PHYSIOTHERAPY APPLIED IN FEMALE SEXUAL DYSFUNCTION – VAGINISMUS
Autores:
Edvaldo Caetano de Assis Carvalho¹
Leonice Maria Sousa Ramos²
Orientadora:
Profª Adriana Ferraz 3
¹ Adriana Ferraz Especialista em Saúde da Mulher
² Edvaldo.. Graduação em Fisioterapia Pélvica
3 Leonice Graduanda em Fisioterapia Pélvica
RESUMO
A Disfunção Sexual Feminina (DSF) é definida como um bloqueio parcial ou total da resposta fisiológica, que se caracteriza por perturbação na capacidade de uma pessoa experimentar prazer sexual, causando sofrimento no individuo. O vaginismo é caracterizado por espasmos involuntários persistentes ou recorrentes da musculatura perineal, sendo uma desordem que interfere na relação sexual da mulher. Seus estudos são ainda restritos e de difícil diagnostico. Contudo, no estudo, objetivou-se relatar os recursos da fisioterapia mais utilizados no tratamento da DSF – vaginismo. Foi efetuado através de uma revisão bibliográfica, tendo como base de dados, Bireme, PubMed, LiLacs, SCiELO, Google Acadêmico, Artigos científicos, Dissertações, e teses entre o ano de 2014 a 2020. Em resposta ao objetivo proposto observou-se nos estudos, a mesma corroboração, onde os efeitos da fisioterapia para melhora do quadro da sintomatologia do vaginismo contribuem de forma satisfatória, porque melhorou a consciência corporal, aliviou o quadro álgico, controle e relaxamento da MAP (músculo do assoalho pélvico) e permitiu na penetração e dessensibilização da região vaginal, ocorrendo através do uso de diversas técnicas como eletroestimulação, biofeedback, dilatadores vaginais, terapia comportamental cognitiva, cinesioterapia e terapias manuais. No presente estudo, as técnicas mais evidenciadas, como resposta positiva no quadro da disfunção tipo vaginismo foram a cinesioterapia associado do recurso da respiração abdominal e técnicas de relaxamento. Ressalta-se ainda, que, junto a fisioterapia, na rotina de atendimento a saúde da mulher, faz-se necessário uma abordagem delicada, uma avaliação completa e um tratamento multidisciplinar, para melhorar qualidade de vida, elevação de autoestima e satisfação sexual do casal. Assim é importante estimular abordagens clinicas e respostas mais direcionadas a eficácia das técnicas fisioterápicas nas DSF o vaginismo, contribuindo para pesquisas do tema.
Palavras Chaves: Fisioterapia. Reabilitação. Disfunção Sexual Feminina. Vaginismo ABSTRACT
Disfunction Sexual Female is defined as a partial or total blockage of the physiological response, which is characterized by a disturbance in a person\’s ability to experience sexual pleasure, causing suffering in the individual. Vaginismus is characterized by persistent or recurrent involuntary spasms of the perineal muscles, a disorder that interferes with a woman\’s sexual intercourse. His studies are still restricted and difficult to diagnose. However, in the study, the objective was to report the most used physical therapy resources in the treatment of DSF – vaginismus. It was carried out through a literature review, having as a database, Bireme, PubMed, LiLacs, SCiELO, Academic Google, científicos Scientific articles, dissertations, and theses between the y ear 2014 to 2020. In response to the proposed objective, it was observed in the studies, the as me corroboration, where the effects of physiotherapy to improve the symptoms of vaginismus contribute satisfactorily, because itimproved body awareness, alleviated the pain, PFM control and relaxation and allowed penetration and desensitization of the vaginal region, occurring through the use of several techniques such as electrostimulation, biofeedback, vaginal dilators, cognitive behavioral therapy, kinesiotherapy and manual therapies. In the present study, the most evidenced techniques as a positive response in the vaginismus-like dysfunction picture were kinesiotherapy associated with the use of abdominal breathing and relaxation techniques. It is also noteworthy that, along with physiotherapy, in the routine of women\’s health care, a delicate approach, a complete assessment and a multidisciplinary treatment are necessary to improve the quality of life, increase self-esteem and sexual satisfaction of the couple. Thus, it is important to encourage clinical approaches and more targeted responses to the effectiveness of physical therapy techniques in DSF and vaginismus, contributing to research on the subject.
Keywords: Physiotherapy. Rehabilitation. Female Sexual Dysfunction. Vaginismus
1. INTRODUÇÃO
Até o século XVIII, que as disfunções sexuais (DS) eram tidas como fatores externos ao indivíduo, de forma que a orientação sexual “correta” era até então, imposta pela Igreja em nome dos bons costumes. No século XIX, a sexualidade foi relacionada à puberdade, ao início da capacidade reprodutiva. Assim, tal descoberta levou o estudo da sexualidade ao campo da Medicina. No século XX, com os avanços da Psicanálise, Fisiologia e Sociologia, foram classificadas as DS como quadros patológicos. [1]
A Organização Mundial de Saúde (OMS) caracteriza o conceito de sexualidade como: Uma energia que nos motiva a procurar amor, contato, ternura, intimidade, que se reporta ao modo como nos sentimos, movemos tocamos e somos tocados; sendo sensual e também sexual; influencia sentimentos, pensamentos e ações, sendo um fator natural para a autoestima agindo diretamente nossa saúde física e mental [2].
Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística das Desordens Mentais (DSM-V .2014), a função sexual envolve uma interação complexa entre fatores biológicos, socioculturais e psicológicos. É controlada por uma interação equilibrada entre todas as partes do sistema nervoso, sendo interrompido por afetos negativos ou conflitos e inibições de ordem física e psicológica. Interferindo tanto na qualidade de vida quanto nos relacionamentos sexuais [3,4].
Sendo então, a função sexual um conjunto de estágios físicos e psicológicos, atuando progressivamente durante a atividade sexual, que leva ao ciclo de resposta sexual. O bloqueio ou inibição de qualquer fase deste ciclo (desejo, excitação, orgasmo e resolução) causa uma disfunção sexual. A prevalência da disfunção sexual no Brasil varia de 13,3% a 79,3% [5].
Para o DSM-IV, Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e a OMS (1993), vem considerar a resposta sexual humana na associação entre os modelos de Kaplan, (1977) e Masters, Johnson (1984) enfatizando que a resposta sexual consiste em uma sequência temporal e ordenada em um conjunto de quatro etapas e envolvem componentes psicológicos e somáticos: Desejo, excitação, orgasmo e resolução ou relaxamento [6].
Mais tarde, uma nova alternativa de Basson (2001) à resposta sexual feminina, considerando a sequência tradicional aplicável apenas no início do relacionamento sexual, onde, as mulheres valorizam mais a intimidade que a estimulação sexual física. As mulheres iniciam o ato sexual com neutralidade, com baixo entusiasmo e interesse, desejando apenas contato físico e carinho, e quando acontece, a mulher vai experimentando satisfação emocional e assim mais desperta para o sexo [7].
Portanto, a disfunção sexual feminina (DSF) é definida como um bloqueio parcial ou total da resposta fisiológica, causada pela perturbação de uma ou mais fases do ciclo de resposta sexual ou pela queixa de dor em qualquer momento da atividade sexual. Segundo o DSM – V, as disfunções sexuais formam um grupo heterogêneo de transtornos, que se caracterizam por perturbação significativa na capacidade de uma pessoa experimentar prazer sexual, causando sofrimento no indivíduo [8].
Em Consenso Internacional, foram realizadas revisões das classificações (DSM-IV-TR) até então, adotadas para as DSFs (disfunções sexuais femininas). São elas: transtorno de interesse / desejo sexual; transtorno de excitação sexual; transtorno orgásmico; transtorno da aversão sexual; dispareunia e vaginismo [9].
O vaginismo é a dificuldade ou impossibilidade d e penetração de qualquer objeto, dedo ou do pênis na vagina. A dispareunia é definida como dor recorrente ou persistente associada à relação sexual gerada por alterações físicas ou psicológicas[10].
O estudo pretende demostrar a eficácia e a prática da fisioterapia pélvica nas disfunções sexuais femininas no vaginismo, que afeta a qualidade de vida da mulher, trazendo mais esclarecimentos, diminuindo tabus e suas consequências. Portanto, diante dessa abrangência e devido também à escassez de publicações específicas sobre o tema, o presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica ressaltando a efetividade do tratamento fisioterapêutico no tratamento da DSF – vaginismo e suas técnicas.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
A realização desse estudo trata-se de uma revisão bibliográfica, seguindo as normas de Vancouver, com buscas desenvolvidas a partir de abril de 2020, com prazo para entrega em 2021. Foram realizadas buscas mediante pesquisa literária nas bases de dados como a PubMed, SciElo, Bireme, Medline, Lilacs, Google acadêmico, em artigos científicos, monografias, dissertações, teses, documentos legais e livros que abordam o tema. Tendo como descritores utilizados: “Disfunção sexual feminina”, “Vaginismo”, “Fisioterapia e Reabilitação”. Os artigos escolhidos tiveram como critérios de exclusões: artigos duplicados, artigos com datas fora da validade solicitada e os que não se encaixavam no objetivo proposto. Os critérios de inclusão foram artigos de revisão publicados entre o período de 2014 a 2020 sobre disfunção sexual feminina no vaginismo e a fisioterapia como tratamento e/ou os seus efeitos, publicados na língua inglesa e portuguesa. Após leitura do resumo e/ou artigos, foram excluídos os textos de revisão que abordavam outras doenças além do vaginismo, assim como, reabilitação baseada em métodos invasivos não praticados por fisioterapeutas. Os artigos selecionados foram analisados pelo tema proposto, nos tipos de intervenção fisioterápica e nos resultados encontrados.
3. RESULTADOS/DISCUSSÃO
Atualmente, Segundo a DSM-V, vem apresentar novos critérios de diagnóstico para o Transtorno da Dor Gênito-Pélvica/Penetração (vaginismo e dispareunia) – como dificuldade persistente ou recorrente com um (ou mais) dos seguintes sintomas [8,12]:
As disfunções sexuais fazem parte das síndromes comportamentais associadas às perturbações fisiológicas e fatores físicos, prescritas no CID-10, capítulo 5. A partir de 2014 e, de acordo com DSM-V e a OMS, passaram por nova classificação, sendo: transtorno de desejo/excitação, transtorno de orgasmo e transtorno de dor genito-pélvica/penetração (vaginismo e dispareunia) [7,11].
Dor durante a penetração vaginal, dor vulvovaginal ou pélvica durante a atividade sexual vaginal ou na tentativa de penetração, medo ou ansiedade intensa de dor em antecipação, durante ou como resultado da penetração vaginal, tensão acentuada dos músculos do assoalho pélvico, durante tentativa de penetração, estando esses sintomas presentes em quase todas ou todas as ocasiões por um período mínimo de 6 meses.
Um estudo americano (Sexual dysfunction in the United States: revalence and predictors) demonstrou uma alta prevalência de DSF, representando 43%. Já em duas pesquisas brasileiras, relataram a prevalência de qualquer tipo de disfunção sexual entre 28 e 49%. Transtorno da excitação sexual 33,3%, transtorno do orgasmo feminino com taxas entre 18 e 29,3%, seguida de 26,7% para o transtorno desejo sexual hipoativo, dispareunia em 23,1% ,depois o vaginismo com 1 a 6%. Ainda, foi relatado que apenas 18,8% das mulheres procuram ajuda profissional para distúrbios sexuais [9,12,13].
No Transtorno de Dor Gênito-Pélvica/Penetração, uma estimativa americana revelou que aproximadamente de 15% a 20% das mulheres com idades entre 18 e 64 anos, são acometidas por essa disfunção, já uma pesquisa brasileira evidenciou a prevalência de 17,8% para esta condição [14].
Contudo, o vaginismo é uma doença pouco compreendida, sendo caracterizada por uma contração muscular involuntária dos músculos do pavimento pélvico e do terço externo da vagina durante as tentativas de intercurso sexual, o que resulta em dor e aversão à penetração [15].
Classificando o vaginismo em primário, em que a dificuldade sexual se manifesta desde a primeira tentativa de penetração ou secundário, que se apresenta após um período de vida sexual ativa, determinado por uma motivação suficientemente forte para estabelecer e condicionar uma resposta espasmódica protetora [16].
Apresentando etiologia multifatorial, e, uma das causas do vaginismo é a ansiedade fóbica das mulheres antes da penetração vaginal. De fatores psicossociais geralmente ligados à educação sexual castradora, punitiva e/ou religiosa, vivências sexuais traumáticas, de causas físicas como anormalidades do hímen e congênitas, atrofia vaginal, endometriose, infecções, lesões vaginais, tumores e doenças sexualmente transmissíveis [17,18].
Os estudos sobre o vaginismo ainda são restritos, sendo uma disfunção com difícil diagnóstico ou tratamento. Ainda não é facilmente diferenciado de dispareunia. Deve ser tratada de forma multidisciplinar, numa combinação de reeducação no manejo da dor e fisioterapia para o relaxamento do assoalho pélvico, terapia sexual, abordagens médicas e farmacológicas [11, 19,20].
Atualmente, a fisioterapia pélvica vem sendo um novo ramo de grande atuação com recursos que promovem muitos benefícios à saúde da mulher, promovendo a diminuição do quadro álgico, fortalecimento ou relaxamento dos músculos pélvicos e estimulação da consciência corporal. Assim, a intervenção fisioterapêutica com técnicas manuais e exercícios proprioceptivos pode influenciar na qualidade de vida das mulheres portadoras do vaginismo [21].
3.1 – VAGINISMO
3.2 – MORFOLOGIAS PÉLVICAS
Para compreender os recursos utilizados, faz-se necessário compreender a anatomia básica do assoalho pélvico. A pelve é constituída por quatro ossos que possuem uma forma anelar e através dos quais o peso do corpo é transmitido para os membros inferiores. São eles: o sacro, localizado na região posterior; o cóccix, que forma a parte inferior da coluna vertebral; e os dois ossos ilíacos laterais. Os ossos da pelve articulam-se por meio de três articulações: sínfises púbica, sacro-ilíaca e sacro-coccígea [22].
O que permite a estabilidade funcional durante a locomoção humana. Além de seus órgãos, a bexiga, vagina, útero e reto, que exercem a função normal da pelve. Entre as principais funções dos músculos do assoalho pélvico (AP) têm-se o suporte dos órgãos pélvicos, a manutenção da continência urinária e fecal, e a função sexual [22].
O assoalho pélvico (AP) é uma estrutura complexa, constituído por músculos liso e estriado, ligamentos e fáscias. É formado pelo diafragma pélvico e diafragma urogenital ou períneo. O diafragma pélvico é composto pelos músculos elevadores do ânus e pelos músculos coccígeos. O músculo elevador do ânus é dividido em quatro partes: pubococcígeo, iliococcígeo, puborretal e pubovaginal (mulheres). [2]
Os órgãos genitais externos são também denominados em seu conjunto pudenda ou pudendo feminino ou mais comumente vulva. Esses órgãos incluem o monte púbico, os grandes e pequenos lábios, a vagina, o clitóris e o hímen [23].
Na reabilitação dos Músculos do Assoalho Pélvico (MAP), há um efeito positivo na vida sexual das mulheres. A conscientização e a propriocepção dessa musculatura promovem maior percepção da região pélvica, melhorando o desempenho e a satisfação sexual da mulher além da função fisiológica [24].
Consta na literatura vigente, que mesmo com os elevados números de ocorrência de DSF, grande parte destas mulheres não busca ajuda médica, por vergonha, por frustração ou por falhas nos tratamentos e/ou em diagnósticos corretos [25].
Contudo, os tratamentos terapêuticos atualmente vêm aumentando o interesse das mulheres, uma vez que tem disseminado os benefícios e quebrando estigmas. Assim, a fisioterapia pélvica passa a ser um caminho combinado de várias intervenções terapêuticas como médica, psicológica e farmacológica para o tratamento das DSFs [26].
3.3 – RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS
Para isso, atualmente na fisioterapia pélvica, diversas técnicas são utilizadas, como a cinesioterapia, eletroestimulação, biofeedback, terapia manual, ginástica hipopressiva, terapia comportamental cognitiva, cones e dilatadores vaginais, contudo, há poucos estudos voltados para essa disfunção o vaginismo [6, 27].
CINESIOTERAPIA- treinamento da musculatura do assoalho pélvico (TMAP) ou exercícios de Kegel. Consistem em realizar contrações voluntárias da musculatura do assoalho pélvico, para ganho de força, melhorar conscientização e propriocepção perineal, podendo associar a respiração [25].
ELETROESTIMULAÇÃO- trata-se de um método que consiste em um dispositivo elétrico o qual é colocado de forma intravagial, intra-anal ou de superfície, o dispositivo é capaz de produzir estímulos elétricos em frequência de 10hz e 50 hz no nervo pudendo, aumentando a pressão intrauretral o fluxo sanguíneo do pavimento pélvico e a ação das fibras rápidas, induzindo a uma contração passiva dos MAP, melhorando a função e conscientização perineal[25].
BIOFEEDBACK – Método para reeducação da pelve, sendo constituído de um dispositivo capaz de avaliar a realização de contrações voluntárias exercidas pelo assoalho pélvico, é introduzido uma sonda inflável que após insuflada o paciente realiza uma contração, que será visualizada e graduada no visor do aparelho, com isso melhora contração e controle perineal[26].
TERAPIA MANUAL – é um conjunto de métodos com intenção terapêutica, onde é aplicado toque manual sobre os tecidos musculares, é empregada no alivio de tensões e retirada de pontos gatilhos. Melhorando o tônus, vascularização e relaxamento perineal [26].
GINÁSTICA HIPOPRESSIVA – O método se aplica em exercícios em diversas fases, a primeira sendo a fase de inspiração diafragmática, depois de expiração completa seguida de uma aspiração diafragmática, nesta fase ocorre o surgimento de contrações dos músculos abdominais profundos com ativação dos intercostais, contando ainda com a elevação das cúpulas diafragmáticas, podendo ser co-ativado a musculatura do assoalho pélvico [26].
TERAPIA COMPORTAMENTAL COGNITIVA – Possibilita a identificação de problemas causadores da disfunção sexual e auxilia na melhora da ansiedade e no conhecimento dos mitos relacionados às questões sexuais. São informações básicas relacionadas à sexualidade, anatomia e fisiologia sexual por meio de fotos, exercícios que visam o autoconhecimento e consciência corporal através controle dos músculos perineais, de auto focagem no espelho, auto toque, promovendo estímulos visuais e táteis [19]
CONES VAGINAIS – É realizado com uso de cones vaginais intracavitário, compostos por um conjunto de cinco pesos diferentes, variando aproximadamente de 20 a 70 gramas. Os cones vaginais têm como objetivo promover aumento de força e resistência por meio de recrutamento da musculatura pubiococcígea e maior conscientização perineal, retendo na vagina durante um minuto, sendo realizada uma contração voluntária dos músculos do assoalho pélvico, de forma ativa e até mesmo passiva [26].
Observou-se nos estudos que, todos possuem a mesma corroboração, onde os efeitos da fisioterapia e dos seus recursos para melhora do quadro da sintomatologia do vaginismo contribuem de forma satisfatória porque melhorou a consciência corporal, aliviou o quadro álgico, permitiu na penetração e dessensibilização da região vaginal. [21]
Nestes estudos analisados foi evidenciado que o recurso da cinesioterapia do assoalho pélvico foi o mais utilizado, tendo em vista sua aplicação nos estudos de maneira associada seguido do recurso de respiração abdominal e técnicas de relaxamento e as demais técnicas. [21]
FIGURA 2. –FLUXOGRAMA – Resultados das pesquisas para revisão
FIGURA 3. Tabela 1. Artigos selecionados para a discussão
Autor/ano | Titulo/artigo | Objetivo/artigo | Conclusão |
[2] Peruzi J 2018 | Fisioterapia nas disfunções do AP e na sexualidade durante a gestação | Mostrar a eficácia da fisioterapia, através de treinamento dos MAP, nas disfunções do AP e sua influência na sexualidade durante o período gestacional. | O treinamento dos MAP mostrou ser de grande relevância tanto para a reabilitação quanto para a prevenção da força muscular do AP, melhorando a resposta sexual ou evitando o aparecimento de suas consequentes disfunções. |
[6] Delgado 2015 | Recursos fisioterapêuticos utilizados na DSF | Identificar as técnicas fisioterapêuticas mais utilizadas no tratamento das disfunções sexuais femininas, baseando-se na literatura. | Técnicas fisioterapêuticas para o ttº das disfunções, como a cinesioterapia, eletroestimulação, biofeedback, cones vaginais e terapias manuais, tem resultados satisfatórios com base na reeducação perineal. |
[10] Sartório DVB – 2018 | Atuação da fisioterapia nas DSFs – Revisão de literatura | Verificar os resultados sobre a efetividade do tratamento fisioterapêutico da dor genitopélvica de penetração (dispareunia/ vaginismo). | Foram observadas diferentes terapêuticas: a cinesioterapia, eletroestimulação, ginástica hipopressiva, biofeedback, cones vaginais e terapia manual. Os estudos apresentaram as melhoras dos sintomas associados às disfunções sexuais, demonstrando os benefícios da fisioterapia. |
[17] Junior AGP 2014 | O vaginismo como problema de saúde a ser resolvido na ótica fisioterapêutica e multidisciplinar. Revisão bibliográfica | Uma revisão sobre os aspectos diagnóstico, fisiopatologia, incidência, tratamento e características biopsicossociais no vaginismo nas mulheres com essa disfunção. | Foi observada uma melhora na função sexual nas mulheres, devido ao aprendizado do controle do MAP e o conhecimento corporal. |
[19] Tomem A 2015 | A fisioterapia pélvica no tratamento de mulheres portadoras de vaginismo | Objetivou levantar as técnicas mais utilizadas atualmente em fisioterapia pélvica para o tratamento do vaginismo | Os resultados do estudo demonstraram que a fisioterapia promove efeito significativo sobre a qualidade de vida e satisfação sexual de mulheres com vaginismo. |
[21] Marinho- LB – 2020 | Intervenção fisioterapêutica no vaginismo tipo primário: Revisão integrativa | Descrever a atuação da fisioterapia no vaginismo do tipo primário e identificar os recursos fisioterapêuticos mais utilizados no tratamento do vaginismo baseando-se na literatura. | Observou-se que das várias técnicas utilizadas como resposta positiva no quadro da disfunção tipo vaginismo, a maior abordagem foi o fortalecimento dos músculos do AP. |
[25] Trindade SB – 2017 | Atuação fisioterapêutica nas DSF | Mostrar a importância da fisioterapia ginecológica e atuação do fisioterapeuta no tratamento das DSF. | A fisioterapia dispõe de diversos recursos para o tratamento das DSF: a cinesioterapia, eletroterapia, terapia manual e a combinação dessas técnicas. Não foram observadas contra-indicações das técnicas utilizadas para o tratamento. |
O estudo realizado por Peruzi J, trouxe destaque da fisioterapia nas disfunções sexuais, enfatizando o treinamento dos MAP (TMAP) visando ativar a circulação local, promover equilíbrio muscular, o que reflete na autoestima e consequente melhora na qualidade de vida. Concluiu que a fisioterapia é de grande valor para melhora da força dos MAP, vem minimizar as disfunções sexuais e aumentar a qualidade de vida conjugal [2].
Segundo o estudo de Delgado AM, corroborado pelos estudos acima selecionados, evidência a cinesioterapia para a musculatura do assoalho pélvico que conduz a reeducação da mesma pelas contrações isoladas dos músculos associadas ao posicionamento da pelve e respiração adequada, podendo ser associada a outras técnicas, sendo vantajosa pela fácil aplicação e baixo custo e sua efetivação [6,21]
Para Sartori, o uso de dilatadores vaginais, também citado no estudo de Junior AGP, Tome e Marinho LB , fazendo o uso de relaxamento por meio de técnicas manuais e cinesioterapia dos músculos do AP para o tratamento do vaginismo. Ainda, os autores destacam a importância do tratamento multidisciplinar para as disfunções sexuais. [10,17,19,21]
Por outro lado, o estudo citado de Junior AGP e Tome, relata que o tratamento do vaginismo baseia-se na normalização do tônus muscular, a trabalhar o relaxamento e contração da MAP. Os recursos fisioterapêuticos citados são a cinesioterapia, eletroestimulação, biofeedback, exercícios de Kegel, cones vaginais, técnicas de dessensibilização, dilatadores graduados vaginais, massagem perineal e a terapia manual para liberação de pontos de gatilho mais afetados pelo vaginismo. [17,19]
De acordo com Marinho LB, com a identificação do órgão genital através do conhecimento perineal no espelho, obtendo propriocepção da musculatura com exercício de kegel, com relaxamento associados à respiração abdominal, a fisioterapia obteve resultado positivo com as técnicas utilizadas, já que, a paciente conseguiu tolerar a penetração duas vezes sem dor. [21]
Em concordância com os estudos de Junior AGP e Tome, o uso do biofeedback associado à cinesioterapia ou outras técnicas também foi utilizada neste estudo de Trindade SB. Na avaliação da força perineal, o aparelho registra os potenciais de ação das contrações musculares do AP e traduz sua intensidade por sinais visuais, graduados em mmHg, através de uma sonda inflada, sendo uma forma de conscientização proprioceptiva e aprendizado da correta contração perineal. [19,19,25]
No entanto, somente no estudo de Trindade SB, no tratamento para o vaginismo foi utilizado a Fes (Estimulação Elétrica Funcional) com a cinesioterapia, nesta eletroestimulação há um aumento na excitabilidade do neurônio motor, tanto pela ativação direta de grandes unidades motoras como pelo efeito sensorial produzido pela corrente elétrica sobre a pele. Nesta associação, evidenciou-se a melhora da contratilidade do musculo nas pacientes. Porém, sem correlatos em outros estudos acima relacionados [25]
Neste mesmo estudo de Trindade SB, foi analisado ainda o uso da terapia manual, sendo aplicada sobre os tecidos musculares, sendo empregada no alivio de tensões e retirada de pontos gatilhos. A mobilização dos tecidos moles pode quebrar as ligações de colágenos e de aderências que causam dor e disfunção, melhorando o recrutamento muscular, normalização do tônus e aumento da vascularização local. Em concordância 3 estudos acima, citam a terapia manual nas disfunções sexuais, relataram diminuição da dor, melhora do orgasmo, do desejo e excitação, pois atua no relaxamento da musculatura do assoalho pélvico.[10,17,19,25]
4. CONCLUSÃO
O vaginismo, por ser ainda de difícil diagnostico, sendo de abordagem delicada necessita de uma avaliação completa e um tratamento multidisciplinar, visto que, o mesmo atinge grande parte das mulheres.
Entretanto, a fisioterapia possui seus recursos práticos e de baixo custo, com boas pespectivas em resultados na eficácia terapêutica, além de curto período de tempo. Observou-se que, estes recursos estão sendo aplicados nas DSFs o vaginismo, com resultados satisfatórios em função de estarem baseados na reeducação perineal, através da percepção, controle e relaxamento da MAP.
Os resultados do presente estudo demonstraram que a fisioterapia e eficaz, promove efeito significativo sobre a qualidade de vida e satisfação sexual de mulheres com vaginismo. Foram encontradas diversas formas de tratamento como resposta positiva no quadro da disfunção tipo vaginismo, com a maior abordagem sobre exercícios de cinesioterapia sempre de forma associada.
Ressalta-se ainda que, compreender essa disfunção faz-se necessário, na rotina de atendimento à saúde da mulher, promovendo melhor qualidade de vida, com alivio das dores, elevação de autoestima e na satisfação sexual do casal.
Atualmente, a fisioterapia na saúde da mulher, vem ganhando mais espaço, fazendo-se necessário o profissional na equipe multidisciplinar. Mas, ainda é importante estimular pesquisas a respeito do tema especifico, com abordagens clínicas e respostas mais direcionadas à eficácia das técnicas fisioterápica nas DSFs, o vaginismo.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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