REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11461894
Daniele Mendes Da Silva1
Glaucia De Faro Fontes2
Suzana Spilla3
Orientadora: Prof.ª. Laura Rodrigues4
RESUMO
Introdução: A gestação e o parto são eventos únicos para mulheres, envolvendo dor e emoções diversas. A analgesia epidural é comum, mas métodos não farmacológicos, como massagem e exercícios, são procurados. A fisioterapia obstétrica promove bem-estar físico e emocional, aliviando a dor e tornando o parto mais humanizado. Metodologia: A pesquisa adotou uma metodologia que começou com a definição de palavras-chave e expressões booleanas relevantes ao tema. Artigos foram selecionados em bases de dados como PubMed e SciELO, abordando o papel da fisioterapia no trabalho de parto. Os estudos escolhidos foram criteriosamente avaliados quanto à qualidade metodológica e relevância, destacando limitações e garantindo integridade ética. Os resultados foram compilados em uma revisão bibliográfica conforme as diretrizes da publicação alvo. Resultados e Discussão: Nove estudos científicos de várias abordagens foram analisados, destacando intervenções durante a gestação e seus efeitos no parto. Encontrou-se uma redução no uso de epidural e na dor do parto com exercícios durante a gestação. Recomenda-se mais pesquisa sobre intervenções gestacionais e seus impactos a longo prazo. Conclusão: A fisioterapia durante a gestação é crucial para aliviar dores, melhorar postura e preparar para o parto. Atividades como pilates e uso de bola suíça ajudam. Fisioterapeutas capacitados oferecem técnicas para reduzir cesarianas, promover partos seguros e fornecer suporte físico e emocional às gestantes.
Palavras-chave: Trabalho De Parto, Parto Obstétrico, Fisioterapia (Técnicas), Gravidez.
ABSTRACT
Introduction: Pregnancy and childbirth are unique events for women, involving pain and different emotions. Epidural analgesia is common, but non-pharmacological methods such as massage and exercise are sought. Obstetric physiotherapy promotes physical and emotional well-being, relieving pain and making childbirth more humanized. Methodology: The research adopted a methodology that began with the definition of keywords and Boolean expressions relevant to the topic. Articles were selected from databases such as PubMed and SciELO, addressing the role of physical therapy in labor. The chosen studies were carefully evaluated for methodological quality and relevance, highlighting limitations, and ensuring ethical integrity. The results were compiled in a literature review according to the guidelines of the target publication. Results and Discussion: Nine scientific studies from various approaches were analyzed, highlighting interventions during pregnancy and their effects on childbirth. A reduction in epidural use and labor pain with exercise during pregnancy was found. More research on gestational interventions and their long-term impacts is recommended. Conclusion: Physical therapy during pregnancy is crucial to relieve pain, improve posture and prepare for childbirth. Activities such as pilates and Swiss ball use help. Trained physical therapists offer techniques to reduce cesarean sections, promote safe births, and provide physical and emotional support to expectant mothers.
Keywords: Obstetric Labor, Obstetric Delivery, Physiotherapy (Techniques), Pregnancy.
1. Introdução
Considera-se que a gestação e o parto são experiências únicas e singulares na vida da mulher, acompanhadas por sentimentos e emoções variadas. O trabalho de parto é um processo natural acompanhado de dor subjetiva e complexa, que pode gerar emoções alegres ou negativas, como medo e ansiedade (BORBA; AMARANTE; LISBOA, 2021). A maioria das mulheres optam pela analgesia epidural, que é o método mais eficaz e comumente utilizado de alívio da dor durante o trabalho de parto (CARRASCOSA, et al. 2021).
Gashaw e equipe (2022) apontam que as mudanças fisiológicas e biomecânicas que ocorrem no corpo de uma mulher durante a gravidez levam a condições como dor na região pélvica relacionada à gravidez (PGP) e dor lombar (LBP). Além disso, de acordo com Borba, Amarante e Lisboa (2021), há ainda a dor durante o trabalho de parto, que pode ser causada por fatores físicos, como contrações uterinas e dilatação cervical, bem como por fatores psicológicos, incluindo medo, ansiedade, experiências negativas anteriores e falta de suporte e conhecimento adequado.
De acordo com Carrascosa e colaboradores (2021), a maioria das mulheres grávidas está interessada em métodos não farmacológicos de alívio da dor durante o parto. Assim, a imersão em água, os exercícios perineais, as técnicas de respiração e relaxamento e a massagem são partes importantes da educação pré-natal. Embora os métodos não farmacológicos sejam pouco prováveis de serem prejudiciais, há evidências limitadas de sua eficácia.
Santana e equipe (2022) enfatizam a necessidade de recursos não farmacológicos (NPRs) na atenuação da dor do parto e potencial influência no mecanismo e na progressão do trabalho de parto, levando a melhores resultados maternos e perinatais. Pensando nisso, exercícios como a utilização de bola suíça ou em formato de amendoim, massagem e pilates durante a gravidez podem reduzir significativamente a intensidade da dor do parto, a duração da fase ativa e da segunda fase do trabalho de parto, e colabora com o aumento da satisfação com o processo de parto. Além disso, a respiração diafragmática, a melhoria da capacidade dos músculos do tronco e do assoalho pélvico, a flexibilidade e a respiração instruídas neste tipo de exercício colaboram com o processo de parto (FRAGA et al, 2024; GALLO et al, 2018; GANDALI et al., 2021).
Considerando a relevância dos métodos não farmacológicos no manejo da dor durante o trabalho de parto, bem como o papel fundamental do fisioterapeuta na assistência ao parto, como a assistência fisioterapêutica pode ser efetivamente integrada ao processo de gestação e parto para proporcionar alívio da dor, promover o bem-estar físico e emocional da gestante, e contribuir para uma experiência de parto mais segura, confortável e humanizada? Em particular, destaca-se a necessidade de compreender como essas intervenções podem proporcionar não apenas alívio da dor, mas também promover o bem-estar físico e emocional da gestante, contribuindo para uma experiência de parto mais segura, confortável e humanizada. Essa problematização visa explorar a implementação prática dessas abordagens terapêuticas no contexto do acompanhamento pré-natal e intraparto, levando em consideração as evidências científicas disponíveis e as diretrizes de boas práticas em saúde materna.
Conforme as Diretrizes Nacionais da Assistência ao Parto Normal desenvolvido pelo Ministério da Saúde (2017), o fisioterapeuta é um dos profissionais que estão envolvidos indiretamente na assistência ao parto, estando associados na audiência secundária. Sua participação é voltada para a promoção do bem-estar da gestante durante o processo de trabalho de parto, com foco na aplicação de técnicas fisioterapêuticas que visam aliviar a dor, promover o relaxamento, melhorar a mobilidade e contribuir para uma experiência mais confortável e segura para a parturiente. Para Ortiz e equipe (2023), esta abordagem multidisciplinar, que inclui o fisioterapeuta como parte da equipe de assistência ao parto, é fundamental para garantir uma assistência mais humanizada e integral às gestantes, alinhando-se com a busca por práticas que respeitem e valorizem o parto normal e suas nuances.
Ortiz et al. (2023) destacam que a fisioterapia o parto acelera a dilatação e reforça a expulsão do bebê; por isso, massagens, alongamentos e exercícios para a coluna e quadril podem ser benéficos para a gestante com dor, pois relaxa a musculatura e auxilia no processo de parto. Além disso, a fisioterapia obstétrica desempenha um papel fundamental na promoção do bem-estar da gestante, não apenas fisicamente, mas também emocionalmente, proporcionando à gestante um ambiente mais seguro e tranquilo.
Dessa maneira, a assistência fisioterapêutica pode ajudar a mulher a se preparar e conscientizar sobre a importância de permanecer calma e relaxada durante o trabalho de parto. O fisioterapeuta pode empregar métodos não farmacológicos para aliviar a dor, além de técnicas para fortalecer a musculatura pélvica e aumentar a consciência corporal, visando proporcionar relaxamento e redução da dor. (BORBA; AMARANTE; LISBOA, 2021). De tal forma, entende-se que a assistência fisioterapêutica promove o equilíbrio entre a saúde da saúde física e emocional do começo ao fim da gestação (KEIL et al, 2022), além de promover condições adequadas para um parto seguro e torná-lo uma experiência agradável (GANDALI et al., 2021).
2. Metodologia
A metodologia adotada nesta pesquisa teve início com a definição das palavras-chave e expressões booleanas pertinentes ao tema. Utilizando os Descritores em Ciências da Saúde (DECS), foram selecionadas as seguintes palavras-chave: “Trabalho De Parto”, “Parto Obstétrico”, “Fisioterapia” e “Gravidez”. Em seguida, foram elaboradas expressões booleanas para refinar a busca, visando abranger diferentes aspectos da intervenção fisioterapêutica durante o trabalho de parto. As bases de dados científicas selecionadas incluíram PubMed, SciELO, PEDro e ScienceDirect, garantindo uma abordagem abrangente. O período de pesquisa foi estabelecido entre 2017 e 2024, com o intuito de abranger estudos recentes sobre o tema.
A busca e a filtragem de artigos foram realizadas utilizando as expressões booleanas definidas nas bases de dados selecionadas. Os resultados foram então filtrados considerando sua relevância para os objetivos da pesquisa, sua data de publicação dentro do período estabelecido e o idioma (preferencialmente em inglês ou português). Os critérios de inclusão foram aplicados de forma a priorizar estudos que apresentassem resultados sólidos e aplicáveis à prática clínica, enquanto os artigos que não atendiam a esses critérios foram excluídos.
Os estudos selecionados foram submetidos a uma avaliação detalhada de sua qualidade metodológica, relevância para os objetivos da pesquisa e contribuição para o conhecimento na área de fisioterapia obstétrica. Esta etapa teve como objetivo garantir a seleção dos artigos mais relevantes e confiáveis para a elaboração da revisão bibliográfica presente no artigo científico.
Após a seleção dos estudos, os dados foram analisados minuciosamente para extrair informações relevantes sobre o papel da fisioterapia na melhoria da experiência do trabalho de parto. As informações foram organizadas e sintetizadas de forma a compor a revisão bibliográfica, seguindo as normas éticas e de citação científica. Em todas as etapas da pesquisa, foram respeitados os princípios éticos e os padrões metodológicos estabelecidos na área da saúde, garantindo a validade e a integridade dos resultados obtidos. Foram considerados aspectos como as diferentes técnicas de fisioterapia aplicadas durante o trabalho de parto, os efeitos dessas intervenções na experiência da gestante, os desfechos obstétricos associados à fisioterapia e possíveis benefícios para a mãe e o bebê.
Durante todo o processo de pesquisa e análise dos artigos, foram adotadas medidas para garantir a qualidade e a confiabilidade dos dados. Isso incluiu a verificação da consistência dos resultados entre os estudos, a identificação e a mitigação de possíveis direções metodológicas e a consideração da heterogeneidade dos participantes e das intervenções nos estudos incluídos.
As limitações do estudo foram identificadas e discutidas de forma transparente, incluindo a possibilidade de viés de seleção devido à escolha das bases de dados e dos critérios de inclusão, a potencial falta de generalização dos resultados para diferentes contextos clínicos e a dependência da qualidade e da disponibilidade dos estudos na literatura.
Por fim, todas as informações obtidas foram compiladas e apresentadas de maneira clara e objetiva no artigo científico, seguindo as diretrizes específicas da revista ou conferência alvo. Este processo de elaboração do trabalho envolveu a revisão e a edição cuidadosa do conteúdo para garantir sua precisão e coesão, além da adequação às normas de publicação da área.
3. Resultados e Discussão
Participaram deste artigo nove estudos científicos de diversos tipos, cujas ferramentas de coleta de dados e características dos sujeitos variaram significativamente. Borba, Amarante & Lisboa (2021) conduziram um estudo qualitativo, descritivo e exploratório, realizando entrevistas e questionários com 12 puérperas atendidas em um centro obstétrico no norte do estado do Rio Grande do Sul. Carrascosa et al. (2021) realizaram um ensaio clínico controlado randomizado com 294 mulheres grávidas, onde observaram menor uso de epidural durante o parto no grupo de exercício. Fraga et al. (2024) também realizaram um ensaio clínico randomizado, envolvendo 100 participantes e constatando redução no uso de epidural e menor dor durante o parto no grupo submetido a exercícios.
Gallo et al. (2018) conduziram um ensaio clínico controlado randomizado com 80 participantes, explorando os efeitos de intervenções durante o parto. Gashaw et al. (2022) realizaram um estudo observacional descritivo, onde avaliaram 324 mulheres grávidas com dor pélvica relacionada à gravidez, destacando diferentes níveis de limitação de atividade. Ghandali et al. (2021) realizaram um ensaio clínico randomizado com 103 participantes e não encontraram diferença significativa entre os grupos em relação ao tipo de parto.
Keil et al. (2022) optaram por um estudo qualitativo, conduzindo entrevistas semiestruturadas com 7 gestantes, enquanto Ortiz et al. (2018) realizaram um estudo observacional transversal com 20 parturientes, observando a redução de preocupações pós-parto com a fisioterapia obstétrica. Santana et al. (2022) conduziram um ensaio clínico randomizado com 80 parturientes de baixo risco, evidenciando um parto mais rápido, menos complicações e bebês saudáveis no grupo experimental.
Esses resultados são apresentados de acordo com as diretrizes de comunicação científica, enfatizando informações relevantes de cada estudo e evitando redundâncias, garantindo uma exposição clara e objetiva dos achados da pesquisa. A tabela a seguir resume os dados demográficos dos participantes do estudo, incluindo idade média, tipo de parto, e características clínicas relevantes
Tabela 1 – Características dos artigos selecionados nesta revisão bibliográfica
Autor/Ano | Tipo de estudo | Ferramenta de coleta | Tamanho amostral (N) | População | Idade média | Tipo de parto | Período de prevalência | Prevalência |
Borba, Amarante e Lisboa (2021) | Qualitativo, descritivo e exploratório | Entrevistas e questionários. | 12 puérperas. | Puérperas atendidas no centro obstétrico de um hospital de grande porte no norte do estado do Rio Grande do Sul. | Não especificada | Pós-parto vaginal que tenha recebido assistência fisioterapêutica. | Junho a setembro de 2020. | Não aplicável para este estudo |
Carrascosa, et al. 2021 | Ensaio clínico controlado randomizado de fase III | Análise retrospectiva de registros clínicos e formulários de relatório de caso | 294 mulheres foram randomizadas, com 148 no grupo de exercício e 146 no grupo de cuidados habituais | Mulheres grávidas, com idades entre 18 e 40 anos, com gestação de 14 a 20 semanas, gravidez única e baixo risco obstétrico | A idade média das participantes foi de 31.3 anos | Parto vaginal, parto instrumental e cesariana. | O estudo foi realizado de novembro de 2014 a março de 2017 | No grupo de exercício, menos epidurais foram usadas no parto. Antes de 6 cm de dilatação, a diferença no uso de epidural foi pequena. |
Tabela 1 – Características dos artigos selecionados nesta revisão bibliográfica (continuação)
Autor/Ano | Tipo de estudo | Ferramenta de coleta | Tamanho amostral (N) | População | Idade média | Tipo de parto | Período de prevalência | Prevalência |
Fraga et al. (2024) | Ensaio clínico randomizado | Registro prospectivo | 100 participantes (50 em cada grupo) | Mulheres grávidas admitidas em um hospital maternidade | 24 anos (SD 5) | Vaginal, vaginal instrumental ou cesariana | Não se aplica | Menos epidural no grupo de exercício. Pouca diferença de 6 cm. Menos dor no parto no grupo de exercício. |
Gallo et al. (2018) | O estudo é um ensaio clínico controlado randomizado de fase III | Os dados foram coletados por observações dos pesquisadores e registros hospitalares, incluindo os de nascimento. | O tamanho da amostra foi de 80 participantes, com 40 em cada grupo | Mulheres grávidas de Ribeirão Preto-MATER, São Paulo, Brasil | A média de idade das participantes não foi especificada no texto fornecido. | O estudo incluiu mulheres em trabalho de parto com dilatação cervical de 4 a 5 cm. | Estudo de out/2011 a jul/2012, com intervenção no parto. | Efeitos das intervenções sem mencionar dados específicos sobre prevalência. |
Tabela 1 – Características dos artigos selecionados nesta revisão bibliográfica (continuação)
Autor/Ano | Tipo de estudo | Ferramenta de coleta | Tamanho amostral (N) | População | Idade média | Tipo de parto | Período de prevalência | Prevalência |
Gashaw et al. (2022) | Estudo observacional descritivo | A ferramenta de coleta utilizada foi o Questionário de Girdle Pélvico (PGQ), uma ferramenta validada para avaliar a limitação de atividade associada à dor pélvica relacionada à gravidez. | O tamanho da amostra foi de 324 mulheres grávidas com PPGP. | A população de estudo foi composta por mulheres grávidas com dor pélvica relacionada à gravidez na região de Gondar, Etiópia. | A idade média das participantes foi de 26,77 anos, com uma faixa etária variando de 18 a 40 anos. | O tipo de parto não foi especificamente mencionado no trecho fornecido. | O período de prevalência não foi especificamente mencionado no trecho fornecido. | A prevalência de limitação de atividade entre mulheres grávidas com PPGP foi relatada como 29,6% com pequeno grau de limitação, 57,1% com grau moderado de limitação e 13,3% com grande grau de limitação. |
Tabela 1 – Características dos artigos selecionados nesta revisão bibliográfica (continuação)
Autor/Ano | Tipo de estudo | Ferramenta de coleta | Tamanho amostral (N) | População | Idade média | Tipo de parto | Período de prevalência | Prevalência |
Ghandali et al (2021). | Ensaio clínico randomizado | Checklist: RPE mede esforço, VAS avalia experiência subjetiva, Mackey avalia satisfação no parto. | Originalmente planejado para 110 participantes (55 em cada grupo), mas finalizou com 103 (51 no grupo de intervenção e 52 no grupo de controle) após exclusões. | Mulheres primíparas, 18-35 anos, gestação única, 26-28 semanas, IMC normal, recrutadas em centros de saúde e maternidade do Hospital 22 Bahman, Irã. | 25,16 anos no grupo de intervenção e 23,81 anos no grupo de controle. | Não houve diferença significativa entre os grupos em relação ao tipo de parto. A maioria teve parto normal, enquanto uma pequena porcentagem em cada grupo teve cesariana de emergência. | O estudo foi realizado do inverno de 2020 até o final de maio de 2020. | Não se aplica, pois se trata de um ensaio clínico randomizado, não de um estudo observacional de prevalência. |
Tabela 1 – Características dos artigos selecionados nesta revisão bibliográfica (continuação)
Autor/Ano | Tipo de estudo | Ferramenta de coleta | Tamanho amostral (N) | População | Idade média | Tipo de parto | Período de prevalência | Prevalência |
Keil. et al. (2022) | Qualitativo. | Entrevista semiestruturada. | 7 gestantes. | Gestantes atendidas pelo Centro Materno Infantil (CMI) da cidade de Capanema, PR. | Varia de 18 a 45 anos, com a maioria entre 18 e 24 anos. | Não especificado, mas discute-se principalmente sobre parto normal. | A coleta de dados ocorreu entre agosto e setembro de 2018 | Não aplicável, pois se trata de um estudo qualitativo e não quantitativo. |
Ortiz et al. (2018) | Observacional transversal | Foi utilizado um questionário de experiência e satisfação com o parto (QESP), validado por Costa (2004). | O estudo contou com 20 parturientes, divididas em dois grupos: G1 e G2, com 10 parturientes em cada grupo. | Mulheres parturientes. | A idade média das parturientes no grupo G1 foi de 22,1 anos, enquanto no grupo G2 foi de 24 anos. | Foram considerados partos normais, excluindo parturientes com evolução para cesariana e multíparas. | O período de prevalência estudado foi até 24 horas após o parto ou até uma semana após, caso a voluntária levasse o questionário para casa. | A fisioterapia obstétrica reduziu preocupações das parturientes sobre a saúde do bebê pós-parto, mas não teve impacto significativo durante o trabalho de parto. |
Tabela 1 – Características dos artigos selecionados nesta revisão bibliográfica (continuação)
Autor/Ano | Tipo de estudo | Ferramenta de coleta | Tamanho amostral (N) | População | Idade média | Tipo de parto | Período de prevalência | Prevalência |
Santana et al. (2022) | Clínico Randomizado (RCT) | Partograma da OMS, registros médicos | 80 participantes (40 no experimental e 40 no controle) | Parturientes de baixo risco primigestas | Cerca de 22 anos | Parto vaginal e cesariana | De maio de 2012 a julho de 2015 | Parto mais rápido, menos complicações, bebê saudável. |
Os estudos apresentados forneceram reflexões necessárias sobre diferentes aspectos relacionados ao parto e à gestação. Destacam-se os achados do estudo de Carrascosa et al. (2021), que demonstraram uma redução no uso de epidurais durante o parto no grupo de exercício, indicando benefícios potenciais da prática de exercícios durante a gestação. Além disso, o estudo de Fraga et al. (2024) corroborou esses resultados, mostrando uma menor incidência de dor no parto entre as mulheres que participaram de um programa de exercícios durante a gestação.
É importante considerar as limitações de cada estudo para interpretar seus resultados de forma adequada. Por exemplo, o estudo de Gashaw et al. (2022) apresentou uma amostra limitada a uma região específica da Etiópia, o que pode restringir a generalização dos resultados para outras populações. No entanto, o estudo de Santana et al. (2022) demonstrou resultados promissores em relação à redução do tempo de parto e a menor incidência de complicações em parturientes de baixo risco, destacando a relevância de intervenções específicas durante o trabalho de parto.
Os resultados dos estudos foram comparados com a literatura existente, levando em consideração as diferenças metodológicas entre os estudos. Por exemplo, enquanto o estudo de Borba, Amarante e Lisboa (2021) se concentrou em aspectos qualitativos do pós-parto, os estudos de Carrascosa et al. (2021) e Fraga et al. (2024) investigaram os efeitos de intervenções específicas durante a gestação no desfecho do parto. Essa comparação ressalta a importância de considerar a diversidade de abordagens na pesquisa obstétrica.
A interpretação dos resultados sugere que intervenções como exercícios durante a gestação podem ter benefícios significativos para as mulheres, incluindo uma redução no uso de analgesia durante o parto e uma menor incidência de dor. No entanto, são necessários mais estudos para confirmar esses achados e entender melhor os mecanismos subjacentes aos efeitos observados.
Em linhas gerais, os estudos analisados fornecem evidências importantes sobre a influência de intervenções durante a gestação no desfecho do parto. Recomenda-se que futuras pesquisas explorem ainda mais esses efeitos, incluindo a avaliação de diferentes tipos de intervenções e suas consequências a longo prazo para a saúde materna e fetal.
4. Considerações finais
A fisioterapia é fundamental para as muitas modificações do corpo feminino durante o período gestacional, uma vez que não raramente, as mulheres relatam dores nas costas, problemas de postura, questões respiratórias e variações de humor. Ainda, há a modificação da estrutura pélvica, que é diferente da masculina, pois é mais leve que a masculina, e se torna mais mole devido aos hormônios circulantes durante a gestação.
Esses incômodos podem levar muitas mulheres a temerem a dor do parto e, consequentemente, recorrerem à cesariana ao invés de um parto natural ou normal, o que eleva o tempo de internação da progenitora. Entre os fatores causadores de dor durante o trabalho de parto estão as contrações uterinas, dilatações cervicais e fatores psicológicos, como medo, ansiedade e experiências negativas anteriores, bem como falta de suporte adequado e conhecimento.
Uma das atividades que podem facilitar a via de parto é o pilates, pois fortalece e traz elasticidade dos músculos. Há também as atividades realizadas com bola suíça, que podem ser feitas inclusive durante o trabalho de parto, para relaxamento da gestante e proporcionar diminuição da tensão.
Pensando nisso, o fisioterapeuta é um profissional que está capacitado para aplicar atividades e técnicas que colaborem para o trabalho de parto, preparando a gestante para um parto saudável, orientado através de posições para alívio da dor, exercícios físicos e respiratórios. As técnicas aplicadas por este profissional colaboram para a redução do parto cesariano e a promoção de um parto vaginal seguro, logo é importante a capacitação de profissionais da fisioterapia que atuam no contexto obstétrico, pois há poucos profissionais com formação na área.
5. Referências Bibliográficas
BORBA, E. O.; AMARANTE, M. V.; LISBOA, D. D. J. Assistência fisioterapêutica no trabalho de parto. Fisioterapia e Pesquisa, v. 28, n. 3, jul-set. 2021. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/fp/a/pWvNrWw9mSnLQ8Wsgsd7zGR/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 01 de junho de 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal: versão resumida [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. — Brasília : Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_nacionais_assistencia_parto_normal.pdf>. Acesso em: 19 de outubro de 2023.
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FRAGA, C. D. S. et al. Use of a peanut ball, positioning and pelvic mobility in parturient women shortens labour and improves maternal satisfaction with childbirth: a randomized trial. Journal of Physiotherapy, v. 70, p. 134-141, 2024. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.jphys.2024.02.017>. Acesso em: 15 de maio de 2024.
GALLO, R. B. S. et al. Sequential application of non-pharmacological interventions reduces the severity of labour pain, delays use of pharmacological analgesia, and improves some obstetric outcomes: a randomized trial. Journal of Physiotherapy, v. 64, p. 33-40, 2018. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.jphys.2017.11.014>. Acesso em: 15 de maio de 2024.
GASHAW, M. et al. Level of activity limitations and predictors in women with pregnancy-related pelvic girdle pain: Prospective cross-sectional study. Annals of Medicine and Surgery, v. 78, 2022.Disponível em: <https://journals.lww.com/annals-of-medicine-and-surgery/fulltext/2022/06000/level_of_activity_limitations_and_predictors_in.55.aspx>. Acesso em: 15 de maio de 2024.
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KEIL, M. J. et al. Fisioterapia em obstetrícia pelos olhos das gestantes: um estudo qualitativo. Fisioter. Mov. v. 35, 2022. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/fm/a/F5tvzzNfPc9rsnvB5QD96gm/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 01 de junho de 2023.
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