INTEGRAÇÃO ENTRE EXAMES LABORATORIAIS E PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS FACIAIS MINIMAMENTE INVASIVOS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

INTEGRATION BETWEEN LABORATORY TESTS AND MINI-MALLY INVASIVE FACIAL AESTHETIC PROCEDURES: AN IN-TEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202511161103


Cristiane Freitas da silva1; Camila Vitória Cavalcante paixão2; Renata Nayara bastos monteiro3; Karla Danyella Antunes e Silva4; Ms. Soraya Machado Nunes5


Resumo

A crescente demanda por procedimentos estéticos faciais minimamente invasivos destaca a necessidade de práticas seguras que considerem tanto os resultados estéticos quanto a saúde integral do paciente. Este estudo visa analisar a integração entre exames laboratoriais a esses procedimentos, enfatizando sua importância para a prática profissional estética. Este artigo consiste em uma revisão integrativa da literatura realizada a partir de estudos nacionais e internacionais, publicados entre 2018 e 2025, selecionados através de bases de dados científicos, como PubMed, Scielo, BVS, Periódicos CAPES e LILACS, e analisados conforme os critérios de inclusão e exclusão, além do método de Bardin. Os resultados corroboram que exames laboratoriais, como hemograma, coagulograma, testes de função hepática e renal, perfil lipídico e glicemia, são essenciais para avaliar o estado clínico do paciente, prevenindo complicações e garantindo maior eficácia nos procedimentos estéticos. A utilização regular desses exames possibilita decisões clínicas mais precisas, fortalece a segurança do paciente e reforça a credibilidade profissional. Desta maneira, a integração de exames laboratoriais a procedimentos estéticos faciais minimamente invasivos é essencial para qualificar a atuação de profissionais da estética, reduzir riscos e promover resultados seguros e eficazes.

Palavras-chave: Exames laboratoriais. Procedimentos Estéticos Faciais Minimamente Invasivos. Segurança do Paciente. Prática Biomédica. Integração Clínica.

Abstract

The growing demand for minimally invasive facial aesthetic procedures highlights the need for safe practices that consider both aesthetic outcomes and the patient’s overall health. This study aims to analyze the integration of laboratory tests into these procedures, emphasizing their importance for professional aesthetic practice. This article consists of an integrative literature review based on national and international studies published between 2018 and 2025, selected from scientific databases such as PubMed, Scielo, BVS, CAPES Journals, and LILACS, and analyzed according to inclusion and exclusion criteria, as well as Bardin’s method. The results confirm that laboratory tests such as complete blood count, coagulation profile, liver and kidney function tests, lipid profile, and blood glucose are essential to assess the patient’s clinical condition, prevent complications, and ensure greater effectiveness in aesthetic procedures. The regular use of these tests enables more accurate clinical decisions, strengthens patient safety, and reinforces professional credibility. Therefore, the integration of laboratory tests into minimally invasive facial aesthetic procedures is essential to enhance the performance of aesthetic professionals, reduce risks, and promote safe and effective results.

Keywords: Laboratory tests. Minimally invasive facial aesthetics procedures. Patient safety. Biomedical practice. Clinical integration.

1 INTRODUÇÃO

A busca por procedimentos estéticos tem crescido de forma expressiva, impulsionada por uma crescente valorização da aparência e do bem-estar pessoal. A oferta de tratamentos estéticos, que vão desde intervenções não invasivas, até procedimentos mais complexos e invasivos, tem se diversificado (SILVA, 2020). Com esse aumento na demanda, a segurança e a eficácia dos tratamentos tornam-se cada vez mais essenciais, uma vez que os profissionais da área lidam com o corpo e a saúde dos pacientes. Nesse cenário, a integração entre a estética e os exames laboratoriais assume um papel fundamental, visto que os exames podem identificar condições clínicas que impactam diretamente nos resultados e na segurança dos procedimentos estéticos (OLIVEIRA; FERREIRA, 2019).

A realização de exames laboratoriais antes de procedimentos estéticos é uma prática ainda pouco realizada na rotina dos profissionais de estética, apesar de sua relevância. Exames como hemograma, testes de função hepática e renal, dosagens hormonais, entre outros, fornecem informações cruciais sobre a saúde geral do paciente e podem prever potenciais complicações (MARTINS, 2018). Esses dados permitem que o profissional selecione o tratamento mais adequado ao estado de saúde do paciente, garantindo não só a eficácia do procedimento, mas também a prevenção de riscos que poderiam comprometer o sucesso do tratamento estético ou, mais grave, a saúde do paciente (SANTOS, 2021). A integração desses exames com as decisões estéticas tem, portanto, um impacto direto na prática clínica, na segurança e no bem-estar do paciente (GOMES; PEREIRA, 2020).

Embora a importância dos exames laboratoriais seja reconhecida na área médica, sua utilização na estética ainda não é suficientemente explorada, o que resulta em uma lacuna significativa no conhecimento dos profissionais da área. Alguns profissionais da estética, por exemplo, podem não ter a formação adequada para interpretar os resultados laboratoriais ou até mesmo não consideram sua necessidade, focando apenas no aspecto externo do paciente e nos resultados imediatos (SOUZA, 2019). Esse distanciamento entre as duas áreas pode gerar complicações no pós-tratamento ou até mesmo falhas nos resultados, visto que condições subjacentes não são identificadas a tempo (SILVA, 2020).

Este trabalho se propõe a discutir a relevância da integração entre exames laboratoriais e procedimentos estéticos, analisando como a incorporação dessa prática pode melhorar a qualidade dos cuidados prestados aos pacientes e impactar positivamente a segurança no processo estético. Busca-se compreender como a realização de exames pode influenciar a escolha dos procedimentos estéticos, contribuindo para uma abordagem mais personalizada e segura. Além disso, avalia-se o impacto dessa integração na formação dos profissionais da área, ressaltando a importância de um olhar mais integrado sobre a saúde do paciente, que vá além da estética superficial (OLIVEIRA; FERREIRA, 2019).

Por meio de uma análise crítica e fundamentada, o estudo visa não só destacar a importância dessa integração para a segurança e saúde do paciente, mas também preencher a lacuna existente no campo da estética, onde a prevenção e a personalização dos tratamentos ainda são aspectos frequentemente negligenciados (GOMES; PEREIRA, 2020). A abordagem proposta neste trabalho pode, portanto, servir como um guia para futuros profissionais da área, além de proporcionar uma maior compreensão dos benefícios de uma prática estética mais responsável e consciente, pautada na análise clínica do paciente. (MARTINS, 2018).

2 METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, de caráter descritivo e exploratório, desenvolvida com base em artigos científicos, conforme os referenciais de Galvão (2004) e Gangog (2010). Esse tipo de estudo visa sintetizar o conhecimento existente sobre a temática, identificar lacunas e fornecer subsídios para práticas futuras.

A pesquisa foi realizada nas bases de dados PubMed, Scielo, BVS, Periódicos CAPES e LILACS, utilizando descritores selecionados a partir do DeCS: “Procedimentos Estéticos Faciais Minimamente Invasivos”, “Exames Laboratoriais” e “Integração entre Exames Laboratoriais e Procedimentos Estéticos Faciais Minimamente Invasivos”. Foram incluídas publicações entre 2016 e 2025, disponíveis em português, inglês e espanhol, que abordassem a temática proposta. Excluíram-se artigos fora do escopo dos descritores, não disponíveis na íntegra ou duplicados.

A análise dos dados foi conduzida segundo o método de análise de conteúdo de Bardin (2016), que envolve as etapas de pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados. Na pré-análise, os estudos foram selecionados conforme os critérios definidos; na análise, os materiais foram codificados e categorizados em eixos temáticos (Figura 1); e, por fim, os resultados foram tratados e interpretados com base na síntese das evidências disponíveis, possibilitando a compreensão da integração entre exames laboratoriais e procedimentos estéticos faciais minimamente invasivos.

Figura 1- Organização dos eixos temáticos.

Fonte: Silva et al. (2025).

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A presente revisão integrativa analisou 16 estudos científicos publicados entre 2018 e 2025 (Quadro 1), todos acessíveis em bases públicas, que abordam a relação entre exames laboratoriais e procedimentos estéticos faciais minimamente invasivos. A seleção seguiu rigorosamente os critérios de inclusão definidos na metodologia.

Quadro 1- Estudos científicos incluídos na revisão integrativa.

Com os 16 estudos selecionados, foi possível atingir os objetivos do presente estudo, os quais foram organizados nos eixos temáticos a seguir para melhor análise e discussão dos dados.

3.1 PRINCIPAIS TÉCNICAS MINIMAMENTE INVASIVAS EM ESTÉTICA FACIAL

Os procedimentos estéticos faciais minimamente invasivos representam uma tendência consolidada na dermatologia e na estética avançada, sendo amplamente utilizados para promover rejuvenescimento, correção de imperfeições e harmonização facial. Diferentemente das técnicas cirúrgicas, essas intervenções oferecem resultados satisfatórios com menor tempo de recuperação, riscos reduzidos e alta previsibilidade clínica (BERWANGER; MARTINS, 2024).

A expansão desses procedimentos reflete a crescente valorização da aparência e o desejo de envelhecer de forma natural, mantendo a individualidade facial. De acordo com o relatório estatístico da American Society of Plastic Surgeons (ASPS, 2024), houve aumento expressivo nos tratamentos injetáveis e nos procedimentos de skin resurfacing (renovação da superfície cutânea), incluindo peelings químicos, em comparação aos anos anteriores, evidenciando a preferência global por terapias não cirúrgicas e de rápida recuperação.

Entre os principais procedimentos faciais minimamente invasivos destacam-se: a aplicação de toxina botulínica tipo A, os preenchimentos dérmicos com ácido hialurônico, os bioestimuladores de colágeno, os fios de sustentação e os peelings químicos (BERWANGER; MARTINS, 2024).

A toxina botulínica tipo A (BoNT-A) atua bloqueando a liberação de acetilcolina nas junções neuromusculares, causando relaxamento muscular temporário e atenuando rugas dinâmicas, especialmente na região frontal, glabelar e periorbital. Além dos efeitos estéticos, estudos apontam melhora na percepção de autoestima e bem-estar dos pacientes submetidos a esse procedimento (BERWANGER; MARTINS, 2024).

Os preenchimentos dérmicos com ácido hialurônico são indicados para restaurar volumes, suavizar sulcos e rugas estáticas, redefinir contornos faciais e melhorar a hidratação cutânea. A durabilidade dos resultados e o perfil de segurança favorável fazem desse procedimento uma das principais escolhas entre os profissionais da área ((BOHJANI‑LYNCH et al., 2025).

Os bioestimuladores de colágeno, como o ácido poli-L-lático e a hidroxiapatita de cálcio, promovem neocolagênese gradual, melhorando a firmeza, a elasticidade e a densidade dérmica (GARCÍA & SILVA, 2024). Os fios de sustentação com polidioxanona (PDO), além de reposicionarem tecidos flácidos, também estimulam a produção de colágeno, proporcionando rejuvenescimento progressivo e resultados naturais (OLIVEIRA SARAGOÇA et al., 2024).

Já os peelings químicos permanecem como um dos pilares dos tratamentos faciais minimamente invasivos. Baseiam-se na aplicação controlada de agentes químicos, como os ácidos glicólico, salicílico, tricloroacético e retinóico, que promovem esfoliação cutânea, renovação celular e estímulo à regeneração tecidual. Estudos recentes reforçam sua eficácia na melhora da textura da pele, na uniformização do tom cutâneo e na redução de sinais do fotoenvelhecimento (CRUZ et al., 2024).

A escolha e a combinação dessas técnicas devem ser individualizadas, considerando fatores como idade, fototipo, histórico clínico e expectativas do paciente. Embora apresentem perfil de segurança elevado, complicações podem ocorrer, especialmente quando realizadas por profissionais sem formação adequada. Assim, o domínio anatômico, a seleção correta de produtos e o manejo de intercorrências são essenciais para garantir resultados estéticos satisfatórios e seguros (LORENZO‑RIOS et al., 2024).

3.2 EXAMES LABORATORIAIS NO CONTEXTO DA ESTÉTICA FACIAL MINIMAMENTE INVASIVA

Os exames laboratoriais constituem procedimentos clínicos essenciais para avaliar parâmetros hematológicos, bioquímicos e imunológicos, fornecendo informações fundamentais para diagnóstico, prognóstico e monitoramento terapêutico. Sua realização é indispensável para detectar alterações sistêmicas que possam interferir na segurança de intervenções estéticas minimamente invasivas (TEIXEIRA; RIBAS, 2021).

A avaliação laboratorial pré-procedimento permite identificar disfunções orgânicas silenciosas que aumentam o risco de complicações, elevando a qualidade do atendimento e resguardando a saúde do paciente. Desta maneira, a análise clínica aliada aos exames laboratoriais constitui um pilar fundamental para a prática estética segura, especialmente em procedimentos que envolvem ruptura da barreira cutânea ou administração de substâncias no tecido subcutâneo (RIBEIRO et al., 2025).

3.2.1 Exames Hematológicos e Risco de Complicações

Alterações hematológicas, como trombocitopenia e coagulopatias, representam fatores de risco importantes para complicações hemorrágicas em procedimentos minimamente invasivos. O hemograma, aliado a testes de coagulação (TP, TTPa e INR), possibilita a detecção precoce dessas alterações, permitindo a adoção de medidas preventivas e a individualização da conduta clínica (TEIXEIRA; RIBAS, 2021).

A detecção antecipada de anormalidades hematológicas contribui para reduzir a incidência de hematomas, equimoses e sangramentos excessivos após intervenções como aplicação de fios de sustentação ou preenchedores dérmicos. Além disso, possibilita ajustes de doses de anticoagulantes ou antiplaquetários e o agendamento de procedimentos em condições hemostáticas ideais, garantindo resultados estéticos previsíveis e seguros (TEIXEIRA; RIBAS, 2021).

3.2.2 Exames Bioquímicos e Função Hepatorrenal

Exames bioquímicos, como ureia e creatinina, são fundamentais para avaliação da função renal e devem ser incluídos na triagem pré-procedimento. Alterações renais podem interferir na metabolização e excreção de anestésicos locais, antibióticos profiláticos e substâncias aplicadas em procedimentos estéticos, como toxina botulínica. O comprometimento renal pode alterar o equilíbrio hidroeletrolítico e a depuração de metabólitos, elevando o risco de reações adversas sistêmicas (TEIXEIRA; RIBAS, 2021).

De forma semelhante, a função hepática, avaliada por TGO, TGP, GGT e bilirrubinas, é relevante para o uso seguro de anestésicos e outras substâncias. O comprometimento hepático pode reduzir a capacidade de biotransformação de drogas, aumentando o risco de toxicidade sistêmica. A avaliação integrada de fígado e rins permite planejamento individualizado e maior segurança nos procedimentos (TEIXEIRA; RIBAS, 2021).

3.2.3 Exames Metabólicos e Prevenção de Complicações

O perfil lipídico, a glicemia de jejum e a hemoglobina glicada (HbA1c) são exames essenciais, especialmente em pacientes com comorbidades metabólicas, como diabetes mellitus, dislipidemias e hepatopatias. Esses parâmetros influenciam o metabolismo, absorção e eliminação de fármacos e substâncias utilizadas em procedimentos estéticos, bem como a resposta inflamatória e a cicatrização (WANG et al., 2022).

A hiperglicemia ou distúrbios lipídicos podem resultar em maior risco de infecção, atraso na cicatrização e sangramentos prolongados, principalmente em técnicas como fios de sustentação ou microagulhamento com ativos farmacológicos. A avaliação prévia desses exames permite ajustes nos protocolos clínicos, seleção de materiais adequados e redução de intercorrências, promovendo resultados mais seguros e eficazes (WANG et al., 2022).

3.2.4 Sorologias e Avaliação de Risco Infeccioso

A realização de sorologias, incluindo HIV, hepatite B e C e sífilis, é recomendada como medida de biossegurança, prevenindo contaminação cruzada em procedimentos com perfuração cutânea. Esses exames complementam a avaliação clínica e garantem a adoção de precauções universais, aumentando a segurança do paciente e do profissional (MIZOGUTI et al., 2022).

3.2.5 Integração Prática: Exames Recomendados e Condutas

A seleção dos exames laboratoriais deve ser individualizada, considerando anamnese detalhada, comorbidades, uso de medicamentos e tipo de procedimento a ser realizado. Para facilitar a aplicação prática, os quadros 2 e 3 a seguir sintetizam os exames indicados conforme o procedimento estético e associam achados laboratoriais a condutas clínicas recomendadas:

Quadro 2- Exames laboratoriais recomendados conforme o tipo de procedimento estético facial minimamente invasivo.

Fonte: Adaptado de Nascimento, Brito e Almeida (2020); Pereira et al. (2023).

Quadro 3- Associação entre achados laboratoriais e condutas clínicas em procedimentos estéticos faciais minimamente invasivos.

Fonte: Adaptado de Martins, Silva e Menezes (2020).

3.3 IMPACTOS DA UTILIZAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS NA PRÁTICA PROFISSIONAL DE ESTÉTICA FACIAL MINIMAMENTE INVASIVA

A incorporação de exames laboratoriais à rotina dos profissionais de estética facial minimamente invasiva tem promovido avanços significativos na qualidade, segurança e previsibilidade dos procedimentos, favorecendo uma prática mais técnica, individualizada e fundamentada em dados objetivos. Essa abordagem permite alinhar a atuação profissional às diretrizes de conselhos e órgãos fiscalizadores, reforçando a estética como área de interface direta com a saúde (COLEMAN et al., 2019; DE MAIO, 2020).

Do ponto de vista ético e jurídico, o respaldo laboratorial fortalece a conduta responsável, pautada na prevenção de riscos, respeito aos princípios bioéticos da beneficência e não maleficência, e na proteção legal em caso de litígios. A documentação de exames no prontuário confere prova de diligência técnica e respaldo institucional, reforçando a credibilidade do profissional e a confiança do paciente (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2019).

Do ponto de vista clínico, exames laboratoriais desempenham papel central na segurança e eficácia dos procedimentos faciais minimamente invasivos. Parâmetros hematológicos e de coagulação permitem prevenir hematomas, equimoses, sangramentos excessivos e complicações em técnicas como fios de sustentação, preenchedores dérmicos, toxina botulínica, bioestimuladores de colágeno e microagulhamento com ativos farmacológicos (CARRUTHERS; CARRUTHERS, 2018).

Exames de função hepática (TGO, TGP, GGT, bilirrubinas) são essenciais para o uso seguro de anestésicos, toxina botulínica, bioestimuladores e preenchedores, uma vez que o comprometimento hepático pode reduzir a biotransformação de drogas e aumentar o risco de toxicidade sistêmica (CARRUTHERS; CARRUTHERS, 2018). A avaliação integrada de fígado, rins e metabolismo lipídico/glicêmico (perfil lipídico, glicemia de jejum, HbA1c) permite planejamento individualizado, prevenção de infecções, melhora da cicatrização e otimização do metabolismo de fármacos, especialmente em pacientes com comorbidades metabólicas, como diabetes mellitus e dislipidemias (DE MAIO, 2020; HSU et al., 2021).

A utilização sistemática desses exames contribui para decisões clínicas fundamentadas (Quadro 3), incluindo a indicação ou adiamento de procedimentos, escolha da técnica, seleção de produtos e substâncias, ajuste de posologia e encaminhamento para outros especialistas quando necessário (CARRUTHERS; CARRUTHERS, 2018; HSU et al., 2021). Estudos mostram que a análise laboratorial identifica alterações silenciosas, como disfunções hepáticas, distúrbios de coagulação ou processos inflamatórios crônicos, que podem comprometer os resultados estéticos e aumentar o risco de efeitos adversos, como edema, necrose ou sangramento prolongado, caso não sejam previamente detectadas (COLEMAN et al., 2019; CARRUTHERS; CARRUTHERS, 2018).

Quadro 3- Exemplos de decisões clínicas tomadas a partir de exames laboratoriais.

Além dos aspectos clínicos, a integração laboratorial fortalece a imagem profissional e a experiência do paciente, demonstrando compromisso ético, transparência, prática baseada em evidências e conformidade com normas de fiscalização. Ela também facilita a comunicação interdisciplinar entre médicos, biomédicos, farmacêuticos e esteticistas, permitindo a construção de planos terapêuticos seguros, individualizados e fundamentados cientificamente (DE MAIO, 2020; HSU et al., 2021).

O uso criterioso de exames laboratoriais transforma a estética facial minimamente invasiva em uma prática científica, ética e personalizada, elevando o padrão técnico, promovendo segurança e eficácia terapêutica, além de alinhar a atuação clínica às boas práticas de saúde (COLEMAN et al., 2019; DE MAIO, 2020; CARRUTHERS; CARRUTHERS, 2018).

4 CONCLUSÃO

A integração entre exames laboratoriais e procedimentos estéticos faciais minimamente invasivos revela-se essencial para a prática clínica segura, eficaz e personalizada. A revisão integrativa demonstrou que a avaliação prévia do estado de saúde do paciente, por meio de exames hematológicos, bioquímicos, metabólicos e sorológicos, permite identificar condições subjacentes que podem influenciar diretamente os resultados estéticos e o risco de complicações. Essa abordagem possibilita ajustes individualizados nos protocolos de tratamento, seleção adequada de técnicas e produtos, além de orientar o manejo de intercorrências, promovendo maior previsibilidade e segurança nos procedimentos.

Além do impacto clínico, a adoção sistemática de exames laboratoriais contribui para o fortalecimento da conduta ética e legal do profissional de estética, assegurando respaldo técnico e confiança do paciente. A prática baseada em evidências, aliada à análise laboratorial, amplia a qualidade do atendimento, reforça a prevenção de riscos e consolida a estética como área integrada à saúde.

Portanto, recomenda-se que profissionais da estética facial minimamente invasiva incorporem a avaliação laboratorial à rotina clínica, adotando uma visão holística do paciente que transcenda a aparência superficial. Futuras pesquisas podem aprofundar a definição de protocolos padronizados de exames para diferentes procedimentos, consolidando ainda mais a segurança, a eficácia e a personalização dos tratamentos estéticos.

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1 Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade Cosmopolita Campus Belém e-mail: cristianefreitas488@gmail.com
2 Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade Cosmopolita Campus Belém e-mail: biomedcamila.paixao@gmail.com
3 Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade Cosmopolita Campus Belém e-mail: renata364033@gmail.com
4 Docente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade Cosmopolita Campus Belém e-mail: karlaantunesbiomed@gmail.com
5 Docente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade Cosmopolita Campus Belém. Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários (PPGBAIP/UFPA). e-mail: prof.soraya.machado@gmail.com