OS DESAFIOS DA INSERÇÃO DO PROFISSIONAL DE PSICOLOGIA NO CAMPO DA SEGURANÇA PÚBLICA

THE CHALLENGES OF THE INSERTION OF PSYCHOLOGY PROFESSIONALS IN THE FIELD OF PUBLIC SECURITY

LOS DESAFÍOS DE LA INSERCIÓN DE LOS PROFESIONALES DE LA PSICOLOGÍA EN EL CAMPO DE LA SEGURIDAD PÚBLICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7877358


Kizzy Rafaella Leandro de Lima Lopes¹
Mauro Michel El Khouri²
André Sousa Rocha³
Antonia Juliana Mesquita Ferreira4
Cecílio Argolo Junior5


Resumo

A rotina de um policial militar está permeada de tensões e conflitos, que podem desencadear em desgastes físicos e mentais. Logo, a Psicologia é convocada a pensar em práticas de cuidado à saúde mental. Objetivou-se reunir dados que explique de que forma o compilado de amparos técnicos presentes no CREPOP se relaciona com a práxis no campo da segurança pública. Realizou-se uma revisão narrativa a partir do acesso ao Google Acadêmico, SciELO além dos três principais eixos do documento oficial que apresenta referências de atuação técnica para a práxis da psicologia no CREPOP. Portanto, percebe-se que a atividade da psicologia no interior dos espaços militares está em construção. Apesar dos questionamentos gerados sobre seu fazer, a profissão tem sinalizado caminhos que delimitam suas práxis. O CREPOP tem sido de suma importância para a classe profissional, que pauta suas condutas com ética, respeitando a subjetividade de cada sujeito envolvido no processo.

Palavras-chave: Psicologia; Atuação Profissional; Segurança Pública.

Abstract

The routine of a military police officer is permeated with tensions and conflicts, which can trigger physical and mental exhaustion. Therefore, Psychology is called upon to think about mental health care practices. The objective was to gather data that explains how the compilation of technical support present in CREPOP relates to praxis in the field of public security. A narrative review was carried out based on access to Google Scholar, SciELO, in addition to the three main axes of the official document that presents references of technical performance for the praxis of psychology in CREPOP. Therefore, it is clear that the activity of psychology within military spaces is under construction. Despite the questions generated about its work, the profession has signaled paths that delimit its praxis. CREPOP has been of paramount importance for the professional class, which guides its conduct with ethics, respecting the subjectivity of each subject involved in the process.

Keywords: Psychology; Professional performance; Public security.

Resumen

La rutina de un policía militar está impregnada de tensiones y conflictos, que pueden desencadenar en agotamiento físico y mental. Por lo tanto, la Psicología está llamada a pensar en las prácticas de atención a la salud mental. El objetivo fue recabar datos que expliquen cómo se relaciona la recopilación de soporte técnico presente en el CREPOP con la praxis en el campo de la seguridad pública. Se realizó una revisión narrativa con base en el acceso a Google Scholar, SciELO, además de los tres ejes principales del documento oficial que presenta referentes de actuación técnica para la praxis de la psicología en el CREPOP. Por tanto, es claro que la actividad de la psicología dentro de los espacios militares está en construcción. A pesar de los cuestionamientos generados sobre su quehacer, la profesión ha señalado caminos que delimitan su praxis. CREPOP ha sido de suma importancia para la clase profesional, la cual orienta su conducta con ética, respetando la subjetividad de cada sujeto involucrado en el proceso.

Palabras-clave: Psicología; Actuación profesional; Seguridad Pública.

INTRODUÇÃO

A implementação do serviço de policiamento no Brasil tem seu início oficialmente com a chegada da família Real. Nesse contexto, com a intenção de proteger os interesses pessoais da monarquia, os policiais foram colocados em papéis estratégicos e utilizados, dessa maneira, como um escudo dos valores e interesses pessoais de cada gestor. O cenário atual que se apresenta é de uma polícia que está mais ligada aos interesses do Estado em detrimento à promoção do direito à segurança de cada cidadão. Diante das mudanças socioculturais que a nação brasileira atravessou em sua história, passou a ser necessário um treinamento profissionalizante, voltado para o alinhamento de valores, condutas e técnicas específicas1.

Deste modo, a psicologia é convocada para adentrar ao campo da segurança pública, fazendo o papel de recrutar os melhores perfis para integrar as forças de segurança. Importa ressaltar que esse modelo de atuação surge como uma herança na Psicologia clássica, que por longa data no período de guerras e no processo industrial contribuiu, de maneira mais tecnicista, com seu saber. Ainda na configuração dessa seara é preciso entender como ocorre o processo de ingresso nas forças policiais. Isso acontece, em algumas etapas, partindo de um concurso público em que são avaliadas habilidades cognitivas e socioemocionais, por meio de uma avaliação psicológica. Por fim, também são avaliadas aptidões físicas, por meio do teste de aptidão física (TAF)2.

Essa métrica, desenvolvida para atender às demandas de recrutamento dos melhores servidores para a área, chama a atenção para um detalhe relevante. O único contato que esses profissionais tinham com a Psicologia era de tolhimento e de caráter meramente avaliativo. Ou seja, se o preconceito quanto ao uso dos serviços de saúde mental já é substancial na população geral, para este grupo em especial, torna-se maior, pois pode significar a estadia ou não no quadro de profissionais. Isso, por sua vez, sinaliza o surgimento de uma cultura de rejeição aos serviços prestados e dificulta a adesão às atividades ligadas ao profissional de saúde mental3.

Considerando esse e outros fatores, é preciso estar atento ao fato de que, para prestar serviço de segurança pública, o indivíduo precisa gozar de excelentes condições físicas e mentais. Além disso, é necessário estar disposto a submeter sua conduta social ao código disciplinar interno, independente de concordar ou não com as ordens e regras pré-estabelecida. Isso, por si só, pode ser um gerador de fatores estressores que justifiquem o alto índice de adoecimento mental neste público4.

É importante que haja compreensão dos contextos sociais e culturais que permeiam as corporações militares, uma vez que o modelo administrativo as configura como um órgão político5. Desde que foi criada, a organização policial é não somente um instrumento estatal para o tangimento da população civil de forma armada e coordenada pelo poder do estado: “[…] repressão física, organizada e visível.”6.

Além das adversidades supracitadas, o serviço de policiamento é extremamente perigoso, e a profissão é apontada como sendo de altíssimo risco, que vão desde acidentes físicos de menores proporções, como risco iminente à própria vida durante a execução das atividades, e até mesmo a sujeição de doenças mentais7. Partindo da premissa de que a prática policial é uma profissão de risco de morte, e que o índice de suicídio policial teve um crescimento considerável em todo o país nas últimas décadas, o indivíduo que pretende ingressar nas forças policiais deve estar preparado para todos esses riscos. Em 2019, houve mais policiais mortos por suicídio que por ações violentas em horário de trabalho8.

Para evidenciar o exposto, um estudo conduzido com 244 policiais, sendo que 10% dos respondentes, afirmaram já ter tentado recorrer ao autoextermínio. Ainda entre os entrevistados, um número expressivo de 50 agentes sinalizou ter cogitado a possibilidade do suicídio, embora não houvesse tentativas. Ademais, quando questionados sobre os sintomas que os levaram a pensar sobre e até mesmo optar pelo ato suicida, houve destaque para sentimento de profunda tristeza, sensação de inutilidade, taquicardia desconexa frequente e tremores dos membros superiores. Para lidar com esses sentimentos e sensações, os pesquisados afirmaram recorrer ao uso de substâncias psicoativas principalmente quando pressionados no ambiente de trabalho por seus superiores. Há de se considerar que a pesquisa aponta a taxa de suicídio policial ser 3,65% maior que na população geral9.

Com base nesses números e pensando em ações que visem solucionar a problemática, políticas públicas de auxílio à saúde biopsicossocial para a segurança pública vem sendo articulada em diversos Estados do Brasil. O Ceará conta com alguns serviços de assistência psicológica, e vem expandindo suas ações no combate ao adoecimento mental de seus servidores. Desta maneira, a Psicologia é convocada a sair da posição de avaliadores, passando a integrar os cuidados e proteção à saúde desses agentes10. Contudo, segundo o Conselho Federal de Psicologia (CFP), o manejo com esse público está sendo desenhado em campo, e as práticas vão sendo delimitadas a partir da especificidade de cada demanda. 

Embora o Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) tenha lançado em 2020 um manual de referenciais de atuação que norteiam e dão base para o atendimento na segurança pública, o processo de implementação tem acontecido de forma paulatina. Isso implica que os desafios e dificuldades de acessar esses espaços estão principiando para a Psicologia, e que o processo de implementação exige que os profissionais envolvidos nesse campo de atuação se debrucem sobre a temática, afinando seu conhecimento para essa especificidade11.

É perceptível que na última década o setor público passou a preocupar-se com questões de saúde do trabalhador no que diz respeito aos agentes de segurança pública. Essa preocupação é o reflexo da alta demanda que surge, embora seja indicado a prevalência de resistência na busca por ajuda para tratamento de doenças psíquicas12. Sendo assim, o indivíduo que passa por sofrimento mental acarreta diversos prejuízos no contexto de trabalho. A maior problemática está na percepção dessas decadências, muitas vezes a profundidade a qual o indivíduo já está afetado diminui a qualidade de vida e de seu seio corporativo, familiar e social13.

Ao compreender os potenciais desafios que a prática da Psicologia no ambiente militar apresenta, objetivou-se reunir dados que explique de que forma o compilado de amparos técnicos presentes no CREPOP se relaciona com a práxis no campo da segurança pública. Além disso, visa-se investigar como ampliar a percepção sobre a produção de sofrimento psíquico no campo da segurança pública a partir da prática dentro dos quartéis

MÉTODO

O presente trabalho se trata de uma revisão narrativa de literatura que objetiva reunir os principais pontos sobre a temática, realizando uma análise crítica e profunda sobre o assunto. Dessa forma, a escolha deste método precisa se basear no tipo de pergunta que o estudo deseja responder. Portanto, esse modelo foi escolhido por ser o que melhor que embasa o eixo principal desta pesquisa14. Considerando esse tipo de delineamento em pesquisa, as questões que almejam resposta são: de que forma o compilado de amparos técnicos presentes no CREPOP se relaciona com a práxis no campo da segurança pública? Como pode-se ampliar a percepção sobre a produção de sofrimento psíquico no campo da segurança pública a partir da prática dentro dos quartéis? 

No sentido de buscar respostas para essas perguntas, realizou-se levantamento bibliográfico entre os principais autores da temática, tendo como referência principal o eixo três do documento oficial que apresenta referências de atuação técnica para a práxis da psicologia em campo de políticas públicas, o CREPOP. Contudo, foram utilizadas plataformas digitais como Google Acadêmico e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Optou-se por estas bases, haja vista o acesso ser livre e por seu robusto acervo em materiais atualizados.

No ímpeto de se obter um melhor aproveitamento na pesquisa, buscaram-se os seguintes descritores em ciências da saúde (DecS): Psicologia; Área de Atuação Profissional; Segurança Pública interligados pelo operador booleano and. Essa escolha de combinação de descritores visa a otimizar o trabalho e adquirir conteúdos que embasam teoricamente o estudo. 

Entre julho e agosto de 2022 realizou-se o levantamento bibliográfico dos artigos, que foram identificados a partir de seu título, palavras-chave e posteriormente por leitura de seu resumo. Como critérios de inclusão optou-se por artigos publicados em português, com enfoque na temática abordada, majoritariamente publicados entre os anos de 2016 a 2021. De materiais que sofreram processos de exclusão, citam se aqueles que não trouxeram reflexão sobre a interação teórico-prática da inserção da psicologia no cenário da segurança pública e artigos que se apresentavam em idioma estrangeiro. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A atuação profissional da psicologia dentro dos batalhões se constrói ao longo dos anos objetivando diminuir as altas taxas de suicídio policial como também promover qualidade de vida para o militar ao longo de sua trajetória. Sendo assim, é possível encontrar discussões que apontam a diversidade de problemas que se culmina pela falta de cuidados a esse grupo profissional como fatores de risco ao servidor da segurança pública além de uma série de questões que envolvem as diversas áreas da saúde sendo elas: doenças cardiovasculares, diabetes, insônia, alto nível de estresse, contusões físicas, dores crônicas de cabeça, distensões musculares, obesidade, depressão, ansiedade, entre outros transtornos mentais15.

Dos fatores sociais que também são promotores de problemáticas para esse público, uma vezas relações familiares se tornam fragmentadas, culminando em divórcio, abuso de substâncias psicoativas, pouca dedicação ao lazer e isolamento social em decorrência destas16. Vale ressaltar que outras problemáticas surgem a partir destas apontadas acima, como o nível de violência na conduta do militar que pode estar ligado ao descontrole emocional ocasionado pelo dia a dia conturbado e o estresse proveniente dele assim como a precariedade na oferta e no acesso aos serviços de saúde em saúde mental que será trabalhado no tópico abaixo17.

Um estudo mostrou a fragilidade que a rede de cuidados à saúde mental deste grupo apresenta. Os autores da pesquisa também alertam para a precariedade dos serviços disponíveis onde não existe uma ampliação e perspectiva de acesso.  Posto isso, o efeito sobre eles a respeito da busca pela atividade de cuidados psicológicos ainda é considerado escassa, haja vista o preconceito em torno do tema e que os serviços se localizam distantes e com baixa oferta18.

Um estudo traz importantes pautas a serem observadas, sendo que primeira delas mostra que os policiais compreendem a necessidade de ser ofertado u acompanhamento psicológico ao seu eixo profissional. Entretanto, a dificuldade de acesso diminui a incidência na procura. A segunda diz respeito à baixa confiabilidade que os militares têm em dialogar com um psicólogo. O estreitamento dos laços entre o grupo de profissionais da área militar e os psicólogos poderá acontecer mediante a exposição de ambos no mesmo espaço. Portanto, a oferta de serviços dentro dos quartéis se faz necessária19.

Logo, compreender a natureza da atividade policial é importante tanto quanto identificar seus principais objetivos sociais, por isso, observa-se que o investimento em oferta de serviços para o cuidado será capaz de proporcionar profissionais melhor preparados para o seio social. Haja vista a todos os tabus encontrados no que diz respeito a procura ao serviço de saúde mental, disponibilizar essa prática dentro dos quartéis propicia a quebra de uma das barreiras subjetivas que existem a esse respeito, sendo possível modificar o ambiente de trabalho20.

Ademais, é importante propiciar um ambiente adequado, de modo a lançar um olhar sobre a instituição. Deve-se ainda avaliar as questões que possam estar gerando entraves burocráticos em termos adoecimentos mentais, corroborando assim com a melhora do clima organizacional. Essa mudança requer o trabalho de uma equipe multidisciplinar dentro do ambiente militar. Além disso, um ponto importante é ampliar o escopo de entendimento do processo de segurança pública no país que será detalhado abaixo21.

O processo de organização da segurança pública brasileira conta com algumas instituições de promoção, cada uma exercendo uma atividade específica já estruturada nesse modelo, cujo objetivo visa a garantir que a constituição brasileira tenha amparo no seguimento da segurança, evitando a possibilidade de uma ditadura. A fim de se compreender a natureza dos redutos e fazeres laborais, importa identificar a finalidade de cada uma das principais forças de segurança que atua diretamente com a população22.

A primeira delas é a Polícia Federal, que foi criada há cerca de 70 anos e tem suas atividades mais ligadas a combater crimes que porventura possam lesar a pátria e a união, bem como promover investigações e patrulhamento em âmbito nacional. Já a polícia civil tem por objetivo a investigação de crimes, acolhimento da população vitimada, realização de enquadramento jurídico e a expedição de infratores para o sistema judiciário brasileiro em âmbito estadual. Nesse sentido, cabe à polícia militar o patrulhamento ostensivo e intensivo a fim de proteger os bens públicos e privados, corroborando com a ordem pública e oferecendo segurança e harmonia ao meio social e em âmbito estadual23.

No ano de 2007, o então ministro da justiça Nelson Jobim lançou uma proposta de projeto de lei (PL) que versava sobre a unificação das forças policiais a fim de responder a essa problemática. Dentro das justificativas, estavam o fortalecimento do Estado no sentido de diminuir os entraves entre a rede, minimizar custos de formações diversificadas, ampliar o poder da união sobre os estados e alinhar as ações de policiamento. Acreditava-se que o PL 1937/2007 seria capaz de promover importante contribuição. Porém, por questões de inviabilidade, já que, independentemente de a quem responder, o policiamento precisaria de cada uma das funções distintamente, a proposta foi arquivada. 

De fato, a mudança mais significativa dentro do sistema de segurança do país segundo esta PL seria que todos os servidores se reportavam diretamente a instâncias ligadas à união. Contrariando o disposto na Constituição Federal de 1988, que delimitou funções a Estados e municípios de responsabilizar-se pela segurança dos seus limites geográficos, essa PL figura uma mudança que poderia melhorar o sistema de serviços prestados para além de apenas gestão, assim como, possibilitar melhoria do cuidado com o servidor e com o cidadão civil24.  Numa análise prática sobre essa questão, alguns países foram apontados como um modelo de gestão semelhante, e se constatou que, mesmo com a unificação, as funções de grupos que investigam instâncias específicas e realizam o trabalho ostensivo estavam presentes em seu sistema de segurança. Portanto, todos os enredos burocráticos pertinentes as estas mudanças não se justificariam por tão pouco benefício25.

As atividades militares se organizam a partir de padrões hierárquicos, que se distinguem por patentes. A divisão de tarefas se organiza por fatores hierárquicos e por patentes que são: coronel, tenente-coronel, major, capitão, tenente, subtenente, sargento, cabo e soldado26. Sua conduta interna e externa é regulamentada por seu regime disciplinar, cada ação tem relevância e precisa estar alinhada com sua magistratura. Essa estruturação é a garantia de que os serviços serão padronizados e regulamentados pelo estado como traz27.

Ainda considerando a organização da PM no Brasil, é necessário ressaltar que esta instituição de segurança está legitimada pelo Estado a usar força física, incluindo, caso necessário; a coação, a repressão e o controle das condutas. Este último se configura como um de seus principais mecanismos de trabalho28. No dia 23 de maio de 2022 a corporação completou 187 anos de serviços prestados à população cearense, sendo motivo de orgulho e satisfação de sua população.

É preciso destacar que o sofrimento psíquico é uma realidade da vida humana em qualquer fase e pode ser uma afetação presente que desencadeia problemas ao indivíduo. No contexto de trabalho essa problemática impõe uma severa instância de latência existencial, haja vista a necessidade de trabalhar para a manutenção da própria vida. Quando os estímulos aversivos adoecedores advém do ambiente de trabalho essa problemática se acentua em proporção imensurável, estímulos psicossociais e físicos são capazes de acarretar de simples afastamentos, para a incapacitação total da produção laboral deste indivíduo29.  

O policial militar encontra em sua dinâmica de trabalho a imprevisibilidade como um fator preponderante, sendo que suas atitudes envolvem a contemplação do sofrimento do outro, inclusive imputado por policiais, muitas vezes quando necessário. O desgaste emocional e físico desta prática profissional sugere profundo adoecimento, haja vista ter eles que lidar também com as suas questões pessoais e com o sofrimento de outrem30. Apontados como alicerce das condutas militarizadas, a hierarquia e as disciplinas surgem como códigos organizacionais que suprimem os comportamentos não desejados do corpo militar, isso pode ser um indicativo de que os adoecimentos mentais advindos das práticas laborais sejam considerados efeitos colaterais do serviço37.

A percepção do sofrimento gerado pela atividade policial já foi alvo de estudos em que a autora advoga sobre os diagnósticos de doenças mentais mais presentes no ambiente militar. Na obra, a pesquisadora destaca os fatores de prevenção ao adoecimento mental e suicídio policial e apresenta a fragilidade do acesso aos serviços de saúde mental dentro dos batalhões, se pautando por questões internas e de fatores de proteção externa à própria vida dos militares. Dessa forma, a controvérsia entre ofertar o acesso e as ações punitivas que podem figurar outra linha de sofrimento, precisam ser consideradas dentro destes espaços, haja vista as interfaces desta ação motriz requer processos de proteção dos agentes, que muitas vezes envolvem também ações punitivas, a fim de prevenir possíveis acidentes de trabalho, em que corram risco aos militares e a sociedade civil30.

Adicionalmente, a atuação do psicólogo no campo das políticas públicas pode se estabelecer mediante as demandas que surgem de modo espontâneo, uma vez que o principal modelo de atenção à saúde mental dentro dos batalhões é o de plantão psicológico. Assim, justificar suas práticas com base nos referenciais teóricos oportuniza um norte assertivo para o bom desempenho da implantação. O desafio de adentrar a um campo tão fechado requer o uso de estratégias bem delimitadas, dentre elas a primeira é o processo de psicoeducação. Esta surge como porta de entrada para a quebra de tabus e estereótipos que existem dentro da sociedade, sobre o acesso ao profissional de saúde mental e os tabus em torno do CREPOP30

A segunda estratégia é o estabelecimento de vínculos. Essa questão versa sobre se desafiar para além dos construtos acadêmicos e teóricos. Além disso, exige se debruçar sobre suas problemáticas a ponto de chegar a vivenciar a rotina de vida destes servidores, compreendendo inclusive a cultura interna do batalhão, a partir de seu comandante. Buscar manter uma relação amistosa e próxima deste líder é o principal elemento para o bom desempenho da implantação do serviço. Isso significa participar de momentos de treinamentos, se envolver nas dinâmicas diárias como as premiações e cursos ofertados pelos setores de segurança pública38.

Considerando que as estratégias descritas atravessam o indivíduo para além de questões psicológicas, realizar uma análise institucional é o princípio da atuação, como também considerar o clima organizacional a porta de entrada para a construção dos métodos e técnicas que norteará as práxis no ambiente militar. Nesse sentido, um estudo afirma ser a cultura organizacional a motriz das problemáticas e soluções de organizações corporativas, tento esta influência sobre a produtividade, significado de processo laboral, como também produtora de prejuízos psíquicos coletivos32

Quando se versa sobre possíveis projetos no exercício profissional da psicologia no campo da segurança pública, vislumbra-se aplicabilidade de alguns pontos indicados pelo CREPOP, que desde o seu início, visava ampliar a perspectiva de saúde do trabalhador, bem como acolher suas demandas sociais. Para tanto, observar os diversos aspectos de seu entorno de vida se faz indispensável. A atividade laboral do profissional da segurança pública exerce uma série de desgastes físicos e mentais15,33. Com fim de diminuir os impactos negativos do exercício profissional e promover qualidade de vida no trabalho, o exercício físico é apontado como um caminho para a elaboração de manutenção de uma vida equilibrada, sem a necessidade de interação medicamentosa. 

A inserção de psicólogos no seio da polícia militar ganhou maior destaque em meados da década de 80. Seu manejo laboral foi desenhado exclusivamente para fins de recrutamento e seleção. Com o passar dos anos, percebeu-se a necessidade destes profissionais contribuírem também no processo de treinamentos durante a formação. Essa dinâmica permitiu um contato mais extenso com os servidores, exigindo cada vez mais um olhar amplo sobre os sujeitos34.

Desde então foram percebidas as muitas necessidades de ampliar os serviços em cuidado à saúde destes servidores. Assim, surge a criação de setores específicos para este fim. Dentro do delineamento das políticas públicas, em sua maioria, esperam dos psicólogos o exercício da atividade de clínica individual. No entanto, elas têm se reestruturado para responder demandas mais amplas. No campo da segurança pública isso se acentua, haja vista entender que a atividade produz adoecimento sobre os seus servidores. Portanto, para o CREPOP, a psicologia se coloca em âmbito institucional e de contribuição na gestão. Embora se reconheça a dificuldade iminente em compreender a articulação e dependendo de um processo de reconhecimento de campo para a verificação satisfatória do que de fato está sendo colocado posto à disposição dos usuários38.

A influência da psicologia na gestão da segurança pública, uma pesquisa constatou como uma dicotomia das forças de segurança em que podem ter as chaves para os problemas enfrentados, haja vista a baixa colaboração e o engessamento das ideias de gestão que não oferecem soluções inovadoras para aos problemas contemporâneos24.  

As mudanças sociais exigem novos desdobramentos para a organização da sociedade, e o uso do poder também precisa ser restabelecido. A presença de um profissional de psicologia num batalhão tende a contribuir com a valoração humana, oferecendo a cada usuário a condição de sujeito singular, desmilitarizando-o subjetivamente. Os atributos da implementação, segundo o CREPOP, versam na direção de compreender as peculiaridades do campo e desenvolver ações que acolham institucional e individualmente os sujeitos, sejam eles militares ou não38. A seguir é oferecido as modalidades de trabalho do psicólogo no contexto do batalhão, sendo o plantão psicológico e a psicoeducação como fundamentais.

Por tratar-se de um público com fluxo rotativo intenso e por suas atividades serem permeadas de situações imprevisíveis, a oferta de plantão articula com a proposta de cuidado e acolhimento às queixas do dia a dia. O desempenho de plantão se elabora com princípios muito claros. Trata-se de um atendimento pontual com tempo mínimo de 20 minutos e no máximo de 30 minutos. Neste é possível acolher e pontuar juntamente com o usuário questões que lhe atravessam, permitindo que a relação terapêutica se estabeleça de modo rápido e com intervenções pontuais focadas no sintoma principal, considerando o sujeito dentro da situação atual que se encontra, visando retirá-lo da emergência no mesmo encontro35.

Já o trabalho de psicoeducação é realizado a partir de instrumentos diversos, que vão desde rodas de conversa à distribuição de materiais gráficos informativos. Neste sentido, pode-se realizar também campanhas de prevenção a doenças. A conversa grupal propõe aos servidores discorrer sobre suas dificuldades dentro de seu espaço de trabalho, mediado por um profissional de psicologia. Esta ferramenta é capaz de promover, além de um alívio emocional, a interação sadia entre os pares, o fortalecimento das relações e a ampliação de repertórios de comportamentos assertivos no que tange a expressão de dores e sentimentos36.

Portanto, todos os pontos destacados discorrem sobre o norteamento das práticas de inserção de serviço de psicologia aplicada ao ambiente militar. Amparada pelo CREPOP, a classe de psicólogos pode utilizar-se destes referenciais para desenvolver atividades nestes espaços, considerando as peculiaridades de seu campo em específico38.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Evidenciam-se a partir dos dados coletados nesta pesquisa que o adoecimento mental do agente de segurança pública tem causalidade multifatorial, e que a corporação ainda não está assistida por profissionais da saúde mental de forma suficiente. Como resultado desta problemática e de outras, por conseguinte, observa-se uma corporação com manejos sendo constantemente questionados pela população a quem destina proteger, alto índice de adoecimento mental no grupo de policiais e um crescimento no número de mortalidade por autoextermínio. 

Percebe-se a partir disso a relevância de estudos desenvolvidos no sentido de oferecer referenciais atualizados sobre o assunto, e convocar a sociedade para levar o tema ao debate público. Os benefícios de que seja lançado o olhar para os cuidados em saúde mental dos agentes em serviço, configuram ganhos sociais inestimáveis, tendo em vista a população receber policiais mais preparados para agir em situações de conflito. 

Este estudo aponta novos caminhos a serem desenvolvidos, especialmente projetos voltados para novas estratégias de atuação, visando considerar a peculiaridade de cada região, como também a produção de pesquisas sob enfoque de outros olhares profissionais, é de suma importância para a garantia de uma boa prestação de serviços em saúde, com viés interdisciplinar, como por exemplos educadores físicos, fisioterapeutas, nutricionistas. Desenvolver nestas profissões empatias para com esta classe profissional os convocando a investigar os fenômenos do adoecimento de dentro dos batalhões. Será de salutar importância na amplificação da discussão sobre o tema.

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¹Centro Universitário UNINTA – Campus Itapipoca. Itapipoca, Ceará, Brasil.
https://orcid.org/0009-0006-5156-6882. kizzy.lopes@uninta.edu.br.
²Centro Universitário UNINTA – Campus Itapipoca. Itapipoca, Ceará, Brasil.
https://orcid.org/0000-0001-5173-1813. mauro.khouri@uninta.edu.br.
³Centro Universitário UNINTA – Campus Itapipoca. Itapipoca, Ceará, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-0185-9699. andre.rocha@uninta.edu.br.
4Centro Universitário UNINTA – Campus Itapipoca. Itapipoca, Ceará, Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-4163-2349. julianamfer@gmail.com.
5Centro Universitário UNINTA – Campus Itapipoca. Itapipoca, Ceará, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-0435-8769. cargolo.junior@gmail.com