REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202410161040
Julye Hemylle Martins Barbosa; Lidiane Ferreira da Silva; Aline Costa Cavalcante de Rezende; Luziane Lima da Costa; Elissandro Neves dos Santos; Leidiane Aparecida dos Santos; Ueudison Alves Guimarães.
RESUMO
O presente artigo carrega consigo o objetivo de discutir o processo de avaliação na modalidade de Educação à Distância (EaD). Desse modo, ressalta-se que os objetivos específicos incluem uma breve explanação sobre avaliação educacional e a compreensão da importância do ato avaliativo no processo de ensino-aprendizagem na EaD. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa qualitativa, de natureza bibliográfica. Nas considerações, destaca-se a relevância da avaliação enquanto ação pedagógica no contexto educativo. Na EaD, a avaliação assume configurações distintas, devido à distância física entre educador e educando. Assim, a avaliação na EaD exige uma constante interação entre os sujeitos envolvidos no processo, para que a formação dos indivíduos ocorra de maneira integral. Nesse sentido, a pesquisa revela que a avaliação na EaD requer metodologias adaptativas e uma interação contínua entre os participantes, para assegurar uma formação integral e eficaz dos alunos. Desse modo, destaca-se a necessidade de repensar as práticas avaliativas tradicionais e adotar abordagens inovadoras que considerem as especificidades da EaD.
Palavras-Chave: Aprendizagem. Educação. Ensino à Distância.
ABSTRACT
This article aims to discuss the evaluation process in the Distance Education (EaD) modality. Therefore, it is noteworthy that the specific objectives include a brief explanation about educational assessment and understanding the importance of the assessment act in the teaching-learning process in distance learning. Methodologically, this is qualitative research, bibliographic in nature. In the considerations, the relevance of assessment as a pedagogical action in the educational context stands out. In distance learning, assessment takes on different configurations, due to the physical distance between educator and student. Thus, assessment in distance learning requires constant interaction between the subjects involved in the process, so that the training of individuals occurs in an integral manner. In this sense, the research reveals that assessment in distance learning requires adaptive methodologies and continuous interaction between participants, to ensure comprehensive and effective training for students. Therefore, the need to rethink traditional assessment practices and adopt innovative approaches that consider the specificities of distance learning stands out.
Palavras-Chave: Learning. Education. Distance learning.
1 INTRODUÇÃO
A modalidade educativa EaD representa atualmente uma alternativa importante para o acesso à educação para aqueles indivíduos que, por diversas razões, não podem participar de um processo de ensino presencial. Sendo uma modalidade relativamente nova na história da educação, ela ainda está envolta em incertezas, especialmente em relação aos aspectos que a fundamentam.
Neste texto, aborda-se um desses aspectos fundamentais da EaD: a avaliação. A avaliação é uma prática onipresente na vida dos indivíduos e, da mesma forma, no cotidiano escolar, onde o processo avaliativo se configura como um componente essencial das ações pedagógicas.
A avaliação, como um dos aspectos essenciais do trabalho pedagógico, configura-se como uma ferramenta didática de grande relevância no âmbito da educação escolar. Por meio dela, todos os sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem podem refletir sobre suas práticas.
Quando essa reflexão ocorre, a mediação dos conhecimentos torna-se, sem dúvida, mais significativa. É importante destacar que, para que a avaliação cumpra efetivamente seu papel didático-pedagógico é essencial ter clareza sobre os objetivos que se pretende alcançar, já que a educação formal possui, entre outras características, a intencionalidade.
A avaliação transcende a mera atribuição de notas, devendo ocorrer de forma contínua para contribuir com a formação integral do indivíduo. Dessa forma, entende-se que essa formação integral destaca a construção de um sujeito autônomo, capaz de organizar suas ações cotidianas e escolares de maneira eficaz, pois o simples ato de aplicar provas não constitui uma verdadeira avaliação, a menos que esteja embasado em um planejamento meticuloso centrado na aprendizagem do aluno.
Todavia, ao invés de uma verdadeira avaliação, tal ação configura-se meramente como um teste, cujo objetivo principal é verificar quantitativamente, ao contrário de qualitativamente, o processo de aquisição de conhecimentos.
Desse modo, destaca-se a significativa relevância da avaliação como ação pedagógica no contexto educativo, já que na modalidade EaD, a avaliação assume configurações distintas, devido à separação física entre educador e educando. Por essa razão, a avaliação na EaD exige uma interação contínua e ativa entre todos os sujeitos envolvidos no processo, garantindo, assim, a formação integral dos indivíduos.
2 METODOLOGIA
O presente trabalho adota uma abordagem qualitativa, reconhecendo a necessidade de uma concepção investigativa que permita compreender a realidade como algo complexo e em constante transformação. A escolha pelo método qualitativo possibilita ao pesquisador enxergar além dos dados quantificáveis, considerando aspectos que não podem ser mensurados numericamente. Essa perspectiva investigativa abre caminho para uma compreensão mais profunda e abrangente das nuances e dinâmicas subjacentes ao fenômeno estudado.
De acordo com Mucchielli (1991), os métodos qualitativos são abordagens das ciências humanas que investigam, explicitam e analisam fenômenos, sejam eles visíveis ou ocultos. Tais fenômenos, por sua natureza, não podem ser quantificados (como crenças, representações, estilos pessoais de relacionamento com o outro, estratégias diante de problemas, procedimentos de tomada de decisão, e possuem as características específicas dos fatos humanos.
Ainda no tocante às questões metodológicas, o presente artigo configura-se como uma investigação de caráter bibliográfico.
A pesquisa bibliográfica é realizada com base em registros disponíveis provenientes de investigações anteriores, contidos em documentos impressos como livros, artigos, teses e afins. Esta metodologia utiliza dados e categorias teóricas previamente explorados por outros pesquisadores e devidamente documentados. Os textos servem como fontes primárias para os temas a serem investigados. O pesquisador desenvolve seu trabalho a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos presentes nesses textos. (SEVERINO, 2007, p.122).
Após a análise dos textos, foram elaboradas categorias de análise que estruturam as seções deste trabalho.
3 DISCUTINDO A AVALIAÇÃO EDUCACIONAL
É amplamente reconhecido que a avaliação figura como um dos componentes mais destacados no ambiente educacional, suscitando intensos debates. Contudo, apesar de ser um campo prolífico para discussões entre especialistas, a avaliação ainda é frequentemente percebida e praticada de maneira que, na maioria das vezes, pouco contribui para os processos de formação cognitiva, social, política e cultural dos indivíduos envolvidos no ato educativo.
Luckesi (2011) concebe a avaliação como um processo de ajuizamento da qualidade do objeto avaliado, o que implica assumir uma posição a seu respeito, seja para aceitá-lo, seja para transformá-lo. A avaliação constitui um julgamento de valor sobre manifestações significativas da realidade, com o propósito de orientar a tomada de decisões.
A avaliação é um elemento intrínseco ao nosso cotidiano. No contexto escolar, ela cumpre um papel decisivo no processo de formação tanto do educador quanto do educando. Para o educador, a avaliação se configura como uma aliada poderosa na formulação de estratégias didáticas de ensino. Assim, ressalta-se que esse processo deve ser concebido e executado de maneira reflexiva, permitindo ao professor reconsiderar e ajustar sua prática pedagógica às necessidades dos alunos.
O ambiente estabelecido pelo educador – seja através do tom afetivo ou agressivo na condução dos trabalhos, dos tempos alocados para as atividades, dos recursos disponibilizados, entre outros aspectos – pode tanto direcionar e limitar as respostas dos alunos quanto, inversamente, estimular e convidar à aprendizagem.
Nesse contexto, Hoffmann (2005) argumenta que o ambiente de aprendizagem deve ser organizado de maneira significativa, criando cenários educativos que proporcionem aos alunos confiança, recursos e liberdade de tempo e espaço para suas descobertas. Dessa maneira, as tarefas não podem ser compreendidas sem considerar o contexto em que foram realizadas.
Para tal, revela-se que a avaliação é um dos instrumentos que permite ao educador desenvolver ações pedagógicas visando a formação integral do educando. O desenvolvimento integral é compreendido como uma aprendizagem significativa, que capacita o aprendiz a ter uma visão crítica e ativa da realidade em que está inserido. Nesse sentido, nosso pensamento está alinhado com o de Hoffmann (2005), quando esta enfatiza que o processo avaliativo deve ser fundamentado na afetividade e no despertar da curiosidade inerente ao ato de ensinar e aprender.
Incentivar a formulação de perguntas, a reflexão crítica sobre essas próprias perguntas e a finalidade de cada questionamento, em vez de promover a passividade frente às explicações discursivas do professor, que frequentemente constituem respostas a perguntas que não foram formuladas. Isso não implica, contudo, que devamos minimizar a atividade docente em prol da defesa da curiosidade necessária, reduzindo-a a um mero intercâmbio burocrático de perguntas e respostas que acaba por se tornar estéril.
Dentro dessa perspectiva, Freire (2002) afirma que a dialogicidade não invalida a importância de momentos explicativos ou narrativos, nos quais o professor expõe ou discorre sobre o objeto de estudo. O essencial é que tanto o professor quanto os alunos mantenham uma postura dialógica, aberta, curiosa e indagadora, e não passiva, seja ao falar ou ao ouvir, pois o que realmente importa é que professores e alunos se assumam epistemologicamente curiosos.
O trabalho pedagógico é um campo repleto de múltiplas interrelações, as quais se configuram conforme as concepções ideológicas daqueles que o concebem e executam. A avaliação, sendo um componente intrínseco do ato educativo, também é influenciada por diversos condicionantes sociais, políticos, culturais e outros que interferem no processo educacional.
Para contrariar as atividades avaliativas que fomentam a passividade, Haydt (2002) afirma que a avaliação, sob uma perspectiva crítica, não pode servir como um instrumento de exclusão para alunos oriundos das classes trabalhadoras. Dessa forma, ela deve ser democrática, promovendo o desenvolvimento da capacidade do aluno de se apropriar dos conhecimentos científicos, sociais e tecnológicos produzidos ao longo da história.
É precisamente a avaliação orientada por uma perspectiva crítica que focaliza a atenção no presente estudo. Acredita-se que todas as práticas pedagógicas escolares devem se alinhar à perspectiva de uma educação emancipadora.
Essa emancipação exige que todas as ações realizadas na instituição de ensino estejam contextualizadas dentro de um projeto educativo concebido e executado coletivamente por todos os membros da comunidade escolar
De acordo com Almeida (2001), compreende-se que o projeto educativo desenvolvido na escola deve ter como premissa fundamental a realização de objetivos que correspondam aos interesses e necessidades dos alunos, proporcionando-lhes instrumentos que facilitem o acesso aos conhecimentos essenciais para a formação de uma consciência crítica. Tal formação visa emancipá-los da fragilidade e impotência perante o poder e a dominação.
Quanto aos instrumentos, acredita-se que a avaliação atua de maneira decisiva na formação crítica e política dos indivíduos. Para isso, é imperativo compreender a avaliação em sua totalidade, e não apenas em fragmentos, considerando que a avaliação educacional é uma atividade intrinsecamente complexa, demandando que os sujeitos envolvidos no processo a percebam e a conduzam de maneira profundamente reflexiva.
Por essa ótica, sublinha-se a necessidade para que o professor, em particular, adote uma perspectiva cuidadosa em relação às especificidades dos educandos, pois tal visão é fundamental para uma prática avaliativa inclusiva, evidenciando que a dinâmica da avaliação é intrinsecamente complexa e cíclica, refletindo os ritmos variados da aprendizagem.
Segundo Hoffmann (2005), torna-se indispensável acompanhar os percursos individuais que se manifestam no coletivo, em múltiplas e variadas direções. No entanto, a função do professor, ao avaliar cada um desses momentos, possui uma natureza distinta. Por isso, defende que é necessário ter essa clareza para evitar conclusões precipitadas sobre aprendizagens em processo, evitando assim equívocos graves que frequentemente ocorrem em práticas classificatórias.
A concepção de avaliação que respeita as especificidades dos educandos é necessária em qualquer modalidade de ensino. Magalhães Junior (2015) afirma que, ao lidarmos com cursos a distância, os canais de interação devem ser não apenas múltiplos, mas também constantemente acessíveis. Desse modo, destaca que alunos em uma situação de não presencialidade com seus colegas ou com o professor frequentemente se sentem isolados ou até “abandonados” em seu processo construtivo, o que torna imprescindível discutir a avaliação na EaD, um tema que será abordado no próximo tópico.
4 O PROCESSO AVALIATIVO NO EAD
A avaliação, em qualquer modalidade de ensino, configura-se como uma ferramenta didática indispensável. “Na educação presencial, a resolução de problemas é facilitada pela sincronia de tempo e espaço das atividades. No entanto, ao estudar na modalidade de EaD, é necessário um cuidado redobrado em relação às ações” (MAGALHÃES JUNIOR, 2015, p. 19), especialmente no que tange ao planejamento e à avaliação.
Dada a particularidade da interação entre professor e aluno na EaD, a avaliação assume um papel preeminente nesse contexto, pois ocupa um lugar de destaque porque, para professores e tutores, assume importância central ao fornecer subsídios para uma reflexão contínua sobre sua prática, possibilitando a criação de novos instrumentos e a revisão de aspectos que devem ser ajustados ou considerados adequados para o processo de aprendizagem, tanto individual quanto coletivo.
Dessa maneira, por meio da análise reflexiva do desempenho dos alunos, será possível revisar e redefinir a gestão, bem como atualizar e adequar a prática pedagógica, visto que o processo avaliativo deve ser conduzido de forma democrática. Assim, entende-se que os alunos também devem participar das decisões sobre como serão avaliados.
Os discentes não podem ser vistos apenas como objetos de reflexão para professores e tutores, mas sim como participantes do processo educativo para que suas opiniões sobre a condução do ato educativo sejam sempre consideradas.
Em um processo crítico de ensino que visa uma educação transformadora, a ênfase da avaliação estará nas relações estabelecidas no contato diário com o conhecimento. Contudo, deve haver momentos dedicados a pausas reflexivas.
Libâneo (1994) esclarece que essas pausas reflexivas envolvem a formulação de atividades por parte do professor, permitindo que os alunos, individualmente ou em grupos, utilizem o conjunto de conhecimentos adquiridos para criar, questionar, sugerir e explorar novas formas de aplicar esse saber. Em última análise, essas atividades visam demonstrar as transformações proporcionadas pelo novo conhecimento
A avaliação, portanto, configura-se como uma ferramenta essencial que contribui significativamente para o processo formativo do indivíduo, um processo que transcende os meros aspectos cognitivos. Por conseguinte, é fundamental que o ato avaliativo seja concebido e executado de maneira que vá além da simples aplicação de instrumentos, especialmente aqueles de natureza escrita.
Conjeturar sobre a avaliação educacional demanda uma consideração contextualizada de todos os aspectos intrínsecos ao trabalho educativo. Nesse sentido, Magalhães Junior (2015) revela que, para orientar o processo de construção dos instrumentos de avaliação, é imprescindível: conhecer a população a ser avaliada, levando em conta suas particularidades cognitivas; definir os objetivos, ações, habilidades ou competências que serão avaliadas; determinar as funções da avaliação, seja ela formativa, somativa ou diagnóstica; estabelecer os critérios de avaliação; elaborar os itens, aspectos ou questões que comporão o instrumento; submeter o instrumento à análise de especialistas ou pessoas experientes na elaboração de instrumentos de avaliação; e, finalmente, montar o instrumento.
A avaliação transcende a simples atribuição de notas, devendo ocorrer de maneira contínua para contribuir à formação integral do indivíduo. Dentro dessa formação integral, destaca-se a construção de um sujeito autônomo, capaz de organizar suas ações tanto cotidianas quanto escolares.
Considerando que a autonomia é uma das habilidades mais essenciais que o aluno da EaD precisa desenvolver, percebe-se que a avaliação assume, nessa modalidade, uma das condições mais relevantes para que o aluno se desenvolva como um ser autônomo na aquisição do aprendizado.
No contexto da construção dessa prática autônoma, revela-se a importância de que o educando possua conhecimentos técnicos sobre o assunto, capacitando-o para utilizar adequadamente os instrumentos avaliativos.
Magalhães Júnior (2015) destaca que, ao aplicar instrumentos de avaliação, tais como provas, trabalhos, dinâmicas de grupo ou outras estratégias que auxiliem o professor a obter informações sobre o desempenho dos alunos, é necessário adotar uma postura ativa, implicando em tomar decisões e realizar ações que permitam intervir com base nos diagnósticos realizados através desses instrumentos.
Assim sendo, torna-se evidente que instrumentos avaliativos são distintos de avaliação, embora estejam inter-relacionados. Desse modo, aplicar uma prova não equivale a realizar uma avaliação propriamente dita.
Porém, por que não se pode considerar a aplicação de uma prova e o registro das notas baixas obtidas pelos alunos como avaliação, especialmente quando os critérios que orientariam o julgamento dos professores em relação à aprendizagem dos alunos muitas vezes não foram sequer definidos? Primeiramente, já mencionamos que a aplicação de um instrumento constitui apenas uma das fases do ato de avaliar.
Magalhães Júnior (2015) afirma que o que realmente define a função pedagógica da avaliação são as ações que os professores empreendem com base nos resultados obtidos através dos instrumentos, a fim de orientar suas práticas pedagógicas e buscar o aprimoramento da aprendizagem dos estudantes.
As provas, por si só, não se configuram como avaliação se não estiverem acompanhadas de um planejamento focado na aprendizagem do aluno. Em resumo, tal ação, em vez de constituir uma avaliação, se reduz a um teste cujo objetivo principal é verificar quantitativamente, e não qualitativamente, o processo de aquisição de conhecimentos.
Quando os instrumentos avaliativos são bem escolhidos e planejados, o professor obtém dados sobre o desenvolvimento da aprendizagem de seus alunos. Para tanto, é importante destacar que esses dados devem ser utilizados como mecanismos de intervenção, visando à melhoria do processo de ensino.
Em outras palavras, embora os dados possam representar resultados quantitativos, suas análises devem ser interpretadas dentro de uma perspectiva de qualidade. Partindo desse entendimento, torna-se clara a relação entre a avaliação e a tomada de decisão.
A avaliação transcende a mera atribuição de notas, pois ela é conduzida com o propósito de intervir e decidir sobre a melhor forma de guiar os alunos na aquisição dos conhecimentos historicamente acumulados. Além disso, a avaliação visa também a formação de sujeitos críticos e ativos em relação à sociedade.
Objetivando resumir as análises aqui apresentadas, Magalhães Júnior (2015, p. 86) discute os princípios fundamentais que devem guiar as decisões durante o processo de avaliação na modalidade EaD.
a) Devemos planejar antes de realizar;
b) As decisões devem ser tomadas de forma coletiva, envolvendo a maior representação possível das partes envolvidas no processo de realização dos cursos;
c) Devemos definir o que queremos alcançar e as possibilidades de realização;
d) Devemos parar a refletir sempre que necessário;
e) Devemos priorizar a aprendizagem e não somente o cumprimento do tempo e programa estabelecido. Não adianta terminarmos no tempo certo e com os conteúdos ensinados se os estudantes não aprenderam;
f) O resultado dos processos avaliativos deve servir para melhorar os processos e não somente serem entregues aos que preencheram os instrumentos de coleta;
g) A avaliação deve ser uma ação em que todos devem fazer parte. Todos devem avaliar e serem avaliados;
h) Os resultados dos processos avaliativos devem ser socializados e discutidos com todas as partes envolvidas;
i) Todos que avaliaram e foram avaliados devem refletir e tomar decisões sobre o que devem fazer para serem melhores em relação ao que se planejou.
Assim, destaca-se a significativa relevância que a avaliação, como ação pedagógica, desempenha no contexto educativo. Na modalidade de EaD, a avaliação assume configurações distintas devido à separação física entre educador e educando.
Portanto, o processo de avaliar na EaD exige uma interação contínua entre todos os sujeitos envolvidos no processo, garantindo, dessa forma, a formação integral dos indivíduos.
5 BASES PEDAGÓGICAS NA ERA DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
A transformação e o impacto das ciências sociais, tecnológicas e cognitivas nos processos educacionais têm sido notavelmente profundos nas duas últimas décadas, manifestando-se tanto no avanço teórico-prático quanto nos paradoxos e tensões que surgem dessa evolução. Enquanto se debatem as estratégias tecnológicas mais eficazes e sedutoras para atrair alunos para instituições de ensino, igualmente se investiga como reconhecer e compreender as reais necessidades educacionais dos indivíduos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Essa dualidade revela não apenas um avanço no campo, mas também uma complexa rede de desafios e oportunidades que redefinem continuamente a prática educacional.
Sem dúvida, essa intenção está profundamente ligada ao desejo de assegurar à instituição uma posição destacada no competitivo cenário educacional. No entanto, para que essa posição se concretize, faz-se necessário que as organizações educacionais se concentrem, de forma incisiva, nos detalhes relevantes dos programas a serem implementados, o que significa identificar com precisão os problemas e necessidades a serem enfrentados, definir o perfil dos indivíduos que se beneficiarão da formação, e selecionar com rigor os meios e ferramentas a serem utilizados (Eastmond, 1994).
Neste cenário, o processo de aprendizagem será continuamente direcionado para a realização dos objetivos traçados, com base nas necessidades e expectativas dos indivíduos envolvidos, e imerso nos pressupostos teórico-filosóficos que orientam a proposta pedagógica da instituição, transformando cada interação em um avanço estratégico em direção ao sucesso educacional.
Os modelos de educação à distância, enquanto estratégias metodológicas para a implementação do processo educativo, podem ser analisados à luz dos princípios das tendências pedagógicas que moldam as práticas escolares em geral. Embora essas tendências não se manifestem de forma puramente isolada nem sejam totalmente excludentes entre si, elas possibilitam a identificação e a compreensão das dinâmicas complexas entre alunos e professores, a função da instituição escolar, e a abordagem dos conteúdos e métodos para seu desenvolvimento e apreensão (Saviani, 1982).
Para fins didático-analíticos, as tendências pedagógicas são divididas em dois grandes grupos: a Pedagogia Liberal, que inclui as vertentes tradicional, renovada progressivista, renovada não-diretiva e tecnicista, e a Pedagogia Progressista, composta pelas abordagens libertadora, libertária e crítico-social dos conteúdos. Neste último grupo, a avaliação é atribuída à responsabilidade do aluno, que deve gerir autonomamente seu processo de aprendizagem. As características dessas correntes pedagógicas estabelecem um marco teórico crucial para a análise dos modelos de ensino à distância, evidenciando a disparidade de referenciais sobre a compreensão do homem e da sociedade que alguns autores apresentam na discussão entre ensino e educação à distância.
Nessa ótica, Martinez (1999) conceitua a educação à distância como uma audaciosa estratégia que materializa os princípios da educação permanente e aberta, permitindo que qualquer indivíduo, transcendentemente ao tempo e ao espaço, se torne o protagonista de sua própria aprendizagem através da utilização sistemática de materiais educativos e da ampliação das possibilidades comunicativas por diversos meios e formas.
Aretio (1994), por sua vez, enxerga o ensino à distância como um intrincado sistema e tecnologia de comunicação bidirecional, destacando suas principais características na capacidade de ser “massivo” e na substituição da tradicional interação presencial professor-aluno por uma orquestração meticulosa de múltiplos recursos didáticos e de uma estrutura de tutoria que promove uma aprendizagem independente e flexível.
Apesar das divergências terminológicas entre os educadores, a percepção do aluno como protagonista do processo redefine radicalmente a construção do conhecimento, seja no ensino presencial ou à distância. O conhecimento é reconfigurado como um produto da interação social, ação, comunicação e reflexão colaborativa entre alunos, enquanto a tecnologia educacional emerge como um arsenal didático-pedagógico essencial para catalisar esse processo de aprendizagem. Nesse cenário transformador, surgem novos papéis e perfis para os envolvidos, alunos, professores e a própria instituição educacional, redefinindo a dinâmica e a eficácia do processo educativo.
Nos alunos, fomenta-se uma postura de autonomia na aprendizagem, incentivando a autodeterminação e a capacidade de traçar seu próprio caminho com maior segurança e comprometimento (Nunes, 1997). Os professores, por sua vez, transmigram de meros fornecedores de informação para facilitadores da aprendizagem, exercendo a função de guia e apoio (Bates, 1995). A instituição educacional, enquanto coordenadora do processo, torna-se a guardiã do planejamento e controle das etapas, assegurando que o foco permaneça no objetivo da intervenção e nas necessidades dos sujeitos envolvidos, bem como nos propósitos fundamentais do modelo de ensino. Esse intricado encadeamento entre os componentes do processo e sua direção para a aprendizagem encapsula e manifesta a concepção teórico-filosófica ou tendência pedagógica que o fundamenta.
O planejamento dos programas educacionais à distância deve ser meticulosamente orquestrado para garantir a integração harmoniosa de todas as suas fases, destacando desde as necessidades previamente identificadas até a revisão dos objetivos, princípios pedagógicos e métodos de aprendizagem, além de incorporar mecanismos robustos para avaliar a eficácia do processo (Eastmond, 1994). Nesse contexto, a etapa de avaliação dos programas de ensino à distância se revela imperativa como um processo abrangente, dinâmico e sistemático, transcendente aos meros meios e fins da aprendizagem, devendo examinar profundamente os conteúdos e os pressupostos pedagógicos subjacentes.
6 DISCUSSÕES
A avaliação no contexto do ensino à distância (EaD) constitui um tema de extrema relevância e complexidade no campo educacional. A transição dos métodos tradicionais de ensino para o ambiente virtual apresenta desafios singulares para a avaliação, demandando novas abordagens e ferramentas para assegurar a eficácia e a equidade do processo avaliativo. A partir das perspectivas de autores como Luckesi (2011), Magalhães Junior (2015) e Libâneo (1994), podemos examinar as sutilezas e particularidades deste tema.
Campos et al (2003) sublinha a importância de ajustar as práticas pedagógicas às particularidades do ensino à distância. Segundo a autora, a avaliação deve ser contínua e formativa, oferecendo feedback constante aos estudantes.
Diante dessa premissa, eles esclarecem que, no contexto do EaD, a avaliação deve transcender a mera mensuração de conhecimentos, abrangendo também o desenvolvimento de competências e habilidades específicas.
No cenário do EaD, a avaliação formativa capacita os alunos a monitorarem seu próprio progresso e a identificarem áreas que necessitam de aprimoramento, promovendo, assim, um aprendizado mais autônomo e reflexivo.
Além disso, enfatizam a importância de utilizar uma variedade de instrumentos de avaliação, como fóruns de discussão, trabalhos colaborativos e atividades práticas, para obter uma visão mais holística do desempenho dos alunos.
7 CONCLUSÃO
Em termos de considerações, percebe-se que, no contexto atual, mesmo com debates e estudos sobre a avaliação, ela ainda ocorre de maneira descontextualizada. As estratégias avaliativas comumente utilizadas no campo pedagógico baseiam-se predominantemente em dados e análises de instrumentos quantitativos.
Nesse sentido, sublinha-se que avaliar pedagogicamente exige uma abordagem global que considere todos os envolvidos no processo, permitindo o desenvolvimento integral do educando. Dessa forma, a educação escolar vai além do pensamento cognitivo, visto que educar é também fomentar no indivíduo a consciência política de si mesmo e da sociedade em que está inserido.
A educação não é uma atividade neutra e, como tal, carrega as ideologias daqueles que a concebem. Assim sendo, a avaliação, como um aspecto intrínseco do ato educativo, está imbuída de valores, concepções e ideias que frequentemente moldam os sujeitos para atender aos interesses da classe dominante.
Entretanto, exige-se que o processo avaliativo educacional seja fundamentado em uma concepção crítica e emancipatória do homem, da educação e da sociedade. Para isso, é essencial que, ao planejar atividades avaliativas, o educador considere as especificidades do educando, adaptando as estratégias de avaliação às necessidades e contextos individuais dos alunos.
Na modalidade de Educação à Distância, torna-se fundamental prestar atenção às particularidades dos alunos para que possam desenvolver sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem.
Dessa forma, faz-se necessário destacar que, embora o planejamento da avaliação seja, em grande parte, responsabilidade do professor, este não deve adotar uma postura autoritária na escolha das estratégias e dos instrumentos avaliativos. A avaliação deve ser concebida como um processo contínuo e democrático, onde todos os participantes do processo educacional têm o direito de expressar suas opiniões e contribuir para a construção das práticas avaliativas.
Entender a concepção de educação transcende o mero conhecimento das questões burocráticas que a sustentam, pois avaliar na modalidade de educação a distância é promover uma conexão vibrante entre educador e educando, e entre os próprios educandos.
O ato avaliativo, longe de ser apenas um instrumento para a atribuição de notas, é um processo dinâmico de formação de um sujeito autônomo, capaz de organizar, absorver e aplicar os conhecimentos historicamente acumulados. Nesse contexto, o conhecimento passa a ser inútil se não estiver carregado de uma prática social vigorosa e transformadora.
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