EXAMES COMPLEMENTARES PARA AUXILIAR NO DIAGNÓSTICO DA MALÁRIA NO BRASIL

COMPLEMENTARY TESTS TO HELP IN THE DIAGNOSIS OF MALARIA IN BRAZIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11153224


Brenno Nunes Cardoso Queiroz1
Giovanna Luiza Rabelo de Abreu1
Natália Correia1
Pedro Santos Chaves1
Murillo de Sousa Pinto2


RESUMO: 

A malária é uma doença que tem um impacto negativo considerável no Brasil, por isso o Ministério da Saúde intensificou suas ações em parceria com os estados e municípios para contenção da doença e como consequência desse trabalho observou-se o maior declínio de casos de malária dos últimos 40 anos. Com objetivo de contribuir com a redução dos danos causados pela malária o presente estudo visa reforçar o uso de exames complementare para auxiliar o padrão ouro de diagnóstico de malária, a gota espessa, para otimizar o diagnóstico da doença em locais de difícil acesso ou em situações que os exames complementares serão mais eficazes visando atender o paciente da melhor forma, dando um diagnóstico precoce que é essencial para o tratamento correto e oportuno da malária, contribuindo assim para reduzir sua gravidade e letalidade. Elaborado a partir de pesquisas realizadas em artigos publicados sobre a Malária no Brasil e no mundo, recorremos ao banco de dados das seguintes plataformas: SciELO (Scientific Electronic Library Online), PubMed (National Library of Medicine) e no Google Academy, utilizando a palavra chave “malária” para buscar os artigos relacionados ao tema.

PALAVRAS-CHAVE: MALÁRIA; EXAME; DIAGNÓSTICO.

ABSTRACT:

Malaria is a disease that has a considerable negative impact in Brazil, which is why the Ministry of Health intensified its actions in partnership with states and municipalities to contain the disease and as a result of this work, the greatest decline in malaria cases was observed in Brazil. last 40 years. With the aim of contributing to the reduction of damage caused by malaria, this study aims to reinforce the use of complementary exams to assist the gold standard of diagnosing malaria, the thick drop, to optimize the diagnosis of the disease in places that are difficult to access or in situations that complementary exams will be more effective in order to better serve the patient, providing an early diagnosis that is essential for the correct and timely treatment of malaria, thus contributing to reducing its severity and lethality. Prepared from research carried out on articles published about Malaria in Brazil and around the world, we used the database of the following platforms: SciELO (Scientific Electronic Library Online), PubMed (National Library of Medicine) and Google Academy, using the word “malaria” key to search for articles related to the topic.

KEYWORDS: MALARIA; EXAMINATION; DIAGNOSIS. 

INTRODUÇÃO:

A malária é uma doença causada pelos protozoários do gênero Plasmodium, e tem um impacto não apenas no Brasil mas no mundo todo, ela pode ser transmitida tanto pela picada do mosquito do gênero Anopheles infectado com o Plasmodium como também por contato com sangue de uma pessoa infectada. No caso da picada do mosquito o agente infeccioso vai para o fígado rapidamente onde se multiplicam e seguem para a corrente sanguínea destruindo as hemácias do sangue, já no caso de contaminação por sangue infectado pode acontecer em consequências de transfusão sanguínea ou transplante de órgão, ou de formas mais simples como uma seringa contaminada (FIOCRUZ, 2007).

Diante dos altos índices de contaminação da população, o Ministério da Saúde intensificou suas ações em parceria com os estados e municípios. Em 2002, observou-se o maior declínio de casos de malária dos últimos 40 anos. Foram 349.896 casos, uma queda de 45,1% em relação a 1999. Em 2003, o número de casos continuou diminuindo, entretanto, com menor intensidade, uma redução de 13%. Em 2004 voltou-se a observar um aumento da doença no Brasil, com 459.000 casos e esse número continuou a aumentar em 2005 quando foram registrados 597.000 casos, com dezenas de mortes. Em 2006, embora tenha havido uma pequena redução em relação a 2005, ainda foram registrados alarmantes 546.000 casos de malária no Brasil (França, 2008).

O diagnóstico da doença é feito por meio da gota espessa ou do esfregaço sanguíneo através da microscopia. Este exame requer um bom microscopista, pois a identificação do parasita pode ser dificultada por conta da distribuição das hemácias durante a confecção da lâmina, entre outros problemas. Procura-se, portanto, observar parasitas intraeritrocitários, enfatizando suas características morfológicas (NEVES, 2006; REY, 2011). Assim sendo, é de essencial importância adquirir aptidão no microscópio para ter a certeza do diagnóstico da malária (NEVES,2006). 

 No Brasil, cerca de 500 mil casos de malária são notificados por ano, mas estima-se que o número real seja em torno de um milhão (CIMERMAN; CIMERMAN, 2010). Com esse alto índice de casos, é necessário um diagnóstico preciso e precoce, evitando assim o aumento da mortalidade entre os portadores e também um maior investimento em uma combinação de métodos de controle possíveis e aplicáveis em cada ecossistema. 

Apesar do exame da gota espessa apresentar inquestionável vantagem para o diagnóstico, uma série de fatores pode interferir nos resultados obtidos que serão discutidos logo à frente (MENDES, 2022). Por esta razão, nos últimos anos métodos alternativos e/ou complementares ao exame da gota espessa têm sido disponibilizados.  

Entre as propostas hoje disponíveis para o breve diagnóstico da malária, destacam-se os testes rápidos que são uma importante ferramenta de ampliação da rede de diagnóstico e tratamento para malária, principalmente em áreas remotas ou em locais onde a microscopia é de difícil realização (MENDES, 2022). Além do uso de protocolos moleculares em PCR que apresenta maior sensibilidade superior a microscopia padrão. 

Diante destas questões o presente estudo visa reforçar o uso de exames complementares (Teste rápido, PCR) para auxiliar o padrão ouro de diagnóstico de malária, a gota espessa, para otimizar o diagnóstico da doença em locais de difícil acesso ou em situações que os exames complementares serão mais eficazes visando atender o paciente e melhora da saúde pública em âmbito nacional.

METODOLOGIA:

Este trabalho segue a metodologia de estudo com os conceitos de uma revisão bibliográfica, que é definida por GARCIA (2016), como “a fundamentação teórica, o estado da arte do assunto que está sendo pesquisado”, tendo como objetivo a solução de um problema utilizando como base o conceito teórico já publicado por outros pesquisadores (CERVO e BERVIAN, 1983).

Foi realizado a partir de estudos na literatura sobre a Malária abordando todo seu conteúdo já disponibilizado, como os fatos históricos, os agentes etiológicos, suas consequências e meios de controle, tratamento e prevenção. Tendo como proposta uma alternativa para reduzir os casos de Malária no Brasil, através de ações públicas e conscientização da população utilizando como estratégia uma alternativa para otimizar e auxiliar o diagnóstico padrão ouro para malária em somado com outros testes laboratoriais eficazes.

Primeiramente foi definido o tema e o assunto foco do estudo para então se iniciar a busca por referências bibliográficas relacionadas às questões a serem solucionadas, após isso foi selecionado os estudos mais pertinentes para se analisar e extrair os dados para então ser feita a elaboração da discussão dos dados coletados.

Elaborado a partir de pesquisas realizadas em artigos publicados sobre a Malária no Brasil e no mundo, recorremos ao banco de dados das seguintes plataformas: SciELO (Scientific Electronic Library Online), PubMed (National Library of Medicine) e no Google Academy, utilizando a palavra chave “Malária” para buscar os artigos relacionados ao tema. 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O exame padrão ouro é a gota espessa corada por Giemsa analisada por microscopia óptica, é uma técnica de baixo custo e simples, podendo quantificar a densidade parasitária, e possibilita o monitoramento da resposta ao tratamento contra formas sanguíneas do parasito em casos de infecção positiva.  Mesmo sendo o método referência, apresenta leitura difícil de ser realizada pois é necessário tempo considerável para análise, além de equipamentos e insumos de boa qualidade e pessoas capacitadas, tanto para o preparo quanto para leitura das lâminas (FIOCRUZ, 2022).

Além dos fatores citados no parágrafo acima estes são outros fatores que interferem na aplicação do exame padrão-ouro em grandes proporções nacionais: A habilidade técnica no preparo da lâmina, seu manuseio e coloração, qualidade ótica e iluminação do microscópio e erros na identificação das espécies, o que poderia levar a administração de antimaláricos inadequados para as infecções, precariedade dos serviços de saúde locais, dificuldade de acesso da população aos centros de diagnóstico (MENDES, 2022). 

A gota espessa é um método sensível capaz de detectar 0,001% de parasitemia, ou seja, acima de 1 parasita/µL de sangue. Contudo, o método torna-se pouco sensível quando os parasitas estão presentes em número muito reduzido (<1/µL de sangue) ou quando o indivíduo está infectado por mais de uma espécie de plasmódio. Inúmeros estudos têm relatado a maior sensibilidade do PCR na detecção de baixas parasitemia. A positividade global para infecção malárica à gota espessa foi 35,7%. Pela PCR, esta positividade foi 68,3%. O PCR, portanto, detectou 13,4 vezes mais casos de infecção mista, em comparação com a gota espessa (COSTA , 2008). 

Como resultado desta pesquisa observa-se que apesar do custo benefício e da eficácia do exame padrão ouro, este tem pontos negativos que acarretam prejuízos para a saúde ou pela deficiência de detectar baixas parasitemias. 

Os testes de diagnóstico rápido para malária detectam antígenos específicos dos parasitos da malária humana, que estão presentes no sangue das pessoas infectadas. Tornam o acesso ao diagnóstico de malária possível para as pessoas que vivem em áreas remotas, onde o exame da lâmina (microscópio) não está disponível (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020). 

 O exame do PCR tem como princípio o uso de um par de iniciadores que reconhecem uma sequência alvo do DNA ou RNA de uma determinada espécie que, juntamente com a enzima Taq-polimerase, permite à amplificação do material genético em uma amostra  (FIOCRUZ, 2022). Já se tem o uso da prática do teste rápido em locais remotos, o que reforça o uso destes exames complementares para o diagnóstico de malária, otimizando tempo, tratamento, dinheiro e redução da gravidade da doença em pacientes. 

CONCLUSÕES

Após a revisão bibliográfica em livros, artigos científicos, dentre outros meios, foi possível concluir que vários autores concordam que o diagnóstico precoce é essencial para o tratamento correto e oportuno da malária, contribuindo assim para reduzir sua gravidade e letalidade. 

Para isso, é fundamental a regulação, disponibilidade e aplicação dos teste complementares (Teste rápido e PCR) para os profissional da área da saúde em que eles possam usá-los quando for necessário, no qual o exame da gota espessa não seja o melhor a se recomendar naquela situação, porém  é imprescindível que o laboratorista esteja preparado para identificar os hemoparasitas nas distinções sanguínea, uma vez que a microscopia ainda é considerada padrão ouro no diagnóstico laboratorial. 

REFERÊNCIAS

CAMARGO, Erney Plessmann. Malária, maleita, paludismo. Ciência e cultura, v. 55, n. 1, 2003.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN. Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.

FIOCRUZ, AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA), MINISTÉRIO DA SAÚDE. Conheça a Malária, malaria.indd (fiocruz.br), 2007.

FRANÇA, Tanos CC; SANTOS, Marta G. dos; FIGUEROA-VILLAR, José D. Malária: aspectos históricos e quimioterapia. Química Nova, v. 31, p. 1271-1278, 2008

GARCIA, Elias. Pesquisa bibliográfica versus revisão bibliográfica-uma discussão necessária. Línguas & Letras, v. 17, n. 35, 2016.

GOMES, Andréia Patrícia et al. Malária grave por Plasmodium falciparum. Revista brasileira de terapia intensiva, v. 23, p. 358-369, 2011.

RAYANE, Érica; BARBOSA, Silvana. Diagnóstico de Malária – A importância da habilidade em Microscopia. Saúde & Ciência em ação, v1, 2015.

REGINA, Mônica et al. Diagnóstico molecular da malária em uma unidade de atenção terciária na Amazônia Brasileira. Revista da sociedade brasileira de medicina tropical. 2008.

RODRIGUES, Clebson. Aspectos clínicos e laboratoriais no diagnóstico da malária. Academia de ciência e tecnologia, São José do Rio Preto, 2022.

SANDRA, Raimunda. Padronização dos cortes histológicos de baço a serem usados como fonte de material biológico para o diagnóstico molecular da malária humana. Fundação Oswaldo Cruz, Manaus-AM, 2022.

SIQUEIRA, André et al. Malária na atenção básica. Belo Horizonte: Nescon/UFMG, p. 27, 2018.


1Discentes do curso de Medicina do Centro Universitário Alfredo Nasser – UNIFAN
2Docentes do curso de Medicina do Centro Universitário Alfredo Nasser – UNIFAN, Mestre em Assistência e Avaliação em Saúde – PPGAAS UFG