envolva conhecimentos de psicologia, pedagogia, neurociência, entre outras áreas. A discussão evidencia a importância de considerar as contribuições dos teóricos do desenvolvimento, o contexto sociocultural e a influência crescente da tecnologia, enfatizando a necessidade de ambientes enriquecidos que promovam estímulos adequados e interações significativas para um desenvolvimento integral das crianças (Costa e Almeida, 2021).

5  CONCLUSÃO

Com base no resultado da pesquisa, pode-se compreender que o desenvolvimento cognitivo na primeira infância é um processo complexo e multifacetado que é influenciado por uma variedade de fatores, incluindo genéticos, ambientais, sociais e culturais. 

É evidente que a primeira infância é um período crítico para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças, onde experiências positivas e estimulação adequada podem ter impactos duradouros em sua capacidade de aprender e se adaptar ao longo da vida. A aprendizagem começa desde os primeiros dias de vida, sendo influenciada significativamente pelo meio e pelas relações afetivas.

Os desafios impostos por eventos como a pandemia de COVID-19 e o avanço tecnológico ressaltam a necessidade de uma abordagem equilibrada e consciente para o desenvolvimento infantil. As restrições sociais e o aumento do uso da tecnologia têm implicações profundas para o desenvolvimento infantil, exigindo atenção e adaptações por parte dos pais, educadores e políticas públicas.

O papel dos pais e cuidadores é fundamental na mediação do uso da tecnologia e na promoção de experiências saudáveis e enriquecedoras, tanto online quanto offline. Limitar o tempo de exposição às telas, promover atividades ao ar livre e garantir um ambiente estimulante são práticas essenciais para apoiar o desenvolvimento saudável das crianças.

Em suma, a primeira infância é uma fase crucial que define a base para o aprendizado contínuo e o desenvolvimento ao longo da vida. Uma abordagem holística que leva em conta todos os aspectos do desenvolvimento infantil – cognitivo, emocional, social e físico – é necessária para garantir que as crianças tenham as melhores oportunidades possíveis de crescer e prosperar em um mundo em constante mudança.

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*Acadêmicos do curso de Psicologia da Uninassau Palmas. E-mail: ewelin981@gmail.com; kamillafloores@gmail.com; corbucciluiza@gmail.com.
** Professora Orientadora Esp. Adrielly Martins Porto Netto. E-mail: adriellyportonetto.am@gamil.com.