HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA PEDIÁTRICA E NEONATAL EM UTI: A IMPORTÂNCIA DESTE SETOR NA UNIDADE HOSPITALAR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10144083


Aline Nicolino Pires
Antonio Jorge Lobato Rebelo
Edelson Moreira Benezar
Tayná Lavareda Nery


RESUMO

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um serviço de internação responsável pelo cuidado integral ao indivíduo em alto o grau de dependência, essa unidade se subdivide de acordo com a especialidade de serviço e as características físicas de cada paciente. Diante das especialidades da UTI, o presente estudo objetiva discutir sobre importância da assistência qualificada e humanizada de um setor de UTI neonatal e pediátrica em uma unidade hospitalar. Espera-se que o presente estudo alcance os objetivos estipulados, sendo possível descrever por meio da coleta dos dados realizada nos hospitais a relevância das UTINP’s e a assistência prestada nelas, refletindo sobre o atendimento humanizado o qual inclui assistência técnica e ausculta aos pais ou responsáveis. Sabemos que a UTI é importantíssimo para o tratamento de doenças muito graves, que colocam em risco a vida da pessoa, no âmbito da neonatologia e pediatria, essa realidade não é diferente, tornando-se em alguns casos fundamentais para a sobrevida desses pacientes.

Descritores: Assistência de Enfermagem; Humanização de Enfermagem; Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica.

ABSTRACT

The Intensive Care Unit (ICU) is a hospitalization service responsible for the comprehensive care of individuals with a high degree of dependence, this unit is subdivided according to the service specialty and the physical characteristics of each patient. In view of the ICU specialties, the present study aims to discuss the importance of qualified and humanized assistance in a neonatal and pediatric ICU sector in a hospital unit. It is expected that the present study will reach the stipulated objectives, being possible to describe, through the data collection carried out in the hospitals, the relevance of the UTINP’s and the assistance provided in them, reflecting on the humanized service which includes technical assistance and consultation with parents or guardians . We know that the ICU is very important for the treatment of very serious diseases that put the person’s life at risk, in the context of neonatology and pediatrics, this reality is no different, becoming in some cases fundamental for the survival of these patients.

Descriptors: Humanization; Nursing Care; Neonatal and Pediatric Intensive Care Unit.

1. INTRODUÇÃO

Segundo a Portaria GM/GS nº 3432/98, as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são unidades hospitalares destinadas ao atendimento de pacientes graves ou de risco que dispõem de assistência de enfermagem ininterruptas, com equipamentos específicos próprios, recursos humanos especializados, e que têm acesso a outras tecnologias destinadas ao diagnóstico e terapêutica.

As unidades de terapias intensivas se tornam importantes a partir do momento em que buscam promover uma boa qualidade de vida para os pacientes neonatais e pediátricos criando um ambiente protegido para que eles fortaleçam as funções em desenvolvimento. Isso amplia seu potencial de crescimento saudável, bem como assegura a família de que está tudo bem com o novo membro.

Vale lembrar que, dependendo do caso e do hospital, muitas vezes, os pais podem acompanhar a criança durante toda a sua internação, tendo em vista que os horários restritos não existem. Isso tranquiliza a família e auxilia no tratamento do bebê, fazendo com que a sua recuperação seja muito mais rápida.

Temos as Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) que é uma unidade hospitalar destinada ao atendimento de neonatos de alto risco, com idade entre 0 e 28 dias, que necessitam de assistência à saúde, altamente capacitada e presente 24 horas por dia. Já as Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP), destinada à assistência a pacientes com idade de 29 dias a 14 ou 18 anos, sendo este limite definido de acordo com as rotinas da instituição (BEZERRA; PEREIRA; BARBOSA PEREIRA, 2019).

A humanização da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neo) visa diminuir os agentes estressores ao Recém-nascido (RN), o que repercutirá significativamente no seu desenvolvimento, crescimento e sobrevida (SILVA et al., 2022).

A criança é um ser único, tendo existido na vida intrauterina e no momento do nascimento, uma série de transformações que serão decisivas no seu crescimento e desenvolvimento saudáveis, onde o ambiente da Unidade de Terapia Intensiva propicia uma experiência totalmente diferente daquela do ambiente uterino (SEGUNDO et al., 2018).

O cuidado na assistência humanizada ocasiona vantagens ao tratamento do RN, levando em consideração o envolvimento da equipe de enfermagem que busca beneficiar a interação entre o binômio mãe-filho, família-equipe profissional e, assim, contribui no desenvolvimento e na recuperação do paciente, minimizando os traumas gerados pela hospitalização de forma satisfatória.

As Unidades de Terapia Intensiva Pediátricas e Neonatais foram criadas com o objetivo de salvar a vida de bebês e crianças, e com o avanço da tecnologia isso tem acontecido com sucesso, porém, ainda existe a associação entre UTI e a proximidade de morte. O ambiente da UTI é formado por um cenário de tecnologias, muitos aparelhos, movimentação intensa dos profissionais, com uma organização dinâmica e lógica diferente da rotina da mãe (LIMA; SMEHA, 2019).

Para os pais, a UTIN ou UTIP é um ambiente de esperança e de medo, esperança pelo fato de que os profissionais das unidades intensivas neonatais ou pediátricas são altamente qualificados e atualizados para realizar desde procedimentos mais simples como a verificação dos sinais vitais e monitorização dos bebês, banho ou alimentação, chegando a práticas como punção intraóssea, inserção de cateteres, cirurgias de emergência entre outros (DE CARVALHO et al., 2019).

Medo e dor, pois a vontade da mãe de levar o filho para casa, para seu ambiente acolhedor e conhecido, está presente desde a gestação, acompanhando sonhos e fantasias. Assim, as mães, em geral, sentem-se inseguras e preocupadas, mesmo compreendendo a necessidade clínica da hospitalização. A hospitalização da mulher, para a chegada de um novo membro no sistema familiar, altera a dinâmica da família. Quando soma-se à notícia de que o bebê necessitará de uma Unidade de Terapia Intensiva o impacto é ainda maior (LIMA; SMEHA, 2019).

Observa-se que, no âmbito na hospitalização neonatal, ainda que muito se discuta sobre a humanização da assistência, as estratégias para se sistematizar formalmente o apoio às mulheres e famílias ainda são incipientes e intermitentes, sendo, em sua grande parte, implementadas de forma pontual e partindo de alguns profissionais que se sensibilizam em relação à questão (COSTA et al., 2019).

Depreende-se, logo, a relevância do enfermeiro capacitado para avaliar questões subjetivas, identificar fenômenos de Enfermagem e propor intervenções, estando, também, aberto a esclarecer as dúvidas específicas das mães (permanência na unidade, expectativas e necessidades), além do cuidado a ser prestado ao neonato (COSTA et al., 2019).

Salienta-se que, nesse cenário, toda a equipe de Enfermagem deve estar preparada para oferecer o cuidado humanizado ao paciente e à família. Entende-se, a partir destas considerações e das poucas publicações específicas sobre o tema, a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) como um local propício para investigações sobre a implementação da humanização nas ações de Enfermagem. Compreende-se que, no contexto da assistência, ocorrem experiências intensas ao lidar com a dor e a tristeza de mães e familiares, o que exerce um impacto emocional nos profissionais demandando que eles estejam munidos de valores e virtudes pessoais e profissionais que os levem a melhor atender às necessidades do cuidado. Devem-se alinhar as habilidades clínicas, os conhecimentos e os valores éticos para o melhor cumprimento do papel profissional (COSTA et al., 2019).

O ambiente da unidade de terapia intensiva muitas vezes, pode ser marcado por uma, visão tenebrosa daqueles que desconhecem suas rotinas e atividades, já que o local que é conta com diversas avaliações dos profissionais, grandes variedades de aparelhos eletrônicos, iluminação diferenciada, assim como a temperatura, além de outras restrições que o difere dos demais setores de um hospital. (DUARTE et al, 2020).

Portando, devemos destacar a importância da adoção das boas práticas de funcionamento dos serviços de saúde, compreendidas como componentes da garantia da qualidade, que asseguram que os serviços sejam ofertados dentro de padrões adequados, buscando, primeiramente, a redução de riscos inerentes à prestação de serviços de saúde (MONTENEGRO, 2019).

No setor de UTINP são internados recém-nascidos prematuros, crianças que correm risco de vida e necessitam de assistência e cuidados 24 horas por dia, com equipamentos de suma importância e específicos próprios, além de uma equipe especializada. Clientes esses que ocupam o setor por terem sofrido algum problema no nascimento. Essa internação ocorre via Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico ou transferências de outros hospitais.

Logo, a UTINP é um setor reservado para tratamento de RN prematuros e bebês que necessitam de cuidado especializado e monitoramento, isso ocorre devido apresentarem algum tipo de problema, porém nem sempre esse público internado na UTINP estão doentes, estão apenas se desenvolvendo e se tornando aptos para viver fora do ambiente uterino.

Portanto, faz-se necessário pesquisar sobre a atuação da equipe de saúde nas unidades de terapia intensiva neonatal e pediátrica e a importância do setor da UTI nos hospitais, já que essa unidade utiliza medidas que possibilitam a sobrevida desses pacientes, além de um meio de melhorar e humanizar o atendimento a esse público. Nesse sentido o objetivo deste trabalho é discutir sobre importância da assistência qualificada e humanizada de um setor de UTI neonatal e pediátrica em uma unidade hospitalar, descrevendo a importância da UTINP nos hospitais, principalmente no âmbito de referência e contra referência.

2. METODOLOGIA

O presente trabalho trata-se de uma pesquisa de Revisão de Literatura Narrativa (RLN), esse tipo de revisão consiste na análise da literatura recente ou atual, abrangendo uma ampla gama de assuntos em vários níveis, os quais pode incluir os resultados de pesquisa permitindo a consolidação, para a construção de trabalhos (SOUZA et al., 2018).

O processo metodológico se desenvolveu a partir da pergunta norteadora: qual a importância da humanização na assistência pediátrica e neonatal em uti: a importância deste setor na unidade hospitalar? Para responder a essa questão foi realizada busca eletrônica em diversas bases de dados como, PUBMED, Scielo, BVS, Lilacs, Google Acadêmico entre os anos de 2018 a 2023 nos idiomas português, inglês e espanhol.

Em primeiro instante foram selecionados os artigos através da leitura de seus títulos e resumos, analisando se estavam de acordo com o objetivo da pesquisa e o tema que seria abordado. Desta maneira, realizou-se a leitura dos artigos selecionados para a identificação das possíveis problemáticas relacionada a temática, sendo, portanto, este o critério de inclusão. O critério de exclusão foi artigos que não se encaixavam na proposta deste trabalho.

O levantamento dos artigos foi realizado no mês de fevereiro de 2023; como método de investigação foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) com o marcador booleano “AND’’: humanização de enfermagem; assistência de enfermagem; unidade de terapia Intensiva neonatal e pediátrica.

Estruturou-se o fluxograma (figura1) para melhor compreensão do processo de seleção dos artigos com os seguintes itens: identificação dos artigos nas respectivas bases de dados; triagem (excluindo títulos repetidos e temas não relacionados); elegibilidade (inclusão e exclusão após a leitura na íntegra). A leitura dos artigos selecionados na íntegra foi realizada para a análise criteriosa dos estudos.

Após a seleção dos artigos, se estabeleceu as informações que foram extraídas dos estudos. Para contribuir com o entendimento das informações, foi empregado o uso de banco de dados realizado no software Microsoft Office Excel 2019, elaborado pelos seguintes elementos: título do artigo, base de dados, tipo de estudo e conclusão. Os dados obtidos foram agrupados em quadros e em abordagens temáticas e interpretados com base na literatura. Sendo assim, a amostra compreendeu 8 artigos apresentados como a revisão deste trabalho.

Figura 1. Fluxograma da seleção dos artigos encontrados e selecionados para a revisão

Após a aplicação de todos os critérios, os artigos selecionados para este estudo se apresentam no quadro abaixo:

Quadro 1. Características dos estudos selecionados

Título do artigoAnoBase de dadosOrigem do estudoRevistaTipo de estudoNível de Evidência
A1. Informação em saúde: práticas de humanização em UTI neonatal e seus impactos a partir das rotinas e condutas na recuperação dos recém-nascidos2022GOOGLE ACADÊMICOBrasilRevista de Saúde Digital e Tecnologias EducacionaisRevisão Bibliográfica Sistemática5
A2. Boas Práticas de segurança nos cuidados de enfermagem em Terapia Intensiva Neonatal2021SCIELOBrasilRevista Brasileira de EnfermagemEstudo de caráter descritivo, exploratório e qualitativo6
A3. Perfil epidemiológico das internações em unidade de terapia intensiva adulto na cidade de Anápolis.2019SCIELOBrasilRepositório InstitucionalPesquisa descritiva, quantitativa e qualitativa6
A4. Desospitalização de crianças com condições crônicas complexas: perspectivas e desafios2019BVSBrasilRevista Editora ValentinaEstudo com abordagem descritiva, quantitativa.6
A5. Experiência da maternidade diante da internação do bebê em uti: uma montanha russa de sentimentos2019SCIELOBrasilRevista Psicologia em estudoEstudo qualitativo, de caráter exploratório e descritivo5
A6. Humanização da assistência neonatal na ótica dos profissionais da enfermagem2019BVSBrasilRevista de Enfermagem UFPE OnlineEstudo de caráter qualitativo, descritivo e exploratório6
A7. A política nacional de humanização e o programa da rede cegonha na maternidade Escola Januário Cicco: instrumentos para o enfrentamento da violência obstétrica2019Google AcadêmicoBrasilMonografia (Graduação em Serviço Social) – Departamento de Serviço Social, Universidade Federal do Rio Grande do NortePesquisa bibliográfica qualitativa6
A8. A importância das unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN) e de cuidados intermediários neonatal (UCIN) para o recém-nascidos prematuros2018GOOGLE ACADÊMICOBrasilRevista de Ciência da Saúde Nova EsperançaRevisão Bibliográfica 5

3. RESULTADOS E DISCURÇÕES

Os artigos foram publicados, predominantemente, no ano de 2019 (62,5%), sendo todos no idioma português e realizados no Brasil. As bases de dados que contribuíram foram a SCIELO (37,5%), BVS (25%) e a GOOGLE ACADÊMICO (37,5%). Se evidenciou também que 37,5% dos estudos expressaram Nível de Evidência (NE) 5, enquanto 62,5% apontou NE 6.

Após análise criteriosa dos dados, os artigos foram agrupados por categorias: 1. Humanização e assistência no contexto a UTI; 2. O uso de tecnologias em UTI.

Cada categoria propicia um recorte analítico que possibilita o entendimento de vários aspectos, como os humanização na assistência e recursos que auxiliam no cuidado em uti. (quadros 2 e 3).

Quadro 2 – Humanização e assistência no contexto uti neonatal e pediátrica

EstudoObjetivosResultados
A1Identificar as rotinas e condutas adotadas na UTI Neo para tornar a assistência humanizada e o impacto positivo desse tipo de ferramenta no desenvolvimento do RN. Ao todo, 16 artigos foram selecionados, dos quais 12 trouxeram as perspectivas do enfermeiro acerca da humanização e apenas quatro deles abordaram as propostas de humanização do PNH ao RN.
A6identificar a percepção da equipe de Enfermagem sobre a humanização da assistência prestada em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.revelaram-se quatro categorias a) Humanização enquanto segurança para os pais, profissionais e neonatos; b) Cuidado que abrange o recém-nascido e a família; c) Humanização como cultura da equipe e política institucional e d) Contradições do cuidado humanizado.
A7O estudo se deu com a realização do estágio curricular obrigatório do curso de Serviço Social que foi realizado na instituição em questão, foi possível elencar alguns questionamentos diante a saúde da mulher e violência contra a mulher como expressão da questão social que permeia cotidianamente essa vivência.Os resultados apontam que a Maternidade apresenta em seus relatórios e discursos a presença da Política Nacional de Humanização e do Programa da Rede Cegonha para humanizar as boas práticas de assistência ao parto, no entanto em nenhum momento em seus relatórios e atividades desenvolvidas para o cumprimento da PNH e da RC é apontado como direcionamento o enfretamento a Violência Obstétrica. 

Quadro 3. O uso de tecnologias em UTI

EstudoObjetivosResultados
A2identificar a percepção dos profissionais de enfermagem sobre o erro humano nos cuidados de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal; analisar as estratégias de Boas Práticas propostas por esses profissionais para a segurança do paciente nos cuidados de enfermagem.Erro humano nos cuidados de enfermagem, identificando-se perdas de cateteres e erros no processo de medicação; causas para o erro nos cuidados de enfermagem, destacando-se a sobrecarga de trabalho; Boas Práticas para a segurança do paciente nos cuidados de enfermagem, como capacitação profissional e melhorias das condições de trabalho.
A5O estudo se caracterizou como qualitativo, de caráter exploratório-descritivo. Participaram nove mães de bebês internados em seis diferentes Unidades de Terapia Intensiva Neonatal ou Pediátrica, localizadas em cinco cidades do Estado do Rio Grande do Sul.Os resultados revelam que é difícil para as mães não poder levar seus bebês para casa após o nascimento. Elas revelaram sentimentos como medo, insegurança, temor da morte do bebê, impotência e culpa. 
A8O objetivo deste trabalho foi conhecer os ambientes e a dinâmica de funcionamento da UCIN e UTIN, bem como obter informações acerca do perfil dos recém-nascidos atendidos nas unidades, e os critérios de internação e de alta.O estudo permitiu evidenciar a importância do cuidado intensivo a este grupo de prematuros, devido as suas limitações fisiológicas, assim como o suporte psicológico dado aos familiares que tem o acesso livre as Unidades, estimulando o contato e aleitamento precoce do RN prematuro com os pais.


1. Humanização e assistência no contexto a UTI.

Em relação a humanização e a assistência no contexto a UTI neonatal e pediátrica, se observou que essas práticas aplicadas pelos profissionais de enfermagem dentro deste setor, traz vantagens ao tratamento do RN, beneficia a interação entre o binômio mãe-RN, família-equipe e, assim, potencializa o desenvolvimento do paciente.¹ Pelo fato dos profissionais de enfermagem permanecem em contato com o paciente de forma integral, precisam ser aptos a proporcionar uma assistência de qualidade de forma que consigam identificar os riscos com maior frequência, além de ofertar um tratamento que traga benefícios não somente para o cliente como também para os genitores que acompanham o processo de recuperação do paciente e anseiam pela alta hospitalar do mesmo.

Destaca-se que os profissionais apresentaram falas sobre o cuidado humanizado enquanto algo mais amplo, um cuidado que vai além do prescrito e inclui os familiares (geralmente, a mãe). Verifica-se que oferecer uma atenção especial à mãe também aparece como um dos pilares da humanização da assistência, na ótica destes profissionais. Nota-se a percepção de que a mãe precisa de cuidado e incentivo, tanto quanto o bebê, bem como ser compreendida, apontamentos recorrentes nos discursos: […] engloba muita coisa […]. Tudo […]. Como a gente trata […]. Como a gente recebe esse pai e essa mãe… desde como a gente cuida das crianças… Ah, porque, assim: a internação do RN [recém-nascido], a gente entende que é muito complicado, é um […]um momento de muito estresse pra família, né?! Então, eles chegam com muita dúvida, muito medo, muitas angústias […]. Tem mãezinha que chora o tempo todo, então, eu acho que vai muito da gente […].Parar pra pensar o lado deles e tentar […]. Amenizar […] o […] máximo possível de […] de dor e de angústia no momento da internação […] (Violeta)⁶

[…] a mãe, ela chega carente, ela chega… com os sentimentos todos aguçados, na verdade, né?! […] Com depressão, algumas. Então, a gente tem que tratar, primeiramente […]. O bebê já está sendo tratado. Mas, primeiramente, a mãe [deve ser cuidada] […]. Eu acredito que humanização é um todo. Não é só um neném, porque a mãe… ela precisa de mais suporte ainda do que o neném […]. (Begônia)⁶

Ressalta-se que os depoimentos dos profissionais também apontam o cuidado humanizado como o “cuidar como se fosse da sua família”, “como se fosse meu filho”. Elencaram-se, também, a importância de colocar-se no lugar do outro e pensar que o cuidado deve ser direcionado pela perspectiva de “como gostaria de ser tratado”.⁶

É importante destacar que nesse processo não há somente sucesso. Evidencia-se a necessidade de se promover atividades educativas para que a abordagem humanizada seja melhor compreendida e implementada no cuidado neonatal.⁶

2. O uso de tecnologias em UTI.

A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é um local que necessita de investimento maciço em Boas Práticas, considerando não somente as necessidades e cuidados imediatos dos recém-nascidos, em grande parte prematuros, mas também a sua condição de saúde instável e a dependência dos diferentes tipos de tecnologia existentes, o que muitas vezes dificulta a interação mais humanizada entre o profissional de saúde e o neonato.²

Nesse contexto é importante frisar que a maioria das mães que possuem seus filhos internados na utinp recebem orientações de como será o tratamento destes pequeninos como uma forma de tranquiliza-las, mesmo com recursos humanos especializados e suporte de materiais tecnológicos para auxiliar no tratamento o medo da internação neste setor é inevitável.

As Unidades de Terapia Intensiva Pediátricas e Neonatais foram criadas com o objetivo de salvar a vida de bebês e crianças, e com o avanço da tecnologia isso tem acontecido com sucesso, porém, ainda existe a associação entre UTI e a proximidade de morte, conforme foi referido por elas:

Eu pensava que o paciente que ia pra UTI, estava entre a vida e a morte, não foi nada agradável (M7); Eu nem imaginava o que era UTI, só sabia que era uma coisa ruim, que as pessoas iam quando estavam morrendo (M8); Eu pensava que ia pra UTI quando tava morrendo, que ir pra UTI era morte. A médica podia ter dito, explicado, porque eu não conhecia, tu vai conhecer só na hora (M2).⁵

O ambiente da UTI é formado por um cenário de tecnologias, muitos aparelhos, movimentação intensa dos profissionais, com uma organização dinâmica e lógica diferente da rotina da mãe.⁵

As UTINs são responsáveis por atender recém-nascidos em estado grave ou com risco de morte, de qualquer idade gestacional, que necessitem de ventilação mecânica, ou em fase aguda de insuficiência respiratória com Fração de Oxigênio Inspirado (FiO2) maior que 30% (trinta por cento); menores de 30 semanas de idade gestacional, ou com peso de nascimento menor de 1.000 gramas; que necessitem de cuidados especializados, tais como uso de cateter venoso central, drogas vasoativas, prostaglandina, uso de antibióticos para tratamento de infecção grave, uso de ventilação mecânica e Fração de Oxigênio (FiO2) maior que 30% (trinta por cento). Exsanguineotransfusão ou transfusão de hemoderivados por quadros hemolíticos agudos ou distúrbios de coagulação; que necessitem de nutrição parenteral; que necessitem de cirurgias de grande porte ou pós–operatório imediato de cirurgias de pequeno e médio porte. ⁸

É importante enfatizar que as tecnologias no setor de UTINP não devem se opor ao contato humano, elas fazem parte do processo de relação equipe-paciente e devem ser unidas ao processo de humanização pela equipe de enfermagem que possui contato interrupto com o paciente-família no processo de internação.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que a UTI é importantíssimo para o tratamento de doenças muito graves, que colocam em risco a vida da pessoa, no âmbito da neonatologia e pediatria, essa realidade não é diferente, tornando-se em alguns casos fundamentais para a sobrevida desses pacientes.

Essa especificidade de serviço está bem entrelaçada ao desenvolvimento da tecnologia, o que exige preparo e aquisição de muita informação constantemente, rapidez, assertividade, conhecimento de diversas especialidades médicas e familiaridade com as tecnologias empregadas nos vários sistemas e equipamentos, que são fundamentais para manutenção da vida.

Nesse sentido, ter uma UTINP nas unidades hospitalares resulta em uma assistência especializada, que contribui para a redução de danos e sequelas no desenvolvimento desses pacientes, além de impactar no índice de morbitalidade infantil.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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DUARTE, S. C. M. et al. Best Safety Practices in nursing care in Neonatal Intensive Therapy.Revista Brasileira de Enfermagem [online]. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0482.

BEZERRA, R. M; PEREIRA, P. M. B; PEREIRA, M. C. Perfil epidemiológico das internações em unidade de terapia intensiva adulto na cidade de Anápolis. Centro Universitário de Anápolis UNIEVANGÉLICA. 2019. Disponível em: http://repositorio.aee.edu.br/jspui/handle/aee/8542

DE CARVALHO, M. S. N. et al. Desospitalização de crianças com condições crônicas complexas: perspectivas e desafios. Editora Valentina. 2019. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1103219.

LIMA, L. G.; SMEHA, L. N. EXPERIÊNCIA DA MATERNIDADE DIANTE DA INTERNAÇÃO DO BEBÊ EM UTI: UMA MONTANHA RUSSA DE SENTIMENTOS. Psicologia em Estudo, v. 24, p. e38179, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pe/a/bNKMCDFq4wLzqfqnHwrgHmm/#.

COSTA, J. V. S; SANFELICE, C. F. O; CARMONA, E. V. Humanização da assistência neonatal na ótica dos profissionais da enfermagem. Rev. enferm. UFPE on line ; 13: [1-9], 2019. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1050629.

MONTENEGRO, R. P. N. A política nacional de humanização e o programa da rede cegonha na maternidade Escola Januário Cicco: instrumentos para o enfrentamento da violência obstétrica. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/36568.

SEGUNDO, W. G. B. et al. A importância das unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN) e de cuidados intermediários neonatal (UCIN) para o recém-nascidos prematuros. Revista de ciências da saúde Nova Esperança. 2018. Disponível em: https://revista.facene.com.br/index.php/revistane/article/view/12.