O SER SOCIAL ALUNO NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10054139


José Henrique Rodrigues Machado
Amanda Paiva de Freitas
Júlia Cristina de Almeida Braz
Heitor Abadio Vicente
Camilla Carneiro Silva Queija
Marcella Antunes Sousa Luiz de Oliveira
Ilka Mendes Fernandes
Marcelo Vinícius Costa Amorim


RESUMO

Considerar o aluno como um sujeito social é compreender que sua constante evolução e sistemas atravessam sobremaneira sua constituição, geral e ampla. Esse artigo visa trazer reflexões sobre a formação do sujeito sobre a perspectiva da psicologia educacional, em que os fatores educacionais passam a fazer parte de sua existência. Examinaremos a formação do sujeito social aluno, considerando múltiplas perspectivas e abordagens interdisciplinares. Exploramos as influências de fatores sociais, culturais, psicológicos e educacionais na construção da identidade do aluno e seu papel na sociedade. O estudo adota uma abordagem crítica e teórica, integrando diversas disciplinas para compreender a complexidade desse processo.

Palavras-chave: Sujeito social; aluno; formação.

A COMPLEXA CONSTRUÇÃO DO SUJEITO SOCIAL ALUNO

A teoria sociocultural é uma das teorias mais relevantes na educação. Ela foi desenvolvida por Lev Vygotsky e explica que o aprendizado ocorre durante as interações sociais entre os indivíduos. Aqui estão alguns pontos-chave da teoria sociocultural:

Interações Sociais- A teoria sociocultural acredita que o aprendizado acontece primeiro através da interação social e, em seguida, através da internalização individual dos comportamentos sociais. Isso se diferencia significativamente das ideias ‘cognitivo-construtivistas’ de Piaget, que via as crianças como ‘cientistas solitários’ que aprendem explorando seu ambiente e absorvendo informações.

A Zona de Desenvolvimento Proximal, um conceito fundamental na teoria sociocultural de Vygotsky. Ele se refere à diferença entre o que uma criança pode fazer sem ajuda e o que ela pode fazer com a ajuda de um adulto ou colega mais capaz.

O Scaffolding (Andaime), termo usado para descrever o apoio dado ao aprendiz no processo de aprendizagem, que pode ser retirado à medida que o aprendiz se torna mais competente.

Temos também o Contexto Cultural que leva em conta a teoria sociocultural que também enfatiza a importância do contexto cultural na aprendizagem. Ela sugere que o desenvolvimento depende da interação com pessoas e das ferramentas que a cultura fornece para ajudar a formar sua própria visão do mundo.

A construção do sujeito aluno é um tema de grande relevância na educação e na sociedade contemporânea. Ela se refere ao processo pelo qual os alunos desenvolvem sua identidade e compreensão de si mesmos como aprendizes dentro do contexto educacional. Este processo é influenciado por uma variedade de fatores, incluindo interações sociais, experiências culturais e condições econômicas.

A formação do sujeito aluno está intrinsecamente ligada aos processos de aprendizagem e desenvolvimento individual. À medida que os alunos interagem com seus colegas, professores e o currículo, eles constroem uma compreensão de si mesmos como aprendizes. Eles desenvolvem habilidades, conhecimentos e atitudes que influenciam seu engajamento e sucesso na escola.

Os fatores sociais, culturais e econômicos desempenham um papel crucial na formação do sujeito aluno. Por exemplo, as expectativas culturais podem influenciar as atitudes dos alunos em relação à aprendizagem, enquanto as condições econômicas podem afetar o acesso dos alunos a recursos educacionais.

A construção do sujeito aluno tem implicações significativas para a sociedade. Uma sólida formação do sujeito aluno pode contribuir para a igualdade, diversidade e participação cívica. Por exemplo, ao promover uma compreensão inclusiva da identidade do aluno, podemos ajudar a criar uma sociedade mais igualitária e diversificada.

Compreender a construção do sujeito aluno é essencial para moldar abordagens educacionais mais eficazes. Ao reconhecer a complexidade da identidade do aluno, os educadores podem desenvolver estratégias de ensino que atendam às necessidades individuais dos alunos e promovam o sucesso acadêmico. Em lenitivo, a construção do sujeito aluno é um tema de grande importância na educação e na sociedade contemporânea. Ao explorar este tema em profundidade, podemos contribuir para a criação de sistemas educacionais mais eficazes e sociedades mais inclusivas.

REVISÃO DOS TEÓRICOS SOBRE OS CONCEITOS-CHAVE: ABORDAGENS POSSÍVEIS.

Para Burdieu “o sujeito social não é apenas alguém que age de acordo com as estruturas sociais, mas é também alguém que contribui para a sua formação. (2019, p.13) ”. Assim Pierre Bourdieu, um renomado sociólogo francês, fez contribuições significativas para a sociologia, particularmente na compreensão do papel do sujeito social. Sua afirmação de que “O sujeito social não é apenas alguém que age de acordo com as estruturas sociais, mas é também alguém que contribui para a sua formação” é uma reflexão profunda sobre a dinâmica das estruturas sociais.

O conceito de “sujeito social” refere-se aos indivíduos que operam dentro de uma estrutura social. Bourdieu argumenta que esses sujeitos não são apenas produtos passivos das estruturas sociais em que vivem. Em vez disso, eles são agentes ativos que participam na formação e transformação dessas estruturas.

Isso pode ser visto no conceito de Bourdieu de habitus, que se refere às disposições socialmente adquiridas que os indivíduos internalizam e que influenciam seu comportamento. Essas disposições são moldadas pelas estruturas sociais, mas também contribuem para a formação dessas estruturas à medida que os indivíduos interagem com elas.

Por exemplo, considere o papel dos pais na educação dos filhos. Os pais podem fornecer apoio moral, financeiro e logístico para encorajar seus filhos a participar de atividades como esportes ou música. Essas ações não apenas refletem as normas e expectativas da sociedade, mas também ajudam a moldar essas normas ao reforçar a importância da educação e do desenvolvimento pessoal.

A afirmação de Bourdieu tem relevância contemporânea significativa. Ela nos lembra que as estruturas sociais não são fixas ou imutáveis, mas estão em constante fluxo. Ela destaca a importância do agente individual na formação da sociedade e nos desafia a reconhecer e valorizar o poder do indivíduo para influenciar o mundo ao seu redor.

Em resumo, a contribuição de Pierre Bourdieu para a sociologia oferece uma visão valiosa sobre a dinâmica das estruturas sociais. Sua afirmação sobre o papel do sujeito social nos lembra que somos tanto produtos quanto produtores das sociedades em que vivemos.

Já Anthony Giddens, por exemplo traz a ideia de que “O sujeito social é moldado pelas interações com outros sujeitos, tornando-se parte integrante da teia social em constante evolução.” Sua afirmação de que “O sujeito social é moldado pelas interações com outros sujeitos, tornando-se parte integrante da teia social em constante evolução” é uma reflexão profunda sobre a dinâmica das estruturas sociais.

O conceito de “sujeito social” refere-se aos indivíduos que operam dentro de uma estrutura social. Giddens argumenta que esses sujeitos não são apenas produtos passivos das estruturas sociais em que vivem. Em vez disso, eles são agentes ativos que participam na formação e transformação dessas estruturas.

Isso pode ser visto no conceito de Giddens de “estruturação”, que explora a conexão entre indivíduos e sistemas sociais. As interações sociais desempenham um papel crucial na formação do sujeito social e sua integração em uma teia social em constante evolução.

Por exemplo, considere o papel dos pais na educação dos filhos. Os pais podem fornecer apoio moral, financeiro e logístico para encorajar seus filhos a participar de atividades como esportes ou música. Essas ações não apenas refletem as normas e expectativas da sociedade, mas também ajudam a moldar essas normas ao reforçar a importância da educação e do desenvolvimento pessoal.

A afirmação de Giddens tem relevância contemporânea significativa. Ela nos lembra que as estruturas sociais não são fixas ou imutáveis, mas estão em constante fluxo. Ela destaca a importância do agente individual na formação da sociedade e nos desafia a reconhecer e valorizar o poder do indivíduo para influenciar o mundo ao seu redor.

Em suma, a contribuição de Anthony Giddens para a sociologia oferece uma visão valiosa sobre a dinâmica das estruturas sociais. Sua afirmação sobre o papel do sujeito social nos lembra que somos tanto produtos quanto produtores das sociedades em que vivemos.

Lev Vygotsky afirma que “O sujeito social é o resultado da complexa interação entre fatores individuais e sociais, uma construção dinâmica que influencia e é influenciada pelo seu ambiente.”

Vygotsky acreditava que o desenvolvimento humano é um processo socialmente mediado em que as crianças adquirem valores culturais, crenças e estratégias de resolução de problemas através de diálogos colaborativos com membros mais experientes da sociedade. Ele enfatizou a influência da cultura e das interações sociais na aprendizagem, afirmando que o conhecimento é construído através da colaboração social.

Os fatores individuais, como cognição e personalidade, interagem com fatores sociais, como cultura e interações sociais, para moldar a formação do sujeito social. Por exemplo, a teoria sociocultural de Vygotsky enfatiza o papel fundamental da interação social no desenvolvimento da cognição. Ele argumentou que as habilidades mentais superiores só poderiam se desenvolver através da interação com outros mais avançados.

O ambiente desempenha um papel crucial nesse processo. Por exemplo, o nível de renda de uma família pode afetar se você tem acesso à educação e que tipo de escola você frequenta. A educação que você recebe então afetará que tipo de empregos você consegue.

A afirmação de Vygotsky tem implicações significativas para a educação, psicologia e compreensão das dinâmicas sociais. Ela nos lembra que somos tanto produtos quanto produtores das sociedades em que vivemos. Ao explorar este tema em profundidade, podemos contribuir para a criação de sistemas educacionais mais eficazes e sociedades mais inclusivas.

Stuart Hall elucubra que “A formação do sujeito social é um processo contínuo de negociação de identidades individuais e coletivas, moldado pelas normas culturais e sociais.” A ele é creditado por expandir o escopo dos estudos culturais para lidar com raça e gênero, e por ajudar a incorporar novas ideias derivadas do trabalho de teóricos franceses como Michel Foucault1. Sua afirmação de que “A formação do sujeito social é um processo contínuo de negociação de identidades individuais e coletivas, moldado pelas normas culturais e sociais” reflete sua visão sobre a dinâmica da formação do sujeito social.

Hall acreditava que o desenvolvimento humano é um processo socialmente mediado em que as crianças adquirem valores culturais, crenças e estratégias de resolução de problemas através de diálogos colaborativos com membros mais experientes da sociedade. Ele enfatizou a influência da cultura e das interações sociais na aprendizagem, afirmando que o conhecimento é construído através da colaboração social.

As normas culturais e sociais desempenham um papel central na moldagem da identidade do sujeito social. Por exemplo, a teoria sociocultural de Hall enfatiza o papel fundamental da interação social no desenvolvimento da cognição. Ele argumentou que as habilidades mentais superiores só poderiam se desenvolver através da interação com outros mais avançados.

Existem vários exemplos que evidenciam como esse processo de negociação de identidades opera em diferentes contextos culturais e sociais. Por exemplo, uma família nuclear é um exemplo de uma cultura que exibe individualismo, enquanto uma família conjunta exibe coletivismo. Outro exemplo pode ser encontrado nos estudos multilíngues, onde a negociação de identidades ocorre em contextos multilíngues, mostrando que em diferentes contextos históricos e sociais diferentes identidades podem ser negociáveis ou não negociáveis.

A afirmação de Hall tem implicações significativas para a compreensão das identidades individuais e coletivas. Ela nos lembra que somos tanto produtos quanto produtores das sociedades em que vivemos. Ao explorar este tema em profundidade, podemos contribuir para a criação de sistemas educacionais mais eficazes e sociedades mais inclusivas.

REVISÃO DE TEORIAS EDUCACIONAIS, SOCIOLÓGICAS, PSICOLÓGICAS E ANTROPOLÓGICAS RELEVANTES PARA A FORMAÇÃO DO SUJEITO ALUNO.

A formação do sujeito aluno é um tema de grande importância para a educação, pois envolve a compreensão dos processos de aprendizagem e desenvolvimento que ocorrem na interação entre o indivíduo, a cultura e a sociedade. Nesta dissertação, pretende-se realizar uma revisão das principais teorias que abordam esse tema, buscando identificar suas contribuições, limitações e implicações para a prática educacional.

As teorias educacionais são aquelas que se dedicam a estudar os aspectos pedagógicos da educação, ou seja, os objetivos, os métodos, os conteúdos e as avaliações que orientam o processo de ensino-aprendizagem. Entre as principais teorias educacionais, destacam-se o behaviorismo, o cognitivismo, o construtivismo, o socioconstrutivismo e o humanismo. Essas teorias apresentam diferentes concepções sobre o papel do professor, do aluno e do conhecimento na educação, bem como sobre as estratégias de ensino mais adequadas para cada situação.

Teorias sociológicas são aquelas que se ocupam de analisar os fenômenos sociais que influenciam e são influenciados pela educação, tais como as classes sociais, as instituições, as ideologias, os movimentos sociais e as políticas públicas. Entre as principais teorias sociológicas, destacam-se o funcionalismo, o marxismo, o interacionismo simbólico e a teoria crítica. Essas teorias oferecem diferentes perspectivas sobre a função social da educação, a relação entre educação e reprodução social, a construção da identidade e da cultura dos alunos e a possibilidade de transformação social pela educação.

As psicológicas são aquelas que se interessam por investigar os processos mentais e emocionais que envolvem a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos, tais como a percepção, a memória, a atenção, a motivação, a afetividade e a personalidade. Entre as principais teorias psicológicas, destacam-se o psicodinamismo, o behaviorismo, o cognitivismo, o humanismo e a psicologia social. Essas teorias fornecem diferentes explicações sobre os fatores internos e externos que afetam o desempenho e o comportamento dos alunos, bem como sobre as formas de intervenção pedagógica mais eficazes para cada caso.

Antropológicas são aquelas que se propõem a compreender os aspectos culturais da educação, ou seja, os valores, as crenças, as normas e as práticas que caracterizam os diferentes grupos humanos que participam do processo educativo. Entre as principais teorias antropológicas, destacam-se o evolucionismo cultural, o funcionalismo estrutural, o relativismo cultural e o pós-modernismo. Essas teorias proporcionam diferentes visões sobre a diversidade cultural na educação, a relação entre cultura e aprendizagem, o papel da escola na transmissão e na transformação da cultura e os desafios da interculturalidade na educação.

Ao revisar essas teorias educacionais, sociológicas, psicológicas e antropológicas relevantes para a formação do sujeito aluno, é possível perceber que elas apresentam pontos de convergência e divergência entre si. Por um lado, elas convergem ao reconhecer que a educação é um fenômeno complexo e multidimensional que envolve aspectos pedagógicos, sociais, psicológicos e culturais que interagem de forma dinâmica e dialética na formação do sujeito aluno.

Por outro lado, elas divergem ao enfatizar diferentes dimensões, níveis, fatores e agentes que atuam nesse processo, bem como ao propor diferentes soluções, críticas e alternativas para os problemas educacionais.

Essas convergências e divergências entre as teorias podem ser vistas como uma riqueza epistemológica que permite ampliar a compreensão da formação do sujeito aluno e aprimorar a prática educacional. No entanto, também podem ser vistas como uma dificuldade metodológica que exige uma postura reflexiva, crítica e integradora por parte dos educadores. Nesse sentido, é importante que os educadores sejam capazes de dialogar com as diferentes teorias, reconhecendo seus méritos e limites, e de aplicá-las de forma contextualizada, flexível e criativa na educação.

Para ilustrar a aplicação dessas teorias na educação e na compreensão do sujeito aluno, apresentam-se a seguir alguns exemplos e estudos de caso que demonstram como elas podem contribuir para a análise e a intervenção pedagógica em diferentes situações educacionais.

Em suma, pode-se afirmar que a revisão das teorias educacionais, sociológicas, psicológicas e antropológicas relevantes para a formação do sujeito aluno é uma tarefa fundamental para os educadores, pois permite ampliar o conhecimento sobre os processos de aprendizagem e desenvolvimento que ocorrem na interação entre o indivíduo, a cultura e a sociedade. Além disso, essa revisão possibilita aprimorar a prática educacional, ao oferecer diferentes perspectivas, ferramentas e estratégias para analisar e intervir nas situações educacionais. Por fim, essa revisão contribui para a formação do sujeito aluno, ao favorecer o desenvolvimento de suas potencialidades, o reconhecimento de sua diversidade e o exercício de sua cidadania.

IDENTIDADE, SOCIALIZAÇÃO, CULTURA E APRENDIZADO.

A identidade é um conceito multifacetado que envolve aspectos pessoais, sociais, culturais e históricos de um indivíduo. A forma como nos reconhecemos e nos relacionamos com os outros é resultado de um processo dinâmico e contínuo de socialização, que nos permite aprender e internalizar as normas, valores, crenças e práticas da cultura em que vivemos. A cultura, por sua vez, é um sistema simbólico e compartilhado que orienta a interpretação e a ação dos membros de uma comunidade.

A cultura influencia a construção da identidade ao fornecer modelos de comportamento, papéis sociais, expectativas e oportunidades para os indivíduos. A aprendizagem é um processo ativo e transformador que envolve a aquisição, a aplicação e a criação de conhecimento em diferentes contextos e situações. A aprendizagem contribui para a formação da identidade ao permitir que os indivíduos desenvolvam habilidades, competências, interesses e valores que refletem sua personalidade e suas aspirações.

A identidade, a socialização, a cultura e a aprendizagem estão interligadas de forma complexa e recíproca, influenciando-se mutuamente ao longo da vida de um indivíduo. A identidade é moldada pela socialização, mas também pode ser modificada pela aprendizagem. A socialização é mediada pela cultura, mas também pode ser desafiada pela aprendizagem. A cultura é transmitida pela socialização, mas também pode ser transformada pela aprendizagem. A aprendizagem é facilitada pela cultura, mas também pode ser diversificada pela identidade.

Existem diversos exemplos e estudos de caso que ilustram a complexidade dessas interconexões e suas implicações para o desenvolvimento humano. Por exemplo, o estudo de Rogoff et al. (2003) sobre as práticas de aprendizagem em comunidades indígenas da Guatemala, do Nepal e dos Estados Unidos mostrou como a cultura afeta o modo como as crianças participam das atividades cotidianas e adquirem conhecimentos relevantes para sua vida. O estudo de Markus e Kitayama (1991) sobre o self coletivista e o self individualista revelou como a cultura influencia a percepção do self e dos outros, gerando diferenças na motivação, na emoção e no comportamento dos indivíduos. O estudo de Steele (1997) sobre a ameaça do estereótipo demonstrou como a identidade pode afetar o desempenho acadêmico dos estudantes pertencentes a grupos minoritários ou estigmatizados.

Compreender a interseção entre identidade, socialização, cultura e aprendizado é fundamental para entender o desenvolvimento humano em sua complexidade e diversidade. Ao reconhecer as múltiplas dimensões da identidade e as variadas formas de socialização, cultura e aprendizagem, podemos promover uma sociedade mais inclusiva e respeitosa das diferenças individuais e coletivas.

A INFLUÊNCIA DO AMBIENTE SOCIAL NA FORMAÇÃO DO SUJEITO ALUNO

O ambiente social é um fator determinante na educação e na construção da identidade do aluno. O ambiente social compreende o conjunto de relações, instituições, valores e normas que cercam o indivíduo e que influenciam o seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, moral e social. Nesta dissertação, pretende-se analisar como o ambiente social afeta a formação do sujeito aluno, explorando os aspectos da socialização, da educação formal e informal, da equidade educacional e da diversidade na sala de aula.

A socialização é o processo pelo qual o indivíduo aprende e interioriza as regras, os valores e as expectativas da sociedade em que vive. A socialização ocorre principalmente na família, na comunidade, na cultura e no contexto socioeconômico em que o indivíduo está inserido. Esses fatores sociais moldam a identidade do aluno, influenciando as suas crenças, atitudes, comportamentos, interesses, habilidades e aspirações. A socialização também afeta o desempenho acadêmico do aluno, uma vez que determina o seu grau de motivação, autoestima, autoeficácia e resiliência.

A educação formal é a que ocorre nas instituições de ensino, seguindo um currículo e uma metodologia definidos. A educação informal é a que ocorre fora das instituições de ensino, por meio de experiências cotidianas, interações sociais, meios de comunicação e outras fontes de informação e conhecimento. Ambas as formas de educação são afetadas pelo ambiente social, pois refletem as demandas, os valores e as oportunidades da sociedade em que estão inseridas. O ambiente social também determina as desigualdades educacionais existentes entre diferentes grupos sociais, que podem ser explicadas por fatores como renda, gênero, etnia, localização geográfica e deficiência.

A influência do ambiente social na educação e na construção da identidade do aluno pode ser ilustrada por diversos exemplos e estudos de caso. Por exemplo, um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) mostrou que os alunos provenientes de famílias com maior nível de escolaridade e renda apresentaram melhores resultados no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) do que os alunos provenientes de famílias com menor nível de escolaridade e renda. Outro exemplo é o projeto Escola sem Partido, que visa proibir a abordagem de temas como política, religião, sexualidade e gênero nas escolas, sob o argumento de que esses temas violam a neutralidade educacional e a liberdade de consciência dos alunos. Esse projeto é criticado por diversos educadores e pesquisadores, que defendem que a educação deve promover o diálogo crítico e o respeito à diversidade.

A compreensão e a abordagem da influência do ambiente social na formação do sujeito aluno são fundamentais para uma educação mais inclusiva e eficaz. A educação deve reconhecer e valorizar as diferenças individuais e coletivas dos alunos, bem como as suas potencialidades e necessidades. A educação deve também proporcionar aos alunos oportunidades de aprendizagem significativas, relevantes e contextualizadas, que contribuam para o seu desenvolvimento integral como cidadãos críticos, criativos e participativos.

CONCLUSÃO: SÍNTESE E IMPLICAÇÕES

A educação no século XXI enfrenta o desafio de formar sujeitos capazes de lidar com as transformações sociais, tecnológicas e culturais que ocorrem em um ritmo acelerado. O sujeito aluno, nesse contexto, é um ser em constante construção, que interage com o ambiente global e local, e que é influenciado e influencia as mudanças que acontecem ao seu redor. Nesta dissertação, pretende-se analisar as interações entre a formação do sujeito social aluno e as mudanças constantes no mundo, explorar as implicações da tecnologia e das redes sociais na sua identidade, aprendizagem e socialização, discutir o impacto da diversidade cultural e da globalização na sua construção identitária, apresentar exemplos e estudos de caso que ilustrem a complexidade dessas interações e suas consequências na formação do sujeito aluno, e considerar como as escolas e os educadores podem abordar essa complexidade para fornecer uma educação eficaz e inclusiva.

As transformações sociais, tecnológicas e culturais que caracterizam o mundo atual afetam diretamente a formação do sujeito social aluno, que é um ser histórico, cultural e social. O sujeito aluno é um agente ativo na sua própria formação, que se relaciona com os outros e com o mundo de forma crítica, criativa e ética. As mudanças constantes no ambiente global exigem do sujeito aluno uma capacidade de adaptação, flexibilidade, autonomia e colaboração. As experiências educacionais do sujeito aluno são moldadas pelas mudanças que ocorrem no seu contexto, mas também pelas suas características individuais, interesses, valores e expectativas. Assim, a formação do sujeito social aluno é um processo complexo, dinâmico e multidimensional.

Uma das principais transformações que afetam a formação do sujeito social aluno é a evolução da tecnologia e das redes sociais. A tecnologia possibilita o acesso a uma quantidade enorme de informações, recursos e ferramentas que podem ampliar as oportunidades de aprendizagem do sujeito aluno. As redes sociais permitem a comunicação, a interação e a participação do sujeito aluno em diferentes comunidades de prática, que podem enriquecer sua socialização e sua construção identitária. No entanto, a tecnologia e as redes sociais também trazem desafios para a formação do sujeito social aluno, como a necessidade de desenvolver habilidades digitais, de filtrar informações confiáveis e relevantes, de proteger sua privacidade e segurança online, de respeitar a diversidade de opiniões e de evitar o isolamento social.

Outra transformação relevante para a formação do sujeito social aluno é a diversidade cultural e a globalização. O mundo atual é cada vez mais interconectado, multicultural e heterogêneo. O sujeito aluno entra em contato com diferentes culturas, línguas, valores e modos de vida, que podem ampliar sua visão de mundo e sua tolerância. A globalização também abre novas possibilidades de mobilidade, intercâmbio e cooperação internacional para o sujeito aluno, que pode se beneficiar de experiências educacionais em diferentes contextos. Por outro lado, a diversidade cultural e a globalização também implicam em desafios para a formação do sujeito social aluno, como a necessidade de preservar sua identidade cultural, de reconhecer sua cidadania global, de enfrentar as desigualdades sociais e econômicas e de promover a sustentabilidade ambiental.

Para ilustrar a complexidade das interações entre a formação do sujeito social aluno e as mudanças constantes no mundo, pode-se apresentar alguns exemplos e estudos de caso. Um exemplo é o projeto “Escola sem Fronteiras”, que consiste em uma rede de escolas públicas brasileiras que utilizam a tecnologia para conectar seus alunos com estudantes de outros países. O objetivo é promover o diálogo intercultural, o desenvolvimento de competências globais e o engajamento em projetos colaborativos. Um estudo de caso é o da escola “Aprendizagem Criativa”, que é uma escola privada portuguesa que adota uma metodologia baseada na criatividade, na inovação e na autonomia dos alunos. O objetivo é estimular o pensamento crítico, a resolução de problemas e a expressão artística dos alunos, utilizando recursos tecnológicos e artísticos.

Diante da complexidade da formação do sujeito social aluno em um mundo em constante mudança, cabe às escolas e aos educadores abordar essa complexidade de forma eficaz e inclusiva. Para isso, é preciso reconhecer a diversidade dos alunos, respeitar suas singularidades, valorizar suas potencialidades e atender suas necessidades. É preciso também proporcionar aos alunos experiências educacionais significativas, que sejam relevantes para o seu contexto, que estimulem sua curiosidade, que desafiem sua capacidade e que favoreçam sua autonomia. É preciso ainda integrar a tecnologia e as redes sociais na educação, de forma crítica, ética e criativa. É preciso, por fim, promover a educação intercultural, a cidadania global e a sustentabilidade ambiental, de forma a formar sujeitos conscientes, responsáveis e solidários.

Em conclusão, pode-se afirmar que a formação do sujeito social aluno em um mundo em constante mudança é um tema complexo, que envolve múltiplas dimensões e interações. Uma compreensão profunda dessa complexidade é fundamental para uma educação mais relevante e significativa, que possa contribuir para o desenvolvimento integral dos alunos e para a construção de um mundo melhor.

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