REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7741992
Nathalia Ribeiro Brandão;
Dandara Santiago Soares da Silva;
Isadora Bianco Cardoso.
Resumo:
Analise do crescimento de nutricionistas em Alagoas, que atuam na saúde publica nos últimos dez anos. Portanto esse artigo tem como objetivo avaliar o aumento no número desses profissionais atuantes na saúde pública no estado de Alagoas. Metodologia: Estudo de caráter descritivo que utiliza dados secundários do portal brasileiro de dados abertos. Resultados e conclusão: Observou-se um crescimento de 448 profissionais nutricionistas, totalizando um aumento de 115%, no período de 2010-2020. A ligação do nutricionista à rede pública de saúde sempre foi demonstrável e tem crescido nos últimos anos.
Palavras-Chave: Nutricionistas na saúde pública, Nutricionistas em Alagoas, Nutrição, Saúde pública em Alagoas, Alagoas, Quantitativo de nutricionistas, Evolução, Politicas de alimentação e nutrição, Sus.
Abstract:
Analysis of the growth of nutritionists in Alagoas, who work in public health in the last ten years. Therefore, this article aims to evaluate the increase in the number of these professionals working in public health in the state of Alagoas. Methodology: Descriptive study that uses secondary data from the Brazilian open data portal. Results and conclusion: There was an increase of 448 professional nutritionists, totaling an increase of 115% in the period 2010-2020. The nutritionist’s connection to the public health network has always been demonstrable and has grown in recent years.
Keywords: Nutritionists in public health, Nutritionists in Alagoas, Nutrition, Public health in Alagoas, Alagoas, Number of nutritionists, Evolution, Food and nutrition policies, Sus.
INTRODUÇÃO
O primeiro curso de Nutrição do Brasil foi criado em 1939 na então universidade de saúde pública de São Paulo, sendo regulamentada em 1967, quando sancionada a Lei nº 5.276, revogada em 1991 pela atual Lei nº 8.234. A profissão se expandiu aos hospitais, unidades de alimentação e nutrição, escolas, os restaurantes de trabalhadores, docência, indústria, marketing e na saúde pública, na qual são áreas que se mantém até hoje. CFN. A história do nutricionista no Brasil. [2018]. Disponível em: www.cfn.org.br
No Brasil, a institucionalização da nutrição na saúde pública esteve associada à criação do curso de nutricionista em 1957 no então Instituto de Fisiologia e Nutrição da Faculdade de Medicina de Recife, apontado em alguns estudos como o primeiro curso no Brasil a formar profissionais com foco para a atuação no campo da nutrição em saúde pública. A necessidade deste campo foi um processo histórico de compartilhamento e especialização de trabalho/saber no interior da complexa e multidisciplinar ciência da Nutrição, que foi criado nos anos 1930-1940 no Brasil. VASCONCELOS, Francisco. O nutricionista no Brasil: uma análise histórica. Revista de nutrição, Florianópolis, agosto, 2002.
Assim como a saúde, a alimentação também é um direito constitucional estabelecido pela lei que institui o Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo principal do nutricionista na saúde pública é promover a garantia e o acesso à alimentação e a segurança alimentar e nutricional seguindo os preceitos das diversas políticas e programas instaurados até hoje. O papel deste profissional é fundamental na educação do indivíduo e/ou comunidade sobre hábitos alimentares mais saudáveis, na prevenção de doenças e promoção da saúde, sob conduta de avaliação, prescrição e evolução para garantir a atenção nutricional eficiente para os usuários. SISTEMA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL. Gov.br, 2018. Disponível em: https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acesso-a-informacao/carta-de-servicos/desenvolvimento-social/inclusao-social-e-produtiva-rural/sistema-nacional-de-seguranca-alimentar-e-nutricional
QUAL A IMPORTÂNCIA NA NUTRIÇÃO NUTRICIONISTAS NA SAÚDE PÚBLICA? Bio nasa, 2022. Disponível em: https://bionasa.com.br/qual-a-importancia-na-nutricao-nutricionista-na-saude-publica
Diversos são os problemas atuais de saúde que tem relação com a alimentação, como a insegurança alimentar, desnutrição infantil e materna, bem como o complexo quadro dos excessos pelas altas taxas de prevalência de sobrepeso e obesidade e os altos índices de doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNTs), que estão significativamente ligadas aos maus hábitos alimentares. COITINHO, Denise Costa, MORAES, Nereide Herrera. Política nacional de alimentação e nutrição. Ministério da saúde, Brasília, 2007. Disponível em: http://www.conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/politica_alimentacao_nutricao.pdf
No Brasil o problema da insegurança alimentar é antigo e suas principais causas são a desigualdade socioeconômica e a pobreza estrutural, que atingem parte significativa da população. A insegurança alimentar apresenta, ainda, outra face cruel no Brasil, famílias com crianças menores de 10 anos têm maior probabilidade de passar fome. Os dados mostram que os estados do Norte e Nordeste são relativamente os mais afetados pela insegurança alimentar grave. Em Alagoas, passa fome 36,7% da população, 34,3% são no Piauí e 32% no Amapá. MAPA DA FOME: PESQUISA MOSTRA ONDE ESTÃO AS PESSOAS EM INSEGURANÇA ALIMENTAR NO PAÍS. Brasil de fato, São Paulo, 14 de set. de 2022, Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2022/09/14/mapa-da-fome-pesquisa-mostra-onde-estao-as-pessoas-em-inseguranca-alimentar-no-pais
Portanto, este trabalho tem como objetivo avaliar a evolução do quantitativo de profissionais nutricionistas atuantes no estado de Alagoas que trabalham na saúde pública e apresentar uma evolução no número desses profissionais nos últimos 10 anos.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo com cortes temporais, que utilizou dados secundários, que estão disponíveis no Portal brasileiro de dados abertos, referente aos profissionais de saúde nos municípios alagoanos (IBGE/Ministério as Saúde-MS/Departamento de Informática do SUS-DATASUS/Secretaria de Estado de Saúde-SESAU). Esse sistema é alimentado por informações enviadas pelas Secretarias Municipais e Estaduais e consolidadas em um banco de dados.
O Portal Brasileiro de Dados Abertos dá acesso a população que deseja acessar alguns dados públicos no Brasil. Os principais objetivos da política de dados abertos do Brasil são de promover a transparência, a participação social, desenvolver novos e melhores serviços governamentais e aumentar a integridade pública. GOV. BR. Potal brasileiros de dados abertos. 2019. Disponível em: https://www.gov.br/governodigital/pt-br/dados-abertos/portal-brasileiro-de-dados-abertos. Acesso em: 17 de fev. de 2023.
As informações relativas ao quantitativo de nutricionistas atuantes na saúde em Alagoas foi conseguido através do uso de filtros dentro do banco de dados. As informações solicitadas foram referentes ao período de 2010 a 2020.
Esta pesquisa usou dados de domínio público, portanto não foi necessário passar por avaliação do Sistema Cep/Conep, pois existem protocolos que são dispensados de análise ética, conforme prevê artigo 1º da Resolução CNS n.º 510, de 2016.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O quantitativo de nutricionistas na Saúde pública em Alagoas pode ser visualizado no gráfico 1. De 2010 a 2020, observou-se um crescimento (de 389, em 2010; para 837, em 2020), um aumento de 448 profissionais nutricionistas na Saúde pública em dez anos. Sendo assim, a quantidade de profissionais em Alagoas nessa área teve um aumento de 115%.
No estado, nos últimos 10 anos houve um acelerado aumento do número de cursos e de vagas para formação de nutricionistas, elucidando uma ampliação quantitativa substancial de nutricionistas no Estado. A quantidade de nutricionistas no Sistema CFN/CRN, no Brasil, até o 4º trimestre de 2020, foi de 161.952 profissionais, onde as áreas de Nutrição Clínica, Alimentação Coletiva e Saúde Coletiva/Saúde Pública mostram ser as áreas que mais abarcam profissionais da Nutrição, pois representam quase 80% dos vínculos empregatícios. CFN. Perfil dos nutricionistas no brasil. 2021. Disponível em: https://www.cfn.org.br/. Acesso em: 17 de fev, de 2023.
A ligação do nutricionista à rede pública de saúde sempre foi demonstrável e tem crescido nos últimos anos. Mais de 20 mil profissionais atuam nas mais diversas funções do SUS, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), sendo elas na atenção básica, atenção hospitalar, nos NASF-AB, entre outras. Há apenas 10 anos, esse número girava em torno de 10 mil, o que significa que a participação de nutricionistas no SUS mais que dobrou. CRN9. Nutricionista no SUS: protagonista para a promoção da saúde. [2020]. Disponível em: https://www.revistacrn9.org.br/saude-publica/ Acesso em: 17 de fev. de 2023.
Da atenção básica à complexidade hospitalar, o nutricionista atuante no Sistema Único de Saúde (SUS) tem múltiplos objetivos: promoção da saúde, alimentação adequada e saudável, prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Além da promoção do aleitamento materno, divulgação de recomendações sobre orientações alimentares para a população brasileira, a inserção do tema da educação e saúde no Programa Saúde nas Escolas (PSE). CRN9. Nutricionista no SUS: protagonista para a promoção da saúde. [2020]. Disponível em: https://www.revistacrn9.org.br/saude-publica/ Acesso em: 17 de fev. de 2023.
A presença do nutricionista chama atenção nos grandes Núcleos de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), pois cerca de 90% das unidades contam com pelo menos um nutricionista. Segundo o Ministério da Saúde, eram 1.283 Nutricionistas atuando em 1.564 NASF-AB, em 2011. Depois de cinco anos, esse número mais que dobrou, chegando a 3.824 profissionais. No NASF-AB, o nutricionista atua tanto no atendimento individual, incluindo visitas domiciliares, quanto no atendimento colaborativo em grupo. CRN9. Nutricionista no SUS: protagonista para a promoção da saúde. [2020]. Disponível em: https://www.revistacrn9.org.br/saude-publica/ Acesso em: 17 de fev. de 2023.
A inserção do nutricionista nas equipes de atenção básica de saúde é de grande importância, já que o Brasil convive com doenças típicas de países subdesenvolvidos, causadas pela fome e desnutrição, resultados de uma má alimentação, nutrição e estilos de vida inadequados. Isso permite conviver com extremos, como a redução de formas graves e moderadas de desnutrição energético-proteica, com a persistência de formas leves e o surgimento de problemas de sobrepeso e obesidade em uma mesma população. GEUS, Larissa; MACIEL, Cíntia; BURDA, Isabel; DAROS, Sara; BATISTEL, Sunáli; MARTINS, Thiciane; FERREIRA, Vanessa; DITTERICH, Rafael. A importância na inserção do nutricionista na estratégia saúde da família. Paraná: Scielo, 2011.
CONCLUSÃO:
Houve uma ampliação quantitativa no número de profissionais nutricionistas atuantes no estado de Alagoas no período de 2010 – 2020. Os avanços quantitativos e qualitativos alcançados pela categoria nesses anos de mobilização, organização e luta em busca de autonomia, legitimidade e identidade profissional são evidentes e ao que tudo indica irreversíveis. Apesar da harmonização (ou padronização) de hábitos e práticas alimentares que o processo de globalização econômica parece desencadear, é crescente a preocupação e conscientização em preservar a cultura alimentar nacional com segurança alimentar e com controle de qualidade.
Possibilitar mais profissionais na área pode garantir uma mudança qualitativa, na evidência de sua importância para o funcionamento de vários serviços relacionados à saúde e alimentação.