ESTUDO NARRATIVO SOBRE O SUICÍDIO NA COMUNIDADE INDÍGENA: REVISÃO DE LITERATURA

A NARRATIVE STUDY OF SUICIDE IN THE INDIGENOUS COMMUNITY: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7991905


Eliane Barbosa Do Nascimento;
Rafael Menezes De Oliveira;
Thayanne Sá Bezerra Guerreiro.


RESUMO

Introdução: O suicídio indígena tem aumentado nos últimos anos. Dados disponibilizados pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) indicam que, no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) do Mato Grosso do Sul, ocorreram 782 óbitos por lesões autoprovocadas entre os anos de 2000 a 2016, o que pode estar relacionado à dificuldade no processo de integração à sociedade ocidental, bem como às questões de vulnerabilidade social às quais estão submetidos. Objetivo: Descrever sobre os fatores que contribuem para o suicídio em povos indígenas brasileiros. Matérias e Métodos: Trata-se de uma pesquisa de revisão de literatura descritiva. Foi realizada a busca nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Periódico CAPES e Scientific Eletronic Library On-line (SciELO). Os critérios de inclusão dos artigos publicados entre 2016 a 2022, publicações em português e inglês, e exclusão as publicações anteriores ao ano de 2016 e artigos não publicados. Resultados: Apesar das necessidades de políticas públicas para os povos indígenas promovendo ação necessária para prevenção do suicídio entre adolescentes, jovens, adultos e idosos, os quais o têm relacionado com aspectos da desvalorização cultural que esses povos vêm sofrendo ao longo de anos, ineficiência da assistência diferenciada ofertada pelo setor saúde, injustiças sociais e até mesmo perda de suas identidades. Conclusão: Portanto, as equipes multidisciplinares devem integralizar do cuidado humanizado e interação da equipe, oportunizando um cuidado com autonomia. No momento do atendimento demonstrar respeito a cultura e motivando ao indígena a receber os cuidados necessários, diferenciado e acolhedor, onde o olhar holístico do enfermeiro deve colaborar para o cuidado seguro e caloroso ao paciente.

Palavras chaves: Suicídio; Povos Indígenas; Saúde-Indígena.

ABSTRACT

Introduction: Indigenous suicide has increased in recent years. Data made available by the Special Secretariat for Indigenous Health (Sesai) indicate that in the Special Indigenous Health District (Dsei) of Mato Grosso do Sul, there were 782 deaths from self-harm between the years 2000 and 2016, which may be related to the difficulty in the process of integration into Western society, as well as to the issues of social vulnerability to which they are subjected. Objective: To describe about the factors that contribute to suicide in Brazilian indigenous peoples. Materials and Methods: This is a descriptive literature review research. A search was conducted in the databases Virtual Health Library (VHL), Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences (LILACS), CAPES Periodical and Scientific Eletronic Library On-line (SciELO). The inclusion criteria of articles published between 2016 to 2022, publications in Portuguese and English, and exclusion the publications prior to the year 2016 and unpublished articles. Results: Despite the needs of public policies for indigenous peoples promoting necessary action for the prevention of suicide among adolescents, youth, adults and elderly, which have it related to aspects of cultural devaluation that these peoples have been suffering over the years, inefficiency of differentiated assistance offered by the health sector, social injustices and even loss of their identities. Conclusion: Therefore, multidisciplinary teams must integrate humanized care and team interaction, providing care with autonomy. At the time of care demonstrate respect for culture and motivating the indigenous to receive the necessary care, differentiated and welcoming, where the holistic look of the nurse should collaborate to provide safe and warm care to the patient.

Keywords: Suicide; Indigenous Peoples; Indigenous Health.

1. INTRODUÇÃO

O suicídio indígena tem aumentado nos últimos anos. Dados disponibilizados pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) indicam que, no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) do Mato Grosso do Sul, ocorreram 782 óbitos por lesões autoprovocadas entre os anos de 2000 a 2016, o que pode estar relacionado à dificuldade no processo de integração à sociedade ocidental, bem como às questões de vulnerabilidade social às quais estão submetidos (BRAGA, et al., 2021).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio está entre as 20 principais causas de morte e apresenta uma tendência de aumento em todo o mundo, sendo assim, mundialmente falando, tal fenômeno chega a ocupar a terceira posição entre as principais causas de morte nas faixas etárias de 15 a 44 anos (FERNANDES; COSTA, 2018).

De acordo com dados do Ministério da Saúde, a taxa de suicídio entre indígenas no Brasil ocorreu entre 2011 e 2016, que corresponde a 15,2 por 100 mil habitantes, sendo que 48% correspondem à faixa etária entre dez e 19 anos. Conforme pesquisas realizadas o meio mais utilizado é o enforcamento, especialmente entre os homens, além de intoxicação exógena e uso de arma de fogo. Já as tentativas de suicídio, mais frequente entre as mulheres (69%), correspondem a envenenamento/intoxicação, uso de objeto perfurocortante e enforcamento (GIL, 2018).

Conforme o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, até o final de 2017 o Brasil encontrava-se em oitavo lugar, dentre os países com maior número de casos de suicídio registrado. No entanto, quando analisamos os números de suicídio no país, estabelecemos uma conexão importante se compararmos as regiões do Brasil com maior número de mortes por suicídio nas regiões Centro-oeste, Sul e Norte (BRASIL, 2017).

O suicídio vem sendo descrito como um agravo cada vez mais frequente nos espaços sociais, configurando-se assim, como importante problema de saúde pública, na qual atinge indivíduos de diversos grupos populacionais, faixa etárias, sexo e religiões (SILVA, et al., 2018).

O suicídio é um problema que causa impactos de proporções imensuráveis de ordem psicológicos, sociais e financeiras tanto nas famílias quanto nas comunidades, sendo por isso um tema complexo para o qual não é possível atribuir uma razão ou causa única. Assim, ele é o resultado de uma complexa interação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais. A maioria dos suicídios pode ser prevenida, sendo estes um grande desafio para a Saúde Pública em todo o mundo (BRASIL, 2017).

Os profissionais de saúde têm dificuldades de acesso às aldeias devido à própria cultura dos indígenas. Essas mulheres indígenas têm dificuldade de aceitação desses profissionais de saúde devido à grande rotatividade é um dos principais problemas, pois os indígenas têm que conhecer e confiar para depois expor seus problemas e, por outro lado, o dialogo com eles se torna quase impossível em um primeiro momento, uma vez que ainda existem muitos que não fala português, além de existirem diversas etnias e diferentes línguas (PIRES, et al., 2020).

Em algumas aldeias temos indivíduos indígenas sendo capacitações para atuar em saúde para atender as necessidades ao primeiro contanto. Uma vez o indígena capacitado, ele poderá atuar com as equipes de saúde exercendo a esses a medicina tradicional, em situação de vulnerabilidade epidemiológica e questão social (SANTOS; ÍÑIGUEZ-RUEDA, 2021).

A ciência, enquanto instituição tem um importante papel na implantação de políticas públicas para o atendimento das necessidades de toda a população indígenas. Neste contexto, compete saber se a informação que está sendo legitimado cientificamente, conforme o rigor científico, constituído pela ordem vigente, no acolhimento diferenciado as populações indígenas, abordando o

“suicídio” e “saúde mental entre os grupos étnicos. Assim como, a saúde das mulheres e dos homens indígenas, os seus direitos ao atendimento a saúde e o funcionamento das visitas às aldeias indígenas onde os profissionais prestam atendimento a esse grupo e observam como os mesmos comportam diante da resistência da tribo ao ofertar o cuidado.

Entretanto, apesar de alguns percalços, é importante frisar a relevância da pesquisa, pois contribui para prevenção do suicídio nas aldeias indígenas, e também, aqueles que vivenciam outros processos de adoecimento, especialmente as doenças físicas e mentais.

O Objetivo do estudo é descrever sobre os fatores que contribuem para o suicídio em povos indígenas brasileiros. E seus específicos reconhecer as dificuldades dos profissionais de saúde na prestação de cuidados aos povos indígenas; Mostrar o relacionamento da população indígena em programas de saúde que estimule a prevenção ao suicídio; Explanar sobre suicídio nas populações indígenas brasileiras.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Suicídio

A OMS entende por suicídio o ato de matar-se deliberadamente, por comportamento suicida, uma diversidade de comportamentos que incluem o pensar em suicidar-se, considerada ideação suicida, planejar o suicídio, tentarem o suicídio e cometer o suicídio propriamente dito, e considera como risco para o suicídio a presença de fatores sociais, psicológicos, culturais, relacionais, individuais e de outro tipo que podem levar uma pessoa a um comportamento suicida (RUCKERTi; FRIZZOi; RIGOLI, 2019).

O suicídio é a causa de morte de 0,5% da população brasileira. A pessoa que sofre de algum transtorno emocional analisa e iguala sua competência de produzir enquanto era saudável e como está agora, e é imediatamente acometido após o desenvolvimento de qualquer transtorno, intervindo tanto na sua vida social um desses transtornos é a depressão, conhecida como mal do século (ZUCCO, 2020).

As pessoas com depressão descrevem que existe a perda da capacidade de sentir prazer nas atividades em geral e em passatempos anteriormente prazerosos. Tendo em vista que as mesmas demonstram menos interesse pelo ambiente ao redor, descuidando-se de suas atividades profissionais e sociais. Os sintomas envolvem queixas de fadiga e falta de energia mesmo em tarefas que não demandam esforços físicos (SILVA, 2022).

2.2 Fatores que levam ao Risco de Suicídio.

Considera-se suicídio o ato intencional de matar a si mesmo. Tendo sua causa mais comum é um transtorno psicológico ou mental que pode incluir, transtornos bipolares, depressão, abuso de drogas e alcoolismo, tendo em vista que pessoas com grande grau de ansiedade começa a machucar partes do corpo, pois se sente impotente diante da dificuldade financeiras e emocionais também ocupam um fator agravante (RUCKERTi; FRIZZOi; RIGOLI, 2019).

O aumento significativo de casos relacionados ao suicídio promoveu um grande alerta de entidades envolvidas nas causas que possuem uma conservação de qualidade da vida, motivando discussões sobre a conveniência em obter a informação de um fenômeno que acomete jovens, idosos, com seu número aumentado consideravelmente entre as mulheres (ARAÚJO, et al., 2021).

A OMS consideração que, em 2019, mais de 1,5 milhões de adolescentes e jovens adultos com idades entre 10 e 24 anos faleceram no mundo, cerca de 5.000 óbitos por dia. Houve diminuição das taxas de mortalidade nesse segmento populacional na maior parte dos países, à exceção da faixa entre 15 e 19 anos, do sexo masculino, nas regiões do mediterrâneo oriental e das Américas. Países da África apresentam as maiores taxas de anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (disability-adjusted life year – DALY) e os menores são observados nos países desenvolvidos (MALTA, et al., 2021).

2.3 Dificuldades dos profissionais de saúde ao prevenir o suicídio entre os povos indígenas.

O cenário atual da saúde indígena deve ser considerado alguns aspectos particulares dessa população devido a sua área geográfica e de péssimo acesso com relação aos cuidados de saúde, onde essas aldeias não têm infraestrutura e recursos básicos para cuidar dos indígenas, associada à transculturação pela medição tradicional dos índios em comparação ao médico ocidental (ARAÚJO, et al., 2021).

A saúde indígena, a diminuição do adoecimento através da medicina natural, tem um traço bastante marcante da medicina ocidental, onde se contrapõe ao modelo dos índios, no qual o processo saúde-doença é visto como um método sociocultural. O encontro dessas duas medicinas se dá através da população e do profissional é contribui intensamente nessas regiões em que vivem os índios (MARTINS, 2017).

A assistência à saúde indígena deve se fundamentada em condutas e conceito da atenção a básica diferenciada, que estabelece o respeito à cultura e costumes da população indígena, buscando envolver o seu método saúde-doença, ponderando o índio como um ser holístico que possui aspectos étnicos reservados, buscando integração da medicina indígena e a medicina ocidental (SILVA, et al., 2021).

Por outro lado, os profissionais de saúde indígena têm habilidades para diminuir as altercações na prestação da assistência à saúde para todos os grupos que arriscam sofrer estigmatização, no qual são consideradas a sua raça e etnias e que careçam de cuidados de forma individualizada (ARAÚJO, et al., 2021).

Podemos prevenir o suicídio entre os povos indígenas, oferecendo apoio social e familiar, por meio, de programas voltados a escutar os adolescentes, jovens, adultos e idosos e desempenhar atividades da cultura indígena entre eles. Entretanto, é imprescindível e importante introduzir serviços médico e psicológico nessas comunidades, com profissionais que conheçam e respeitem a história, conhecimentos e costumes desse povo (SOUSA, 2022).

Por este motivo, se faz necessário uma atenção diferenciada para esta população indígena, sendo indispensável à capacitação dos profissionais para poderem compreender o modo de vida de cada grupo e identificar os atos que carecem de tensão, reconhecendo e aceitando os saberes indígenas, ponderando a cultura, especificidade e práticas de saúde clássicas. Proporcionar e consentir um lugar de fala para os jovens e adultos indígenas que permita que seja criado vínculo entre eles e o profissional, através da fala e da escuta pode ser expresso medos e desejos, promovendo um espaço de cura (ALMEIDA, et al., 2020)

O enfermeiro é um dos profissionais que trabalhar diretamente com essa população, planejando mensalmente as atividades de vacinação, monitorando e avaliando o trabalho desenvolvido de forma integrada ao conjunto das demais ações de saúde, além de trabalhar os programas preconizados pelo Ministério da saúde (MARQUES, et al., 2020).

Os profissionais de saúde devem estar preparados para enfrentar as mais distintas circunstâncias e assumir diferentes papéis, seja como marceneiro, professor ou administrador. Por este motivo, é essencial compreender a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI), que tem o propósito de garantir aos indígenas o acesso integral à saúde conforme os princípios que norteiam o Sistema Único de Saúde (SUS), de modo a compreender a vulnerabilidade dos povos indígenas aos agravos de saúde (MAIA, et al., 2021).

Embora as dificuldades e a não aceitação encontradas pelos profissionais de saúde no atendimento indígena ter sido frequente, já se nota uma aceitação destes profissionais nas tribos indígenas. Mas em algumas aldeias ainda se relata a resistência, tendo em vista a cultura rígida da etnia, o profissional de saúde se torna limitado no que concerne à realização da prestação de cuidados (PONTES, et al., 2020).

3. MATÉRIAS E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa de revisão de literatura descritiva. A revisão de literatura é um método de estudo mais amplo, a partir do qual se torna possível realizar a síntese sobre o conhecimento relacionado a um assunto, com a unificação dos resultados obtidos em outros estudos ou diversas pesquisas (GIL, 2017). Foi realizada a busca nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Periódico CAPES e Scientific Eletronic Library On-line (SciELO). Os critérios de inclusão dos artigos foram levados em consideração as publicações entre 2016 a 2022, artigos em texto completo, publicações em português e inglês, e exclusão as publicações anteriores ao ano de 2016 e artigos não publicados.

Foram encontrados 31 artigos, os quais se referiam as seguintes palavras chaves: Suicídio, Povos Indígenas e Saúde-Indígena. Após a leitura minuciosa dos títulos dos artigos de acordo com a temática abordada na pesquisa, foram selecionados 27 estudos. Posteriormente à leitura dos resumos, apenas 19 estudos avaliados foram selecionados para serem incluídos na leitura crítica e apenas 11 artigos foram inseridos para elaboração deste trabalho conforme demonstrado na figura 1.

Figura1: Seleção de estudos para a revisão.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

4. RESULTADOS

Conforme o quadro 1, foi observado que os artigos listados têm em comum o suicídio na população indígenas. Este estudo vem mostrar uma população carente de políticas públicas voltada para prevenção ao suicídio.

Quadro 1. Artigos e bases de dados utilizados para a elaboração da revisão integrativa.

Autor/AnoTítuloPeriódicoObjetivo geralTipo do estudoAbordagem
1SOUZA, 2016.Narrativas indígenas sobre suicídio no Alto Rio Negro, Brasil: tecendo sentidosRevista Saúde e SociedadeAnalisar sete narrativas sobre o suicídio de um Kumu (curandeiro tradicional) da mais populosa comunidade indígena de São Gabriel da Cachoeira.Transversal Analítico- interpretativoLILACS
2REIS JÚNIOR ; ADSUARA, 2021.Suicídio indígena no Brasil: uma revisão sistemáticaRevista do NUFENAnalisar a produção sobre suicídio entre povos indígenas no campo da saúde “mental” indígena no Brasil, buscando discutir as relações de poder na ciência, a ética do cuidado na saúde coletiva a partir da produção científica brasileiraRevisão sistemáticaBVS
3SOUZA; ONETY, 2017.Caracterização da mortalidade por suicídio entre indígenas e não indígenas em Roraima, Brasil, 2009-2013Revista Epidemiologi a e Serviço de SaúdeDescrever características e taxa da mortalidade por suicídio entre indígenas e não indígenas em Roraima, Brasil.Transversal analítico- descritivoSCIELO
4SOUZA, et al., 2020.Suicídio e povos indígenas brasileiros: revisão sistemáticaRevista Panamerica na de Salud PúblicaDescrever a frequência, as características e os fatores que contribuem para o suicídio em povos indígenas brasileiros.Revisão sistemáticaSCIELO
5COELHO, et al., 2022.Impacto da covid-19 nas notificações de suicídios em povos indígenas no CearáSaúde Coletiva (Barueri)Analisar o impacto da COVID-19 nas notificações de suicídios em povos indígenas no Ceará.Estudo descritivo com abordagem quantitativaPeriódico CAPES
6VICTAL, et al., 2019.Suicídio e povos indígenas no BrasilRRevista Saúde e AmbienteLevantar o número de óbitos por lesão autoprovocada voluntariamente em cada etnia, a forma como está distribuída entre os Estados e a faixa etária mais atingida.s Transversal analítico- descritivoBVS
7ALMEIDA, et al., 2020.Importância do atendimento qualificado a indígenas com tentativa de suicídio: Relato de experiênciaRevista do NUFENRelatar a experiência de atendimento de uma psicóloga, no cuidado à indígenas Karajás, acolhidos em um Centro de Atenção Psicossocial por histórico de tentativa de suicídio.Relato de experiênciaBVS
8GIL, 2018.Suicídio de indígenas em Roraima: cultura e intervençãoRevista Zona de ImpactoAbordar o fenômeno do suicídio, notadamente no contexto indígena, com vistas a contribuir para as reflexões sobre o suicídio no Brasil.Transversal analítico- descritivoBVS
9SILVA, et al., 2018de suicídios em municípios da Amazônia LegalCad de Saúde ColetivaAnalisar a ocorrência e caracterizar os casos de suicídio registrados em um município da Amazônia Legal.Artigo originalBVS
10SILVA, et al., 2019.Juventude indígena e sicídio: Diálogos transdisciplinares, campos de possibilidades e superação de vulnerabilidadesCad de Saúde ColetivaA partir de um olhar multidisciplinar, pensar em estratégias de atuação do profissional em exercício.Artigo originalBVS
11BRAGA, et al., 2019.Suicídio na população indígena e não indígena: uma contribuição para a gestão em saúdeRevista brasileira de enfermagemAnalisar o perfil sociodemográfico de suicídio na população indígena e não indígena e a espacialidade do evento.Artigo originalBVS
Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

DISCUSSÃO

Para Souza (2016); Reis Júnior e Adsuara, (2021), o suicídio indígena tem chamado a atenção de estudiosos, os quais o têm relacionado com aspectos da desvalorização cultural que esses povos vêm sofrendo ao longo de anos, ineficiência da assistência diferenciada ofertada pelo setor saúde, injustiças sociais e até mesmo perda de suas identidades. O fator cultural, portanto, atuaria de modo sinergético, considerando que a cultura indígena é pautada no comportamento imediatista, isto é, sem planejamento de metas e planos de vida futuros.

Braga, et al. (2019), diz que o suicídio nas aldeias indígenas pode acarretar em um sofrimento, desordem e aflições entre eles e os seus familiares. O problema vivenciado por essa população está ligado às questões de grupos étnico em áreas urbanas do mesmo modo tem sido exposta na literatura científica como fator potencializador para a prática de violência autoprovocada.

Conforme Gil (2018), a desigualdade cosmológica indígena, constantemente, explica a vida como um momento existencial anterior àquilo que seria a “vida verdadeira” e a morte como um meio pelo qual a alma abandonaria o corpo para habitar em um lugar mais propício.

Segundo Souza e Ricardo (2017), referem que todos os casos descritos, o método utilizado para perpetrar o suicídio foi o enforcamento, tendo como principal instrumento a corda. Conforme Souza, et al. (2020), ressalta quem pelo fato do suicídio ser uma fenômeno mais prevalente entre o público masculino, o meio mais usado por eles costuma ser mais agressivo e letal.

De acordo com Silva et al. (2018); Almeida, et al. (2022), comenta que as dificuldades encontradas em se transpor ao modelo biomédico vigente na sociedade ocidental está voltada para o suicídio, por este motivo, é necessário trabalhar políticas de prevenção nas aldeias e comunidades indígenas, principalmente as que vivem na região do Alto Rio Negro, o estudo destes autores mostra que o sistema sociocósmico das populações indígenas encara o suicídio como resultante da ação de um outro indivíduo e não somente da pessoa que cometeu ato de tirar a própria vida.

Para Almeida, et al. (2020), comenta que precisa de uma escuta ativa na hora e momento de ofertar atenção a esta pessoa é necessário, visto que este ato de humanização é capaz de envolver a pessoa com pensamentos suicidas para atendimento por profissionais e envolvimento grupal nas redes de apoio ofertadas pela saúde pública.

Segundo Silva et al., (2019) o diálogo aberto com o jovem através de palestras, consultas especializadas, envolvimento grupal, permite o envolvimento e recuperação deste indivíduo, dessa maneira estratégias evidenciadas como acolhimento e continuidade na assistência direta e precisa, permite a troca de informações e absorção da importância do tratamento para este jovem acometido por pensamentos negativistas com tendência ao suicídio planejado.

Para Victal et al., (2019) o perfil sociodemográfico auxilia a importância de se conhecer a faixa etária mais atingida por tentativas devido as fatores externos preocupantes, dessa maneira, permitindo a intervenção da equipe multidisciplinar de forma que acompanhe, previna e oriente o ato em si.

Já Coelho, et al. (2020), comenta que durante a pandemia de Covid-19, os casos de suicídio nas aldeias aumentaram, por motivo de isolamento, de violência contras as mulheres e os idosos. E ausência de notificações no período de 2019 a 2020. Não foram realizadas e precisam de monitoramento das entidades responsáveis, juntos com a equipe de saúde e o representante da aldeia indígena.

5. CONCLUSÃO

A literatura evidencia que suicídios são evitáveis, sendo necessário desenvolver ações de prevenção abrangentes e integradas com diferentes setores da sociedade, como a educação. Entre as estratégias de prevenção do suicídio, está a necessidade de envolvimento de gestores e profissionais de saúde no planejamento de ações e na definição das intervenções voltadas à prevenção do suicídio e uma articulação intersetorial com formação de redes de apoio a comunidade.

Os cuidados competem não só as atribuições assistenciais. Entre as outras muitas funções competentes são realizadas por equipe multidisciplinar formado pela área da saúde, destaca-se à supervisão de equipes em todos os cuidados assistenciais realizados nos diferentes níveis de atenção à saúde, o planejamento das atividades, a organização das equipes, bem como a avaliação dos cuidados prestados.

Verificou-se com o estudo que à importância do conhecimento em cultura, cuidados da saúde vai além da aplicabilidade em ambiente hospitalar, necessita qualidades no atendimento que irão favorecer à implementação de protocolos e rotinas, bem como realizar a interação entre a equipe multidisciplinar atuante para ter um atendimento eficaz na Saúde Indígena. Favorecer e incentivar a realização das atividades de aperfeiçoamento técnico e prático, bem como a sensibilidade para colaborar com a conscientização da necessidade do cuidar humanístico.

Portanto, as equipes multidisciplinares devem integralizar do cuidado humanizado e interação da equipe, oportunizando um cuidado com autonomia. No momento do atendimento demonstrar respeito a cultura e motivando ao indígena a receber os cuidados necessários, diferenciado e acolhedor, onde o olhar holístico do enfermeiro deve colaborar para o cuidado seguro e caloroso ao paciente.

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