METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE ALUNOS COM AUTISMO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS PÚBLICADOS NA REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NO PERÍODO ENTRE 2018 E 2019 

METHODOLOGIES FOR TEACHING STUDENTS WITH AUTISM: AN  INTEGRATIVE REVIEW OF SCIENTIFIC ARTICLES PUBLISHED IN THE BRAZILIAN JOURNAL OF SPECIAL EDUCATION IN THE PERIOD BETWEEN 2018 AND 2019

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7777730


Angelina Vanderléia Bitencourt1 
Elizangela Carla Beserra da Fonseca2 
Elisiane Lichtenfels3 
Karla Danielle Assunção Ferreira Moraes4 
Lidiane Eugenia Teza Rodrigues5 
Mônica Yara de Oliveira Alves Girão6 
Rafael Bastos Santos7 
Sandra Suely Cardoso da Costa8 
Silvanice Silva Moraes9 
Silvia Cristiane dos Santos Moreto10


RESUMO: 

Este estudo apresenta reflexões sobre a prática pedagógica de professores da educação  básica no processo de inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA).  Entende-se que a educação inclusiva é uma das preocupações para a efetivação das  necessidades educacionais em um contexto de crescentes índices de realizações de matrículas de alunos com deficiência no contexto regular de ensino. Partindo-se do  entendimento de que os discentes com autismo apresentam em si, características  específicas no que se refere ao comportamento, às dificuldades na fala e de interação  social e na própria aprendizagem, o presente artigo busca refletir sobre as metodologias  utilizadas por docentes da educação básica no ensino de discentes autistas, tendo como  objetivo, realizar uma revisão da literatura que viabilizasse o mapeamento das  metodologias para o ensino de alunos com autismo descritas em artigos científicos  publicados na Revista Brasileira de Educação Especial no período compreendido entre  2018 e 2022. Para a fundamentação teórica, utilizamos autores Diniz et al. (2009),  Meirelles-Coelho et al. (2007), Fonseca (2002), França (2014).

PALAVRAS-CHAVE: Metodologias. Educação inclusiva. Transtorno do Espectro  Autista.

ABSTRACT: 

This study presents reflections on the pedagogical practice of basic education teachers in  the process of inclusion of students with Autistic Spectrum Disorder (ASD). It is  understood that inclusive education is one of the concerns for the realization of  educational needs in a context of growing rates of enrollment of students with disabilities  in the regular context of education. Based on the understanding that students with autism  present specific characteristics with regard to behavior, difficulties in speech and social  interaction and in learning itself, this article seeks to reflect on the methodologies used  by education teachers. in the teaching of autistic students, with the objective of carrying  out a literature review that would enable the mapping of methodologies for teaching  students with autism described in scientific articles published in the Revista Brasileira de  Educação Especial in the period between 2018 and 2022. theoretical basis, we used  authors Diniz et al. (2009), Meirelles-Coelho et al. (2007), Fonseca (2002), France  (2014). 

KEYWORDS: Methodologies. Inclusive education. Autistic Spectrum Disorder.

INTRODUÇÃO 

O tema deste estudo é a inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista  (TEA) no âmbito educacional, tendo como finalidade, elaborar uma revisão integrativa  sobre as metodologias descritas nos relatos de pesquisa publicados na Revista Brasileira  de Educação Especial no recorte temporal compreendido entre 2018 e 2019. Dessa forma, buscamos identificar quais são as metodologias utilizadas na prática pedagógica de  docentes que lecionam na sala regular de escolas brasileiras e que fundamentam seu  trabalho pedagógico na inclusão de alunos com deficiência.  

Nesse sentido, a pesquisa teve como finalidade, identificar sobre a compreensão  que os docentes autores dos relatos de pesquisa possuem sobre a relação entre aspectos  característicos do Transtorno do Espectro Autista e a seleção de metodologias  consideradas como adequadas ao ensino desses discentes sob uma perspectiva inclusiva. 

Desse modo, realizamos uma revisão bibliográfica, tendo em vista a necessidade  de realização de um percurso histórico sobre a evolução histórica do tratamento dado às  pessoas com deficiência na sociedade, o contexto social e legislativo vigente que  relaciona o trato da pessoa com deficiência à perspectiva dos direitos humanos, o  surgimento da educação especial no contexto social brasileiro.  

Somado a isso, constitui parte integrante do percurso metodológico adotado, a  seleção e leitura de artigos científicos que contém relatos de pesquisa sobre experiências  pedagógicas de docentes no âmbito da inclusão de alunos com autismo, a fim de  compreendermos os requisitos que orientam os docentes a selecionarem um tipo  específico de metodologia pedagógica para a educação desse alunado.  

Sendo a metodologia de análise dos dados de enfoque qualitativo e a análise dos  dados de cunho interpretativista. No que tange a organização dos dados coletados no  presente estudo, foi elaborada, uma tabela, contendo os títulos dos artigos selecionados,  as datas de publicação e os objetivos dos estudos analisados. 

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1 O TRATAMENTO SOCIAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA 

A história da humanidade vem sendo construída por meio da convivência social entre humanos, repercutindo no desenvolvimento de diferentes visões sobre a função que  um indivíduo exerce enquanto parte constituinte do meio social e que de certa forma  repercutem em como na construção das percepções do que é ser um indivíduo saudável e  socialmente produtivo. 

Sob esse aspecto, França (2014) relata que havia na Grécia antiga, a ocorrência de  guerras entre as cidades-estados, fato de que culminou na valorização dos atributos físicos  dos indivíduos. Nesse enxerto, Barnes (1997 apud França, 2014) aponta que as crianças  eram examinadas ao nascer e caso não fosse constatado, o bom funcionamento das estruturas físicas e a resposta a estímulos, a criança era eliminada. Havia ainda, segundo  as ideias de França (2014), ideias representações sociais mitológicas que relacionavam a  pessoa com deficiência à expulsão do indivíduo do convívio social, fato que era de certa  forma, manifestado pela forma de trato concedido à pessoa com deficiência na época. 

Sobre esse fato, Plutarco (1985 apud Moises e Stockman, 2020) relata que a  criança era levada par um lugar onde os anciãos a examinavam e se a julgassem saudável  e bela, ordenavam-na que a educassem, destinando-lhe nove mil partes da herança para  tal, mas se tivesse alguma deficiência era então jogada de um precipício. 

Nesse sentido, podemos inferir que as condições físicas da criança condicionavam  se deveria ou não continuar viva, pois, havia o pré-quesito de que esta, ao crescer deveria  servir ao exército grego. Por isso, França (2014) afirma que as representações sociais  formuladas sobre a pessoa com deficiência serviam como mecanismos de controle sobre  as vidas dos deficientes. Podemos observar ainda, que existia uma percepção que aliava  legalmente o direito à educação à aparência física do indivíduo ao nascer, pois, à criança  saudável devia ser reservada, conforme o disposto em Plutarco (1985 apud Moises e  Stockman, 2020), uma parte da herança paterna para custear seus estudos. 

Dessa forma, a exclusão social era dupla, pois mesmo que a criança não fosse  jogada do penhasco não teria o direito de ser educada devido à sua deficiência. Em se  tratando do trato dado à pessoa com deficiência em Esparta, Aranha (2001 apud França,  2014) revela que os espartanos possuíam posicionamento semelhante diante das pessoas  com deficiência, os quais eram constantemente considerados como imaturos, frágeis ou  defeituosos e por isso, eram jogados em esgotos. 

Na civilização ateniense, havia conforme França (2014), posicionamento similar  em relação ao trato à pessoa com deficiência, pois se ao nascer fosse constatado alguma  deficiência a criança era abandonada ou jogada de um penhasco. Ainda nessa mesma  sociedade, Moises e Stockmann (2020) apontam que a constituição ateniense ordenava  que o soldado que retornasse das guerras mutilado e não tivesse condições de exercer  quaisquer trabalhos deveria receber assistência financeira do Estado. 

Segundo Moises e Stockmann (2020), o fortalecimento do Cristianismo repercutiu  em uma forma contraditória de perceber as pessoas com deficiência, pois essas passaram  a ser compreendidas como indivíduos amaldiçoados ou praticantes de bruxaria, rituais  religiosos que eram proibidos na época devido o entendimento de que havia certa relação  com o diabo. Assim, os autores (2020) afirmam que a criança com deficiência era  compreendida ao mesmo tempo como resultado de uma maldição, devendo serem queimadas na fogueira, havendo o entendimento ainda, de que eram criaturas de Deus,  tendo alma. 

No contexto da sociedade brasileira, a pessoa com deficiência era compreendida  como algo que podia causar na perspectiva de Moises e Stockmann (2020) grande  prejuízo, pois àquele não conseguiria colaborar com a manutenção da sobrevivência  coletiva por meio da caça e da pesca, devendo, portanto, ser abandonado por sua própria  comunidade. De igual modo como ocorria com as demais civilizações, havia entre os  primórdios, a prática do abandono das crianças deficientes.  

Moises e Stockmann (2020) explicam que foi apenas no final do século V, com a  origem do Renascimento que a visão de mundo começou a ser modificada, tendo em vista  haver uma supervalorização das ideias de liberdade e da ciência, viabilizando assim,  estudos científicos sobre a capacidade de aprendizagem das pessoas com deficiência. 

2.2 A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS E A CONCEPÇAO DE  NORMALIDADE EM RELAÇÃO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA 

A natureza humana possui como uma de suas características, a existência da  diferença que permite que cada indivíduo possua características físicas distintas, não  havendo no planeta Terra nenhum ser igual ao outro.  

Contudo, existem alguns aspectos inerentes à constituição física e intelectual de  grande parcela da humanidade e é justamente essa realidade aliada à convivência social  que faz com que seja desenvolvido uma percepção sobre o que é um ser humano. Nesse  sentido, França (2014) relata que a história das pessoas com deficiência foi permeada  inicialmente por ideias que a associavam à crenças religiosas que influenciou no  tratamento social de repulsa à essa população. 

Todavia, França (2014) afirma que a partir do século XVIII, foi criada uma nova  percepção que passou a relacionar a pessoa com deficiência a estudos científicos de  natureza biológica. Sob esse aspecto, Diniz, Barbosa e Santos (2009) consideram que  houve na sociedade, o surgimento da concepção de normalidade que com o passar do  tempo adquiriu conotações distintas de compreensão da deficiência. 

Nessa perspectiva, Diniz et al (2009, p. 66) relata que a normalidade pode ser  compreendida como a expectativa em torno do funcionamento adequado do corpo  humano, ou seja, o conceito de normal estaria relacionado às características definidas por  meio de estudos científicos do que seria um corpo e uma mente saudável. Contudo, existe na visão de Diniz et al. (2009) uma outra concepção que entende a deficiência não como  uma característica associada à anormalidade, mas como uma opressão social ao corpo que  possui alguma limitação física ou intelectual. 

Assim, Diniz et al. (2009, p. 65) afirma que a deficiência é um conceito que que  denuncia a relação de desigualdade imposta por ambientes com barreiras a um corpo com  impedimentos.”. Assim, surgiu a percepção da necessidade de garantia dos direitos dos  deficientes como uma forma de igualdade de participação social e cidadã entre as pessoas  com e sem deficiência. 

2.3 A PESSOA COM DEFICIÊNCIA E O DIREITO À EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Segundo Meirelles-Coelho et al. (2007), a educação inclusiva teve como uma das  primeiras afirmativas para a sua implementação, as orientações contidas no Relatório de  Warnok em 1978. Para o autor (2007), o objetivo do relatório era orientar às escolas à  realização de uma avaliação que possa identificar as características das deficiências com  mais precisão tendo como finalidade a efetiva integração da criança no espaço escolar  regular. Nesse sentido, Meirelles-Coelho et al. (2007) afirma que a orientação do relatório  era que essa avaliação envolvesse uma avaliação pedagógica contínua por meio da qual,  o docente deveria identificar as dificuldades de aprendizagem do aluno, a fim de  comunicar à gestão escolar que irá reunir aos dados do diagnóstico do discente para então,  reunir-se ao docente e aos pais dos alunos para juntos decidirem sobre a estratégia pedagógica mais adequada para a aprendizagem do aluno com deficiência. Para Meirelles-Coelho et al. (2007) é nesse momento que são definidas as  estratégias pedagógicas que mais de adequem às dificuldades de aprendizagem do aluno,  cabendo ao professor observar, os avanços obtidos nesse processo. Assim, Meirelles Coelho (2007) compreende que esta observação por parte do docente resulta na avaliação  que definirá se o aluno necessitará ou não de Atendimento Educacional Especializado  (AEE). 

Meirelles-Coelho et al. (2007) acrescenta ainda, que caso o aluno persista nas  dificuldades de aprendizagem havia a possibilidade de este ser avaliado por uma equipe  multiprofissional composta por ´médicos, psicólogos terapeutas e técnicos de serviço  social. Por último, o autor (2007) relata ser esta avaliação realizada por técnicos da  comunidade escolar e técnicos externos ao espaço escolar de forma mútua.

Portanto, podemos afirmar que o relatório foi avanço no que tange à preocupação  com a efetivação da inclusão da criança com deficiência no ensino regular. Como evento de caráter afirmativo à esse direito, Meirelles-Coelho et al. (2007) mencionam

A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança em 1989 estipula que ―todos os direitos devem ser aplicados a todas as crianças sem discriminação (art. 2º) e reconhece ―à criança mental e fisicamente deficiente o direito a uma vida plena e decente em condições que garantam a sua dignidade, favoreçam a sua autonomia e facilitem a sua participação ativa na vida (art. 23º). MEIRELLES-COELHO et al., p.181) 

Meirelles-Coelho et al. (2007, p. 181) afirmam ainda que a Conferência Mundial  sobre a Educação para Todos em Jomtien onde foram estabelecidas metas educacionais  para o ano 2000 para a expansão da educação básica em todos os níveis escolares que a  compõem bem como as medidas necessárias para a garantia de “igualdade de  oportunidades de acesso à educação para todas as pessoas com deficiência,” iniciando-se,  portanto, o desafio pedagógico de adequação das estratégias pedagógicas para o ensino a  esse alunado. 

3. METODOLOGIA DA PESQUISA 

Para Fonseca (2002), o conhecimento é algo que acompanha o homem no decorrer  de todo a vida. Sob esse aspecto, o autor (2002) considera que o homem é um ser curioso  e que apropria do conhecimento pelas na interação com os objetos e os seres que lhe  conduzem as representações sociais e a própria interpretação do mundo.  

A esse tipo de conhecimento damos o nome de senso comum, pois ele acontece  mediante o contato e a observação espontânea do indivíduo com a própria cultura familiar  e social que influencia em determinadas crenças.  

O senso comum surge da necessidade de resolver problemas imediatos. A nossa vida desenvolve-se em torno do senso comum.  Adquirido através de ações não planejadas, ele surge instintivo, espontâneo, subjetivo, acrítico, permeado pelas opiniões e valores de quem o produz. (FONSECA, 2002, p. 10)

Por outro lado, Prudêncio (2011) refere-se ao conhecimento científico como um  saber objetivo, que estabelece critérios de comparação entre objetos de estudo distintos e  que busca estabelecer uma relação entre a relação de causa e efeito somente após a  observação do fenômeno investigado. 

Desse modo, a autora (2011) considera que na pesquisa científica, a produção de  conhecimento é realizada por meio da delimitação do fato que se pretende investigar, a  seleção de procedimentos metodológicos para a observação e a verificação das hipóteses  levantadas no ínicio do estudo científico de modo a ampliar o que se sabe sobre o assunto  até o momento de realização da pesquisa. 

Sob essa perspectiva, o presente estudo adotou como percurso metodológico, a  pesquisa de cunho qualitativo e cujas ferramentas para coleta de dados foram a pesquisa  bibliográfica, a seleção dos artigos científicos e a revisão integrativa da literatura.  

Sobre o conceito de pesquisa bibliográfica, Prudêncio (2011), é àquela realizada  por meio da consulta de material já elaborado sobre o assunto. Após esse procedimento,  foi realizada definição dos conceitos mais importantes e a construção da fundamentação  teórica.  

Para a definição da amostra que compõe o objeto de pesquisa, estabelecemos  alguns requisitos: o artigo científico precisaria refletir sobre metodologias e dificuldades  vivenciadas por docentes da educação básica no ensino de alunos com autismo no  contexto da sala de aula regular, constituir-se metodologicamente como relatos de  pesquisa e terem sido publicados na Revista Brasileira de Educação Especial entre os  alunos de 2018 e 2019. 

A partir disso, foram encontrados dois artigos científicos com a temática  selecionada e publicado no período mencionado e cujos títulos são respectivamente  Estudo de Caso sobre Atividades Desenvolvidas para um Aluno com Autismo no Ensino  Fundamental I. de Aporta e Lacerda (2018) e Ensino de habilidades rudimentares de  leitura para Alunos com Autismo.de Millan e Postalli (2019).  

Para tanto, foi realizada uma revisão integrativa da literatura, tendo em vista, a  descrição das práticas pedagógicas contidas nos relatos de pesquisa e a reflexão do  disposto nos relatos de pesquisa por meio de fundamentação teórica que justifique as  atitudes das pedagogas no momento das situações de aprendizagem vivenciadas nas salas  de aula.

4. METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE ALUNOS COM AUTISMO: UMA  REVISÃO INTEGRATIVA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS PÚBLICADOS NA  REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NO PERÍODO ENTRE  2018 E 2019 

Nesse tópico, apresentamos as discussões que identificamos nos artigos publicados na Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação de Professores entre os anos  de 2019 a 2021 que destacam, de algum modo, a temática -formação de professores e  educação inclusiva. O quadro abaixo apresenta esses artigos. 

Nº Título Autores Referência Objetivo do artigo
01 Estudo de Caso sobre  Atividades  Desenvolvidas para  um Aluno com  Autismo no Ensino  Fundamental I.Ana Paula Aporta e  Cristina Broglia Feitosa  de LacerdaAPORTA, Ana  Paula; LACERDA,  Cristina Broglia  Feitosa. (2018).  Estudo de Caso sobre  Atividades  Desenvolvidas para  um Aluno com  Autismo no Ensino  Fundamental I. Revista Brasileira  de Educação  Especial, v. 24(1), p.  45-58, março de  2018. Disponível em:  v24n12018.indd  (scielo.br)Apresentar atividades  propostas para um  aluno com Transtornos  do Espectro Autista  (TEA) que frequentou o  segundo ano do Ensino  Fundamental em uma  escola na rede privada  de ensino em uma  cidade de médio porte  do interior do Estado de  São Paulo.
02 Ensino de habilidades  rudimentares de  leitura para Alunos  com Autismo.MILLAN, Ana Elisa;  POSTALLI, Lídia Maria  Marson MILLAN, Ana Elisa;  POSTALLI, Lídia  Maria Marson.  (2019). Ensino de  habilidades  rudimentares de  leitura para Alunos com Autismo.  Revista Brasileira  de Educação  Especial, Bauru, v.  25(1), p. 133-154,  março de 2019.  Disponível em:  v25,n1,2019.indd  (scielo.br)

O artigo Estudo de Caso sobre Atividades Desenvolvidas para um Aluno com Autismo no Ensino Fundamental I de Aporta e Lacerda (2018) trata-se de um relato de  experiências sobre um estudo de caso envolvendo a prática pedagógica de uma professora  que leciona em uma escola da rede privada de São Paulo. 

Aporta e Lacerda (2018) realizam uma pesquisa com base na metodologia interpretativista a partir de uma entrevista realizada com a docente do estudo de caso e  relacionado às atitudes da docente às teorias defendidas por Vygotsky (1983). Com base  na entrevista concedida pela professora, as autoras (2018) relatam que houve o sentimento  de ansiedade da docente por não saber como lidar com o aluno com TEA, o que demonstra  ser essa a primeira experiência com alunos autistas. 

As autoras (2018) afirmam que a docente possui uma visão que considera o contexto educacional homogêneo, tendo em vista que o aluno com autismo possui  características físicas diferentes dos demais discentes. Assim, Aporta e Lacerda (2018)  afirmam que a professora entrevista possui um entendimento biológico com relação à  deficiência, fazendo com que esta crie a percepção de que o aluno não terá dificuldades  para aprender, mesmo antes de conhece-lo de fato.  

Para Aporta e Lacerda (2018) a concepção de deficiência apresentada pela docente encontra fundamentação teórica em Vygotsky (2018) o qual acredita que as pessoas com  deficiência são caracterizadas como diferentes da maioria por suas características  específicas, contudo, para Vygotsky (1983 apud Aporta e Lacerda, 2018), a aprendizagem  deve ser compreendida na sua relação com o ambiente social e a adequação pedagógica.

Desse modo, Aporta e Lacerda (2018) relatam que em um primeiro momento, a  professora demonstrou que considerava que o aluno não seria capaz de aprender,  trabalhando apenas o desenvolvimento das habilidades sociais do educando. Com o  passar do tempo, contudo, a docente começou a observar que a criança conseguia  aprender, mas necessitava de procedimentos especiais que viabilizasse o desenvolvimento da aprendizagem no aluno. Dessa forma, Aporta e Lacerda (2018)  afirmam que a docente seguia as mesmas características em atividades a serem  respondidas na escola e nos trabalhos escolares para serem feitos em casa, modificando  as figuras e palavras, tendo em vista, facilitar a compreensão do aluno sobre o que estava  sendo solicitado e evitando conceituação ou tipologias e concentrando se naquilo que o  aluno mais apresentava dificuldades que era a prática da leitura. 

O artigo Ensino de habilidades rudimentares de leitura para Alunos com Autismo de Millan e Postalli (2019) consiste em um relato de experiências da prática pedagógica  realizada por uma professora com duas crianças com Transtorno do Espectro Autista  (TEA) na fase da alfabetização.  

Segundo Millan e Postalli (2019), a pesquisa se deu por meio do método de  observação participante, cuja intervenção pedagógica foi baseada em uma metodologia  que levou em consideração se a criança sabia estabelecer relações entre a figura, palavra  impressa e pronúncia e a nomeação da figura. Assim, a intervenção foi realizada por meio  da seleção de 18 palavras, às quais foram divididas em duas unidades, cada uma contendo  três blocos de três palavras.  

Segundo Millan e Postalli (2019), as palavras e figuras foram organizadas com  base no modelo pedagógico do multimodelo, onde a sua disposição era reorganizada de  forma aleatória a cada tentativa de acerto de nomeação da figura. Para isso, Millan e  Postalli (2019) afirmaram que a pesquisadora apresentou em um primeiro momento,  apenas as figuras, cobrindo as palavras que a nomeiam com um EVA preto. O objetivo  pedagógico, segundo as autoras (2019) era analisar se a criança saberia associar as figuras  às nomeações a elas decorrentes, mesmo sem ter as palavras impressas ao lado. Assim,  Millan e Postalli (2019) relatam que a pesquisadora apontava para a figura, questionando  ao aluno o nome do objeto representado pela imagem, caso o aluno respondesse  corretamente, era elogiado, se os alunos respondessem de forma incorreta, a pesquisa a corrigia e se não respondessem, perguntava às crianças como era o nome daquele objeto  e em seguida dava a resposta.  

Em uma segunda etapa da observação participante, Millan e Postalli (2019) relata  que foram mostradas às crianças, as figuras e as palavras impressas que as nomeava para  que pudesse associá-las e posteriormente os vocábulos próximos às figuras foram  cobertos e foi solicitado que as crianças relacionassem cada figura à uma lista de palavras  postas ao lado das figuras. De acordo com as autoras (2019) todo esse procedimento foi  realizado em um único dia, sendo repetido com a segunda unidade de palavras. Como  resultados, Millan e Postalli (2019) afirma que as crianças obtiveram um aumento  significativo de acertos entre as duas intervenções pedagógicas, fato que pode ser  observado como um ponto positivo com relação à metodologia usada nas práticas  pedagógicas de ensino à leitura para alunos com autismo. 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A humanidade convive em sociedade desde os tempos mais remotos e isso  repercutiu na necessidade de convivência com a diversidade, tendo em vista que os seres  humanos são distintos entre si. Contudo, a própria forma de organização social  influenciou na percepção estabelecida socialmente em relação à diferença. Sob esse  aspecto, cada sociedade ao longo da história construiu uma percepção em relação à pessoa  com deficiência, segundo as ideias que tinham sobre a normalidade e anormalidade  inerentes aos aspectos físicos e intelectuais das pessoas. 

Sobre a educação inclusiva e a necessidade de orientação pedagógica que conduza  a comunidade escolar para a adoção de estratégias que promovam o êxito de  aprendizagem do aluno com deficiência no contexto do ensino regular, Diniz et al. (2009)  menciona a elaboração do relatório de Warnok que embora tenha sido escrito para o  contexto escolar internacional serve como exemplo de uma metodologia que favorece a  avaliação diagnóstica e o conhecimento aprofundado sobre as características da  deficiência. Apesar da relevância do documento citado, o que permanece na atualidade é  a incerteza de como trabalhar com alunos com deficiência no ensino regular e  especialmente com alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), tendo como objeto  de pesquisa, artigos científicos publicados na Revista Brasileira de Educação Especial  que aborde a temática supracitada.

No presente estudo, foram analisados dois artigos de pesquisa contendo relatos de  experiência de professoras e as metodologias empregadas na educação básica, sendo o  primeiro relato descrito com base na observação das pesquisadoras uma docente que  leciona no ensino fundamental – anos finais e o segundo relato, a experiência vivenciada  na observação participante de uma das pesquisadoras do artigo como método de  alfabetização realizado com duas crianças com autismo.  

Percebemos, por meio das leituras de ambos os artigos, que no artigo Estudo de  Caso sobre Atividades Desenvolvidas para um Aluno com Autismo no Ensino  Fundamental I.de Aporta e Lacerda (2018) que a docente demonstrou dificuldades no  início do não letivo por pensar que o aluno teria dificuldades em aprender, fato que  demonstra uma realidade ainda comum nas vivências do professor da sala regular no que  se refere à educação inclusiva. Contudo, com o passar do tempo, a docente percebeu que  o aluno socializava-se com os demais e por isso pensou em concentrar a sua prática  educativa apenas na socialização, sem um ensino eficiente para a aprendizagem da  alfabetização, prática pedagógica ainda recorrente inclusive na prática pedagógica da  professora de AEE e que inviabiliza uma aprendizagem efetiva dos alunos com  deficiência, fugindo ao propósito para a educação para a cidadania. Posteriormente, a  docente percebeu que era possível que aquele aluno aprendesse e começou a criar  estratégias de adequação na elaboração das atividades. 

No que se refere ao artigo Ensino de habilidades rudimentares de leitura para  Alunos com Autismo. de Millan e Postalli (2019), o relato, consistiu na intervenção  pedagógica de uma das pesquisadoras com duas crianças com autismo no contexto da  alfabetização, sendo a atividade aplicada por meio de estímulos visuais que envolviam a figura, palavra escrita e a pronúncia por meio de duas unidades pedagógicas constituídas  por 18 vocábulos aleatórios e realizadas em dois momentos distintos, constatando-se  aumentos nos índices de acerto entre uma e outra atividade realizada.  

Dessa forma, o que podemos observar, sobretudo por meio das atitudes da  primeira docente é a exemplificação de algo que ainda persiste no contexto escolar: a  insegurança por parte do docente em ensinar alunos com deficiência. Por outro lado, por  meio da análise do segundo artigo, podemos compreender que tanto a criança com  deficiência quanto àquele que não possui deficiência pode aprender, desde que seja  estimulada à aprendizagem.

6. REFERÊNCIAS: 

APORTA, Ana Paula; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa. (2018). Estudo de Caso  sobre Atividades Desenvolvidas para um Aluno com Autismo no Ensino Fundamental I. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 24(1), p. 45-58, março de 2018.  Disponível em: v24n12018.indd (scielo.br) 

Diniz, Debora.; Barbosa, Lívia.; Santos, Wederson Rufino. (2009). Deficiência, Direitos  Humanos e Justiça. Revista Internacional de Direitos Humanos, Brasília, v. 6, n11, p.  64-77, dez. 2009. Disponível em: SUR_11_MIOLO_PORTUGUES.indd (scielo.br) 

FONSECA, João José Saraiva da. (2002). Metodologia da pesquisa científica. Ceará,  Brasil: Universidade Estadual do Ceará. Recuperado de Apostila de metodologia da  pesquisa científica – Google Livros 

FRANÇA, Tiago Henrique. A normalidade: uma breve introdução à história social da  deficiência. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, [s. l], v. 6, n. 11, p.  105-123, jul. 2014. Disponível em: file:///C:/Users/fonse/Downloads/10550- Texto%20do%20artigo-30828-1-10-20150605%20(2).pdf. Acesso em: 12 mar. 2023. 

Meireles-Coelho, C.; Izquierdo, T.; Santos, C. (2007). Educação para todos e sucesso de  cada um: do Relatório Warnock à Declaração de Salamanca. J. M. Sousa (Org.). Actas  do IX Congresso da SPCE: Educação para o sucesso: políticas e actores. vol. 2.  Universidade da Madeira, 26 a 28 de abril de 2007. (Porto): SPCE, 178-189.  Recuperado de 2007 (core.ac.uk) 

Prudêncio, K. (2011). Metodologia da pesquisa. Rio Grande do Norte, Brasil: Escola de  Governo. Recuperado de 116937653-Material-EAD-libre.pdf (d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net) 

MILLAN, Ana Elisa; POSTALLI, Lídia Maria Marson. (2019). Ensino de habilidades  rudimentares de leitura para Alunos com Autismo. Revista Brasileira de Educação  Especial, Bauru, v. 25(1), p. 133-154, março de 2019. Disponível em: v25,n1,2019.indd  (scielo.br)

Moises, Ronaldo Rodrigues; Stockmann, Daniel. (2020). A pessoa com deficiência no  curso da história: aspectos sociais, culturais e políticos. History of Education in Latin  America – HistELA, v. 3, 2020, p. 1-17.Disponível em: olivia,+1.+HistELA+- +Ronaldo+-+20780.pdf


1Mestranda em Educação com especialização em TIC na educação pela Universidad Internacional  Iberoamericana – UNINI-México

2Mestranda em Educação com especialização em TIC na educação pela Universidad Europea del Atlántico  – UNEATLANTICO

3Mestranda em Educação com especialização em Formação de professores pela Universidad Europea del  Atlántico – UNEATLANTICO

4Mestranda em Educação com especialização em TIC na educação pela Universidad Internacional  Iberoamericana – UNINI-México

5Mestranda em Educação com especialização em TIC na educação pela Universidad Europea del Atlántico  – UNEATLANTICO

6Mestranda em Educação com especialização em Formação de professores pela Universidad Europea del  Atlántico – UNEATLANTICO

7Mestrando em Educação com especialização em Formação de professores pela Universidad Internacional  Iberoamericana – UNIB

8Mestranda em Educação com especialização em Formação de professores pela Universidad Europea del  Atlántico – UNEATLANTICO

9Mestranda em Educação com especialização em Formação de professores pela Universidad Europea del  Atlántico – UNEATLANTICO

10Mestranda em Educação com especialização em Formação de professores pela Universidad Internacional  Iberoamericana – UNIB