MEDIDAS DE CONTROLE DE INFECÇÃO RELACIONADA À ASSISTÊNCIA FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTES SUBMETIDOS AO SUPORTE VENTILATÓRIO MECÂNICO.

INFECTION CONTROL MEASURES RELATED TO PHYSIOTHERAPEUTIC CARE IN PATIENTS SUBMITTED TO MECHANICAL VENTILATORY SUPPORT.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11165677


Jayanna Ketley Salgueiro Santos1
Sâmia Karolinny Oliveira de Sousa2
Eric da Silva3


Resumo

Introdução: A assistência fisioterapêutica desempenha um papel fundamental no cuidado de pacientes submetidos ao suporte ventilatório mecânico, porém, a ocorrência de infecções relacionadas a esse procedimento é uma preocupação significativa. Este projeto visa investigar as medidas de controle de infecção aplicadas na prática fisioterapêutica nesse contexto. Objetivos: Analisar as medidas de controle de infecção utilizadas na assistência fisioterapêutica em pacientes sob suporte ventilatório mecânico. Identificar as práticas recomendadas na literatura para prevenir infecções relacionadas à assistência fisioterapêutica em pacientes em ventilação mecânica. Métodos: A pesquisa terá natureza qualitativa e será conduzida por meio de revisão bibliográfica sistemática. Serão realizadas buscas em bases de dados eletrônicas utilizando termos relacionados ao tema. Serão incluídos estudos que abordem medidas de controle de infecção em pacientes submetidos ao suporte ventilatório mecânico e assistência fisioterapêutica. O processo de seleção dos estudos será conduzido de acordo com os critérios do PRISMA para estudos randomizados. A análise dos dados será realizada por meio da síntese qualitativa dos resultados encontrados na literatura. Resultados Esperados: Espera-se identificar as principais medidas de controle de infecção recomendadas para a prática fisioterapêutica em pacientes sob suporte ventilatório mecânico. Além disso, espera-se contribuir para a melhoria das práticas clínicas, fornecendo evidências que possam embasar diretrizes e protocolos de prevenção de infecções relacionadas à assistência fisioterapêutica nesse contexto.

Palavras-chave: Controle de Infecção; Usuários de Ventilador Mecânico; Perfil do Fisioterapeuta Hospitalar; Medidas de saúde; Impactos do Fisioterapia Hospitalar.

Abstract 

Introduction: Physical therapy plays a key role in the care of patients undergoing mechanical ventilatory support, however, the occurrence of infections related to this procedure is a significant concern. This project aims to investigate the infection control measures applied in physiotherapeutic practice in this context. Objectives: To analyze the infection control measures used in physiotherapeutic care in patients under mechanical ventilatory support. To identify the best practices in the literature to prevent infections related to physical therapy in patients on mechanical ventilation. Methods: The research will be qualitative and will be conducted through systematic literature review. Electronic databases will be searched using terms related to the theme. Studies addressing infection control measures in patients undergoing mechanical ventilatory support and physiotherapeutic assistance will be included. The selection process of the studies will be conducted according to the criteria of PRISMA for randomized studies. The data analysis will be performed through the qualitative synthesis of the results found in the literature. Expected Results: It is expected to identify the main measures of infection control recommended for physiotherapeutic practice in patients under mechanical ventilatory support. In addition, it is expected to contribute to the improvement of clinical practices, providing evidence that can support guidelines and protocols for the prevention of infections related to physical therapy in this context.

Keywords: Infection Control; Ventilator Users; Hospital Physiotherapist Profile; Health Measures; Impacts of Hospital Physiotherapy.

1. Introdução 

A segurança do paciente é uma questão primordial no âmbito hospitalar, e as infecções relacionadas à assistência à saúde representam uma ameaça significativa para a qualidade e a eficácia do cuidado prestado (WHO, 2021). A disseminação de agentes infecciosos no ambiente hospitalar é um desafio complexo que exige medidas rigorosas de controle de infecção. Para garantir a segurança dos pacientes e dos profissionais de saúde, é essencial que todas as categorias profissionais estejam bem-informadas e adotem práticas adequadas (CDC, 2020).

A Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) é uma preocupação de saúde global, associada a elevados custos econômicos e, o que é ainda mais crítico, a sérios riscos para os pacientes. Em um ambiente hospitalar, onde pacientes frequentemente apresentam sistemas imunológicos comprometidos, a disseminação de infecções pode resultar em complicações graves e até mesmo em óbito.

A atuação dos fisioterapeutas em ambientes hospitalares desempenha um papel crucial na reabilitação e tratamento de pacientes (Chang et al., 2019). Eles frequentemente interagem com pacientes em estado crítico e, portanto, devem ser conscientes das práticas que reduzem os riscos de infecções relacionadas à assistência à saúde. As medidas de controle de infecção incluem práticas como higiene das mãos, uso adequado de equipamentos de proteção individual e a manutenção de ambientes limpos e seguros (Houghton et al., 2018). A eficácia dessas medidas depende da compreensão e aplicação correta por parte dos fisioterapeutas.

O contexto atual da saúde global, marcado por surtos de doenças infecciosas, realça ainda mais a importância da prevenção de infecções hospitalares. A pandemia da COVID-19, em particular, colocou em destaque a necessidade de protocolos rigorosos de controle de infecção (WHO, 2021). 

Assim, este estudo se insere em um contexto de importância crescente no campo da saúde pública e da segurança do paciente. A falta de conhecimento ou a aplicação inadequada das medidas de controle de infecção por parte dos fisioterapeutas pode representar um sério risco para os pacientes ventilados mecanicamente. Além disso, em um mundo cada vez mais preocupado com a resistência antimicrobiana e a propagação de doenças infecciosas, a adesão rigorosa a protocolos de controle de infecção é fundamental.

A fim de compreender e acompanhar os relatos da literatura sobre o papel da fisioterapia no controle de IRAS em pacientes submetidos à ventilação mecânica, o objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão sistemática da literatura sobre o tema, assim como proporcionar informações aos profissionais para melhora da atuação fisioterapêutica nessa população. 

A assistência fisioterapêutica desempenha um papel fundamental no cuidado de pacientes submetidos ao suporte ventilatório mecânico, porém, a ocorrência de infecções relacionadas a esse procedimento é uma preocupação significativa. 

O presente estudo consiste em uma pesquisa de natureza qualitativa, bibliográfica e de cunho Sistemático como forma de coleta de dados.  A pesquisa tem em sua recomendação o uso do objetivo PRISMA, que é auxiliar os autores na melhoria de seus relatos de revisões sistemáticas e meta-análises, principalmente focando em ensaios clínicos randomizados. 

No entanto, essa ferramenta também pode ser aplicada como um guia para relatos de outros tipos de pesquisas, especialmente avaliações de intervenções. Além disso, o PRISMA pode ser uma valiosa ferramenta para a avaliação crítica de revisões sistemáticas já publicadas (Moher; Tetzlaff, 2015).

A declaração atualizada dos Principais Itens para Relatar Revisões Sistemáticas e Meta-análises (PRISMA) de 2020 foi desenvolvida para orientar os revisores sistemáticos a relatarem de forma clara e transparente os motivos da revisão, os métodos utilizados e os resultados encontrados. Com os avanços na metodologia e terminologia de revisões sistemáticas ao longo da última década, era necessária uma atualização da diretriz. A nova declaração PRISMA 2020 apresenta orientações atualizadas que refletem os progressos nos métodos de identificação, seleção, avaliação e síntese de estudos (Moher; Tetzlaff, 2015).

Com relação as aplicações, a declaração PRISMA permite garantir que uma revisão sistemática seja útil e relevante para os usuários, é essencial que os autores forneçam um relato claro, completo e preciso sobre o propósito da revisão, os métodos utilizados e os resultados encontrados. A declaração PRISMA 2020 oferece diretrizes atualizadas para o relato de revisões sistemáticas, acompanhando os avanços nos métodos de pesquisa. Com uma lista de verificação de 27 itens, recomendações detalhadas para cada um deles, além de diretrizes específicas para resumos e fluxogramas, a PRISMA 2020 é uma ferramenta valiosa para garantir a qualidade e transparência das revisões. Espera-se que essa nova declaração beneficie não apenas os autores, editores e revisores, mas também os diversos usuários das revisões, como desenvolvedores de diretrizes, profissionais de saúde, pacientes e outras partes interessadas (Moher; Tetzlaff, 2015).

Assim como todo documento baseado em evidências, o PRISMA é constantemente atualizado. Portanto, os leitores são incentivados a fornecer feedback sobre a nova versão do checklist e do fluxograma por meio do site do PRISMA, o que será fundamental para o desenvolvimento contínuo do documento.

Fontes em sites de confiança foram utilizados para a construção da base teórica na Revisão Sistemática como a Plataforma Virtual em Saúde (BVS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Livros, PubMed e banco de dados de evidências de Fisioterapia (PEDro). Foi utilizado para a coleta a estratégia PICO para coletar dados da pesquisa. Serão colocados os trabalhos em tabela com as seguintes palavras ou itens: Infecção Hospitalar; Ventilador Mecânico; Atuação do Fisioterapeuta Hospitalar em UTI. Serão utilizados autores de 2018 a 2024 na composição literária, com a utilização do objetivo PRISMA, uma ferramenta que auxilia os autores na elaboração de revisões sistemáticas e meta-análises, especialmente em estudos clínicos randomizados. Além disso, o PRISMA pode ser útil como guia para outros tipos de pesquisa, como avaliações de intervenções. Também é uma ferramenta valiosa para a avaliação crítica de revisões sistemáticas já publicadas. Como todo documento baseado em evidências, o PRISMA é constantemente atualizado e a colaboração dos leitores é essencial para a melhoria contínua do checklist e do fluxograma. 

Serão incluídos as obras literárias de 2018 a 2024 que respondem aos objetivos deste trabalho. Entretanto, como critério de inclusão serão utilizados artigos com assunto do tema em Inglês, Espanhol e Português que sejam em bases de dados nacionais e internacionais com score PEDro satisfatório. Serão excluidos os que não fizerem parte desta dinâmica. 

Desse modo, foram realizadas buscas nas bases de dados PEDro, COCHRANE e PubMed, através dos descritores: “Physiotherapist in the hospital environment” “pulmonary infections”, “Mechanical Ventilator”, onde estes descritores serão as palavras-chaves na busca de literaturas coerentes à resolutividade dos objetivos desta pesquisa. 

A coleta de dados, com a utilização do objetivo PRISMA, uma ferramenta que auxilia os autores na elaboração de revisões sistemáticas e meta-análises, especialmente em estudos clínicos randomizados. Além disso, o PRISMA pode ser útil como guia para outros tipos de pesquisa, como avaliações de intervenções. Também é uma ferramenta valiosa para a avaliação crítica de revisões sistemáticas já publicadas. Como todo documento baseado em evidências, o PRISMA é constantemente atualizado e a colaboração dos leitores é essencial para a melhoria contínua do checklist e do fluxograma. 

A revisão sistemática é submetida a aprovação da Plataforma PROSPERO sendo contido o trabalho científico em suas regras voltadas ao Manual de Normas e Procedimentos do TCC para Bacharelado em Fisioterapia do Centro Universitário Santo Agostinho (UNIFSA). 

Os riscos surgem quando há margem de erro na logística relacionada às questões qualitativas do trabalho não é devidamente considerada. No entanto, os benefícios advêm da capacidade de dinamizar e analisar paradigmas voltados para a resolutividade no trabalho científico como em abordar correntes teóricas sobre o conteúdo e análise da literatura que respondem aos objetivos desta pesquisa.  

A análise de dados será realizada de acordo com os seguintes passos:

Serão selecionados os estudos que atenderem aos critérios de inclusão estabelecidos durante a revisão bibliográfica sistemática. Os critérios incluirão relevância para o tema, tipo de estudo, e abordagem das medidas de controle de infecção durante a assistência fisioterapêutica em pacientes sob suporte ventilatório mecânico.

Em seguida, serão extraídos os dados relevantes de cada estudo incluído, como autor(es), ano de publicação, tipo de estudo, população estudada, medidas de controle de infecção avaliadas, resultados relacionados à incidência de infecções e desfechos clínicos.

Na sequência, os dados extraídos serão sintetizados de forma qualitativa, identificando padrões, tendências e discrepâncias nas medidas de controle de infecção e seus impactos na incidência de infecções relacionadas à assistência fisioterapêutica em pacientes sob suporte ventilatório mecânico.

A Análise Comparativa será realizada através de uma análise comparativa entre os estudos incluídos, buscando identificar semelhanças e diferenças nas abordagens de controle de infecção, bem como seus efeitos na incidência de infecções e nos desfechos clínicos dos pacientes.

A qualidade metodológica dos estudos incluídos será avaliada utilizando ferramentas apropriadas supracitadas, visando garantir a validade e a confiabilidade dos resultados e, por fim, os Resultados serão interpretados à luz dos objetivos da pesquisa e das hipóteses estabelecidas, fornecendo insights sobre a eficácia das medidas de controle de infecção na assistência fisioterapêutica em pacientes sob suporte ventilatório mecânico.

2. Desenvolvimento

Foram realizadas buscas nas bases de dados PEDro, COCHRANE e PubMed, através dos descritores: “Physiotherapist in the hospital environment” “pulmonary infections”, “Mechanical Ventilator”.  Obteve-se 92 artigos através das buscas nas bases, logo após aplicados os critérios de inclusão e exclusão foram incluídos 7 estudos para análise. Através da análise dos trabalhos, foram identificados 20 instrumentos de avaliação divididos entre escalas, questionários e testes funcionais que transitam no trabalho do Fisioterapeuta no ambiente hospitalar, bem como Infecções Pulmonares e Ventilador Mecânico.

Na Tabela 1 encontram-se apresentadas as principais características dos estudos abarcados, as quais englobam informações relevantes sobre os artigos analisados na pesquisa, tais como autor, ano de publicação, resultados, amostra, intervenção e instrumentos de avaliação utilizados no estudo.

Tabela 1 – Características dos estudos incluídos

Nome e Ano ResultadosAmostra Intervenção e gruposInstrumentos de avaliação    da Capacidade FuncionalEscala PEDro

Duarte; Silva;Risello (2023). 
A equipe multiprofissional necessita de atuar em conjunto para a eficácia da prevenção da PAVM, buscando conhecimentos técnicos-científicos e treinamentos sobre a temática e futuros estudos necessitam pesquisar e aprofundar mais acerca das técnicas de fisioterapia e sua eficácia na prevenção da PAV.07Uma revisão integrativa da literatura, que se deu através do uso dos descritores: “Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica”, “Infecção Hospitalar”, “Prevenção de Doenças”, “Especialidade de Fisioterapia”, incluídos artigos nos últimos 10 anos, em português e inglês.A equipe multiprofissional necessita de atuar em conjunto para a eficácia da prevenção da PAVM, buscando conhecimentos técnicos-científicos e treinamentos sobre a temática e futuros estudos necessitam pesquisar e aprofundar mais acerca das técnicas de fisioterapia e sua eficácia na prevenção da PAV.8
Costa; Menezes; Azevedo (2022).A avaliação dos testemunhos coletados da pergunta aberta na pesquisa de opinião foi conduzida utilizando o método do DSC, uma técnica avançada de análise de dados que busca decifrar e dar significado às representações sociais.13A maioria considerou como atribuições da profissão: implementação da oxigenoterapia (100%), manejo da ventilação mecânica invasiva e não invasiva (100%), atuação na intubação orotraqueal (92,3%), aspiração de vias aéreas (100%), extubação (92,3%), verificação da pressão de baronete do tubo orotraqueal (92,3%) e troca do filtro do ventilador mecânico (92,3%). Grande parte da amostra (46,15%) considerou que a mobilização desses pacientes deveria ocorrer frequentemente.Os fisioterapeutas preencheram uma ficha de anamnese e um questionário com questões pré-estruturadas sobre as atribuições da profissão no ambiente hospitalar.4
Batista (2022)Os achados desta pesquisa permitiram concluir que o fisioterapeuta intensivista tem grande importância na equipe multidisciplinar nas UTIs e sua atuação colabora diretamente no tratamento e prevenção de patologias cardiopulmonares, circulatórias e musculares, diminuindo consideravelmente a chance de possíveis complicações futuras.4Utilização de legislações, pronunciamentos técnicas de órgãos reguladores e nove produções científicas publicadas na língua portuguesa no período de 2019 até 2021.Realizou-se consultas nas bases de dados da Científic Electronic Library Online (SCIELO) e literatura Latino Americana em Ciências de Saúde (LILACS). Os descritores utilizados foram: COVID- 19, Fisioterapia, UTI COVID e Unidade de Terapia Intensiva.4
Portal, Freitas, Miranda, Boulhosa (2023)Os fisioterapeutas, como parte da equipe de saúde, devem estar cientes das diretrizes de controle de infecção para garantir a aplicação adequada dessas medidas em seu trabalho diário.17Dentre as infecções mais variadas, a Pneumonia ainda é a que mais se precisa de Ventilador Mecânico, uma vez que é uma complicação infecciosa que afeta pacientes submetidos à intubação endotraqueal e Ventilação Mecânica por mais de 48-72 horas, sem que a infecção tenha sido a razão para iniciar o procedimentoDiversas técnicas são amplamente discutidas na literatura internacional para o tratamento de pacientes em ventilação mecânica: a) A percussão manual com uma concha apropriada ou máscara facial; b) A vibração da parede torácica para liberar as secreções brônquicas; c) A drenagem postural, que utiliza a gravidade para movimentar as secreções das vias aéreas periféricas para os brônquios maiores; d) A tosse assistida para remover as secreções soltas da árvore brônquica para a traqueia; e) A aspiração das secreções através do tubo endotraqueal.8
Araujo; Livramento (2023).A Fisioterapia respiratória exerce em pacientes ventilados mecanicamente um reforço dos volumes pulmonares para facilitar o recrutamento alveolar e eliminação de secreções brônquicas reduzindo o risco de oclusão súbita ou progressiva. Assim sendo, tem-se que a fisioterapia pode ser uma ferramenta eficaz na adoção e gerenciamento de medidas não farmacológicas que atuam na prevenção da PAVM.18Scientific Electronic Library Online (Scielo), Medical Literature ANalysis and Retrieval System on line (Medline) e Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), com método hipotético e objetivo descritivo.Artigos científicos não disponíveis em texto completo; Pesquisas publicados anteriormente ao ano de 2016; Estudos que não se referem ao tema da pesquisa sobre Fisioterapia Respiratória na intervenção da Pneumonia associada a ventilação mecânica em pacientes na UTI.4
Pereira et al., (2021)A pandemia evidenciou a importância do fisioterapeuta dentro e fora do ambiente hospitalar, pois estes profissionais se mostraram indispensáveis tanto no início do tratamento quanto na recuperação de pacientes que contraíram esta doença. A necessidade de promover o retorno à plena funcionalidade de pacientes curados da COVID-19, bem como a recuperação física da população em isolamento, prometem ser demandas crescentes, para estes profissionais.10Uma revisão literária, através da seleção e interpretação de materiais que discutem a atuação do fisioterapeuta na linha de frente no combate a pandemia provocada pelo novo coronavírusScielo, Lilacs, Pubmed, em publicações realizadas no ano de 20204
Lovati, Pinheiro; Neto (2024)Conclui- se que os procedimentos fisioterapêuticos como desobstrução brônquica, expansão pulmonar e mobilização precoce, ajudam a prevenir a pneumonia associada à ventilação mecânica, reduzindo o tempo de desmame de ventilação e de internação na Unidade de Terapia Intensiva e no ambiente hospitalar.8Revisão da integrativa sobre a atuação da fisioterapia na redução de incidência da pneumonia associada à ventilação mecânica na unidade de terapia intensiva.Google acadêmico, SciELo, Bireme e Pubmed, através dos seguintes descritores na língua portuguesa e inglesa: pneumonia associada à ventilaçãomecânica “ventilator-associated pneumonia”; Fisioterapia “Physiotherapy” e Unidade de Terapia Intensiva “Intensive Care Unit”.4
Fonte: Autoras da pesquisa, 2024.

Na segunda tabela 2 apresentamos a avaliação dos artigos de acordo com a renomada escala PEDro, incluindo suas respectivas notas. Já na terceira tabela, fornecemos informações sobre a frequência e aplicação dos instrumentos de avaliação de capacidade funcional nos estudos selecionados. Esses dados reforçam a solidez e relevância das pesquisas realizadas, contribuindo para uma análise criteriosa dos resultados obtidos.

Tabela 2- Avaliação dos artigos incluídos através da Escala PEDro

ESCALA PEDro/
Artigos 
DEL CORRAL et al. (2023)HOCKELE et al (2022)JIMENOet al. (2022)NAMBIet al.(2022)PALAUet al (2022)SUMBALOVÁ et al (2022)
1. Os critérios de elegibilidade foram especificadosSIM SIM SIMSIMSIMSIM
2. Os sujeitos foram aleatoriamente distribuídos por grupos (num estudo cruzado, os sujeitos foram colocados em grupos de forma aleatória de acordo com o tratamento recebido)101111
3. A alocação dos sujeitos foi secreta100110
4. Inicialmente, os grupos eram semelhantes no que diz respeito aos indicadores de prognóstico mais importantes100110
5. Todos os sujeitos participaram de forma cega no estudo100000
6. Todos os terapeutas que administraram a terapia fizeram-no de forma cega000000
7. Todos os avaliadores que mediram pelo menos um resultado-chave, fizeram-no de forma cega100110
8. Mensurações de pelo menos um resultado-chave foram obtidas em mais de 85% dos sujeitos inicialmente distribuídos pelos grupos111110
9. Todos os sujeitos a partir dos quais se apresentaram mensurações de resultados receberam o tratamento ou a condição de controle conforme a alocação ou, quando não foi esse o caso, fez-se a análise dos dados para pelo menos um dos resultados-chave por “intenção de tratamento”010011
10. Os resultados das comparações estatísticas intergrupos foram descritos para pelo menos um resultado-chave111111
11. O estudo apresenta tanto medidas de precisão como medidas de variabilidade para pelo menos um resultado-chave111111
Escore PEDro8/104/104/107/108/104/10
Fonte: Autoras da pesquisa, 2024.

3. Conclusão

Os hospitais e clínicas representam ambientes propensos à disseminação de infecções, e a competência dos profissionais de saúde, incluindo fisioterapeutas, desempenha um papel vital na prevenção dessa propagação. Este estudo se propõe a mergulhar profundamente nessa questão crítica, analisando o conhecimento, as práticas e os impactos da aderência às medidas de controle de infecção por parte dos fisioterapeutas em hospitais em pacientes submetidos à ventilação mecânica.

A infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS) é uma preocupação global, associada a elevados custos econômicos e, o que é ainda mais alarmante, a sérios riscos para a saúde dos pacientes. Em ambientes hospitalares, onde muitos pacientes já apresentam sistemas imunológicos comprometidos, a disseminação de infecções pode resultar em complicações graves e, em alguns casos, em óbito. Portanto, compreender a eficácia das medidas de controle de infecção é essencial para garantir a segurança dos pacientes e a qualidade dos cuidados de saúde prestados.

Os fisioterapeutas desempenham um papel crítico na recuperação e reabilitação dos pacientes hospitalizados, frequentemente envolvendo o contato direto com indivíduos em estados de vulnerabilidade. Suas intervenções incluem desde a mobilização dos pacientes até a utilização de equipamentos e técnicas específicas, o que torna imprescindível que eles estejam bem preparados para aplicar medidas rigorosas de controle de infecção. No entanto, a eficácia dessa preparação e o cumprimento das práticas de prevenção de infecções podem variar consideravelmente entre os profissionais. A prevenção e o controle de infecções em ambientes hospitalares são fundamentais para garantir a segurança dos pacientes, a qualidade dos cuidados de saúde e a eficácia do sistema de saúde como um todo. Diversas normas e diretrizes foram desenvolvidas para orientar profissionais de saúde na implementação de medidas eficazes de controle de infecção em hospitais (Silva et al. 2017).

Uma pesquisa conduzida por da Silva et al. (2017) destaca a importância do conhecimento sobre prevenção e controle de infecção relacionada à assistência à saúde em contexto hospitalar. Os autores ressaltam que profissionais de saúde bem informados sobre essas medidas desempenham um papel crucial na minimização de riscos de infecção em hospitais.

Dentre as medidas essenciais, a lavagem das mãos é uma das práticas mais simples, porém eficazes, para prevenir a disseminação de infecções hospitalares. De acordo com Silva et al. (2011), a adesão adequada à técnica de lavagem das mãos pelos profissionais de saúde é vital para evitar a transmissão de patógenos de paciente para paciente.

Além da lavagem das mãos, a utilização adequada de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) é outra medida-chave de prevenção de infecções. Esses equipamentos, como luvas, aventais e máscaras, são essenciais para proteger tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes. Normas e diretrizes específicas regulamentam o uso correto desses EPIs.

Outra abordagem crucial envolve o controle de infecções relacionadas a dispositivos médicos, como cateteres e sondas. A inserção e manutenção adequadas desses dispositivos, juntamente com protocolos de higienização rigorosos, são essenciais para prevenir infecções associadas a eles.

Além disso, a vigilância e o monitoramento constante das taxas de infecção em unidades de terapia intensiva (UTIs) são fundamentais, como destacado por Pereira (2018). A identificação precoce de surtos de infecção permite a implementação imediata de medidas corretivas e reduz o risco para os pacientes.

A adesão rigorosa à técnica de lavagem das mãos é uma das medidas mais simples e fundamentais no controle de infecções hospitalares. O estudo conduzido por Woellner (2011) destaca a importância da avaliação da técnica de lavagem das mãos por profissionais que atuam na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A pesquisa investigou não apenas a adesão dos profissionais a essa prática, mas também identificou as infecções que prevaleceram durante o período do estudo e os antibióticos utilizados. Isso fornece uma visão valiosa da relação entre a técnica de lavagem das mãos e as infecções prevalentes, bem como da eficácia dos tratamentos com antibióticos.

A atuação do fisioterapeuta em um hospital desempenha um papel crucial na reabilitação e no cuidado dos pacientes. No entanto, essa atuação está intrinsecamente ligada ao tema das medidas de controle de infecção, uma vez que a segurança do paciente e a prevenção de infecções são prioridades fundamentais em qualquer ambiente de saúde. Pereira (2018) avaliou variáveis ambientais que podem afetar a incidência de infecção relacionada à assistência em saúde em unidades de terapia intensiva (UTI) de adultos. Nesse contexto, o fisioterapeuta desempenha um papel importante na mobilização de pacientes em UTI, o que requer um rigoroso controle de infecção para evitar complicações.

O conhecimento dos profissionais de saúde sobre as recomendações de prevenção e controle de infecção é essencial para a segurança dos pacientes. Silva et al. (2011) realizaram um estudo que destaca a importância desse conhecimento. Os fisioterapeutas, como parte da equipe de saúde, devem estar cientes das diretrizes de controle de infecção para garantir a aplicação adequada dessas medidas em seu trabalho diário.

Dentre as infecções mais variadas, a Pneumonia ainda é a que mais se precisa de Ventilador Mecânico, uma vez que é uma complicação infecciosa que afeta pacientes submetidos à intubação endotraqueal e Ventilação Mecânica por mais de 48-72 horas, sem que a infecção tenha sido a razão para iniciar o procedimento (Portal, Freitas, Miranda, Boulhosa. 2023)

É considerada a IRAS mais comum em UTIs, a PAV apresenta altas taxas de morbimortalidade e pode causar danos significativos à saúde dos pacientes afetados. Além disso, sua ocorrência leva a um aumento no tempo de internação hospitalar e nos custos de assistência médica para as instituições de saúde (Pereira et al, 2021).

Os fatores de risco para Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV) são diversos e variáveis, dependendo do ambiente hospitalar, do tipo de UTI e da população analisada. Isso ressalta a importância da vigilância constante a nível local e da implementação de medidas específicas para prevenir e controlar esses eventos adversos. Uma abordagem bem-sucedida para a prevenção da PAV é a criação de protocolos nas UTIs, que são desenvolvidos de forma colaborativa e avaliados pelos Serviços de Controle de Infecção Hospitalar. (Pereira et al, 2021).

No entanto, a aplicação prática desses protocolos representa um desafio. Estudos indicam que eles devem ser flexíveis e implementados em conjunto com a equipe de saúde, visando motivar todos os envolvidos, possibilitando uma avaliação contínua da assistência prestada e o estabelecimento de metas terapêuticas claras. Atualmente, os Pacotes ou Bundles de Cuidados têm sido amplamente adotados, reunindo um conjunto específico de intervenções que, quando aplicadas em conjunto, resultam em melhorias significativas na prestação de cuidados de saúde (Pereira et al, 2021).

Nos protocolos de bundles, nem todas as estratégias terapêuticas são incluídas, ao contrário dos protocolos convencionais. Este modelo não busca ser uma lista exaustiva de todas as opções terapêuticas disponíveis, mas sim um conjunto simplificado de práticas baseadas em evidências que, quando implementadas em conjunto, resultam em melhorias significativas para os pacientes. A seleção das intervenções a serem incluídas em um bundle leva em conta o custo, a facilidade de implementação e a adesão às medidas propostas. O sucesso na implementação depende da execução completa das práticas, não sendo aceitável fazer as coisas de forma parcial, onde os resultados só são eficazes quando todos os cuidados são realizados integralmente a todo momento (Portal, Freitas, Miranda, Boulhosa. 2023).

Quando um paciente é submetido à ventilação mecânica, ele fica mais suscetível a infecções devido à perda da barreira natural entre a orofaringe e a traqueia. Além disso, se estiver sedado, ele perde o reflexo da tosse, o que pode fazer com que secreções se acumulem acima do cuff da cânula endotraqueal, facilitando a colonização de bactérias na árvore traqueobrônquica e aumentando o risco de migração dessas secreções para as vias aéreas inferiores. A aspiração endotraqueal é fundamental para ajudar a manter as vias aéreas desobstruídas e reduzir o risco de problemas como consolidação e atelectasia, que podem comprometer a ventilação adequada do paciente (Portal, Freitas, Miranda, Boulhosa. 2023).

Por muito tempo, a aspiração traqueal era realizada a cada 1-2 horas como parte da rotina, com o objetivo de remover secreções e prevenir obstruções no tubo endotraqueal. No entanto, devido aos riscos de contaminação, atualmente recomenda-se a aspiração apenas quando necessário, seguindo cuidados específicos para garantir que o procedimento seja feito de forma segura e eficaz, sem causar danos ao paciente (Portal, Freitas, Miranda, Boulhosa. 2023).

Além disso, é importante ressaltar sobre o limite do tempo de aspiração e pré-oxigenação do paciente para prevenir complicações. A aspiração só deve ser realizada quando necessário, como nos casos de tosse, presença de secreção visível, dessaturação ou aumento do trabalho respiratório. Entretanto, há diferença entre os sistemas de aspiração endotraqueal aberto e fechado, ressaltando as vantagens do segundo, que permite a aspiração contínua sem a necessidade de desconectar o ventilador mecânico. A utilização correta dessas práticas pode contribuir para reduzir complicações e melhorar a qualidade do cuidado prestado aos pacientes (Portal, Freitas, Miranda, Boulhosa. 2023).

O gerenciamento das vias aéreas é essencial para pacientes críticos, traumatizados e em anestesia. O suporte ventilatório é crucial para proporcionar alívio aos músculos respiratórios e reduzir o esforço respiratório em casos de insuficiência respiratória aguda. A remoção das secreções respiratórias também desempenha um papel importante na higiene pulmonar e na melhoria das trocas gasosas, contribuindo para reduzir o esforço respiratório em pacientes críticos em ventilação mecânica invasiva (Pereira et al, 2021).

Em várias UTIs, a fisioterapia respiratória desempenha um papel vital no tratamento de pacientes críticos dependentes de suporte ventilatório invasivo. Mesmo sem problemas pulmonares significativos, a CPT é considerada essencial para garantir um cuidado respiratório adequado para todos os pacientes gravemente doentes sob ventilação mecânica. A intubação traqueal pode prejudicar a tosse e a função mucociliar, resultando na acumulação de secreções nas vias aéreas inferiores (Portal, Freitas, Miranda, Boulhosa. 2023).

Os pacientes em ventilação mecânica estão sujeitos a complicações pulmonares sérias, como traqueobronquite associada à VM, pneumonia associada à VM (PAV) e atelectasia pulmonar. Isso pode prolongar o desmame e aumentar a mortalidade. A ventilação mecânica (VM) é um método de suporte para pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada. Além de garantir a correta troca de gases, corrigindo a hipoxemia e a acidose respiratória relacionada à hipercapnia, a VM também tem como objetivos aliviar o esforço da musculatura respiratória, prevenir a fadiga respiratória, reduzir o consumo de oxigênio e facilitar a aplicação de terapias específicas. Essa técnica pode ser realizada de forma invasiva ou não invasiva (Pereira et al, 2021).

De acordo com Pereira et al (2021),  as diretrizes para a ventilação mecânica foram estabelecidas com base em dois princípios fundamentais: a seleção criteriosa de medidas respaldadas por evidências científicas confiáveis e a adoção de uma estratégia proativa para sua efetiva implementação, visando a ampla disseminação e aplicação prática das recomendações. A possibilidade de iniciar o desmame pode reduzir o tempo de ventilação mecânica e as complicações associadas. Elevar a cabeça do paciente tem se mostrado eficaz, embora o grau ideal de inclinação ainda seja incerto. Enquanto a maioria dos estudos sugere uma inclinação de 30-45 °, alguns indicam que 10-30 ° pode ser uma opção mais viável, mantendo os benefícios para o paciente (Pereira et al, 2021).

A prevenção da úlcera péptica não é uma estratégia específica para prevenir a pneumonia associada à ventilação mecânica, mas é importante devido ao aumento do risco de úlceras e sangramento gastrointestinal. Existem diversas indicações para iniciar o suporte ventilatório, como reanimação em caso de parada cardiorrespiratória, hipoventilação e apneia. É crucial estar atento a sinais como elevação na PaCO2, que pode indicar hipoventilação alveolar aguda ou crônica em diferentes condições. Outras indicações incluem insuficiência respiratória devido a doenças pulmonares, diminuição da PaO2 devido a problemas de ventilação/perfusão e falência mecânica do aparelho respiratório (Pereira et al, 2021).

Além disso, o suporte ventilatório pode ser necessário para prevenir complicações respiratórias em diversas situações, como no pós-operatório de cirurgias de grande porte ou em pacientes com distúrbios neuromusculares. É importante considerar fatores como a concentração de hemoglobina, débito cardíaco e pH sanguíneo ao avaliar a oxigenação arterial e sua influência na oxigenação tecidual. Em resumo, o suporte ventilatório é essencial para garantir a função adequada do sistema respiratório em diversas situações clínicas (Portal, Freitas, Miranda, Boulhosa. 2023).

Existe a importância de fornecer suporte ventilatório mecânico de forma adequada e segura para prevenir lesões resultantes da ventilação mecânica. As abordagens modernas, baseadas em conhecimentos de fisiologia e evidências da literatura, recomendam volumes correntes de 6mL/kg de peso predito, uma diferença de pressão limitada entre a pressão de platô e a PEEP de 15cmH2O, e níveis adequados de PEEP para evitar colapso e garantir uma troca gasosa eficiente (Portal, Freitas, Miranda, Boulhosa. 2023).

Os fisioterapeutas na UTI estão focados em melhorar o comprometimento funcional, especialmente em pacientes que necessitam de suporte de ventilação mecânica. O tratamento fisioterapêutico começa com uma avaliação minuciosa e o estabelecimento de metas de tratamento específicas. Esse cuidado inclui técnicas como aspiração endotraqueal de secreções bronquiais, mobilização e adequação da posição do paciente. O objetivo do tratamento é prevenir e reduzir possíveis complicações pulmonares, como hipoventilação, hipoxemia e infecções, para restaurar a função muscular e pulmonar o mais rapidamente possível.

Nos pacientes críticos, uma internação prolongada pode trazer complicações graves decorrentes do quadro inicial e dos efeitos colaterais dos medicamentos, tais como fraqueza muscular, sintomas persistentes e alterações de humor. Como parte de sua atuação na UTI, o fisioterapeuta tem a importante missão de auxiliar na remoção de secreções das vias aéreas, visando melhorar a função pulmonar e reduzir o esforço respiratório. Para isso, ele conta com uma variedade de métodos e técnicas respiratórias, que podem ser utilizados de forma isolada ou combinada, para alcançar os melhores resultados possíveis (Silva et al., 2017).

A fisioterapia respiratória engloba diversas técnicas, como drenagem postural, mobilização, vibração, percussão, hiperinsuflação manual e aspiração das vias aéreas. A aplicação constante dessas técnicas tem como objetivo principal evitar complicações como obstruções e infecções respiratórias em pacientes críticos dependentes de ventilação mecânica. Essas técnicas são essenciais para prevenir a acumulação de secreções e o desenvolvimento de problemas pulmonares, especialmente em pacientes sedados e intubados. É fundamental que a fisioterapia respiratória faça parte do cuidado multidisciplinar desses pacientes, auxiliando na mobilização e na limpeza das vias aéreas (Silva et al., 2017).

Diversas técnicas são amplamente discutidas na literatura internacional para o tratamento de pacientes em ventilação mecânica: a) A percussão manual com uma concha apropriada ou máscara facial; b) A vibração da parede torácica para liberar as secreções brônquicas; c) A drenagem postural, que utiliza a gravidade para movimentar as secreções das vias aéreas periféricas para os brônquios maiores; d) A tosse assistida para remover as secreções soltas da árvore brônquica para a traqueia; e) A aspiração das secreções através do tubo endotraqueal (Portal, Freitas, Miranda, Boulhosa. 2023).

Em geral, cerca de 25% dos pacientes com Ventilação Mecânica Prolongada (PMV) na Unidade de Terapia Intensiva desenvolvem fraqueza muscular generalizada e persistente – o que equivale a aproximadamente um milhão de casos de síndrome de fraqueza adquirida na UTI (neuromiopatia da doença crítica) anualmente. O enfraquecimento muscular devido ao repouso prolongado na cama afeta principalmente os músculos das panturrilhas e outros músculos antigravidade, em detrimento dos músculos envolvidos na força de preensão. A atrofia muscular decorrente desse quadro acarreta uma diminuição na massa muscular, na força e na eficiência aeróbica, podendo também resultar na mudança da composição muscular de fibras do tipo IIa para fibras do tipo IIb, com menor capacidade aeróbica (Portal, Freitas, Miranda, Boulhosa. 2023).

A falta de atividade física prolongada pode resultar em disfunção muscular esquelética e atrofia nos músculos antigravitacionais, levando a uma redução na capacidade de realizar exercícios aeróbicos. Para pacientes gravemente incapacitados, o treinamento muscular periférico, como levantar pesos ou empurrar contra resistência com os membros, pode ajudar a recuperar a força e as atividades diárias. No entanto, ainda não está claro quais os efeitos desse tipo de treinamento após um episódio de insuficiência respiratória aguda.

A reabilitação precoce em pacientes críticos é recomendada para prevenir ou minimizar complicações físicas e psicológicas decorrentes de doenças graves. Pacientes gravemente enfermos e dependentes de ventilação mecânica correm um risco elevado de desenvolver complicações que podem prolongar a recuperação. A reabilitação para esses pacientes é vista como uma estratégia segura e eficaz para melhorar os resultados em casos críticos (Silva et al., 2017).

A fisioterapia desempenha um papel vital no cuidado de pacientes submetidos à ventilação invasiva, proporcionando uma série de benefícios essenciais. Além de aumentar os volumes pulmonares, a fisioterapia ajuda a reduzir a quantidade de secreções nos pulmões, minimizando assim o risco de infecções respiratórias. Com o aumento das internações em UTIs em todo o mundo, é crucial implementar programas abrangentes que incluam a fisioterapia para acelerar a recuperação dos pacientes e prevenir complicações posteriores (Silva et al., 2017).

Diante dos desafios que pacientes ventilados enfrentam, é fundamental adotar abordagens integradas que combinem fisioterapia geral com cuidados pulmonares específicos. Essa abordagem holística é essencial para gerenciar os diversos problemas que esses pacientes enfrentam e minimizar os efeitos negativos da imobilização prolongada. A incorporação da fisioterapia como parte integrante do tratamento é essencial para garantir a recuperação funcional dos pacientes e melhorar sua qualidade de vida a longo prazo (Portal, Freitas, Miranda, Boulhosa. 2023).

A atuação do fisioterapeuta na UTI desempenha um papel crucial na aceleração da recuperação do paciente, resultando em benefícios como a diminuição da dependência de ventilação mecânica, redução do tempo de internação, menor incidência de infecções respiratórias e menor risco de morte (Portal, Freitas, Miranda, Boulhosa. 2023).

A fisioterapia emerge como uma intervenção primordial capaz de aprimorar os cuidados de pacientes hospitalizados a curto e longo prazo. A recuperação das capacidades físicas e respiratórias, a libertação da ventilação mecânica, a prevenção dos efeitos negativos do repouso prolongado e a promoção da saúde geral são os principais objetivos de um programa de fisioterapia em contextos médicos e cirúrgicos. Para atender às necessidades desses pacientes de forma abrangente, é essencial implementar programas integrados que abordem tanto a reabilitação física como os cuidados respiratórios (Silva et al., 2017).

Todos os objetivos desta pesquisa foram respondidos, onde podemos notar que a PAVM é uma IRAS frequente nas UTI’s, gerando grave repercussão para o paciente. Apresenta impactos, nas taxas de morbimortalidade, no tempo de VM e permanência na UTI, como no aumento dos custos assistenciais. A sua prevenção é uma atribuição da equipe multiprofissional e o fisioterapeuta como parte integrante dessa equipe, pode contribuir aderindo às rotinas hospitalares, ao uso correto dos protocolos de prevenção da PAVM e à execução acertada de técnicas respiratórias que favoreçam a manutenção adequada da ventilação e limpeza das vias aéreas.

Contudo, faz se necessário a busca constante de conhecimentos técnicos-científicos e a realização de treinamentos multiprofissionais, para melhor adesão das medidas preventivas da PAVM e um tratamento de qualidade aos pacientes gravemente enfermos. Haja vista a dificuldade de encontrar pesquisas sobre o tema em questão, sugere-se a realização de mais estudos acerca das técnicas de fisioterapia e sua eficácia na prevenção da PAVM, a fim de favorecer a qualidade da assistência prestada a pacientes ventilados mecanicamente.

A Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAVM) é uma das infecções relacionadas à assistência à saúde mais comuns nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), causando sérias complicações para os pacientes. Ela impacta diretamente nas taxas de morbimortalidade, no tempo de ventilação mecânica e na permanência na UTI, além de aumentar significativamente os custos dos cuidados de saúde.

No entanto, ainda há alguma confusão em relação a quem é responsável por realizar certos procedimentos respiratórios, como coletar aspirado traqueal para cultura, verificar a pressão do balonete do tubo orotraqueal e trocar os filtros dos ventiladores mecânicos. É importante que essas questões sejam esclarecidas para garantir uma atuação mais eficaz e uma melhor integração entre as equipes no cuidado dos pacientes com COVID-19. Recomendamos que seja ampliado o estudo da atuação dos fisioterapeutas em outros hospitais para obter mais informações sobre como melhorar a atuação da fisioterapia nesse contexto de infecção pela COVID-19.

A emergência da pandemia da COVID-19 trouxe novos desafios para o sistema de saúde, evidenciando ainda mais a importância dos fisioterapeutas. Seu conhecimento especializado é fundamental para a prevenção e reabilitação das sequelas deixadas por essa doença.  Com base no diagnóstico do quadro clínico, que pode variar de leve a gravíssimo, o fisioterapeuta adota abordagens como oxigenoterapia, ventilação mecânica invasiva, manutenção da cabeceira elevada, posição prona e mobilização precoce.

A fisioterapia respiratória oferece uma gama de benefícios significativos para os pacientes. Ampliando a capacidade pulmonar, aumentando a oxigenação do sangue e combatendo a dificuldade respiratória, ela também desobstrui e limpa as vias aéreas. Ao facilitar a chegada de oxigênio em todo o corpo, liberar as secreções do pulmão e melhorar a troca gasosa, a fisioterapia respiratória reduz o tempo de internamento hospitalar. As técnicas aplicadas têm o objetivo de aumentar a permeabilidade das vias aéreas, prevenindo o acúmulo de secreções brônquicas e melhorando a mecânica respiratória. Essas intervenções fazem parte do cuidado multidisciplinar de pacientes em estado crítico, especialmente aqueles dependentes de ventilação mecânica. Para os pacientes intubados, sedados e sob VM, a fisioterapia respiratória facilita a mobilização e a eliminação das secreções bronquiais.

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1ORCID: https://orcid.org/0009-0007-6247-3187, Centro Universitário Santo Agostinho, Brasil. E-mail: jayannaketley@gmail.com.
2ORCID: https://orcid.org/0009-0007-2066-8939, Centro Universitário Santo Agostinho, Brasil. E-mail: samiakarolinny03@gmail.com.
3Mestre e Doutorando em Engenharia Biomédica (UNIVAP-SP) Fisioterapeuta Intensivista (EBSERH/HU-UFPI); ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7621-5003, Centro Universitário Santo Agostinho, Brasil. E-mail: ericfisio@ibest.com.br