O IMPASSE DA INFREQUÊNCIA:  REFLEXÃO SOBRE O CURRÍCULO E POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.

THE INFREQUENCY IMPASSE: REFLECTION ON THE CURRICULUM AND PUBLIC POLICIES IN YOUTH AND ADULT EDUCATION.

EL IMPASSE DE LA FRECUENCIA: REFLEXIÓN SOBRE EL CURRÍCULO Y LAS POLÍTICAS PÚBLICAS EN LA EDUCACIÓN DE JÓVENES Y ADULTOS.

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412240960


LIMA, Lygia Menezes de[1]
CARDOSO, Maria Barbara da Costa[2]


RESUMO: A infrequência na EJA não apenas impacta o processo de aprendizagem dos alunos, mas também gera reflexos significativos na eficácia e na qualidade do ensino oferecido. A ausência constante dos alunos nas salas de aula desafia os educadores a repensarem suas práticas pedagógicas e estratégias de ensino, buscando alternativas que possam engajar e reter os estudantes, promovendo assim a permanência e o sucesso escolar. Desta forma, torna-se imprescindível refletir sobre as causas e as implicações da infrequência dos estudantes na EJA, a fim de desenvolver estratégias e políticas educacionais que possam mitigar esse cenário e potencializar o alcance dos objetivos educacionais propostos para essa modalidade de ensino

Palavras-chave: infrequência, EJA, currículo.

ABSTRACT: Lack of attendance at EJA not only impacts the students’ learning process, but also generates significant impacts on the effectiveness and quality of the teaching offered. The constant absence of students in classrooms challenges educators to rethink their pedagogical practices and teaching strategies, seeking alternatives that can engage and retain students, thus promoting retention and academic success. Therefore, it is essential to reflect on the causes and implications of students’ lack of attendance at EJA, in order to develop educational strategies and policies that can mitigate this scenario and enhance the achievement of the educational objectives proposed for this type of teaching.

Keywords: infrequency, EJA, curriculum.

RESUMEN: La falta de asistencia a la EJA no solo impacta el proceso de aprendizaje de los estudiantes, sino que también genera impactos significativos en la efectividad y calidad de la enseñanza ofrecida. La ausencia constante de estudiantes en las aulas desafía a los educadores a repensar sus prácticas pedagógicas y estrategias de enseñanza, buscando alternativas que puedan involucrar y retener a los estudiantes, promoviendo así la retención y el éxito académico. Por lo tanto, es fundamental reflexionar sobre las causas e implicaciones de la falta de asistencia de los estudiantes a la EJA, con el fin de desarrollar estrategias y políticas educativas que puedan mitigar este escenario y potenciar el logro de los objetivos educativos propuestos para este tipo de enseñanza.

Palabras clave: infrecuencia, EJA, plan de estudios.

INTRODUÇÃO

O ensino destinado a jovens e adultos é primordial na inclusão educacional e social, sendo a Educação de Jovens e Adultos (EJA) um instrumento para a democratização do acesso à educação ao longo da vida. No entanto, um desafio recorrente enfrentado por educadores e gestores nesse contexto é a questão da infrequência dos alunos matriculados nessa modalidade de ensino. A infrequência na EJA não apenas impacta o processo de aprendizagem dos alunos, mas também gera reflexos significativos na eficácia e na qualidade do ensino oferecido. (Silva, 2019)

A infrequência dos alunos na Educação de Jovens e Adultos (EJA) representa um obstáculo significativo para a efetividade do processo educativo e para a concretização dos objetivos de inclusão e formação integral propostos por essa modalidade de ensino. A falta de regularidade na frequência escolar dos estudantes na EJA pode estar relacionada a uma série de fatores, tais como questões socioeconômicas, dificuldades de conciliação entre trabalho e estudo, falta de transporte adequado, desmotivação, entre outros. (Guimarães, 2019)

As implicações da infrequência na EJA vão além do impacto imediato na aprendizagem dos estudantes, abrangendo também a perpetuação do ciclo de exclusão social, a reprodução de desigualdades e a dificuldade de inserção no mercado de trabalho. A ausência constante dos alunos nas salas de aula desafia os educadores a repensarem suas práticas pedagógicas e estratégias de ensino, buscando alternativas que possam engajar e reter os estudantes, promovendo assim a permanência e o sucesso escolar. (Lódi, 2019)

Diante desse cenário complexo, a reflexão sobre o currículo na Educação de Jovens e Adultos se torna essencial para repensar as abordagens educacionais, os conteúdos programáticos e as metodologias de ensino, de modo a tornar o currículo mais significativo, atrativo e adaptado às necessidades e realidades dos alunos da EJA. A análise crítica do currículo escolar nesse contexto pode contribuir não apenas para a redução da infrequência, mas também para a promoção de uma educação mais inclusiva, equitativa e transformadora para jovens e adultos em busca de oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento pessoal e profissional.

Desta forma, torna-se imprescindível refletir sobre as causas e as implicações da infrequência dos estudantes na EJA, a fim de desenvolver estratégias e políticas educacionais que possam mitigar esse cenário e potencializar o alcance dos objetivos educacionais propostos para essa modalidade de ensino. Nesse sentido, este artigo se propõe a explorar o tema “O Currículo na Educação de Jovens e Adultos: Reflexão sobre o Impasse da Infrequência”, analisando a relação entre o currículo escolar, a infrequência dos alunos na EJA e suas consequências para o processo educativo e para a formação dos sujeitos envolvidos.

PANORAMA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E A IMPORTÂNCIA DO CURRÍCULO

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) visa atender aqueles que não tiveram acesso ou não concluíram seus estudos na idade apropriada, no Brasil, a EJA tem sido uma ferramenta de inclusão educacional e social, bem como no combate ao analfabetismo e à desigualdade educacional. No contexto brasileiro, a EJA remonta à década de 1940, com a criação dos primeiros programas voltados para a educação de adultos. (Ferreira; Pereira,2019)

O autor Nascimento (2022) ressalta que, no entanto, foi apenas com a Constituição de 1988 que a EJA foi oficialmente reconhecida como modalidade de ensino, garantindo o direito à educação para jovens e adultos, no cenário internacional, diversos países têm implementado políticas e programas de EJA para atender às demandas educacionais de indivíduos fora da faixa etária tradicional de ensino.

Apesar dos avanços, a infrequência na EJA ainda é uma realidade preocupante, dados estatísticos apontam que uma parcela significativa da população em idade adulta não está matriculada em programas de EJA, seja devido a questões socioeconômicas, falta de tempo ou desmotivação. A falta de incentivo e de políticas educacionais eficazes também contribui para a baixa adesão à EJA, resultando em altos índices de analfabetismo e baixa qualificação entre os jovens e adultos. (Lódi, 2019)

É fundamental que sejam adotadas medidas para promover a frequência e a qualidade da educação de jovens e adultos, garantindo assim o acesso universal à educação ao longo da vida. O desenvolvimento de currículos adequados, que atendam às necessidades e interesses desse público, é essencial para tornar a EJA mais atrativa e eficaz. É necessário investir em políticas públicas que incentivem a formação continuada e a valorização dos educadores que atuam nessa modalidade de ensino, visando a construção de uma sociedade mais justa e igualitária por meio da educação. (Silva, 2019)

As abordagens curriculares na Educação de Jovens e Adultos (EJA) são essenciais para a promoção da aprendizagem significativa e na inserção dos estudantes nesse contexto educacional, o currículo da EJA deve ser flexível e adaptado às necessidades e realidades dos jovens e adultos, levando em consideração suas experiências prévias, interesses e desafios enfrentados no processo de aprendizagem. (Guimarães, 2019)

Uma das principais questões a ser considerada na elaboração do currículo da EJA é a diversidade de experiências e conhecimentos trazidos pelos estudantes adultos para a sala de aula. É fundamental que o currículo seja contextualizado e relevante para a vida e o cotidiano dos alunos, promovendo assim a aprendizagem significativa e a valorização de suas vivências. (Ventura, et al., 2020)

O currículo da EJA deve contemplar não apenas os conteúdos acadêmicos tradicionais, como matemática, língua portuguesa e ciências, mas também abordar temas transversais, como cidadania, direitos humanos, educação financeira e saúde, que sejam relevantes para a formação integral dos jovens e adultos. (Lopes; Vieira, 2020)

Silva (2019) diz que outro aspecto importante a ser considerado na construção do currículo da EJA é a utilização de metodologias ativas e participativas, que estimulem a reflexão, o diálogo e a autonomia dos estudantes no processo de aprendizagem. A interdisciplinaridade, a contextualização dos conteúdos e a valorização da cultura local também são elementos fundamentais para tornar o currículo da EJA mais atrativo e eficaz.

O desenvolvimento de um currículo adequado e inovador é essencial para promover a inclusão educacional e social dos jovens e adultos na modalidade de Educação de Jovens e Adultos. A valorização das experiências e conhecimentos prévios dos estudantes, aliada a uma abordagem pedagógica contextualizada e participativa, contribui para a construção de uma educação mais inclusiva, equitativa e de qualidade para todos (Vieira, 2017).

O currículo se torna essencial na promoção da aprendizagem significativa ao estabelecer as bases para a organização e desenvolvimento dos processos educacionais. A aprendizagem significativa, ocorre quando novas informações se conectam de maneira relevante com os conhecimentos prévios do indivíduo, resultando em uma compreensão mais profunda e duradoura. Nesse contexto, a elaboração de um currículo adequado é essencial para favorecer a construção de significados pelos alunos. (Lódi, 2019)

Quando se trata da Educação de Jovens e Adultos (EJA), a adequação do currículo é de suma importância para atender às necessidades e realidades específicas desse público. Os alunos da EJA frequentemente possuem experiências de vida diversas, trajetórias educacionais interrompidas e demandas específicas em termos de conteúdos e metodologias de ensino. Portanto, o currículo destinado à EJA deve ser sensível a essas particularidades, buscando promover a aprendizagem significativa por meio de estratégias que considerem a bagagem de conhecimentos e as vivências dos alunos. (Nascimento, 2022)

Para que o currículo da EJA seja efetivo na promoção da aprendizagem significativa, é fundamental que ele seja flexível e contextualizado, permitindo a conexão entre os conteúdos escolares e a realidade dos estudantes. Além disso, é importante que o currículo contemple não apenas aspectos cognitivos, mas também emocionais, sociais e culturais, de modo a garantir uma formação integral e inclusiva. (Ferreira; Pereira, 2017)

Considerando a função do currículo na promoção da aprendizagem significativa e a necessidade de adequação para atender às demandas da EJA, torna-se evidente a importância de um planejamento curricular cuidadoso e alinhado com as especificidades desse público, visando garantir a construção de conhecimentos relevantes e significativos para suas vidas e contextos. (Vieira, 2017)

Lódi (2019) destaca que ao elaborar um currículo para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), é essencial considerar a diversidade de perfis e necessidades dos alunos, levando em conta as diferenças individuais, os ritmos de aprendizagem variados e as múltiplas inteligências presentes na sala de aula. A personalização do currículo, por meio da inclusão de estratégias pedagógicas diversificadas e recursos didáticos adequados, pode contribuir significativamente para a promoção da aprendizagem significativa entre os estudantes da EJA.

Outro aspecto relevante na adequação do currículo para a EJA é a valorização dos conhecimentos prévios e das experiências dos alunos, que muitas vezes são ricas e podem servir de ponto de partida para a construção de novos saberes. Integrar esses saberes locais e cotidianos ao currículo formal pode tornar os conteúdos mais significativos e relevantes para os estudantes, estimulando sua participação ativa no processo de aprendizagem. (Ferreira, Pereira; 2019)

Negreiros et al., (2017) diz que é fundamental que o currículo da EJA contemple não apenas o desenvolvimento de habilidades cognitivas, mas também socioemocionais, promovendo a autonomia, a autoestima, a resiliência e o trabalho em equipe. Essas competências são essenciais para a formação integral dos alunos e para sua capacitação para enfrentar os desafios da vida pessoal, profissional e social.

A adequação do currículo para atender às necessidades e realidades dos alunos da EJA é um elemento crucial para a promoção da aprendizagem significativa nesse contexto educacional. Ao considerar as particularidades desse público, valorizar suas experiências, diversificar as estratégias pedagógicas e abordar aspectos socioemocionais, o currículo pode se tornar uma ferramenta poderosa para estimular o interesse, a motivação e o engajamento dos estudantes, favorecendo assim a construção de conhecimentos relevantes e significativos em suas vidas. (Ventura et al., 2020)

FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A INFREQUÊNCIA NA EJA E SEUS IMPACTOS NA APRENDIZADO   

A infrequência na Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um fenômeno complexo que pode ser influenciado por diversos fatores, entre esses fatores, destacam-se as barreiras socioeconômicas que muitas vezes impedem a frequência regular dos alunos. Questões como a necessidade de trabalhar para garantir o sustento próprio ou da família, a falta de acesso a transporte adequado, a ausência de condições financeiras para arcar com despesas relacionadas à educação, como material escolar e uniforme, são elementos que contribuem significativamente para a infrequência na EJA. (Lódi, 2019)

Além das barreiras socioeconômicas, os desafios pessoais e familiares também desempenham um papel crucial na infrequência dos alunos na EJA. Problemas de saúde, questões familiares complexas, falta de apoio emocional e motivacional por parte dos familiares, assim como a necessidade de conciliar os estudos com outras responsabilidades domésticas ou familiares, são aspectos que podem impactar negativamente a frequência e o desempenho dos alunos nesse contexto educacional. (Guimarães, 2019)

Os impactos da infrequência na EJA são significativos e podem ter consequências diretas no processo de aprendizagem dos alunos, a ausência frequente em sala de aula pode resultar em lacunas no conhecimento, dificuldades na assimilação de novos conteúdos e no desenvolvimento de habilidades essenciais para a formação educacional e profissional. Além disso, a infrequência pode comprometer a autoestima e a motivação dos alunos, levando a um ciclo de desinteresse e baixo rendimento acadêmico. (Nascimento, 2022)

Diante desse cenário, é fundamental que os gestores educacionais, professores e demais profissionais envolvidos com a EJA estejam atentos aos fatores que contribuem para a infrequência dos alunos e busquem estratégias eficazes para mitigar esses obstáculos. A implementação de políticas públicas voltadas para a inclusão social, o fortalecimento de programas de assistência e suporte aos estudantes, bem como a promoção de um ambiente escolar acolhedor e estimulante, são medidas essenciais para combater a infrequência na EJA e garantir um processo educacional mais inclusivo e equitativo. (Ventura, et al. 2020)

Além das medidas mencionadas anteriormente, a realização de parcerias com instituições e organizações da sociedade civil, a oferta de programas de capacitação e qualificação profissional alinhados às necessidades do mercado de trabalho e o estabelecimento de mecanismos de acompanhamento e apoio psicopedagógico aos alunos em situação de infrequência são estratégias adicionais que podem contribuir para a redução dos índices de evasão e para o fortalecimento do processo de aprendizagem na EJA. (Negreiros et al., 2017)

Para Silva (2019) é importante ressaltar que a superação dos desafios relacionados à infrequência na EJA requer uma abordagem integrada e multidimensional, que considere não apenas as questões educacionais, mas também os aspectos sociais, econômicos e emocionais que influenciam a trajetória dos alunos nesse contexto. A promoção da educação inclusiva, a valorização da diversidade e o respeito pela singularidade de cada estudante são pilares fundamentais para a construção de uma educação de qualidade e para a garantia do direito à aprendizagem ao longo da vida.

A infrequência na EJA é um fenômeno multifacetado que demanda a atenção e o engajamento de toda a comunidade educativa para ser enfrentado de maneira eficaz. Ao identificar e compreender os fatores que contribuem para a infrequência dos alunos, é possível desenvolver estratégias e ações assertivas que possibilitem a promoção de uma educação mais inclusiva, equitativa e significativa para todos os estudantes envolvidos nesse processo de aprendizagem ao longo da vida (Lopes; Vieira, 2020).

A ausência de frequência escolar regular está diretamente relacionada ao baixo desempenho acadêmico, uma vez que os alunos que faltam com frequência às aulas perdem conteúdo, atividades e interações importantes para o aprendizado. Essa situação pode resultar em dificuldades de acompanhar o ritmo da turma, compreender os conteúdos e realizar avaliações, impactando negativamente nas notas e no progresso acadêmico dos estudantes. (Ventura, et al. 2020)

Para Lódi (2019) a constante ausência na escola pode gerar sentimentos de inadequação, insegurança e desvalorização nos alunos, afetando diretamente a autoestima, a percepção de não ser capaz de acompanhar os estudos e de estar em desvantagem em relação aos colegas pode levar a uma queda na autoconfiança e no interesse pela escola, comprometendo o engajamento e a motivação para aprender.

Na Educação de Jovens e Adultos, onde os alunos muitas vezes retornam à escola após um período de afastamento, a infrequência pode representar um grande desafio para a permanência dos estudantes no sistema educacional. A falta de frequência regular às aulas pode levar à desistência e ao abandono escolar, impedindo que os alunos concluam seus estudos e alcancem seus objetivos educacionais. (Ferreira; Pereira, 2019)

Silva, (2019) afirma que para lidar com as consequências da infrequência no desempenho acadêmico e na autoestima dos alunos na EJA, é fundamental adotar estratégias que promovam a valorização da presença, o acompanhamento individualizado dos estudantes, a oferta de apoio psicopedagógico e a criação de um ambiente escolar acolhedor e motivador. Além disso, a parceria com as famílias e a comunidade pode ser essencial para identificar as causas da infrequência e buscar soluções para garantir a permanência e o sucesso dos alunos na escola.

Para Guimarães (2019) é importante considerar que a infrequência escolar pode estar relacionada a diversos fatores, como problemas familiares, dificuldades de aprendizagem, questões de saúde, desmotivação, falta de suporte emocional, entre outros. Por isso, é fundamental realizar uma abordagem abrangente e multidisciplinar para lidar com essa questão.

Algumas medidas que podem ser adotadas para minimizar os impactos da infrequência na autoestima e na permanência dos alunos na EJA incluem, identificar precocemente os alunos em situação de infrequência e oferecer um acompanhamento personalizado, com ações específicas para ajudá-los a superar as dificuldades e retomar o interesse pelos estudos. (Negreiros et al., 2017)

Desenvolver estratégias pedagógicas que estimulem a participação dos alunos, promovam a aprendizagem significativa e valorizem a presença regular na escola, contribuindo para aumentar a motivação e o engajamento dos estudantes. Envolver diferentes profissionais da escola, como professores, psicopedagogos, assistentes sociais e psicólogos, para identificar as causas da infrequência e elaborar planos de ação integrados que atendam às necessidades dos alunos de forma holística (Lopes; Vieira, 2020).

Estabelecer uma comunicação efetiva com as famílias dos alunos, envolvendo-as no processo educacional, buscando compreender as demandas e os desafios enfrentados pelos estudantes e construindo parcerias para apoiar o desenvolvimento escolar e pessoal dos jovens e adultos. Proporcionar atividades extracurriculares, projetos educacionais diferenciados, aulas dinâmicas e contextualizadas, que despertem o interesse dos alunos e os motivem a frequentar a escola regularmente (Lódi, 2019).

A infrequência escolar pode ter impactos significativos no desempenho acadêmico, na autoestima e na permanência dos alunos na Educação de Jovens e Adultos. Para enfrentar esse desafio, é fundamental adotar medidas preventivas e de intervenção que valorizem a presença dos estudantes, promovam um ambiente escolar acolhedor e estimulante, e ofereçam suporte individualizado para ajudar os alunos a superar as dificuldades e alcançar o sucesso educacional. (Negreiros et al., 2017)

ESTRATÉGIAS E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA COMBATER A INFREQUÊNCIA NA EJA.

Combater a infrequência na Educação de Jovens e Adultos (EJA) é essencial para garantir a efetividade desse nível de ensino e promover a inclusão educacional. Para isso, estratégias e políticas públicas específicas são necessárias, uma abordagem eficaz para reduzir a infrequência na EJA é a implementação de programas de incentivo à frequência regular dos alunos. Esses programas podem incluir iniciativas como bolsas de estudo, transporte gratuito, material didático subsidiado, refeições escolares gratuitas e prêmios para os alunos que mantêm uma boa frequência. (Silva, 2019)

Lopes e Vieira, (2020) destacam que o  exemplo de programa desse tipo é o Bolsa Família, que oferece benefícios financeiros condicionados à frequência escolar dos alunos, incentivando assim a permanência na escola, ações que promovam a aproximação entre a escola, a família e a comunidade também são fundamentais para combater a infrequência na EJA. Essas ações podem incluir a realização de reuniões periódicas com os pais ou responsáveis, visitas domiciliares, programas de capacitação para os familiares, e parcerias com instituições locais para apoiar os alunos e suas famílias.

Existem leis e programas existentes que beneficiam os alunos da EJA, incentivando a frequência e o sucesso escolar, um exemplo é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que assegura o direito à educação para jovens e adultos e estabelece a obrigatoriedade do ensino fundamental e médio, inclusive na modalidade EJA. Outro exemplo é o Programa Brasil Alfabetizado, que oferece alfabetização de jovens e adultos, contribuindo para a redução do analfabetismo e para a permanência dos alunos na escola. (Ferreira, Pereira; 2019)

A implementação de programas de incentivo à frequência e ações de integração entre escola, família e comunidade são estratégias-chave para combater a infrequência na EJA. A existência de leis e programas que beneficiam os alunos da EJA é fundamental para promover a inclusão educacional e garantir o acesso de todos à educação (Nascimento, 2022).

Além do Bolsa Família e do Programa Brasil Alfabetizado, existem outros programas federais no Brasil que incentivam a frequência dos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e contribuem para a redução da evasão escolar nessa modalidade de ensino.

Como o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, por exemplo, o Pronatec tem como objetivo expandir a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica, incluindo cursos voltados para jovens e adultos que buscam a conclusão do ensino médio na modalidade EJA. Ao oferecer oportunidades de formação profissional aliadas à conclusão do ensino médio, o Pronatec estimula a permanência dos alunos na escola. (Negreiros et al., 2017)

O Pronatec foi criado pelo governo federal do Brasil com o objetivo de expandir a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica em todo o país. O programa visa atender a demanda por qualificação profissional e aprimoramento técnico, principalmente para jovens e adultos que buscam oportunidades de inserção no mercado de trabalho. (Lopes; Vieira, 2020)

Uma das características importantes do programa é a oferta de cursos voltados especificamente para os estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O EJA é uma modalidade de ensino destinada a pessoas que não concluíram seus estudos na idade apropriada. Por meio do Pronatec, esses alunos têm a oportunidade não apenas de concluir o ensino médio, mas também de obter uma formação profissional que pode facilitar sua entrada no mercado de trabalho. (Lódi, 2019)

A importância do Pronatec para os alunos do EJA é significativa, pois o programa contribui para a melhoria da qualificação profissional desses estudantes, ampliando suas chances de encontrar emprego e melhorar sua condição socioeconômica. Além disso, ao oferecer cursos de educação profissional aliados à conclusão do ensino médio, o Pronatec incentiva a permanência dos alunos na escola, estimulando a continuidade dos estudos e o desenvolvimento de habilidades necessárias para a vida profissional. (Ferreira, Ferreira; 2019)

Já o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja) é um programa que visa oferecer educação básica integrada à qualificação profissional para jovens e adultos que não concluíram o ensino fundamental. Por meio de ações integradas, como aulas regulares, atividades de qualificação profissional e apoio socioemocional, o Proeja incentiva a frequência e a conclusão dos estudos. (Nascimento, 2022)

O Proeja é uma iniciativa essencial no contexto educacional brasileiro, voltada para oferecer oportunidades de educação básica integrada à qualificação profissional para jovens e adultos que não concluíram o ensino fundamental. Este programa se destaca por sua abordagem abrangente, que combina aulas regulares, atividades de qualificação profissional e apoio socioemocional, visando incentivar a frequência e a conclusão dos estudos por parte desse público-alvo (Lopes; Vieira, 2020).

Este programa contribui significativamente para a inclusão social, proporcionando oportunidades educacionais e profissionais para jovens e adultos que não tiveram acesso adequado à educação em sua juventude. Ele ajuda a combater a exclusão educacional e a desigualdade, permitindo que esses indivíduos tenham melhores perspectivas de futuro. (Ventura et al., 2020)

Ao integrar a educação básica com a qualificação profissional, o Proeja prepara os participantes para ingressarem no mercado de trabalho de forma mais qualificada. Isso aumenta suas chances de conseguir empregos melhores e mais bem remunerados, contribuindo para a melhoria de suas condições de vida. (Guimarães, 2019)

Este programa atua como um incentivo para que os jovens e adultos que não concluíram o ensino fundamental retornem aos estudos e concluam essa etapa educacional, ao oferecer um ambiente de aprendizagem adequado e apoio aos estudantes, o programa ajuda a reduzir a evasão escolar e aumentar os índices de conclusão do ensino fundamental. O Proeja também oferece apoio socioemocional aos participantes, ajudando-os a lidar com questões pessoais e a desenvolver habilidades sociais importantes para sua integração na sociedade e no mercado de trabalho. (Negreiros et al., 2017)

Ao promover a educação e a qualificação profissional, o Proeja contribui para o fortalecimento da cidadania e o empoderamento dos jovens e adultos participantes, capacitando-os para serem agentes de transformação em suas comunidades e em suas vidas. A abordagem integrada do programa e seu impacto positivo na vida dos participantes fazem dele uma importante ferramenta para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e educada. (Ventura et al., 2020)

Outro instrumento que pode afetar diretamente a efetivação do EJA e a frequência e a adesão dos alunos  é o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) é um programa que repassa recursos financeiros diretamente às escolas públicas para a melhoria da infraestrutura e da gestão escolar. Esses recursos podem ser utilizados para implementar ações que contribuam para a redução da infrequência, como a aquisição de materiais didáticos, reformas na escola e atividades extracurriculares que estimulem a permanência dos alunos (Lódi, 2019)

O autor Nascimento (2011) afirma que está é uma iniciativa importante no contexto da educação pública, pois busca melhorar as condições das escolas e contribuir para a qualidade do ensino oferecido aos jovens e adultos. Ao repassar recursos financeiros diretamente às escolas, o PDDE permite que as instituições tenham mais autonomia na gestão de suas finanças e na tomada de decisões sobre como aplicar esses recursos de forma mais eficiente e adequada às suas necessidades específicas.

No caso da educação de jovens e adultos, o PDDE é uma ferramenta indispensável no combate à infrequência escolar, por meio dos recursos disponibilizados pelo programa, as escolas têm a possibilidade de implementar ações que estimulem a permanência dos alunos, como a aquisição de materiais didáticos adequados, a realização de reformas na infraestrutura escolar para proporcionar um ambiente mais acolhedor e propício ao aprendizado, e a oferta de atividades extracurriculares que possam despertar o interesse dos estudantes e fortalecer o vínculo com a escola. (Ferreira; Pereira, 2019)

O PDDE também contribui para a melhoria da gestão escolar, pois incentiva a participação da comunidade na definição das prioridades de investimento e no acompanhamento da aplicação dos recursos. Dessa forma, o programa estimula a transparência e a prestação de contas, promovendo uma gestão mais eficaz e democrática das escolas. (Negreiros et al., 2017)

O Programa Dinheiro Direto na Escola se torna primordial ao fornecer recursos financeiros que possibilitam a melhoria da infraestrutura escolar, o fortalecimento da gestão escolar e a implementação de ações que contribuem para a redução da infrequência e para a promoção do sucesso educacional desses alunos.

Esses programas federais atuam de forma integrada para proporcionar a inclusão educacional, estimular a permanência dos alunos na escola e contribuir para a redução da infrequência na Educação de Jovens e Adultos. Ao oferecer apoio financeiro, formação profissional, alimentação adequada e melhorias na infraestrutura escolar, essas iniciativas buscam criar um ambiente favorável ao aprendizado e ao desenvolvimento dos estudantes da EJA.

conclusão

Com base nos tópicos abordados no artigo “O Currículo na Educação de Jovens e Adultos: Reflexão sobre o Impasse da Infrequência”, é possível concluir que a infrequência na Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um desafio complexo que requer a implementação de estratégias e políticas públicas eficazes para combatê-la. Diversos fatores contribuem para a infrequência na EJA, tais como questões socioeconômicas, falta de incentivo e apoio familiar, entre outros, e os impactos dessa realidade refletem diretamente na qualidade do aprendizado dos alunos.

É fundamental reconhecer a importância do currículo como uma ferramenta essencial para promover a inclusão, a motivação e o engajamento dos jovens e adultos na aprendizagem. O panorama da Educação de Jovens e Adultos destaca a necessidade de currículos flexíveis, contextualizados e que atendam às especificidades desse público, contribuindo para a superação dos desafios enfrentados no processo educacional.

Portanto, a reflexão sobre o impasse da infrequência na EJA ressalta a urgência de ações integradas que visem não apenas combater a evasão escolar, mas também promover uma educação inclusiva, significativa e de qualidade para todos os estudantes, garantindo assim o pleno desenvolvimento de suas potencialidades e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

A implementação de estratégias e políticas públicas eficazes para combater a infrequência na Educação de Jovens e Adultos deve considerar não apenas ações pontuais, mas também uma abordagem holística que leve em conta as diferentes causas e contextos que levam os alunos a se ausentarem das salas de aula. É fundamental promover ações que incentivem a permanência dos estudantes, como programas de apoio socioemocional, bolsas de estudo, transporte escolar, flexibilização de horários, entre outros mecanismos que possam atender às necessidades específicas desse público.

Além disso, é essencial investir na formação continuada dos professores, na melhoria das condições estruturais das escolas e na articulação entre os diversos atores envolvidos no processo educacional, como gestores, professores, famílias e comunidade, para garantir uma educação de qualidade e que atenda às demandas e realidades dos jovens e adultos em situação de vulnerabilidade.

Por fim, a reflexão sobre o impasse da infrequência na EJA destaca a importância de repensar e redesenhar as práticas pedagógicas e curriculares, buscando sempre a inovação, a contextualização e a inclusão, de forma a tornar a educação mais atrativa, relevante e significativa para todos os estudantes, independentemente de sua idade, origem ou trajetória de vida. A construção de um currículo inclusivo e adequado às necessidades da EJA é fundamental para promover a equidade e o empoderamento dos jovens e adultos, contribuindo assim para a construção de uma sociedade mais justa e democrática.

Referências

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VENTURA, Jaqueline Pereira, CRUZ, Thays Espindola., MARQUES, Catharinna Ferreira da Costa. As pesquisas sobre o ensino médio na EJA: uma análise de artigos da plataforma de periódicos da CAPES. Perspectiva38(1), 1–25. 2020. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2020.e66039.

SOBRE O/AS AUTOR/AS

Lygia Menezes de Lima. Graduada em Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade Norte do Paraná. Mestra em Educação pela Facultad Interamericana da Ciencias Sociales Currículo Lattes: https://lattes.cnpq.br/8170027889980395

Maria Barbara da Costa Cardoso. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Pará. Docente na Facultad Interamericana da Ciencias Sociales. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8512666584817111

Como citar

LIMA, Lygia Menezes de, CARDOSO, Maria Barbara da Costa. Nova versão (2023) do template da Revista Espaço do Currículo. Revista Espaço Currículo, v. 16, n. 3, exxxxx, 2024. DOI: 10.15687/rec.vxxix.xxxxx.


[1] Facultad Interamericana da Ciencias Sociales – Igarapé- Açu, Pará, Brasil; lyg_mad@hotmail.com

[2] Facultad Interamericana da Ciencias Sociales – Igarapé- Açu, Pará, Brasil; barbara.costa@csfx.org.br