IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE CRIANÇAS 

IMPORTANCE OF GAMES IN THE COGNITIVE DEVELOPMENT OF CHILDREN

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8231499


Francisca Eliene Silva Assunção


RESUMO

O presente estudo tem como objetivo analisar, com base nos campos de experiência da Educação Infantil da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), como os jogos podem ser utilizados como estratégia de apoio no desenvolvimento cognitivo de crianças. A pesquisa de campo realizada assumiu caráter de uma pesquisa-ação realizada em uma escola pública do município de Aquiraz – CE, que atende alunos da Educação Infantil. A amostra foi formada por alunos da turma de Infantil II, com a professora da turma também fazendo parte da amostra como observadora. A amostra dos docentes foi formada por 13 professores. Os resultados verificados nesta pesquisa demonstraram a importância da ludicidade na educação infantil, período em que o brincar é base para desenvolvimento dos jogos, atuando diretamente no desenvolvimento cognitivo dos alunos. Ao final concluiu-se que os jogos são instrumentos pedagógicos capazes de promover o desenvolvimento cognitivo de crianças da educação infantil.

Palavras-chave: desenvolvimento cognitivo; educação infantil; jogos.

ABSTRACT

The present study aims to analyze, based on the fields of experience of Early Childhood Education of the National Curricular Common Base (BNCC), how games can be used as a support strategy in the cognitive development of children. The field research assumed the character of an action research carried out in a public school in the municipality of Aquiraz – CE, which serves students of Early Childhood Education. The sample consisted of students from the Kindergarten II class, with the class teacher also being part of the sample as an observer. The sample of professors consisted of 13 professors. The results verified in this research demonstrate the importance of lucidity in early childhood education, a period in which playing is the basis for the development of games, acting directly on the cognitive development of students. In the end, it was concluded that games are pedagogical instruments capable of promoting the cognitive development of children in kindergarten.

Keywords: cognitive development; child education; games.

INTRODUÇÃO

A Educação Infantil é caracterizada como a primeira etapa da educação básica,  é sobretudo nessa fase da vida, que segundo estudos da Neurociência, que acontecem mais sinapses cerebrais, as quais irão fomentar toda a forma de ação humana, seja nas ações executivas, motoras ou sociais ao longo da vida. A importância dessa primeira etapa humana é antes de tudo compreender que a primeira estrutura do desenvolvimento mental e psíquico é fundamental para alicerçar os ganhos que virão posteriormente. Atualmente, a maioria dos estudos sobre a infância sustenta que a Educação Infantil não é uma preparação para o ensino fundamental, muito menos se configura como espaço para antecipar habilidades e posturas para preparar a criança para algo. 

A criança na Educação Infantil não virá a ser, mas já é, um ser potente e capaz em seu processo de aprendizagem. E a escola não pode ser um local do futuro, mas um lugar do hoje. E, por ser o primeiro estágio da Educação Básica, a Educação Infantil é essencialmente o fundamento educacional para a trajetória de escolarização do indivíduo.  

No entanto, o afã em antecipar etapas no desenvolvimento infantil não deve estar presente na concepção e postura do educador da infância, haja vista que a criança precisa de tempo para experienciar, elaborar o que foi vivido e construir suas aprendizagens em um tempo próprio, sendo respeitada sua individualidade e seu ritmo, dentro de seu contexto. 

Nessa perspectiva, o brincar, comprovadamente, se destaca como principal eixo para o desenvolvimento de habilidades sociais, cognitivas e emocionais que serão importantes nesta etapa e ao longo de toda a sua vida (ZELAZO; BLAIR; WILLOUGHBY, 2017; YOGMAN, 2018). Em se tratando de criança e do brincar, necessariamente, temos que estudar e compreender o lugar físico e as estruturas recreativas como um dos fatores que podem favorecer ou influenciar essas vivências. Nesse contexto, neste estudo considera-se o uso de jogos no desenvolvimento de crianças da educação infantil, buscando compreender seu uso como estratégia de apoio aos professores em sala de aula.

A discussão da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é a publicação mais atual e intensa em termos de políticas públicas educacionais, com isso, verificou-se a necessidade de considerar o uso de jogos na educação infantil com bases em suas disposições como apoio ao desenvolvimento cognitivo dessas crianças.

O brincar constitui-se como elemento precípuo para o desenvolvimento de diversos tipos de competências e habilidades humanas, tanto as físicas e motoras, através do movimento, bem como as cognitivas, de linguagem e de autorregulação. Estudos recentes constatam que além de melhorar a função cerebral, o ato de brincar oportuniza e estimula a função executiva do cérebro (ZELAZO; BLAIR; WILLOUGHBY, 2017; YOGMAN, 2018).

A partir disso surgem dúvidas sobre as ações realizadas para que essa meta seja atingida, bem como sobre como essas crianças estão sendo atendidas em sala de aula visando o seu pleno desenvolvimento focando neste estudo no uso de jogos pelos professores dessa etapa da educação básica, surgindo dúvidas sobre os resultados verificados a partir de seu uso como estratégia de apoio ao processo de ensino e aprendizagem.

Nesse contexto, este estudo tem como objetivo analisar, com base nos campos de experiência da Educação Infantil da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), como os jogos podem ser utilizados como estratégia de apoio no desenvolvimento cognitivo de crianças.

REVISÃO DE LITERATURA

No decorrer do desenvolvimento infantil o número de opções de recursos lúdicos naturalmente aumenta. Esse fenômeno pode favorecer a atuação do psicopedagogo, que, certamente, poderá ampliar o número de ferramentas para alcançar seus objetivos frente a criança que necessita de seu apoio. No entanto, ao empregar a brincadeira como recurso pedagógico, deve-se saber que na expressão e construção do conhecimento, a criança apropria-se da realidade imediatamente, atribuindo-lhe significado. Para isso, é essencial garantir a formação do professor e condições para sua atuação, para assim possibilitar a aprendizagem da criança através do brincar.

Almeida (2000) elucida que é fundamental que o educador tenha noção de que ao desenvolver o conteúdo programático, por meio do ato de brincar, não significa que está deixando de lado a aprendizagem do conteúdo formal. Ao optar pelo conteúdo programático através do brincar, o educador estará trabalhando com o processo de construção do conhecimento, levando em consideração o estágio do desenvolvimento da criança de uma forma agradável e significativa para o educador.

Diante do exposto, em relação à importância do lúdico no processo de aprendizagem da criança, fica claro que a Educação Infantil deve seguir uma nova direção, embasada na importância do brincar dentro do contexto de sua realidade e que possibilitem o desenvolvimento da criança. É possível identificar a determinação da pedagogia das competências pela BNCC. Por exemplo, uma das justificativas utilizadas pelo documento é que, ao definir as competências, a BNCC reconhece que a “educação deve afirmar valores e estimular ações que contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a preservação da natureza, mostrando-se também alinhada à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) (BRASIL, 2017, p. 8).

Quando discorremos sobre o engajamento ativo, sobre a criança brincante e protagonista, partimos do conceito de atividade principal de Leontiev (1978) que aborda que, desde muito pequenas, as crianças já demonstram interesse e motivação próprias para realizar algumas atividades em detrimento de outras e o processo de atividade, de estímulo e de desenvolvimento parte essencialmente do próprio indivíduo.

Nesse sentido, Leontiev (1978) revela que o desenvolvimento do reflexo psíquico está diretamente ligado ao momento que uma atividade significativa encontra sua expressão e que o objetivo da brincadeira está no próprio processo, e não no resultado. Na análise do autor, é no decorrer do desenvolvimento cognitivo dos seres humanos que o ato lúdico se torna a principal atividade da criança. 

Nesta consonância, Jowh Dewey (1967) corrobora trazendo que o interesse da criança sobre o brincar é essencial para sua transformação, pois a brincadeira é a expressão do sentimento das crianças e, portanto, um fim em si mesma. Mais recentemente, mas nessa mesma compreensão de se valorizar os interesses e predileções dos infantes, Brougère (1997) sustenta que o segredo do brincar está na decisão da criança.

Compreendendo que é a partir do brincar que a criança na Educação Infantil irá primordialmente aprender sobre o mundo que a cerca, mediante as inúmeras possibilidades lúdicas, imaginárias, criativas, sociais e culturais que estão implicadas nesse dinâmica do brincar, muitos documentos educacionais estabelecem e preconizam essa atividade humana como um direito fundamental e essencial para a educação desses cidadãos. Nesta consonância, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) traz que:

[…] o brincar apresenta-se por meio de diversas categorias de experiências, que são diferenciadas pelo uso de materiais e recursos disponíveis. Estas categorias incluem o movimento e as mudanças da percepção, resultantes da mobilidade física das crianças; a relação com os objetos e suas propriedades físicas, bem como a associação entre ele; a linguagem oral e gestual que oferece vários níveis de organização a serem utilizados no brincar; os conteúdos sociais como papéis, situações, valores e atividades que se referem à forma como o universo social se constrói; e, finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo-se em um recurso fundamental para brincar (BRASIL, 1998, p. 45).

Percebemos que o brincar está repleto de significado e se define por meio de experiências sociais e culturais diversas, com ou sem a utilização de recursos, materiais ou outros objetos que interferem e até transformam o lúdico. Além disso, a linguagem, seja ela oral ou gestual, está presente e se articula a partir de estruturas individuais e sociais para estabelecer a comunicação e construir o universo social através do ato de brincar.

As DCNEI (BRASIL, 2010, p.27) destacam o brincar como um eixo principal nessa faixa do Ensino, e sinaliza que as práticas pedagógicas dos educadores devem estar guiadas por um currículo que “deve ter como eixo norteador as interações e a brincadeira” e, dentre outros aspectos, promover

conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança; Favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e musical; Possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos […] (BRASIL, 2010, p.27).

Além disso, o RCNEI aponta a relevância das brincadeiras, não apenas no sentido psicológico e individual, mas afirma que o brincar tem o potencial de afetar o outro, ampliando sua ação para o contexto social. Nesse sentido o documento destaca que:

A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de constituição infantil. (BRASIL, 1998, p. 27).

Quando abordamos o brincar das crianças na Educação Infantil, não podemos nos esquecer de falar do brinquedo, do lugar e dos contextos em que esse brincar acontece. O brinquedo, nesse contexto, se destaca como objeto que atua tanto no universo físico como no universo simbólico e de representação da realidade social que cerca o indivíduo. 

METODOLOGIA

Quanto à forma do estudo, fez-se uma simbiose entre a pesquisa bibliográfica e qualitativa, de campo. Essa metodologia foi escolhida para este trabalho, pois nos proporcionou dados recolhidos através de um questionário, os quais serão então tabulados e analisados em conjunto com a técnica da observação participantes nas atividades desenvolvidas com os alunos da educação infantil com jogos.

O estudo proposto se caracterizou como uma pesquisa qualitativa descritiva. A pesquisa de campo realizada assumiu caráter de uma pesquisa-ação, que se configura como uma metodologia bastante utilizada no campo educacional, tendo em vista que possui um caráter participativo e democrático, se caracterizando pela interação entre especialistas e práticas, o que possibilita uma visão real dos resultados trazidos por determinado método (FOGAÇA, 2010). 

Assim, a pesquisa-ação pode ser enquadrada como uma pesquisa aplicada, já que seus resultados visam a transformação de uma realidade. No caso desta pesquisa, visa-se contribuir para a transformação das aulas com uso de jogos como práticas ludopedagógicas com alunos de educação infantil de uma escola pública, considerando a perspectiva do corpo docente.

A pesquisa foi realizada em uma escola pública do município de Aquiraz – CE, que atende alunos da Educação Infantil. O Centro de Educação Infantil Aldenora Cardoso Porto, está localizado à Rua José Amora Moreira, s/n° no distrito de Camará/Aquiraz, teve seu prédio concluído em março de 2011 (dois mil e onze). Considera-se como universo desta pesquisa os alunos de educação infantil matriculados no ano de 2022 no Centro de Educação Infantil Aldenora Cardoso Porto e os professores que atuam na escola, um total de 15. A amostra foi formada por alunos da turma de Infantil II, com a professora da turma também fazendo parte da amostra como observadora. 

A amostra dos docentes foi formada por 13 professores. O intuito era que todos os professores respondessem ao questionário de pesquisa, porém, uma já estava atuando como observadora da turma de pesquisa e outra estava de licença por questões familiares, sendo, assim, excluídas da pesquisa. A coleta dos dados foi realizada contando com as técnicas de observação participante e questionário estruturado. A observação foi realizada durante as aulas, sendo aplicados jogos com os alunos dentro do horário regular de ensino, como parte da estratégia. Foram aplicados nove jogos com as crianças, com a observadora tomando nota em diário de campo e por meio de registros fotográficos sobre o processo, considerando a dinâmica de sala de aula e os resultados observados no processo de ensino e aprendizagem dos alunos.

Além disso, foi aplicado um questionário aos docentes de educação infantil com perguntas elaboradas por esta pesquisadora com o intuito de compreender sua percepção sobre o uso de jogos com o público de educação infantil. O questionário, criado através do Google Formulários, foi escolhido como instrumento de coleta de dados porque proporciona maior comodidade e conveniência e segurança tanto aos alunos quanto aos docentes. Uma vez que o respondente pode dessa maneira manter-se anônimo, é transmitido um sentimento de liberdade de expressão. O questionário digital ajuda a evitar um direcionamento por parte do entrevistador às respostas do entrevistado, permitindo maior isenção e excluindo qualquer possibilidade de distorção dos resultados. O processo de análise dos dados foi realizado a partir de uma abordagem qualitativa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta etapa são descritos os resultados verificados em relação aos jogos aplicados na educação infantil visando seu desenvolvimento cognitivo, considerando tanto a coleta via observação em campo quanto os questionários aplicados com professores dessa modalidade de ensino.

Jogos aplicados na educação infantil e o desenvolvimento cognitivo dos alunos

Nesta etapa são descritos os resultados verificados em relação aos jogos aplicados na educação infantil visando seu desenvolvimento cognitivo, considerando tanto a coleta via observação em campo quanto os questionários aplicados com professores dessa modalidade de ensino. A partir do questionário aplicado com os professores verificou-se que 92,9% dos mesmos utilizam os jogos como recursos de aprendizagem com seus alunos de educação infantil. A partir disso, perguntou-se quais os principais jogos que faziam uso, sendo verificados os resultados apresentados no Quadro 1.

Quadro 1. Principais jogos utilizados pelos professores de educação infantil

ProfessorPrincipais jogos utilizados
P1Caixa sensorial, corre Cotia, estátua
P2Jogos com bastante cores, com estímulos motores, variadas texturas. Ex: Encaixe de formas geométricas, boliche, caixa de encaixe com macarrão ou palitos, caixa musical (trabalhando vogais, som dos animais, contagem entre outros sempre com peças móveis permitindo que as crianças possam explorar) tapete sensorial e circuito motor com obstáculos entre outros.
P3Bingo, jogo da memória.
P4Jogos de encaixe, jogos de construção, alfabeto móvel, números e quantificação, alinhavo, jogos de desafio como boliche, tiro ao alvo, alinhavo, bingo, etc.
P5Caixa sensorial, quente frio, estátua, amarelinha, telefone sem fio, piques, morto vivo, brincadeira com bambolê, jogo das cores e etc.
P6Eu utilizo jogos de encaixe de vários tipos, quebra-cabeça, memória, tabuleiros, cartas, etc.
P7Dados de formas, número e letras; bloco lógico, jogo de boliche, corridas das formas geométricas, trilhas e etc.
P8Amarelinha, bingos, danças das cadeiras, boliche, entre outros.
P9Jogos de encaixe.
P10Jogos de formas geométricas, trilha, pegar a vareta, amarelinha, jogo de boliche, dado das cores, dado de números, jogos que contemplam relação número/ quantidade bingo de letras, jogos de arremesso como a “Boca do Palhaço” e etc.
P11Jogos de alfabeto e números. Também de formas geométricas.
P12Alfabeto móvel, jogos que têm relação número/quantidade, quebra-cabeça, jogo da memória, jogo de encaixe e outros.
P13Jogos que envolvam contagem numérica e relação número/quantidade, jogos que envolvam as letras do prenome, jogo para assimilar as cores, formas geométricas etc.
P14Encaixe, montar, cores, tamanhos

Fonte: Dados primários da pesquisa (2022).

Conforme é possível verificar no Quadro 1, diferentes são os jogos utilizados pelos professores, desde jogos com regras até brincadeiras mais tradicionais, que envolvem estímulos ao desenvolvimento psicomotor e cognitivos dos alunos, o que permite essa abordagem integral dos alunos, com os jogos de encaixe se destacando como os mais mencionados. De acordo com Kishimoto (2001), as brincadeiras populares são aquelas tradicionais, que podem ser consideradas como uma das manifestações culturais situadas dentro do folclore, estando presente no cotidiano da criança e sendo transmitido de geração em geração. É possível dizer que as brincadeiras populares são aquelas que refletem a cultura de um povo. 

Importante mencionar que 85,70% dos professores que participaram desta pesquisa informaram consultar a BNCC para escolha dos jogos a serem aplicados com esses alunos em sala de aula, fator que se considera como importante já que permite o entendimento dos objetivos previstos, assim como melhor direcioná-los durante as atividades letivas. Os professores detalharam como fazer essas escolhas:

Quadro 2. Como os professores escolhem os jogos a serem trabalhados

ProfessorForma de escolha dos jogos
P1Interação e brincadeira
P2Procuro adequar minhas escolhas e construções ao objetivo de aprendizagem e o eixo que pretende contemplar, levando em consideração as preferências em sala demonstrada pelas crianças.
P3Faço combinação de conteúdo com eixo.
P4A partir do objetivo de aprendizagem.
P5Esse processo se dá por interação e o brincar, com isso possibilita a criança a aprendizagem, desenvolvimento e socialização.
P6Observo a turma, registro as características que o grupo expressa, consulto as diretrizes do município e faço a conciliação com as indicações da BNCC considerando a faixa etária da turma.
P7Planejo sempre minhas aulas de acordo com os eixos da BNCC e utilizo os jogos levando em consideração os mesmos.
P8Realizo leituras a fim de encontrar a melhor forma de adquirir o eixo que contemple esses jogos.
P9O jogo deve contribuir com desenvolvimento intelectual e motor das crianças.
P10Sempre no meu planejamento verificar as habilidades que a minha turma precisa aprimorar, então pesquisei jogos que se enquadrem nas mesmas e pesquiso os eixos da BNCC para que o planejamento fique de acordo com os mesmos.
P11Os jogos geralmente não fazem parte do momento de planejamento, e, sim, quando vejo que há necessidade de abordar mais certo assunto.
P12Sempre pesquiso primeiro na BNCC as competências, as habilidades, os objetivos de aprendizagem, para então elaborar ou pesquisar jogos que se encaixem na proposta da aula.
P13Observar qual habilidade será trabalhada naquela aula, e a partir disso selecionar algum jogo (estruturado ou não) para ser desenvolvido durante a rodinha coletiva, ou de forma individual.
P14Utilizado de acordo com o meu plano de aula da semana.

Fonte: Dados primários da pesquisa (2022).

Conforme é possível verificar no Quadro 2, a escolha dos jogos é realizada de forma dinâmica, indo além da mera consulta à BNCC, mas também considerando as especificidades de seus alunos e os conteúdos a serem trabalhados visando o seu desenvolvimento integral. Durante a observação foram trabalhados os seguintes jogos: jogo das vogais; caixa de encaixe com macarrão ou palitos; jogo dos números; a galinha do vizinho; encaixe na caixa; e caminho colorido.

O jogo das vogais possibilita que as crianças brinquem, convivam, participem, explorem, compartilhem experiências e, assim construam suas aprendizagens de escrita e reconhecimento de letras de forma divertida e envolvente.

A caixa de encaixe com macarrão ou palitos consiste em uma atividade que trabalha a coordenação motora fina das crianças, se caracterizando por uma caixa com furos nos quais as crianças precisam encaixar os palitinhos. Em relação à coordenação motora fina salienta-se que a mão, um órgão de apropriação e de relação com o exterior, possibilita à criança reconhecer, sentir os objetos e o corpo por meio da palpação e discriminação tátil. Auxiliando-a também no apanhar, segurar, bater, riscar, captar, lançar, puxar, empurrar (FONSECA, 1995).

Dentro da coordenação motora fina é importante ressaltar também o controle ocular, ou seja, a visão acompanhando os gestos das mãos. Esse acompanhamento da visão auxiliará a criança durante as atividades de velocidade-precisão e coordenação dinâmica manual (OLIVEIRA, 2000). 

O jogo dos números, assim como o das vogais, demanda que a criança identifique os números e trabalhe com o encaixe adequado dos mesmos. Esses jogos permitem trabalhar ao mesmo tempo a coordenação global das crianças, ao mesmo tempo em que permite o desenvolvimento cognitivo das crianças, trabalhando as vogais e os números desde o Infantil II. 

De acordo com Fonseca (1995), a coordenação global e a experimentação levam a criança a adquirir a dissociação de movimentos. Dando-lhe condições de realizar múltiplos movimentos ao mesmo tempo, cada membro realizou um movimento diferente, havendo uma conservação da unidade do gesto.

O encaixe na caixa se assemelha ao caixa de encaixe com macarrão ou palitos, solicitando que as crianças trabalhem com encaixes na caixa, se diferenciando pelos buracos nas caixas serem maiores. A galinha do vizinho é um jogo musical que visa envolver as crianças em experiências exitosas trabalhando a coordenação motora fina das crianças, explorando noções espaciais e contagem dos números até 10. É necessário que esta prática pedagógica aconteça de forma orientada e refletida, buscando colocar sempre a criança como sujeito ativo de sua própria aprendizagem.

Por sua vez, o caminho colorido envolve as dimensões sensoriais foi o caminho colorido, que com folhas de papel o professor faz um caminho para que as crianças carimbem os pés, devendo seguir a posição que está apresentada em cada um dos papéis, estimulando sua percepção de orientação espacial e lateralidade. Considera-se uma atividade que envolve muito as crianças e as deixam muito felizes.

Interação das crianças com os jogos

Nesta etapa descreve-se os resultados verificados em relação à interação das crianças com os jogos, considerando aqueles que elas mais se identificam, bem como, sobre a forma de ocorrência da interação individual e coletiva com os jogos utilizados em sala. 

Os professores que participaram desta pesquisa percebem que as crianças tendem a interagir melhor nos jogos que demandam movimentos, ocupação dos espaços e quando envolvem competição entre eles. Os resultados verificados são apresentados no Quadro 3 nas palavras do professor.

Quadro 3. Jogos que as crianças mais interagem na percepção dos professores

ProfessorPercepção dos professores
P1Na caixa sensorial
P2Circuito motor, Jogos de encaixe e caixas musicais.
P3Jogos em que tem classificação ou prêmio.
P4Nós desafios, competitivos.
P5Nos jogos e brincadeiras: morto vivo, caixa sensorial e jogos com bambolê etc.
P6Dependendo da faixa etária, as crianças do INFANTIL V, por exemplo, acolhem bem quase todos os tipos de jogos que são adaptados adequadamente para as características da turma, mas quebra-cabeça é sempre um sucesso!
P7Jogos que envolvem noções matemáticas.
P8Todos que utilizamos.
P9Jogos em equipe
P10Jogos que envolvem competição como os jogos que envolvem essencialmente a matemática
P11Jogos de circuito envolvendo letras, números ou foto
P12Percebo que eles gostam muito de jogos que tenham competição e que utilizem também o espaço da sala de aula.
P13Jogos que possuem imagens e que permitem que a criança manuseie, monte, relacione algo.
P14Cores e encaixe

Fonte: Dados primários da pesquisa (2022).

Ainda na percepção dos professores verificou-se que os alunos interagem de melhor forma em jogos coletivos, sendo esses os principais aplicados em sala de aula, porém, de acordo com sua percepção os alunos de educação infantil conseguem ter bons resultados tanto individualmente quanto coletivamente. Os relatos dos professores são apresentados no Quadro 4.

Quadro 4. Interação das crianças coletiva e individualmente na percepção dos professores

ProfessorPercepção dos professores
P1Coletiva
P2Das duas formas
P3Ambas dependem da atividade proposta, apesar de jogos coletivos serem ofertados com maior frequência, trabalhando a espera da vez, a colaboração, respeito e atenção.
P4Coletiva porque tem torcida, várias emoções são envolvidas no processo.
P5Coletiva.
P6Sem dúvidas, há muito mais interação coletiva, que, por sua vez, favorece a consolidação dos processos de aprendizagem.
P7A interação se dá de forma coletiva, embora algumas crianças sentem dificuldade em “ceder a vez” para aquelas crianças que apresentam uma maior dificuldade.
P8Os dois são individuais e coletivos.
P9De forma coletiva, pois todos querem ganham
P10coletiva
P11Maior interação coletiva.
P12Elas interagem de acordo com as regras e comandos do jogo. As interações se dão melhor de forma coletiva, no momento da rodinha.
P13As crianças do infantil 2 ainda estão na fase do individualismo. Então a maior interação é no individual.
P14Coletiva

Fonte: Dados primários da pesquisa (2022).

A percepção dos professores pode ser verificada durante a observação em sala de aula. Durante o jogo das vogais, as crianças precisam reconhecer as letras e encaixar na forma correta. Nesse jogo verificou-se que os alunos de Infantil II apresentaram certa dificuldade por ser o primeiro contato com o uso de jogos, assim como com as letras. O reconhecimento e a capacidade de associação dos alunos são evolutivos, percebendo-se que os alunos avançam durante o ano letivo, tendendo a reduzir suas dificuldades com a recorrência de aplicação do jogo.

No jogo da caixa de encaixe com macarrão ou palitos também foi observada dificuldades dos alunos. Nesse caso, os alunos precisam individualmente encaixar palitos ou macarrões nos buracos feitos em uma caixa. Apesar de ser uma atividade realizada individualmente, é possível perceber que os alunos interagem com seus colegas, observando a prática dos mesmos com uma tendência de competição. 

Apesar de ser um jogo considerado mais simples, por não exigir o reconhecimento de uma forma, percebeu-se que as dificuldades dos alunos variam entre eles, com alguns alunos apresentando mais dificuldade que outros. O jogo exige capacidade de concentração dos alunos, sendo possível dizer que essa também é uma capacidade desenvolvida com sua aplicação.

Dando continuidade tem-se o jogo dos números, que ocorre de forma bem semelhante aos jogos das vogais. A partir da observação dos jogos dos números foi possível perceber que os alunos possuem maior facilidade no reconhecimento da forma, conseguindo encaixar corretamente nas bases, todavia, verificou-se dificuldade de reconhecimento dos números, não fazendo ainda associação entre a forma e o número correspondente.

O jogo da galinha do vizinho foi observado como o que mais proporciona interação entre as crianças, percebendo interesse e alegria das crianças em trabalhar o jogo. A música é inicialmente colocada para os alunos, iniciando um trabalho de contagem com os dedos, os alunos demonstram empolgação, também conseguindo fazer a contagem com os dedos e em seguida encaixar os ovinhos na imagem da galinha. Por sua vez, a caixa com furos é semelhante a caixa de encaixe com macarrão ou palitos, devendo os alunos encaixarem os palitos nos buracos localizados na caixa. 

A realização desse jogo foi feita de forma mais individual, não sendo verificadas dificuldades entre os alunos. A concentração é exigida pelo jogo, verificando-se desempenho equiparado entre as crianças. Também trabalhando a coordenadora fina dos alunos, o jogo do palhaço é bem aceito pelos alunos. Durante o jogo os alunos precisam acertar a bolinha na boca do palhaço.

O jogo da pista trabalha a coordenação motora dos alunos, além de aspectos como concentração, percepção e lateralidade das crianças, devendo elas guiarem o carrinho pelo percurso sinuoso desenhado. Durante a observação foi percebido que os alunos realizam o jogo com facilidade, conseguindo conduzir o carrinho corretamente pela pista, verificando-se entusiasmo e interesse pelos alunos, provavelmente por ser uma atividade que realizam em suas brincadeiras rotineiras. Enquanto brincam, os alunos se desenvolvem. Por fim, o jogo do caminho colorido trabalha a lateralidade, frente e trás, e a posição dos alunos, precisando o aluno observar a posição que está para copiá-la.

Percebeu-se que na primeira vez que realizam o jogo os alunos tendem a ter uma maior dificuldade, seja para entender a proposta do jogo, seja para saber a posição que deve assumir. Todavia, importante mencionar que esses jogos tendem a ser repetidos durante o ano letivo, verificando-se a aprendizagem dos alunos consecutivamente, com uma tendência a jogarem com maior facilidade.

Percepção de professores da educação infantil sobre a importância dos jogos no desenvolvimento cognitivo das crianças

A percepção dos professores da educação infantil foi verificada sobre a importância dos jogos no desenvolvimento cognitivo das crianças, com vistas a ratificar o que foi encontrado durante a observação de campo. Considerando que a maioria (92,9%) havia informado ser importante o trabalho com jogos no desenvolvimento dos alunos, foi pedido que eles discorrer sobre o porquê dessa importância. Seus relatos estão apresentados no Quadro 5.

Quadro 5. Percepção dos professores sobre a importância dos jogos no desenvolvimento das crianças

ProfessorPercepção dos professores
P1Pois é muito importante na aprendizagem das nossas crianças
P2A educação infantil precisa ser dinâmica e interessante, os jogos nos permitem oportunizar momentos de aprendizado rico e prazeroso para as crianças.
P3Utilizo na rodinha antes das atividades ou na mesa depois das atividades.
P4Introduzo um jogo sempre que possível.
P5Busco levar para minha sala de aula jogos e brincadeiras para uma aprendizagem dinâmica e prazerosa para nossas crianças para que desde a infância vivencie e entendam que precisamos ter regras preestabelecidas. Elas aprendem a esperar a sua vez e também a ganhar e perder. E fortalecendo seus vínculos afetivos.
P6Os jogos promovem o desenvolvimento de várias habilidades importantes, como a memória, a criatividade, a imaginação, a socialização, a associação, entre outras.
P7Porque auxiliam a dinamizar a minha prática pedagógica.
P8Sim, pois o mesmo auxilia no desenvolvimento motor e cognitivo.
P9É sempre estimulador de aprendizagem.
P10Gosto de jogos porque os alunos ficam entusiasmados em participar dos jogos, pois encaram como mera brincadeira.
P11Utilizo poucas vezes por falta de variedade, e, apenas quando há necessidade de reforço para as crianças.
P12Eles são uma forma bem divertida para as crianças fazerem assimilação dos conhecimentos e habilidades trabalhadas.
P13O uso de jogos atrai mais a atenção das crianças ao conteúdo estudado, além de facilitar e deixar de forma mais lúdica o aprendizado delas.
P14Gosto muito de usar jogos de encaixe para o desenvolvimento e incentivar a concentração das crianças.

Fonte: Dados primários da pesquisa (2022).

Conforme é possível verificar os professores percebem essa possibilidade trazida pelo jogo de promover o desenvolvimento das crianças enquanto elas brincam, fazendo com que ocorra quase de forma natural, sendo destacada a dinamicidade trazida às aulas. A pesquisa realizada por Cotonhoto et al. (2019) confirma essa questão ao enfatizar que a partir dos jogos e brincadeiras na educação infantil é possível auxiliar no desenvolvimento de várias capacidades do aluno além de auxiliar na exploração e entendimento sobre a realidade, a cultura, as regras e os papéis sociais.

Dando continuidade ao estudo foi pedido que os professores informassem por qual motivo utilizavam os jogos com crianças da educação infantil. Os resultados estão apresentados no Gráfico 1.

Gráfico 1. Motivação para utilizar o jogo como recurso de aprendizagem na educação infantil

Fonte: Dados primários da pesquisa (2022).

Com o intuito de melhor compreender sobre o assunto, foi solicitado que os professores justificassem suas respostas, verificando os seguintes relatos:

Quadro 6. Percepção dos professores sobre sua motivação para uso dos jogos como recurso de aprendizagem na educação infantil

ProfessorPercepção dos professores
P1Pois é muito importante na aprendizagem das nossas crianças
P2A educação infantil precisa ser dinâmica e interessante, os jogos nos permitem oportunizar momentos de aprendizado rico e prazeroso para as crianças.
P3Utilizo na rodinha antes das atividades ou na mesa depois das atividades.
P4Introduzo um jogo sempre que possível.
P5Busco levar para minha sala de aula jogos e brincadeiras para uma aprendizagem dinâmica e prazerosa para nossas crianças para que desde a infância vivencie e entendam que precisamos ter regras preestabelecidas. Elas aprendem a esperar a sua vez e também a ganhar e perder. E fortalecendo seus vínculos afetivos.
P6Os jogos promovem o desenvolvimento de várias habilidades importantes, como a memória, a criatividade, a imaginação, a socialização, a associação, entre outras.
P7Porque auxiliam a dinamizar a minha prática pedagógica.
P8Sim, pois o mesmo auxilia no desenvolvimento motor e cognitivo.
P9É sempre estimulador de aprendizagem.
P10Gosto de jogos porque os alunos ficam entusiasmados em participar dos jogos, pois encaram como mera brincadeira.
P11Utilizo poucas vezes por falta de variedade, e, apenas quando há necessidade de reforço para as crianças.
P12Eles são uma forma bem divertida para as crianças fazerem assimilação dos conhecimentos e habilidades trabalhadas.
P13O uso de jogos atrai mais a atenção das crianças ao conteúdo estudado, além de facilitar e deixar de forma mais lúdica o aprendizado delas.
P14Gosto muito de usar jogos de encaixe para o desenvolvimento e incentivar a concentração das crianças.

Fonte: Dados primários da pesquisa (2022).

A partir da percepção dos professores é possível verificar que eles acreditam que o uso de jogos na educação infantil pode proporcionar uma aprendizagem mais significativa de seus alunos. Importante mencionar que se entende por aprendizagem significativa aquela que o aluno recebe o conteúdo que deve aprender de forma inacabada, tendo os alunos de descobri-lo antes de assimilá-lo. Conforme Ausubel (1982), para que a aprendizagem significativa aconteça, o conteúdo a ser ensinado deve ser potencialmente revelador e o estudante precisa estar disposto a relacionar o material de maneira consistente e não arbitrária. 

De acordo com a teoria de Ausubel (1982), a aprendizagem consiste basicamente nos conceitos relativos à estrutura cognitiva, aprendizagem, aprendizagem significativa, aprendizagem mecânica, aprendizagem por descoberta e por recepção. A estrutura cognitiva, conforme Ausubel (1982), é muito organizada, pois várias idéias se encadeiam conforme a relação existente entre elas e de uma forma hierárquica. Assim, o cérebro recebe as mensagens e este as armazena em cada área particular, daí vão se relacionando progressivamente constituindo-se em novos aprendizados formando a interação do indivíduo com o objetivo. É possível verificar, assim, que os jogos conseguem proporcionar essa aprendizagem significativa nos alunos.

Os professores informaram que já fazem uso dos jogos em sala de aula há muito tempo, justificando sua opção na prática pedagógica pela necessária ludicidade que essa modalidade de ensino exige. Seus relatos estão apresentados no Quadro 7.

Quadro 7. Justificativa para o tempo de uso do jogo em sala de aula

ProfessorPercepção dos professores
P1Sempre gostei de ministrar as minhas aulas de forma lúdica
P2Desde que recebi o desafio de ensinar, sempre busquei alternativas para que o processo de ensino aprendizagem acontecesse respeitando o tempo, interesse e expectativa das crianças. Os jogos os levam para um universo de estímulo e desafio que os inspiram a acreditar em seus potenciais e entenderem que a educação e construção do conhecimento pode ser prazeroso e que está ao alcance de todos e muitas vezes depende de como é ofertado.
P3As vezes utilizo outras formas de aprendizagem como brincadeiras
P4Desde o início da minha formação profissional.
P5Estou lecionando a pouco tempo, mas desde que comecei a lecionar, sempre gostei de uma aula diferente e criativa que chamasse atenção das crianças e que os ajudasse a compreender melhor o conteúdo abordado, e permitindo a criança ter vínculos afetivos fortalecidos com o coletivo.
P6Desde a infância da minha filha, quando ainda não era professora, observava e apreciava muito os resultados e os reflexos da utilização dos jogos no processo de aprendizagem.
P7Sempre procurei usá-los, independentemente de ter ou não nas escolas que já lecionei. Procuro construí-los para transformar minhas aulas mais criativas e atrativas.
P8Sim, utilizo jogos sempre para dinamizar as aulas e conseguir uma aprendizagem prazerosa trabalhando o desenvolvimento total das crianças.
P9Sempre gostei de trabalhar com a dinâmica dos jogos.
P10A alegria das crianças me contagia e me faz ter uma aula mais elaborada.
P11Só utilizo quando acho necessário
P12Utilizo jogos em sala de aula há bastante tempo. Tento sempre proporcionar aulas mais lúdicas e interessantes aos meus alunos.
P13Considero que já utilizo jogos não estruturados há um certo tempo, pois é uma forma de chamar as crianças para a proposta do dia de forma lúdica.
P14Também irá ajudar a desenvolver as habilidades.

Fonte: Dados primários da pesquisa (2022).

Conforme é possível verificar no Quadro 7, os professores destacam fatores como a ludicidade e o desenvolvimento das habilidades do aluno, o que ratifica os resultados verificados sobre a importância dos jogos no desenvolvimento dos alunos. Finalizando a pesquisa foi perguntado aos professores se eles acreditavam que as brincadeiras auxiliavam no desenvolvimento das crianças. Os resultados estão apresentados no Quadro 8.

Quadro 8. Percepção dos professores sobre os jogos no desenvolvimento de alunos da educação infantil

ProfessorPercepção dos professores
P1Os jogos facilitam a construção da reflexão, da autonomia e da criatividade, facilitando assim a aprendizagem das crianças
P2A criança é dinâmica e possui um tempo de atenção muito particular delas, os jogos permitem uma maior concentração, interesse nos momentos propostos e maior facilidade para compreensão do que é oportunizado.
P3Trabalha a empatia, saber perder, lidar com as variadas emoções.
P4As crianças aprendem brincando.
P5Estimulam as crianças no desenvolvimento com o afeto, a compreender suas emoções e resolução de conflitos e compreender a importância de uma convivência pacífica desde a infância.
P6Os jogos e brincadeiras promovem interações, um ajuda o outro, um ensina o outro, e o processo de aprendizagem é muito mais efetivo quando há socialização.
P7Através dos jogos as crianças aprendem de forma prazerosa e lúdica e com isso tudo flui com mais empolgação de forma instantânea, às vezes até eles esquecem que estão na escola.
P8Sim, as crianças gostam de competir e os jogos são para elas uma diversão.
P9Os jogos aproximam as crianças umas das outras, formando vínculos.
P10Os jogos são de grande valia, pois além das crianças se desenvolverem de forma mais espontânea, essa aprendizagem também ocorre de forma lúdica e prazerosa
P11É divertido para as crianças aprenderem brincando e também uma forma de interação coletiva.
P12Os jogos e as brincadeiras são essenciais na aprendizagem das crianças, fazem parte da infância, e trazê-los para as aulas é uma forma lúdica de compartilhar conhecimento, de fazer as crianças terem ainda mais interesse pelas aulas e aprendem com prazer.
P13Pelo motivo de que o jogo e a brincadeira conseguem melhorar a atenção e interesse da criança naquele assunto, logo ela terá um melhor desenvolvimento e habilidades serão desenvolvidas.
P14A aprendizagem das crianças no lúdico e na brincadeira/ jogos.

Fonte: Dados primários da pesquisa (2022).

Os resultados verificados nesta pesquisa corroboram com o de pesquisas como as de Cordazzo e Vieira (2007), Kolling (2001) e Queiroz et al. (2006), apontam que o lúdico está ligado ao desenvolvimento infantil, com isso, a brincadeira se torna um fator de proteção a essas pessoas, fazendo com que auxilie em pontos relevantes para o seu desenvolver psicossocial.

CONCLUSÃO

Constatamos no decorrer deste estudo que o contexto social que a criança está inserida deve lhe proporcionar as experiências humanas necessárias para o seu desenvolvimento integral, estando ligada às relações inter-relacionais e das significações culturais e sociais. Portanto, o desenvolvimento integral provém de contextos físicos e socioculturais que, conjuntamente, favorecem as relações interpessoais e o brincar. Nos resultados desse estudo o brincar foi apresentado como fundamental para o desenvolvimento psicossocial de toda e qualquer criança, verificando-se, contudo, que aquelas em situação de pobreza têm apresentado atrasos no desenvolvimento cognitivo e na área da linguagem.

Acredita-se que a formação do professor voltada para a Educação Infantil ainda é negligenciada por envolver questões históricas, visto que durante a maior parte de sua história, esse período da Educação Básica teve cunho assistencialista, somente voltada para o cuidado com as crianças, fazendo com que as práticas pedagógicas ficassem de lado.

Os resultados verificados nesta pesquisa demonstraram a importância da ludicidade na educação infantil, período em que o brincar é base para desenvolvimento dos jogos, atuando diretamente no desenvolvimento cognitivo dos alunos. Identificou-se que os principais jogos utilizados em sala de aula nessa fase são de encaixe e reconhecimento de letras e números, trabalhando tanto o cognitivo dos alunos como aspectos psicomotores como a lateralidade, a orientação espaço-temporal, as motricidades grossas e fina. Além disso, desenvolve habilidades como a concentração e a percepção dos alunos. 

Os professores percebem a importância dos jogos no desenvolvimento desses alunos e já aplicam em sala de aula, sugerindo-se a elaboração de um guia para uso de jogos por faixa etária, que direcionam os professores para o desenvolvimento de seus alunos, de acordo com a faixa etária e as diretrizes da BNCC.

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