IMPLICAÇÕES PSICOLÓGICAS DA ROMANTIZAÇÃO DA MATERNIDADE: AS  FACES “OCULTAS” DO SER MÃE

PSYCHOLOGICAL IMPLICATIONS OF THE ROMANTICIZATION OF MOTHERHOOD: THE “HIDDEN” FACES OF BEING A MOTHER

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11426392


Karine Veloso de Moura1, Tainara Sousa Pereira2, Keilane Maria da Costa Silva3, Juliana Beatriz Santos Santiago4, Mayara Carneiro Alves Pereira5


RESUMO

As mulheres muitas vezes não são ouvidas, acolhidas e amparadas, fornecendo subsídios para o adoecimento mental e social deste indivíduo. Os efeitos psicológicos de uma decisão tão exigida em domínios sociais, são deixados em segundo plano, fazendo com que o presente trabalho vise a análise das variadas alterações psicológicas provocadas na saúde mental da mulher em decorrência da romantização da maternidade, averiguando as implicações psicossociais na vida materna, em conjunto com a autopercepção feminina. O trabalho caracteriza-se como uma revisão integrativa, com finalidade básica, de natureza observacional, com objetivos do tipo explicativa. O estudo tem como intuito entender como as mulheres percebem a maternidade, compreender as percepções femininas sobre a maternidade real e romantizada, além de investigar as implicações psicossociais da maternagem na vida das mães, a estabelecer uma relação entre elas. Como principais resultados, observamos a autocobrança excessiva para um desempenho idealizado da vivência materna, as implicações biopsicossociais que permeiam a vida da mulher-mãe, bem como fatores que correlacionam a atividade materna, as imposições sociais e a saúde psíquica da mesma. Contudo, o artigo explora as faces “ocultas” do ser mãe, exibindo explicitamente a realidade da mulher e desmistificando a maternagem perfeita, presente nas sociedades de concepção utópica.

Palavras-chave: Maternidade. Efeitos psicológicos. Romantização. Culpabilização.

1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa tem como foco principal apresentar dados relacionados ao sofrimento psíquico vivenciado por mulheres-mães, visando para tanto explorar a realidade da maternidade e contemplar suas dores, medos, ansiedades e expectativas em relação a este processo. Deste modo, busca-se proporcionar um pensamento crítico-social acerca da experiência deste público.

Partindo dessa premissa, torna-se inquestionável a necessidade de produções científicas que explorem a limitação do ser mulher apenas ao evento da procriação, o que dissemina sentimento de culpa, ambivalência e opressão. Destarte, ao encontro dos efeitos psicológicos decorrentes na aparição da romantização do ser mãe literariamente explorados,    é preciso difundir  a autopercepção feminina quanto a sua própria realidade e visão.

Em conjunto à familiarização do conceito de maternidade elaborado durante os primórdios da existência humana, a palavra escolha nunca foi o primeiro sinônimo a ser pensado. O machismo estruturado, o tradicionalismo familiar e os estudos anatômicos sobre  o corpo da mulher, negligenciaram a liberdade decisória sobre a presença ou ausência de um  futuro reprodutivo, o que formou raízes históricas quanto a trajetória de vida feminina e possibilidades flexíveis de exercer sua individualidade nas diversas esferas (Hintze, 2020).

Inegavelmente, a maternidade foi construída sobre os pilares da realização social e familiar, elaborando um desejo coletivo idealizado que competia a todas as mulheres o interesse de efetivar a maternagem. A completude da vida feminina e a estrutura preservada de seu seio familiar dependia dessa etapa “natural”, transformando em obrigatoriedade uma escolha que deveria ser pensada de forma individual pela mulher (Maldonado, 2017).

Por consequência, instalam-se inúmeros efeitos acerca da saúde mental da mulher (Irurita- Ballesteros et al., 2019). Desta forma, a problemática pertinente a tal cenário se implica através  do seguinte questionamento: Quais são as implicações psicológicas geradas em decorrência da romantização da maternidade e como estes segmentos repercutem na saúde emocional das mulheres?

Deste modo, Simone de Beauvoir em sua obra intitulada “O segundo sexo” (1949), afirma que a maternidade se apresentava como determinismo biológico reservado como destino  imutável. Por consequência, qualquer caminho que resultasse na fuga dessa rota era estigmatizado como anormal, levantando questionamentos sobre a sanidade e/ou fertilidade dessa mulher, excluindo, reprimindo e julgando quaisquer indícios de desejos pessoais e subjetivos (Silva; Queiroz, 2020).

As implicações psicológicas de uma decisão tão exigida em domínios sociais, são deixados em segundo plano e como enfatizam Sarmento e Letubál (2003), as dores psíquicas relacionadas  à maternidade, muitas vezes estão associadas a uma sequência de perdas e adaptações que envolvem as mudanças no corpo, a experiência com o bebê real e não mais com a idealização deste e as próprias necessidades que geralmente não são atendidas em detrimento das demandas dos filhos.

A presente pesquisa se justifica com base no cenário sociocultural que idealiza a romantização da maternidade, agregando inúmeros impactos emocionais à saúde mental da mulher. O trabalho se consolida através de uma revisão bibliográfica do tipo integrativa, com vista na perspectiva de produções científicas sobre a temática que trazem o lado real da maternidade, as implicações psicológicas advindas da pressão interna/externa para cumprir as exigências maternas e os estereótipos enraizados ao longo dos anos sobre o gestar.

Nesse sentido, busca-se a partir de uma revisitação a outras obras aprofundar os conhecimentos e a perspectiva da Psicologia ao encontro do conteúdo supracitado, tendo como  intuito promover à sociedade uma reflexão autocrítica acerca de sua própria conduta quanto à objetivação das escolhas femininas. Além disso, propõe proporcionar rede de apoio teórico às mulheres que vivenciam a realidade da romantização, mas não sabem onde encontrar suporte literário.

Com o estudo, espera-se contribuir para as lacunas do desenvolvimento científico, trazendo novas colaborações que abordem o assunto e encoraje as mulheres a desmistificar a utopia de  perfeição e obrigação relacionada ao ser mãe, ao desconstruir o ideário de ciclo “natural” da vida feminina. Assim sendo, a referente pesquisa objetiva: Analisar as implicações psicológicas vivenciadas pelas mulheres em decorrência da romantização da maternidade; entender suas percepções frente ao tema; compreender a maternidade romantizada e a maternidade real; investigar os impactos psicossociais da maternidade na vida das mães.

Contemplando esses objetivos, o presente artigo foi estruturado inicialmente com uma discussão acerca das influências emocionais geradas por meio da idealização da maternidade. Em  seguida, a fundamentação teórica se deu com a utilização de autores brasileiros e estrangeiros que premiassem contribuições para o aprofundamento do tema, clarificando o modo como a indução da maternagem traz impactos em diferentes países e culturas.

Como resultados encontrados, avaliam-se diversas sequelas psíquicas causadas em prol da exigência de ser mãe. Todavia, é indispensável pontuar a urgência em produções respaldadas pela ciência que divulguem as inúmeras implicações desta prática tão remota, principalmente pela restrita gama de trabalhos que abordam de forma resumida a relevância da  pauta. Em síntese, conclui-se que apesar da pertinência do conteúdo, pouco se considera quanto  às implicações vivenciadas por mulheres/mães ao conviveram com a frequente subjugação sobre o  universo materno.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A Maternidade: Uma Construção Histórica

A maternagem tem seu conceito entendido como um conjunto de cuidados dispensados ao bebê, no intuito de fornecer as necessidades do mesmo, estabelecendo a construção de um vínculo, bem como a disponibilização do afeto (Böing; Crepaldi, 2004). Desta forma, tal conceito não se estende somente às mães, mas também para demais pessoas que exerçam o papel de cuidador, ao realizar tal procedimento contínuo, através das atividades cotidianas do indivíduo (Souza, 2022).

Durante um longo período, sua ideia foi pensada como intrinsecamente relacionada à maternidade, função feminina por excelência, concernente à natureza da mulher, embora alguns  autores apontem para o fato de que essa dedicação feminina ao papel materno deva muito mais  “a uma transposição social e cultural das suas capacidades de dar à luz e amamentar” (Chodorow, 1990). Historicamente, a maternidade foi vivenciada no decorrer das décadas ao passo de significativas transformações, mas em todas elas, havia à associação da responsabilidade feminina como uma concepção “natural” (Pereira; Tsallis, 2020).

Com as novas configurações de relacionamentos no Período Moderno, sentimentos de ternura e intimidade ligando pais e filhos ou a valorização da criança foram instalados. Contudo, os ideais de autoridade ainda competiam a figura masculina, ocupando o homem o lugar principal da família. O papel da esposa igualava-se ao da criança, sendo assim, representado pela submissão a sua hierarquia (Fiorin et al., 2014).

Na Idade Média, conceber um filho representada à ênfase no poder paterno, que necessitava procriar para garantir sua virilidade e autoridade perante à esposa e a sociedade. Segundo Aries (1981), as crianças permaneciam vinculadas às suas famílias por pouco tempo,  até entre os 07 e 10 anos, quando eram entregues a outras famílias (por contrato ou não), para receberem instruções na condição de aprendizes. Nada se falava sobre amor materno ou interesse paternal em construir uma família sob escolha pessoal (Pereira; Tsallis, 2020).

O casamento realizado por contrato, regido pelas implicações financeiras e acordos políticos das famílias, excluía qualquer demonstração de afeto entre o casal, sendo o amor conjugal entendido como dispensável a um bom casamento. Nesse contexto, a subjetividade dos desejos femininos era cada vez mais soterrada. Segundo Donzelot, essa desvalorização dos sentimentos afetivos contribuiu para a criação das crianças pelas amas-de-leite mercenárias e ao abandono de menores em hospícios, vez que a sociedade desconsiderava a necessidade do vínculo amoroso com a criança (Gradvohl et al., 2014).

Em 1760, sob nova reconfiguração da estrutura do seio familiar, diversas publicações começaram a clamar o “amor materno” como uma qualidade natural e social, benéfica à raça  e à sociedade, responsabilizando ao papel feminino os cuidados diretos com a prole (Badinter, 1985). Por consequência de tamanha remodelação, derivou-se uma progressiva valorização da mulher-mãe, a “rainha do lar”, simbolizada culturalmente pelos discursos médicos e patriarcais, atribuindo à mulher o poder e respeitabilidade, contanto que não ultrapassasse as fronteiras domésticas e seguissem as propostas de devoção da igreja.

Atendendo a afirmativa de Araújo (2004), no qual instaura-se questões relacionadas à construção da simbologia feminina mediante a sociedade, tal símbolo fortemente moldado pela supremacia cristã e patriarcal:

[…] com prazer ou sem prazer, com paixão ou sem paixão, a menina tornava-se mãe, e mãe honrada, criada na casa dos pais, casada na igreja. Na visão da sociedade misógina a maternidade teria de ser o ápice da vida da mulher. Doravante, ela se afastava de Eva e aproximava-se de Maria, a mulher que pariu virgem o salvador do mundo. A Igreja não se fazia de rogada e estimulava tal associação (…). Porém, a mulher não podia exercer sua maternidade em paz. Os médicos homens logo entravam em cena para diminuir o brilho do milagre e do mistério da fecundidade e para dizer à mulher que ela continuaria dependente do saber, e do poder masculino (Araújo, 2004, p. 13).

 É evidente o quão a configuração do modelo cristão estabeleceu-se na sociedade, vindo a levar as mulheres a adotarem modos puritanos e pensamentos misóginos acerca do próprio corpo e das próprias escolhas, cedendo sempre a uma escala hierárquica de poder concentrado nas mãos masculinas e rodeada pelo temor religioso. No Brasil, o Período Colonial  e a constituição do Estado Moderno mantiveram esse ideal.

Costa (1989), aponta que, entre as principais características da família colonial, encontrava-se a valorização do poder paterno. A mulher e os filhos apresentavam-se como devotos, interessavam apenas enquanto elementos a serviço do patriarca, e viam na figura do homem não só o protetor, mas também a simbologia do chefe familiar. Resultante a tal pensamento, a construção machista afastava a mulher do meio público, de forma que suas possibilidades de atuação se limitassem ao lar e à educação dos filhos.

Em contribuição a tal achismo, Patias e Buaes (2012, p.302), indicam que a representação dos filhos como destino natural de toda mulher produziu a perspectiva de que a maternidade é o caminho da plenitude e realização da feminilidade. Trilhar esse caminho implica ter uma vida de renúncia e sacrifícios prazerosos indispensáveis à constituição da identidade feminina.

Por outro lado, Badinter (1980), aponta que o amor maternal não é da essência da mulher, de modo que seu interesse e dedicação pelo filho(a) podem ocorrer, ou não. Apesar disso, o enraizamento sócio-histórico que perpassa as comunidades persiste em reafirmar à completude da vida feminina apenas mediante a efetivação do “ser mãe”, embora para isso desqualifique, oprima e romantize qualquer poder de escolha feminino. De forma clara a tal realidade, Marcello (2005, p.86), afirma que é válido apontar que, de um modo sutil, se renovam estratégias semelhantes àquelas usadas por enunciados médicos – oriundos do século XVII – que evidenciavam a vocação “natural” da mulher à maternidade.

De modo coerente ao exposto acerca dos posicionamentos de cada autor(a) mencionado(a), verifica-se a lenta jornada em busca de desmistificar a construção histórica apresentada sobre a maternidade. Embora salvas exceções pontuam um progresso feminino sobre os direitos de seu corpo e prioridades de vida, suas escolhas pessoais quanto ao gestar ou  não, ainda são fortemente influenciadas pelo meio externo. Incontestavelmente, como resultados temos impactos emocionais de proporções imensuráveis ao ser mulher.

2.2 O mito da maternidade

Durante o construto social das comunidades antigas, desde as nações contemporâneas, a sociedade compreende a maternidade como parte da essência e da identidade feminina (Scavone, 2001). Mediante tal afirmação, ecoam todos os ideais que associam ao gênero feminino à exigência de ser mãe, correlacionando uma ambiguidade de sentimentos e culpabilização aquelas que não partilham desse ideal.

Conforme apontam Rios e Gomes (2009), ao não optar pela maternidade, a mulher passa a ser encarada pela sociedade com abjeção, pois compreende-se sua decisão como expressão de uma anormalidade, uma vez que não responde às expectativas em relação ao papel social de feminilidade. Norteado por essa concepção, instalou-se o ideal do amor materno, caracterizado  pela indispensabilidade do ser mãe à toda mulher. Como resultado, qualquer movimento contrário ao esperado, resultava na estigmatização da figura egoísta, estranha ou eternamente fadada à infelicidade da solidão (Gradvohl et al., 2014).

Na obra “O Mito do Amor Materno”, Badinter (1980), aponta que a ideia de maternidade é uma construção cuja existência remonta a um determinado contexto histórico- cultural: a cultura burguesa europeia a partir do século XIX. Consequentemente, explorando a compreensão vivenciada pela população à época, configurava-se a maternidade como algo “instintivo”, presente em cada mulher desde seu próprio nascimento e fantasiosamente almejada   em dado momento da vida.

Enfatizando produto das consequências, o ideal da mãe perfeita construído por cada sociedade em geral e por cada família, em particular, tem influências que podem ser positivas ou negativas para a mulher e para a criança, assim como para todos de seu convívio íntimo. Muitas mulheres se sentem atormentadas por pensamentos acerca de estarem, ou não, sendo boas mães (Tourinho, p.4, 2006). Em concordância com o autor e levando em consideração os achados literários sobre a  temática da romantização, faz-se inquestionável os impactos emocionais ocasionados pela   atribuição da maternagem à vida feminina, bem como aqueles provocados em decorrência da idealização de maternidade perfeita, esperada pelas sociedades ocidentais.

Destarte, a  maternidade romantizada permite que a mulher crie expectativas não existentes. Desse modo, fecunda-se à margem para a culpabilização, seja ela interna ou externa (Shiavo et al, 2021, p.9). Orientando-se a partir desse pensamento, afloram as novas concepções que agregam autonomia à subjetividade da mulher, de maneira que haja abertura para uma modificação,  mesmo que de forma árdua e vagarosa, referente aos ideais construídos ao longo das gerações sobre a imagem e atributos femininos.

Em prol da romantização da maternagem idealizada por processos enraizados na nossa  cultura, muitas mulheres sentem-se pressionadas a vivenciarem a experiência materna, evocando sentimentos de cobranças internas e externas (Marques et al., 2021). Segundo Maldonado (2017), o desejo pela maternidade ocorre a partir da junção de vários fatores: aprofundar e permear uma expressão criativa a relações amorosas importantes; concretizar desejos de transcendência e continuidade; manter vínculos emocionalmente desfeitos e a necessidade de competição fraternal. Posto isto, as necessidades das mulheres são colocadas em contraponto aos seus desejos e os desejos alheios, provocando desconfortos e desajustes psíquicos.

Ao lidar com as questões de uma sociedade metricamente programada pela cultura, as mulheres passam por processos de pressão social no que se concerne a escolha de ser ou não ser mãe (Pereira; Tsallis, 2020). A imposição da maternidade oculta o poder decisório das mulheres, uma vez que ser mãe deve ser sempre uma questão de possibilidade. De acordo com  Rios e Gomes (2019), a escolha por não procriar tem como possibilidade uma característica desviante do que é esperado pela sociedade, muitas vezes configurando-se como anormalidade,  egoísmo, falta de dever cívico ou patologias.

Em suma, inúmeros discursos sociais constituíram e reforçaram o papel da mulher como mãe, ao longo da história feminina na sociedade moderna (Oliveira, 2007). De fato, observa-se de modo transgeracional que o ato materno é construído e fortalecido desde a infância, por meio das brincadeiras apresentadas à criança e dos papéis representados por tais, sempre correlacionando à mulher a uma representação de cuidadora do lar e dos filhos (Moura; Araújo, 2004).

2.3 Maternidade: escolha ou obrigação?

A maternidade servia para delimitar o espaço que cabia à trajetória feminina: serva do lar e cuidadora dedicada à prole. Entretanto, com o passar das décadas, a criação da pílula anticoncepcional e ascensão do movimento feminista, a mulher passou a ampliar suas possibilidades e compreensão acerca dos direitos sobre seu próprio corpo e decisões, inserindo- se arduamente no mercado de trabalho e agregando novas prioridades à sua vida (Silva; Queiroz, 2020).

Todavia, ao longo dos anos, desde a construção do papel feminino, as mulheres foram colocadas em evidência com uma imagem extremamente exigida pelo social, religioso e familiar, a da procriação. Desde a infância somos moldadas a atividade maternal, incluindo bonecas bebês em nosso campo do brincar. Apesar das modificações que o papel feminino vem  recebendo, a sociedade ainda impõe a maternidade como algo “divino”, “sagrado” e “instintivo” (Pereira; Oliveira, 2023).

A religiosidade, especificamente o cristianismo, cristaliza toda essa imagem construída  e disseminada pela história. Já que de acordo com São Paulo, em 1 Timóteo, 2:15, a maternidade  seria a salvação da mulher, “se elas permanecerem na fé, no amor e na santidade” (Bíblia, 2021, Timóteo, 2:15). Desta forma, muitas mulheres emergem em uma atividade compulsória, indo contra suas próprias vontades e desejos (Fiorin et al., 2014).

Por conseguinte, as mulheres muitas vezes não são ouvidas, acolhidas e amparadas, fornecendo subsídios para o adoecimento mental e social deste indivíduo (Zanatta et al., 2017). Deste modo, a chegada de uma criança gera expectativas e mudanças nos planos de vida da mãe, sendo necessário um reajuste nas diversas camadas que compõem a vida dessa mulher. Sendo assim, pode-se compreender como o processo de escolha é altamente subjugado, sendo comparado muitas vezes com questões patológicas e anormais, culpando as mulheres a partir do processo de escolha pessoal, onde está em jogo seu corpo, seus valores, seu tempo e seu poder de decisão (Pereira; Tsallis, 2020).

Apesar das modificações inseridas no novo cenário social, muitas mulheres ainda estão  sujeitas às situações atribuídas pelo patriarcado, sendo elas o papel de dona e cuidadora do lar e  dos filhos, ideia esta fortemente difundida durante a elevação do capitalismo (Fiorin et al., 2014). No entanto, com a introdução das mulheres no mercado de trabalho, as pautas das atividades femininas se expandiram, fortalecendo as novas modalidades do ser mulher, bem como a decisão  de não ter filhos (Pereira; Oliveira, 2023).

Historicamente, outros motivos que levaram as mulheres a terem cada vez menos filhos foram: a entrada no mercado de trabalho, uma maior escolarização e acesso à informação e a disseminação dos métodos contraceptivos. Entre 2000 e 2012 o número de nascimentos no Brasil diminuiu em 13,3%. Em 1970 as mulheres tinham, em média, 5,8 filhos; já em 2012 este  número era de 1,77 filhos (Rocha, 2019).

De acordo com Nunes (2011), o paradigma que ligava a maternidade a feminilidade já não é o bastante para definir as mulheres no contexto atual, mesmo que ele ainda esteja sustentado pelo imaginário social em relação a mulher, pois apesar dos demais papéis atribuídos  ao feminino, ainda é imensamente forte a ideia da mulher plenamente realizada somente ao se tornar mãe. Isso posto, o embate psíquico formulado pelo questionamento interno acerca do desejo/vontade de ser mãe, leva a mulher a um certo sofrimento, onde de um lado se encontra seu poder decisório e de outro uma obrigação imposta pela sociedade.

A maternidade compulsória é vista como uma problemática no cenário atual, dado que a mesma significa a busca pessoal por entender e compreender os significados que permeiam a maternidade, ainda que em um ambiente onde não há fortalecimento, apoio e ou meios que a facilitem. Desta forma, quando mulheres optam por escolher vivenciar a gestação, bem como o papel materno, muitas não são ouvidas e acolhidas. Esse fato propicia a romantização de um processo que é cansativo e doloroso, mas que devido a construtos sociais, é silenciado (Mello, 2017).

 A construção do papel materno foi permeada acerca dos contextos religiosos, culturais, políticos e de gênero, ancorando a obrigatoriedade das mulheres à procriação (Marques et al, 2021). Contudo, estudos feministas da contemporaneidade trouxeram à pauta da valorização do papel da mulher, defendendo os contrapontos do que se constitui a essência feminina.

2.4 Os efeitos psíquicos da vivência maternal

A gestação é considerada um período crítico de transição, biologicamente determinado, com a capacidade de produzir temporariamente um grau de instabilidade emocional devido às mudanças que ocorrem na adesão do papel social e na identidade da mulher, além das adaptações interpessoais e intrapsíquicas que a mesma necessita transicionar (Campos; Carneiro, 2021).

Este período compreende o pré natal e se estende ao puerpério, que também comporta modificações fisiológicas, assim como mudanças na rotina social, atividade subjetiva e no relacionamento familiar. Em suma, a mulher é colocada a vivenciar uma sequência de transformações em seu campo inter e intrapsíquico. Logo, surge a necessidade de lidar com situações nas quais podem gerar sofrimento psíquico ou quadros psicopatológicos (Maldonado,  2013).

Ao lidar com a modificação de cenário proposta pelo pós parto, as dores, ansiedades e sofrimentos da mulher-mãe são deixados de lado, uma vez que o foco é deliberadamente o recém-nascido. Os aspectos corporais, devido o luto do corpo anterior, ocasionado por uma sequência de transformações físicas, motivadas pela maternidade real, também implicam em sofrimento psicológico para a parturiente devido a autoestima não preservada; bem como as questões de idealização do filho, expectativas de apoio e reconstrução da identidade (Campos; Carneiro, 2021).

Neste foco, a melancolia maternal facilmente estaria associada a uma combinação de perdas e adaptações que a mulher-mãe experiência, como as mudanças no corpo, a vivência como bebê real e não mais com a idealização deste, e as próprias necessidades que geralmente não são atendidas em detrimento das demandas da criança. (Sarmento; Letúbal, 2003).

Ao ser introduzida no espectro da maternidade, a mulher se depara com sentimentos de ansiedade, dúvidas, além do agravamento do medo relativo ao possível aumento da responsabilidade frente à chegada da criança. Esses fatores emocionais desencadeados pela maternidade, podem despertar a depressão pós-parto ou baby blues, que é referente a uma tristeza que ocorre pós-parto ou melancolia da maternidade (Dias et al.,2020).

O baby blues é um distúrbio caracterizado pela alteração de humor das puérperas entre                     o terceiro e o quinto dia após o parto, mas que geralmente, some com o tempo. (Coutinho; Saraiva, 2008). Contudo, outras mulheres podem apresentar quadros depressivos mais graves, vindo a implicar na diminuição ou perda da capacidade para o autocuidado e para o cuidado com os filhos (Krob et al., 2016; Jorenti, 2018). Sendo assim, tais evidências corroboram para a  importância do cuidado genuíno, permeando desde o pré ao pós natal, trabalhando as questões experienciadas pela mulher gestante-mãe, bem como suas possíveis implicações.

Em precessão às implicações psíquicas advindas do puerpério, as mulheres enfrentam a percepção da dualidade existente entre o idealizado e a maternidade real, vivenciando processo  de angústia ao não terem suas expectativas acolhidas e realizadas à maternidade (Marques et al., 2021). Em suma, a maneira de cada mulher vivenciar os sofrimentos psicológicos decorrentes do período gravídico-puerperal, é singular e concomitante ao período sociobiológico de cada mulher.

Segundo Chertok(1966) e Soifer(1971), a gravidez seria uma experiência essencialmente regressiva, tanto em relação aos fatores de ansiedade e aos sintomas quanto em relação ao bem estar e a proteção. Em consonância, Rezende e Montenegro (2011), apontam que além dos fatores psicossomáticos, há também reações alérgicas da parturiente à substâncias  produzidas pelo óvulo, reflexos originados no útero expandido ou nos órgãos digestivos e alterações hormonais, como fatores etiológicos da hiperemese, cuja incidência tem se tornado menor devido à ação de antieméticos e assistência pré natal associada ao atendimento psicoterápico.

3 METODOLOGIA

O trabalho caracteriza-se como uma revisão integrativa, com finalidade básica, de natureza observacional, com objetivos do tipo explicativa. O estudo tem como proposta entender  como as mulheres percebem a maternidade, compreender as percepções femininas sobre a maternidade real e romantizada, além de, investigar as implicações psicossociais da maternidade na vida das mães, e estabelecer uma relação entre elas.

A pesquisa bibliográfica foi realizada mediante busca nas seguintes bases de dados: Scielo (Scientific Electronic Library Online), periódicos CAPES e Google acadêmico. Sendo utilizados os seguintes descritores, sendo eles em português: “maternidade”, “romantização”, “culpabilização”, “efeitos psicológicos”; e em inglês: “motherhood”, “romanticization”, “guilt”, “psychological effects”.

Utilizou-se o operador boleando para relacionar as palavras-chaves nas bases de dados, no qual palavras em português foram: “maternidade e romantização”, “ culpabilização e maternidade”,  “efeitos psicológicos e maternidade”, “efeitos psicológicos e romantização”, “maternagem e romantização”; e em inglês: “motherhood and romanticization”, “guilt and motherhood”, “psychological effects and motherhood”, “psychological effects and romanticization”, “motherhood and romanticization”.

A coleta de dados foi obtida através de publicações envolvendo a temática nos 10 últimos anos, incluídos artigos publicados entre 2013 e 2023, que abrangem acerca da relação da vivência da maternidade e as implicações psicológicas geradas pela mesma. Para a construção da pesquisa completa, foram utilizadas 38 obras, desde livros a artigos acadêmicos publicados em portais escolhidos para coleta. Já a análise de dados se  deu por meio do ano de publicação, tipo de estudo e resultados, englobando 12 obras, no qual correspondem ao idioma português e inglês, tendo a obra estrangeira a França como país de origem. Foram excluídos artigos que focaram apenas em mulheres-mães com transtornos psiquiátricos, pois o trabalho desenvolvido caracteriza a relação entre a vivência da maternidade no contexto geral, além de artigos escritos  em outros idiomas que não fossem português e inglês.

Os estudos encontrados nesta pesquisa foram organizados em formato de tópicos, com a seguinte estrutura, tópico 1: A Maternidade: uma construção histórica, a levantar aspectos históricos relacionados à maternagem. O tópico 2: O mito da maternidade, a fim de correlacionar o juízo social com a evidência. O tópico 3: maternidade: escolha ou obrigação, a    direcionar a liberdade das escolhas das mulheres. O tópico 4: os efeitos psíquicos da vivência maternal, a elencar dados acerca da saúde psicológica das mães.

4 RESULTADOS DA PESQUISA

Na base de dados periódicos CAPES foram encontrados 7 itens na língua portuguesa, sendo selecionados 2. No Scielo obteve-se 145 artigos utilizando os descritores, utilizando-se 7 para a construção dos resultados. No Google Acadêmico, utilizando-se os descritores, apareceram 730 resultados, entretanto foram selecionados 3 artigos e 2 livros.

Sendo utilizado como critérios de inclusão, trabalhos que abordem as implicações psicológicas advindas da romantização da maternidade e como implicam à vida das mulheres-mães; e como critérios de exclusão trabalhos que tivessem sido publicados antes de 2013 e abordassem somente a vivência de mulheres com transtornos psiquiátricos. Desta forma, após a análise de data de publicação, tema, resumo e resultados foram selecionados 12 artigos e 2 livros.

Fluxograma:

4.1 Entendendo como as mulheres percebem a maternidade

Com o objetivo de avaliar as contribuições dos artigos selecionados, fez-se necessária a  produção de um quadro para a junção e resumo dos dados encontrados, disponibilizando em visualização clara a ordem das referências obtidas e expostas a fim de elaborar sucintamente as repercussões detectadas. No quadro 1, onde se enfatiza a “percepção feminina acerca da maternidade”, produções relativas à proposta uniram-se seguindo uma linha de raciocínio clarificada, a conter as seguintes informações: título, autores(ano), objetivos e resultados.

Quadro 1: Análise de estudos de acordo com autores apresentados referente a temática da percepção feminina acerca da maternidade

Autores(ano)ObjetivosResultados
  Simone de Beauvoir(1980).Questionar o conservadorismo que defende a moral e os bons costumes, a família, defendendo a ideia de contraceptivos, aborto e liberdade sexual, bem como a função da maternidade.Enfatiza a necessidade de dar voz ao movimento feminista, pois oferecia elementos necessários para debater a politização das questões privadas dos direitos femininos.
Scavone (2001).Estimular um debate ao redor da pauta   maternidade, tornando explícito o direito de viver ou não a experiência materna.A maternidade não deve ser vista como algo negativo,   entretanto, a mulher precisa conhecer sua história, ter o direito de decidir sobre o seu corpo, sem culpa, ter direito ao sentimento de completude desvinculado da experiência de ser mãe.
Bruschini (2006)Correlacionar a dualidade presente no ser mãe/profissional, elencando os desafios percebidos pelas mulheres através dessa experiência.As mulheres trabalhadoras, mães de filhos pequenos, que se encontram ativas em suas carreiras profissionais, além de dedicar horas às atividades domésticas, podem se sentir prejudicadas tanto em relação ao seu trabalho como em relação às suas vivências da maternidade.
Novelino,Stasevskas (2017).Questionar o eterno “ter que” referente ao papel da mulher nas diversas sociedades.A construção da subjetivação materna é acompanhada do imperativo da locução verbal “ter que”, com diferentes complementos: ter que engravidar, ter que amamentar, ter que brincar com os filhos, ter que ser ao mesmo tempo mulher, mãe, profissional e dona de casa.
Fonte: Elaborado pelas autoras, a partir da análise dos dados.

Simone de Beauvoir (1980), afirma que ‘ser é tornar-se’, resultando em sua célebre ideia  “não se nasce mulher, mas torna-se mulher”. Tomando como direção tal afirmativa, avaliam-se os resultados históricos de um padrão limitado quanto ao poder de exercer suas vontades presente no pertencer do gênero feminino. O ato tornar, representa a imposição de ideais que negam à mulher a liberdade de vivenciar a escolha do ser. Diante de tamanha repressão, a autora elencada levanta em suas obras questionamentos sobre o tradicionalismo familiar.

Em crítica a sociedade que defende os princípios de uma família constituída através dos costumes éticos, dá voz e conhecimento acerca dos métodos preventivos que evitariam uma gravidez indesejada, além de lutar pela capacidade da liberdade sexual. Todavia e em conjunto a compreensão de Esteves e Santos (2022), se faz a concordância de que o desejo de ter um filho deve ser genuíno e consciente, pois caso a escolha não seja bem elaborada, poderá trazer sérias consequências para os sujeitos envolvidos.

A obra de Beauvoir (1980), tornou-se um dos ícones pioneiros do movimento feminista contemporâneo, pois oferecia elementos necessários para debater a politização das questões privadas de direito. Contudo, os discursos históricos de origem patriarcal com apoio midiático,  continuaram a contribuir para que a figura feminina fosse atrelada ao simbolismo da mulher- mãe, vinculando sua completude à maternidade (Scavone, 2001). Tais concepções mantiveram durante gerações o silêncio de várias mulheres que não romantizavam essa concretude.

Scavone (2021) ainda aponta a relevância de um discurso que estimule as diferentes formas de pensar a maternidade, dando ênfase à necessidade de que cada mulher deveria aprofundar-se sobre o conhecimento de sua própria história, reconhecer o direito de decisão quanto ao seu   corpo e ter a autonomia de sentir-se completa sem a obrigação de ser vinculada a experiência de ser mãe. Desse modo, a pequenos passos e longos empecilhos reformulam-se as indagações   que compreendem a temática da maternagem.

Em contribuição aos fenômenos que permeiam as dificuldades ainda encontradas, reverbera a difícil dualidade de ser mãe e ter uma carreira. Bruschini (2006), aponta que o perfil do trabalho da mulher ao longo dos anos é composto de avanços e permanências. Após tantas lutas, atualmente há maior inserção no mercado de trabalho, mas também não deixam de ser atuais o preconceito, os estereótipos e a desvalorização de uma jornada que ainda não alcançou a equidade. Nesse sentido, as mulheres/mães trabalhadoras, além de dedicar horas às atividades domésticas, podem se sentir prejudicadas tanto em relação ao seu trabalho como em relação às suas vivências da maternidade.

Em concordância aos fatos discorridos pelo autor Stasevskas (1999), a construção da subjetivação materna é acompanhada do imperativo da locução verbal “ter que”, com diferentes complementos: ter que engravidar, ter que amamentar, ter que brincar com os filhos, ter que ser ao mesmo tempo mulher, mãe, profissional e dona de casa. É preciso ainda corresponder ao ideal de mãe perfeita, dedicada, heroína, santa, que a cultura ajudou a construir: “(…) a mãe deve ser alegre, feliz, tranquila, serena, ajustada, sem hostilidades, angústias ou conflitos – conscientes e inconscientes –, atenta às mínimas inquietações que a afligem, para saná-las imediatamente.”

Atentando-se aos detalhes de tudo que foi exposto, torna-se claro que viver ou não a experiência materna na concepção mais primária das comunidades não era um questionamento  a ser levantado. O processo de gerar dúvidas quanto ao papel entendido como destino definitivo  construiu-se rodeado de opiniões e julgamentos que silenciaram durante anos o poder de fala feminino. Entretanto, como disse o historiador grego Heródoto, é preciso pensar o passado para  compreender o presente e idealizar o futuro. Assim sendo, as raízes históricas do fazer materno  precisam ser conhecidas e revisitadas, porém, com o intuito de que a ignorância não dê espaço  ao retrocesso.

4.2 Maternidade real versus maternidade idealizada

Para analisar os 4 artigos selecionados, criou-se um quadro para a coleta e síntese dos dados obtidos, com o objetivo de organizar de forma estruturada as informações coletadas e elaborar um banco de dados. No quadro 2, no que se tange ao tema “maternidade real versus maternidade idealizada”, artigos referentes à temática foram agrupados seguindo um roteiro estruturado, a conter as seguintes informações: título, autores(ano), objetivos e resultados.

Quadro 2: Análise de estudos de acordo com autores apresentados referente a temática da maternidade real e maternidade ideal.

Autores(ano)ObjetivosResultados
  Tourinho, Júlia (2006).Fazer uma reflexão acerca o papel social da mãe, discutindo o compilado    de atitudes, comportamentos e sentimentos que são esperados que a mulher incorpore durante a maternidade.A representação do que se instituiu como papel feminino ideal leva muitas mulheres a assumirem seus filhos por pura obrigação e culpa, pautadas em um perfil materno surgido a partir do século XVIII.
  Badinter, Elisabeth (2011).Levantar aspectos relacionados a maternidade como um fator “vocacional”, aprofundando nas questões             referentes             a autocobrança e interiorização da maternidade ideal.Aponta que a maternidade é sempre considerada a mais importante realização da mulher, mas que em contraponto, é desvalorizada socialmente, a vir a provocar uma interiorização de características na qual representam a mãe ideal.
  Ávila e Vieira (2018).Fomentar uma discussão em torno do tema da maternidade, a dar ênfase no que diz respeito à Maternidade naturalista e sua formulação discursiva.Reconhecer a maternidade como um fenômeno cultural, para além do ato biológico de parir e gerar, a reconhecer que a formulação de discurso afeta a vida dos sujeitos.
  Pereira e Tsallis (2020)Demonstrar        como      se disseminam discursos sobre a maternidade, elucidando efeito moral do discurso e práticas sobre    a             maternidade direcionadas ao corpo feminino.A maternidade foi vivenciada no decorrer das décadas ao passo de significativas transformações, mas em todas elas, havia à associação da responsabilidade feminina como uma concepção “natural”
Fonte: Elaborado pelas autoras, a partir da análise dos dados.

O conceito de feminilidade é construído a partir de seguimentos idealizados que juntam ideais de gênero, sexualidade e diretrizes naturalistas do sexo biológico (Vieira e Ávila, 2018).  Neste seguimento, a maternidade ideal não seria diferente, sendo moldada por ideais sociais de culturas patriarcais, a figura materna é direcionada ao caráter de pureza, que ao renunciar ao prazer e ao sofrimento voluntário, são removidas dos contextos que sustentam o discurso presente.

Culturalmente, há enraizado a nível social um modelo ideal de maternidade, onde conscientemente ou não, todas as mulheres o carregam. Nessa perspectiva, Badinter (2011) traz   questões relacionadas à alta demanda e exigência pela auto performance da maternidade, a evidenciar que os cuidados perpassam os níveis corporais e afetivos, estendendo-se ao desenvolvimento psicológico, social e intelectual da criança, ampliando a visão global e o cuidado em tempo integral, exigindo cada vez mais da mulher.

Entre os estigmas e estereótipos direcionados às mulheres, para enfatizar a figura de feminilidade e consequentemente o “ser mulher”, Vieira e Ávila (2018) mostram como a visão  social implica à mulher a necessidade de tornar-se mãe para a validação da existência. Posto isto, Badinter (2011) reforça trazendo a perspectiva social, na qual aponta que a maternidade é  sempre considerada a mais importante realização da mulher, mas que em contraponto, é desvalorizada socialmente.

Os reforços sociais negativos, implicam na autocobrança da mulher-mãe, na qual Tourinho (2000) reforça em seus estudos, em achados como a visão de que muitas mulheres se culpam por não se sentirem ou não agirem de acordo com os modelos valorizados pela sociedade. A cobrança pela performance perfeita, idealizada e valorizada socialmente, favorece  a dominância da maternidade ideal, acima da maternidade real, deixando de lado todas questões  que implicam a vivência genuína dessa mãe.

Tourinho (2000), explora em seus estudos o conceito acerca do amor instintivo, amor este em que reforça a maternidade ideal, enfatizando a maternagem como um processo natural e uma característica universal feminina, fazendo parecer “um dom” ou algo intrinsecamente biológico. Porém, quando as mulheres constroem uma visão além da cegueira social, podem alcançar perspectivas distintas como apontam estudos de Badinter (2011), onde exprime que derivando-se à lógica do tudo ou nada, tendo alta consideração dos deveres maternos, as mulheres voltam-se aos aspectos sombrios, constrangedores e sacrificiais que ocorrem nesse processo.

Badinter (2011) também ressalva acerca dos anseios maternos implicados pela maternidade idealizada, onde muitas mulheres dizem não poder desejar serem boas mães em consonância com as atividades pessoais e profissionais. Contudo, as mulheres-mães do século XXI enfrentam uma realidade deveras diferente das estabelecidas nos séculos passados, lidando  com uma vida profissional, educacional, pessoal e materna.

Historicamente, a maternidade foi vivenciada no decorrer das décadas ao passo de significativas transformações, mas em todas elas, havia a associação da responsabilidade feminina como uma concepção “natural” (Pereira e Tsallis, 2020).  Desta forma, a perspectiva de que a maternidade seja algo natural, faz com que muitas mulheres questionem seu papel feminino, entrando em espectros da romantização do processo, destoando-se da realidade do vivenciar materno.

Enfatizando produto das consequências, o ideal da mãe perfeita construído por cada sociedade em geral e por cada família, em particular, tem influências que podem ser positivas ou negativas para a mulher e para a criança, assim como para todos de seu convívio íntimo. Muitas mulheres se sentem atormentadas por pensamentos acerca de estarem, ou não, sendo boas mães (Tourinho, 2006). Neste panorama, o confronto entre a realidade do maternar e as discussões estabelecidas sobre a maternidade perfeita, provocam sentimentos de desamparo nas mulheres, uma vez que a maternidade real ainda é pouco presente nos construtos do senso comum.

Vieira e Ávila (2018), traz acerca do reconhecer a maternidade como um fenômeno cultural, para além do ato biológico de parir e gerar, a reconhecer que a formulação de discurso afeta a vida dos sujeitos. Mediante citação, observa-se a crescente mudança acerca dos significados atribuídos à percepção da maternidade real que difere da maternidade idealizada presente desde os primórdios da sociedade, compactuando significativamente com os atributos direcionados à perspectiva do ser mãe.

A representação social da maternidade vem sendo modificada, adaptando-se a cada época e a cada sociedade em que se está inserida. Todavia, em consideração aos achados bibliográficos de Badinter (2011) sobre a evolução do ser mãe entre séculos, avalia-se o quão lento se faz esse processo e o quanto a romantização do desempenho direciona à imposição de  ideias de performance materna, aliado com a visão de mulher, em que a mãe necessita ser um ser dócil, calmo, frágil e que direciona cuidados não somente à criança, mas a todo contexto inserido.

Levando-se em conta tudo que foi observado, entende-se que a maternidade é um processo cujo seu significado foi permeado de incisões errôneas e machistas, a colocar a mulher  como sinônimo de feminilidade e consequentemente de execução da maternagem. Deste modo, muitas mulheres se adentram ao mundo da maternidade, muitas vezes cedendo à pressão familiar e social, invalidando seus desejos e vontades, a confrontar o contexto do ser mãe consolidado socialmente mediante suas vivências reais.

4.3 Os impactos psicossociais presentes na vida das mães

Em decorrência da análise de dados, formulou-se o quadro a seguir (Quadro 3) com o intuito de organizar e apontar os achados científicos, para posteriormente discuti-los. Para uma melhor organização das informações ao que se refere ao tópico “Os impactos psicossociais presentes na vida das mães.”, artigos referentes à temática foram agrupados seguindo um roteiro estruturado, a conter as seguintes informações: título, autores(ano), objetivos e resultados.

Quadro 3: Resultados acerca dos impactos psicossociais presentes na vida das mães.

Autores(ano)ObjetivosResultados
  Coutinho e Saraiva (2008)Explorar acerca da depressão pós parto (babyblues) e suas implicâncias na vida das puérperas.Os estágios sintomáticos da depressão podem ser confundidos de início com a chamada melancolia pós-parto ou   “babyblues”, que são estados de tristeza, medo, fracasso, incapacidade, culpa, irritabilidade, que surgem na primeira semana após a chegada do bebê.
  Zanatta et al (2017)Conhecer as mudanças percebidas pelas mães primíparas em si, em seus relacionamentos e na rede de apoio a partir da vivência da maternidade.A maternidade foi apresentada pelas primíparas como trazendo mudanças positivas para suas vidas,proporcionando amadurecimento, maior  responsabilização e paciência para vivenciar esse momento com o bebê e rede de apoio.
  Silva e Souza (2021)Levantar os efeitos e consequências da romantização da maternidade, bem como suas implicações.Entendem ser o período de puerpério um processo de transição no qual a mulher se torna notadamente confusa e sensível, com aparecimento de sintomas depressivos e ansiosos, sendo as emoções variadas e intensas.
  Batista (2022)Compreender as implicações psicossociais a partir da experiência da maternidade.Apontam que os impactos biopsicossociais reverberam na saúde emocional de mulheres-mães e que podem acarretar graves consequências, entre elas violentas exigências da idealização do feminino, sobre o materno.
Fonte: Elaborado pelas autoras, a partir da análise dos dados.

Batista (2022) em sua perspectiva, traz que a maternidade consiste em um fenômeno complexo e multidimensional, a conter diversos aspectos, desde alterações sejam elas físicas ou hormonais, sociais, culturais e psíquicas na vida de uma mulher que transiciona à maternidade. Contudo, faz-se evidente que o compilado de alterações da vida do indivíduo ocasiona diversos impactos à saúde psíquica da mesma, provocando uma série de mudanças e efetivando a construção de uma visão diversificada acerca das consequências do ser mãe.

No que se concerne às alterações psíquicas, voltadas para a patologia, Silva e Souza (2021) fomentam que a imagem de uma maternidade romanceada e as pressões culturais nas quais as mulheres são submetidas desde os primórdios, em consonância com o sentimento de incapacidade em submeter-se a visão social, a deixá-las ansiosas e culpadas, pode vir a ser um                                             fator subjacente para a repercussão e o surgimento da depressão pós-parto. Conciliando com a  perspectiva de Coutinho e Saraiva (2008), onde apontam em seus estudos que a depressão puerperal refere-se ao adoecimento que afeta a saúde da mulher-mãe, com fortes repercussões na vida social da mesma e na relação com o seu bebê e família.

Zanatta et al., (2017) apontam a gestação como um processo permeado de intensas mudanças na psique e no corpo da mulher. Ao que refere-se às mudanças físicas, embora pouco  percebidas, elas já podem ser evidenciadas desde os primeiros três meses da gestação, com o aumento das mamas, o perceber de diferentes cheiros e gostos e a fatídica sonolência. Deste modo, a sensação de estar gestante pode existir mesmo antes da evidência clínica e da comprovação em exames, sendo associada às sensações e mudanças corporais.

Estudos antropológicos construídos por Batista (2022), apontam a importância do amparo emocional e econômico, principalmente para mulheres em situação de extrema vulnerabilidade e que não possuem contribuição e presença do companheiro. Pois os primeiros meses de vida do bebê é estritamente direcionado ao cuidado integral e o fornecimento de recursos para o mesmo, a exigir demasiadamente da energia da mulher-mãe, muitas vezes a levando ao adoecer.

De acordo com a temática, Irurita-Ballesteros et al. (2019), aponta que existem fatores de risco à saúde mental materna, citando como exemplo para o desencadeamento da depressão e ansiedade perinatal o histórico de saúde mental, condições socioeconômicas, ausência ou fragilidade de apoio, uso de substâncias psicoativas e complicações obstétricas. Dessa forma, comprova-se a importância de assistir essa mulher nas diferentes vertentes que compõem a integralidade da gestação.

Para tanto, é preciso ter um olhar holístico, e como afirma Kimura (1997), este olhar aponta para a necessidade de um enfoque amplo e sistêmico deste assunto, com uma visão da mulher enquanto um ser em metamorfose, que vive em constantes mudanças, que imprime e expressa criatividade e singularidade em sua atividade e em suas vivências, num processo contínuo de construção de identidade, que redunda no caso das puérperas, na identidade da mãe.  Assim sendo, é essencial permitir o “vir a ser”, mensurando ao decorrer de cada processo as sequelas do “ter que”.

Mediante os fatos discutidos, faz-se evidente as questões relacionadas aos impactos ocasionados pela vivência do maternar e pela romantização e expectativa construída em cima da mesma, levando diversas puérperas ao adoecimento e a não satisfação pelo processo. Evidenciou-se as repercussões psicossociais à vida materna, bem como os fatores que levam a  enfermidade da mulher, em suas diversas formas e campos de existir, compreendendo as correlações do “ser mulher”, “ser mãe” e a saúde integral deste indivíduo.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

“Triste, louca ou má
Será qualificada ela quem recusar
Seguir receita tal
A receita cultural
Do marido, da família
Cuida, cuida da rotina”
Triste, louca ou má – Francisco, el Hombre (2017)

Ao considerar o trecho da música supracitada, percebe-se o imprescindível preconceito vivido pelas mulheres que escolhem não seguir a regra cultural do destino imutável tão discorrido ao longo da construção desse artigo. Há clareza que a maternidade é um processo permeado de fatores biopsicossociais, no qual a mulher está diante de alterações físicas, hormonais, emocionais e sociais. Porém, não há validação e liberdade para permitir-lhes escolher seu caminho próprio sem incontáveis inferências.

Posto a dimensão de todos estes fatores, tornam-se evidentes as distintas implicações que englobam as subjetivas vivências femininas durante a experiência ou inexistência materna. Em consonância ao exposto, foram encontradas implicações desde a objetificação do corpo feminino em detrimento da imposição social, altos índices de ansiedade, estresse, depressão e o desenvolvimento do baby blues, além da perda da identidade e culpabilização vivenciadas por mulheres-mães. A quebra do conceito de amor instintivo, a dicotomia entre aquelas que planejam a gestação e as que afirmam se sentirem completas sem a necessidade dessa prática, e acima de tudo, a particularidade do lado real e ideal do ser mãe englobam a complexidade desse universo.

Partindo dessa afirmação, a presente pesquisa buscou aprofundar as consequências psicológicas induzidas nas mulheres a partir da idealização do ser mãe, elencando para tanto suas percepções sobre a pauta, os distintos pontos de vista acerca de um assunto em comum e os efeitos psicossociais de tamanha exigência. Para isso, foi preciso buscar nas primeiras sociedades as atribuições do papel feminino, traçando uma linha histórica que esclarecesse o modo como a mulher era vista e silenciada pela hierarquia de seus superiores.

Contudo, séculos depois e copiosas batalhas travadas, o direito decisório permanece sob contínuo julgamento, seja ele da sociedade, do marido ou da família. O artigo então parte da ideia de dar voz e visibilidade às implicações psicológicas negligenciadas durante a função estabelecida para a conduta feminina. Apesar disso e embora os achados referentes ao tema tenham sido encontrados,  notou-se a escassez de publicações que levantassem novos conteúdos ou perspectivas diferentes sobre o assunto, havendo muita repetição entre os poucos autores que retratam este saber.

Ademais, o que em acordo se estabelece compreende a relevância de considerar o desejo do ser ou não ser, clarificando por meio dos estudos em diferentes culturas as sequelas da objetificação feminina ao encontro do destino imutável de ser mãe. Como síntese ao exposto,  há argumentos que atestam as distintas formas de pensar a maternidade na presença e ausência da liberdade de escolha. Portanto, o objetivo maior dessa revisão cercou-se não só pelo questionamento dos efeitos emocionais na saúde feminina em decorrência da romantização,  mas principalmente sobre como elas se sentem ao terem seus direitos subjugados.

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1Discente do Curso Superior de Psicologia do Centro de Ensino Unificado do Piauí (CEUPI) Campus Teresina, Piauí, Brasil. e-mail: mourav.kah@gmail.com

2Discente do Curso Superior de Psicologia do Centro de Ensino Unificado do Piauí (CEUPI) Campus Teresina, Piauí, Brasil. e-mail: tainarasousapereira541@gmail.com

3Discente do Curso Superior de Psicologia do Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) Campus Jóquei, Teresina, Piauí, Brasil. e-mail:silvakeilane212@gmail.com

4Discente do Curso Superior de Psicologia do Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) Campus Jóquei, Teresina, Piauí, Brasil. e-mail: juliana.beatrizsanti@gmail.com

5Docente do Curso Superior de Psicologia do Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) e do Centro de Ensino Unificado do Piauí (CEUPI) Campus Teresina, Piauí, Brasil. Mestre em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Piauí – UFPI. e-mail: mayara.carneiro@ceupi.edu.br