GANHO DA FORÇA MUSCULAR COM USO DA CORRENTE RUSSA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

GANHO DA FORÇA MUSCULAR COM USO DA CORRENTE

RUSSA: Revisão Bibliográfica

Gain Muscle Strength Using Current Russian: Literature Review

RODRIGUES JÚNIOR, Paulo André.1

Resumo

Introdução: A força muscular é um fator importante para a manutenção das capacidades funcionais do homem. Neste sentido, observa-se que os fisioterapeutas vêm se dedicando a programas de fortalecimento muscular para restabelecer a funcionalidade ou prevenir patologias. Dentre os vários tipos de programa de fortalecimento muscular, destaca-se a Eletroestimulação Neuromuscular (EENM). Objetivo: Mostrar a melhora da força muscular com uso da corrente russa, baseando-se em estudos e pesquisas comparando-os para uma melhor proposta de tratamento na melhora do nível de força. Material e Métodos: O presente artigo foi fundamentado em pesquisa bibliográfica, sendo previamente selecionados 46 artigos publicados na língua portuguesa no período de 2003 a 2013 utilizando como fonte de pesquisas as bases de dados scielo, lilacs, bireme, periódicos e livros. Discussão: A eletroestimulação neuromuscular tem sido usada há muitos anos na reabilitação, em especial no tratamento de músculos desnervados, atrofias musculares ou para aumento de força muscular. Na literatura podem apresentar certa divergência entre vários autores. As grandes musculaturas foram abordadas pela maioria dos autores, que enfatizam o ganho de trofismo e consequentemente o aumento no nível da força muscular com o trabalho associado à corrente russa, porém nenhum experimento prático, com técnicas e parâmetros específicos ou protocolo que comprovem a terapêutica adotada, foi descrita. Conclusão: O ganho de força muscular foi visto na maioria dos estudos como satisfatório, tornando a utilização desta corrente importante para melhores resultado, contudo, as diferenças metodológicas utilizadas nos vários estudos tornam bastante heterogêneas.

Palavras Chave: Atividade física, força muscular e corrente russa.

Abstract

Introduction: Muscle strength is an important factor for the maintenance of functional abilities of man. In this sense, it is observed that the physiotherapists were engaged on muscle strengthening programs to restore function or prevent diseases. Among the various types of muscle-building program, highlights the Neuromuscular electrostimulation (NMES). Objective: The aim of this literature review was to show the improvement of muscle strength using the roller chain, based on studies and research

1 Educador Físico e Fisioterapeuta, Discente da Pós Graduação em Fisiologia do Exercício e Treinamento para Grupos Especiais da Faculdade Leão Sampaio (FLS). E-mail:

pauloandre1984@hotmail.com

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comparing them to better treatment proposal in the improvement of the level of force. Material and Methods: This article was based on a literature review, we selected 46 articles previously published in Portuguese in the period 2003 to 2012 using as a source of research data bases scielo, lilacs, bireme, periodicals and books. Discussion: Neuromuscular electrical stimulation has been used for many years in rehabilitation, especially in the treatment of denervated muscles, muscle atrophy or increase muscle strength. In the literature may have some disagreement between various authors. The large musculature were addressed by most authors, who emphasize the gain of tropism and consequently the increase in muscular strength with the work associated with roller chain, but no practical experiment with techniques and specific parameters or protocol proving the adopted therapy was described. Conclusion: The gain in muscle strength was seen in most studies as satisfactory, making the use of this important current for best results, however, methodological differences used in many studies make it quite heterogeneous.

Keywords: Physical activity, muscle strength and roller chain.

1 INTRODUÇÃO

A força muscular é um fator importante para a manutenção das capacidades funcionais do homem. Neste sentido, observa-se que profissionais da área de saúde vêm se dedicando a programas de fortalecimento muscular para restabelecer a funcionalidade ou prevenir patologias (MAFRA e OLIVEIRA, 2010).

Segundo Ghorayeb (2004), os exercícios resistidos são realizados contra uma resistência gradual, seja realizado por meios de molas, elástico, ou o método mais comum que é a utilização por pesos. Para maximizar os benefícios do exercício resistido utiliza-se a Eletro Estimulação Neuro Muscular (EENM), que é descrita por Brasileiro e Salvino (2004) como a ação de estímulos elétricos terapêuticos, aplicados sobre o tecido muscular, através do sistema nervoso periférico íntegro.

A eletroestimulação neuromuscular de média frequência ou corrente russa é uma técnica baseada na estimulação elétrica dos ramos intramusculares: os moto neurônios, que vem sendo utilizado como um recurso adicional para reabilitação envolvendo o tratamento de hipotrofias, espasticidade, contraturas e na aquisição de aumento de força (BORGES et al, 2007).

Cabe dizer que nos últimos anos, diversas pesquisas, dentre elas os realizados por Borges et al (2007), Brustolin, Briel e Guerino (2008) e Evangelista et al (2003), têm avaliado os efeitos da EENM na recuperação da força e do trofismo muscular, entretanto, com algumas divergências em relação a sua a indicação, protocolo de uso e eficácia. Um dos aspectos que impedem essa avaliação é a dificuldade em se comparar

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os resultados de diferentes estudos apresentados na literatura, realizados com parâmetros distintos, tanto no que se refere à EENM, quanto aos protocolos de exercício utilizados (BRASILEIRO e SALVINI, 2004).

O objetivo desta revisão bibliográfica é mostrar a melhora da força muscular com uso da corrente russa, baseando-se em estudos e comparando-os visando uma melhor proposta na melhora dos níveis de força muscular.

Acredita-se que a estimulação com a corrente russa associada a exercícios resistidos seja mais eficiente e eficaz no recrutamento de um maior número de fibras musculares, assim provocando um maior ganho de força muscular que os meios de terapias aplicadas separadamente.

1.2 Músculo esquelético: características fisiológicas da força muscular

Os autores Powers e Howley (2005), explica que o corpo humano é composto aproximadamente por mais de 600 músculos esqueléticos, compostos de 75% de água, 20% proteínas e 5% de sais inorgânicos e minerais dos quais representam cerca de 50% do peso corporal. Dentre suas funções estão: geração de força para locomoção e respiração, geração do controle postural e produção de calor durante a exposição ao frio.

De acordo com a definição de Wyer e Davis (2006), força muscular é a capacidade máxima de um músculo gerar tensão, sendo diretamente proporcional à capacidade contrátil dos músculos, que por sua vez depende da quantidade de proteína contrátil nas fibras musculares, e da capacidade de recrutamento de unidades motoras.

Para o início da contração muscular é necessária à chegada de um impulso nervoso a junção neuromuscular. O neurônio motor será o responsável pela liberação da acetilcolina, um neurotransmissor que tem como função unir-se a placa motora, dessa união resulta a despolarização da célula muscular (MCARDLE, KATCH e KATCH, 2003).

Os autores Mcardle, Karch e Katck (2003) afirmam que essa despolarização vai gerar um potencial de ação, atingindo o retículo sarcoplasmático, liberando o cálcio para unir-se com a troponina, após essa junção ocorre uma mudança na posição da tropomiosina fazendo os sítios ativos da actina ficarem expostos, permitindo uma forte ligação entre as proteínas, esse ciclo é constante durante a contração, será interrompido quando houver uma ausência de estímulo nervoso, fazendo o cálcio voltar para o reticulo sarcoplasmático.

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A energia gerada para contração muscular é derivada da degradação da molécula de ATP (adenosina trifosfato) em ATPase pela enzima miosina. (GUYTON e HALL, 2006).

Segundo Guyton e Hall (2006), nem todos os estímulos são eficientes para desencadear um potencial de ação. Para ser um agente eficiente, o estímulo tem que ter uma intensidade adequada e durar tempo suficiente para igualar ou exceder o limiar básico de excitação da membrana, este potencial de ação é interrompido, quando ocasionalmente, este alcança um ponto da membrana, que não gera uma voltagem suficiente para estimular a área adjacente da membrana o que é possível através da estimulação elétrica.

Lianza (2001), explica que a estimulação elétrica no fortalecimento muscular pode fazer com que quase todas as unidades motoras, constituídas por um neurônio motor simples e a fibra muscular que este inerva, em um músculo, se contraiam de forma sincronizada, algo que não pode ser conseguido na contração voluntária. Isso permitiria o desenvolvimento de contrações musculares mais fortes, acompanhada de uma maior hipertrofia muscular, com o uso da estimulação elétrica.

Wyer e Davis (2006) afirmam ainda que os exercícios resistidos são aqueles realizados contra uma resistência gradual, através de repetições e séries. As repetições são os movimentos sequenciais realizados sem pausas, uma série é o conjunto dessas repetições seguidas por um período de descanso, estes exercícios são os mais recomendados para ganho de força muscular, os mais eficientes para aumentar o volume dos músculos, processo de hipertrofia.

Os efeitos fisiológicos desencadeados na musculatura durante o período de treino de força incluem os fatores neurais, o aumento muscular e a hipertrofia. No início do treinamento é observado um aumento de força, que está diretamente relacionada às adaptações neurais e não a hipertrofia, essas adaptações incluem um aumento do recrutamento de unidades motoras e uma maior sincronia de descarga dessas unidades (WYER E DAVIS, 2006).

1.3 Corrente Russa

Há várias décadas, especialistas em Fisioterapia, Medicina Esportiva e Fisiologia do Exercício têm expressado o seu interesse na utilização de estímulos elétricos como

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coadjuvante dos exercícios, na cura de enfermidades e na melhora do condicionamento físico humano. (BRASILEIRO e SALVINI, 2004).

Segundo Adel (1993 apud BRIEL, PINHEIRO; LOPES, 2003, p. 208), para estimular fibras musculares profundas, deve-se utilizar corrente elétrica de média frequência. A corrente de média frequência é uma corrente cuja frequência situa-se entre 1.000 e 10.000 Hertz (Hz).

A Corrente Russa é descrita como uma corrente de média frequência por apresentar parâmetros de 2500 Hz, modulada em 50 Hz, intercalada por períodos de 10 milissegundos (ms), sem estes parâmetros a corrente não flui. Esta frequência encontra-se distribuída em uma corrente alternada e polifásica, de característica senoidal produzida em um modo de burst ou quadrada, com pulso variando de 50 a 250 microssegundos (μs) (EVANGELISTA, 2003).

De acordo com Fuirini Júnior (2003), para a utilização da corrente russa analisa-se o tipo de fibra muscular a ser estimulada e a modulação de corrente. Por exemplo, em fibras tônicas, ou seja, de contração lenta utilizam-se parâmetros de 20 a 30 Hz e nas fibras fásicas ou de contrações rápidas de 50 a 120 Hz.

Deve-se também analisar o tempo de contração e repouso, onde o tempo de contração se assemelha com a quantidade de peso que damos a um exercício resistido, sendo diretamente proporcional, assim quanto maior o tempo, maior a resposta com relação ao volume e tônus, este tempo de contração deve ser aplicado de forma crescente, respeitando a condição metabólica do músculo, evitando um gasto energético excessivo (acidose tecidual), devemos sempre perseguir este tempo em todas as aplicações e sempre tender e evoluir, até um limite fisiológico (Fuirini Júnior, 2003).

2 Materiais e Métodos

O presente artigo foi fundamentado em pesquisa bibliográfica, que de acordo com Furasté (2006), ocorre por meio do manuseio de obras, impressas ou capturadas via internet. Para a coleta de dados foi utilizados um levantamento eletrônico de artigos nacionais. Tendo como proposta mostrar os estudos referenciados sobre o ganho de força muscular com uso da corrente russa.

Os artigos foram pesquisados nas bases de dados eletrônicos Scientific Electronic Library Online – Scielo, onde foram encontrados 1.586 artigos relacionados à atividade física, 562 relacionados à força muscular e 05 relacionados à corrente russa,

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foram analisados 26 artigos e desses, 05 artigos se enquadraram nos objetivos propostos da pesquisa.

Pesquisados na Biblioteca Virtual em Saúde – Bireme foram encontrados 90.314 artigos relacionados à atividade física, 13.534 relacionados à força muscular e 15 relacionados à corrente russa, foram analisados 32 artigos e desses, 14 artigos se enquadraram nos objetivos propostos da pesquisa.

Pesquisados no Google Acadêmico foram encontrados 371.000 artigos relacionados à atividade física, 39.000 relacionados à força muscular e 31.500 relacionados à corrente russa, foram analisados 37 artigos e desses, 26 artigos se enquadraram nos objetivos propostos da pesquisa.

E também na versão eletrônica da Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício foram encontrados 66 artigos relacionados à atividade física, 39 relacionados à força muscular e 01 relacionado à corrente russa, foram analisados 06 artigos e desses, 01 artigo se enquadrou nos objetivos propostos da pesquisa.

Dentre 101 artigos analisados somente 46 deles foram selecionados para o desenvolvimento da pesquisa, pois os mesmos alcançaram e se enquadraram no objetivo proposto neste estudo. Os artigos foram publicados nos períodos de 2003 a 2013.

3 Discussão

Segundo Mödlin e colaboradores (2005), a eletroestimulação neuromuscular tem sido usada há muitos anos na reabilitação, em especial no tratamento de músculos desnervados, atrofias musculares ou para aumento de força muscular.

Pereira e Gomes (2003) mostram que a força muscular não depende somente da massa muscular, depende também dos componentes neurais e do recrutamento do número de unidade motora. A alteração do nível de força muscular, conforme os autores, está envolvida no aumento do número de unidades motoras recrutadas e no aumento também do número de unidades motoras estimuladas ao mesmo tempo.

De acordo com o estudo de Grillo e Simões (2003), concluíram que as terapêuticas encontradas na literatura podem apresentar certa divergência entre vários autores, em função dos protocolos utilizados nos programas de eletroestimulação o que podem influenciar nos resultados, entre outros fatores, como a frequência, a intensidade e a relação entre o tempo de contração e repouso.

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No estudo de Briel, Pinheiro e Lopes (2003), a terapêutica adotada verificou a influência da corrente russa no ganho de força e trofismo muscular dos flexores no antebraço não dominante em testes de dinamometria, com indivíduos saudáveis e idade entre 18 e 35 anos, mostrou que em 10 sessões de estimulação com a corrente russa por 15 minutos no período de 30 dias houve uma amostra satisfatória para o aumento do trofismo e ganho de força muscular, descritos na tabela 1.

Tabela 1 – Médias do teste de dinamometria

Brasileiro e Salvini (2004) analisaram os efeitos da estimulação elétrica neuro muscular em quatro diferentes grupos experimentais: estimulação elétrica, estimulação elétrica associada ao exercício voluntário, exercício isométrico voluntário e grupo controle, os mesmos identificaram um aumento significativo de força muscular em todos os três grupos, quando comparado ao grupo controle.

No estudo de Orlandi (2005), a terapêutica adotada foi a aplicação da corrente russa, durante 12 sessões com duração de 20 minutos cada, 03 vezes por semana, associada ou não ao exercício resistido em mulheres jovens, com idade entre 17 e 24 anos, subdivididas em três grupos, cada grupo contendo seis participantes, sendo o primeiro grupo, o grupo experimental A (realizou-se a aplicação da corrente russa associada ao exercício resistido), o segundo; o grupo experimental B (realizou-se somente a aplicação da corrente russa) e o terceiro grupo; o grupo experimental C (realizou-se somente o exercício resistido). Foi observado um aumento na força nos grupos 1 e 2, em média, de 1,67 e 1,83 kg respectivamente e o grupo 3 com 0,50 Kg, em média, não existindo um aumento significativo para o estudo. Demonstrando pouca efetividade no estudo.

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Tabela 2 – Resultados das variações da força muscular (média única) entre os grupos A e B e grupos A e C, em Kg.

Em estudo realizado por Maior e Ferreira (2006), estudo foi composta por 15 homens, voluntários, aparentemente saudáveis, com idades médias entre 20 e 30 anos. O objetivo desse estudo é investigar como reagem os indivíduos submetidos à aplicação prévia ao teste de 10 Repetições Máximas (RM) da eletroestimulação com corrente russa e do aquecimento específico, comparando os ganhos de força entre ambos. Os resultados mostraram não haver diferença significativa entre a eletroestimulação e o aquecimento ao teste de 10 repetições máximas. Em ambos os casos, foram detectados ganhos de força de forma independente, tais como: 1) na EE, a produção de força ocorreu pelo maior impulso elétrico, que gera uma contração isométrica involuntária em relação ao músculo a ser contraído voluntariamente; e 2) no AQ, o aumento da redistribuição do sangue e o aumento da irrigação dos músculos garantem o suprimento de O2, favorecendo o metabolismo muscular e a familiarização com o movimento específico do exercício.

Santos, Nicolau e Pacheco (2006), explicam que o treinamento com a corrente russa a articulação pode ser isolada e o trabalho de força muscular pode ser realizado isoladamente, com estimulação elétrica das fibras tipo II B (fibras de contração rápida) antes das fibras do tipo I (fibras de contração lenta) como é o caso da contração voluntária, o que aumentaria o vigor da contração e consequentemente a potência muscular.

No estudo de caso desenvolvido por Brustolin, Briel e Guerrido (2007) a pesquisa explicou o efeito da corrente russa sobre o trofismo do grupo muscular quadríceps em um atleta, jogador de futebol, com hipotrofia crônica do quadríceps direito devido ao afastamento de seis meses das suas atividades atléticas pós-lesão, mostrou em 20 sessões, num período de 07 semanas, sendo 03 aplicações semanais um ganho médio de 2,4 centímetros de massa muscular, mostrando um trabalho satisfatório no que diz respeito ao ganho de trofismo muscular.

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Em seus estudos, Parada (1995, apud BRIEL, PINHEIRO; LOPES, 2003, p. 209) demonstrou que apenas dez sessões foram suficientes para promover hipertrofia no grupo muscular extensor do joelho em 3,5 centímetros em 10 sessões iniciais mostrando que no estudo de Brustolin, Briel e Guerrido (2007) depois das 10 sessões o aumento foi menor que nas primeiras 10 sessões.

Silva et al (2007) também pesquisando a utilização da corrente russa, associada ou não ao treinamento de força, percebeu aumentos significativos nas medidas perimétricas da coxa direita e esquerda, distal e proximal, apenas no grupo que realizou simultaneamente o treinamento e as aplicações de corrente russa, não sendo significativo nenhum resultado obtido no grupo que somente realizou o treinamento de força, o que não implica que o aumento perimétrico esteja associado ao aumento susceptível da força muscular.

No estudo de Macedo, Buck e Cavalli (2008), analisaram comparativamente a eletroterapia de média frequência e baixa frequência no fortalecimento muscular do quadríceps em homens e mulheres sedentárias através da dinamometria isocinética. A pesquisa foi realizada com 18 mulheres e 18 homens, na faixa etária de 18 a 30 anos. Os indivíduos foram divididos em três grupos: o grupo A (n=12) foi submetido à aplicação da eletroterapia de média frequência “Corrente Russa” no membro inferior mais fraco, o grupo B (n=12) foi submetido à aplicação da eletroterapia de baixa frequência no membro inferior mais fraco e o grupo C (n=12) constituindo-se do grupo controle. Os grupos A, B e C foram subdivididos em A1 e A2, B1 e B2 e C1 e C2. Os grupos A1, B1 e C1 foram constituídos por mulheres e o A2, B2 e C2 foram constituídos por homens. Ambos os grupos foram submetidos a aplicações de eletroestimulação durante 6 semanas, 3 sessões semanais de 15 minutos cada. Os indivíduos foram avaliados e reavaliados através da dinamometria computadorizada isocinética. Após o término da aplicação do protocolo e reavaliação, observou-se que a corrente de baixa frequência aumentou mais força muscular do que a corrente de média frequência em ambos os sexos, porém o fortalecimento de ambos os grupos foi significativo comparados ao grupo controle.

Pilonetto e Bozza (2010) comparou o aumento da força muscular por isometria, associada ou não à estimulação russa, com 14 mulheres, sendo divididas em dois grupos um com treino de isometria e o outro isometria associada a corrente russa, foram realizados 12 (doze) atendimentos, três vezes por semana em dias intercalados, constando um aumento significativo nos indivíduos que associaram a isometria com a

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corrente russa. O grupo onde os indivíduos treinaram somente isometria obteve uma média de ganho de 3,12kg/f e no grupo que realizou associada à corrente russa obtiveram uma média de ganho 7,48kg/f.

Gráfico 1 – Média do aumento de força do grupo que treinou só com isometria.

Gráfico 2 – Aumento da média de força do grupo que treinou isometria associada à corrente russa.

Pernambuco, Carvalho e Santos (2013) analisou 21 indivíduos do sexo feminino, com idade entre 19 e 27 anos, altura entre 1,58 e 1,72 m, peso entre 50 e 70 kg e IMC entre 19,83 e 24,91. Foram submetidos a 30 sessões de estimulação com corrente russa sobre o músculo reto abdominal, cada sessão teve duração de 15 minutos e foram realizadas 5 vezes por semana, durante 6 semanas consecutivas. O exercício associada à eletroestimulação, de fato incrementa o ganho de força e proporciona hipertrofia muscular em menor tempo do que o exercício físico tradicional.

Em relação à força muscular Roberto (2006), diz que a associação das técnicas traz resultados mais satisfatórios por que além de ativar todas as fibras musculares simultaneamente as ativa de forma ordenada ativando inicialmente as fibras lentas e posteriormente as rápidas. Sendo assim, os tempos de resposta de uma fibra lenta são maiores que os de uma fibra rápida, com o que se pode afirmar que as fibras lentas necessitam tempos de impulsos mais longos que as rápidas e frequências mais baixas.

Grandes musculaturas foram abordadas pela maioria dos autores, que enfatizam o ganho de trofismo e consequentemente o aumento no nível da força muscular com o trabalho associado à corrente russa, porém poucos experimentos práticos, com técnicas

e parâmetros específicos ou protocolos que comprovem fidedignamente sua eficácia. O que torna menos consistentes as conclusões para esses tipos de resultados relacionados à eletro estimulação neuro musculares.

Os resultados da presente pesquisa bibliográfica não podem ser considerados como definitivos. No entanto, podem ajudar a divulgar experiências clínicas entre fisioterapeutas, educadores físicos, fisiologistas e profissionais da área afinco, os quais atuam utilizando técnicas de eletroestimulação. A partir disto podem gerar hipóteses para serem investigadas em pesquisas futuras, fornecer material para o ensino da profissão, motivar a prática profissional e auxiliar a formular parâmetros e guias de práticas clínicas.

Considerações Finais

Várias pesquisas vêm sendo realizadas com a corrente russa aplicada isoladamente ou associada aos exercícios físicos no fortalecimento dos músculos esqueléticos, como um recurso coadjuvante no ganho de força muscular.

Através dos resultados mostrados nesta pesquisa, o ganho de força muscular, foi visto na maioria dos estudos como satisfatório, tornando a utilização desta corrente importante para melhores resultado, contudo, as diferenças metodológicas utilizadas nos vários estudos tornam bastante heterogêneas e não permitem conclusões consistentes quanto às frequências, tempo de aplicação e número ideal de sessões.

Este estudo proporcionou uma revisão bibliográfica mostrando uma modalidade ou terapêutica a mais no ganho de força muscular, entretanto pesquisas práticas são necessárias para que se consiga comprovar a real eficácia da eletroestimulação neuromuscular no ganho de força muscular.

 
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12 comentários em “GANHO DA FORÇA MUSCULAR COM USO DA CORRENTE RUSSA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA”

  1. Excelente artigo! Me ajudou muito, sou esteticista e faço uso da corrente russa para fins estéticos, mas houve uma melhora significativa em clientes com limitações no joelho, onde através do fortalecimento do quadriceps, melhorou as atividades motoras e laborais!

  2. Paulo André Rodrigues Júnior

    Obrigado a Nova Fisio por abrir as portas para os fisioterapeutas do Brasil. Parabéns pela iniciativa!

  3. Cristiana Machado

    Parabéns! o artigo ficou muito bom e espero que está corrente russa possa ajudar a muitas pessoas que tenham atrofia ou perda de forua muscular, e este artigo deixam as pessoa mais informada e ajudem-as entender mais desta corrente russa.
    Bom trabalho!!!

  4. Adriana Rodrigues

    Parabéns Paulo André!Pelo um ótimo e maravilhoso super artigo,nele você está explicando perfeitamente com funciona a corrente russa,uma excelente matéria para a REVISTA NOVA FISIO.
    Ótimo Trabalho!!!

  5. Excelente artigo. Parabéns!
    Estou fazendo meu trabalho acadêmico final e me ajudou bastante.
    Você tem mais publicações sobre o assunto?
    Grata

  6. Olá, Paulo André! Muito bom artigo. É de 2013?
    Muito obrigada!

  7. izabel maria pereira

    Muito bom artigo, sou estudante de fisioterapia, me formando agora e sou esteticista, eu gosto muito de usar corrente russa, vc vê logo o resultado, parabéns, tenha sempre informações desse tipo. Meu email: izabelpereira1960@hotmail.com

  8. Olá amigo, como podemos associar esse estudo as questões emocionais. E onde vc publicou esse estudo? É um estudo muito bom mesmo. Faço parte de um Laboratório de estudos e pesquisas em Psicologia do Esporte do RN e abordamos muitos assuntos relacionados a questões do esporte e do exercício envolvendo as questões emocionais nesses fatores. Desde já muito obrigado.

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