REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8144267
Fabíola Almeida do Nascimento Amorim1
Vitor Costa Franco2
Wallas Faustino da Silva3
Luciana Oliveira do Valle Carminé4
RESUMO – A pandemia causada pelo novo coronavírus levou as instituições de ensino a lidar com mudanças bruscas, principalmente nas escolas de ensino infantil, fundamental e médio, que tiveram que se adaptar ao novo modelo de educação online ou educação a distância (EAD) de forma rápida e inesperada. O processo de adaptação foi sentido tanto pelos docentes quanto pelos discentes, que por não estarem totalmente familiarizados com o modelo de aulas remotas, tiveram que enfrentar alguns desafios e entender a importância de lidar com os recursos tecnológicos. Por essa razão, uma escola pública do ensino médio da cidade de Manaus tornou-se foco desta pesquisa que visou analisar a importância e os desafios enfrentados na percepção do docente no uso da modalidade EAD durante a pandemia. Para obtenção de dados, foi realizada uma revisão de literatura, assim como a aplicação de um questionário com o intuito de avaliar os principais desafios do docente no período da pandemia, a importância do uso das ferramentas tecnológicas e o processo de adaptação dos métodos de ensino a nova realidade.
Percebeu-se que a necessidade em aderir à tecnologia como principal aliada foi um dos grandes desafios dos docentes, mas que esses desafios trouxeram ensinamentos e experiências, mostrando que as inovações e modificações na educação podem transformá-la em algo ainda mais eficiente.
Palavras-chave: Educação a Distância. Desafios. Pandemia. Docente. Escola.
- Introdução
Nos dias atuais o Ensino a Distância (EAD) refere-se a uma forma de ensino que dispõe de meios tecnológicos para proporcionar conteúdo educacional e possibilitar a relação entre professores e alunos, sem a necessidade de estarem fisicamente presentes no mesmo local. Nesse artigo vamos mostrar a importância, os desafios, o papel e é claro, a perspectiva dos docentes na EAD, especialmente no contexto da pandemia.
Cordeiro (2020) declara que reaprender a ensinar e reaprender a aprender foram um dos desafios em meio a essa nova realidade que afetou diretamente a educação. Com isso, a pandemia fez com que os educadores adaptassem suas metodologias, tendo que se reinventar para conseguir ministrar as aulas por meio do ensino remoto. Veremos que o acesso à educação pela EAD se mostrou uma ferramenta crucial para levar educação durante a pandemia, de certo modo, mostraremos as dificuldades de acesso a essa modalidade incomum ao do ensino presencial, tais como os desafios do EAD no que ser refere à conectividade, infraestrutura, acesso confiável à internet, recursos tecnológicos adequados e as dificuldades no manuseio das ferramentas digitais pelos docentes nos quais são essenciais para uma experiência de EAD eficaz.
O fator interação e engajamento no ambiente virtual limita a interação entre professores e alunos, bem como entre os próprios alunos. Foi necessário desenvolvimento de estratégias e ferramentas que promoveram a participação ativa e o compartilhamento de conhecimento, visto que a modalidade é bem diferente do ensino presencial. Os professores desempenharam um papel fundamental na EAD, eles foram responsáveis por planejar e preparar o conteúdo programado, para facilitar a interação e a participação dos alunos, embora durante esse período a adaptação ao ensino remoto tem sido a maior de suas dificuldades nesse novo processo.
Em meios a tantos desafios, foi possível analisar grandes avanços e ensinamentos que fizeram a diferença na educação, como afirma Borstel, Fiorentin e Mayer (2020) uma reinvenção da educação, onde a escola e família necessitaram estar alinhados no processo educativo e emocional de todos os envolvidos. Salientamos que nesse contexto, muitos professores durante a pandemia superaram esses desafios com originalidade, empenho e muito esforço. Na EAD, os professores precisaram adaptar suas estratégias de ensino, utilizando ferramentas tecnológicas, promovendo a interação virtual e incentivando a autonomia dos alunos. Eles desempenharam um papel fundamental no apoio emocional e motivacional dos alunos, criando um ambiente de aprendizagem receptivo e favorável.
Em resumo, a EAD mostrou ser uma modalidade de ensino de grande importância durante o período da pandemia. Apesar de ter mostrado grandes desafios, cedeu benefícios como acesso à educação, tornando flexível e cumprindo o esperado. Os professores tiveram um papel primordial na adequação do ensino à distância, trazendo resultados satisfatórios, adequando suas práticas e entregando suporte necessário nesse novo ambiente, o virtual. Portanto, esse estudo justifica-se pela necessidade de compreender os desafios e a importância do impacto da pandemia em uma escola pública do ensino médio na cidade de Manaus, onde a falta de preparo das instituições de ensino, dos professores e alunos foram evidentes. Nesse sentido, a proposta é conhecer quais foram os principais desafios e dificuldades dos docentes na pandemia com a modalidade EAD e a importância do uso dos recursos digitais nesse período.
- Revisão de Literatura.
2.1 Recursos pedagógicos utilizados na educação à distância.
A educação a distância (EAD) é uma ferramenta que permite ampliação do acesso à escola, possibilitando o uso de novas tecnologias de comunicação e de informação. Essa metodologia educacional consiste em não sair do foco no sentido político original, verificando se os suportes tecnológicos utilizados são os mais adequados para o desenvolvimento dos conteúdos apresentados, possibilitando assim uma maior interatividade e socialização do indivíduo (SANTOS, 2020).
Atualmente, com a proporção da pandemia ocasionada pela Covid-19, a educação a distância tornou-se um meio que possibilita o acesso à educação, quando o meio presencial se tornou “impossível” devido aos riscos de contágios. Com a suspensão das aulas presenciais, o Ministério da Educação (MEC) autorizou a adoção desta modalidade desde a educação básica até o ensino superior. Na educação a distância, o aluno é o protagonista no seu processo de aprendizagem, tendo um papel central e ativo na capacidade de criar e buscar novas habilidades, assim interferindo na sua realidade cotidiana (OLIVEIRA et al., 2020).
Desta forma, essas mudanças fizeram com que a EAD estivesse ainda mais presente em vários espaços, adotasse várias denominações, e ampliasse suas funções para auxiliar o docente na realização de suas metodologias. Essa nova roupagem à modalidade se associa às Tecnologias de Interação e Comunicação (as TIC’s) como instrumento e meio de ação que trás novos métodos à forma de estudar e aprender à distância. Para Abed (2019, p.09) as
TIC’s potencializam a ampliação dos recursos disponíveis para a aprendizagem e favorecem a aplicação de métodos e estratégias pedagógicas, incorporando metodologias ativas que incentivam uma maior participação do aprendiz em seu processo educacional.
Esse crescimento da modalidade expandiu ainda mais o uso dos recursos pedagógicos, como as vídeos aulas que minimizaram essa mudança de rotina inesperada, permitindo a manutenção da rotina de estudos através de plataformas e aplicativos. Com o projeto “Aula em Casa”, mais de 200 mil alunos acompanharam as aulas em canal de TV aberta, YouTube, e outros meios, onde nesses aplicativos as aulas ficavam gravadas e na TV aberta eram reprisados diariamente. O Governo do Amazonas levou o projeto para 11 estados por meio de parcerias, alcançando mais de 7,5 milhões de acesso dos estudantes. A SEDUC (2020) definiu que para as Unidades Escolares cabia a execução das propostas de autonomia no planejamento pedagógico, onde os docentes eram os responsáveis por manter contato com os estudantes, pais e responsáveis através dos aplicativos de comunicação a distância, para assim orientá-los no andamento dos estudos e na realização das avaliações desses alunos.
Para Veloso & Silva (2019) é através dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) que os alunos se deparam com as variadas ferramentas e recursos que contribuem no processo de ensino-aprendizagem, pois correspondem aos ambientes presenciais da sala de aula por meio digital mediados por tecnologias de comunicação e informação. O professor tem a função de mediador e facilitador da aprendizagem, enquanto que o aluno necessita de gerenciamento de tempo, organização e autonomia neste seu novo papel.
Mattar (2011) afirma que os Ambientes Virtuais de Aprendizagem são a marca registrada da Educação a Distância, pois foca no objetivo de interação entre sujeitos localizados em espaços físicos diferenciados, elevando a aprendizagem colaborativa. O Google Meet foi um sistema de informação fundamental que ofereceu colaboração e interatividade através da comunicação por vídeo que, durante a pandemia, se fez útil no âmbito do trabalho e no educacional.
Um software bastante utilizado nesse período foi o Google Classroom, que possui acesso gratuito e é executado em um ambiente virtual com recursos que auxiliam na aprendizagem. Ele contém ferramentas que podem ser utilizados em outros dispositivos com acesso à internet e, além disso, é um ambiente virtual de aprendizagem com facilidade de manusear. Após o registro na plataforma, os membros são direcionados a variadas funções como compartilhamento de arquivos, novas postagens, aulas ao vivo, gravações e atividades. Com isso, Pimentel e Gomes (2019) destacam que é possível organizar interações síncronas e assíncronas entre o professor e o aluno, oferecendo um aprendizado além da sala de aula presencial, onde o aluno continua estudando e interagindo em casa ou em outro ambiente, já que o acesso pode ser realizado em qualquer espaço, assim contribuindo no aprendizado.
É importante a interatividade prevalecer no meio dos ambientes virtuais, entendendo que a modalidade EAD não se constitui apenas por um ambiente online com variadas informações disponíveis para o aluno acessar, mas também como um meio de entender as reais necessidades de cada aluno. Segundo Junior, Massensini e Neves (2010) nesse processo, é necessário que haja uma adequação pedagógica dos conteúdos, metodologias próprias e uma equipe educacional especializada para fazer essa ligação de mediação entre o conhecimento e os estudantes, assim possibilitando a otimização da qualidade do processo educacional.
A aprendizagem engloba várias questões e condições: interesses, motivação, habilidades e a interação com diferentes contextos, assim, o desafio dos educadores é despertar motivos para aprendizagem, tornar as aulas interessantes e trabalhar através dos recursos tecnológicos os conteúdos relevantes para que possa ser compartilhado em experiências extracurriculares (MOREIRA 2006).
Para Valente (2005) tanto o aluno quanto o professor é desafiado a entender que as novas metodologias de aprendizagem implicam em novas estratégias de suporte no uso das mídias no contexto escolar. Até porque, quanto mais tecnologias avançadas mais a educação precisa de pessoas humanas evoluídas para dar continuidade nesse processo. (MORAN, 2007, p.167). No âmbito educacional é de suma importância que os educadores consigam utilizar e buscar todos os recursos necessários e de grande relevância, porque sua tarefa será de reproduzir um ambiente favorável de grande absolvição do conhecimento, onde deve entrar atuando como facilitador do desenvolvimento do ensino e aprendizado, embora as crianças estejam cômodas com tantas imagens, sons e tudo que os recursos tecnológicos disponíveis estejam a serviço, passando a ser recompensador como ler um livro, por exemplo.
Segundo Almeida (2008) ensinar em ambientes digitais e interativos de aprendizagem significa: organizar situações de aprendizagem, planejar e propor atividades; disponibilizar materiais de apoio com o uso de múltiplas mídias e linguagens; ter um professor que atue como mediador e orientador do aluno, procurando identificar suas representações de pensamento; fornecer informações relevantes, incentivar a busca de distintas fontes de informações e a realização de experimentações; provocar a reflexão sobre processos e produtos; favorecer a formalização de conceitos; propiciar a Interaprendizagem e a aprendizagem significativa do aluno.
Correa (2002) declara que a utilização de vídeos é uma poderosa ferramenta de audiovisual utilizado na escola, onde esse meio favorece a compreensão dos conteúdos aplicados, colocando a disposição dos docentes formas de tornar as aulas mais atrativas, com o potencial de dinamizar as atividades através de um plano elaborado.
O vídeo é uma das tecnologias de maior uso no cotidiano dos alunos, tendo um papel especial na ligação das pessoas com o mundo em diferentes realidades. Por isso, é importante introduzir o vídeo em um planejamento adequado, de acordo com o nível dos alunos e a temática que será aplicada na aula, assim trabalhando o recurso de forma cuidadosa e proveitosa que alcance o objetivo maior de facilidade na aprendizagem dos alunos (FIORENTINE; CARNEIRO, 2011, p.25).
O ensino a distância através da videoconferência por meio dos seus recursos audiovisuais oferecidos tanto nos conteúdos gravados ou na integra, as aulas, professores e horários de cada matéria, deverá sempre permanecer a comunicação entre alunos e professores, e os conteúdos educacionais programados diferenciados dos demais. (HOLANDA; PINHEIRO; PAGLIUCA, 2013).
Portanto, Bacich e Moran (2018) apontam que com aumento da tecnologia nas circunstâncias que é oferecia hoje em dia, o ambiente escolar opta por todos os amparos tecnológico como instrumento educacional, sendo assim não havendo empecilhos entre os ensinos, construindo uma nova linguagem e unindo os elementos do presencial e do online.
Também é possível encontrar estudos que indicam o uso de recursos oriundos da Tecnologia da Informação e Comunicação como ferramentas de apoio ao ensino e construção de novos conceitos. Um destes recursos é o Objeto de Aprendizagem (OA), definido por Sá Filho e Machado (2004) como qualquer recurso digital que pode ser usado, reutilizado e combinado com outros objetos para formar um ambiente de aprendizado rico e flexível.
2.2 As práticas pedagógicas no âmbito da educação a distância.
A educação a distância é definida como um conjunto de métodos, técnicas e recursos que são disponibilizados aos alunos para que, direcionado a aprendizagem, possam adquirir conhecimentos ou qualificações de diferentes níveis, desde que forneça elementos didáticos associados que possam contribuir nesse processo de aprendizagem. Variadas soluções para educação estão surgindo com grande velocidade e impacto que vem abrindo possibilidades para o avanço dos processos educacionais. De acordo com Ricci e Vieira (2020) o debate relacionado ao uso das tecnologias educacionais ganhou força após a paralização obrigatória, assunto que pouco era discutido em muitas instituições.
Sabemos que em meio a tantas decisões de segurança durante e após a pandemia do Covid-19, o sistema de ensino foi afetado e com ela também a suspensão imediata das aulas presenciais, sem perspectiva de retorno. Aqui no Brasil em função de uma resolução do Ministério da Educação, todas as aulas deixaram de ser presencial e passaram a ser remota (BRASIL, 2020). Desta forma, todas as instituições tiveram que se adequar, elaborar, conhecer e por em prática outras disponibilidades de ensino, principalmente o digital. Ou seja, o ensino remoto.
Com o objetivo de amenizar os impactos e criar estratégias de ensino para não suspender o ano letivo, ocorreu transições de metodologias e práticas pedagógicas das salas de aulas para os ambientes digitais (Moreira et al., 2020), algo que literalmente não era discutido e aceito pelos profissionais da educação. Diversas instituições de ensino abraçaram a iniciativa, passando a se adequar a realidade do “Ensino Remoto”, um modelo pedagógico singular que surgiu durante a pandemia para adaptar a sala de aula tradicional, conectando alunos e professores em espaços diferentes (Nascimento et al., 2020). Assim, tornou-se fundamental, para o cenário da educação, debates e reflexões sobre o uso das tecnologias, para que os docentes pudessem fazer o
alinhamento de suas estratégias e metodologias com o mundo digital.
O ensino remoto despontou como alternativa principal para adaptar as redes de ensinos e seus profissionais nesse período, tornando necessário buscar melhorias em sua proposta. Essa modalidade utiliza tecnologias digitais de comunicação, fazendo conexão entre educadores e discentes, mantendo todo o sistema da sala de aula presencial (Nascimento & Gomes, 2020).
Com todas essas modificações, a pandemia causou várias alterações no mundo e no indivíduo, e na educação não podia ser diferente. O trabalho do professor se intensificou de forma avassaladora, proporcionando a eles um desafio atípico em suas metodologias de ensino, e por isso, um esforço maior no ensino e aprendizagem, causando cansaço e preocupação devido ao modo repentino que tudo aconteceu, obrigando os docentes a desenvolver habilidades que muitos desconheciam e precisaram desenvolver. Mandelli (2020) declara que esse novo contexto representa também uma oportunidade para refletirmos sobre a cultura digital e a importância que esse meio ainda representa, entendendo que o conjunto das práticas deve estar alinhada com a comunicação e a informação.
De acordo com Quintino e Correa (2020), os professores se demonstraram esgotados devido o aumento da demanda no seu trabalho, que perpassa suas atividades normais nas escolas, e a preocupação com seus alunos devido utilização ou de que forma está sendo utilizada as plataformas digitais. O autor cita a realidade dos docentes nessa nova modalidade de ensino, e dos alunos que por vários motivos como: as desigualdades educacionais e a falta de conectividade poderiam se prejudicar nas práticas pedagógicas correndo o risco de não acompanharem as necessidades do ensino remoto.
Nas escolas públicas essa realidade foi bem presente, são muitas as inquietações trazidas pela pandemia que perdura até no pós-pandemia, criou-se mais responsabilidade e preocupações para o docente que vai além das práticas pedagógicas, como a falta de internet, contribuição da natureza em períodos de chuva onde a internet não funcionava, o desconhecimento das práticas tecnológicas, o fato de estarem motivado para assim motivar os alunos, a pressão da própria instituição, e combinar a vida pessoal com a profissional entre outros. Como cita (BURGESS; SIEVERTSEN, 2020; NASCIMENTO et al., 2022) as angústias, dúvidas e surpresas nessa nova caminhada de ensino, que foi emergencial e que causou impacto na modalidade de ensino com novas ferramentas, e com a interação dessas ferramentas digitais, só contribuíram para os novos saberes, pois as tecnologias deixaram de ser redes de entretenimento e passou ser ferramenta fundamental para o ensino. Assim, as tecnologias digitais contribuíram de forma relevante para o ensino, desafiando até mesmo os profissionais mais longevos, surpreendeu profissionais que insistiam em não aderir essa nova metodologia, e possibilitou o entendimento de que o domínio dessas tecnologias garantirá seus empregos, e irá potencializar o perfil do profissional.
Como bem explica Simons e Masschelein (2011) que na sociedade contemporânea é chegada a fase de aprendizagem, período esse que faz necessário o seguimento de novos conhecimentos. Essa atual conjuntura do ensino remoto favoreceu que todo o ensino fosse privilegiado, excedendo os ambientes tradicionais e com aulas assíncronas e síncronas. Ressaltando que o aluno é o foco do aprendizado, e como o ensino passou a ser remoto devido à pandemia, o professor passou a ser o protagonista principalmente na busca pela participação dos alunos que aumentaram no decorrer desse processo, e tendo em vista as variações de informações que os cercam, deixando-os mais propensos a falta de interesse nas aulas.
Libâneo (2006) define que é relevante a formação continuada dos docentes para que possam estar aptos em suas práticas pedagógicas em qualquer cenário. Isso reflete diretamente na capacidade do professor que dentro desse contexto, deverá estar familiarizado com as tecnologias, ser capaz de pesquisar na web, elaborar seus conteúdos utilizando os aplicativos disponíveis nas plataformas digitais, ter o discernimento em perceber que, assim como no conhecimento físico os perigos em falsas informações estão nos ambientes virtuais e não se pode pesquisar em qualquer site, ou utilizar de maneira duvidosa determinados contextos virtuais, pois colocarão em risco as suas práticas pedagógicas e seus resultados, possibilitando e tornando-o mais reflexivo na sua metodologia de ensino, e se sua maneira de ensinar está de acordo aos objetivos propostos dentro do ensino digital e suas possibilidades.
Sendo assim, o ensino é remoto e muitas são as ferramentas disponíveis para contribuir com o aprendizado que armazenam, compartilham, disponibilizam arquivos de imagens, textos, chat que permite a conversas trocadas entre um ou mais pessoas, vídeos aulas permitindo a revisão dos conteúdos, o AVA que foi citado anteriormente e que prioriza a comunicação entre o aluno e o docente, permitindo que a interação entre os demais alunos também aconteça, os livros digitais, que contribui no engajamento dos alunos, entre outros.
Tajla (2010) argumenta que todo esse aparato digital oferece ao sistema educacional uma possibilidade exorbitante na interação do indivíduo com os ambientes digitais e seus recursos, favorecendo e beneficiando os processos de aprendizagem, auxiliando na contextualização e nas práticas do ensino. Tajla pontua que a implantação desses novos métodos de ensino digital trouxe muita praticidade maior na comunicação e nas práticas do ensino. Mesmo com grande preocupação, os docentes se aprimoraram e elevaram seus conhecimentos tecnológicos, buscando aprimorar mais seus conhecimentos sobre o mundo digital e corroborando que a prioridade é fazer com que os alunos tenham autonomia nas atividades e que utilizem essas ferramentas em suas praticas pedagógicas de forma mais emancipada.
Segundo Paiva (2013), tudo que é novo causa estranheza ou desconfiança, e tratando-se das tecnologias nos dias atuais, ela está inserida na vida do indivíduo de forma muito necessária, onde algumas pessoas se questionam de como viviam antes sem essas praticidades tecnológicas. Nos dias atuais, a tecnologia passou a ser primordial para a comunicação do indivíduo, conhecimento geográfico de uma forma muito ampla entre outros. Hoje, o ambiente virtual atua como alicerce para essas práticas, deixando de ser um acontecimento novo e passou a ser uma prioridade no dia a dia do indivíduo. Portanto, cabe ao docente o domínio desses ambientes virtuais, dessas tecnologias para que possa auxiliar de forma positiva no desenvolvimento do aluno. Mas, para manter a euforia dos alunos nos conteúdos programáticos, não basta somente apresentarem os ambientes virtuais, e sim tornar as aulas mais interessantes e práticas, onde o aluno possa interagir explorar e tirar suas dúvidas para assim estar apto a produzir seus conhecimentos.
- Procedimentos Metodológicos
A pesquisa realizada foi de cunho qualitativo e de caráter exploratório, na qual foram utilizados: pesquisa bibliográfica e um questionário para analisar a educação a distância: Sua importância e desafios durante a pandemia na perspectiva do docente em uma escola pública do ensino médio na cidade de Manaus.
O formulário foi elaborado no Google Forms pelos alunos do curso de Pós- Graduação em Gestão, Supervisão e Orientação Educacional, da Faculdade Metropolitana de Manaus – Fametro. Composto por 15 perguntas, sendo treze de múltipla escolha e duas discursivas, onde os discentes realizaram um levantamento das informações por meio das respostas de nove (09) professores do ensino médio que se prontificaram em contribuir respondendo o questionário, que foi aplicado no mês de junho de 2023.
A pesquisa de campo foi aplicada em uma escola do ensino médio, no bairro Cidade Nova, na cidade de Manaus. Os professores responderam ao questionário conforme suas possibilidades e conhecimentos acerca do tema abordado.
Após a aplicação da pesquisa realizou-se a análise dos dados.
4. Resultados e Discussões
No levantamento feito durante a pesquisa de campo, ficaram evidentes os desafios enfrentados pelos docentes durante a pandemia na modalidade EAD, conforme o gráfico 1 onde 66,7% dos professores concordaram que o período de adaptação ao ensino remoto foi uma das maiores dificuldades nesse processo.
Gráfico 1 – A adaptação ao ensino remoto foi um dos maiores desafios dos professores.
Quando perguntados sobre o excesso de demandas durante o período da pandemia, de acordo com o gráfico 2 verificou-se que 77,8% dos professores alegaram dificuldades com a sobrecarga excessiva de trabalhos. E quando indagados sobre o impacto negativo que isso poderia gerar na aprendizagem dos alunos sem as aulas presenciais, 88,9% dos entrevistados alegaram que a escola teve que se reinventar em vários sentidos. Ressaltando que, com isso, as metodologias tiveram que ser adaptadas já que a modalidade tinha uma realidade completamente diferente do ensino presencial, fazendo com que os alunos e professores intensificassem ainda mais seus aprendizados sobre os recursos digitais.
Gráfico 2 – O excesso de demandas de trabalhos foi uma das dificuldades dos docentes.
Ainda de acordo com as informações realizadas através da entrevista, 44,4% dos docentes concordaram apenas em alguns aspectos que assim como os alunos, os professores também tiveram dificuldades no manuseio das ferramentas digitais, como também 55,6% concordaram parcialmente sobre a escola utilizar de estratégias pedagógicas inovadoras para evitar o desânimo e desgastes dos professores no período da pandemia. Além disso, o trabalho em equipe dos gestores, pedagogos e professores em parceria com os pais dos alunos foi crucial nesse processo de adaptação de acordo com 77,8% dos entrevistados.
Durante a pandemia, muitos pais tiveram a oportunidade de participar da vida escolar dos filhos, e no gráfico 3 conforme os resultados obtidos 33,3% dos professores concordaram que os pais se mostraram mais presentes e ativos na vida escolar dos seus filhos no período da pandemia, enquanto outros 33,3% tiveram uma visão mais parcial nessa questão. Além do mais, indagados sobreo uso educacional de aplicativos como o Google Classroom e o Google Meet, 66,7% concordam que ambos foram fundamentais na realização de aulas virtuais.
Gráfico 3 – Os pais se mostraram presente na vida escolar dos filhos no período da pandemia.
Acerca dos fechamentos das escolas, 44,4% concordam parcialmente que a utilização dos recursos digitais não eram presentes no ambiente educacional, já que mesmo possuindo alguns, ainda assim deixam a desejar na falta de outros. Assim como 44,4% também concordam em partes sobre os alunos conseguirem atingir os objetivos de aprendizagem durante a pandemia, sendo possível analisar que muitos tiveram dificuldades em se adaptar a essa nova realidade.
Com isso, foi possível perceber pelos relatos dos professores que ferramentas como o Whatsapp, Google Classroom e Google Meet foram alguns dos recursos mais utilizados pelos docentes na pandemia. Segundo um dos avaliados, após o retorno das aulas apenas o Whatsapp e o Google Classroom continuaram sendo de total utilidade, visto que propõe um pouco mais de comunicação e agilidade. Outros relataram que a eficácia dos demais passou a ser mínima com o retorno das aulas presenciais. Já em relação à evolução da educação a partir das novas metodologias e a capacidade de se adaptar ao novo no pós-pandemia, os professores explicaram que a “evolução” da educação não depende apenas de tecnologias, pois a maioria ainda não tem acesso a elas, e que a facilidade de todos ao acesso das ferramentas tecnológicas já seria um avanço significativo.
5. Considerações Finais
Percebe-se que o mundo mudou e com ele mudou todo um seguimento na sociedade. As tecnologias avançaram e revolucionaram de forma relevante a educação, mudando completamente o modo de ensinar, mas não mudou a essência nos conteúdos programáticos da educação. O propósito neste artigo foi exatamente destacar as manobras e dificuldades que os docentes e discentes de uma escola pública de ensino médio de Manaus enfrentaram nos anos pandêmicos no ensino a distância, com suas melhorias e necessidades para suprir todo um contexto de uma sociedade contemporânea.
Na pesquisa aplicada aos professores foi possível analisar que os docentes esbarraram em dificuldades e limitações, por exemplo, 66,7% alegaram que tiveram grandes dificuldades em se adaptar ao ensino remoto, como também em utilizar as ferramentas digitais, onde 44,4% concordaram em partes que os professores, assim como os alunos também tiveram dificuldades no manuseio das ferramentas digitais.
Embora os professores não estivessem preparados para lidar com os desafios específicos da EAD, como a gestão de seu tempo, a comunicação virtual, adequação interrupta às novas tecnologias e abordagens pedagógicas, contudo tiveram que lidar com essas divergências e buscaram procurar soluções para manter a igualdade e a garantia de aprendizagem. Desta forma os docentes se propuseram a adquirir maior habilidade, mais liberdade em remodelar suas práticas pedagógicas, tornaram-se proativos em suas práticas, com mais resiliência, mais empatia e se reinventam dia a dia, tudo para conciliar com as exigências e necessidades tanto profissional e até mesmo pessoal. Em pouquíssimo espaço de tempo, os professores tiveram que se adaptar as novas metodologias de ensino que, antes eram utilizadas como entretenimento e em alguns casos, como método que somente auxiliavam as atividades. Hoje se faz necessário no planejamento e nas práticas educacionais no dia a dia de todo professor.
Quando falamos dos discentes, a exigência se torna maior devido as suas responsabilidades com os estudos, onde o aluno se torna o maior responsável no processo de ensino, mostrando-se totalmente ativo e autônomo. Hoje, podemos perceber que em meio às dificuldades de todo o sistema, os docentes e os discentes estão evoluindo e se adaptando as novas tecnologias.
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1Graduanda de Pós-Graduação em Gestão, Supervisão e Orientação Educacional pelo Centro Universitário Fametro
E-mail: nfabiola1313@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0009-0000-2659-866X
2Graduando de Pós-Graduação em Gestão, Supervisão e Orientação Educacional pelo Centro Universitário Fametro
E-mail: vitor.costa.franco@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0009-0002-1649-8547
3Graduando de Pós-Graduação em Gestão, Supervisão e Orientação Educacional pelo Centro Universitário Fametro
E-mail: wollace.silva01@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0009-0001-6600-4579
4Orientadora: Professora do Centro Universitário Fametro e Mestre em Engenharia de Produção
E-mail: lucianadovalle@hotmail.com
ORCID: https://orcid.org/0009-0008-3525-8278