REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7900181
Ana Flávia Bitencourt Caldeira¹
Dr. Jefferson Campos Lopes²
Ms. Marysol Aquino²
Rosane Grade²
RESUMO
O presente estudo propõe apresentar o uso da tecnologia e das metodologias ativas, no ensino da matemática delineando o uso destas ferramentas digitais como estratégia de uma didática significativa em propor um ensino diversificado com novos saberes aos educandos.
Nesta perspectiva aborda-se como objetivo, apresentar e detalhar critérios para ser colaborativos na ação docente, ampliando a acessibilidade a todos os alunos que compõe o espaço educacional, concretiza um avanço coletivo aos educandos e os docentes aprimorarão sua prática pedagógica.
Fica evidente que atualmente, em sua maioria, os alunos apresentam grande dificuldade e desmotivação para com a matemática, principalmente em função da forma com que a mesma é apresentada e ensinada.
Para alcançar esta pesquisa, foi realizado uma abordagem qualitativa, de cunho descritivo e explicativo, através de uma revisão bibliográfica com produções científicas oriundas de artigos, TCC, Dissertações e Teses.
Como resultado da pesquisa podemos apresentar dentre os resultados parciais citam-se possíveis benefícios e possibilidades metodológicas para o processo de ensino-aprendizagem da Matemática, bem como a utilização de estratégias diversificadas, entre elas, a aprendizagem por meio dos jogos digitais.
PALAVRAS-CHAVE: Matemática; Metodologias ativas; Tecnologia; Prática pedagógica.
ABSTRACT
The present study proposes to present the use of technology and active methodologies in the teaching of mathematics, outlining the use of these digital tools as a strategy of a significant didactics in proposing a diversified teaching with new knowledge to the students.
In this perspective, the objective is to present and detail criteria for being collaborative in teaching, expanding accessibility to all students who make up the educational space, achieving a collective advance for students and teachers will improve their pedagogical practice.
It is evident that currently, most students have great difficulty and lack of motivation towards mathematics, mainly due to the way in which it is presented and taught.
To achieve this research, a qualitative approach was carried out, with a descriptive and explanatory nature, through a bibliographical review with scientific productions from articles, TCC, Dissertations and Theses.
As a result of the research, we can present, among the partial results, possible benefits and methodological possibilities for the teaching-learning process of Mathematics, as well as the use of diversified strategies, among them, learning through digital games.
KEYWORDS: Mathematics; Active methodologies; Technology; Pedagogical practice.
1 INTRODUÇÃO
1.1 Uso de metodologia ativas e tecnologias digitais
É inegável o fato de vivermos numa era conduzida e cada vez mais modificada pelo uso das tecnologias. Furlan e Nicodem (2017) nos apresentam que as TIC’s são resultado da evolução que há anos vem ocorrendo de três esferas do âmbito tecnológico: a informática, as telecomunicações e as mídias eletrônicas que juntas possibilitaram o surgimento das tecnologias de informação e comunicação, permitindo que o fluxo de informações e a comunicação aconteçam de forma contínua e independente da distância, do local e do horário. Essas informações por sua vez nos são apresentadas das mais diversas formas por meio dessas tecnologias, em um agrupado de sons e imagens que ganham vida e significado com softwares que permitem a simulação dos dados conforme as nossas necessidades, agregando muito no processo de ensino aprendizagem quando utilizado como uma ferramenta pedagógica.
A inovação dos processos educacionais tem sido evidenciada em diversos documentos acadêmicos com vistas às estratégias de ensino diferenciadas. Em tempos de Tecnologias Digitais (TD) a associação com a realidade social dos estudantes torna-se imprescindível a ponto de destituir de práticas que visam o aluno como centro do processo de ensinagem. Uma das práticas que permite a realização de paradigmas descentralizadoras é denominada Metodologias Ativas (MA) em seus diferentes enfoques.
Para Sanches (2018, p.17), as metodologias ativas são “estratégias pedagógicas que põem o cerne do processo de ensino e aprendizagem no aluno, de forma oposta à abordagem pedagógica do ensino tradicional, focada no educador, que transmite informação aos discentes”
De acordo com Borba, Almeida e Gracias (2018, p. 40), Metodologias de Ensino se referem “[…] ao ato de ensinar. Ensinar requer um conjunto de esforços e decisões que se refletem em caminhos propostos, as chamadas opções metodológicas”.
Podemos afirmar em âmbito geral, que as MA se encontram nessa perspectiva e “[…] são estratégias de ensino centradas na participação efetiva dos estudantes na construção do processo de aprendizagem, de forma flexível, interligada e híbrida” (BACICH; MORAN, 2018).
Considerando as possíveis estratégias de ensino, o Quadro 1 apresenta uma breve transcrição individualizada dessas, a partir do entendimento das autoras Anastasiou e Alves (2004), acrescidas das recomendações de Marion e Marion (2006), apresentamos a seguir:
Quadro 1 : Definições de Estratégias de ensino.
ESTRATÉGIA | DESCRIÇÃO |
Aula expositiva dialogada | É uma exposição do conteúdo, com a participação ativa dos estudantes, cujo conhecimento prévio deve ser considerado e pode ser tomado como ponto de partida. O professor leva os estudantes a questionarem, interpretarem e discutirem o objeto de estudo, a partir do reconhecimento e do confronto com a realidade. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 79) |
Estudo de texto | É a exploração de ideias de um autor a partir do estudo crítico de um texto e/ou a busca de informações e exploração de ideias dos autores estudados. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 80) |
Portfólio | É a identificação e a construção de registro, análise, seleção e reflexão das produções mais significativas ou identificação dos maiores desafios/dificuldades em relação ao objeto de estudo, assim como das formas encontradas para superação. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 81). |
Tempestade cerebral | É uma possibilidade de estimular a geração de novas ideias de forma espontânea e natural, deixando funcionar a imaginação. Não há certo ou errado. Tudo o que for levantado será considerado, solicitando-se, se necessário, uma explicação posterior do estudante. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 82) |
Mapa conceitual | Consiste na construção de um diagrama que indica a relação de conceitos em uma perspectiva bidimensional, procurando mostrar as relações hierárquicas entre os conceitos pertinentes à estrutura do conteúdo. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 83). |
Estudo dirigido | É o ato de estudar sob a orientação e diretividade do professor, visando sanar dificuldades específicas. É preciso ter claro: o que é a sessão, para que e como é preparada. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 84). |
Estudo dirigido e aulas orientadas | Permite ao aluno situar-se criticamente, extrapolar o texto para a realidade vivida, compreender e interpretar os problemas propostos, sanar dificuldades de entendimento e propor alternativas de solução; exercita no aluno a habilidade de escrever o que foi lido e interpretá-lo; Prática dinâmica, criativa e crítica da leitura. (MARION; MARION, 2006, p. 42); (PETRUCCI; BATISTON, 2006, p. 279-280). |
Lista de discussão por meios informatizados | É a oportunidade de um grupo de pessoas poder debater, à distância, um tema sobre o qual sejam especialistas ou tenham realizado um estudo prévio, ou queiram aprofundá-lo por meio eletrônico. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 85). |
Ensino a distância | As ferramentas usadas no ensino a distância vão das mais simples, como o ensino por correspondência sem apoio ou tutoria, pela comunicação apenas entre educador e educando, até os métodos mais sofisticados, que incluem esquemas interativos de comunicação não presencial via satélite, ou por redes de computadores. (PETRUCCI; BATISTON, 2006, p. 289-294). |
Solução de problemas | É o enfrentamento de uma situação nova, exigindo pensamento reflexivo, crítico e criativo a partir dos dados expressos na descrição do problema; demanda a aplicação de princípios, leis que podem ou não ser expressas em fórmulas matemáticas. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 86). |
Resolução de exercícios | O estudo por meio de tarefas concretas e práticas tem por finalidade a assimilação de conhecimentos, habilidades e hábitos sob a orientação do professor. (MARION; MARION, 2006, p. 46). |
Ensino em pequenos grupos | É uma estratégia particularmente válida em grandes turmas, pois consiste em separar a turma em pequenos grupos, para facilitar a discussão. Assim, despertará no aluno a iniciativa de pesquisar, de descobrir aquilo que precisa aprender. (PETRUCCI; BATISTON, 2006, p. 278-279). |
Phillips 66 | É uma atividade grupal em que são feitas uma análise e uma discussão sobre temas / problemas do contexto dos estudantes. Pode também ser útil para obtenção de informação rápida sobre interesses, problemas, sugestões e perguntas. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 87). |
Grupo de verbalização e de observação (GV/GO) | É a análise de tema/problemas sob a coordenação do professor, que divide os estudantes em dois grupos: um de verbalização (GV) e outro de observação (GO). É uma estratégia aplicada com sucesso ao longo do processo de construção do conhecimento e requer leituras, estudos preliminares, enfim, um contato inicial com o tema. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 88). |
Dramatização | É uma apresentação teatral, a partir de um foco, problema, tema etc. Pode conter explicitação de ideias, conceitos, argumentos e ser também um jeito particular de estudo de casos, já que a teatralização de um problema ou situação perante os estudantes equivale a apresentar-lhes um caso de relações humanas. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 89) |
Seminário | É um espaço em que as ideias devem germinar ou ser semeadas. Portanto, espaço, onde um grupo discuta ou debata temas ou problemas que são colocados em discussão. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 90). |
Estudo de caso | É a análise minuciosa e objetiva de uma situação real que necessita ser investigada e é desafiadora para os envolvidos. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 91). |
Júri simulado | É uma simulação de um júri em que, a partir de um problema, são apresentados argumentos de defesa e de acusação. Pode levar o grupo à análise e avaliação de um fato proposto com objetividade e realismo, à crítica construtiva de uma situação e à dinamização do grupo |
Simpósio | É a reunião de palestras e preleções breves apresentadas por várias pessoas (duas a cinco) sobre um assunto ou sobre diversos aspectos de um assunto. Possibilita o desenvolvimento de habilidades sociais, de investigação, amplia experiências sobre um conteúdo específico, desenvolve habilidades de estabelecer relações. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 93) |
Painel | É a discussão informal de um grupo de estudantes, indicados pelo professor (que já estudaram a matéria em análise, interessados ou afetados pelo problema em questão), em que apresentam pontos de vista antagônicos na presença de outros. Podem ser convidados estudantes de outras fases, cursos ou mesmo especialistas na área. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 94). |
Palestras | Possibilidade de discussão com a pessoa externa ao ambiente universitário sobre um assunto de interesse coletivo, de acordo com um novo enfoque; Discussão, perguntas, levantamento de dados, aplicação do tema na prática, partindo da realidade do palestrante. (MARION; MARION, 2006, p. 42); (PETRUCCI; BATISTON, 2006, p. 288-289) |
Fórum | Consiste num espaço do tipo “reunião”, no qual todos os membros do grupo têm a oportunidade de participar do debate de um tema ou problema determinado. Pode ser utilizado após a apresentação teatral, palestra, projeção de um filme, para discutir um livro que tenha sido lido pelo grupo, um problema ou fato histórico, um artigo de jornal, uma visita ou uma excursão. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 95). |
Discussão e debate | Sugere aos educandos a reflexão acerca de conhecimentos obtidos após uma leitura ou exposição, dando oportunidade aos alunos para formular princípios com suas próprias palavras, sugerindo a aplicação desses princípios. (MARION; MARION, 2006, p. 42-44) |
Oficina (laboratório ou workshop) | É a reunião de um pequeno número de pessoas com interesses comuns, a fim de estudar e trabalhar para o conhecimento ou aprofundamento de um tema, sob orientação de um especialista. Possibilita o aprender a fazer melhor algo, mediante a aplicação de conceitos e conhecimentos previamente adquiridos. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 96). |
Escritório, laboratório ou empresa modelo | Proporciona ao aluno contato com a tecnologia da informação, os reflexos de má informação gerada, as inúmeras possibilidades de erros e os consequentes acertos. (PETRUCCI; BATISTON, 2006, p. 286-288). |
Estudo do meio | É um estudo direto do contexto natural e social no qual o estudante se insere, visando a uma determinada problemática de forma interdisciplinar. Cria condições para o contato com a realidade, propicia a aquisição de conhecimentos de forma direta, por meio da experiência vivida. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 97). |
Ensino com pesquisa | É a utilização dos princípios do ensino associados aos da pesquisa: Concepção de conhecimento e ciência em que a dúvida e a crítica sejam elementos fundamentais; assumir o estudo como situação construtiva e significativa, com concentração e autonomia crescente; fazer a passagem da simples reprodução para um equilíbrio entre reprodução e análise. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 98). |
Exposições, excursões e visitas | Participação dos alunos na elaboração do plano de trabalho de campo; Possibilidade de integrar diversas áreas de conhecimento; Integração do aluno, através da escola, com a sociedade, através das empresas; Visualização, por parte do aluno, da teoria na prática; Desenvolvimento do pensamento criativo do aluno e visão crítica da realidade em que ele se insere. (MARION; MARION, 2006, p. 37-38); (PETRUCCI; BATISTON, 2006, p. 276-277 |
Jogos de empresas | Os alunos tornam-se agentes do processo; São desenvolvidas habilidades na tomada de decisões no nível administrativo, vivenciando-se ações interligadas em ambientes de incerteza; permite a tomada de decisões estratégicas e táticas no gerenciamento dos recursos da empresa, sejam eles materiais ou humanos; (MARION; MARION, 2006, p. 50); (PETRUCCI e BATISTON (2006, p. 281-283). |
Ensino individualizado | O ensino individualizado é a estratégia que procura ajustar o processo de ensino aprendizagem às reais necessidades e características do discente. (PETRUCCI; BATISTON, 2006, p. 294-298). |
Fonte: elaborado com base em ANASTASIOU e ALVES (2004, p. 79); MARION e MARION (2006); PETRUCCI e BATISTON (2006).
As possibilidades para o trabalho com as diversas ferramentas pedagógicas com a utilização das MA são incontáveis, o que nos permite sem medo utilizar das tecnologias digitais para enriquecer ainda mais o processo de aprendizagem, pois o uso dessa grande ferramenta da atualidade se faz totalmente compatível com essa metodologia distante do ensino bancário e que resgata o aluno como peça atuante e principal na aquisição dos conhecimentos. A fala de Kenski (2003) a seguir nos mostra a necessidade de apontar a educação na direção que corre a atualidade:
[…] Um novo tempo, um novo espaço e outras maneiras de pensar e fazer educação são exigidos na sociedade da informação. O amplo uso das tecnologias leva a necessidade de uma reorganização dos currículos e das metodologias utilizadas na prática educacional. (KENSKI, 2003, p. 92).
Borba e Penteado (2001) também nos trazem a mesma ideia e destacam que esses recursos sejam utilizados numa espécie de “alfabetização tecnológica”, de modo a ensinar os educandos a forma de ler essas novas mídias, pois o fato deles nascerem inseridos nesse meio não os torna aptos a utilizá-las sem o devido direcionamento. Dessa forma é muito importante que o computador faça parte de tarefas comuns da escola como no processo de aquisição da leitura e da escrita, compreensão de textos, gráficos, números e diversas situações e atividades do currículo escolar.
Os alunos já nascem e vivem inseridos nesse meio, rodeados pela tecnologia e esta já é um fator intrínseco a sua cultura. A própria Base Nacional Comum Curricular cita a existência dessa cultura digital: “Há que se considerar, ainda, que a cultura digital tem promovido mudanças sociais significativas nas sociedades contemporâneas. […] os estudantes estão dinamicamente inseridos nessa cultura, não somente como consumidores. (BRASIL, 2017). Da mesma forma que ela compreende o fato de as tecnologias estarem inseridas na sociedade na vida dos educandos ela também nos leva a entender que se faz necessário o uso de uma metodologia que permita o aluno se desenvolver de forma integral quando ela nos apresenta as dez competências gerais da Educação Básica e define que ao aluno desenvolvê-las ele une habilidades com valores, conhecimentos e atitudes para o exercício da cidadania. Com essa postura a BNCC nos mostra que a escola é muito mais do que um depósito de conhecimento e exige que o aluno se desenvolva em todos esses aspectos, algo que ele dificilmente conseguirá se a escola se manter nos trilhos da educação tradicional e centralizada na imagem do docente.
Logo, temos a nosso favor um documento que norteia as práticas pedagógicas nos mostrando a direção que a educação precisa caminhar para atender as novas demandas da formação desse educando, permitindo que este vá muito mais além de ter a capacidade de memorização testada, o aluno agora precisa ter estimulado o raciocínio lógico, a criatividade, o pensamento crítico, consolidando assim as bases necessárias para o seu desenvolvimento voltado à solução dos problemas que consequentemente surgirão em todas as etapas de sua vida. Traçando um paralelo entre esses aspectos e a disciplina de Matemática é possível observar que não se trata de conceitos distantes. A Matemática é uma disciplina que exige do aluno a capacidade de abstração, de raciocinar logicamente, de utilizar da criatividade, logo ela vai muito além do ensinar apenas conceitos matemáticos. É necessário que o docente permita ao aluno o desenvolver dessas características para que a solução dos problemas que lhe serão apresentados faça sentido e que ele não fique refém da memorização e dos exercícios de repetição.
Dois conceitos bastante importantes são utilizados para o ensinar Matemática e que permitem o estímulo dessas habilidades necessárias para compreender esse complexo universo numérico, são eles o material concreto e as situações problema. Segundo Azevedo (1997): “[…] nada deve ser dada à criança, no campo da Matemática, sem primeiro apresentar-se a ela uma situação concreta que leve a agir, a pensar, a experimentar, a descobrir, e daí, a mergulhar na abstração”. O autor nos mostra que o uso do material concreto permite à criança trazer aquele conhecimento ao campo material, construindo esse conhecimento de forma palpável para depois ser elaborado de forma abstrata. Alvarenga, Andrade e Santos (2016) nos mostram que quando o professor utiliza do recurso da resolução de problemas ele permite que o seu aluno amplie seus conhecimentos, possibilita que ele vá muito além de aprender fórmulas e decorar algarismos. É possível perceber na fala de Selbach (2010) que uma situação-problema permite que o aluno trabalhe de forma ativa no processo de aprendizagem: “Expondo o que sabe, mostrando o seu pensar, colocando em ação seu esforço e sua linguagem, transferindo conhecimentos construídos em uma situação para outra, avaliando sua adequação e esboçando conclusões” (SELBACH, 2010).
Porém apenas utilizar desses métodos sem um contexto apropriado e principalmente sem inseri-los de forma significativa ao processo de ensinar, aos olhos do educando torna-se sem sentido e as chances de afastá-lo ao invés de aproximá-lo para a disciplina acaba sendo grande. Uma boa forma de trabalhá-los é utilizando de uma linguagem já existente entre os educandos: os jogos digitais. O aspecto divertido e a interface comum aos seus olhos são fatores que despertam a atenção dos alunos e permite que eles trabalhem os conhecimentos e os conteúdos de forma dinâmica e natural.
Com a proposta de demonstrar o uso da tecnologia digital aliada às metodologias ativas foram elaboradas para este artigo atividades utilizando do site Wordwall, cada uma direcionada para uma série dos anos iniciais do Ensino Fundamental. O professor elabora pelo próprio site utilizando dentre as 18 possibilidades de atividades que a plataforma fornece inserindo apenas o seu conteúdo. Para utilizar do jogo após criado é necessário apenas algum dispositivo eletrônico como computador, tablet, lousa digital ou celular com acesso à internet.
Quadro 2 : Atividades com Wordwall
Atividade | Encontrando as formas geométricas | Decomposição de números | Oficina de jogos |
Série | 1º Ano | 2º Ano | 4º Ano |
Metodologia Ativa | Resolução de exercício | Aula expositiva dialogada | Oficina |
Descrição | Os alunos em duplas devem identificar na ilustração de festa de aniversário, na tela do jogo, as formas geométricas listadas nos retângulos em volta da figura, ligando-as numa espécie de ligue os pontos digital. | A professora divide a classe em grupos e com cada um deixa um material dourado. Na tela digital ela dispõe da atividade composta por um número e os espaços para preencher respectivamente com esse número decomposto: CENTENA – DEZENA – UNIDADE. A professora inicia a decomposição junto com os alunos primeiro utilizando o material dourado e depois transferem esse conhecimento para as lacunas do jogo. | Dividir os alunos em grupos na sala de informática e pedir para que cada grupo elabore dentro da matéria abordada um jogo utilizando a ferramenta Wordwall. Ao final, cada grupo participa jogando o jogo dos colegas. |
Objetivo | Identificar as formas geométricas em objetos comuns diferenciando os tamanhos em maior e menor, estimular o trabalho em equipe, trabalhar a atenção e a percepção. | Trabalhar por meio do material concreto a decomposição dos números e permitir que os alunos relacionem o que montaram com o jogo na tela, incentivar o trabalho em grupo, desenvolvimento da lógica. | Colocar em prática os conhecimentos adquiridos em aula, exercitar a criatividade, interagir com os colegas, estimular a autonomia e a participação ativa. |
Fonte: Elaborado pela autora, 2022.
2 DISCUSSÃO DE DADOS
Conforme as autoras ANASTASIOU e ALVES (2004), interligadas nas estratégias de ensino de MARION e MARION (2006) destacam que as tic´s podem ser aplicadas no ensino superior em diversas didáticas; pois elas entrelaçam a coletividade em sala de aula visando uma interação significativa entre os educandos. E isso abrange o docente, em aprender a aprender juntamente seus alunos.
Segundo os estudos detalham-se que: aula expositiva dialogada, estudo de texto, portfólio, tempestade cerebral, mapa conceitual, estudo dirigido, lista de discussão por meios informatizados, solução de problemas, resolução de exercícios, phillips 66, grupo de verbalização e de observação (GV/GO), dramatização, seminário, estudo de caso, júri simulado, simpósio, painel, fórum, oficina (laboratório ou workshop), estudo do meio, ensino com pesquisa, exposições, excursões e visitas, jogos de empresas e discussão com debate; ambas são estratégias que consiste na exploração de ideias, protagonismo de cada estudante, criticidade em relação ao objeto de estudo, detalhamento de conceitos e resoluções, associadas ao pensamento reflexivo e criativo.
Segundo as autoras, se faz necessário o uso das tic´s no ensino superior para que todas estas metodologias sejam concretizadas visando um ensino qualitativo tanto ao docente em superar os desafios existentes, quanto para os alunos em se aprimorar com cada ferramenta digital imposta em cada contexto didático, citado pela universidade.
Na abordagem dos autores PETRUCCI; BATISTON (2006) retrata: estudo dirigido, aulas orientadas, ensino à distância, ensino em pequenos grupos, palestras, escritório, laboratório/empresa modelo e ensino individualizado; como a contextualidade em contemplar as tic´s nestas desenvolturas, porém consiste em um ensino mais caracterizado pelos conceitos adquiridos propriamente, ou seja, é possível agregar conhecimentos individualmente.
Ambos os autores conceituam que essas práticas são inovadoras, pois a aplicação das tic´s no ensino superior destacam que os docentes e os estudantes, se aprimorem a este uso e também estes recursos passam a integrar cada vez mais aos contextos de ensino e aprendizagem. Com os avanços na construção de associar as tic´s nos cenários de ensino, é possível compreender que quase todos os profissionais da educação têm qualificação sobre as tic´s, e eles aprovam que exista um aproveitamento significante nestas habilidades digitais. Em suas temáticas desenvolvem continuamente “exploração e discussão” sobre os atributos que compõe a comunidade existente, revendo os melhores métodos, para que a Instituição de ensino se torne amplamente adotada das tic´s, visando garantir a colaboração de todos nas tomadas de decisões.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa nos mostra que quando utilizamos da tecnologia alinhada com a metodologia ativa colocamos o aluno exatamente nessa posição, no centro de todo esse processo, permitindo que isso ocorra de uma forma lúdica e bastante familiar aos olhos do educando. Utilizando das tecnologias digitais possibilitamos um ambiente favorável ao aprendizado, usamos da linguagem do aluno e das ferramentas do seu cotidiano. Colocamos o educando para manipular, pensar e perguntar sobre o que está acontecendo. Utilizar essas ferramentas é permitir que o aluno saia da sua própria bolha, também conhecida como carteira escolar, e participe interagindo, criando, expondo sua opinião e ouvindo a dos colegas.
A plataforma escolhida para a realização das atividades foi essencial para concretizar a ideia de que é possível unir a tecnologia com as metodologias ativas de forma descomplicada, além de abrir os nossos olhos mostrando que a tecnologia não precisa ser vista como uma inimiga por mudar costumes e hábitos de toda uma nova geração, o que muitas vezes nos deixa incomodados quando comparamos a nossa infância com esse período vivido nos dias de hoje. Esta pesquisa possibilitou demonstrar o quanto a tecnologia encontra-se a nosso favor, permitindo que elaboremos até mesmo do nosso aparelho celular uma atividade divertida e rica de conteúdo. Permite que usemos outro foco para enxergar o aprender, mostrando que esse processo pode ocorrer melhor quando de forma mais divertida, sendo possível até mesmo com uma matéria repleta de estigmas como a Matemática.
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¹Graduada em Pedagogia da FATEF.
²Docentes do curso de Pedagogia da FATEF