EXPLORANDO PARLENDAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO NO PROGRAMA ALFABETIZA PARÁ NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL SÃO SEBASTIÃO

EXPLORING “PARLENDAS”: EXPERIENCE REPORT ON LITERACY PRACTICES IN THE PROGRAM ALFABETIZA PARÁ AT THE MUNICIPAL ELEMENTARY SCHOOL OF SÃO SEBASTIÃO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202501102116


Creuzeny Cavalcante Barbosa Pinheiro1; Graciane de Castro Taveira2; Pedro Henrique Farias Vianna3; David Gentil de Oliveira4; Gracilene de Castro Ferreira5; Telma Guimarães Rodrigues da Rocha6; Casemira de Cássia Brito de Souza7; Maria Elisa Salazar Morais8; Alessandra Brito Bentes9; Sâmia Farias Siqueira10; Eliane Pereira Barbosa11; Alexandre Raimundo Reis Pereira12; Alice Xavier Aragão13; Thaynara de Moura Bezerra14; Gilson Pereira de Sousa15


Resumo

Este artigo apresenta um relato das atividades realizadas no Programa Alfabetiza Pará, com ênfase na exploração do gênero textual parlendas, direcionado aos alunos do 2º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental São Sebastião, sob a orientação da professora Graciane de Castro Taveira, licenciada em Letras e especialista em neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. A rotina de atividades foi estruturada em três dias, englobando práticas de leitura, oralidade e alfabetização, alinhadas às competências e habilidades previstas pela BNCC. O objetivo principal foi aprofundar a compreensão dos alunos sobre as parlendas, destacando sua estrutura, função e rimas, por meio de metodologias ativas e recursos didáticos do programa. As atividades foram organizadas de forma progressiva, iniciando com a leitura e recitação de parlendas e culminando na produção oral e escrita pelos alunos. O desenvolvimento das práticas revelou avanços significativos, como o aumento do engajamento dos alunos, o aprimoramento da consciência fonológica e a evolução na expressão oral e escrita. A utilização das parlendas como recurso pedagógico mostrou-se eficaz na construção do sistema de escrita alfabética, além de promover um ambiente de aprendizagem colaborativo e lúdico. Os alunos demonstraram maior familiaridade com as rimas e a estrutura do gênero, o que resultou em uma aprendizagem significativa e prazerosa. Os resultados alcançados confirmam a relevância das parlendas no processo de alfabetização, destacando sua contribuição para o desenvolvimento de competências essenciais, como a consciência fonológica e a expressão oral e escrita. Além disso, as atividades evidenciaram a valorização do repertório cultural dos alunos, fortalecendo a identidade e o pertencimento. A experiência destaca o potencial das metodologias ativas e contextualizadas para o ensino de Língua Portuguesa, alinhadas às diretrizes da BNCC, e reforça a importância de recursos didáticos que integrem práticas lúdicas e colaborativas no processo de alfabetização.

Palavras-chave: Parlendas. Alfabetização. Metodologias Ativas.

1. INTRODUÇÃO

A alfabetização nos anos iniciais do Ensino Fundamental desempenha um papel fundamental na formação educacional e social das crianças. Esse processo requer a adoção de abordagens pedagógicas que sejam ao mesmo tempo significativas e contextualizadas, permitindo que os alunos desenvolvam de maneira eficaz suas habilidades de leitura e escrita (DE OLIVEIRA et al., 2024). Nesse cenário, o gênero textual parlenda se destaca como uma estratégia pedagógica promissora, especialmente por sua forte ligação à cultura oral infantil e por apresentar características que facilitam a aprendizagem, como ritmo, repetição e rimas.

A relevância do tema para a área da educação se evidencia na sua capacidade de promover a alfabetização de forma mais significativa e envolvente. As parlendas, enquanto recurso didático, combinam o aspecto lúdico com uma estrutura textual simples, o que permite que as crianças explorem o sistema alfabético de maneira dinâmica (SOARES; SILVA, 2010). Essa abordagem não apenas favorece o desenvolvimento da consciência fonológica, mas também contribui para a ampliação do vocabulário e para o despertar do interesse e engajamento dos alunos no processo de aprendizagem.

Apesar das contribuições positivas das parlendas, observa-se que muitos contextos escolares ainda enfrentam desafios relacionados à implementação de práticas pedagógicas significativas e alinhadas às necessidades dos alunos. Este artigo tem como objetivo geral analisar as contribuições do uso das parlendas no desenvolvimento das habilidades de leitura, escrita, oralidade e análise linguística nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Para isso, o estudo detalha a rotina de três dias implementada pela professora Graciane de Castro Taveira, na turma do 2º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental São Sebastião, localizada em Santo Antônio do Tauá – PA, no âmbito do Programa Alfabetiza Pará.

A escolha deste tema é justificada pela necessidade de se explorar ferramentas didáticas que sejam culturalmente relevantes e pedagogicamente eficazes. Ao destacar as parlendas como recurso de ensino, espera-se contribuir para a compreensão de como elementos da cultura oral podem ser integrados ao currículo escolar, enriquecendo as práticas pedagógicas e tornando o processo de alfabetização mais inclusivo e significativo. Além disso, a experiência relatada neste estudo está alinhada às competências e habilidades preconizadas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), reforçando sua pertinência no contexto educacional brasileiro.

Espera-se que este estudo ofereça contribuições significativas tanto para a academia quanto para os profissionais da educação. Academicamente, visa ampliar o debate sobre práticas pedagógicas baseadas em gêneros textuais da cultura oral. Praticamente, pretende fornecer subsídios para que professores dos anos iniciais possam implementar metodologias inovadoras e eficazes em suas salas de aula, fortalecendo o processo de alfabetização e, consequentemente, a formação de leitores e escritores competentes.

2. METODOLOGIA

A presente pesquisa caracteriza-se como um relato de experiência, tendo como base as práticas de alfabetização desenvolvidas no âmbito do Programa Alfabetiza Pará na Escola Municipal de Ensino Fundamental São Sebastião. Por se tratar de um relato de experiências vivenciadas diretamente em sala de aula, não foi realizada uma seleção de amostra no sentido estrito. As atividades observadas e relatadas envolveram alunos do segundo ano do ensino fundamental, cujas práticas pedagógicas se centraram no uso de parlendas como recurso didático. A escolha das parlendas como estratégia de ensino foi motivada pelo seu potencial de estimular o letramento inicial por meio de textos rimados e ritmados, promovendo a associação entre o som e a grafia das palavras, além de facilitar a memorização e a participação ativa dos estudantes.

A coleta de dados ocorreu por meio de observação participante, em que os pesquisadores acompanharam e documentaram as práticas realizadas com os alunos ao longo das atividades pedagógicas. As observações foram registradas em um diário de campo, descrevendo as estratégias utilizadas, a reação das crianças e os resultados obtidos. Fotografias das atividades realizadas em sala foram utilizadas para ilustrar e complementar o relato, contudo, de acordo com as considerações éticas, as imagens captadas não identificam os alunos, preservando a identidade e a privacidade das crianças. Não houve aplicação de instrumentos de pesquisa direta, uma vez que o foco do estudo foi descrever e analisar as práticas já realizadas.

Quanto à análise dos dados, optou-se por uma abordagem qualitativa descritiva, considerando-se os registros no diário de campo e as evidências visuais obtidas. A análise priorizou a identificação de padrões, desafios e avanços no processo de alfabetização mediado pelo uso das parlendas, destacando as contribuições dessa prática para o desenvolvimento do letramento inicial. Entre as limitações do estudo, destaca-se o fato de que os resultados se referem exclusivamente ao contexto observado, não sendo possível generalizar as conclusões para outras realidades educacionais. Além disso, como se trata de um relato de experiência e não de uma pesquisa empírica, as reflexões são baseadas na percepção dos observadores, o que pode implicar em vieses relacionados à subjetividade da análise

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 

O relato de experiência é uma abordagem metodológica que permite a descrição detalhada de um processo vivido em determinado contexto, com o intuito de compartilhar reflexões e aprendizagens adquiridas. Segundo Moreira (2020), essa prática possibilita ao educador analisar suas próprias vivências no ambiente escolar, promovendo uma compreensão mais profunda sobre o ensino e a aprendizagem. Ao narrar a experiência, o educador não apenas descreve as atividades realizadas, mas também interpreta o impacto dessas ações na dinâmica de ensino, considerando as necessidades e os desafios enfrentados ao longo do processo. Essa reflexão crítica contribui para o aprimoramento das práticas pedagógicas e para o desenvolvimento profissional do docente.

A importância do relato de experiência se dá pela possibilidade de compartilhar práticas pedagógicas bem-sucedidas, o que pode inspirar e motivar outros profissionais da educação a adotarem estratégias similares em seus contextos. De acordo com Mussi, Flores e Almeida (2021), o relato de experiência pode ser visto como um instrumento de valorização da prática docente, pois fornece subsídios para a construção de saberes que transcendem a teoria. Nesse sentido, ao compartilhar suas vivências, o educador contribui para o fortalecimento da comunidade escolar e amplia as possibilidades de inovação e melhoria contínua no ensino. Além disso, o relato de experiência também é uma forma de fortalecer a formação reflexiva, essencial para a formação crítica dos educadores.

Neste trabalho, o relato de experiência tem como foco a implementação de atividades dentro do Programa Alfabetiza Pará, com ênfase no gênero textual parlendas. A análise dos resultados busca verificar o impacto dessas práticas no processo de alfabetização dos alunos do 2º ano do Ensino Fundamental. Conforme Taha et al. (2016), a prática pedagógica deve ser vista como um campo de experimentação, onde é possível refletir sobre a eficácia de diferentes abordagens no processo de ensino e aprendizagem. A partir dessa perspectiva, os resultados apresentados neste estudo contribuem para a compreensão de como atividades lúdicas e metodologias ativas, como as propostas pelo programa, podem promover a aprendizagem significativa dos alunos, ao mesmo tempo em que valorizam o repertório cultural e as práticas sociais da turma.

3.1 Dia 1: Acolhida e introdução às parlendas

A acolhida realizada no primeiro dia, com músicas de parlendas e uma roda de conversa (Figura 1), demonstrou-se um momento crucial para o engajamento inicial dos alunos. A resposta entusiástica e as partilhas espontâneas sobre brincadeiras tradicionais evidenciaram o quanto os estudantes se sentem conectados a esse gênero textual. Esse momento de integração inicial foi essencial para estabelecer um clima de confiança e receptividade, permitindo que os alunos se sentissem confortáveis para participar das atividades seguintes. Além disso, a socialização favoreceu a criação de vínculos entre os colegas, fortalecendo o trabalho em grupo e o desenvolvimento de competências socioemocionais.

Figura 1. Professora Graciane e alunos em uma roda de conversa.

Fonte: Elaboradas pelos próprios autores.

A atividade de alfabetização com a parlenda “Hoje é domingo” destacou-se pela interação ativa dos alunos e pelo despertar de habilidades relacionadas à consciência fonológica. A leitura coletiva (Figura 2) funcionou como um facilitador, possibilitando que os estudantes identificassem as rimas e compreendessem a musicalidade inerente ao gênero. O destaque para a análise das palavras-chave foi uma estratégia eficiente, pois além de reforçar aspectos estruturais do texto, promoveu avanços na segmentação silábica. Foi notável o progresso de alunos com dificuldades iniciais, que demonstraram maior segurança na manipulação de palavras e sílabas, evidenciando a eficácia da abordagem pedagógica.

Figura 2. Alunos realizando leitura coletiva.

Fonte: Elaboradas pelos próprios autores.

A utilização do material de referência do programa contribuiu significativamente para a ampliação do repertório linguístico dos estudantes. A apresentação de diversas parlendas, seguida pela prática da reconstrução oral, mostrou-se eficaz na consolidação dos conhecimentos adquiridos. O foco no ritmo e nas rimas auxiliou no desenvolvimento da oralidade e na memorização das parlendas, elementos fundamentais para a aprendizagem. Durante as atividades, percebeu-se que os alunos recitavam as parlendas com maior fluência, o que reflete o impacto positivo do método adotado na formação de competências linguísticas.

Outro aspecto relevante observado foi o impacto das parlendas na motivação e no envolvimento dos alunos (Figura 3). A ludicidade do gênero textual, aliada à dinâmica das atividades, promoveu uma participação mais ativa e entusiasmada, especialmente entre os alunos que inicialmente apresentavam menor engajamento. Esse resultado ressalta a importância de estratégias que integrem o ensino formal com elementos culturais e tradicionais, tornando o processo de aprendizagem mais significativo e contextualizado para os estudantes.

Figura 3. Envolvimento dos alunos.

Fonte: Elaboradas pelos próprios autores.

Ademais, a prática de reconstrução oral contribuiu não apenas para a fluência verbal, mas também para o fortalecimento da memória e da criatividade dos alunos. Ao recitarem as parlendas com maior segurança, os estudantes demonstraram maior domínio das estruturas rítmicas e melódicas, habilidades que podem ser transferidas para outros contextos da aprendizagem. Esse avanço reforça o papel das atividades interativas e colaborativas como ferramentas potentes para o desenvolvimento de competências comunicativas.

Os resultados do primeiro dia evidenciam que a abordagem metodológica adotada, pautada na interação, ludicidade e na valorização da cultura popular, proporcionou um ambiente rico para o aprendizado. As estratégias utilizadas fomentam tanto o desenvolvimento de habilidades linguísticas quanto a integração social dos alunos. Essa experiência inicial demonstra o potencial das parlendas como recurso pedagógico eficaz e aponta caminhos promissores para sua aplicação em contextos educacionais variados.

3.2 Dia 2: Análise linguística e construção do sistema alfabético

A acolhida no segundo dia, com a recitação coletiva das parlendas, reforçou os conteúdos do dia anterior e permitiu uma continuidade orgânica do aprendizado. A dinâmica de completar versos com palavras que rimam destacou-se como um momento lúdico e interativo, que engajou os alunos de maneira criativa. Essa atividade não apenas consolidou o entendimento sobre rimas, mas também estimulou o raciocínio rápido e ampliou o vocabulário dos estudantes. O entusiasmo demonstrado pela turma evidencia o potencial dessa estratégia para fortalecer a conexão entre o prazer de aprender e o desenvolvimento de habilidades linguísticas.

A atividade de alfabetização, com foco na análise linguística, aprofundou a compreensão estrutural das parlendas e promoveu avanços importantes no domínio do sistema alfabético. A separação silábica no quadro permitiu que os alunos visualizassem e compreendessem melhor a organização fonológica das palavras, enquanto a identificação dos sons iniciais, médios e finais (Figura 4) reforçou a consciência fonêmica. Durante a reconstrução da situação de produção das parlendas, surgiram discussões significativas sobre o contexto cultural e funcional desse gênero textual. Esse momento de reflexão contribuiu para uma aprendizagem mais contextualizada, conectando o conteúdo à realidade dos alunos e enriquecendo suas experiências educacionais.

Figura 4. Aluna identificando os sons iniciais, médios e finais.

Fonte: Elaboradas pelos próprios autores.

A utilização do material de referência do programa foi central para a realização do ditado silábico (Figura 5), que uniu oralidade e escrita de maneira desafiadora, mas eficaz. Apesar dos diferentes níveis de domínio apresentados pelos alunos, a prática colaborativa e as repetições ajudaram a consolidar o aprendizado. Alunos com dificuldades de escrita receberam apoio por meio de intervenções específicas, como auxílio na segmentação silábica e na construção de palavras, o que possibilitou um progresso notável. Esse resultado demonstra a importância de estratégias diferenciadas e inclusivas para atender às necessidades diversas dos estudantes.

Figura 5. Aluno realizando ditado.

Fonte: Elaboradas pelos próprios autores.

Um aspecto relevante foi o impacto do ditado silábico no fortalecimento da relação entre oralidade e escrita. A atividade evidenciou a musicalidade inerente às parlendas, permitindo que os alunos internalizassem padrões rítmicos e melódicos enquanto praticavam a escrita. A integração desses elementos facilitou o desenvolvimento de habilidades ortográficas e fonológicas, especialmente entre aqueles que inicialmente demonstravam maior dificuldade. Ao final da atividade, os alunos não apenas apresentaram maior precisão na escrita, mas também maior confiança em sua capacidade de aprender.

Além disso, o segundo dia trouxe avanços significativos na colaboração entre os estudantes. As atividades coletivas (Figura 6) incentivaram a troca de conhecimentos e o apoio mútuo, fortalecendo o senso de comunidade na sala de aula. Essa dinâmica colaborativa não apenas contribuiu para o aprendizado individual, mas também para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, como paciência, empatia e trabalho em equipe. Tais competências são essenciais para a formação integral dos alunos e refletem a eficácia de uma abordagem pedagógica centrada no coletivo.

Figura 6. Alunos realizando atividades coletivas.

Fonte: Elaboradas pelos próprios autores.

Os resultados alcançados no segundo dia reforçam o valor das parlendas como ferramenta pedagógica. As atividades propostas integraram oralidade, escrita e reflexão de maneira harmoniosa, promovendo uma aprendizagem significativa e contextualizada. As estratégias utilizadas, aliadas a intervenções individualizadas e a um ambiente de colaboração, possibilitaram o progresso dos alunos em múltiplas dimensões. Esse relato de experiência evidencia como práticas baseadas em gêneros textuais tradicionais podem ser adaptadas de forma criativa e eficiente para atender aos objetivos educacionais contemporâneos.

3.3 Dia 3: Produção oral e escrita de parlendas

O terceiro dia de atividades focadas nas parlendas foi marcado por significativos avanços no processo de ensino e aprendizagem. A acolhida, com a revisão das parlendas trabalhadas anteriormente, revelou-se fundamental para consolidar o conhecimento adquirido. Durante essa etapa, os alunos demonstraram retenção de conteúdo e engajamento nas discussões sobre estrutura e rimas. A capacidade de recordar e aplicar o que foi aprendido evidencia a eficácia da abordagem pedagógica utilizada, destacando a importância da repetição e do reforço para fixação dos conceitos.

A atividade de alfabetização, centrada na produção coletiva de novas parlendas, foi um marco de criatividade e colaboração. Ao trabalhar em grupos (Figura 7), os alunos tiveram a oportunidade de aplicar de maneira prática os conhecimentos sobre rimas e estrutura. Essa dinâmica não apenas fomentou o pensamento criativo, mas também incentivou a cooperação, permitindo que todos contribuíssem com ideias. A apresentação oral das parlendas criadas proporcionou um ambiente lúdico e acolhedor, no qual os alunos se sentiram à vontade para se expressar. Alunos mais tímidos ou com dificuldades na fala também participaram, demonstrando progresso e superação de barreiras relacionadas à oralidade.

Figura 7. Alunos realizando trabalhos em grupo.

Fonte: Elaboradas pelos próprios autores.

A leitura comparativa de uma nova parlenda, sugerida pelo material de referência do programa, ampliou a compreensão do gênero textual. Ao identificar semelhanças e diferenças entre a parlenda original e as criadas pelos grupos, os alunos desenvolveram habilidades críticas e analíticas. Essa atividade promoveu reflexões sobre o contexto cultural e a funcionalidade das parlendas, ajudando a consolidar não apenas aspectos técnicos de alfabetização, mas também competências de análise linguística e semiótica. O debate gerado ao longo do exercício destacou o potencial das parlendas para enriquecer discussões educacionais e culturais.

Um dos aspectos mais relevantes do terceiro dia foi o impacto positivo na autoestima e na expressão dos alunos. A criação de parlendas originais e a oportunidade de apresentá-las (Figura 8) à turma ofereceram um espaço para o desenvolvimento da confiança e da autonomia. Os alunos se sentiram valorizados por suas contribuições criativas, o que resultou em um maior engajamento e motivação para continuar aprendendo. Essa experiência reforça a importância de atividades que integrem produção oral e escrita como forma de promover o protagonismo estudantil.

Figura 8. Aluna apresentando uma parlenda.

Fonte: Elaboradas pelos próprios autores.

Além disso, o trabalho em grupo evidenciou a força da aprendizagem colaborativa. A interação entre os alunos durante a produção das parlendas proporcionou a troca de ideias e conhecimentos, promovendo um ambiente de aprendizado rico e dinâmico. Essa abordagem reforça habilidades sociais, como o respeito às opiniões dos colegas e o trabalho em equipe, que são fundamentais para o desenvolvimento integral do estudante. A colaboração foi especialmente benéfica para alunos com mais dificuldade, que se sentiram apoiados pelos colegas e demonstraram avanços perceptíveis.

As atividades realizadas no terceiro dia demonstraram como o uso de gêneros textuais tradicionais, como as parlendas, pode ser adaptado para um ensino moderno e significativo. A integração de oralidade, escrita e reflexão crítica proporcionou um aprendizado completo e contextualizado. O progresso observado nos alunos, tanto no domínio técnico quanto no desenvolvimento emocional e social, confirma o valor de metodologias que mesclam criatividade, cooperação e análise crítica no processo de alfabetização. Essa experiência ressalta o potencial das parlendas como ferramentas pedagógicas multifuncionais e culturalmente relevantes.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As atividades desenvolvidas ao longo dos três dias, centradas no uso das parlendas como ferramenta pedagógica, demonstraram avanços significativos no desenvolvimento das habilidades linguísticas dos alunos, especialmente no que se refere à alfabetização, à consciência fonológica e à expressão oral. O objetivo de explorar o gênero textual das parlendas foi cumprido, uma vez que as atividades não apenas engajaram os estudantes, mas também promoveram um aprendizado contextualizado e significativo. A participação ativa dos alunos, o progresso na compreensão das rimas, a criação coletiva de novas parlendas e a reflexão crítica sobre o gênero textual indicam que os objetivos pedagógicos foram atingidos com êxito.

Em relação ao problema da pesquisa, que visava verificar a eficácia das parlendas na aprendizagem da língua e no desenvolvimento da expressão oral e escrita, os resultados obtidos são claros. O uso das parlendas demonstrou ser uma abordagem eficaz para fortalecer a alfabetização, promover a cooperação entre os alunos e melhorar a autoestima dos estudantes. Além disso, a análise linguística e as atividades de produção e reflexão crítica ampliaram a compreensão dos alunos sobre o gênero, atendendo ao problema inicial da pesquisa. A prática colaborativa e as intervenções específicas para alunos com dificuldades evidenciam o impacto positivo dessa metodologia no aprendizado de todos os participantes.

Contudo, algumas limitações do estudo precisam ser reconhecidas. A amostra restrita de alunos e o curto período de tempo disponível para a implementação das atividades podem ter limitado a profundidade da análise e a generalização dos resultados. Além disso, a variabilidade nos níveis de habilidade entre os alunos pode ter influenciado as respostas individuais durante as atividades, sendo necessário um acompanhamento mais contínuo para garantir um desenvolvimento equitativo. Para futuras pesquisas, seria interessante explorar a aplicação de atividades com parlendas em diferentes contextos escolares e com maior diversidade de alunos, além de investigar o impacto dessa abordagem em longo prazo. As implicações práticas sugerem que metodologias que integrem práticas colaborativas, criatividade e reflexão crítica podem ser amplamente benéficas no ensino da língua portuguesa, especialmente em etapas iniciais da alfabetização.

REFERÊNCIAS

DE OLIVEIRA, Adriana do Socorro et al. O papel da família na alfabetização. Rebena-Revista Brasileira de Ensino e Aprendizagem, v. 9, p. 293-303, 2024.

MOREIRA, Jefferson da Silva. Implicações do estágio supervisionado na constituição da identidade profissional: relato de experiência. Revista de Estudos em Educação e Diversidade-REED, v. 1, n. 2, p. 375-391, 2020.

MUSSI, Ricardo Franklin de Freitas; FLORES, Fábio Fernandes; ALMEIDA, Claudio Bispo de. Pressupostos para a elaboração de relato de experiência como conhecimento científico. Revista práxis educacional, v. 17, n. 48, p. 60-77, 2021.

SOARES, Mariana Schuchter; SILVA, T. A. Literatura oral: as parlendas e o lúdico na escola. Revista de Letras, Artes e Comunicação. Blumenau, n. 1, p. 31-43, 2010.

TAHA, Marli Spat et al. Experimentação como ferramenta pedagógica para o ensino de ciências. Experiências em ensino de ciências, v. 11, n. 1, p. 138-154, 2016.


1Especialista em Ensino de Ciências e Matemática na Educação Infantil, Universidade Federal do Pará, creuzenytaua@hotmail.com
2Especialista em Letras e Literatura, Centro Universitário Leonardo da Vinci, kastrotaveira@gmail.com
3Mestre em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos, Universidade Federal de Roraima, pedrofanna@gmail.com
4Doutorando em Ensino de Ciências e Matemática, Universidade de Passo Fundo, profdavidgentil@hotmail.com
5Mestre em Geografia, Universidade Federal do Pará, gracilenekastro@gmail.com
6Especialista em Ensino de Ciências e Matemática para Educação Infantil, Universidade Federal do Pará, telmalucas1@yahoo.com.br
7Especialista em Psicopedagogia, Centro Universitário Leonardo da Vinci, cassiabrito522@gmail.com
8Especialista em Política da Promoção da Igualdade Racial na Escola, Universidade Federal do Pará, sallazarbet@gmail.com
9Especialista em Educação e Ciências, Universidade Federal do Pará, bentesab@hotmail.com
10Especialista em Educação do Campo, Instituto Federal do Pará, sfariassiqueira@gmail.com
11Especialista em Alfabetização e Letramento, Centro Universitário Leonardo da Vinci, pareirababosaeliane@gmail.com
12Especialista em Metodologia do Ensino de Geografia, Centro Universitário Leonardo da Vinci, geografia2985@gmail.com
13Licenciada em Pedagogia, Universidade do Estado do Pará, alicexavier3010@gmail.com
14Licenciada em Educação Física, Instituto de Ensino Superior Franciscano, tsimons_@hotmail.com
15Licenciando em Música, Centro Universitário Internacional, madreshoponline@gmail.com