OS IMPACTOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS NO AMBIENTE ESCOLAR NO CENÁRIO PÓS PANDEMIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7606033


Herica Lopes dos Santos1
Valdicleide Afonso Ramos da Silva2
Chimene Kuhn Nobre3


RESUMO

Este artigo trás uma abordagem sobre o tema os impactos da gestão democrática na resolução de conflitos no ambiente escolar no cenário pós pandemia, que refletem a realidade de muitas escolas no fim do isolamento social, com após 2 anos apenas  com atividades remotas, a volta à escola gerou muitos conflitos entre alunos e também com professore. Objetivo é mostrar como a gestão democrática tem papel fundamental na resolução de conflitos no ambiente escolar. os métodos utilizados para pesquisa foram com base em artigos, monografias coletadas no Google acadêmico. Quando todos os componentes do corpo escolar são ouvidos e expõem  suas  ideias e sugestões nota-se o resultado na resolução do conflito. Conclui-se que quando a gestão democrática é acionada e todos prezam pelo bem maior que é um ambiente escolar tranquilo, e calmo para os alunos aprenderem e desenvolverem suas atividades, o resultado será sempre mais positivo.

PALAVRAS-CHAVE: Gestão Democrática. Ambiente Escolar. Conflitos escolares.

ABSTRACT

This article brings an approach on the theme `the impacts of democratic management on conflict resolution in the school environment in the post-pandemic scenario, which reflect the reality of many schools at the end of social isolation, with after 2 years with only remote activities, the return the school generated many conflicts between students and also with teachers. The objective is to show how democratic management plays a fundamental role in resolving conflicts in the school environment. The methods used for research were based on articles, monographs collected in academic Google. When all components of the school body are heard and expose their ideas and suggestions, the result is seen in the resolution of the conflict. It is concluded that when democratic management is activated and everyone values ​​the greater good, which is a peaceful and calm school environment for students to learn and develop their activities, the result will always be more positive.

KEY WORDS: Democratic Management. School environment. School conflicts.

1. INTRODUÇÃO

Este artigo irá desenvolver um olhar sobre a gestão democrática na escola pública, que é um modelo de gestão definido na Constituição Federal de 1988 como sendo um dos princípios da educação pública brasileira. Identificando quais os impactos que esse modelo de gestão traz quando aplicada a mediação de conflitos no ambiente escolar.

Quando falamos de gestão logo associamos a palavra à administração, porém no ambiente escolar público ela vai muito além, por não tratar se apenas de questões burocráticas e financeiras, é a interação que transcende os parâmetros de outras instituições, busca se alcançar o melhor resultado para o todo. Quando falamos de gestão “gerenciar uma escola se difere de gerir outras organizações sociais, levando em conta as finalidades, estruturas pedagógicas e o tipo de relações tanto internas quanto externas” (OLIVEIRA, VASQUE-MENEZES, 2018). O modelo de gestão democrática possui caráter participativo, ao qual envolve todo corpo escolar e a comunidade externa, sendo assim entender como lidar com os conflitos pode ter reflexos também na comunidade ao qual está inserida.

No que tange os conflitos escolares, dados mostram que houve aumento da violência no retorno das atividades escolares depois do isolamento social advindo da pandemia do coronavírus. Estudar como este aumento pode ter afetado a vida dos alunos e qual a importância da gestão escolar neste contexto.

O retorno das aulas de forma presencial depois de um período somente com aulas remotas foi um momento de grandes expectativas. Porém esse momento trouxe com ele alguns novos adventos. Pode-se observar um “sofrimento emocional” segundo Tognetta (2022), em um estudo com quase 2 (dois) mil estudantes. Esse sofrimento está relacionado ao sentimento de solidão, automutilação como forma de alívio de sentimentos e até mesmo pensamentos suicidas.

Relatos dos aumentos de conflitos e violência no retorno à escola são descritos em vários estados, esse aumento da violência no ambiente escolar foi tratado em audiência pública da comissão de educação, que contou com participação de gestores em educação e especialistas em segurança.

Diante desta realidade apresentada entender como a gestão democrática pode impactar a mediação destes conflitos é de suma importância, uma vez que na gestão democrática “ gestores, pais e alunos, além da comunidade fazem parte como sujeito ativo” Melo, Bastos e Souza ( 2019 p.13), assim sendo, pode trazer reflexos na escola como na comunidade como um todo, pois esse modelo de gestão “implica o movimento ativo do coletivo de pessoas envolvidas  na escola ou no sistema escolar” (LIMA E SILVA, 2018 p. 66)

O presente artigo irá discorrer sobre como a gestão democrática pode influenciar de maneira positiva a resolução dos conflitos no ambiente escolar público, analisar como a gestão democrática pode gerenciar a resolução de conflitos no ambiente escolar público após a pandemia, analisar os principais reflexos da gestão democrática na gestão de conflitos no ambiente escolar , qual o papel da gestão democrática na resolução dos conflitos e sua efetividade na mediação dos conflitos, para isso abordaremos  os conflitos que se intensificaram no retorno das aulas presenciais no pós pandemia.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1 conflitos e violência no ambiente escolar

A pandemia do coronavírus vivido nos últimos anos trouxe impactos para a sociedade em geral e em vários setores diferentes como saúde, economia, mercado de trabalho e na educação não foi diferente. Após dois anos sem aulas presenciais, o retorno das atividades foi um evento aguardado com expectativa por todos, porém o regresso trouxe consigo reflexo das adversidades vividas neste tempo de isolamento social.

O maior deles foi o aumento de conflitos e violência no ambiente escolar uma pesquisa realizada de forma on-line pela organização social Nova Escola com 5035 educadores abrangendo todas as regiões brasileiras traz dados preocupantes:

65,8% afirmaram que os alunos estão mais violentos;
22,4% afirmaram que os casos de violência ocorrem mais de uma vez por semana;
23,4% afirmam que acontece mais de um caso por mês;
As causas apontadas pelos educadores para que isso ocorresse foi:
aumento de doenças psicológicas 50,6% 
vulnerabilidade das famílias 46% 
pouca socialização 40,5%
falta de ações disciplinares para coibir a violência na escola 24,7% (NOVA ESCOLA, 29 SETEMBRO 2022)

Diante desses dados não resta dúvida que a pandemia afetou a convivência das crianças e adolescentes no ambiente escolar.

Segundo Tognetta et al. (2022), houve um aumento significativo de sofrimento emocional em crianças e adolescentes após a experiência do distanciamento social e a privação da convivência escolar. Esse sofrimento emocional foi relatado por alguns adolescentes se sentirem solitários, alguns apontaram automutilação como estratégia de alívio de sentimentos e pensamentos  e alguns até mesmo admitiram ter tido pensamentos suicidas. Muitos destes alunos sofreram com a ausência do ambiente escolar, e por outros fatores, dentre eles perda de entes da família. O apoio familiar tem um papel de suma importância no processo pedagógico do aluno devido a este transtorno que muitos sofreram durante o isolamento e distanciamento social, com o retorno das aulas presencial eles ainda se encontram com ausências emocionais que os levam a causar tantos conflitos entre alunos , e também com professores. Avaliar então se de fato o aumento da violência no ambiente escolar público  possui relação com as experiências vividas no decorrer da pandemia se faz necessário. A escola por sua vez precisa traçar estratégias para lidar com a nova realidade que se apresenta. Segundo Martins, “percebe-se que após o isolamento social os jovens voltaram à sua socialização com receios, medos antes ainda não vistos” (MARTINS, 2022, P.6).

Devido ao aumento significativo dos casos de conflitos em escolas de todo país, foi convocada uma audiência pública da educação para debater o assunto que contou com a presença de especialistas em educação e segurança, realizada em 08 de junho de 2022. Segundo descrição do site do senado, os especialistas pontuaram como fatores que contribuem para o aumento da violência o aumento do desemprego, volta da fome, violência em geral. Elucidaram ainda que o aumento de agressões na escola reflete problemas na sociedade em geral. O especialista Tony Marcelo destacou o papel social da escola que deve ser fortalecido, afirmou ainda que “não dá para pensar na violência de forma isolada” (SENADO 2022) Foi destacado também a importância de dar atenção para a saúde mental dos profissionais da educação, o que é corroborado  por Ortega, Rocha (2020) “os professores experimentaram a solidão profissional e o isolamento educacional” e também por pesquisa do site Nova Escola,  onde relatam que professores retornaram com níveis elevados de stress causados pelo novo modelo de trabalho e por vivências pessoais no período pandêmico.

Em Rondônia o Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO) lançou  o projeto Teia, desenvolvido pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Soluções de Conflitos (Nupemec) em parceria com a  Secretária de Educação do Estado de Rondônia (SEDUC). O projeto foi lançado em setembro de 2022, foi escolhida uma escola estadual de Porto velho, Flora Calheiros, para ser a primeira escola a receber o projeto. Fato que determinou a escolha foi por ser uma escola que atende um número elevado de alunos e acaba registrando conflitos. A iniciativa visa o ensinamento de métodos de apaziguar conflitos no ambiente escolar por meio de treinamentos de mediação. Participam das atividades alunos, professores e servidores. A ideia central é a prevenção e o combate à violência na comunidade escolar e na localidade ao qual está inserida. Segundo 

Segundo matéria no site do Tribunal de Justiça de Rondônia, os ensinamentos trabalhados no Projeto Teia Judiciária, promoverá a capacidade crítica dos envolvidos, em tomar boas decisões quanto aos problemas e conflitos que se apresentarem ao longo de sua vida.

2.2 Gestão Democrática Escolar

A gestão democrática nas escolas públicas é um modelo de gestão definido na Constituição Federal de 1988 como sendo um dos princípios da educação pública brasileira, elencado no artigo 206 da Constituição Federal de 1988, “VI gestão democrática do ensino público na forma da lei” (CF 1988, art.206 Inc. VI), e regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB (Lei n⁰ 9394/96) onde discorre que as escolas públicas de educação básica sejam administradas com os princípios da gestão democrática. A LDB dispõe:

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I – Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.( LDBE -Lei n° 9.394 de 20 de Dezembro de 1996)

Quando falamos de gestão logo associamos a palavra à administração, porém no ambiente escolar público ela vai muito além, por não tratar se apenas de questões burocráticas e financeiras, é a interação que transcende os parâmetros de outras instituições, busca se alcançar o melhor resultado para o todo. Quando falamos de gestão “gerenciar uma escola se difere de gerir outras organizações sociais, levando em conta as finalidades, estruturas pedagógicas e o tipo de relações tanto internas quanto externas” (OLIVEIRA, VASQUE-MENEZES ,2018). O modelo de gestão democrática possui caráter participativo, ao qual envolve todo corpo escolar e a comunidade externa, sendo assim os conflitos que permeiam esse ambiente podem ter reflexos também na comunidade ao qual está inserida.

A gestão democrática segundo (MELO, BASTOS E SILVA 2019) “é compreendida pela participação da família, dos funcionários e da comunidade em vários setores da escola, juntos resolvem sobre projeto pedagógico, recursos, ou seja, em tudo que a escola precisa decidir.” Uma gestão que preza pela participação das entidades envolvidas no plano de ensino aonde o objetivo maior é administrar de maneira eficaz para o desenvolvimento da educação no setor escolar público, onde o poder de decisão não se concentra na figura de chefia escolar, “na gestão democrática o regimento escolar tem a comunidade educativa como participativa no processo decisório e nos direitos do cidadão que transformam juntos o processo educativos prol de uma construção coletiva” (SILVEIRA, COELHO, 2019).

A gestão democrática então pode ser observada como participativa, como ressalta Pereira (2019, p. 31):

[…] o processo de gestão democrática pressupõe e se fortalece com a participação efetiva dos membros da comunidade escolar na tomada de decisão levando em conta a realidade e cada sistema de ensino, cada escola e os que nela estão envolvidos, desde os que estudam, trabalham até os que compartilham ações,  atividades e momentos culturais e políticos.

FACÓ, Lucileide Germano Bezerra et al. Ressalta sobre Gestão escolar democrática, é sabida que toda e qualquer instituição, existe para alcançar objetivo, e o da escola é de educar para a cidadania, para tanto, é preciso considerar as culturas, os pensamentos e enfrentar diversos desafios sob uma perspectiva democrática para que os alunos venham a se tornar cidadãos dignos e conhecedores de seus direitos e deveres.

2.3 Gestão democrática na gerência de conflitos no ambiente escolar público 

Os conflitos são inerentes ao ser humano, e conviver em sociedade onde precisa-se conviver com as diversidades de pensamentos e crenças, eles se tornam muito mais frequentes. Segundo Taboza, Silva (2017) os conflitos surgem de pequenos mal entendidos,  que se não forem gerenciados corretamente podem evoluir e chegar a violência, seja ela física, verbal ou psicológica. “Violência é o fruto do conflito mal administrado” (TABOZA, SILVA 2017 P.6), por isso identificá-los e tratar de maneira correta é de suma importância.

Nessa demanda a mediação surge como alternativa para sanar as finalidades pretendidas. Mediação segundo Lima(2010), é um mecanismo de solução de conflitos entre partes, que busca resultados satisfatórios através do diálogo contando com auxílio de um mediador. Diante disso, “busca-se com a mediação obter uma solução real consciente em que as partes estejam preparadas para cumprir e aceitar as consequências de suas próprias decisões” (LIMA 2010 p.36)

O ambiente escolar é um campo fértil para o surgimento de demandas conflitantes, por ser um local de convivência, surgem demandas de conflitos de alunos entre si, aluno e professor e até mesmo entre os componentes da entidade escolar. A mediação nesse ambiente faz se necessária, tendo como figura importante o mediador, segundo Eller (2019) se tem um melhor resultado quando os envolvidos em situações de conflitos são ouvidos e  acompanhados por uma terceira pessoa, principalmente se está dominar técnicas de mediação, “faz se necessário criar dentro das escolas, formas adequadas para mediar os conflitos que surgem naturalmente” (ELLER 2019 p.21).

Nesse sentido entra o papel da equipe de gestão escolar, que deve estar preparada para lidar com estes conflitos, uma vez que quando não tratados evoluem para violência. Neste sentido a gestão democrática traz sua contribuição, pois segundo Eller(2019) a escola democrática é aquela que promove o diálogo, e que o  diálogo possui papel de transpor o viés desintegrado, que favorece os objetivos pretendidos.

Eller (2019) destaca que na gestão democrática ativa todos exercerem valores políticos, como identificação de problemas e discussão das possíveis soluções, buscando o consenso por meio da argumentação e assegurando a implementação das decisões e garantindo seu cumprimento na totalidade, “na gestão democrática a responsabilidade de decidir e fazer cumprir é compartilhada por todos”(ELLER 2019 p.30).

Ainda segundo Eller (2019) as decisões tomadas coletivamente visando soluções consensuais reduzem as possibilidades de conflitos negativos, também reforça que na escola democrática existe a responsabilidade da comunidade com direitos e deveres iguais a todos. “A responsabilidade da mediação dos conflitos realizada em consonância com os conceitos democráticos passa a ser responsabilidade da comunidade como um todo e não apenas dos educadores e membros escolares” (ELLER, 2019 p.35)

3. METODOLOGIA

Gil define a pesquisa como um procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos.(Gil, 2010 p.1)

Esta pesquisa é de natureza básica, com o objetivo de ser descritiva, pois analisou os reflexos da pandemia da Covid-19 no aumento de conflitos no meio escolar após o isolamento social. Foi realizada uma pesquisa documental, uma revisão literária de livros e artigos, pesquisa bibliográfica em meio eletrônico para seu embasamento e usando fontes de referência secundárias. Sua abordagem foi de cunho qualitativo, pois comparou a eficiência da gestão democrática na resolução dos conflitos pós pandemia em relação aos demais.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 

O aumento de conflitos e violência no período assolado pela pandemia foi um fato que pode ser constatado nas análises feitas, e o ambiente escolar foi um dos afetados. Um local de convivência que comporta pessoas com realidades distintas, tanto no que diz respeito aos docentes e colaboradores quanto aos próprios alunos, cada qual vivenciando uma realidade única. 

A pandemia e o isolamento trouxeram para os indivíduos em geral algum tipo de sofrimento, angústia e incertezas, os jovens em sua maioria puderam sentir esse efeito com maior intensidade como relatado por Tognetta et al. (2022), jovens que relatam sentimentos de solidão, e até mesmo que apresentavam algum pensamento de suicídio.

Esse mesmo pensamento é compartilhado por Martins(2022), que  destaca que os jovens voltaram à socialização com medos e receios que nunca haviam experimentado antes.

A volta à convivência então trouxe consigo as cargas emocionais acumuladas e no dia a dia com a convivência pode acabar se conflitando. Os conflitos são inerentes à convivência humana, uma vez que ideias e formas de pensar podem se divergir.

O conflito se bem administrado pode gerar novos pontos de vista, porém quando subestimado pode evoluir e chegar a violência. Por isso ter uma equipe gestora que identifica e maneja a situação com eficiência é de suma importância.

Taboza e Silva elucidam a relevância do gestor democrático nessas situações, pois uma de suas atribuições é a gestão de pessoas, que sustentará o clima escolar, e a forma como as pessoas se relacionam na escola. O papel do gestor democrático possui grande importância na resolução dos conflitos. De acordo com Taboza & Silva (2017): 

Este gestor é percebido por sua postura dialogal, reflexiva, pelo desapego  ao poder centralizado nele e pela valorização da educação para a cidadania. Administra os conflitos escolares, busca o consenso entre as partes, o respeito e a solidariedade são estimulados através de regras de convivência claras e comunicação franca e aberta. Ele consegue formar uma equipe integrada e confiante, que media os conflitos de forma a restabelecer o consenso, que prestigia o talento de todos e de cada um que partilha as decisões sobre os destinos da escola[…]

Uma pesquisa realizada pelo site Nova Escola aponta que não só os alunos tiveram dificuldades no retorno presencial, os professores também retornaram com níveis de stress alto devido à nova realidade de ensino adotada durante o período de isolamento, como também por seus problemas particulares.

 Ortega, Rocha (2020) ressalta que “os professores experimentaram a solidão profissional e o isolamento educacional”, uma vez que a tecnologia das aulas remotas privou-os da interação professor-aluno e da convivência com os outros membros da escola.

Outro agravante foram os desafios na nova maneira do profissional desenvolver seu trabalho. Zaidan & Galvão (2020, p. 264) destacam:

Professoras e  professores  experimentaram  uma  mudança  brusca  em  suas rotinas,   que  se caracteriza  pela  penetração  insidiosa  do  trabalho  em  todos  os  espaços  e  momentos  de  seu cotidiano,  não  importando  que  seus  empregadores  (o  governo  ou  os  donos  de  escola)  não  lhes tenham garantido estrutura para o teletrabalho.

Todas estas mudanças afetam de alguma forma o profissional, o seu trabalho como um todo. E a escola tem um papel fundamental nesse momento, e precisa estar preparada para receber e lidar com esses alunos e com o corpo escolar. 

Tognetta et.al (2022) sugere que a escola poderia criar espaços de interação para que sua comunidade educativa possa expressar  seus sentimentos, emoções, experiências e conflitos intrapessoais e interpessoais. Ainda segundo Tognetta et.al, a escola precisa adotar ações que permitam que os alunos sejam acolhidos, tenham seus sentimentos reconhecidos e possam se expressar. 

A gestão democrática escolar, que é pautada no diálogo, na interação do todo para se buscar uma resolução satisfatória, tendo como princípio a participação de todo corpo escolar e na comunidade, traz grandes ganhos no diálogo. 

Taboza e Silva sugerem que o gestor exerce a função de mediador, quando os conflitos aparecem. Ressalta ainda a necessidade de fazer com os alunos se sintam parte integrante e tenham sentimento de pertencimento.

Se bem aplicada a gestão democrática pode trazer ganhos positivos nessa demanda de conflitos. Lisboa (2014) ressalta:

[…] uma gestão escolar eficaz deve partir do princípio da democracia, promovendo o diálogo e a escuta entre professores, demais funcionários e alunos, com a intencionalidade de diagnosticar as problemáticas existentes na instituição escolar […]

Partindo do ponto que foi levantado que os alunos estão voltando a convivência com medos e incertezas e que precisam de acolhimento e alguém que os escute e entenda, uma gestão pautada na democracia está mais preparada para lidar com a nova realidade.

Porém Lisboa levanta outra questão, onde ressalta que as concepções sobre gestão democrática e participativa para alguns profissionais da educação ainda são teorias, que não possuem conhecimento expressivo sobre a temática e que precisam se aprimorar acerca da importância que ela apresenta.

Por isso é de suma importância que os componentes da gestão escolar busquem o aperfeiçoamento, para que possam entregar aos alunos e a todos um melhor atendimento.

Taboza e Silva defendem que o gestor democrático deve ter formação e identificação com assuntos sobre mediação, uma vez que esta será uma de suas maiores atribuições, o cuidar das relações interpessoais. E essas relações vão desde o corpo escolar, abrangendo alunos e comunidade externa.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A luz do que foi exposto chegamos ao consenso que o aumento dos conflitos no ambiente escolar público teve aumento exponencial após a pandemia do coronavírus e isolamento social advindo dela, chegando ao ponto de evoluir para a violência entre ambiente escolar, que também teve seus números aumentados. Um dos principais pilares desse desencadeamento é declarado como sendo os abalos psicológicos e o estresse vividos nesse momento.

Foi  ressaltado a importância da escola estar preparada para lidar com os conflitos internos experimentados por alunos, professores e todos os integrantes do corpo escolar. A oportunidade de se expressar e ter suas angústias acolhidas foi um dos pontos principais apontados como sendo uma forma eficaz de fomentar a ânsia dos jovens e docentes sobre seus próprios sentimentos e também seus sentimentos em relação ao mundo do ao seu redor.

A gestão escolar democrática na escola pública é vista como um agregando eficiente para este cenário, uma vez que busca atuar de forma conjunta com todo corpo escolar e também com a comunidade ao qual está inserida, seus pilares são pautados no princípio do diálogo, que foi apontado como sendo essencial na resolução dos conflitos tanto antigos como os novos que serão enfrentados. 

As discussões e debates em conjunto ajudam a entender melhor os anseios dos alunos e também da família e da comunidade como um todo.

A gestão democrática apresenta pontos positivos no retorno presencial das escolas públicas, buscando sempre o melhor para o todo e um ambiente escolar mais harmônico.

Contudo ficou claro a necessidade de que a gestão democrática seja explorada em todo seu potencial, o que em alguns casos não acontece por falta de conhecimento dos profissionais. A formação de profissionais é necessária para que a gestão seja executada de forma plena e eficaz, oferecendo assim melhor suporte a todos os componentes do corpo escolar e também da comunidade em geral.

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1 Discente do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública EaD do Instituto Federal de Rondônia Campus Porto Velho Zona Norte. e-mail: herica_lopes22@hotmail.com 
2 Discente do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública EaD do Instituto Federal de Rondônia Campus Porto Velho Zona Norte. e-mail: valdicleideafonso@gmail.com 
3 Orientadora de TCC do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública do Instituto Federal de Rondônia Campus Porto Velho Zona Norte. Mestre em Patrimônio Cultural (PPGPC/UFSM). e-mail: chimenekn@gmail.com