HISTÓRIAS EM QUADRINHO COMO FERRAMENTA DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSOR NA DISCIPLINA DE HISTÓRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL II

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6789284


Autor:
Jackson Antônio da Cruz
Orientadora:
Viviane Sartori


RESUMO

Neste estudo a realidade da aprendizagem na escola pública, especificamente as dificuldades na aprendizagem de história no Ensino Fundamental II, é o contexto em que se dá a construção deste trabalho. Requerendo dos professores despirem-se das práticas pedagógicas tradicionais e empreenderem novas práticas pedagógicas E, nesse contexto é que se aponta a formação continuada como caminho para alcançar os objetivos propostos pelo ensino da História quanto ao aprendizado, sugerindo que os docentes se aperfeiçoem em outros gêneros textuais pra que sejam utilizados como recurso didático, ora as Histórias em Quadrinhos (HQ). Assim sendo, enlaça a utilização pedagógica da História em Quadrinho (HQ) com a formação continuada do professor tendo o trabalho por objetivo principal produzir um curso de formação continuada que proponha o quadrinho como ferramenta para os professores do Ensino Fundamental II que ministram a disciplina de História com foco na ampliação das práticas docentes e apoio ao processo de ensino aprendizagem a partir do uso das HQ, agregando qualidade às aulas e, por conseguinte, melhora da aprendizagem. A tessitura desta pesquisa baseia-se numa abordagem qualitativa exploratória que englobou a obtenção de dados descritivos obtidos em investigação direta sobre a situação em estudo, tendo maior foco no processo de construção do produto, qual seja a proposta de curso de formação docente, para tanto, fez-se uso de levantamento bibliográfico a fim de obter os dados que forneceram as informações referentes aos pressupostos teóricos. Autores como Imbernóm (2004), Socorro & Garrido (2018), Cenamo (2006), Veiga (2009), Fonseca, (1993) contribuíram com as concepções e reflexões sobre aprendizagem e formação de professores no Brasil e Vergueiro (2009), Bibe & Lovreto (1993), Ki-Zerbo (2010), sobre o uso das HQ. Os resultados deste trabalho revelaram o produto, uma proposta de curso de formação continuada para professores de História utilizando as HQ como ferramenta pedagógica que fora idealizada e programada pelo próprio autor. Conclui-se que diante do problema da dificuldade de aprendizagem em História dos estudantes do Ensino Fundamental II o embasamento teórico nos conduziu à relevância da prática pedagógica e, por conseguinte a formação continuada dos professores surge como caminho para a melhoria das suas práticas pedagógicas, possibilitando aos mesmos ressignificarem suas práticas aproveitando que os quadrinhos já é capital cultural de boa parte de alunos, atendendo várias classificações etárias, e mesmo professores. Apontando-se meios para a concretização da proposta do curso, discutiu-se a cerca dos pressupostos fundantes e levantamos reflexões.

Palavras-chave: Aprendizagem. História. Formação continuada. Quadrinho. Curso.

ABSTRACT

In this study, the reality of learning in public schools, specifically the difficulties in learning history in Elementary School II, is the context in which the construction of this work takes place. Requiring teachers to strip traditional teaching practices and undertake new pedagogical practices And, in this context, it is pointed out that continuing education as a way to achieve the objectives proposed by the teaching of History in terms of learning, suggesting that teachers improve themselves in other genres textual to be used as a didactic resource, now the Comics (HQ). Therefore, it links the pedagogical use of History in Comics (HQ) with the continuing education of the teacher, with the main objective of producing a continuing education course that proposes the comic as a tool for Elementary School teachers who teach the discipline of History with a focus on expanding teaching practices and supporting the teaching-learning process from the use of HQ, adding quality to classes and, therefore, improving learning. The context of this research is based on an exploratory qualitative approach that encompassed obtaining descriptive data obtained in direct investigation about the situation under study, with a greater focus on the product construction process, which is the teacher training course proposal, for both , a bibliographic survey was used in order to obtain the data that provided the information regarding the theoretical assumptions. Authors as Imbernóm (2004), Socorro & Garrido (2018), Cenamo (2006), Veiga (2009), Fonseca, (1993) contributed to the conceptions and reflections on teacher education and training in Brazil and Vergueiro (2009), Bibe & Lovreto (1993), Ki-Zerbo (2010), on the use of HQ. The results of this work revealed our product, a proposal for a continuing education course for History teachers using the HQ as a pedagogical tool that was designed and programmed by the author himself. We conclude that in view of the problem of learning difficulties in the history of students of Elementary School II, the theoretical basis led us to the relevance of pedagogical practice and, therefore, the continuing training of teachers appears as a way to improve their pedagogical practices, enabling to re-signify their practices, taking advantage of the fact that comics is already the cultural capital of a large part of students, attending to various age classifications, and even teachers. Pointing out ways to materialize the course proposal, we discussed the underlying assumptions and raised reflections.

Keywords: Learning. History. Continuing education. Comic. Course.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda sobre a utilização da História em Quadrinho (HQ) e sobre a formação de professor, tendo como desafio apresentar documentos e experimentos, que justifique e comprove o HQ como uma ferramenta que venha dinamizar o trabalho do professor na sala de aula e consequentemente o grau de aprendizagem nos estudantes. Esse desafio está posto pelo fato de perceber que dentro da escola onde se exerce a atividade laboral docente há duas questões pertinentes; uma sobre formação de professor e outra sobre aprendizagem dos alunos. Portanto, acredita-se que quando se interfere no fazer do professor, quando se levam alternativas para melhoria de sua aula, automaticamente, a aprendizagem acontece beneficiando os estudantes.

No primeiro capítulo trata-se das questões sobre a importância da formação continuada do professor e utilizamos os documentos essenciais como levantamentos das ementas de cursos nas universidades para notar se havia alguma preocupação sobre formação após o término da graduação. Em seguida, foi-se atrás de livros que concatenassem com o objeto de trabalho, por exemplo, Paiva (2015) diz que produziu livros artesanais na sala, Azevedo (2015) faz uma reflexão sobre as práticas, para ela o estágio é uma ação essencial para o estudante que está em aprendizagem. Mercado (2006) lembra que as tecnologias são formas de estimular a formação do professor de maneira significativa, para ele, dominar essas ferramentas é essencial nas sociedades modernas e isso acontece se professor atualizar seus conhecimentos através de cursos.

Emmel (2015) cita que a única forma melhorar o currículo do professor é através da formação contínua, para ela a formação é tão importante que nenhum profissional deveria se eximir. E vai mais além, chama a atenção para todas as profissões e profissionais, pois, segundo a autora ninguém deve deixar de constantemente fazer cursos de aperfeiçoamento na sua profissão. Os argumentos justificam a importância da formação continuada e na nossa pesquisa fizemos um enlace entre quadrinhos e formação de professor. A ideia básica é levar o quadrinho como um instrumento para atualizar a professor e incentivar a aprendizagem, o desafio é fazer com que o quadrinho seja também uma ferramenta que proporcione atualização, reflexão, inovação na condução da aula para o aluno. Se a aprendizagem depende da competência do professor, da atualização desse profissional, então, é bem possível que o quadrinho possa fazer esse trabalho como dizia o professor Vergueiro (2009). Portanto, nesta primeira etapa o compromisso era o de apontar o caminho para a importância da formação continuada, era de comprovar a essencialidade de que todo professor deve fazer cursos de aperfeiçoamento, o que fora efetivado.

 Ainda nesse capítulo as questões concernentes às origens do quadrinho, o conceito de desenho, do desenhar que foram produzidos desde a pré-história até a contemporaneidade. As etapas de cada período servem para justificativa para a lógica e a compreensão raciocínio. Chamando atenção para arte rupestre interpretada pelos estudiosos: Vergueiro (2009), Sonia Bibe e José Lovreto (1993), Ki-Zerbo (2010), como as primeiras formas de pinacoteca dos quadrinhos existentes na humanidade.

Na antiguidade onde houve influência dos filósofos Platão e Aristóteles. Eles introduziram discussões a respeito do concreto e do sensível, do visível e inteligível, da imagem e suas abstrações. O sensível e o visível se tornaram elementos substanciais para a criação do existencialismo. Para os dois, o sensível só é possível quando constrói o objeto de maneira concreta. O sensível é condição sine qua non para a produção da arte, sobretudo, pelas civilizações greco-romanas, egípcias e orientais onde produziram vários tipos de arte. Com relação ao quadrinho, além dos heróis como Asterix, Hercules, Sansão, Moisés, e outras infinidades foram construídos como forma de contar a história.

Nos mil anos de Idade Média a arte ganhou outros contornos, novos rumos, a igreja estabeleceu na vida das pessoas pensamentos religiosos, mesmo assim, a arte produzida pelo período revela o quanto foi pujante. O renascimento forjou as escolas góticas e românicas como legado. O barroco o rococó que tem suas origens na idade média, mostraram a força atômica do período. Desse modo, não há como negar que a idade média pudesse ficar ausente na produção da arte, ao contrário, castelo, pinturas, esculturas e outras possibilidades foram produzidas no período. Autores como Langer (2017), Vergueiro (2009) e Oliveira (2005) serviram de base para compor as justificativas do período. Suas obras estão recheadas de informações sólidas que preconiza a veracidade dos fatos.   

Mas, foi durante a modernidade e a contemporaneidade que a arte em quadrinho mais ganhou notoriedade. O surgimento da imprensa levou o quadrinho para o patamar exponencial. Os jornais da época publicavam caricaturas, charges que ironizavam as sociedades. O jornal estadunidense apresentou o Yellow Kid como a primeira possibilidade de quadrinho impresso depois veio as revistas e todo tipo de gênero do quadrinho. No Brasil o quadrinho chega por volta de 1910, pelas mãos do italiano naturalizado brasileiro Ângelo Agostini, quando criou Nho-Quimm, um personagem que contava a história da aventura da viagem de D. Joao VI e sua vinda ao Brasil. Nos anos 90 foi fundado a Associação dos Cartunistas Brasil (ACB), uma instituição que deu oportunidade a vários cartunistas. Mais foi nas últimas décadas do século XX, que o quadrinho explodiu em especial com a intromissão da indústria cinematográfica americana. Com a guerra fria assolando as sociedades, chegava a hora da criação dos super-heróis, uma forma de desdobramentos do quadrinho.

Quanto ao último subitem que se tratou das questões do processo de aprendizagem e os marcos legais. Aprender é tão antigo que nem tem como precisar sua origem. Por isso, que o conceito de aprender deve ser a primeira referência para iniciar a discussão. Muitos autores se debruçaram sobre a questão da aprendizagem, no Brasil, o expoente mais brilhante Paulo Freire (2011) que com seus conceitos e suas conjecturas deixou o legado para as gerações futuras. Mas era necessário ter outras concepções, como o behaviorista, o construtivista, que colaboraram com o sistema educacional brasileiro. Das ideias de Piaget (1975), Vygotsky (1989), Wallon (1989) e autores que colaboraram com o nosso processo educacional. Todos eles geraram discussões acerca do que é aprendizagem, mas, o que de fato é aprendizagem?

Francisco de Imbernóm (2004) foi um autor que construiu uma das teorias das aprendizagens. Ele utilizou a ideia da colaboração em grupo como elemento de aprendizagem entre as pessoas. Muito interessante a perspectiva de Imbernóm (2004), porém, falta o elemento ludicidade na educação. A neurociência e as teorias das funcionalidades do cérebro trouxeram a informação de que as pessoas só aprendem depois de conhecer a funcionalidade do cérebro e a si próprio. As metodologias ativas que vem produzindo um turbilhão de trabalhos interessante como a teoria Híbrida ou Invertida como é mais conhecida. Essas informações servem de referência para a elucidação dos questionamentos proposto nesta primeira fase. Depois, os aspectos referentes aos marcos teóricos e as possibilidades de mudança na lei. Para tanto, procuramos fazer uma investigação na Constituição Federal (CF), no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que é um instrumento de proteção dos adolescentes e pôr fim a Lei de Diretrizes de Base (LDB 9394/96) para encontrar respostas sobre as possíveis formas de mudanças da lei e no que tange a possibilidade da introdução do quadrinho como ferramenta no campo da educação.

Esses elementos dispostos estão explicando de maneira sucinta e justificada através das fontes documentais que foram inspecionados durante o processo de produção do trabalho. Origem, influência, aprendizagem e desenvolvimento foram os marcos fundamentais para a produção dessa etapa. São os dados experimentais que farão as comprovações necessárias e darão respostas convenientes para a solução do problema.

Além da introdução com as informações que apresentam brevemente o tema, objetivos e justificativas do trabalho. O segundo capítulo versa sobre o marco teórico que expõe a revisão da literatura com as informações historicamente construídas sobre a temática ora desenvolvidas nesse trabalho. No capítulo da metodologia expõem-se as escolhas e percursos que alicerçaram a construção dessa tese. A seguir, o desenvolvimento trouxe no capítulo 3 uma proposição de curso de formação continuada para professores de história: o uso das histórias em quadrinhos – HQ como recurso didático, buscando estabelecer um enlace entre quadrinhos e a formação de professor, em que será proposto um curso de formação continuada sobre HQ para professores de História atuantes no Ensino Fundamental II. Sequencialmente no capítulo 4encontram-se expostos os resultados e discussão detalhando a proposta do curso de formação e por fim as conclusões.

Problema

Antunes (2008) leciona que a aprendizagem “[…] se inicia a partir do confronto entre a realidade objetiva e os diferentes significados que cada pessoa constrói acerca dessa realidade” (Antunes, 2008, p. 32), observando as dificuldades de aprendizagem dos alunos da escola pública, em especial na matéria de História, em que os estudantes não têm demonstrado interesse nas aulas, o que termina por refletir em seu rendimento qualitativo e quantitativo, considerando ainda os poucos recursos didáticos que esses ambientes oferecem, limitando-se quase que frequentemente ao uso do livro didático, percebeu-se então a necessidade em produzir uma ação no intuito de orientar práticas pedagógicas que permitam ao professor melhorar suas aulas, para que as mesmas sejam significativas e pertinentes, fazendo sentido para os estudantes. Assim, é que surge a proposta em produzir um curso de formação continuada que proponha o quadrinho como ferramenta para os professores de História agregar qualidade às aulas e, por conseguinte, melhorar a aprendizagem.

◉ Pergunta de Pesquisa

Dentro da educação formal a aprendizagem é o maior desafio no processo. Ela está diretamente ligada com a forma de como o professor está produzindo suas aulas e o aluno aprendendo. Assim, se oferecer alternativas aos professores sobre como produzir uma aula mais criativa a aprendizagem pode aumentar. Portanto, questionamentos são imprescindíveis: Como propor uma formação continuada à professores que ministram a disciplina de História no Ensino Fundamental II com vistas a instrumentalizá-los para uma prática docente mais efetiva e que colabore com o processo de ensino-aprendizagem? Que outras maneiras são possíveis para produzir aulas? O quadrinho pode ser uma forma para produzir aulas? Como o quadrinho pode ser utilizado na sala de aula? É possível desenvolver a aprendizagem utilizando o quadrinho? Esses questionamentos interpelados serão respondidos no decorrer do processo.

Objetivo Geral

Propor um curso de formação continuada para professores do Ensino Fundamental II que ministram a disciplina de História com foco na ampliação das práticas docentes e apoio ao processo de ensino aprendizagem a partir do uso das HQ.

Objetivos Específicos

Buscando melhor operacionalização do trabalho, os seguintes objetivos específicos foram propostos:
– Trazer para a reflexão e o estudo acadêmico os desafios da aprendizagem na disciplina de História no Ensino Fundamental II no contexto escolar;
– Aprofundar conhecimentos sobre as HQ;
– Formular curso de formação continuada, considerando as três dimensões da formação docente: a científica, a pedagógica e a pessoal;
– Propor nova metodologia a partir do uso das HQ para a melhoria da ação pedagógica. 

Os objetivos específicos traçados referem-se os passos que deverá cumprir tanto teórico quanto empírico, para a realização do projeto, definindo o direcionamento da presente pesquisa para chegar aos resultados e responder a pergunta de pesquisa. De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 219) os objetivos específicos “apresentam caráter mais concreto. […], permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro, aplicá-lo a situações particulares.” Portanto, os objetivos específicos são o desmembramento do objetivo geral, facilitando o percurso da pesquisa. Para Andrade (2009) os objetivos específicos referem-se ao tema ou assunto propriamente dito e definem as etapas que devem ser alcançadas para alcançar o objetivo geral de pesquisa.

◉ Justificativa

A pesquisa pode ser justificada de várias maneiras. Primeiro que a questão da formação continuada de professor é um problema relevante para a educação. Depois, o problema da aprendizagem está assolando a questão da educação no Brasil, e os indicadores apontam para uma questão sem solução em curto prazo. Em seguida, o projeto traz a contribuição para a comunidade científica, é mais uma pesquisa que propõe esmiuçar a questão da formação continuada, da aprendizagem. Deixará a contribuição bibliográfica como legado para a aprendizagem dos docentes e pesquisadores, uma contribuição social que pode ser valiosa no ramo da educação. O quadrinho pode se tornar uma ferramenta de aprendizagem para o Ensino Fundamental II sendo, pois, este o contributo do autor ao realizar esse estudo.

Como justificação pessoal, se deve ao fato do autor ser professor de História, atuando na rede pública de ensino, no Ensino Fundamental II experimentando assim das agruras que é perceber as limitações e dificuldades apresentadas por seus estudantes em aprender os conteúdos da disciplina que leciona, onde apesar da boa vontade do docente, com poucos recursos didáticos à mão tornam-se dificultosas algumas ações individuais, acreditando-se ser fundamental a formação continuada coletiva que forneça alternativas pedagógicas e, partindo dos saberes experienciais os professores reflete melhor sobre soluções possíveis.

Portanto, são essas algumas das justificativas da pesquisa que creditarão a sua importância quanto a sua feitura. Educação não é algo monolítico ao contrário e é por isso que toda sugestão de pesquisa seja louvável. Desse modo, a pesquisa sobre HQ será muito bem-vinda. 

CAPÍTULO 1

1. Marco Teórico

1.1 A importância da formação continuada na vida do professor

Na era contemporânea todas as profissões necessitam de atualizações e por consequência, os profissionais que exercem suas atividades precisam de formações continuadas. Essas formações são importantes porque colocam o profissional num patamar atualizado, leva para o profissional, informação, atualização, inovações práticas sobre a profissão. As razões para essas formações continuadas podem ser explicadas por algumas situações. Por exemplo, as faculdades espalhadas pelo Brasil têm certa deficiência nos cursos de formação que precisam de adequações. Os programas de cursos das universidades contêm muitas disciplinas distribuídas pelos semestres, mas, que não produz o efeito competência necessários.

O programa da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFLCH/USP)[1] do ano de 2010, são notadamente iguais ao do ano de 2020, tomando como referência, demonstra que há um engessamento nos currículos das universidades. Mostra que a qualidade na formação do profissional pode prejudicar quando esse estiver no campo de atuação. As diretrizes do curso de licenciatura em História, pelo menos na USP, não há vestígios de preocupação com os tipos de aprendizagens ou metodologias que facilite a aprendizagem, não há diversidade em como ensinar História. Além da resolução Nº 02 de 1º de julho de 2017 do CNE sobre as Atividades Acadêmico-Cientifico-Culturais não prever sobre a questão da formação continuada, nem de qualquer outra formação após o término da graduação.

A contemporaneidade histórica deixou concepções que valem para todos os tempos e uma delas diz respeito a questão da descoberta do conhecimento. Por conhecimento pode se dizer que é um processo contínuo de busca pela informação, pelo domínio dos fenômenos, pelo aperfeiçoamento dos engendramentos das engenharias dentro das sociedades. Primeiro surgiram os ofícios como eram conhecidos na antiguidade, meios de produzir alguma coisa, depois se tornaram profissões. Estas, com o passar do tempo foram se inoculando noutras subcategorias e ficaram conhecidas com nomenclaturas estranhas. Mesmo assim, embora as conexões sejam necessárias, deram origem as profissões, como as que hoje conhecemos e são denominadas como trabalhos ou atividades exercidas dentro das sociedades. Por profissão, todos os dicionários da língua portuguesa dizem que é o “exercício habitual de uma atividade econômica como meio de vida.” Portanto, dentro do universo das profissões a necessidade de formação específica é indispensável.

Todas as profissões necessitam de formação especificas e para se manter atualizadas requerem desdobramentos nos seus conhecimentos. E é desse ponto que a formação continuada ganha expectativa exponencial, pois, do contrário, corre o risco de cair no desuso. Todo profissional necessita de formação continuada, médico, advogado, engenheiro precisa, obrigatoriamente, de atualização dos seus conhecimentos. Este um princípio elementar para todos os profissionais e todas as profissões.  Neste caso, a profissão de professor parece ser a de maior necessidade quando se trata de continuidade no processo de formação. As razões para toda essa continuidade se devem ao fato de ser uma profissão que precisa estar em consonância com os movimentos históricos produzidos pelas sociedades. A literatura sobre formação continuada, dentro do universo das licenciaturas, é tão vasta quanto as estrelas, com isso, deixando de lado o exagero, vários autores têm se debruçado no sentido de buscar inovações apropriadas para uma aprendizagem. Tem investido no sentido de promover aos estudantes uma aprendizagem com mais qualidade e eficiência.

Paiva (2015) escreveu o livro Professor Criador, nele estão as condições elementares para a produção de livros de maneira artesanal. O que é relevante no seu livro é o fato de buscar maneiras inusitadas para melhorar o gosto e o apreço pelo livro nos seus alunos. É bem verdade que ela direcionou seu trabalho para a educação infantil, mas não é a educação infantil a etapa mais importante da aprendizagem? Portanto, vale apena mencionar seu trabalho, porque criança que tem acesso ao livro logo cedo, também mais facilidade de aprender, o hábito de manusear o livro produz um interesse e gosto pelas letras, cores, figuras. Essa experiência poderia ser feita no ensino fundamental, como objetivo de o aluno ter nas mãos a oportunidade de manusear um livro. Do ponto de vista pedagógico a ação é muito benéfica porque leva ao estudante a oportunidade de aprender sobre várias como produzir um livro.

Paiva (2015) aponta que “A apropriação do livro pela criança contribui para o letramento literário. Brincando a criança pensa o mundo pela linguagem e chega a entendimentos pelo percurso dos seus sentidos.”. Araújo e Azevedo (2015, p. 3) escreveram o livro “Reflexões e práticas na formação de professores”. Nele, trata das questões das experiências de grupos e a aprendizagem cooperativa como meio de favorecimento da aprendizagem, no capítulo 8, teoria e prática, faz referência sobre a importância das práticas que o professor necessita para produzir boas aulas, expõe o desafio da realidade da educação na zona rural como centro de ponderável para encontrar meios de aprendizagem. Também, o livro propõe que a escola indígena seja modelo de aprendizagem para a função que ela precisa ser. Em resumo, o livro é um compendio de textos com várias possibilidades, a crítica aos professores e suas atuações é relevante porque as realidades do campo são incongruentes com a realidade do meio urbano. Embora o trabalho seja imprescindível, vale lembrar que a formação continuada do professor para trabalhar com essas populações são essenciais. A mudança na estrutura formativa de profissionais que atuam no ensino voltado a alunos provenientes do campo é urgente. E continua. “Em uma verdadeira educação, os alunos devem construir, com o auxílio dos professores-educadores, o plano de formação a partir das especificidades regionais”. (Araújo & Azevedo, 2015, p15). 

Como se vê, Araújo e Azevedo (2015) acreditam que a formação continuada para os professores atuarem nas escolas do campo e indígenas seja essencial porque nelas as especificações perpassam por questões diferentes das escolas do meio urbano. Por isso, a necessidade de uma formação que compreenda as peculiaridades do ambiente. No livro “Percurso na formação de professores com tecnologia da informação e comunicação” que tem como organizador Mercado (2006) fala da incorporação de tecnologias nas escolas públicas, do quadrinho como ferramenta de aprendizagem, da internet nas instituições educacionais, em ambientes virtuais como meio de desenvolvimento educacional. O autor assinala que essas coisas são indispensáveis para a formação dos professores, o livro foi organizado com vários temas estão expostos dentro da compilação, o trabalho tem imprescindível contribuição no campo da educação e na formação continuada. A ideia de introduzir tecnologia nas escolas não é uma novidade, pois, os governos já vêm fazendo isso de alguma maneira. O que é novidade é levar a massa de profissionais da educação a compreender que as tecnologias têm a função potencializadora de produzir aprendizagem utilizando essas ferramentas. Resta fazer com que estes profissionais saiam da zona de conforto e compreenda que na escola do futuro a internet, Datashow, ambiente virtual, serão os meios que os alunos aprenderão. Portanto, temas como: perspectivas para a formação de professores na sociedade da informação, incorporação das tecnologias de informação e comunicação da escola pública, reinventando a história em quadrinho na sala de aula, deixa claro que tem muitas contribuições para mostrar.

As transformações impulsionadas pelo avanço tecnológico estão modificando os papéis de diversos profissionais, dos quais são exigidas novas habilidades e competências para atuar na sociedade. Partindo desse pressuposto, analisaremos como vem sendo implantada a inclusão digital de professores nas escolas públicas da rede estadual de Alagoas. (Araújo & Azevedo, 2015, p.13).

Creio que a melhor observação sobre a citação seja mesmo a modificação dos profissionais que precisam de novas habilidades e competências para atuar na sociedade, o mais é conjecturas. Se Mercado (2006) acredita que as tecnologias são essenciais para a formação continuada dos professores, Socorro e Garrido (2018) acredita que o estágio seja o meio mais importante.  Elas escreveram o livro “Estágio e Docência” que perpassam pelas questões do estágio como forma de conhecimento, como construção da identidade profissional e na formação continuada. Dentro do contexto da obra há várias proposições sobre o assunto que merecem destaque, o livro procura explorar todas as possibilidades da questão legal, em forma de projeto, saberes além de algumas estratégias que o estágio pode possibilitar. Veja o que diz sobre a importância do estágio na vida do profissional.

O estágio sempre foi identificado como a parte prática dos cursos de formação de profissionais, em contraposição à teoria. Não é raro ouvir, a respeito dos alunos que concluem seus cursos, referências como “teóricos”, que a profissão se aprende “na prática”, que certos professores e disciplina são por demais “teóricos”. Que “na prática a teoria é outra”.  (Socorro & Garrido, 2018, p. 33)

O que há de real nesta afirmação é que todos já sabem, a teoria é muito mais contundente no que tange a aprendizagem, que a prática. Apesar de que a prática vem ensinando com muito mais qualidade, com muito mais eficiência que a teoria. No entanto, todos os cursos produzidos pelas universidades do Brasil não fogem dessa regra, muita teoria e pouca prática, aliás, as universidades distribuídas pelo mundo têm a mesma regra. Neste sentido, pode-se crê que o consenso poderia estabelecer a norma, ou então, as instituições que regulam as normas de funcionalidades dos cursos poderiam estabelecer critérios de equilíbrio dos cursos entre esses dois pontos: teoria e prática. A maioria das faculdades não tem um programa que estabeleça as condições necessárias para desenvolver um bom curso e é por essa razão que a maioria dos profissionais da educação é ou estão submetidos aos processos de formação continuada. Creio que o caminho seria ir à direção das alternativas onde os estudantes tivessem oportunidades de desenvolver suas competências durante o desenvolvimento do curso. É bem verdade que a dinâmica da realidade das escolas, das estruturas sociais são muito mais contundentes, mais veloz que a realidade das universidades, as incertezas, as incongruências da vida levam a condição da certeza para o improvável. Mesmo assim, se os cursos de graduação estabelecessem maior relação de atividade prática e de convivência com as realidades, poderia produzir profissionais com mais qualidade.

 Emmel (2019) deixou a contribuição de que o currículo é fundamental para melhorar a qualidade do profissional da educação, disse que um currículo elaborado de maneira menos engessada poderia equilibrar as relações entre o professor, sua prática e o estudante. Um currículo que contivesse matérias que fizessem sentido para a vida, ou que estivesse mais próximo da realidade do estudante seria bem mais produtivo. Sua preocupação se estendeu também pelo livro didático, para ela os livros didáticos poderiam ter características regionais, de modo, que pudesse facilitar a compreensão dos fenômenos. Seu trabalho tem um valor exponencial porque trata da realidade da questão mais essencial de toda a nossa educação formal, o livro didático. Infelizmente, a ideologia política que permeia as relações de poder entre governos e empresas, que monopolizam a produção do livro didático, se entrelaça no mundo dos negócios, de modo que o interesse de um ou de outro é mais importante que a formação do educando. É dessa incompreensível relação que feitos os nossos livros. É por isso que na maioria das vezes têm-se livros com muitos erros, descontextualizados, desconectados com o mundo o estudante. A consequência é direta e objetiva, uma enorme quantidade de pessoas com dificuldades de aprendizagem. Mas isso somente um a parte.

Outra ideia bem interessante é a da professora Lima (2008), na sua dissertação de mestrado, aponta que a produção de oficinas é o caminho propício para a produção de formações continuada. Sua maior relevância está nas citações que por ora são: Mello (2000), Brito (2001), e Borges (2004) expoentes da teoria de que a formação continuada do professor é indispensável para a boa qualidade da educação.

Portanto, independentemente de outras análises, a criação das Oficinas Pedagógicas representou um marco no que diz respeito à formação continuada dos professores da rede pública estadual, com vista à qualidade de ensino. A mudança no padrão de gestão pedagógica da Secretaria fortaleceu sua instância mais descentralizada e próxima da escola e iniciou um processo de revisão do órgão encarregado da formação de diretrizes curriculares e didática. Neste sentido, as atividades de formação continuada assumiram um caráter mais estratégico no planejamento de orientações técnicas ou na capacitação docente. O contato mais próximo com os professores e com as dificuldades cotidianas das escolas objetivavam permitir, assim, o diagnóstico das prioridades locais e a flexibilização na definição de diretrizes estabelecidas de forma centralizada, possibilitando melhores resultados. (Lima, 2008, p 89).

Neste sentido, podemos perceber o valor quantitativo e qualitativo das oficinas proposto pela professora Lima (2008) é a de melhorar o trabalho do professor e impulsionar a aprendizagem dos educandos num patamar elevado. Não resta dívida que a ideia da professora esteja correta, as experiências têm comprovado que quando mais o aprendiz se envolve com os afazeres, ou seja, quanto mais o aluno se envolve com a prática da profissão, durante o processo de formação, mais competência é adquirida. A explicação para esse fenômeno se deve ao relacionamento que o estudante tem com a realidade social. Com isso, entendendo que a realidade é diversa, Carmo (2007) compreende que o professor licenciado precisa conhecer todas as realidades sociais, assim, todo professor precisa conhecer a realidade indígena, rural etc. No seu entendimento, a experiência adquirida dentro dos centros escolares indígenas, precisa ser repassada aos outros profissionais. Sua dissertação de mestrado perpassa por todos os problemas da qual a educação indígena tem, desde as questões relacionadas aos problemas históricos até as que se refere aos recursos e insumos oferecidos pelo governo. Mas o legado mais importante da sua dissertação é o fato de que a formação do professor é tão importante que chega ser um crime não fazer. A diversidade do universo da educação requer e exige que todo profissional faça formação continuada porque somente através dela é que o profissional fica atualizado, informado e inovado. Para reforçar a importância da formação continuada, Cenamo (2006) diz que a formação tem que ser permanente. Na sua dissertação utilizou a leitura de jornais para produzir aulas de história. A inovação da sua ideia é curiosa porque traz o jornal para sala de aula e para a formação continuada. Mais o que é mais importante na sua dissertação é que para produzir uma formação, um curso de atualização, é possível utilizar vários instrumentos inovadores como meio. Assim, as possibilidades se multiplicam na hora de produzir um curso, como é a nossa proposta, que pretende usar o quadrinho como elemento de formação de professor para melhorar a aprendizagem.

Outra questão não menos importantes daquelas que já foram apresentadas, se refere a dissertação de mestrado Silva (2012). “O papel da formação continuada de professores (as) para a educação das relações raciais” foi o tema da dissertação. A importância da sua perspectiva está no interesse das populações pretas que para ela mereceria uma atenção especial. No segundo capítulo inicia comentando:

Neste capítulo, será destacada a importância da temática da educação racial na formação de professores. Essa discussão é necessária como uma das estratégias para a promoção de uma educação antirracista, compromissada com o desenvolvimento humano mais igualitário e atento às mudanças nas políticas educacionais. Num processo de luta pela superação do racismo na sociedade brasileira, que tem como protagonistas intelectuais do Movimento Negro e outros grupos e organizações sociais, os quais participam da luta por uma educação antirracista, o Estado assume uma postura de combate ao racismo por meio de políticas públicas de promoção da igualdade racial, principalmente com ações afirmativas na educação. (Silva, 2012, p 62)

Na citação percebe-se a preocupação sobre dois aspectos, formação específica para profissional da educação para uma formação especifica no combate ao racismo e a intervenção do governo na construção de leis criminalizando o racismo. Mas toda a dissertação é uma trajetória de levantamento de dados sobre a questão, iniciando pela introdução de leis especificas, veja.

Esse processo de combate ao racismo foi impulsionado a partir da promulgação da Lei nº 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileiras e africanas nas escolas públicas e privadas do ensino fundamental e médio; do Parecer CNE/CP 03/2004, que aprovou as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileiras e Africanas; da Resolução CNE/CP 01/2004, que estabelece os deveres dos estados e municípios na implementação da referida lei; e do Plano Nacional das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Tais documentos compõem um conjunto de dispositivos legais considerados como indutores de uma política educacional voltada para a afirmação da diversidade cultural e da concretização de uma educação das relações raciais nas escolas e o cumprimento do Estado no combate ao racismo. (Silva, 2012, p.64).

Sem dúvida que a lei 10639/03 (Brasil, 2003) trouxe novas perspectivas para os professores e para o educando sobre educação, que a lei trouxe novo horizonte para uma educação plural e inclusiva. Inclusiva no sentido do alijamento das populações menos favorecidas, que são os alunos das escolas públicas e das periferias que se coloca em igualdade com os alunos das outras situações. Sua preocupação faz todo sentido, comungando da sua ideia, acredito que realmente haja necessidade de produzir formações que alertem para a questão racial. Que priorize e promova a equidade de oportunidades dentre os educandos no seu processo de formação. O estado precisa solver essas responsabilidades e compreender que a composição da sociedade cresce pelas extremidades, por isso, que necessita dos serviços e assistências produzidos pelo estado são essenciais. A frase “o futuro é da juventude” não é cilada, é uma realidade, porém, essas populações precisam das condições necessárias para efetivação.

Essa implementação depende do envolvimento e mobilização da sociedade civil, a fim de que o direito à diversidade racial seja garantido nas escolas, nos currículos, nos projetos político pedagógicos, na formação de professores e nas políticas educacionais, com amplo diálogo com o Movimento Negro, pois essa política pública afirmativa é fruto de reivindicação e luta desse movimento, como já mencionado neste trabalho. (Brasil, 2003, p.56, 57).

A importância do seu trabalho está no que mais é de essencial, o universo dos professores e professoras que se estes não estiverem muito bem preparados no comprometimento da execução de suas funções, a educação de qualidade fica à mercê do acaso.

A qualificação dos docentes para trabalhar a educação para as relações raciais é um grande desafio para a educação no país, porque precisa envolver princípios, orientações e práticas para a desconstrução de estereótipos de raça, etnia, sexo, religião, e o principal – deve valorizar ou priorizar as relações baseadas no respeito, no afeto e no amor. (Brasil, 2003, p.70).

Assim, o caminho para a educação ampla, holística, aberta para todos passa pelos critérios da isenção dos tipos preestabelecidos pela caracterização da discriminação e penetrar no campo da equidade entre os estudantes. Somente dessa forma é que daremos a oportunidade adequada para os jovens buscarem seus conhecimentos de maneira apropriada. É claro que não se pode estabelecer sistemas de apartheids no meio da educação, não se pode privilegiar uns em detrimento de todos, se pode é promover a igualdade e as condições para que ambos aprendam de maneira adequada suas competências. No entanto, as populações pretas ainda continuam nas condições paupérrimas no quesito aprendizagem e é por isso que se faz necessário o emprego dos adjetivos posto na citação como amor, sexo, raça como elemento de construção da aprendizagem igualitária. A explicação para o emprego desses elementos é porque o estudante da escola pública se cerca de carências muito contundentes, na maioria dessa população a necessidade passa por todas as etapas da vida. Assim, a falta dos insumos necessários para resolver as questões relativas à dinâmica da vida é total, falta estrutura de moradia, alimentar, espaço adequado para estudar, materiais didáticos, materiais tecnológicos. Portanto, os processos de aprendizagem desses alunos devem passar pelos critérios do amor, paciência, tolerância, resiliência, pois, caso contrário, todo esforço feito pelos professores e pelo governo vão pelo ralo.

E, assim, é preciso que a escola (gestores, docentes, comunidade, profissionais da educação), trabalhe coletivamente para elaborar estratégias para a superação de preconceitos e discriminações no cotidiano escolar, norteadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. (Brasil, 2003, p.71).  

Portanto, é preciso o apoio de todos para que a aprendizagem seja favorecida. As questões da aprendizagem sobre a condição racial podem parecer uma incongruência porque no que diz respeito a educação, não pode haver predileções sobre quaisquer circunstâncias, o princípio da equidade diz que a ideologia da educação deve ser igual para todos, a aprendizagem é que é diferenciada porque cada indivíduo aprende de modo diferente. Quanto a formação de professores para atender uma população específica, ou a formação continuada para atender certas categorias de estudantes, não deve ser vista com bons olhos, porque, o professor atende uma demanda muito grande de individuo, de modo que, não sendo possível atender especificamente a determinados grupos e com certas especificidades. Mesmo levando em consideração algumas divergências sobre as condições de vida dos estudantes, a condição de aprendizagem continua intacta, as condições de materiais também são iguais para todos, pois, o governo tem oferecido para os alunos da merenda até os insumos do cotidiano para a feitura das atividades.

Desse modo, as supracitadas informações esclarecem sobre a pertinência da formação continuada como meio de conectar os profissionais com a atualidade e com a vivência dos alunos. Há uma concepção, uma crendice popular oriunda do povo japonês sobre o professor. O ditado se refere ao professor que não se curva diante do imperador japonês. Como disse, é uma crendice já que não tem referência bibliográfica para averiguar. Mesmo assim, vale a pena fazer referência porque possui simbologia sobre a profissão de professor. A conclusão é a de que no Japão o professor é uma autoridade importante porque tem conhecimento e repassa para os alunos durante a formação. Mas cabe muito bem a pergunta, por que será que o professor é tão importante para as sociedades? A resposta vária de acordo com o interesse de cada um, e analisando as bibliografias disponíveis, a resposta é de fato relevante.

Hagemeyer (2004) na sua tese de doutorado pela USP refere-se ao papel do professor na sociedade da seguinte maneira.

A natureza da educação formal consiste, assim, na responsabilidade de ter que transmitir e perpetuar a experiência humana considerada como cultura, como significado comunicável, que se cristaliza em saberes cumulativos, em sistemas de símbolos, em instrumentos aperfeiçoáveis, em produções admiráveis. É pela e na educação, e também por meio do trabalho paciente e continuamente recomeçado de uma tradição docente, que a cultura se transmite e se perpetua. (Forquin, 1993, p. 16 apud Hagemeyer, 2004, p.73).

Para Hagemeyer (2004) sua compreensão é a de que o papel do professor é de perpetuar a tradição, o conhecimento, a comunicação e a cultura, o significado da importância do professor é de guardião dos valores morais, intelectuais, culturais, tradicionais de qualquer povo. E comungando com a sua ideia. Do professor depende o progresso, o desenvolvimento, a economia, o trabalho, a cultura. Todo profissional obrigatoriamente precisa do conhecimento do professor. Almeida (2004) no seu “Docentes para uma educação de qualidade” refere-se a importância do professor como essencial no que tange sobre a educação profissional. Para ela a educação não pode estar desconectada da vida profissional dos indivíduos, o que não deixa dúvida sobre sua importância. De fato, não se pode ensinar apenas para o deleite filosófico ou para a abstração surreal, mas, para o objetivo do desenvolvimento do ser humano em todos os sentidos e em especial para aqueles em que seu aprendizado vai garantir sua sobrevivência.

Pereira e Porto (2003) dispuseram a intenção do seu texto sobre a importância da educação para a população especial. O tema “O papel do professor e a construção de uma Sociedade Inclusiva” é de uma humanidade surpreendente, apresentam como o professor é sensível as questões da educação, mostra mais além, a preocupação do indivíduo em condição de inclusão para o mercado de trabalho. Essas posturas, esse comportamento são próprios dos professores que se sensibilizam sobre todas as questões sociais dos indivíduos. Possamai (2014) escreveu sua dissertação de mestrado salientando a importância do desenvolvimento da pesquisa científica, para a autora, o professor é o principal entusiasta responsável pela condução dos experimentos dos alunos em fazer pesquisas. Somente assim, é que se percebe o quanto as escolas têm produzidos pesquisadores importantes para a sociedade. Pesquisar tem um papel tão importante que não viveríamos sem elas, pois, ela é a base da construção da nossa sociedade.

Para que os alunos se apropriem do conhecimento, o professor desenvolve métodos que se dirijam ao desenvolvimento das potencialidades mentais. Ou seja, programa seu ensino, organiza os conteúdos de forma sistematizada para ser uma base de formação ao desenvolvimento mental do aluno. É através do conhecimento científico apreendido que o aluno terá condições de compreender e analisar a sociedade em que vive, possibilitando assim a transformação de sua consciência e de sua realidade. (Saviani, 2003 apud Possamai, 2014, p. 94)

É desse modo que o professor organiza a mente do estudante para aprender sobre o conhecimento científico é nesse cotidiano paulatino que o professor vai dirimindo as barreiras das dificuldades na vida do aluno. Essas são algumas possibilidades de ação do professor na sociedade, são contribuições que o profissional da educação vem ao longo do tempo alimentando as sociedades pelo mundo. De fato, todos os países do mundo existem a presença do professor, a presença da escola e a introdução do conhecimento para o mundo das ciências.

De alguma forma essas contribuições expostas nestes levantamentos, garantem a resposta sobre o questionamento da importância do professor na sociedade. Ademais, mesmo com todas as possibilidades, a educação exige novas abordagens sobre como melhorar essa relação entre o ensinar e o aprender. Desse modo, a nossa proposta é a de apresentar mais uma sobre o assunto. Todas ou quase todas as propostas estão sob duas especificações; a formação continuada do professor e a importância do professor para a sociedade. As duas proposições convergem para a atualização do profissional da educação, ou seja, o professor atualizado contribui mais e melhor para a sociedade. Neste ponto, parece que para melhorar a aprendizagem é preciso investir no sentido da melhoria da qualidade das aulas, ou seja, o estudante aprende melhor se o professor estiver devidamente preparado.

Neste sentido, há sem dúvida muitos cursos de preparação dos professores na nossa sociedade. São preparações dimensionadas sobre quase tudo, avaliação, planejamento, aprendizagem, conflito, bullying além de possibilidades que não consigo imaginar.

1.2 Quanto a formação de professores do ensino de História

É sabido que a formação inicial assume centralidade na maneira como se delineiam as posturas teóricas, as práticas pedagógicas, ou seja, interfere diretamente na formação da identidade profissional. Um dos aspectos na formação inicial na licenciatura de História que figura como crítica principal refere-se à dicotomia entre a teoria trabalhada na academia e a prática encontrada no espaço escolar nas salas de aula.  E essa clivagem entre o que se aprende na Educação Superior para atuar na Educação Básica é que certamente coopera para algumas distorções nas práticas pedagógicas e consequentemente na aprendizagem dos estudantes. Veiga (2009, p. 27) assevera que “[…] prática é o ponto de partida e de chegada do processo de formação”.

Mas, refletir acerca da formação docente, requer voltar à atenção para a história dessa formação para buscar a gênese de problemáticas persistentes, por exemplo, ao ter que suprir as carências sociais e econômicas de seus alunos, para além da sua função profissional, termina por desqualificar o trabalho docente, com perda na autonomia, que Enguita (1991) chama de proletarização do trabalho do professor, que se aprofunda diante de parcas ou desacertadas Políticas públicas que se desconecta das necessidades e realidades educacionais. Nesse caminho cita-se o modelo de formação “3 + 1” (separação entre conhecimentos específicos, trabalhados em três anos, e os pedagógicos, em mais um ano), extinto pela a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961, mas que prosseguiu e perdurou aprofundando o fosso entre a universidade e as questões da escola.

A reforma universitária em 1968 oferece um novo modelo para o ensino superior. que na prática não corresponderam às expectativas das licenciaturas. Fonseca (1993) traduz com perfeição o que fora essa reforma que manteve distorções que perduram até a atualidade e permeou a formação docente de milhares de professores, conduzida pela dicotomia entre teoria e prática, pesquisa e ensino, conhecimento pedagógico e conhecimento disciplinar.

[…] a reforma universitária aparece como instrumento de desenvolvimento e progresso social, supostamente atendendo às demandas sociais por cursos superiores em nível de graduação e pós-graduação. Por outro lado, tinha um objetivo desmobilizador, pois atacava duramente a organização do movimento estudantil, a autonomia universitária e a possibilidade de contestação e crítica no interior das Instituições de Ensino Superior […] o modelo administrativo empresarial implantado nas faculdades representam o “ajustamento” da Universidade brasileira à ordem política e econômica que se impunha, aprofundando linhas já existentes (Fonseca, 1993, p. 21).

Compete destacar que nesse cenário, o ensino da História “[…] constitui-se alvo de especial atenção dos reformadores. Constatamos, neste período estudado, sobretudo após 1968” (Fonseca, 1993, p. 25). A LDBEN de 1971 propõe uma “formação para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania” (Fonseca, 1993, p. 25) isso em um período bastante delicado da democracia brasileira. No modo curricular tratando, disciplinas como História e Geografia é substituída por Estudos Sociais, em uma clara evidencia em “controlar e reprimir as opiniões e os pensamentos dos cidadãos, de forma a eliminar toda e qualquer possibilidade de resistência ao regime autoritário” (Fonseca, 1993, p. 25). As ciências Humanas são descaracterizadas como campo de saberes autônomos, passando a trabalhar com um mosaico de conteúdos, transportando a especialização em História ou Geografia para as pós-graduação em Mestrado e Doutorado (Fonseca, 1993, p. 27).

Os anos 80, palco de lutas sociais e da redemocratização impacta no ensino de História, em que a busca por retomar esse saber para o currículo, “exigiram estudos e reflexões sobre o que e como ensinar no lugar dos Estudos Sociais e da antiga história tradicional” (Monteiro & Gasparello & Magalhães, 2007, p. 8). As abordagens historiográficas positivistas, estruturalistas, etc, abre espaço nos meios acadêmicos para um novo marxismo, crítico da visão economicista ortodoxa, e a história problema.  A expansão dos programas de pós-graduação em História transforma a década de 1980 em palco de forte debate sobre o ensino de História (Caimi, 2001).  

O ensino de História vai se consolidando como um campo de estudos em que novos parâmetros teóricos e metodológicos aproximam a formação acadêmica com a educação básica, questionando “conteúdos curriculares, das metodologias de ensino, do livro didático e das finalidades do ensino” (Schmidt & Cainelli, 2004, p. 11) que foram gradualmente renovando a formação de professores. As configurações mundiais impostas pelo neoliberalismo da década de 1990 imprimiram mudanças significativas na educação. Organismos internacionais como a organização mundial do comércio (OMC), Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI) passam a estabelece metas quantitativas que países como o Brasil devem seguir na educação para obter empréstimos, e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de 1998 seguindo essa política neoliberal transporta para o currículo uma política educacional de resultados para agradar a lógica do mercado de trabalho mutável, impactando diretamente no trabalho do professor.

Existe uma questão significativa entre a formação de professores para a disciplina de História – que pretende ser uma disciplina formadora do cidadão (MEC, 1998) -, efetivada tardiamente no Brasil, e as intencionalidades das propostas que no século XXI intenciona aproximar a História das novas gerações: “As articulações entre a concepção de História acadêmica e de História escolar, diferenças essas explicitas em várias propostas e explicitas com mais detalhes pelo PCN […]” (Bittencourt, 2008, p.117). Retomando à formação docente em História, considerando o atual cenário escolar, imerge num momento de crise/transição dessa escola pensada nos séculos XVII e XVIII e que não reflete mais a realidade, de acordo com Bauman (2013) o profissional professor vive imerso nessa crise/transição, em que não é mais o detentor único do conhecimento e nem possui um único alvo/objetivo diante de seus alunos.

E nesse panorama o professor na realização de seu trabalho se defronta com diferentes dificuldades no ambiente escolar, entre eles encontra-se o não aprendizado do conteúdo trabalhado em sala de aula por parte dos alunos. Advêm diferentes respostas: desinteresse dos alunos no conteúdo abordado em sala de aula ou não aprendem história por não compreender mesmo o conteúdo (Souza & Fernandes, 2016).

Existe um debruçar de teóricos sobre a metodologia para lecionar o conhecimento histórico, métodos esses que ao longo do tempo, variaram muito. Desde aqueles mais tradicionais até os mais progressistas/construtivistas, que utilizam o “saber de experiência feito” (Freire, 2011a; 2011b). Não que se deva abandonar completamente e imediatamente o método tradicional, “quando se pede a um professor para mudar o seu método, não se pede apenas que ele mude de técnica, pede-se para que ele próprio mude” (Dubet apud Schäffer & Kaercher, 2008, p.149), daí a relevância da formação continuada como caminho para melhorar a aprendizagem adequando o ensino a nova realidade.

1.3 Percepção e surgimento do quadrinho na história

O desenho é uma arte tão antiga que é impossível precisar sua origem, perguntar sobre quando o desenho surgiu dificilmente terá uma resposta. No entanto, embora, não se tenha resposta precisa sobre a origem, pode discutir sobre o desenho e quando começou a fazer parte da vida humana. Desenhar é o resultado é o produto da ação de criação, e quem tem a capacidade tem um dom. Um dom é algo que nasce com o indivíduo é um presente natural ou uma herança genética dos antecessores. Quem tem a facilidade de produzir desenhos, se-supõe que herdou um dom. No dicionário[2] desenhar é representar por meio de linhas e sombras; executar um desenho é representar-se na imaginação.

Pode-se dizer que desenhar é um ato que significa várias coisas e entre elas o de produzir algo ou alguma coisa. Nas escolas do desenvolvimento do desenho há várias correntes pelo mundo, as escolas francesas, italianas, gregas tiveram auges ao longo da história. Os desenhos eram representados por pessoas, figuras, paisagens, ou coisas que somente podia existir na imaginação. Auguste Rodin[3], dizia que desenhar é “A arte da contemplação, é o prazer do espírito que penetra na natureza e descobre que a natureza também tem alma”. Já o imortal Salvador Dali[4], falava “Desenhar é a integridade da arte”. Tanto a frase de Rodin quanto Dali dão a dimensão do significado do termo, num entendimento razoável das palavras compreende-se que desenhar é uma questão metafisica, que passa pelo imponderável. A arte é isso mesmo, imponderável, capaz de mover grandes multidões, de mexer com o subconsciente das pessoas, de transitar pelo campo da imaginação. Definir arte é uma das situações mais difíceis, na verdade não se define arte, no dicionário de online de português encontra-se essa definição.

Criatividade humana que, sem intenções práticas, representa as experiências individuais ou coletivas, por meio de uma interpretação ou impressão sensorial, emocional, afetiva, estética […] Aptidão inata para aplicar conhecimentos, usando talento ou habilidade, na demonstração uma ideia, um pensamento […] (Dicionário Online de Português)

A arte faz parte da criação humana e é por isso que a história em quadrinho é também uma forma de arte. Muitos autores deixaram a ideia de que a arte rupestre foi a primeira forma de desenho produzido pelo homem. O quadrinho da forma como conhecemos hoje tem suas origens na pré-história, as impressões espalhadas pelas cavernas foram manifestações naturais que o homem pré-histórico deixou como elemento de conexão do passado com o presente. Naturalmente, não se pode dizer que foi intencional, mas, pode-se intuí que foi uma livre manifestação artística, mesmo porque, não havia o critério da obrigação. Ki-Zerbo (2010) fala sobre a questão da seguinte forma.

As pinturas são monocromáticas ou policromadas, […]. No baixo Mertoutek, era usado o caulim roxo; no abrigo da face sul do Enneri Blaka, o caulim ocre vermelho de tipo sanguíneo; em outros locais, uma paleta furta-cor com uma tal combinação de tons que era capaz de recriar as condições e o equilíbrio da realidade. Para tanto, fazia-se necessária uma técnica bastante complexa, tendo sido encontrados vestígios de ateliês. Em In-Itinem, por exemplo, pequenas mós chatas e minúsculos trituradores para pulverizar rochas, assim como pequenos godês de pintura, foram descobertos nas escavações. Os pigmentos revelaram-se muito resistentes, conservando até hoje um viço e um frescor extraordinários. A gama relativamente rica é constituída de algumas cores básicas: o vermelho e o marrom, provenientes do ocre tirado do óxido de ferro; o branco, obtido a partir do caulim, do excremento de animais, do látex ou de óxidos de zinco; o preto, extraído do carvão vegetal, de ossos calcinados e triturados ou da fumaça e da gordura queimada. (Ki-Zerbo, 2010, p.751).

Nota-se que o citado pelo professor revela bem o quanto o homem primitivo se preocupava com a arte, inclusive no trato de utilizar utensílios de qualidade, como também, na questão das escolhas do local de exposição. No seu discurso, aplica um termo curioso que chamar a atenção que é “Ateliê”, o que significa que, os homens das cavernas criavam espaços para produzir a arte, pois, havia a preocupação de construir em locais que fossem possíveis produzir o desenho com certa técnica. O uso de técnica e de produtos que promovessem efeitos duradouros revela que havia a preocupação com o aprimoramento dos desenhos. Os incrementos os elementos na produção das tintas ou dos fomentos para a produção dos líquidos, demonstram uma complexidade no trabalho do homem primitivo.

Luyten e Lovetro (1993) em seu livro “Efeito HQ uma prática pedagógica” revela que a arte das cavernas foi a primeira biblioteca do mundo onde as primeiras histórias eram desenhadas e sequenciadas. p.12. O livro de Moya, (2006) “História da história em quadrinhos” faz um relato sobre como surgiu o desenho e retrata de maneira bem clara como foi a trajetória da evolução do quadrinho ao longo do tempo na história.

Durante a antiguidade clássica quem melhor demostrou interesse pela arte foram os filósofos, Platão e Aristóteles. Platão[5] na “República” sugere que a “arte é a fabricação da imagem”. Para ele a imagem é uma concepção construída a partir das abstrações produzidas pela mente. A relação entre o sensível e o tangível está na produção do material, ou seja, a essências das coisas está na nossa mente e somente mais tarde é que se concretiza em realidade. Para Aristóteles[6] a construção das imagens está relacionada diretamente ao arquétipo engenheiral que se constitui entre as relações sociais e mentais. No seu plano, o universo mental só pode existir se a concretude dos objetos for possível. Se em Platão o sensível se submete ao possível, em Aristóteles as duas situações convergem para a construção de um símbolo real. De fato, estabelecer relações entre a produção da arte como o desenho e as concepções filosófica não são tarefas fáceis, de qualquer modo, vale salientar que na produção da arte, uma parte depende da materialidade. Ninguém admira a obra Monalisa somente pela abstração, mas sim, através da perspectiva que os olhos possam enxergar. Somente muito mais tarde foi que o filosofo existencialista, racionalista René Descarte desmontou a ideia de Platão e Aristóteles através do método cartesiano. Para ele, questionar a realidade é a única maneira para chegar ao conhecimento, assim, o slogan “Penso Logo Existo” representa a condição básica para dar existência as realidades.

 A arte na antiguidade se deteve bastante por esculturas e arquiteturas produzidas pelas civilizações greco-romanas, também os egípcios se debruçaram para produzir uma arte bem peculiar.  O conhecimento que se tem sobre o quadrinho neste período é o Asterix e Obelix, Sansão e Hércules além de José do Egito e Moisés com os mandamentos.

Durante a idade média a concepção da arte ultrapassa os limites da compreensão. Vale lembrar que durante o período o domínio clerical tomou conta da mentalidade e estabeleceu os preceitos da igreja que determinou os comportamentos das pessoas. Elas foram subjugadas no que tange a moral, comportamento, lealdade e pecado. Mesmo assim, não se pode julgar que a arte não existiu, ao contrário, a velha concepção de que a idade das trevas teria ocorrido sem arte é verdade. O movimento renascentista provou o contrário, pois, as escolas artísticas construída no período deram cabo a ideia.

Por fim, vale lembrar que as maiores expressões artísticas estão diretamente relacionadas ao período. As escolas de artes gótica, barroca criadas durante o período estabeleceram os critérios da produção. Foram elas que fomentaram a pujança do barroco e do rococó no período seguinte. Também, não se pode levar em consideração apenas a arte na pintura, há de se pensar sobre os aspectos da dança, arquitetura, música e teatro. As expressões artísticas do período perpassaram pelas contingências da política, economia, cultura e, sobretudo religião. Porém, não há como negar que o traço do quadrinho estivesse ausente nestas casualidades, como a Monalisa de Leonardo da Vinci em caricatura ou tirinhas?

Dessa forma, imaginando que o quadrinho está presente nos vários segmentos da vida social, não é difícil de compreender que a arte de desenhar esteja presente em todos os setores das sociedades. Se for possível compreender que a arte rupestre é considerada como a gênese do quadrinho, segundo o professor Vergueiro, (2009) não se pode negar que as obras de da Vinci não sejam também uma forma de quadrinho.

Para Langer (2009) que escreveu um artigo sobre “O Ensino de História Medieval pelos Quadrinhos”, ele cita que os mais conhecidos foram “Hagar o Terrível” que representa o período, como também, a revista em quadrinho “Os Vikings” que representavam o povo do período medieval. Para o professor o quadrinho é uma arte atemporal, e espacial, pois, através do quadrinho pode aprender sobre muitas coisas.     

Mesmo com todos os impedimentos característicos da idade média, imposto pela religião, vale lembrar que ela foi o berço da explosão artística da modernidade. Em particular quando os jornais tiveram o advento com a criação da imprensa por Gutemberg. Os jornais começaram a disseminar desenhos e caricaturas. Veja o que diz Oliveira (2005).

A origem das HQs está diretamente ligada ao surgimento e ao desenvolvimento da imprensa. No século XVII, na Inglaterra, os jornais ainda não imprimiam fotografias, para ilustrar as páginas, traziam alguns desenhos. Como isso fazia um grande sucesso entre os leitores, começaram a publicar esses desenhos em sequência para contar histórias. Com o passar do tempo, os desenhistas foram se aprimorando, passaram a criar narrativas sequenciais.  (p. 09)

Ela traz duas informações pertinentes, o aparecimento da imprensa como instrumento de divulgação do desenho nos jornais da época e o interesse dos leitores pelos desenhos. Sendo a Europa o centro civilizatório das populações, as divulgações dos jornais não ficaram apenas num único país. Inglaterra, França, Espanha, Alemanha entre outros países produziram jornais contaminados pelos quadrinhos. Caricaturas, charges, tirinhas eram produzidas e sempre satirizando as situações da vida social e dessa maneira foram ganhando espaços dentro das sociedades. Quanto ao interesse dos leitores pelos quadrinhos, não há como averiguar a extensão, o que se percebe pela informação de Rosilene é que os desenhos faziam sucesso nos jornais da época. Levando em consideração a população do período, com os modos e a cultura, pode-se chegar à conclusão de o quadrinho era um elemento que despertava a atenção e o interesse em relação a outras notícias. Com relação a isso Oliveira (2005, p 09) faz a seguinte observação.

No século seguinte, Rudolph Topfer começou a produzir então desenhos com texto embaixo que contavam uma história. Vendido em folhas soltas, ficou conhecido como histórias em estampa. No entanto, foram os jornais dos Estados Unidos que fizeram as histórias em quadrinhos se transformarem em expressão artística popular. Em 1895, os principais donos de cadeias de jornais de Nova York, Joseph Pulitzer e William Randolph Hearst, faziam de tudo para ‘roubar’ os leitores um do outro. Então, passaram a colocar atrativos em seus jornais, como, por exemplo, os quadrinhos. O primeiro personagem das HQs surgiu nessa época, no NY Journal: o Yellow Kid.  

Essas informações justificam a disseminação do quadrinho pelo mundo, comprova que as pessoas se interessavam mais pelo lúdico contido nas figurinhas do quadrinho que no restante das notícias ou mesmo nos livros paradidáticos ou didáticos.

A modernidade pode ser considerada como o berço do nascimento da ciência, foi nela que os conceitos e as terias foram construídas. Descartes, Newton, Marx, Rousseau construíram um conjunto de conhecimento sofisticado que se consolidou como princípios fundamentais para ciência. Assim, Joseph Pulitzer e William Randolph foram os primeiros a perceber que ciência nos quadrinhos carecia de espaço para se expandir. Eles criaram no ano de 1895 no NY Journal o desenho do Yellow Kid que pode ser considerado como o nascimento do quadrinho da era moderna.   Diante das conjecturas sociais, todos os jornais do mundo perceberam o interesse das pessoas pelo quadrinho.

As notícias se espalharam pelo mundo e os tipos de quadrinhos se proliferaram e espalharam pelo mundo e em cada país os nomes dos quadrinhos ganharam nomenclaturas cuja especificidade e as particularidades compreendem de acordo com a língua de cada país. Mangar, Comic, Caricatura são expressões conhecidas do quadrinho. No Brasil o quadrinho ficou conhecido como GIBI que é uma revista que conta histórias de maneira criativas e divertidas. Uma combinação de desenhos, linguagem e história sequenciada, é com esse aspecto que atrai, influência e melhora nas questões ligadas a aprendizagem.  Dos anos 30 aos 50 do século XX houve muitas produções do quadrinho. Segar (1933) criou o desenho Popeye, um marinheiro politicamente correto que combatia a maldade do inimigo, uma metáfora bem elaborada da sociedade americana da época.

Em 1947 foi a vez do Tio Patinhas, um velho rico, avarento dono de um banco e que explorava a mão de obra alheia. Era uma representação simbólica dos EUA no período. Nos anos 50 foi a vez do Super Mouse, um rato super poderoso que bania os corruptos. Era a favor dos fracos e dos oprimidos, uma metáfora da realidade americana. Neste período a guerra fria tomava conta dos interesses na sociedade americana e a necessidade de criar super-heróis foi forjada a partir das circunstâncias oriunda das crises da guerra. Muitos outros heróis foram construídos pelos americanos, mas que por ora esses são os mais importantes.

No Brasil o responsável pela introdução do quadrinho foi jornalista Ângelo Agostini, um italiano naturalizado que aproveitou da ausência e introduziu o desenho nos jornais do país. Seus trabalhos trataram dos vários temas da sociedade brasileira, em geral, satirizando as circunstâncias cotidianas. Escreveu para Revista Vida Fluminense do Rio de Janeiro onde criou o personagem “Nhô-Quim, e a viagem da corte portuguesa”. Esse foi o trabalho mais importante de Agostini considerado por muitos cartunistas. Ele ainda produziu muitas outras obras como o “Zé Caipora” e as aventuras, além disso, o trabalho dele se estendeu por algumas revistas como “Diabo Coxo” num periódico paulistano no ano de 1864, depois em o “Cambrião” onde fazia algumas sátiras sobre a guerra do Paraguai. Ainda durante sua existência Agostini deixou o legado de “O Mosquito”, “Revista Ilustrada”, “Dom Quixote”, “O Malho” e “Tico-Tico”. O Malho foi último lugar onde trabalhou. 1910 Agostini deixava a vida terrena para entrar para história como o primeiro quadrinista do Brasil.

Sobre as impressões de Agostini, o Professor Doutor Oliveira (2006) escreveu uma tese de doutorado pela USP no Instituto de Filosofia da Universidade de São Paulo cuja título: “Ângelo Agostini ou impressões de uma viagem da corte à capital Federal (1864-1910)”. Sobre isso, escreve no resumo:

Esteticamente, ele foi o principal artístico gráfico em atividade no Brasil na metade do século XIX, e realizador de marcos na história da imprensa brasileira, como a Revista Ilustrada. Introdutor das histórias em quadrinho entre nós deixou como legado uma obra vasta, diferenciada e irregular. No plano político, foi um ativista na luta pela abolição da escravatura.

Na tese, o autor faz levantamento das ações do autor sobre política, sociedade, comicidade, que era a sua marca inconfundível. Lustosa (2014) escreveu o livro “Agostini: obra, paixão e arte do italiano que desenhou o Brasil”, nele vários textos que expressam o cunho político e social do autor. Agostini foi um homem além do seu tempo, foi uma pessoa que com sua arte melhorou a sociedade brasileira. No meio jornalístico seu nome foi motivo de vários artigos, Folha de São Paulo, Estadão, escreveram sobre a importância e o papel da Agostini na sociedade brasileira.

Depois dele outros Cartunistas[7] surgiram, Henfil, Glauco vilas Boas, Mauricio de Souza e centenas de outros que continuaram com a missão de promover o quadrinho. Em 1988 foi criado a Associação dos Cartunistas do Brasil (ACB) em São Paulo, tendo como Presidente José Alberto Lovreto um cartunista de excelência. O objetivo da ACB é de promover o entrosamento entre profissionais e amadores quadrinistas espalhados pelo Brasil. Para isso foi criado o troféu HQMIX como forma de incentivar o quadrinho.

Nos últimos 50 anos o quadrinho cresceu muito, em especial quando a indústria cinematográfica surgiu disseminando desenhos animados como forma de entretenimento. As indústrias americanas Disney, Pixar, DreamWorks, Universal Studios, MGM, Warne Bros, Fox, Paramount, Columbia Pictures produziram filmes em larga escalas. “Croods”, “Procurando Nemo”, “Era do Gelo”, “Rei Leão”, “Divertida Mente”, “Meu Malvado Favorito” e muitos outros que fazem parte da longa lista de filmes americanos.

Na China, as produtoras fizeram seus desenhos animados, estúdios de filmes e revistas, em especial os Mangás e Narutos como é conhecido na região do oriente. No Brasil as produtoras de filmes mais conhecidas: LC Barreto Filmes, Canal Curta, Novelo Filmes, Alumbramento, Descoloniza Filmes, são as produtoras de filmes mais conhecidas. No quadrinho as editoras como mais conhecidas como a Globo e a Abril produziram a Turma da Mônica de Mauricio de Souza e Menino Maluquinho de Ziraldo e o Sitio do Pica Pau Amarelo. O Brasil não tem a cultura da produção do quadrinho ou desenho animado, estar-se no processo da contramão do progresso em relação a outros países, o último filme produzido sobre o Brasil foi RIO, que concorreu ao Oscar, uma produção americana tratando do meio ambiente.

As proposições expostas são para adequar as condições sobre o surgimento do quadrinho na humanidade e nas proposições seguintes no seu desenvolvimento. Da pré-história a atualidade há ainda muito que se produzir sobre o quadrinho, há imbricações que perpassam pelas questões psicológicas, sociológicas e de aprendizagem, em especial, quando se trata de estudante em fase de formação.

1.4 A influência dos quadrinhos nas gerações passadas e presentes

A vida do homem moderno é naturalmente dominada por influências que estão por todos os setores da vida cotidiana. A sociedade está consumida por todo tipo de influência e isso não tenha nada de estranho porque ela está na política, cultura, economia e religião. Ela atua em todos os setores da sociedade para o bem ou para o mal, porém, não existe meio de não ser contaminado pela influência. Por influência compreende-se que é difícil a produção de um conceito, porque, etimologicamente influência não tem uma definição. A compreensão é de que tem a capacidade de mudar e de convencer alguém ou alguma sobre algo. Pode ser compreendido como capacidade de controlar de mudar a concepção do outro como citado no dicionário:

A influência é a ação de influir ou de influenciar. É o poder ou a autoridade de alguém sobre outro sujeito. Refere-se a uma grande potência onde um estado ou uma organização exercem um domínio político, cultural, económica ou militar indireta ou diretamente (Dicionário Online Português).

Mas, o conceito de influência no dicionário parece bem amplo e que não é capaz de dá o significado real da palavra numa perspectiva particular. Os termos poder, potência, estado sugere algo incompreensível ou que está disseminado num espectro imensurável que não é compreensível. Outros dicionários têm definição sobre a influência da seguinte forma: Segundo o dicionário Aurélio, influência significa ato ou efeito de influir, ação que uma pessoa ou coisa exerce sobre outra, prestígio, crédito, ascendência, predomínio, poder.

Na perspectiva filosófica, o termo baseia-se na realidade social, todos ou quase todos, são objetos influenciáveis de uma forma ou de outra, por isso, que as revistas em quadrinhos é um objeto de grande poder de influência, ela consegui mexer com a imaginação do indivíduo porque a proposta pedagógica é a de sacudir a criatividade, a cognição, a memória das pessoas. Seu poder de influência está na capacidade de ludicidade, na policromia, no diálogo curto onomatopaico das figuras e as próprias figuras das revistas que desperta o desejo de conhecer as histórias. É o desejo de conhecer as histórias que mexe com o interesse e o gosto pela aprendizagem, pela leitura, pelo livro.

Agostini disseminou a ideia do quadrinho no Jornal do Brasil, e em algumas revistas como “Suplemento Juvenil” de Adolfo Aizen nos anos 30, que reproduzia as historinhas em quadrinhos americanas, “O Globo Juvenil” de Roberto Marinho criou que deu o nome que conhecemos hoje de gibi[8] em 1937.  E foi assim que as pessoas passaram a conhecer o quadrinho como gibi. Nas décadas entre 60 até 80 o Brasil fervilhava com desenvolvimentismo promovido por JK, que atingiu todos os setores da sociedade inclusive o segmento da imprensa.

A Editora Abril reproduziu várias revistas com as histórias dos heróis americanos, também, foi nessa época que o SESI[9] criou a revista Sesinho que deu espaço a cartunistas como Ziraldo, Fortuna e Joselito Matos. Na década seguinte, período de repressão a produção do quadrinho não se calou, O “Jornal Pasquim”, o “Menino Maluquinho”, “A turma da Mônica” dos respectivos autores Ziraldo e Mauricio de Souza construiu uma base segura para o quadrinho. Nas décadas seguintes tantos os autores como editoras produziram os quadrinhos de modo independente. A Revista Abril reproduziu modelos do quadrinho americano com heróis e vilões. Enquanto a Editora Globo e seus autores produziram quadrinho voltado para o consumo interno.

Mas ainda tem muito para falar. Como que quadrinho pode influenciar tanta gente? O pai da psicologia de Jung (1976) no livro “Tipos Psicológicos” ensinou que as mentes das pessoas passam por etapas diferentes como: sensação, pensamento, sentimento, intuição, esses elementos são os que dão sentido ao nosso aprender, eles são essenciais no que tange a aprendizagem. Freud (1900) pai da psicanálise se refere a psicologia como um processo em construção do ser humano entre o meio o fim, assim, os processos ocorrem em que o inconsciente é um sistema do aparelho psíquico regido por leis próprias de funcionamento. O pré-consciente refere-se ao sistema onde permanecem aqueles conteúdos acessíveis à consciência. O consciente é o sistema do aparelho psíquico que recebe ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e as do mundo interior.

Na concepção de Freud (1900) como em Jung (1976) a compreensão não é fácil, os trânsitos pelo consciente e inconsciente se conflitam exigindo mais estudos. Mesmo assim, tentando encontrar um meio termo para questão, Paula e Mendonça (2009) citando Piaget traz a questão:

Para entender essa origem, ele pesquisou a trajetória de aquisição do conhecimento e descobriu que é resultado de uma construção na vida do indivíduo. Em relação à infância, ele constatou que o bebê, desde o nascimento, já apresenta um tipo de intelecto que está voltado às questões motoras. Ele também descobriu que a ação, o conhecimento e a lógica são indissociáveis. Para ele, o conhecimento é resultado da experiência e da interação do sujeito com o meio. (Paula & Mendonça, 2009, p.93).

Na compreensão da professora, os processos de aprendizagem acontecem em concomitância entre o indivíduo e o meio. Piaget se baseia na convicção de que o conhecimento se dá através da descoberta quando o indivíduo interage de maneira consciente com os objetos que estão ao seu redor. Dessa forma, comparando com a experiência feita com o quadrinho, a aprendizagem se dá numa relação de contração entre a existência da revistinha e a vida lúdica dos estudantes. Nesse conjunto, a ação e a reação, a influência como um motor na vida do estudante, pois, agi como um elemento de prazer, de satisfação.

Freire (1967) na “Pedagogia Libertadora” sugere que o conhecimento e a aprendizagem venham acontecendo em paralelo com a sociedade. Para ele, a aprendizagem é um processo em construção que juntando os tijolos vai chegar a construção da obra. Na metáfora entre obra e aprendizagem, absurda, no entanto, ao analisar as etapas do desenvolvimento das pessoas na infância, adolescência e fase adulta, nos faz dobrar o joelho no sentido que de fato a aprendizagem ocorre com tijolos após tijolos. Veja: Figuremos a palavra “tijolo”, como primeira palavra geradora, colocada numa “situação” de trabalho em construção. Discutida a situação em seus aspectos possíveis, far-se-ia a vinculação semântica entre a palavra e o objeto que nomeia. p.116.

Em Wallon (2007) a aprendizagem passa pela questão da afetividade, pois, quando os sentimentos fazem parte da vida das pessoas, a suscetibilidade para desenvolver as tarefas é bem maior e em especial com a aprendizagem, pois, se torna mais acessível. Ele elenca uma lógica que nos parece razoável, veja:

Afetividade se expressa de três maneiras: 1. Emoção: exteriorização da afetividade, aparece desde o início da vida do ser humano e é expressa com movimentos de espasmos e contrações, liberando sensações de mal-estar ou bem-estar. Nessa teoria, a emoção é vista como indispensável à sobrevivência do ser, e, pela sua contagiosidade “ela fornece o primeiro e mais forte vínculo entre os indivíduos e supre a insuficiência da articulação cognitiva nos primórdios da história do ser e da espécie”. (Dantas, 1992 pag.85). 2. Sentimento: expressa a afetividade sem arrebatamento, com controle, pela mímica e também pela linguagem, o que o diferencia da emoção. Tem caráter cognitivo. 3. Paixão: está presente a partir da fase do personalismo e se caracteriza pelo autocontrole no domínio de uma situação, exteriorizando-se através de ciúmes e exigência de exclusividade, entre outros. (Mahoney & Almeida, 2004 pag.21).

O trabalho de Wallon nos parece mais prodigioso que todos os outros, realmente, a afetividade é um elemento essencial, pois, a percepção das coisas e dos objetos se torna mais real quando existe afinidade. Os termos emoção, sentimento, paixão, sugere uma força motriz que fomenta o desejo por alguma coisa ou algo. Sendo assim, se chegar à conclusão de que durante a infância e a adolescência, os indivíduos ficam seduzidos pelos objetos do meio social e é o que acontece com as revistas em quadrinhos porque elas têm autopoder de influência.  Na verdade, o que se pretende com a ilação entre Jung, Freud, Piaget, Freire e Wallon é justificar que todos têm algo em comum, a aprendizagem. O ato de aprender perpassam pelos critérios do cognitivo, social, referências de vida, valores adquiridos. Com esses elementos todos os indivíduos estão dispostos e abertos para fazer sua aprendizagem.

Desse modo, a questão da influência do gibi na infância e na adolescência está diretamente relacionada aos prazeres e isso carece de mais clareza. Num momento em que os adolescentes estão em processos de incertezas, o gibi tem um poder enorme de convencimento. Mas, por que será? A resposta é aparentemente simples. O gibi tem uma forma bem elaborada: papel básico, linguagem fácil, histórias compreensíveis, colorido exacerbado, exageros, violência razoável. Essa combinação é explosiva quando explorada de maneira profissional numa população que almeja conhecimento.

Não é à toa que boa parte dos adolescentes já consumiram revistas em quadrinho, em especial quando se está em início de letramento, nos períodos de formulação das primeiras palavras. É nesse período que o consumo de revistinha é compulsivamente adquirido em especial como Tio Patinhas, Pato Donald, Mickey, Professor Pardal, Maga Patológica, Madame Mim, quem não conhece os personagens Irmãos Metralhas, Clarabela, Pateta e João Bafo de Onça, personagens fazem parte do imaginário dos adolescentes. No Brasil, as revistas mais famosas são da Turma da Mônica, o Caipira, Chico Bento, Menino Maluquinho, depois os menos conhecidos: O Pererê, O Tico-Tico, Amigo da Onça, Capitão 7 que retratam histórias do cotidiano das sociedades.

É bem verdade que o contingente quantitativo da produção do gibi no Brasil é bem inferior a produção estrangeira, mas, isso não reduz a importância da produção, nem a representação simbólica que pode oferecer. Há de levar em consideração os elementos econômicos e culturais do país para justificar o desinteresse pela cultura do quadrinho.

Quanto as aquisições das revistas se davam através da compra ou troca. O adolescente que tivesse poder aquisitivo, compravam, de tal forma que, as vezes, o número eram tão grandes que se tornavam colecionadores. Foi assim que muita gente guardou um enorme arsenal de revistas em quadrinhos. Quanto as trocas, geralmente eram feitas nas feiras de trocas de gibis, uma forma bem democrática, bem sociável no sentido de adquirir os gibis.

Quantos as edições especiais, aquelas que se tornaram exclusivos, ganharam valores exorbitantes. Estes estão fora deste contexto, os gibis, americanos valem milhões de dólares, o gibi do Super Homem considerado por muitos como o primeiro da Action Comic custa entre 4 e 16 milhões. O Batman de 1939 custa de 3 a 12 milhões, Homem Aranha de número 10 entre 600 mil e 2 milhões. Todos supervalorizados nas cifras dos milhões de dólares.

Já os adolescentes que não tinham recursos de comprar gibi, a forma mais efetiva era mesmo a troca, até porque, era a única maneira de ter acesso as revistinhas eram essas. É bem verdade que no mundo da troca não há espaço para seleção, quando a oportunidade aparece o negócio é imediatamente efetivado. Por isso, que quando se vai a feira muitas revistas desconhecidas aparecem, como a do TEX um de cowboy americano que conta sobre a saga do oeste, de sexo, de terror, entre outras variações. Não cabe julgar a moral das revistas em quadrinho, fazer o julgamento se é pedagogicamente adequado para o adolescente ou didaticamente apropriado para a geração em formação. O que se pretende é elaborar a compreensão de que as revistas em quadrinho é uma ferramenta de aprendizagem, que têm a capacidade de influenciar na memória e na aprendizagem. Significa que a forma como ela é feita, como é produzida faz muito mais sentido para o estudante do que os livros como conhecemos. Witter e Ramos (2008) escreveu um artigo “Influência das cores na motivação para leitura das obras de literatura infantil”. Nele fala que o homem está rodeado de cores por todos os lados. Veja.

A cor sempre fez parte da vida do homem, sempre houve o azul do céu, o verde das árvores, o vermelho do pôr do sol, foi na natureza que o homem conheceu as cores, o colorido natural chamou sua atenção, comunicou-lhe alguma coisa, despertou-lhe sentimentos. Surgiu, então, o desejo de reproduzi-lo, de se comunicar; e de se expressar por meio de sua linguagem simbólica, recorrendo também ao colorido. Emergiam as cores na arte, nos objetos, nas casas, todo o ambiente fica colorido (Witter & Ramos, 2008, p. 38).

Para Witter e Ramos (2008) as cores influenciam diretamente na vida das pessoas, porque, estão em todos os lugares. Influencia a criança em processo de formação, o adolescente em aprendizagem. A comprovação dessas influências está na susceptibilidade das cores pode atingir de maneiras diferentes. Outro argumento é o que Witter & Ramos (2008) diz e a realidade do quadrinho. Neste ponto, há uma concomitância, pois, a autora defende que a cor é um fenômeno que acompanha o homem por toda a vida, significa dizer que ele aprende com as cores, neste caso, a maioria das revistas em quadrinhos é cheia cores e por dedução se-supõe que elas podem sim ser instrumentos de aprendizagem.

O surgimento do quadrinho a princípio foi através da caricatura, charges, tirinhas e depois revistas que eram produzidas de maneira artesanal. No entanto, a modernidade trouxe possibilidades para o quadrinho que vem ampliando de modo que nem se pode imaginar. Por isso, que explorar as possibilidades do HQ noutras plataformas é fundamental. Depois, esclarecer as etapas do processo sobre como produzir? Como depositar as publicações? e por fim como acessá-los para fazer as leituras.

Por definição, plataforma digital é uma rede social que promove discussão inclusiva e ampla sobre cada qualquer tipo de assunto. Através dela é possível criar espaços para diálogos, produzir trabalhos, oferecer produtos para que milhares de pessoas e beneficiar centenas de indivíduos. Na educação as plataformas digitais vêm se multiplicando exponencialmente de modo que, limites e restrições estão fora da discussão. O sítio Mundo Nativo Digital é uma plataforma especializada em ensinar os indivíduos a ter acesso ao quadrinho. O Porvir ensina diversas maneiras de produzir, de ler modo virtual centenas de quadrinhos, da mesma forma que o Catraca Livre que além de oferecer a possibilidade de fazer quadrinho, oferece curso para quem tem interesse em desenvolver a capacidade de mexer com o quadrinho de maneira virtual. O Canvas ensina a produzir tirinhas, charges e outras informações importantes para a aprendizagem do quadrinho. Estes são algumas plataformas importantes que foram pesquisadas, há inúmeras outras que dispõe de espaços e informações para os interessados. Quanto aos possíveis meios de publicação do quadrinho, a internet vem oferecendo inúmeras possibilidades de publicação. O Mbeck é uma plataforma que recebe trabalhos em quadrinhos produzidos por amadores. O Pixtón também tem a mesma função, vem estimulando no meio estudantil para produção do quadrinho, a Revista Galileu tem publicando vários trabalhos em HQ além de ter um acervo enorme somente sobre HQ. Diversos sites estão a disposição para quem tiver interesse, como também, utilizar o endereço para fazer projetos escolares. A plataforma hqbrasileiras é um sítio exclusivo para leituras em quadrinhos, além dos Social Comics, Tapas, Webtoon, Previus que são plataformas digitais específicas para leituras.

Com essas opções, a possibilidade de acesso ao quadrinho abrange um leque de oferta bem maior do que as exclusividades das revistas em papel. Num momento em que o universo virtual tem penetrado cada vez mais forte nos lares, o contato com o quadrinho é uma excelente oportunidade para conhecer melhor sua proposta. É bem verdade que para ter acessos é necessário os equipamentos tecnológicos que permitem acessar as plataformas digitais ainda são caros, porém, é inevitável. Toda criança, independente da condição social, já tem um Tablet ou um Celular de alta qualidade e isso é suficiente para conhecer todas as possibilidades que o quadrinho pode oferecer.

Portanto, na percepção visual, não a como negar a generosidade das HQs com relação as possibilidades, pois, todas elas estão repletas de cores, figuras e figurinhas que mexe com a imaginação. Também na perspectiva do virtual a aventura continua com a mesma emoção, o gibi é um influenciador contumaz sobre as questões que diz respeito a leitura, atenção, conhecimento e aprendizagem.

Esses argumentos são referências básicas sobre como ocorreu o processo de disseminação do quadrinho pelo mundo e no Brasil, são explicações pautadas em estudos que trazem a informação de que o quadrinho é de fato uma ferramenta de aprendizagem. Que pode ser encaixado nos modelos de formato de educação que existem pelo mundo e por consequência no Brasil. Os processos de aprendizagem no nosso país vêm aos solavancos porque uma série de fatores necessitam de atenção por parte do governo, dos profissionais da educação e dos estudantes que são os maiores interessados.

1.5 Os processos de aprendizagens e adaptação do quadrinho na educação

Por aprendizagem compreende que é um processo que requer explicações necessárias para o acontecimento. Aprender é difícil, demorado e requer dos indivíduos envolvidos, estratégias programáticas, ferramentas disponíveis para execução do trabalho, paciência e orientação adequada. Ela é mais complexa que se pode imaginar e não há registro que existe uma forma, um modelo que seja a correta, mas, a perspectiva de que a partir dos pressupostos apresentados sejam possíveis. No centro da discussão está a possibilidade de o quadrinho a ser a solução para questão.

Quando se olha para os processos de aprendizagem ao longo da história, notamos que a forma de aprender e de ensinar era bem diferente. As crianças e os adolescentes aprendiam através dos ensinamentos produzidos pelos mais velhos. A lógica do aprender acontecia da seguinte maneira, os idosos que possuem a fonte do conhecimento, tinham a experiência para repassar para os mais novos. O ensinamento do ofício era passado do pai para o filho e dessa forma o modo mais usual de passar o conhecimento durante toda a história da humanidade foi assim. Somente após o advento das grandes revoluções, o advento da ciência é que foi alterando o sentido e o modo de aprender ao longo do tempo. 

Desde então, a ciência tem mostrado que a lógica do passado cedeu espaço nas sociedades modernas, o conhecimento, a aprendizagem, passaram por processos mais complicados. O filósofo existencialista René Descartes no livro “Discurso de Método” determina as proposições sobre a questão do saber. Para ele a razão é o caminho para chegar à verdade, utilizá-lo para chegar ao conhecimento é condição necessária. A contribuição de Descartes promoveu a mudança significativa na forma de aprender e desde então as sociedades vem debatendo sobre as formas de aprendizagens. No campo da educação, as proposições vêm procurando a maneira mais conveniente, debatendo sobre qual a melhor forma de ensinar as matérias escolares aos estudantes, discutindo sobre a maneira mais conveniente de aprender.

No Brasil essa realidade não é diferente, os intelectuais da educação têm se debruçado no sentido de encontrar uma forma mais prodigiosa, apropriada a realidade dos nossos estudantes. Neste sentido, a maior referência sobre educação no Brasil é Paulo Freire, isso porque, foi o pensador que se debruçou sobre a questão. Sua produção intelectual tem vários títulos como Pedagogia do Oprimido, Pedagogia Libertadora, Autonomia, Esperança, Tolerância, Compromisso, somente para listar alguns. Todos ligados ao modo e a maneira de aprender. Para Freire a aprendizagem acontece quando o indivíduo leva consigo suas experiências de vida para sala de aula.

Giusta (2013) no seu artigo “Concepções de Aprendizagem e Práticas Pedagógicas” traz várias concepções sobre o assunto, ela da pista que leva para uma possível compreensão. Apesar de a sua ideia transitar pelo idealismo, pelo modelo de educação sem referência de outros modelos ela deixa rastro que podem levar para a dedução de uma concepção. Sua compreensão passa pelo behaviorismo que é uma sistematização que utiliza comportamento como processo de aprendizagem, na concepção piagetiana a aprendizagem ocorre através da construção sucessiva entre as estruturas sociais e a vida dos indivíduos, em Wallon (2007) a aprendizagem ocorre através dos elementos sentimentais: emoção, motricidade, repetição e a socialização. Para Vigotsky (1989) a aprendizagem só pode ocorrer da prática social e coletiva e em hipótese alguma de forma isolada. Essas teorias existem para justificar os modelos de aprendizagem que são adotadas pelo sistema educacional brasileiro. De fato, a relevância para educação é inegável, sua contribuição perdurou por muitos anos, porém, diante das urgências e das necessidades atuais, chega o momento de produzir outros mecanismos que favoreça ao processo.

Imbernón (2004) construiu a teoria da aprendizagem colaborativa, que é uma concepção que acontece através de grupos. É bem verdade que a teoria indica que a aprendizagem só pode ser construída através da colaboração de todos, excluindo aqueles que aprendem sozinhos. Sua concepção está voltada para a compreensão das formações dos docentes, mas, isso não exclui as possibilidades da associação com outras instâncias do ensino. O educando não está isolado no mundo, ao contrário, as convergências das experiências de vida comprovam que os universos dos estudantes estão cheios das riquezas como trabalho, família, grupo social, rede social. Isso comprova que a aprendizagem em grupo é um caminho plausível quando se trata de aprendizagem.  

No livro “A sala de Aula Inovadora” de Camargo e Daros (2019) trazem que o modelo tradicional de aprendizagem não atende mais as necessidades dos estudantes e que é necessário introduzir novos mecanismos para alavancar o interesse pela aprendizagem, em que o modelo tradicional serviu a um propósito e foi efetivo até certo ponto. No entanto, o acesso universal à informação, proporcionado pelo advento da internet e das mídias digitais, transformou radicalmente a sociedade e, com ela, a forma de se relacionar, consumir, trabalhar, aprender e, até mesmo, viver. Mas, a novidade, ainda parafraseando Camargo e Daros (2018), seja mesmo o desafio que se coloca para as novas escolas no que tange a prática de metodologias que permitam uma práxis pedagógica que alcance a formação do sujeito criativo, crítico, reflexivo, colaborativo, capaz de trabalhar em grupo e resolver problemas reais.

Para resolver o desafio num momento em que os estudantes estão ávidos por outras coisas e menos pela aprendizagem é necessário esforços intuitivos. Camargo sugere que as metodologias ativas sejam capazes de resolver o problema. Porém esqueceu-se de analisar os dados sociais dos estudantes que vem das escolas públicas e das periferias, pois, se não levar em conta esse detalhe, a teoria não consiga produzir o resultado pretendido. O PISA (Programme for International Student Assessment) que é um programa de avaliação internacional dos estudantes revelou que o problema do aprendizado vem aumentado, nas matérias básicas do currículo escolar. Estudantes não tem conseguido resolver problemas básicos de português, matemática e das ciências humanas na idade série. Situações que estudantes de outros países conseguem resolver sem dificuldades. Inglaterra, Finlândia, Japão tem avançado nas questões educacionais porque tem investido adequadamente e sistematicamente nas condições de aprendizagem dos estudantes. Esse fato tem mostrado que quanto mais se investe em educação escolar mais resultados aparecem no meio social com profissionais comprometido. 

O Brasil tem perdido muito tempo com esse assunto, o ranque do país se encontra na posição 66ª quando se trata de aprendizagem das matérias do eixo comum, ficando atrás de países como Chile, Argentina que tem economia menor. Carbonell (2002) no seu famoso livro sobre inovação faz a seguinte observação.

[…] um conjunto de intervenções, decisões e processos, com certo grau de intencionalidade e sistematização, que tratam de modificar atitudes, ideias, culturas, conteúdos, modelos e práticas pedagógicas. E, por sua vez, introduzir, em uma linha renovadora, novos projetos e programas, materiais curriculares, estratégias de ensino aprendizagem, modelos didáticos e outra forma de organizar e gerir o currículo, a escola e a dinâmica da classe. (Carbonell, 2002, p.30).

Essa é a receita de sucesso para a aprendizagem. Fazendo as ponderações adequadas se percebe que o caminho é esse mesmo, enquanto o sistema não se preocupar com a sala de aula não há como acontecer as mudanças tão necessária. Castellar e Allan e Diana (2018) professoras doutoras da USP escreveram o livro de nome “Aprendizagem Colaborativa em Rede”, diz que equipamentos tecnológicos são indispensáveis na sala de aula e no processo de aprendizagem.

Com o celular ou o tablet nas mãos (ou mesmo sentados em frente ao PC), conversam e apoiam uns aos outros por meio do WhatsApp, acessam aulas on-line, leem e-books, consultam enciclopédias on-line, aprendem novas línguas de graça, assistem a vídeos educativos no YouTube, curtem e compartilham em comunidades no Facebook conteúdos relacionados com a matéria apresentada em sala de aula. (Castellar & Allan & Diana, 2028, p.10).

O livro “Ensino Híbrido” de Castellar (2018) sugere que a aprendizagem pode ser feita através da composição de duas situações. A permanência do estudo tradicional, no modelo conhecido e a introdução de elementos online através de equipamentos como celular, Datashow e outros.

Define-se por ensino híbrido a mistura entre elementos da sala de aula tradicional com o ensino on-line, com a realização de atividades que podem envolver toda a turma ou, ainda, a possibilidade de organizá-la em agrupamentos dinâmicos, ou individualmente. (Castellar, 2018, p.32).

Somente é necessário acrescentar para ter cuidado porque as atividades precisam de acompanhamento do professor, de modo que, o estudante possa aproveitar melhor a aprendizagem. Ainda vale lembrar que nessa metodologia o estudante não tem o domínio total do equipamento, como também, a independência e autonomia da sua aprendizagem. A aprendizagem é direcionada e acompanhada de acordo com as determinações exigidas pelos órgãos reguladores da educação. Como se vê, na aprendizagem há várias metodologias que podem ser empregadas para o aprender. Depois, se o aprendizado é um processo que cabe várias metodologias, vale apena explorar mais possibilidades como a neurociência na aprendizagem.

Neurociência tem como conceito básico o estudo do cérebro e suas imbricações nas relações de formação, estrutura, funcionamento, desenvolvimento, modificações e ligação com a mente e comportamento. Os cientistas têm associado o termo para a compreensão da aprendizagem, dizendo que atitudes, vivencias, impactam no desenvolvimento mental. A capacidade de refletir, pensar, imaginar, raciocinar são alguns dos aspectos que a neurociência procura entender.

O termo não é antigo, surgiu nos anos 70, porém, o estudo do cérebro data das eras a.C. Os egípcios a 1700 a.C. fizeram relatos detalhados do cérebro nos papiros, os gregos em 450 a.C. compreenderam que o cérebro era o centro das sensações humanas, era órgão mais importante do corpo humano. Também outros autores deram contribuições importantes ao longo do tempo como Egas Moniz (1934) que faz a primeira cirurgia de Lobotomia. Como se vê, os estudos sobre o cérebro são antigos e necessários para justificar que ele é importante para o desenvolvimento das atividades cotidiana, da aprendizagem. Somente conhecendo o cérebro é que é possível aprender e conhecendo o seu funcionamento as outras possibilidades também são ativadas. Depois dos anos 70 Benjamin Libet, Giacomo Rizzolatti, Henry G. Molaison, Roger Sperry fizeram várias pesquisas sobre as funções do cérebro.

Mas a grande contribuição do cérebro está para o estudante naquilo em que serve como utilidade para o desempenho das atividades escolares. Naquilo em que for possível potencializar para a aprendizagem. A dissertação de mestrado de Cury (2007) da USP sobre aprendizagem e ensino traz alguns questionamentos:

Como as pessoas aprendem? O que acontece com o cérebro quando adquirimos conhecimento, habilidade ou atitudes? Essas questões interessam aos homens a séculos. Hoje, os cientistas estão começando a entender como o cérebro jovem se desenvolve e como o cérebro maduro aprende. (Cury, p.164).

O questionamento nos leva a pensar sobre duas possibilidades, como as pessoas aprendem e como o cérebro processa na aprendizagem. O questionamento pretende responder como as informações de aprendizagem podem fixar na memória de maneira confiável.  Iván Izquierdo (2004) em “A Mente Humana” faz referência que a memória é a responsável pelo que queremos aprender, para ele, a memória apreende ou extirpa de acordo com a vontade do indivíduo, sua ideia, é que a pessoa tem domínio sobre as emoções que responde de acordo com os interesses. Nesse raciocínio, mente humana abrange, porém, muito mais do que a memória. Nas funções mentais participam a percepção, o nível de alerta, a seleção do que queremos perceber, recordar ou aprender, a decisão sobre o que queremos fazer ou deixar de fazer, a vontade, a compreensão, os sentimentos, as emoções, os estados de ânimo e tudo aquilo que é englobado sob os conceitos de inteligência e consciência (Izquierdo, 2004).

Para Izquierdo (2004) a memória é responsável por todas as ações da nossa vida, por isso, que ela é campo onde tudo é guardado, como coisas positivas e negativas. O indivíduo tem o livre arbítrio para decidir as situações vivenciadas, porém, vale lembrar que vida dos estudantes gira em torno da infância e da adolescência. Período em que estão em processo de formação, de construção da personalidade, nesse caso, os procedimentos de aprendizagem devem utilizar práticas metodológicas que perpassam pelas cores, brincadeiras, ludicidades e tecnologias.

Barros (2016) no livro “Neurociência e a educação na primeira infância” cita que segurança familiar, o ato de brincar, atividade física, dormir, se alimentar são elementos que auxilia no processo da aprendizagem escolar. É uma referência relevante, pois, as condições básicas para aprender são essenciais para qualquer criança. Sena (2015) no seu livro “Neuroeducação” faz a junção entre neurociência, psicologia e pedagogia. Para ela não existe aprendizagem sem cérebro e que para aprender é necessário conhecer o desenvolvimento do próprio cérebro, o qual fica inviável para os professores e pais, lidar com alunos desestimulados se eles não se familiarizarem com as novas descobertas sobre o cérebro. O conhecimento derruba mitos e a impotência diante do desconhecido. Portanto, saber como o cérebro opera torna mais fácil tanto ensinar quanto aprender.

Desse modo, a aprendizagem passa pelo conhecimento do cérebro, passa pelo desenvolvimento, todo estudante precisa saber dessa informação para conhecer e desenvolver sua competência, sua habilidade, para promover uma aprendizagem segura e confiável. Essa condição negligenciada delata o fracasso da aprendizagem, pois, conhecer a potencialidade do cérebro vai facilitar o aprendizado.

No momento em que as sociedades vão produzindo transformações no campo das tecnologias, vale lembrar que a escola é uma instituição importante. Ela é a mais democrática que as outras porque nela estão inseridos os estudantes de todas as classes sociais, por isso, que tem que fazer investimentos para que aumente o impacto das tecnologias nas escolas. Só assim, é possível propor uma aprendizagem equilibrada, que venha reduzir as desigualdades em especial com relação a aprendizagem. Há uma disparidade entre a escola pública e a privada em especial no que se refere a oferta de tecnologias no ambiente escolar. A escola privada tem oferecido muito mais tecnologia, lousa digital, livro digital, laboratório de informática, programas educativos em quantidade maior do que a escola pública.

O INEP (2019), revela que 45 milhões de estudantes são atendidos nas escolas públicas, o que demanda uma governança gigantescas no sentido de prover alternativas que venha dirimir as necessidades de aprendizagem. As urgências de solução são motivos para empregar recursos, meios que modernize as escolas, no sentido de adequá-las no processo das tecnologias. Essas demandas se referem a instrumentalização das escolas com equipamentos como: computadores, lousa virtuais, salas adequadas e estrutura de rede mundial de computadores ou internet. Com esses investimentos, a aposta no sucesso da educação aumenta, a aprendizagem se desenvolve e o interesse pelo conhecimento pode ser despertado, após um tempo razoável de conhecimento e domínio dos novos equipamentos, os resultados aparecerão.

Outro dado relevante do IBGE (2019) sobre a população estudantil. Quando analisa os indicadores estatísticos se percebe que é necessário fazer alguma coisa. A epopeia de dados é gritante, 33% dos estudantes não concluíram o ensino fundamental, outros 30,7% da população do ensino médio estão em defasagem ano/série. A tragédia não é maior porque a população dos anos iniciais, mais de 90% estão frequentando a escola regularmente. Essa realidade mostra o fosso da tragédia que o país vem vivendo ao longo do tempo na educação. Observe que estamos tratando somente sobre os educandos que estão matriculados, pois, estes são possíveis de afirmação de que estão frequentando a escola. Note que não está se referindo a aprendizagem, que é outro indicador que revela o quanto o estudante está aprendendo.

Quando se trata da questão de pessoas com mais idade, os índices pioram, os dados apresentam uma realidade difícil, o grau de instrução muda de acordo com a situação e condição do estudante. Porém, a situação fica mais grave quando se trata da população preta, neste caso, a incidência é bem maior. Ou seja, dentro da população estudantil preta, os iletrados somam 27% a mais do total dos estudantes brasileiros (IBGE, 2019).

Os dados revelam a necessidade de implantar outras metodologias que favoreça a aprendizagem de maneira igualitária, até porque, se não for dessa forma, em pouco tempo o um contingente de iletrados será ainda maior. Mas, a pergunta é inevitável, o que fazer para reduzir a quantidade de analfabetos? Como melhorar as condições de aprendizagem?

A Constituição Federal de 1988 (Brasil, 1988) no artigo 205 reza que a educação é direito de todos e dever do estado. Nela os requisitos essenciais no que tange a educação estão presentes; família, comunidade e a sociedade são instituições que tem a responsabilidades da educação para os adolescentes no nosso país. Diz o artigo 205:

A educação é um direito de todos.
A educação é dever do Estado.
A educação é dever da família.
A educação deve ser fomentada pela sociedade.

Os objetivos gerais da educação podemos ser também deduzidos partir da leitura do referido artigo:

O pleno desenvolvimento da pessoa.
O preparo da pessoa para o exercício da cidadania.
A qualificação da pessoa para o trabalho.

A Constituição estabeleceu todos os critérios necessários para a execução da boa educação, inclusive com artigos direcionados para os povos pretos e indígenas com a lei 10639 e a lei 10645 respectivamente. O problema não é de lei, mas das condições de aplicação que é de responsabilidade dos estados e dos municípios onde acontece de fato a formação dos estudantes. Pensar o Brasil sobre a perspectiva constitucional é fácil, porém, pensar nas questões de infraestrutura, estrutura e superestrutura, é complicado. O papel dos Estados e dos Municípios é o de aplicar a lei como estar na CFB sem omitir uma vírgula, muito menos sem politizar as demandas da educação. As gerências educacionais deveriam estabelecer critérios técnicos e profissionais para constituir uma educação forte, sólida como modelo possível. Se fosse assim, os problemas relacionados a educação estariam em menor agressividade e as soluções mais fáceis de encontrar.

Além da CFB, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA é outro instrumento legal de apoio aos jovens. O ECA é um estatuto que visa a proteção do adolescente em todas as situações. Ele prever as condições necessárias para preparar o adolescente para a vida adulta, como também, para a vida profissional. Desse modo, os aspectos relacionais aos direitos sociais, individuais e civis do adolescente são garantidos pelo estatuto da criança e do adolescente. Sobre a educação o estatuto diz no artigo 53, “a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”.   

As semelhanças dos conteúdos entre as CFB e o ECA são enormes, os dois tratam das mesmas questões com muita austeridade, porém, o que se percebe é que há o distanciamento entre o que está escrito na lei e a execução. Especificamente em relação às crianças e aos adolescentes, tanto a Constituição Federal (artigo 227, CF/88) como o Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 4º da Lei 8.069/90) preveem que a família, a sociedade e o Estado devem assegurar os direitos fundamentais, e aí se inclui a educação, como absoluta prioridade.

Diante das dificuldades que a aprendizagem vem apresentando na atual conjuntura, cabe produzir propostas pedagógicas que venha auxiliar o estudante no processo de aprendizagem. A solução para isto está na produção de ferramentas tecnológicas favoreça uma metodologia inovadora. Portanto, deve-se deixar para segundo plano o livro didático que servirá para o desenvolvimento de outras estratégias. O livro didático se esgotou na sua utilidade, porque, vários fatores desfavorecem o seu uso; o peso, preço, tamanho, a falta de criatividade, ideologia empregada, dificuldade de compreensão tem sido alguns elementos a serem considerados. Essas são algumas justificativas que se pode citar como impedimento do uso do livro didático. Na contra partida, a utilização do quadrinho como ferramenta de aprendizagem pode ser muito mais relevante, o quadrinho é uma revista colorida que conta uma história de maneira atualizada, de fácil compreensão, e acessível para todos. Também, o quadrinho não se refere apenas as revistas em papel, o universo do mundo virtual é tão grande que é quase impossível mensurar, por isso, qual a aplicação do quadrinho na sala de aula pode ser um atrativo superinteressante.

O mundo do quadrinho é tão vasto que é impossível precisar sua quantificação. Há quadrinho sobre quase tudo e é por isso que deve atender ao currículo escolar. Dentro dos conteúdos do currículo educacional no que se refere a matéria de história, tem quadrinho para todos os períodos. Na pré-história é possível encontrar histórias dos Flintstone que retrata do período, ou então, Pré-história: passo a passo que é outra revista que trata desse tema. Esses são apenas dois exemplares que pode ser utilizado como ferramentas que facilitará a aprendizagem dos estudantes. Há ainda várias e vastas bibliografias sobre o assunto, tem conteúdo sobre as várias possibilidades da pré-história, paleolítico, neolítico e a idade dos metais. Esses artigos mostram que é possível fazer um planejamento com uma metodologia de maneira mais agradável para os educandos, revela que quando se está diante de uma revista colorida, linda de fácil compreensão a aprendizagem acontece. Utilizando esse método acredita-se que a aprendizagem aumenta significativamente.

No período da antiguidade da história pode-se encontrar várias revistas em quadrinho tratando do assunto, como é o caso da “Revista História das Antiguidades” que conta a história da trajetória da Grécia, de Roma, do Egito e de todas as civilizações do mundo antigo que estão no currículo educacional. Quanto à possibilidade de o período medieval ser tratado através do quadrinho, crê que a dificuldade é irrelevante. Os meios de pesquisas têm mostrado que existe uma variedade enorme de quadrinho sobre todos os assuntos. Baixa Idade Média, Alta Idade Média, Cruzadas, Feudalismo são alguns dos assuntos que vou mencionar. Isso indica que as dificuldades para encontrar, assuntos do currículo de história em quadrinho, não é um obstáculo insuperável, ao contrário a literatura do quadrinho mostra que quando se trata de história as variedades dos assuntos são vastas.  Desse modo, em se tratando de temas que estão no curso de história, em nada deixa desejar, pois, além do material impresso, há no mundo da internet uma quantidade gigantesca de revistas virtuais em quadrinho tratando de todos os assuntos e se referindo a todos os períodos.

Na idade média tem várias páginas de sites que trata do assunto, como o blog historia em quadrinhos blog que é um seleiro de arquivos referente ao assunto. A gibiteca.com é outro blog recheado de quadrinho de todos os períodos da história. O blog iradex além da oferta do quadrinho sobre períodos da história oferece também a possibilidade da história em áudio. Esses são os argumentos que expomos para justificar aos questionamentos da pesquisa.

Na história do Brasil as condições ofertadas pela literatura, não difere dos outros períodos da história geral. Blogs, sítios, revistas físicas estão nos dispostos da internet além das livrarias e bancas de revistas espalhadas por todo o país. Nelas, contendo os períodos da nossa história referente; Colônia, Império e República, todos com temas corriqueiros dos currículos oficiais do nosso ensino.  Desse modo, é fácil de encontrar quadrinho sobre o período colonial da história do Brasil em arquivos, revistas e muitos outros materiais contendo as histórias. Períodos que conta a chegada dos portugueses e as relações com as populações locais, exploração dos indígenas e dos escravos, as capitanias hereditárias, ou seja, oferta de quadrinho colonial não é obstáculo. No império, o quadrinho pode ser uma boa forma de aprender história de maneira fácil, porque os diálogos contidos na história facilitam a compreensão do período de maneira mais fácil. A oferta dos materiais é muito grande e de fácil apreensão. O período da República, a oferta não é pequena, sítios, blogs, aplicativos são os meios pelos quais se pode entrar para acessar as informações. A fase da República do Brasil foi bastante conturbada, os acontecimentos ocorridos deixaram o legado das crises sociais, política, econômicas, culturais, religiosas, todos os assuntos estão apresentados no formato de quadrinho, o que possibilita a aprendizagem numa forma mais atraente.

A defesa do quadrinho, dos estudos através do quadrinho, da aprendizagem utilizando a ferramenta do quadrinho é persistente porque as evidências são suficientemente claras. O adolescente que está em processo de formação tem a natureza da absorção aberta como se fosse uma esponja, ou seja, a percepção das coisas, daquilo que está ao seu redor, penetra pela janela dos olhos e aquilo que é do seu interesse fica registrado na memória, o restante não. As maiores atrações para os adolescentes estão relacionadas com as cores, com movimentos, dinâmicas, fazeres. Observando os alunos e as suas dinâmicas de vida se chega a conclusão de que eles são atraídos pelas coisas coloridas, que se movimenta, pelo fato de fazer algo ou de produzir alguma coisa. Com isso, diante do colorido do quadrinho, pode chegar a conclusão de que o gibi, independente se é de papel ou virtual, é o elemento interessante na aprendizagem. E todas essas características estão reiteradas vezes dentro da proposta do quadrinho e é por isso que se acredita piamente que o quadrinho na escola pode trazer benefícios espantosos.

Desse modo, após toda essa explanação, desse escarafunchar do tema, pode se dizer que o quadrinho pode ser a maneira mais adequada de convencer o estudante a desenvolver o interesse pelo conhecimento. O quadrinho possui todos os elementos que necessita para fomentar no educando o interesse pela aprendizagem.

CAPÍTULO 2

2. Metodologia de Pesquisa

Propõe-se uma pesquisa de cunho qualitativo que visa a partir da compreensão da realidade social da escola pública que é muito sensível considerando em especial a realidade hipossuficiente da clientela e os déficits na aprendizagem, propor um curso de formação continuada para professores com vistas a atacar a questão da dificuldade na aprendizagem. A sugestão desdobrou-se diante da percepção dessa dificuldade de aprendizagem, desse ponto é que acontece a imersão na formação docente continuada.

A formação continuada de professor é um tema urgente que necessita de inventividade para fomentar o professor de instrumentos que possibilitem meios de produzir aulas, nesse trabalho o alvo são os docentes que ministram a disciplina de História no Ensino Fundamental II com foco na ampliação das práticas docentes e apoio ao processo de ensino aprendizagem. Por esse justo motivo, que a pesquisa vai produzir a proposta de um curso utilizando os quadrinhos como ferramenta possível para estimular os profissionais da educação. Desse modo, o estudo propõe uma descrição dos elementos constitutivos de um curso para auxiliar o professor no uso do quadrinho como meio de aprendizagem.

2.1 Enfoque metodológico

A grande contribuição da pesquisa científica se deve a trazer soluções para atender as demandas das sociedades que exigem, cada vez mais, respostas rápidas e práticas. Quanto às especificações da pesquisa, vale lembrar que se detém sobre a abordagem qualitativa, que se constitui no levantamento de informações e estudos a respeito da formação continuada para professores e como contribuir nesse sentido realizando a elaboração de curso de formação para docentes.

2.2 Tipo de estudo

Podemos classificar o estudo sobre dois aspectos, o primeiro exploratório e o outro aspecto tratam da pesquisa descritiva. Será exploratória porque tem a pretensão de especular sobre um tema bem sensível na sociedade que é a questão da formação continuada do professor, e para tanto fundamentamos nossa pesquisa segundo a descrição de Gil (2002), que argumenta assim,

Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. (Gil, 2002, p.41)

Piovesan e Temporini (1995) sobre o mesmo assunto enriquecem ao afirmar que,

Propõe-se um procedimento metodológico de abordagem qualitativa denominado pesquisa exploratória, cuja aplicação tem por finalidade a elaboração de instrumento de pesquisa adequado à realidade. Discute-se o emprego da expressão “pesquisa exploratória”, de um ponto de vista tradicional e nessa nova concepção. Fundamenta-se a utilização desse procedimento metodológico para o estudo de fatores humanos e apresentam-se as etapas da sua execução. (Piovesan & Temporini, 1995, p.318)

Portanto a escolha do tipo de pesquisa está dentro daquilo que se propõe que é explorar algo, notadamente a formação continuada de professor. Noutro aspecto, no que se refere a pesquisa descritiva, Gil (2002) faz a seguinte observação,

As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. (Gil, 2002, p. 42).

Seguindo o raciocínio que Gil, exposto anteriormente sobre o assunto, Antônio João (2014) escreve sua síntese assim,

A pesquisa descritiva visa efetuar a descrição de processos, mecanismos e relacionamentos existentes na realidade do fenômeno estudado, utilizando, para tanto, um conjunto de categorias ou tipos variados de classificações. (Antônio João, 2014, p. 22).

Neste caso, o conceito de pesquisa descritiva coincide sistematicamente com a proposta que se pretende apresentar, pois, os elementos constitutivos propostos pelo autor para o desenvolvimento são simétricos aos procedimentos promovidos por nós no avanço da pesquisa.

2.3 Descrição dos procedimentos

A proposta é produzir um estudo que possibilite o aprofundamento sobre uma situação qual seja a dificuldade na aprendizagem na disciplina de História. Assim, optou-se como forma de trazer luz para resolver a questão, contribuir com os professores a partir da realização de um curso de formação continuada que utilize o quadrinho como meio de promoção da aprendizagem. Tendo o quadrinho como uma ferramenta poderosa que influência positivamente professores e estudantes e é por isso que acreditamos que seja possível produzir uma formação para professores usando o quadrinho.

Desta maneira salienta-se que a pesquisa qualitativa englobou a obtenção de dados descritivos que foram obtidos em investigação direta do pesquisador sobre a situação em estudo. O maior foco foi no processo de construção do produto, qual seja a proposta de curso de formação docente, portanto, o detalhamento que se teve ao retratar todo o processo de elaboração do mesmo. Assim sendo, todos os procedimentos para o desenvolvimento da pesquisa serão elencados de maneira clara e objetiva.

O processo se inicia com a fase exploratória da pesquisa, que engloba o tempo que fora dedicado a investigação preliminar a cerca do nosso objeto, os pressupostos, as teorias pertinentes, a metodologia que se adequasse e as questões práticas para levar a contento o trabalho. Considera-se, pois, que a meta fundamental dessa fase seja a construção dos caminhos de investigação explorando as possibilidades da formação continuada dos professores usando o quadrinho como elementos chave.

Sequencialmente, foi realizada a construção teórica a partir do levantamento de material documental, bibliográfico, entre outros, momento prático e de fundamental importância exploratória, o qual se pode confirmar ou refutar algumas hipóteses bem como relacionar as teorias dos estudos com a realidade de dificuldade na aprendizagem discente vivenciada pelos professores de história o que foi alicerce para o processo seguinte, de elaboração das conclusões preliminares diante dessas informações.

Por fim, partimos para a elaboração da proposta de curso para formação continuada dos professores de história do Ensino Fundamental II. O trabalho, apesar da limitação do tempo de pesquisa, haja vista que a situação de pandemia desviou a proposta inicial de trabalho de campo com estudo de caso, para construção de um produto, qual seja a proposta do curso, concretizou-se a contento.

A modalidade de pesquisa teórica empenhou-se em recompor teoria, conceitos e ideias, tendo em vista, em principio aperfeiçoar os fundamentos teóricos que embasaram nosso trabalho tendo por objetivo especular as possibilidades de uma ideia como solução de um problema. Informações capturadas em livros, periódicos e internet, dos autores que desenvolveram estudos sobre a aprendizagem, Quadrinhos, potencial pedagógico das HQ, a formação docente em história e a formação continuada do professor buscando contribuições para o alcance dos objetivos propostos. 

Constitui-se de uma pesquisa básica, porque tem a pretensão de estudar um fenômeno dentro da educação. Será feito uso do método dedutivo, que parte do princípio dos elementos dispostos no sentido de explorar as possibilidades para chegar a verdade. Ressalta-se que, o público alvo deste trabalho, se referem aos professores de História do Ensino Fundamental II da Rede Pública Municipal de Salvador, os elementos constitutivos da pesquisa têm como base mais especificamente a realidade já conhecida da Escola Municipal Pirajá da Silva e a Escola Municipal Alexandrina Pita e adjacências.

CAPÍTULO 3

3. Proposição de Curso de Formação Continuada para Professores de História: O Uso das Histórias em Quadrinhos – HQ Como Recurso Didático

Buscando estabelecer um enlace entre quadrinhos e a formação de professor, é que será proposto um curso de formação continuada sobre HQ para professores de História atuantes no Ensino Fundamental II, considerando que as histórias em quadrinhos “são documentos que podem ser transformados em materiais didáticos de grande valia da constituição do conhecimento histórico” (DCE de História, 2008, p.78), “[…] classificadas como arte sequencial. As Histórias em Quadrinhos utilizam técnicas cinematográficas de narrativa” (Nogueira, 2005, p.1).

De maneira bastante direta, propõe-se a utilização do quadrinho como um instrumento de atualização do professor bem como para incentivar a aprendizagem dos estudantes. Percebe-se, pois, como primeiro desafio, fazer com que o quadrinho seja também uma ferramenta que proporcione reflexão sobre as metodologias para desenvolver os conteúdos da disciplina de História, inovando na condução da aula para as turmas escolares, partindo da premissa de que o ensino de História deve buscar a formação crítica do indivíduo com potência para compreender o mundo, enquanto espaço físico e espaço social, bem como as relações que o permeiam.

Variados são os documentos que podem ser utilizados pelos professores de história como fonte histórica para introduzir e desenvolver os diversos conteúdos, e as HQ cumpre esse papel. A partir dos quadrinhos é possível analisar questões sociais, políticas, econômicas, entre outras, compreendendo-as a partir do contexto histórico em que a HQ fora produzido e que retrata, contudo é importante que assim como feito com o livro didático, as HQ devem ser analisadas pelo professor, enquanto material didático requer que sejam utilizadas com responsabilidade.

Por serem proposições para o entretenimento, a HQ não tem compromisso em retratar situações absolutamente ou mesmo parcialmente reais “[…] a obra de Frank Miller, os 300 de Esparta. É uma HQ belíssima, inspirada em um fato histórico real, mas que é dotada também de elementos fictícios e romanceados” (Nogueira, 2005, p.6), o que não desmerece a obra e nem torna impeditivo o seu uso, mas requer atenção criteriosa por parte dos docentes.

O Programa de formação proposto reflete a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira – Lei 9.934/96, que toma partido por uma educação com liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber (art. 3º, II) bem como discorre acerca da importância em se conhecer as formas contemporâneas de linguagem (art. 36, §1º, II), nesse sentido, a HQ. Vergueiro (2004, p.7) aponta que a grande quantidade de publicação, com variedade de títulos e a facilidade de acesso as HQ, como motivo para que seja atualmente meio de comunicação de massa de forte aceitação mundialmente.

Atualmente, é muito comum a publicação de livros didáticos, em praticamente todas as áreas, que fazem farta utilização das histórias em quadrinhos para transmissão de seu conteúdo. No Brasil, principalmente após a avaliação realizada pelo Ministério da Educação a partir de meados dos anos de 1990, muitos autores de livros didáticos passaram a diversificar a linguagem no que diz respeito aos textos informativos e às atividades apresentadas como complementares para os alunos, incorporando a linguagem dos quadrinhos em suas produções. (Rama & Vergueiro, 2012, p.14)

Considerando todo supracitado, fez-se a opção por sugerir a oferta de um Programa de formação para professores de História do Ensino Fundamental II da rede pública, em uma perspectiva inovadora, autônoma e colaborativa. Organizado em módulos, na modalidade presencial, com carga horária de XX horas, que possa ser reproduzido por profissionais em qualquer espaço escolar, considerando obviamente a necessidade de adaptações.

3.1 Justificativa- analisando as necessidades

As ementas dos cursos de formação estão cheias de teorias e muito pouca prática, estão entupidas de conteúdos e quase nenhuma experiência sobre como exercer a profissão. Tratando especificamente das formações nas licenciaturas encontram-se discrepâncias absurdas entre o que é aprendido nas faculdades e a realidade das escolas onde os profissionais vão atuar. Outra razão para justificar a formação continuada pode estar nos livros didáticos. Depois de anos de atuação nas salas de aulas o profissional percebe que o mais fácil é deter-se sobre o livro didático, ele percebe que seguir as orientações do livro fica menos pesado o seu fazer pedagógico. Desestimulado pelas adversidades do ensinar para adolescentes, pelas contradições dos valores morais e monetários o profissional se vê com as mãos atadas e de fato o livro é o caminho mais suave para exercer a função. Para quebrar essa zona de conforto se faz necessário investimento em outras formações, incentivos que o governo pode oferecer ou mesmo a própria consciência do profissional em perceber que necessita de mais informação.

            Considerando o atual momento de avanço tecnológico, em que as informações são transmitidas com grande velocidade, as aulas puramente conduzidas pela condução oral dos professores, de modelo tradicional, nem sempre motivam os alunos a participarem das mesmas. Nesse sentido, constitui-se como um dos maiores desafios na prática docente motivarem esses alunos, o que é possível, ao dominar técnicas de ensino eficientes, que chamem a atenção dos educandos, a exemplo do uso pedagógico da HQ, em que o professor motiva a turma com uma ação inovadora colaborando com sua aprendizagem.

            O ensino da História, desenvolvido tradicionalmente limitando-se a fatos históricos, data comemorativa e heróis oficiais mostram-se sem significado e distante da realidade do aluno. Assim sendo, outra justificativa se refere à importância em se realizar um trabalho pedagógico contextualizado à realidade dos estudantes. Estratégias que partam de atividades que os alunos tenham interesse despertam nestes, maior atenção para a aprendizagem. A partir da HQ é provável trabalhar com elementos variados da cultura, construindo novos saberes e ampliando outros conhecimentos, desconstruindo a HQ como simplesmente mera distração, mas como valioso recurso didático.

            De maneira bastante direta sobre as diferentes formas de utilização e de enfoque das HQ no ensino de História, Vilela (2004, p. 105-130) apresenta que serve como disparador de conceitos importantes apresentando registros do período histórico/época em que se queira trabalhar. Compete destacar que todo material produzido carrega em si um caráter ideológico, valores específicos, o qual deve ser considerado e analisado pelo professor, visto que nada possui neutralidade (Santos, 2001). Vilela (2004, p. 128) destaca, também, sobre o professor poder estimular os estudantes a produzir os quadrinhos.

            Justifica-se o Programa de formação em HQ citando a LDB (Lei 9.394/96) que traz a necessidade em se abordar outros tipos de linguagem no ensino/aprendizagem. Consolidando essa orientação têm-se os PCN’S, documentos oficiais do governo, que trazem explicitamente a questão dos trabalhos pedagógicos no ensino pautado pela utilização do HQ. Assim sendo, a relevância em se conhecer as múltiplas aplicações da HQ (Calazans, 2004), produto cultural, como recurso didático e material potencialmente significativo no processo de ensino e aprendizagem das aulas de História.

3.2 Abordagem pedagógica

O Programa de Formação Continuada sobre HQ foi desenvolvido no âmbito da tese de Mestrado e teve como objetivo principal propor contribuições pedagógicas com a utilização das HQs no ensino de História para professores do Ensino Fundamental II que reverberem na aprendizagem de seus alunos. Pretende-se conduzir a formação apresentando metodologia possível de ser trabalhada em sala de aula, e que possibilite tornar o trabalho nesses espaços mais prazeroso, tanto para o aluno como para o professor, considerando o nível de ensino e a realidade da escola pública.

E, no que tange o próprio Programa, a abordagem pedagógica escolhida é a crítico-reflexiva, baseando-se na pedagogia crítica de Freire (1970) onde o professor analisa a realidade, em todos seus aspectos buscando possibilidades para transformá-la, no caso em questão, as dificuldades de aprendizagem do ensino da História. Em uma perspectiva Vygotskiana (1994) é o indivíduo modificando sua realidade ao passo que também é por ela modificado. Buscando-se o uso das histórias em quadrinhos como importante recurso de ensino nas aulas de História, apropriando-se de maneira crítica e consciente.

3.3 Objetivos pretendidos com a formação:

3.3.1 Objetivo geral

Oportunizar junto a professores de História do Ensino Fundamental II da rede pública vivenciar formação continuada na modalidade presencial, sobre as HQ como um valioso recurso de ensino nas aulas de História.

3.3.2 Objetivos específicos

  1. Promover capacitação continuada aos docentes da disciplina de História, de modo a oferecer subsídios à sua prática pedagógica;
  2. Fornecer material de apoio didático, para aprofundar conteúdos práticos e teóricos da formação;
  3. Desconstruir a HQ como simplesmente mera distração, mas, como possibilidade de vivência de um ensino contextualizado, abordando temas diversos;
  4. Ensinar nova técnica de ensino, visando a melhoria da qualidade de ensino;
  5. Orientar o planejamento de aulas a partir da HQ com conteúdos da disciplina de história;
  6. Produzir material de apoio didático coletivamente, como estímulo às práticas colaborativas nas escolas, entre os pares, desenvolvendo as competências dos professores;
  7. Incentivar o uso dos quadrinhos na sala de aula.

3.4 Meta

Oferecer formação continuada, de modo a capacitar em dois meses (08 encontros presenciais) e em momentos não presenciais, os professores de História que atuam no Ensino Fundamental II na cidade de Salvador.

3.5 Instituição

Em espaço físico da Escola Municipal Alexandrina Santos Pita, unidade de grande porte, escola em que o autor da proposta leciona, nos dias de AC da disciplina de História, de modo a contemplar docentes da Unidade Escolar e circunvizinhança.

3.6 Perfil do aluno

O Programa de formação para professores de História sobre HQ é pensado para fornecer suporte ao trabalho pedagógico destes profissionais junto a estudantes do Ensino Fundamental II atuantes em escola pública, da cidade de Salvador, considerando suas realidades social e econômica, visto que apenas o professor ter domínio do conteúdo não significa que esteja apto para desenvolver uma consciência histórica no aluno, requerendo, pois que conheça o seu público.

Contudo, é flagrante a dificuldade dos alunos do Ensino Fundamental II quanto à leitura e a escrita, dificultando sobremaneira o desenvolvimento dos conteúdos de História que requer dessas competências bem desenvolvidas para que haja compreensão satisfatória do que for desenvolvido em sala de aula. Sobre essa dificuldade, Caimi (2006) lança luz, ao afirmar que:

Considerando-se o domínio da leitura e da escrita, elemento fundamental para a aprendizagem de qualquer componente curricular, e especialmente da história, as pesquisas apontam que 22% dos estudantes da 4ª série se encontram praticamente em situação de analfabetismo. (Caimi, 2006, p. 19).           

E Martins (2012) corrobora,

O conhecimento histórico é construído e transmitido em grande parte, através da leitura e escrita, seja em que nível for. E quando nossos alunos possuem deficiências na leitura e escrita, percebemos o grande desafio que está a nossa frente. Se não temos o preparo adequado para tais desafios – e temos que busca-lo no decorrer do processo- as dificuldades crescem ainda mais. (Martins, 2012, p. 767).

Aliado a essa dificuldade, ainda temos planos de unidade nas escolas bastante conteudista, que requer dos professores trabalho acelerado para cumpri-los, tornando mais difícil manter o interesse dos alunos. Desse modo, as histórias em quadrinhos colaboram trazendo uma nova maneira de aprender, conferindo leveza com o componente da ludicidade, costurando o desenvolvimento dos conteúdos disciplinares de História, com o incentivo à leitura e a escrita a partir do uso das HQ. Importante acrescentar sobre o ensino de história ter predominantemente o livro didático como fonte de pesquisa primordial nas escolas públicas, é que mediante esse cenário, buscou-se construir uma proposta que pudesse ser alternativa viável para proporcionar um ensino-aprendizagem contextualizado, inovador e que possa contribuir para a ocorrência de mudanças efetivas na forma de aprender. A produção de conhecimento não se restringe às Universidades, nem tampouco as escolas são apenas espaços para reprodução dos mesmos, como até pouco tempo se pensava, são espaços frutíferos para a produção de novos conhecimentos.

Espera-se que quando concluírem a formação, os professores possam contribuir para que os seguintes objetivos de aprendizagem dos alunos sejam cobertos:

  1. Desenvolver uma consciência histórica, influenciando sua imaginação em face da sua riqueza de detalhes;
  2. Aprender os conteúdos de História através da linguagem das HQ, considerando que nos dias atuais, é necessário que o aluno conviva com diversas linguagens;
  3. Desenvolver a criatividade, o senso crítico e interpretativo;
  4. Construir através da linguagem das HQ uma narrativa histórica, visando que os alunos produzam seu próprio conhecimento atrelado aos conteúdos estudados;
  5. Auxiliar a compreenderem temas complexos da História, interagindo os conteúdos com a prática;
  6. Estimular a leitura e a escrita, favorecendo a construção e consolidação de muitos conhecimentos em que se associa a imagem com o texto escrito;
  7. Desenvolver o raciocínio lógico, através das HQ de fácil compreensão, articulando temas do cotidiano;
  8. Perceber a aprendizagem como algo prazeroso, ampliando seu processo educativo.

3.7 Seleção de conteúdos

Para fins de desenvolver o programa com os professores, serão trabalhados alguns HQ e personagens relacionando já com a possibilidade de conteúdo para desenvolverem suas aulas junto aos estudantes do Ensino Fundamental II. A escolha da História em Quadrinhos acontecerá considerando qual seja o objetivo da aprendizagem, a seleção dos quadrinhos deve respeitar a faixa etária e o conteúdo que será desenvolvido.

QUADRO 1 – EXEMPLOS DE CONTEÚDOS E HQ/PERSONAGENS TRABALHADOS DURANTE O PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE HISTÓRIA EM HQ

SÉRIEPERSONAGEMHISTÓRIA EM QUADRINHOCONTEÚDO
6º ANOPiteco Piteco em: Homus ErectusPré-história
7º ANOAsterix e ObelixAsterix e ObelixAntiguidade Clássica – Roma
8º ANO————-Os Brasileiros (André Toral)Colonização Portuguesa e exploração no Brasil
9º ANOCapitão América
Caveira Vermelha
Capitão AméricaImperialismo estadunidense; Guerra Fria; Tensão EUA e URSS

Além, das sugestões com as HQ já existentes, o Programa também vai apresentar possibilidade de criação das HQ pelos professores, para que seja trabalhada com os alunos.

3.8 Metodologia da formação: percurso da aplicação

  1. Modalidade presencial com atividades não presenciais, também.
  2. Está previsto 08 módulos/encontros, onde acontecerão apresentação da proposta de trabalho e as oficinas de HQ relacionadas aos conteúdos por série do Ensino Fundamental II, além de propostas com suporte de material impresso para atividades a ser realizada extra ao momento da formação.

QUADRO 2 – CURSO DE QUADRINHO PARA PROFESSOR

1. PÚBLICOPROFESSORES EM GERAL
2. PLANO DE CURSOConteúdo.
Referências teóricas e práticas.
O que o público vai aprender.
Curso é sobre educação.
Como será a abordagem dos conteúdos.
Os recursos utilizados.
Estratégias.
Avaliações.
3. CARGA HORÁRIA80h
8 semanas
1 módulo p/ semana
20h semanais
4h diárias
4. ORGANIZAÇÃO DO CURSO1º módulo: Apresentação de como surgiu o quadrinho.
2º ao 5º módulo: Processos de aprendizagem com quadrinho considerando as especificidades dos conteúdos por série.
6º módulo: Oficinas de quadrinhos.
7º módulo: elaboração de planejamento com quadrinho.
8º módulo: avaliando as aprendizagens (auto avaliação e construção de memorial)
5. DIVULGAÇÃOMídias sociais, Boca a boca.
6. INSCRIÇÃO E ACESSOEntrega de formulário google forms
7. AVALIAÇÃOLeituras; participação no curso; resumo; memorial.
Nota 7,0 como aprovação.
8. CERTIFICADOEncaminhado via E-mail do docente.

QUADRO 3 – DESCRIÇÕES GERAIS DO PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE HISTÓRIA EM HQ

MOMENTOPROPOSIÇÃO GERAL
Apresentação do Programa de formaçãoMais que uma formação continuada para professores, privilégio em ter a escola como local da formação, de elaboração e de vivência de propostas inovadoras para a prática docente.
Oficinas com uso da HQ:
 
●       Contextualizando conteúdos
●       Fomentando a leitura
●       Avaliando
Conteúdo do 6º ano – Livro didático e BNCC
Conteúdo do 7º ano – Livro didático e BNCC
Conteúdo do 8º ano – Livro didático e BNCC
Conteúdo do 9º ano – Livro didático e BNCC
Oficina para construção das HQTransformar um texto narrativo à sua escolha, em quadrinhos, construindo a HQ como proposta de abordagem comprometida com o conteúdo, mas, de forma mais lúdica e prazerosa.
Construção e apresentação das HQPromover a integração entre os professores ao mesmo tempo em que os capacita permite o compartilhamento de suas produções e experiências, além da construção coletiva de conhecimento.
AvaliaçãoAuto avaliação; processual; Memorial.

O esqueleto disposto serve de referência sobre como será o curso de formação para os professores. Os elementos constitutivos do curso vão desenvolver a capacidade e a competência dos profissionais sobre o uso do quadrinho na sala de aula, considerando que o HQ tem potencial suficiente de transformar, interferir, influenciar, incentivar aqueles que de alguma maneira estejam acostumados com a zona de conforto. O curso tem por objetivo adequar o HQ a realidade da escola no sentido de melhorar a aula para que a aprendizagem venha acontecer com qualidade.

Para que os dispositivos do curso estejam de acordo com as exigências do projeto, o quadrinho é o elemento central da construção. E é por isso que o capítulo presente se afunda no sentido das especulações sobre as possibilidades do quadrinho melhorar a prática didática do professor no contexto da formação continuada e a aprendizagem dos alunos. Desse modo, compreender como surgiu o quadrinho, sua evolução ao longo do tempo, seus desdobramentos na sociedade, suas influências nas vidas dos jovens são compreensões necessárias para todo o contexto do curso.

3.9 Avaliação da proposta

Percebe-se que várias são as contribuições do uso das HQ como metodologia de ensino, tanto para a formação do professor quanto para a aprendizagem dos estudantes. A facilidade de acesso às HQ contribui para a aquisição do recurso, trazendo para as aulas o componente da ludicidade tornando-as mais dinâmicas e divertidas. Por fim tanto quanto qualquer metodologia a ser usada, faz-se basilar conhecimento do material/recurso e como será utilizado na prática.

Acredita-se que o modo a qual fora organizada o Programa de formação conseguirá atender os objetivos propostos tanto no que tange a formação continuada do docente de história para o uso pedagógico das HQ, tanto quanto reverberará na aprendizagem dos alunos.

A utilização das HQ como recurso didático, é um caminho para construção do cidadão crítico a partir do seu caráter multiuso ao conseguir introduzir e contextualizar conteúdos, ser usado em avaliações, além de formar alunos na perspectiva da leitura e da escrita contemplando os conteúdos da disciplina com ludicidade.

CAPÍTULO 4

4. Resultados e Discussão

Considerando a escolha da pesquisa qualitativa como caminho de construção desse trabalho e para colocar em prática é que foi feita a proposição de um curso de formação continuada para professores de História com vistas a contribuir com seu melhor desempenho e, por conseguinte com a aprendizagem dos estudantes. Os dados obtidos para a construção do curso advêm das leituras realizadas sobre a utilização das HQ como ferramenta pedagógica e da experiência enquanto docente de História que vivencia as dificuldades de aprendizagem dos estudantes. A perspectiva é que com essa formação possa dinamizar a prática docente para melhorar de forma significativa na aprendizagem de seus estudantes.

A proposta de formação fala sobre atualização, preparação dos professores usando o HQ para o Ensino Fundamental II, como meio de renovação, atualização das práticas dos mesmos. Desse modo, os processos de desenvolvimento da formação vão passar pelas alternativas disponíveis no mundo material e virtual. Vamos destrinchar todo o processo do curso de modo que os objetivos e os propósitos estejam totalmente claros. O curso será projetado sob a observação das ementas de outros cursos disponíveis nas instituições de formação continuada. Com isso, a estrutura estará disposta nessa seção e de forma semelhante a outros modelos de cursos preparados para professores.

A aprendizagem acontece de várias maneiras, entretanto as queixas sobre a não aprendizagem dos estudantes foi o motivador dessa proposta de curso. Importa trazer a esta discussão que comumente as aulas são ministradas pelos docentes de maneira expositiva com aplicação de avaliações e trabalhos que não colaboram com a criticidade e tem os estudantes como meros acompanhantes. Ou seja, uma ação educativa passiva em que os estudantes não são os protagonistas, requerendo, pois, um aprimoramento dos procedimentos utilizados em sala de aula.

Na busca por cooperar com os professores para que alcancem melhores resultados de aprendizagem com seus estudantes é importante que o próprio curso de formação continuada tenha o professor/cursista como o maior responsável por seu processo de aprendizagem nesse momento para que possam reproduzir um modelo de ensino que incentive seus estudantes em suas aulas de História a serem autônomos e participativos, com maior capacidade de absorção de conteúdos, mas, contextualizados.

Esse modo de desenrolar do Curso de Formação Continuada é a chamada Metodologia Ativa, onde o estudante é o principal agente de construção do conhecimento, e essa terminologia: Metodologia Ativa é nova, mas sua essência é enfatizada desde muito tempo pelo referencial teórico de Paulo Freire (2011) que sempre pregou a necessidade de superar a educação tradicional e buscar uma aprendizagem motivadora e dialógica, através de uma educação libertadora, reflexiva, conscientizadora, transformadora e crítica, em que os problemas são contextualizados.

4.1 Dificuldades de aprendizagem na Disciplina de História no Ensino Fundamental II

A realidade da aprendizagem na escola pública, e considerando especificamente as dificuldades na aprendizagem de história no Ensino Fundamental II é o contexto em que se dá a construção deste trabalho. A atuação docente nessas classes expõe a realidade em que os estudantes ingressam chegam já no 6º ano apresentando grandes dificuldades com a leitura e a escrita, pré-requisitos fundamentais para boa compreensão dos conteúdos da disciplina de História. Dificuldades na aprendizagem de saberes da Língua Portuguesa e Matemática em geral são objetos de vários estudos. Estudos sobre as dificuldades na aprendizagem de História é algo que tem crescido a partir da década de 1980, (Fonseca, 2006, p. 30) o que reverbera em preocupação especificamente com a formação do professor de História.

Sobre os estudantes chegarem com habilidades de leitura e de escrita deficientes (Caimi, 2006, p. 19) haja vista que não existe percurso que retorne esses estudantes para o Ensino Fundamental I, requer seleção criteriosa e organizada dos conteúdos, aperfeiçoamento das práticas metodológicas bem como de materiais didáticos, para melhor lidar com a questão da aprendizagem, o caminho é trabalhar as dificuldades, dinamizando as aulas e construindo aprendizagens mais sólidas e contextualizadas considerando professor e estudantes como sujeitos da História.

Escrita indecifrável, erros ortográficos e gramaticais incoerentes, deficiência muito elevada na leitura e na escrita reverberando na interpretação são comuns (Oliveira & Gonçalves, 2013, p. 03) é notório, e teve reflexo na pesquisa realizada pela ONU (organizações das Nações Unidas) nível de leitura, em 2002, onde os estudantes brasileiros ficaram na 37º colocação entre 41 países participantes (Caimi, 2006, p. 19). Nesse caminho em 2004, os dados do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Básico (Saeb) também confirmavam a gravidade sobre o domínio da escrita pelos alunos brasileiros ao término da 4ª série, quase concluinte do Ensino Fundamental I.

Rocha (2010) confere visibilidade acadêmica e científica ao problema realizando estudo sobre o domínio da leitura e da escrita e que afeta diretamente o ensino e aprendizagem de história, e como essa situação impacta diretamente nas escolhas didáticas dos professores. Observa-se mais concretamente na fala abaixo:

Na escola brasileira, especialmente a pública, um problema recorrente que os professores de história apontam em seus trabalhos é o do ensino da disciplina a alunos que não dominam adequadamente a escrita. Entende-se aqui tal domínio em seu sentido instrumental, que envolve a competência leitora e escritora. É motivo de estranhamento e queixa entre os professores e junto a pesquisadores e se reflete na própria relação que se mantém com os alunos (Rocha, 2010, p. 01).

Entre os pré-requisitos para as aprendizagens das disciplinas escolares estão a escrita e a leitura. Após aprender a ler e escrever nas séries iniciais, o estudante aprende por meio da escrita os diversos conhecimentos, como os de História (Burke, 2003). Apenas constatar o problema, não é o bastante, requer que algumas posturas se modifiquem, assim sendo destaca-se o papel de destaque das metodologias e da escolha por recursos que sejam inovadores para o ensino e aprendizagem dos conteúdos escolares, é nesse contexto que se buscou ampliar as possibilidades de recursos didáticos na sala de aula, na disciplina de História, fazendo uso das HQ com uma ferramenta de aprendizagem.

4.2 A HQ como recurso didático no processo de ensino-aprendizagem

Reitera-se que na busca por construir e ampliar as aprendizagens em História é preciso das habilidades de ler e escrever. As HQ servem nesse propósito, e são relevantes haja vista que seu uso serve para aproximar a escola do cotidiano dos alunos, bem como para explorar as possibilidades em recontar este cotidiano, em percebê-lo. O cotidiano é o ponto de partida para aprender os conteúdos de História, e as Histórias em Quadrinhos estabelecem essa conexão.

A educação é dinâmica e acompanha as demandas da sociedade, que passa por mudanças constantes, requerendo que também se inove os processos de ensino e aprendizagem desenvolvidos nas salas de aula. Assim sendo existe a necessidade em se buscar estratégias que sejam mais dinâmicas e que façam intercâmbio com a vivência dos estudantes, com conteúdos trabalhados de modo atraente, e as HQ servem como esse recurso de aprendizagem. A busca é por alcançar o objetivo principal da educação que é a aprendizagem que tenha significado para os estudantes.

As HQ cumprem enquanto recurso didático ser uma linguagem diferente da tradicionalmente trabalhada em sala de aula. É relevante que as aprendizagens aconteçam a partir das várias formas de linguagem de modo que os estudantes consigam estabelecer relação entre o conteúdo e seu cotidiano e construir novos conhecimentos, e se posicionar como sujeito agindo criticamente. Carvalho (2009) defende que as HQ estimula a leitura, amplia o vocabulário, desperta interesse, construindo aprendizagens mais alicerçadas a partir de uma linguagem do dia-a-dia. 

Deve os docentes apropriar-se dos recursos didáticos de maneira crítica e responsável como algo fundamental para promover as aprendizagens. Rama e Vergueiro (2012) sobre os recursos didáticos lecionam que devam ser adaptados ao cronograma já proposto no currículo, sendo utilizados na sequência normal das atividades, são suportes, caminhos, não substituem os conteúdos, chegam para colaborar, potencializar o trabalho didático. Nesse trabalho buscou nessa perspectiva enriquecer as aulas de História no Ensino Fundamental II, diante da constatação das dificuldades encontradas pelos professores em desenvolver os conteúdos.

É importante destacar que mesmo as legislações da educação brasileira, Constituição Federal (1988) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/1996), preconizando sobre a relevância de uma formação integral, na prática permanece-se numa busca por atender o mercado de trabalho, e assim sendo tem-se um ensino fora de contexto e desinteressante com uma prática docente permeada por métodos e recursos que desalinham os conteúdos escolares da realidade dos estudantes o que logicamente prejudica o ensino-aprendizagem.

Reiterando, Pontuschka (2010, p. 112) contribui que “a escola da fábrica do século passado ainda está aí e não dá conta da formação desse jovem. Há que se pensar em um ensino que forme o estudante do ponto de vista reflexivo, flexível, crítico e criativo”. Solucionar toda essa questão requer desde criação de políticas públicas até alteração no modus operandi do profissional professor, perpassando, também logicamente pela formação docente inicial e continuada. Diante do exposto até então, em escalas locais, mas, não menos importantes, a escolha por recursos que sejam facilitadores no processo ensino-aprendizagem é um passo largo nesse contexto.

Em linhas gerais desenvolver uma aula onde apenas cabe ao professor o papel de detentor e transmissor oral do conhecimento tendo a consulta ao livro didático como única ferramenta didático-pedagógica, certamente distancia e não significa os conhecimentos da História ou de outra disciplina qualquer. Existem novas possibilidades de se trabalhar pedagogicamente, acontece que a formação inicial nas licenciaturas aconteceu em outra realidade de sociedade, então se torna necessária formação continuada com vistas a colaborar para as reflexões sobre a prática pedagógica, em que se aprendam possibilidades de dinâmicas didático-pedagógicas que coopere na construção de conhecimentos partindo da criticidade e criatividade no cotidiano da escola.

É fato que os desafios enfrentados pelo ensino da História é uma realidade trazida nesse contexto de globalização em associação às novas tecnologias da Terceira Revolução Industrial e às telecomunicações, que dinamiza as informações entre todos e nas salas de aula, requerendo novos arranjos no que concerne as questões educacionais. Advém a necessária aplicação de novas metodologias e recursos didático-pedagógicos para acompanhar todo esse movimento, dinamizando o processo de ensino e aprendizagem.

4.3 A importância da formação continuada para a prática docente

É perceptível entre os professores de História que estão na prática as dificuldades em despir-se das práticas pedagógicas tradicionais e de desenvolver práticas pedagógicas mais adequadas à atualidade e mesmo dificuldades em atualizar suas práticas relacionadas à própria ciência histórica que é trabalhada no âmbito escolar. E, nesse contexto é que se aponta a formação continuada como importante divisor de águas na busca por alcançar os objetivos propostos pelo ensino da História quanto ao aprendizado, sugerindo que os docentes se aperfeiçoem em outros gêneros textuais pra que sejam utilizados como recurso didático.

A proposta de formação continuada cria corpo através de um curso de formação continuada para professores de história: o uso das histórias em quadrinhos – HQ como recurso didático, de modo a estabelecer aproximação entre a disciplina História com a didática necessária que possibilite aliar ao conteúdo teórico explorado na sala de aula a vivência dos estudantes, com foco não só na disciplina, mas, para a vida em sociedade. As discussões em torno O debate em torno da formação docente é um dos polos de referência que incide na construção do pensamento sobre a educação. Não se discute ou avança no âmbito educacional retirando o professor e sua formação desse debate.

E ao tratar da relevância do professor, se refere ao professor como sujeito inserido num debate que extrapola o campo de sua atuação pedagógica. Está-se falando de um profissional que é esteio da sociedade. É o trabalho pedagógico que contribui na constituição cidadã das pessoas. As práticas pedagógicas dentro das escolas refletem quem são e como foram formados os professores, contudo a reflexão diante dessa realidade de dificuldade de aprendizagem da História, os professores podem a partir de sua ação alterar essa realidade, e, parafraseando Nóvoa (1999) esse processo de se tornar professor é de longa duração, cabendo novas aprendizagens em uma perspectiva continuada, onde é possível se reinventar.

A formação docente não finda no curso de graduação visto que, um curso não é a práxis do futuro professor (Pimenta (1995); Guimarães (2011)). Assim, considerada a formação continuada como intrínseca ao desenvolvimento profissional do professor, possibilita resignificar sua atuação a partir do entendimento de sua realidade à luz de novas teorias e novos saberes que transformarão suas práticas pedagógicas e possivelmente todo o contexto escolar, e que se articularão com a realidade dos estudantes e dos próprios professores (Imbernón, 2010). Para Libâneo (2004, p. 227):

A formação continuada é o prolongamento da formação inicial, visando o aperfeiçoamento profissional teórico e prático no próprio contexto de trabalho e o desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla, para além do exercício profissional (Libâneo, 2004, p.22).

Tendo como disparador as inquietações a respeito da aprendizagem em História dos alunos do Ensino Fundamental II, a proposta de formação busca aproximar os processos de mudança que se pretende atingir (a aprendizagem) e refletir sobre as consequências destas mudanças, consideradas em um sentido mais amplo, não apenas em aprender uma nova técnica, mas se perceber como importante agente numa estrutura social e por isso se preocupar com sua prática.

Ao aliar antigos e novos conhecimentos às suas práticas promove mudanças e transformações, a luz da teoria logicamente, haja vista que as ações que ocorrem nas práticas pedagógicas não se dissociam do componente teórico, teoria e prática geram ação (Sacristán, 1999). A formação continuada, ainda que tenha aprendizado de novas teorias, recursos e técnicas, ela é significativa se promove reflexão pratico-teórica.

A formação continuada pode acontecer no percurso da atividade profissional, a proposta é que tendo a realidade concreta da escola em que o professor de História atua seja ofertada uma formação contemplando as demandas locais, mas com possibilidade de aplicação em qualquer outro espaço escolar. Formação que considere a realidade do avanço tecnológico e contemple as orientações legais. Assim sendo, a proposta é desenvolver um trabalho com uma formação desses profissionais para uso pedagógico das HQ, permitindo ao docente adquirir novos conhecimentos, refletir e ressignificar sua prática.

A proposta de Programa de Formação Continuada sobre HQ se desenvolve tendo por contexto a construção de tese de Mestrado objetivando apresentar contribuições pedagógicas a partir da utilização das HQs no ensino de História para professores do Ensino Fundamental II, com intuito que colaborem com a aprendizagem dos seus alunos. Será uma busca por através de metodologia possível para o contexto da escola pública tornarem as aulas mais prazerosas. Importante destacar que a proposta da formação surge de uma inquietação pessoal, em uma realidade local, construída considerando o contexto real, ou seja, não é um modelo formativo verticalizado, desconectado do ambiente pedagógico.

4.4 Professor crítico-reflexivo

Considerando que a formação docente requer compromisso e competência, considerando que a educação requer responsabilidade técnica, política e social, é preponderante que tenham os professores um olhar e ação reflexiva e crítico diante da realidade em que atua. Requer capacidade de diante do contexto do espaço local consiga relacionar com o global sem deixar de trabalhar os conteúdos. Dewey (1993) destaca que o professor deva ser intelectual, reflexivo e crítico.

Para Freire (1970) quando o professor analisa a realidade em todos seus aspectos tem maior possibilidade em alterá-la, e considerando Vygotski (1994) é possibilitar ao indivíduo que modifique sua realidade e seja por ela modificado. A abordagem pedagógica escolhida é a crítico-reflexiva em que existe um comprometimento por parte do professor com as consequências éticas e morais que suas ações promovem na prática social.

Na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente sobre a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de tal modo concreto que quase se confunde com a prática. O seu “distanciamento” epistemológico da prática, enquanto objeto de sua análise, deve dela “aproximá-lo” ao máximo. (Freire, 1996, p.39).

A partir dessa abordagem pedagógica tendo como partida o uso das histórias em quadrinhos como recurso de ensino nas aulas de História, apropriando-se de maneira crítica e consciente pretende-se contribuir com o ensino da História. O atual contexto social e econômico requer profissionais críticos-reflexivos, que sejam conhecedores dos conhecimentos acumulados inerentes à sua disciplina, que sejam capazes de refletir sobre não ser um profissional acabado ao concluir a licenciatura e que, portanto, credita valor à formação continuada, e que para além de apenas refletir sobre a sua prática pedagógica, especificamente da instituição em que atua, modificando-a, seja ponte entre a realidade escolar e as estruturas sociais em que esta escola se situa e as mais amplas. Defende-se que é preciso e possível contribuir para que os professores desenvolvam “[…] apreciação crítica da situação na qual se encontram” (Giroux apud Contreras, 2002).

Assim sendo, na busca por professores críticos-reflexivos, a formação continuada pretende ser dialógica, buscando contribuir em suas práticas pedagógicas, prática coletiva de trabalho, entre os pares, para que haja alteração no contexto da escola em primeiro momento. Para Kemmis (1985) o caráter coletivo é preponderante no cerne do processo reflexivo. A partir da prática pedagógica crítico-reflexiva, que é libertadora (Contreras, 2002; Freire, 1996), o docente considera a direção sócio-política e age consciente dos efeitos de sua ação, pois sabe como é capaz de influenciar os alunos a compreender e alterar suas vidas. Docentes e discentes passam a serem autônomos e sujeitos do próprio conhecimento.

4.5 Objetivos e meta

É sabido que resultados não tem geração espontânea, requer uma ação robusta para que sejam atingidos. O investimento na ação pedagógica promove esses resultados. Assim sendo, investe-se no processo para alcançar os objetivos, onde processo e objetivo são indissociáveis. Reitera-se que o objetivo geral pretendido com a formação é o de oportunizar junto a professores de História do Ensino Fundamental II da rede pública vivenciar formação continuada na modalidade presencial, sobre as HQ como um valioso recurso de ensino nas aulas de História, incentivando o uso dos quadrinhos na sala de aula.

Para tanto alguns objetivos contribuem para que seja alcançado êxito, é preciso na capacitação oferecer subsídios para a prática pedagógica como material de apoio didático, para aprofundar conteúdos práticos e teóricos tendo o HQ não apenas como objeto para distração, mas, como possibilidade de vivência de um ensino contextualizado, abordando temas diversos. A formação será um momento para que se aprenda nova técnica de ensino, visando a melhoria da qualidade de ensino, orientando o planejamento de aulas a partir da HQ com conteúdos da disciplina de história por meio da produção de material de apoio didático coletivamente, como estímulo às práticas colaborativas nas escolas, entre os pares, desenvolvendo as competências dos professores.

Traçou-se como meta, oferecer formação continuada, de modo a capacitar em dois meses (08 encontros presenciais) os professores de História que atuam no Ensino Fundamental II na cidade de Salvador, escolhendo-se como local para que abrigue esse processo, o espaço físico da Escola Municipal Alexandrina Santos Pita, unidade escolar de grande porte, escola em que o autor da proposta leciona, a ocorrer nos dias de AC da disciplina de História, de modo a contemplar docentes da Unidade Escolar e circunvizinhança. A escolha pelo dia em que acontece a AC de História é que podemos agrupar um número maior de professores, em dia que não estarão desenvolvendo trabalho pedagógico em sala de aula, não compromete desses professores outro dia da semana, haja vista as demandas pessoais, além de promover formação continuada em espaço de trabalho entre os pares.

4.6 Lei de Diretrizes e Base da Educação Brasileira, Parâmetros Curriculares Nacionais e o uso da HQ

O atual estágio de avanço tecnológico, especialmente no que tange a velocidade com que as informações têm chegado às pessoas, traz impacto nas relações sociais e nos espaços escolares. O crescimento no uso da internet, e, por conseguinte, se ampliou informações sobre todos os conteúdos, disponibilizados de forma mais interessante para essa geração, fez com que os professores passem a lidar com uma classe de alunos extremamente informatizados. Requerendo cada vez mais que os docentes estejam atentos ao trabalhar os conteúdos, sob o risco de tornar-se enfadonho e não conseguir atingir os objetivos pedagógicos. Vergueiro (2005) sobre as HQ destaca que com o cinema constitui-se no meio de comunicação de massa de grande importância do Século XX, assim sendo a escolha pela HQ se dá nessa busca por através desse recurso híbrido – utiliza palavras e imagens – consegui realizar uma ação pedagógica que seja exitosa, que haja produção de conhecimento e aprendizagem significativa.

A linguagem e os elementos das HQ quando utilizados didaticamente pode colaborar com o ensino, desmistificando conteúdos abstratos em face de permitir aliar texto com o desenho, facilitando a compreensão, e essa utilização é prevista na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Cabe citar o Programa Nacional Biblioteca da Escola – PNBE a partir de 2006 que busca democratizar o acesso a obras de literatura para professores e alunos das escolas públicas brasileiras, e traz as HQ entre os gêneros sugeridos, além de fornecer acervo para bibliotecas de todas as escolas constantes no senso escolar, segundo o Ministério da Educação (MEC).

[…] a inclusão dos quadrinhos no PNBE significa um avanço na maneira como a área do ensino os enxerga. Deixaram de ser leitura subversiva ou superficial para serem oficializados como política de governo. […] trouxe também como consequência o aquecimento do mercado editorial brasileiro […] (gerando um) volume grande de adaptações em quadrinhos […] (Vergueiro, 2009, p.40).

É conferido o devido valor às HQ, que não deve ser mais visto como subliteratura, inferiorizada, e sim como um instrumento educacional auxiliar na prática pedagógica, incorporado ao ensino formal brasileiro pela LDB 9.324 (Brasil, 1996) que destaca a relevância do conhecer e aprender sobre as formas contemporâneas de linguagem, e os PCN (Brasil, 1998) que apresenta as HQ como uma linguagem a ser utilizada nas práticas pedagógicas. Contudo essa orientação ainda não é percebida na realidade escolar em que prática e discurso se distanciam. A valorização das HQ no universo do ensino-aprendizagem é percebida por sua vasta presença nas diversas questões das provas do Enem (Paiva, 2017) em que se espera do aluno que realize leitura de linguagens verbais e não verbais, em concordância com a recomendação dos documentos oficiais em utilizar a estratégia de aplicação das HQ’s em seus conteúdos.

4.7 Perfil do aluno

Sobre o perfil do aluno que se quer atender a partir do Programa de formação para professores de História sobre HQ, se refere a estudantes do Ensino Fundamental II de escolas públicas da cidade de Salvador. Estudantes que apresentam pouco domínio de escrita e de leitura, elemento fundamental para a aprendizagem de qualquer componente curricular (Caimi, 2006, p. 19), e que por isso tem apresentado dificuldades com a aprendizagem dos conteúdos da disciplina História.

Dificuldade essa que é reflexo em parte da perspectiva conteúdista de grande parte dos planos de unidade das escolas e tendo o livro didático como fonte de pesquisa primordial, dificultando despertar o interesse dos alunos. Acredita-se que as HQ seja uma nova maneira de aprender, divertida e leve capaz de intermediar a aprendizagem dos conteúdos disciplinares de História. O trabalho com o uso das HQ pretende ser alternativa viável para proporcionar um ensino-aprendizagem contextualizado, inovador e que possa contribuir para a ocorrência de mudanças efetivas na forma de aprender.

            Com o trabalho pedagógico intermediado pelo uso das HQ os alunos terão os objetivos de aprendizagem cobertos, desenvolvendo uma consciência histórica crítica e interpretativa a partir da aprendizagem criativa dos conteúdos de História através de uma nova linguagem. O uso das HQ possibilita que os alunos a partir dos conteúdos estudados construam uma narrativa histórica, de modo que auxilie na compreensão de temas complexos da História, interagindo os conteúdos com a prática. Essa ação é, também, um estímulo da leitura e da escrita em que a partir da associação da imagem com o texto escrito desenvolve o raciocínio lógico. Desse modo a aprendizagem torna-se algo prazeroso.

4.8 Sequenciação didática: proposição de curso de formação continuada para professores de história com o uso das histórias em quadrinhos como recurso didático

4.8.1 Introdução

Ser professor extrapola possuir o certificado da licenciatura. Professor é ser sempre um profissional inacabado considerando que em todo momento se está aprendendo na troca diária entre os pares e os estudantes no fazer pedagógico. Nessa perspectiva é que a formação continuada agrega para o exercício profissional docente por meio da prática crítico – reflexiva, além de promover a aquisição de novas habilidades e competências que impacta positivamente no ensino e na aprendizagem promovendo significativas alterações na prática pedagógica do professor.

Considerando o contexto desse trabalho, ora a dificuldade de aprendizagem na disciplina de História por estudantes do Ensino Fundamental II, a proposição em inserir as HQ como recurso pedagógico na sala de aula de História é um caminho possível para mediar o processo de aprendizagem dos alunos, em virtude de ser uma linguagem acessível e interessante ao aliar texto escrito e a imagem ampliando o conhecimento por meio do uso da criatividade nas releituras. Sabendo o professor lidar com esse recurso, tornará o ensino mais prazeroso e contextualizado e uma aprendizagem significativa. Rama & Vergueiro (2006, p. 21) assinalam que “As histórias em quadrinhos aumentam a motivação dos estudantes para o conteúdo das aulas, aguçando sua curiosidade e desafiando o senso crítico”.                                                                       

4.8.2 Problema

Partindo-se do princípio de que é no espaço da sala de aula que se estabelecem relações de ensino-aprendizagem, considerando-se que um não se realiza sem o outro, percebe-se que existe dificuldade na aprendizagem da disciplina de História entre os estudantes do Ensino Fundamental II, o que permite questionar o seguinte: Qual seria a solução para que os objetivos educacionais, especificamente as dificuldade na aprendizagem da disciplina de História, sejam alcançados nesses espaços?

4.8.3 Hipótese

A proposta do trabalho se desenvolve tendo a hipótese de que a formação continuada em HQ contribui para o exercício profissional do professor que conhecendo as múltiplas aplicações da HQ terá em mãos recurso admirável para trabalhar contextualizado sem limitar-se a fatos históricos, mas com elementos variados da cultura, construindo e ampliando conhecimentos promovendo maior interesse dos alunos e reverberando em sua aprendizagem.

4.8.4 Objetivo Primário

Oportunizar junto a professores de História do Ensino Fundamental II da rede pública vivenciar formação continuada na modalidade presencial, sobre as HQ como um valioso recurso de ensino nas aulas de História.

4.8.5 Objetivos Secundários

  • Promover capacitação continuada aos docentes da disciplina de História, de modo a oferecer subsídios à sua prática pedagógica. Meta: Organizar a proposta da formação continuada e apresentar a equipe gestora e pedagógica da Escola Municipal Alexandrina Santos Pita, para que possa prosseguir com a logística de acolher professores de História de outras Unidades Escolares.
  • Fornecer material de apoio didático, para aprofundar conteúdos práticos e teóricos da formação. Meta: a formação continuada corrobora na percepção das contradições entre o pensar e o fazer docente ampliando a visão política e a compreensão da diversidade presente no cotidiano (Silva, 2002). O material preparado para o curso terá seu conteúdo teórico e prático, bem como sugestão bibliográfica disponibilizado em módulos para os cursistas. 
  • Desconstruir o HQ como simplesmente mera distração, mas, como possibilidade de vivência de um ensino contextualizado, abordando temas diversos. Meta: Abordar o que traz os documentos oficiais – LDB e PCN – sobre o uso das HQ no curso de formação com exemplos trazendo as HQ e as possibilidades de conteúdo a ser trabalhado com as mesmas. As HQ são eficientes pedagogicamente por aliar palavras e imagens, com grande gama de informações que incentivam a leitura e a imaginação além de ampliar o vocabulário (Rama e Vergueiro, 2006).
  • Ensinar técnica de ensino, visando a melhoria da qualidade de ensino. Meta: Ensinar como trabalhar pedagogicamente com as HQ. A partir de oficina mostrando como alguns quadrinhos são possíveis de serem trabalhados nas aulas de História, estimulando a formação de professores na linguagem dos quadrinhos e fornecendo material didático que estimule a busca por mais formação e informação.
  • Orientar o planejamento de aulas a partir do HQ com conteúdos da disciplina de história. Meta: Realizar oficina para, a partir dos conteúdos de História, os professores construírem coletivamente o planejamento já com as sugestões de trabalho educativo das HQ, redimensionando o ensino da História.
  • Produzir material de apoio didático coletivamente, como estímulo às práticas colaborativas nas escolas, entre os pares, desenvolvendo as competências dos professores. Meta: Apresentar alguns exemplos de HQ que trabalhem os conteúdos de História para que os docentes percebam essa possibilidade de conteúdos tradicionais serem reconfigurados didaticamente. Na formação está previsto a realização de atividades em grupo para incentivar que os professores produzam, também, seus materiais e utilize-os em suas salas de aula.
  • Incentivar o uso dos quadrinhos na sala de aula. Meta: As HQ’s são divertidas e atraentes tornando o estudo da História prazeroso. O processo de realização da formação com entrega de material didático, bem como o acompanhamento será fonte motivadora ao uso das HQ.

4.8.6 Metodologia – Passo a passo

A formação acontecerá na modalidade presencial, distribuído o conteúdo em 08 módulos/encontros com duração de 3 horas, excetuando o último encontro que teremos 2 horas, onde acontecerão apresentação da proposta de trabalho e as oficinas de HQ relacionadas aos conteúdos por série do Ensino Fundamental II, além de propostas com suporte de material impresso para atividades a ser realizada extra ao momento da formação. Serão 23 horas presenciais e 57 horas de atividades domiciliares, correspondendo a leituras e a elaboração dos materiais solicitados em cada módulo, bem como o memorial analítico descritivo ao final.

4.8.6.1 Módulo 1- Apresentação do Programa de formação

Proposição: Mais que uma formação continuada para professores, o privilégio em ter a escola como local da formação, de elaboração e de vivência de propostas inovadoras para a prática docente, que os levem a compreender os quadrinhos como uma linguagem potente a ser utilizada como recurso didático no processo ensino-aprendizagem.

Material para leitura e estudo:

Lavarda, Tabatta C. F. da Silva. Sugestões do uso de histórias em quadrinhos como recurso didático. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2017/25298_12321.pdf

Alunos escritores de HQ e informação. Disponível em: https://www.google.com/search?q=hq+como+forma+de+aprendizagem&oq=hq+como+forma+de+aprendizagem&aqs=chrome..69i57.14679j0j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8

Apresentação Inicial – 15 min

Passo 1 – Apresentação da temática com um breve histórico do surgimento das HQ’S até a sua inserção em documentos como a LDB e os PCN’S – 45min

Passo 2 – Exibição comentada de HQ’S que foram criadas para fins didáticos – 30 min

Intervalo – 15 min

Passo 3 – Solicitar que os professores façam sugestões de conteúdos de História em correspondência a uma possibilidade de HQ a ser usado como contextualização. – 15 min

Passo 4 – Ação domiciliar: leitura do material recebido, e realização de resumo expandido para ser entregue.

4.8.6.2 Módulo 2 – Contextualizando conteúdos – 6º ano

Proposição: Fornecer material didático com sugestão por conteúdo previsto no planejamento do 6º ano de HQ que poderá ser associada.

Passo 1 – Entrega de apostila com os conteúdos programáticos do 6º ano -Fundamental II e sugestões de HQ para cada os mesmos, e apresentação oral sobre o material, e separação em grupo para atividade no retorno do intervalo – 45 min

Intervalo– 15 min

Passo 2 – Em grupos fazer um planejamento anual utilizando as HQ’S como recurso pedagógico principal (Conteúdos, metodologia, avaliação, objetivos, recursos) – 1 hora e 30 min

Passo 3 – Eleger um representante do grupo para apresentar o plano preparado. – 30 min

Passo 4 – Ação domiciliar: escolher um dos conteúdos e preparar uma aula com duração de 1 hora e 40 min (2 hora/aula) considerando as habilidades propostas pela BNCC.

4.8.6.3 Módulo 3 – Contextualizando conteúdos – 7º ano

Proposição: Fornecer material didático com sugestão por conteúdo previsto no planejamento do 7º ano de HQ que poderá ser associada.

Passo 1 – Entrega de apostila com os conteúdos programáticos do 7º ano -Fundamental II e sugestões de HQ para cada os mesmos, e apresentação oral sobre o material, e separação em grupo para atividade no retorno do intervalo – 45 min

Intervalo– 15 min

Passo 2 – Em grupos fazer um planejamento anual utilizando as HQ’S como recurso pedagógico principal (Conteúdos, metodologia, avaliação, objetivos, recursos) – 1 hora e 30 min

Passo 3 – Eleger um representante do grupo para apresentar o plano preparado. – 30 min

Passo 4 – Ação domiciliar: escolher um dos conteúdos e preparar uma aula com duração de 1 hora e 40 min (2 hora/aula) considerando as habilidades propostas pela BNCC.

4.8.6.4 Módulo 4 – Contextualizando conteúdos – 8º ano

Proposição: Fornecer material didático com sugestão por conteúdo previsto no planejamento do 8º ano de HQ que poderá ser associada.

Passo 1 – Entrega de apostila com os conteúdos programáticos do 8º ano -Fundamental II e sugestões de HQ para cada os mesmos, e apresentação oral sobre o material, e separação em grupo para atividade no retorno do intervalo – 45 min

Intervalo– 15 min

Passo 2 – Em grupos fazer um planejamento anual utilizando as HQ’S como recurso pedagógico principal (Conteúdos, metodologia, avaliação, objetivos, recursos) – 1 hora e 30 min

Passo 3 – Eleger um representante do grupo para apresentar o plano preparado. – 30 min

Passo 4 – Ação domiciliar: escolher um dos conteúdos e preparar uma aula com duração de 1 hora e 40 min (2 hora/aula) considerando as habilidades propostas pela BNCC.

4.8.6.5 Módulo 5- Contextualizando conteúdos – 9º ano

Proposição: Fornecer material didático com sugestão por conteúdo previsto no planejamento do 9º ano de HQ que poderá ser associada.

Passo 1 – Entrega de apostila com os conteúdos programáticos do 9º ano -Fundamental II e sugestões de HQ para cada os mesmos, e apresentação oral sobre o material, e separação em grupo para atividade no retorno do intervalo – 45 min

Intervalo– 15 min

Passo 2 – Em grupos fazer um planejamento anual utilizando as HQ’S como recurso pedagógico principal (Conteúdos, metodologia, avaliação, objetivos, recursos) – 1 hora e 30 min

Passo 3 – Eleger um representante do grupo para apresentar o plano preparado. – 30 min

Passo 4 – Ação domiciliar: escolher um dos conteúdos e preparar uma aula com duração de 1 hora e 40 min (2 hora/aula) considerando as habilidades propostas pela BNCC.

4.8.6.6 Módulo 6 – Oficina para construção das HQ

Proposição: Transformar um texto narrativo à sua escolha, em quadrinhos, construindo a HQ como proposta de abordagem comprometida com o conteúdo, mas, de forma mais lúdica e prazerosa. Destaca-se que no processo de elaboração das HQ’s, sendo esta uma linguagem visual, corrobora para a formação criativa e crítica dos alunos e para a formação crítico-reflexiva dos professores, esse resultado positivo já é um importante avanço. 

Material para leitura e estudo:

Sales; Aguiar; Chaves. Produção de histórias em quadrinho online: Uma experiência vivenciada por alunos de escola pública municipal de Fortaleza. Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola. EdUECE- Livro 1 03864. Disponível em: http://www.uece.br/endipe2014/ebooks/livro1/446-_PRODU%C3%87%C3%83O_DE_HIST%C3%93RIAS_EM_QUADRINHO_ONLINE_UMA_EXPERI%C3%8ANCIA_VIVENCIADA_POR_ALUNOS_DE_ESCOLA_P%C3%9ABLICA_MUNICIPAL_DE_FORTALEZA.pdf

https://www.tecmundo.com.br/hd-dvd/6343-selecao-ferramentas-para-criar-suas-proprias-historias-em-quadrinhos.htm

Passo 1 – Rememorar os módulos sobre as contextualizações de conteúdos, junto com os docentes. – 20 min

Passo 2 – Breve exposição sobre como construir uma HQ para trabalho em sala de aula, trazendo aspectos como a ludicidade enquanto caminho de aprendizagem significativa. – 45 min

Intervalo – 15 min

Passo 3 – Apresentar HQ construídas especificamente para a sala de aula (slides e por procura em sites), como modo de apresentar as obras e estimular a criatividade dos professores para também elaborarem seu material didático. – 30 min

Passo 4 – Apresentar programa/sites/aplicativos (toondoo.com; word paint photoshop) que podem colaborar para elaboração das HQ (uso dos chromebooks que já existem na Unidade Escolar e noebooks pessoais dos docentes (opcional)). – 40 min

Passo 5 – Separar a turma em grupos e solicitar para que elejam um conteúdo e série para ser desenvolvida a HQ. – 20 min

Passo 6 – Iniciar o processo da construção da HQ, escolha do título, personagens, além de já irem separando as atribuições e listando materiais que serão utilizados – 30 min

Passo 7 – Ação domiciliar: Leitura do material recebido e fichamento do mesmo

4.8.6.7 Módulo 7 – Construção e apresentação das HQ

Proposição: Promover a integração entre os professores ao mesmo tempo em que os capacita permite o compartilhamento de suas produções e experiências, além da construção coletiva de conhecimento.

Material para leitura e estudo:

  • Luyten, Sonia Bibe & Lovetro, José Alberto (1993) Efeito HQ uma prática pedagógica. Disponível em: http://efeitohq.com/

Passo 1 – Construção coletiva da HQ a partir do planejamento prévio feito no módulo anterior – 2 h

Intervalo – 15 min

Passo 2 – Apresentação das HQ comentado sobre como se deu a experiência – 45 min

Passo 3 – Ação domiciliar: Leitura do material recebido e escrita de texto opinativo sobre os trabalhos realizados nesse módulo.

4.8.6.8 Módulo 8 -Avaliação

Proposição: Realizar avaliação da formação e auto avaliação, exercício de olhar-se onde os professores devem expressar juízos de valor sobre a formação e a sua participação, apreciando se houve aula atendimento dos objetivos. Acontecerá uma apresentação breve retomando os principais pontos da formação, bem como sobre o que seja a proposição da auto avaliação, e terá duração de 30 minutos.

Sequencialmente será entregue formulário a cada cursista, que deverá ser respondido cada indagação com o seguinte código: assinalar de 1 a 5, onde 1 seja Muito Ruim e 5 Muito bom. Terão 30 minutos para o preenchimento

  • Como você avalia?
  • A estrutura/organização do curso.
  • Os métodos e abordagens adotados para apresentar o conteúdo.
  • A formação para utilização pedagógica da HQ.
  • Seu grau de satisfação em relação ao seu aprendizado nessa formação.
  • Seu interesse no processo de formação.
  • A contribuição para a aprendizagem de seus alunos.
  • A bibliografia apresentada.

Além do preenchimento do formulário teremos uma roda de conversa para que os professores possam se expressar a respeito de suas impressões sobre a formação, sendo norteado pelos questionamentos do formulário que fora preenchido, e o que mais queira apresentar. (1 hora)

Ação domiciliar: Construção de memorial descritivo das aprendizagens do curso

4.8.6.8.1 Período de realização da formação

A formação terá início previsto para o ano de 2021, considerando que tenhamos superado a pandemia em face dos momentos presenciais.

4.8.6.8.2 População participante

Professores de História que atuam no Ensino Fundamental II, rede pública, na cidade de salvador, inscritos via formulário do Google Forms.

4.8.6.8.3 Avaliação

O propósito da formação é a aprendizagem dos estudantes, nesse caminho cabe ao docente adquirir através das HQ’s arcabouço para que os resultados sejam atingidos, cabe destacar que a avaliação do processo de ensino e aprendizagem para ser ao máximo fiel, requer instrumentos avaliativos bons e adequados, sem armadilhas, uma avaliação intencional e bem planejada, quer seja individual ou coletiva. A utilização das HQ nas avaliações permite contextualizar as situações-problema, estimula a reflexão, a elaboração de hipóteses e a expressão de seus pensamentos desde que haja clareza nas proposições.

A sociedade atual imposta pelo consumismo exagerado tem afastando as possibilidades de ações colaborativas, distanciando as pessoas, a proposta de construção coletiva ela perpassa pela solidariedade, que é algo exigido para um bom educador, e Paulo Freire destaca veementemente em suas escritas sobre o valor da humanidade na docência. Essa formação é pertinente também nesse aspecto, de propor uma caminhada coletiva.

4.9 Leitura Complementar para os professores cursistas – Sugestões:

LAVARDA, Tabatta C. F. da Silva. Sugestões do uso de histórias em quadrinhos como recurso didático. Pp. 21100-21107 Disponível em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2017/25298_12321.pdf, Acesso em 03 de fevereiro de 2021.

MACEDO, André. HQ na sala de aula. Publicações de maio e abril/2011 sobre o Projeto Garapa. Disponível em: http://hqnasaladeaula.blogspot.com.br/, Acesso em 03 de fevereiro de 2021.

OLIVEIRA, Aliandro Mendes de, Costa, Maria Paula. Utilização das Histórias em Quadrinhos nas Aulas de História. Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2016/2016_artigo_hist_unicentro_aliandromendesdeoliveira.pdf, Acesso em 03 de fevereiro de 2021.

RAMA, Ângela (Org.);VERGUEIRO, Waldomiro (Org.). Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula. São Paulo: Editora Contexto, 2004. Capítulo 1

RAVANELLO, Flávia Jocowski. O uso de Histórias em Quadrinhos para o Ensino de História e Geografia. Revista Vernáculo n.° 46 – segundo semestre/2020 ISSN 2317-4021. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/vernaculo/article/download/68824/41943, Acesso em 03 de fevereiro de 2021.

SANTOS, Roberto Elísio. Aplicação da história em quadrinhos. Rev. Univerciência. Vol.08. nº 22, São Paulo: 2001.

CONCLUSÕES

Concluindo o trabalho, o qual se buscou subsídios para propor uma formação continuada a professores que ministram a disciplina de história no ensino fundamental II com vistas a instrumentaliza-los para uma prática docente mais efetiva e que colabore com o processo e ensino aprendizagem buscando outras maneiras possíveis para produzir aulas, o quadrinho é apontado como uma forma para produzir aulas, sendo possível através do mesmo desenvolver a aprendizagem dos alunos de História, conforme a base teórica apresentada voltada para o emprego das HQ como material didático para o ensino de História no desenvolvimento do trabalho. Sem perder de vista que o docente já possui experiências resultantes de suas práticas e que apenas precisam ser aprimoradas e ampliadas para seu melhor desenvolvimento profissional.

Sobre a formação docente percebeu-se que diferentes são os autores que discorrem sobre a relevância da formação continuada, bem como na tendência crítico reflexivo que possibilita a reflexão da prática pedagógica na prática, o que embasou a decisão por propor uma formação que acontecesse no ambiente de trabalho, utilizando a experiência dos profissionais e trazendo algumas possibilidades metodológicas ativas a partir do suporte das HQ, fortalecendo a profissionalização e o profissionalismo com vistas a enfrentar os desafios no seu cotidiano escolar, qual seja a dificuldade na aprendizagem em História, haja vista serem boas fontes para problematizações textuais e imagéticas, em que seu conteúdo serve para realizar interpretações pretéritas que podem disparar diálogos e problematizar conteúdos determinados pelos professores. Evidenciou-se o fato que existe relação direta entre a formação docente e a aprendizagem discente crítica, reflexiva, consciente e humanizada, capaz inclusive de alterar a realidade deste último, o que reforça o valor do produto desse trabalho.

Por fim, dada a relevância de o docente continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo de sua carreira, considera-se que o trabalho alcançou o objetivo principal estabelecido bem como investigou a questão diretriz norteadora, posto que identificado o problema da dificuldade de aprendizagem em História dos estudantes do Ensino Fundamental II, o embasamento teórico nos conduziu à relevância que a prática pedagógica incide nessa situação, e a reboque a formação continuada dos professores de História seria a ponte para a melhoria das suas práticas pedagógicas, possibilitando aos professores produzirem aulas mais divertidas e que façam mais sentido para seus alunos, aproveitando que os quadrinhos já é capital cultural de boa parte de alunos, atendendo várias classificações etárias, e mesmo professores. Desse modo, apontou-se meios para a implementação da formação continuada, discutiu-se a cerca dos pressupostos fundantes e sem pretensão de ter obtido a solução mágica para os problemas levantados levantamos reflexões a partir do apontamento de uma possibilidade.


[1]   http://historia.fflch.usp.br/programas-do-1o-semestre-2010. Programa de curso da USP. Acessado em 24/08/2020.

[2] Fonte extraída do sitio: https://www.dicio.com.br/desenhar/. Acessado em 04/05/20

[3] Fonte extraída da internet no sitio https://www.pensador.com/frase/NzE/ Acessado em 04/05/20.

[4] Fonte extraída da internet no sitio https://www.pensador.com/frase/NzE/ Acessado em 04/05/20.

[5] As referências sobre os filósofos estão dispostas: PLATÃO. A república. Tradução e notas de M. H. da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1983. O trecho a que nos referimos é República, 599a7; a ideia se repete no diálogo Sofista, 265b1.

[6] ARISTÓTELES. Retórica. Tradução e notas de Manuel Alexandre Júnior; Paulo Farmhouse Alberto; Abel do Nascimento Pena.

[7] Cartunista: é o desenhista especializado em cartum, um dos tipos de humor gráfico caracterizado por retratar de forma crítica aspectos que envolvem o dia a dia de uma sociedade. Segundo dicio.com.br.

[8] Gibi: nome dado as revistas em quadrinho no Brasil.

[9] Revista em quadrinho do SESI (Serviço Social da Indústria) do qual seu cunho era de orientação sobre segurança dos trabalhadores.

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DEDICATÓRIA
Este trabalho será dedicado a todos os profissionais da educação que com dedicação e zelo estão dispostos a encontrar formas para melhorar a vida dos estudantes. Aos professores abnegados do ensino do fundamental II que tem desafios enormes e que necessita de opções metodologia, renovadas para reduzir as barreiras das dificuldades no trabalho. Também, para os colegas professores de história, historiadores que dedicam seu tempo em escrever a memória da educação nos seus livros. Aos meus colegas de trabalho que com generosidade enorme contribuíram de maneira essencial para a conclusão do trabalho. Para a minha que rida mulher que com paciência e auxílio se dedicou nas correções e nas leituras deste trabalho. Pois, eles são profissionais, com longa experiência de trabalho, dedicação exclusiva e que dedicam suas vidas em ensinar os alunos. Dedico a todos os interessados e estudiosos do quadrinho e a quem produz revistas em quadrinhos, gibis, comic, tirinhas, caricaturas entre outros.

AGRADECIMENTOS
A minha querida mãe Josefina Maria da Cruz (in memória) por toda confiança que teve em mim e por todos os momentos de conversas e trocas de conhecimentos, os quais me possibilitaram conhecer e aprender.
A minha querida esposa Dora Magalhães que com seu conhecimento, talento, sabedoria, experiência e paciência soube me acolher nos momentos difíceis.
Aos meus filhos Laura Sergio e Murillo Sergio pela colaboração, compreensão e pelas colaborações com ideias, dicas e sugestões para a construção do projeto. 
Aos colegas e amigos de trabalho pela acolhida, confiança e pelas contribuições que ofereceram para a realização desta pesquisa.
A Deus pelo fato de ter me dado inteligência e a oportunidade de produzir uma pesquisa que com certeza vai ajudar muita gente.
E um especial agradecimento a professora orientadora Viviane Sartori, em especial pela atenção, pelo cuidado, confiança e, principalmente, compreensão nos momentos de dificuldades.