REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202505281435
Ueudison Alves Guimarães
Lidiane Ferreira da Silva
Celciane Lopes de Araújo
Alva Valéria Moro Labs
Erme Aparecido Freitas de Faria
Charlene Volles Bylaardt
Fátima dos Reis Almeida Sanches
Leidiane Aparecida dos Santos
RESUMO
A educação digital tem se tornado cada vez mais relevante, especialmente no contexto contemporâneo marcado pela rápida evolução tecnológica. A formação de professores, nesse cenário, enfrenta o desafio de integrar as tecnologias digitais de forma eficaz no processo pedagógico. Dessa forma, com o propósito de entender melhor essas dinâmicas, este estudo adotou uma metodologia de pesquisa bibliográfica, revisando literaturas acadêmicas e artigos que abordam as competências digitais necessárias para os educadores. As perspectivas analisadas indicam a importância de desenvolver essas competências, capacitando os professores a utilizarem ferramentas tecnológicas de maneira crítica e inovadora. Além disso, a pesquisa destaca a necessidade de que os programas de formação inicial e continuada contemplem a inclusão digital, proporcionando aos professores conhecimentos que vão além do uso técnico das tecnologias, mas também abrangem a aplicação pedagógica eficaz em ambientes digitais. Nesse contexto, a educação digital exige uma reconfiguração das práticas tradicionais de ensino, promovendo metodologias ativas que engajem os alunos em processos de aprendizagem mais dinâmicos e colaborativos.
Palavras-Chave: Aprendizagem. Educação Docente. Formação de Professores.
ABSTRACT
Digital education has become increasingly relevant, especially in the contemporary context marked by rapid technological evolution. In this scenario, teacher training faces the challenge of integrating digital technologies effectively into the pedagogical process. Thus, to better understand these dynamics, this study adopted a bibliographic research methodology, reviewing academic literature and articles that address the digital competencies needed by educators. The perspectives analyzed indicate the importance of developing these competencies, enabling teachers to use technological tools in a critical and innovative way. In addition, the research highlights the need for initial and continuing education programs to contemplate digital inclusion, providing teachers with knowledge that goes beyond the technical use of technologies, but also encompasses effective pedagogical application in digital environments. In this context, digital education requires a reconfiguration of traditional teaching practices, promoting active methodologies that engage students in more dynamic and collaborative learning processes.
Keywords: Learning. Teacher Education. Teacher Training.
1. INTRODUÇÃO
Este estudo mergulha na missão de traçar estratégias audaciosas para que educadores dos primeiros estágios da educação básica possam dominar e integrar tecnologias digitais nas suas abordagens didáticas. Além disso, incita um breve debate sobre o papel vital dessas tecnologias no aprimoramento do ensino e da aprendizagem.
Vive-se em uma era de transformação tecnológica rápida e incessante, onde novas plataformas tecnológicas eclodem constantemente em diversos setores como indústria, comércio e comunicações. Na educação, essa realidade não é exceção, visto que as tecnologias brotam diariamente, cada vez mais interativas e efervescentes, desafiando os paradigmas tradicionais dos processos educacionais. Surge, portanto, a necessidade premente de explorar e superar as barreiras que impedem a efetiva assimilação dessas tecnologias no ambiente escolar, catapultando tanto professores quanto alunos para um futuro tecnológico promissor.
Nesse panorama, as estratégias pedagógicas cumprem um papel altamente relevante no avanço do aprendizado dentro das escolas. Assim, a absorção e uso eficaz das tecnologias digitais por parte dos professores se tornam essenciais para impulsionar a modernização do ambiente escolar, visto que o processo de integração tecnológica é primordial para remodelar as práticas educativas.
Contudo, um desafio significativo se impõe: a variedade de professores que encontram enormes dificuldades em se adaptar ao manuseio dessas ferramentas tecnológicas durante suas aulas. Esse problema não é trivial, pois a incapacidade de dominar essas tecnologias não só estagna o desenvolvimento tecnológico nas escolas, mas também ameaça a eficácia do ensino. Assim sendo, salienta-se que a luta para superar essa barreira é urgente e crítica, pois sem a competência tecnológica, o potencial completo das práticas pedagógicas modernas não pode ser realizado.
Nesse cenário, um dos desafios enfrentados pelos professores em adotar tecnologias é a inclusão digital, que envolve a mediação entre o indivíduo e o conhecimento tecnológico. Ressalta-se, pois, que isso é um fator decisivo e preocupante, pois o uso das tecnologias na educação se torna um problema generalizado, sendo que, sem essa mediação, o profissional não adotará metodologias que envolvam novos equipamentos ou tecnologias contemporâneas, mesmo que muitos recursos estejam disponíveis na escola. No entanto, compreende-se ainda que muitos professores não sabem operar essas tecnologias adequadamente.
Com isso em mente, esse artigo se inicia com uma seção que explora as tecnologias digitais dentro do contexto educacional, apresentando um arcabouço teórico sobre os desafios e a importância desse tema nas práticas docentes em sala de aula. Em seguida, passa-se a uma análise das tecnologias digitais na educação básica, onde serão debatidos os obstáculos de ensinar e educar em meio aos inúmeros avanços tecnológicos, além de ressaltar a importância do papel mediador do professor nesse processo.
2. METODOLOGIA
O procedimento metodológico de pesquisa bibliográfica partiu de uma análise aprofundada dos conceitos relacionados à temática aqui debatida. Essa análise foi realizada em diálogo com autores renomados na área, além da apresentação de interpretações e pontos de vista do autor deste trabalho. O objetivo foi destacar os conceitos centrais relacionados ao tema abordado e apresentar argumentos fundamentados. Dessa forma, busca-se fornecer uma compreensão abrangente e crítica das tecnologias digitais no contexto educacional, sublinhando suas implicações teóricas e práticas.
As informações e conclusões essenciais sobre o objeto de estudo foram obtidas por meio de uma revisão bibliográfica, a qual envolveu uma análise aprofundada de obras de autores especialistas em tecnologias na educação, comunicação e linguagem digital. Para isso, foram consultados artigos em livros impressos e digitais, periódicos acadêmicos, Google Acadêmico e documentos eletrônicos, garantindo uma base sólida e abrangente para a discussão teórica.
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Educação digital
Ao debater acerca do tema que envolve as tecnologias digitais na educação, considera-se suas vantagens para o ensino nas escolas, uma vez que elas oferecem mais possibilidades do que o livro didático impresso, podendo ser entendidas como qualquer recurso que não esteja fisicamente presente e que pode ser consultado a qualquer momento, seja por meio de imagens fixas ou em movimento, som, texto ou até mesmo verbalmente.
Conforme Valente (1996), dada a facilidade com que as crianças lidam com meios tecnológicos, cabe ao professor explorar esses recursos para que o aluno aproveite a variedade de conteúdos disponíveis, ampliando gradativamente seu conhecimento.
Nesse sentido, objetivando fundamentar o estudo sobre a temática das tecnologias digitais nas práticas dos professores, surge a preocupação em analisar a formação docente em relação à utilização e inclusão dessas tecnologias nas práticas pedagógicas. Além disso, compreende-se que o papel do professor vem se transformando, rompendo com os padrões que o definiam como detentor absoluto do conhecimento, o qual os alunos deveriam receber de maneira facilitada e sem esforço significativo, tornando-se, assim, um facilitador na construção do conhecimento e incentivador do processo de aprendizagem dos alunos.
Coscarelli e Ribeiro (2014) destacam que o principal desafio enfrentado por educadores e instituições de ensino é a luta contra a exclusão digital, um fenômeno que não se limita ao Brasil, mas se estende globalmente e que essa exclusão resulta de uma combinação complexa de fatores, que incluem desde desigualdades socioeconômicas até a carência de infraestrutura tecnológica adequada, além da falta de profissionais capacitados com conhecimentos básicos para utilizar equipamentos tecnológicos ou até mesmo para simplesmente navegar na internet.
Dessa forma, entende-se que a inclusão digital precisa ser participativa e intensiva, transformando-se de um desafio em uma cultura internalizada, permitindo que os alunos dominem os meios tecnológicos cotidianos. Torna-se evidente, de acordo com os autores, que a importância de uma qualificação aprimorada para os professores, com capacitações contínuas, pois diariamente emergem novas formas de lidar com tecnologias digitais, enquanto as antigas podem se tornar obsoletas.
Considerando o processo histórico no contexto tecnológico educacional, observa-se que a tecnologia sempre esteve e sempre estará presente, mas na contemporaneidade ela se manifesta de maneira muito mais intensa do que no passado, provocando mudanças significativas na abordagem do ensino-aprendizagem e, em especial, na redefinição do papel do professor frente às novas tecnologias.
Na contemporaneidade, segundo Coscarelli e Ribeiro (2014), a variedade de recursos tecnológicos disponíveis, quando sustentada por infraestrutura adequada e políticas educacionais eficazes, facilitou e, para algumas especificidades, tornou mais acessível a utilização e apropriação desses recursos no setor educacional. Todavia, para os autores, é fundamental reconhecer que a potencialidade das tecnologias digitais introduziu desafios e exigiu transformações, uma vez que tanto professores quanto alunos precisam se adaptar a essas novas demandas. Segundo Coscarelli e Ribeiro (2014), os professores, em particular, devem buscar qualificações contínuas, pois é imperativo que estejam atentos às novas funcionalidades e às apropriações tecnológicas emergentes para o ensino.
Para Coscarelli e Ribeiro (2014):
Podemos também considerar que os recursos digitais abarcam arquivos, mídias ou aplicações digitais acessíveis por meio de dispositivos como computadores, tablets, televisões, entre outros; tais recursos podem ser de domínio público ou sujeitos a licenciamento para sua utilização. Exemplos incluem vídeos e filmes relacionados às matérias estudadas, sites específicos e úteis, jogos online, e até mesmo a utilização de diversos aplicativos (COSCARELLI; RIBEIRO, p.74).
Os autores ainda salientam que a internet, quando bem direcionada e organizada na prática docente, pode oferecer inúmeros benefícios para o ensino-aprendizagem, pois possibilita a realização de pesquisas tanto em grupo quanto individualmente, promovendo a troca de experiências entre professores e alunos. Para eles, ela é frequentemente comparada a uma vasta biblioteca, pois permite o acesso a livros, revistas, dicionários, sites, blogs e diversas outras aplicações educacionais.
Dessa maneira, entende-se que os professores podem utilizar a internet em suas aulas para promover e incentivar a pesquisa, exemplificando com o uso desse recurso para direcionar investigações sobre um determinado assunto online.
Nesse sentido, segundo Fantin (2007), almejando conduzir uma pesquisa eficaz, os professores devem considerar questões relevantes, como definir claramente o objetivo da pesquisa, verificar a confiabilidade das fontes utilizadas, orientar sobre como referenciar as informações coletadas e assegurar que a pesquisa proposta foi realmente realizada pelo aluno, e não simplesmente copiada de um site. Adicionalmente, o autor salienta que se pode estimular a leitura e escrita, reconhecendo que a leitura na internet difere significativamente da leitura de livros, revistas ou jornais impressos.
Através da internet, para Fantin (2007), os cenários contemporâneos e as novas demandas educacionais revelam que a sociedade moderna se estrutura cada vez mais a partir das mídias digitais, abrangendo computadores, celulares, discos compactos, televisão digital, e-books, conteúdos online e outros meios, que mediam a cultura do indivíduo de forma abrangente, moldando as interações sociais. Diante disso, o autor explica que o papel do professor se torna essencial para consolidar novos conceitos e contribuir para o desenvolvimento de diversas práticas pedagógicas e curriculares.
Segundo Fantin (2007, p.11):
A sociedade contemporânea impõe desafios significativos para os profissionais da educação. Embora a vida cotidiana seja repleta de informações, o acesso a essas informações é altamente fragmentado, o que influencia a qualidade das interações, pois muitos professores carecem do nível cultural necessário para estimular adequadamente seus alunos. Além disso, muitos alunos enfrentam a falta de acesso e inclusão aos recursos tecnológicos (FANTIN, 2007, p.11).
Ainda de acordo com Fantin (2007), os desafios enfrentados pelo educador vão muito além da simples habilidade de ler e escrever; não é suficiente que o aluno apenas leia livros, se ele não for capaz de ver e interpretar imagens e filmes na televisão, entender notícias em jornais, utilizar computadores para navegar em redes sociais, ou compreender notícias no rádio. Para o autor, embora as mídias contenham conteúdos questionáveis do ponto de vista educacional, isso não implica que a mediação deva ser necessariamente de resistência e negativa. Pelo contrário, todos os conteúdos que as crianças consomem podem ser considerados objetos de estudo, buscando-se entender o que elas aprendem e problematizando criticamente as consequências do consumo de mídias por crianças, jovens e adultos.
O autor ainda explica que, em cada domínio do conhecimento, há um tipo específico de linguagem associado, e a escola, ao facilitar a imersão dos alunos nas práticas desse domínio, não pode negligenciar as questões relativas ao entendimento da linguagem tecnológica ou digital.
De acordo com o autor, a relação entre linguagem e aprendizado digital é uma questão capital a ser abordada, e não apenas pode, mas deve ser desenvolvida nas escolas desde a infância, antes mesmo que as crianças aprendam a ler e escrever. Existem diversas atividades, algumas das quais serão apresentadas neste trabalho, com sugestões destinadas aos alunos das séries iniciais, visando a introdução de mecanismos de alfabetização digital.
Dessa maneira, Geremias (2007) evidencia a necessidade de uma formação continuada no uso de computadores no processo de ensino e aprendizagem, destacando-se como uma preocupação pertinente, pois ao discutir o letramento eletrônico dos professores, salienta-se um tipo de analfabetismo observado no contexto atual. Esse cenário, segundo o autor, é caracterizado pelo uso cada vez menos frequente das Tecnologias da Comunicação Digital, representadas por instrumentos e métodos utilizados tanto para a apreensão quanto para a transmissão de informações em formato digital, incluindo imagens, vídeos, som e texto.
De acordo com Geremias (2007):
A necessidade de inserção dos professores na cultura digital requer estudos mais profundos e uma análise crítica, uma vez que muitos docentes não utilizam os equipamentos disponíveis nas escolas ou desistem de usá-los. Quais são os motivos que levam a essa situação? De que maneira os professores são amparados na apropriação dos recursos digitais? Como funcionam as formações continuadas? Tais questões são essenciais para entender as lacunas dessa formação. No entanto, como o foco deste trabalho não é aprofundar esses encaminhamentos, apenas levantamos questionamentos para fomentar as discussões (GEREMIAS, 2007, p.38).
Por outro lado, Raiça (2008) apresenta um histórico das políticas públicas direcionadas ao incentivo da acessibilidade digital nas escolas, destacando que, embora existam instituições de ensino bem equipadas tecnologicamente, frequentemente falta uma proposta pedagógica específica. A autora sublinha a necessidade imperativa de preparar os professores para a aplicação eficaz dos recursos tecnológicos; sem atender a essa prática, os profissionais da educação correm o risco de se tornarem agentes de exclusão tecnológica.
Ela ainda ressalta a importância dos princípios da Informática na educação e o papel essencial do professor em uma abordagem inclusiva, inclusive no que se refere ao uso de um simples computador no contexto educacional, o qual é fundamental para se aproveitar os benefícios da informática na educação. No entanto, para ela, o professor não precisa necessariamente dominar todos os recursos de um computador, mas deve ser capacitado para identificar e explorar as possibilidades pedagógicas que esses recursos podem oferecer como complementos educativos.
Observa-se, com isso, que a sociedade moderna está em constante reinvenção, criando incessantemente recursos para auxiliar nas atividades cotidianas, com equipamentos eletrônicos cada vez mais sofisticados e, em muitos casos, autônomos. No entanto, percebe-se ainda uma carência desse desenvolvimento intensificado na esfera educacional, pois, segundo Moran (2000), atualmente, muitas metodologias de ensino não se justificam mais. Investimos tempo excessivo, adquirimos pouco conhecimento e enfrentamos uma desmotivação constante. Para o autor, tanto professores quanto alunos têm a nítida percepção de que muitas aulas tradicionais estão obsoletas. Mas qual direção tomar? Como ensinar e aprender em uma sociedade cada vez mais interconectada?
Moran (2000) menciona ainda que o campo da educação está sob forte pressão para mudanças, similarmente a outras organizações, mas destaca que a educação é o caminho ideal para a transformação societal e isso abre uma oportunidade para uma visão renovada sobre as tecnologias, incentivando mais investimentos nas necessidades existentes. Com isso, salienta-se ainda que uma prioridade mencionada pelo autor, que já se tornou realidade, é a implantação de tecnologias telemáticas de alta velocidade para conectar alunos, professores e a administração.
3.2 Formação docente
Ser professor atualmente é uma profissão que demanda um imenso esforço, tempo e dedicação, ultrapassando o simples compromisso e comprometimento com os alunos. Esse papel é fundamental dentro da escola e reflete-se em toda a sociedade, conectando-se diretamente à formação do cidadão. Desde a infância, segundo Gabriel (2003, p,11), “todos nós buscamos modelos a serem seguidos, começando pelos nossos pais, seguidos pelos professores e pelas amizades formadas no ambiente escolar”. Nesse contexto, a apropriação e utilização de recursos digitais exigem um preparo intenso, conhecimento profundo e pesquisa contínua acerca dos novos desafios do ensino. Considerando que se trata de um novo modelo de aprendizagem e formação dos alunos para a sociedade, de acordo com Gabriel (2003), é imprescindível que esse tema seja amplamente discutido.
Assim, o autor salienta que o surgimento de novas tecnologias na educação tornou-se um dos principais pontos de debate na atualidade, sendo que jogos, chatbots para esclarecer dúvidas dos alunos, armazenamento em nuvem para materiais didáticos, realidade virtual, programação e robótica são algumas das inovações que podem estimular a criatividade e o engajamento dos alunos nas escolas. Esses exemplos citados por Gabriel (2003) representam apenas uma fração das tecnologias disponíveis, e a utilização desses recursos pelas instituições de ensino tem movimentado significativamente o mercado educacional, contribuindo para o desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas.
É importante que as escolas reflitam sobre a apropriação dos recursos tecnológicos e mantenham-se constantemente atualizadas, pois, conforme Gabriel (2003, p. 109), “ministrar cursos cujo conteúdo está em constante mudança não é uma tarefa simples, mas essa dificuldade é consideravelmente atenuada e se torna mais gratificante quando se pode conduzi-los em um ambiente que permita a demonstração prática dos conceitos”.
Assim, para o autor, a questão não reside apenas na presença de determinadas tecnologias no ambiente escolar, mas na necessidade de criar um espaço adequado para trabalhar com essas tecnologias junto aos alunos. Os avanços tecnológicos não provocaram mudanças apenas para os professores, mas impactaram significativamente os alunos. Deste modo, segundo Gabriel (2003, p. 109), “novos recursos de comunicação, considerados assustadores por alguns, tanto alunos quanto professores, contrastam com a anterior dependência exclusiva de fontes de informação física, como livros, revistas e jornais”.
De acordo com Gabriel (2003), as tecnologias de informação e comunicação contemporâneas impõem uma necessidade vertiginosa de superação contínua do conhecimento, exigindo que busquemos incessantemente novos caminhos para a abertura e a fluência do saber, a fim de encontrarmos pontos de equilíbrio dinâmicos que beneficiem tanto alunos quanto professores.
Ainda conforme o autor mencionado, a internet surge como um dos principais aliados, exercendo papel fundamental nas tecnologias atuais e sendo decisiva para a implantação de futuras inovações, uma vez que ela se destaca como uma ferramenta essencial para conectar pessoas. Nesse contexto, a internet passou por transformações e continua a evoluir em direção a um modelo mais complexo e dinâmico, na tentativa de acompanhar as necessidades sociais em constante mudança.
Para Gabriel (2003), a internet oferece uma ampla variedade de possibilidades que muitas vezes são subutilizadas ou pouco exploradas no ambiente de sala de aula. Desse modo, para que as tecnologias sejam realmente eficazes na educação, é necessário mais do que apenas dispor desses recursos, sendo imprescindível que a educação se aproprie plenamente das culturas tecnológicas, visto que essa apropriação permite a formação de novos padrões de comportamento, crenças, valores e hábitos, enriquecendo o processo de ensino e aprendizagem dos alunos e contribuindo para a construção de uma sociedade mais integrada tecnologicamente.
Atualmente, de acordo com Gabriel (2003), vive-se em uma era da informação, marcada pelo surgimento de novas formas de pensar, agir e comunicar-se, onde surgem múltiplas maneiras de adquirir e compartilhar conhecimento. Para o autor, diversas ferramentas facilitam essa aquisição, e as escolas desempenham um papel crucial como a principal ponte para a formação e o desenvolvimento dos alunos, garantindo que eles possuam um perfil capaz de atender às demandas cada vez mais rigorosas da sociedade moderna. Estamos imersos em uma nova era tecnológica, por isso, a expansão das possibilidades de comunicação e informação através de dispositivos como telefones, televisões e computadores está transformando radicalmente nossas formas de viver e aprender (KENSKI, 2003).
Kenski (2003) explica que as tecnologias digitais estão desafiando as escolas a abandonarem os métodos tradicionais de ensino, caracterizados pela centralidade do professor e pela utilização de recursos escassamente digitais. Essa transição, segundo o autor, impacta a metodologia de ensino, a forma como os conteúdos são transmitidos e a relação entre professores e alunos, promovendo um ensino mais participativo e interconectado. Com isso, percebe-se que esse novo paradigma permite que as interações ocorram tanto presencialmente quanto à distância, mantendo os objetivos e propósitos, mas conectados virtualmente. Todavia, nem todas as questões podem ser resolvidas em sala de aula, mas o uso adequado e racional das tecnologias pode oferecer suporte significativo para o ensino.
Na contemporaneidade, as tecnologias digitais apresentam um desafio significativo para a prática docente. De acordo com Kenski (2003), há uma gama extensa de possibilidades de acesso à informação, interação e comunicação, decorrentes do contínuo desenvolvimento da sociedade, que gera novas necessidades de aprendizagem e aprimoramento. Nesse contexto, para o autor, os computadores, as redes virtuais e as diversas mídias digitais desempenham um papel crucial, oferecendo ferramentas prontamente disponíveis e de fácil adesão para auxiliar ativamente nesse processo de transformação educacional.
Kenski (2003) salienta ainda que as tecnologias de cada geração possuem suas particularidades, com o intuito de atender às demandas essenciais para o avanço da sociedade, como evidenciado pelas transformações trazidas pela Revolução Industrial no contexto das máquinas de trabalho. Nesse cenário, a pedagogia deve intervir na promoção dessas aprendizagens, cabendo aos professores a responsabilidade de desenvolver estratégias para explorar as tecnologias disponíveis em rede, o que requer a busca contínua de informações e a apropriação eficaz e qualitativa desses recursos tecnológicos.
Assim sendo, conforme Kenski (2003, p. 5), o uso inadequado dessas tecnologias pode comprometer o processo educacional e gerar um sentimento aversivo em relação à sua aplicação em outras atividades pedagógicas, tornando difícil a superação desse obstáculo. Nesse sentido, acredita-se que dominar a utilização correta dessas tecnologias para fins educacionais representa uma nova exigência imposta pela sociedade contemporânea ao desempenho dos educadores.
Para o autor supracitado, a prática pedagógica com tecnologias exige um profundo domínio dessas ferramentas específicas, bem como um vasto conhecimento sobre as metodologias para seu ensino. Por isso, segundo Kenski (2003), o educador precisa adquirir os recursos necessários e dominar desde a criação até o manuseio das tecnologias, pois estas não devem ser vistas apenas como ferramentas de apoio, como um vídeo em uma televisão, por exemplo. Pelo contrário, elas devem ser consideradas como recursos com potencial para trazer eficiência e transformação às atividades educacionais e ao processo de aprendizagem dos envolvidos.
Conforme Kenski (2003), as tecnologias digitais advêm das necessidades educacionais, apresentando novas formas de ensinar e aprender que constituem um desafio significativo. As aprendizagens tecnológicas transcendem meras capacidades e habilidades adquiridas, estando consideravelmente mais avançadas do que as sociedades baseadas na oralidade e na escrita. Dessa forma, embora essas formas tradicionais de ensino e aprendizagem ainda prevaleçam, as tecnologias atuais estão se tornando cada vez mais sistemáticas e elaboradas, refletindo um progresso contínuo e complexo.
Logo, entende-se que as tecnologias digitais contemporâneas de comunicação e informação nos oferecem oportunidades estratégicas para potencializar as aprendizagens, pois são responsáveis por fomentar a criatividade e a inovação, flexibilizando a formação de novos pensamentos e comportamentos na sociedade, que, por sua vez, impulsionam avanços tecnológicos subsequentes.
3.3 Perspectivas das tecnologias na formação de professores
A rede mundial de computadores oferece uma variedade de conhecimentos diversificados para os alunos. Por meio dela, segundo Moran (2000), é possível utilizar sites que disponibilizam jogos educativos, os quais oferecem inúmeros benefícios pedagógicos, como o aprimoramento da coordenação motora, a realização de exercícios matemáticos, e a aprendizagem de diversas brincadeiras.
Outra estratégia a ser considerada no desenvolvimento das práticas docentes, segundo o autor, é a criação de um site ou mesmo de um blog, promovendo uma interação mais eficaz entre os alunos e a comunidade extraescolar, que passa a participar das atividades desenvolvidas. Nessas plataformas digitais, é possível publicar textos, cartazes e desenhos produzidos pelos alunos, desde que estejam sob a orientação dos professores, fomentando um ambiente de compartilhamento e colaboração.
Essas atividades podem ser realizadas de maneira direcionada e organizada, garantindo que apenas conteúdos específicos sejam publicados, como uma visita a um zoológico ou a um local determinado da cidade. Assim, como salientado por Moran (2000), é possível destacar as impressões e produções dos alunos relacionadas à experiência, que podem posteriormente ser compartilhadas por meio de textos, fotos ou até mesmo vídeos que documentem suas percepções e o aprendizado obtido durante a visita.
Pode-se utilizar uma variedade de aplicativos de interação baseados em perguntas e respostas, uma estratégia essencial para promover um diálogo mais profundo dos alunos com o conteúdo. Aplicativos como Quizlet, Gameseducativos.com, entre outros, permitem a proposição individualizada de questões aos estudantes. Esses recursos podem complementar os conteúdos das disciplinas e constituir aliados valiosos para aprimorar a leitura e a compreensão textual.
Esses sites são ideais para alunos que desejam consolidar seus conhecimentos ou expandi-los ainda mais. O Quizlet, por exemplo, é uma plataforma que exige a criação de uma conta. Após o cadastro, os usuários podem explorar diversos temas em diferentes áreas do conhecimento ou criar listas de estudo específicas para focar em tópicos particulares. Esta ferramenta facilita o estudo e a assimilação dos assuntos de maneira organizada e personalizada.
Os métodos de estudo oferecidos são variados e podem ser realizados por meio de cartões, que disponibilizam seis ferramentas distintas: “Aprender,” “Escrever,” “Soletrar,” “Avaliar,” “Combinar” e “Gravidade.” Cada uma dessas ferramentas proporciona uma abordagem diferente para as perguntas formuladas, permitindo diversificar a maneira de fixar e avaliar os conhecimentos adquiridos. As notas atribuídas por cada uma dessas seis opções de estudo ajudam a medir o progresso e a eficácia do aprendizado.
O site Gameseducativos.com oferece uma variedade de jogos educativos abrangendo disciplinas escolares como português, matemática, história, geografia, entre outras. Além disso, conta com quizzes e quebra-cabeças. Diferentemente de outras plataformas, não é necessário criar uma conta para acessar o conteúdo. O site apresenta os jogos de maneira dinâmica e envolvente, permitindo que os alunos aprendam enquanto se divertem, tornando o processo educacional mais lúdico e atrativo.
Outra estratégia que podemos adotar é a gamificação na educação, um recurso altamente eficaz para promover o aprendizado dos estudantes. Nesse processo, os alunos se divertem, o que facilita a interação e a compreensão dos conteúdos.
A gamificação, para Moran (2000), envolve a criação de jogos baseados nos conteúdos estudados, nos quais os alunos devem demonstrar a assimilação dos conhecimentos adquiridos em sala de aula para progredirem no jogo. À medida que avançam, o grau de dificuldade aumenta, incentivando os alunos a continuarem engajados. Esses jogos, que podem ser eletrônicos ou analógicos, adotam regras lógicas e transformam o aprendizado em uma experiência mais dinâmica e motivadora, enriquecendo o processo de ensino.
Nesse contexto, Moran (2000) observa que as tecnologias têm a capacidade de fornecer dados, imagens e resumos de maneira rápida e atraente. Dessa forma, o autor ainda ressalta que o papel fundamental do professor é auxiliar o aluno na interpretação desses dados, relacionando-os e contextualizando-os. Assim, o uso das tecnologias torna-se um recurso crucial para a motivação, participação e interação entre alunos e professores, enriquecendo significativamente o ambiente educacional.
Os exemplos aqui abordados são cruciais para levar a todos a refletir e repensar a educação além do quadro e das canetas em sala de aula, sendo vital reconhecer que estamos imersos em uma era onde as tecnologias digitais permeiam todos os âmbitos da sociedade. No entanto, ainda se observa que tais estratégias não são amplamente adotadas por professores e ambientes escolares devido a uma série de problemas, como a falta de capacitação, inadequada infraestrutura, resistência à mudança, deficiências na formação, entre outros. Ademais, salienta-se ser importante ressaltar que o quadro e as canetas continuam a ser recursos valiosos que devem ser utilizados em conjunto com as tecnologias digitais.
4. DISCUSSÕES
Os resultados da análise sobre a educação digital e as perspectivas na formação de professores indicam uma necessidade premente de integração de tecnologias digitais nos currículos de formação docente. Os dados revelam que, apesar do acesso crescente a recursos tecnológicos, muitos professores ainda carecem de competências para utilizar eficazmente essas ferramentas em suas práticas pedagógicas.
Por outro lado, como visto em estudos de autores como Moran (2000), a formação contínua, com foco em habilidades digitais e metodologias inovadoras, mostrou-se essencial para superar essa lacuna. Assim, entende-se que iniciativas que combinam teoria e prática, como oficinas e cursos de atualização, demonstraram ser eficazes para capacitar os professores, proporcionando-lhes não apenas o conhecimento técnico, mas também as habilidades pedagógicas necessárias para transformar a dinâmica de ensino-aprendizagem.
A discussão de Moran (2000) revela que a incorporação de tecnologias digitais na educação vai além do simples uso de dispositivos e plataformas; trata-se de uma mudança paradigmática na abordagem pedagógica e que a formação de professores deve, portanto, incluir uma reflexão crítica sobre o papel dessas tecnologias no desenvolvimento cognitivo e social dos alunos. Além disso, os programas de formação devem ser flexíveis e adaptativos, capazes de evoluir juntamente com as inovações tecnológicas.
As experiências relatadas por Moran (2000) destacam a importância de uma abordagem colaborativa, onde professores, alunos e gestores escolares trabalham juntos para criar um ambiente de aprendizagem mais interativo e significativo. Com isso, entende-se que a educação digital exige um comprometimento contínuo com a capacitação docente e a inovação pedagógica para efetivamente transformar a educação contemporânea.
5. CONCLUSÃO
Este artigo foi muito importante para que se pudesse compreender um pouco mais como as tecnologias digitais podem ser integradas pelos professores no contexto educacional, pois ela demonstrou que a escola é um espaço de aprendizado e compartilhamento de conhecimento entre todos os envolvidos, assim como para aqueles que interagem com o mundo exterior. Assim, viu-se aqui que as tecnologias oferecem inúmeras possibilidades para serem exploradas em sala de aula pelos professores, sendo essenciais para promover uma aprendizagem transformativa e eficaz entre os alunos.
Reconhecendo que o professor é um dos principais responsáveis pelo aprendizado dos alunos, torna-se evidente a necessidade de criar e recriar suas aulas, incorporando meios tecnológicos. Dessa forma, o ensino se torna mais interessante e até mesmo divertido para os alunos. Além disso, o envolvimento ativo dos alunos nessas práticas que utilizam recursos digitais é essencial, pois uma aula eficaz se constrói através da colaboração mútua entre educadores e alunos, ambos atuando como agentes educacionais.
Viu-se aqui ainda várias estratégias que podem ser implementadas em sala de aula com os alunos. Estas sugestões são baseadas em um estudo teórico sobre tecnologias digitais e demonstram como esses recursos podem ser utilizados de maneira mais eficaz, uma vez que os recursos tecnológicos são considerados ferramentas de apoio e mediadores do conhecimento.
Todavia, salienta-se que a escola cumpre um papel de grande relevância nesse processo de ensino e aprendizagem, fornecendo materiais tecnológicos e capacitando os profissionais de maneira que tanto professores quanto alunos compreendam como e quando podem apropriar-se das tecnologias digitais para enriquecer as práticas pedagógicas e os processos avaliativos em sala de aula.
Nesse contexto, revela-se que, ao abordar a relação entre tecnologia e escola, este tema revelou que, apesar dos discursos muitas vezes conflitantes, ambas as esferas podem colaborar efetivamente para promover aprendizagens de maneira mais dinâmica e atraente, sendo fundamental destacar que a motivação pode servir como o principal catalisador para não apenas abrir novas possibilidades de transmissão de conteúdos, mas também para criar formas inovadoras e diversificadas de aprendizagem.
Dentro dessa perspectiva, tornou-se evidente que os autores mencionados neste trabalho contribuíram significativamente para uma compreensão mais aprofundada da perspectiva educacional no contexto das tecnologias. Assim sendo, a edificação deste estudo contribuiu para que pudesse haver uma breve reflexão sobre as concepções e debates em torno das tecnologias digitais, elucidando sua importância e a forma como são consideradas pelas instituições de ensino e, subsequente, adotadas pelos educadores.
Pode-se, portanto, afirmar que, no que tange ao uso de recursos digitais, uma aplicação inadequada ou a falta de capacitação do professor para utilizar esses recursos pode dificultar ou mesmo não gerar um impacto significativo na aprendizagem dos alunos, perpetuando ou intensificando a percepção de aulas “chatas e/ou estressantes.” Desse modo, torna-se essencial a aplicação e a apropriação eficaz desses recursos digitais em sala de aula, pois eles são fundamentais para despertar o interesse dos alunos pelos conteúdos, visto que promove uma melhor compreensão das disciplinas, assegurando uma aula mais flexível e colaborando para mudanças significativas na prática pedagógica.
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