EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS DISCENTES AO USAR A METODOLOGIA EAD NO ENSINO SUPERIOR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6613951


Autores:
Diôgo dos Santos Pantoja1
Ângela Maria Lobato dos Santos2
Thianoâ Ingrid dos Santos Pantoja3
Darlan da Silva Maia4
Kaik Aron Brito da Cruz5


RESUMO

Este estudo fora desenvolvido com base em materiais de teóricos que contribuíram veementemente, trazendo consigo as bagagens de teorias que incursionaram e cambiaram de formas grandiosas os modelos de educação e de ensino/aprendizagem trazidos com a EAD. Nesse sentido, o estudo traz como problema: as dificuldades dos discentes ao usar a metodologia EaD no ensino superior, o artigo resgata o contexto histórico, as políticas públicas que regulamentam tal modalidade, o avanço dos métodos de educação à distância e os direcionamentos que devem ser alterados para que a EAD avance com eficiência, favorecendo de fato o fator do processo de construção de conhecimento. Utilizou-se Pesquisa bibliográfica, assim foi elencado artigos com sólidas bases teóricas acerca do tema. Concluiu-se que a educação à distância está em pleno desenvolvimento e crescimento, e isto não parará por aí, que os discentes e docentes ainda encontram muitas dificuldades com a transição da educação presencial para a EAD, e que os docentes e tutores são fundamentais nesta fase, pois, estes são os mediadores no processo de construção de conhecimento.

Palavras-chave: Educação à Distância; Metodologia EAD no ensino superior; Papel do docente para a formação na EaD.

1. INTRODUÇÃO

Segundo Luckesi (2011) a educação pode ser entendida como “a mediação de um projeto social. Através dela é possível operar a partir dos próprios condicionamentos históricos”. Assim, podemos ver a educação como determinantes sociais, com possibilidades de agir estrategicamente na reprodução de formação de cidadãos críticos capazes de agir como agentes transformadores da sociedade.

De uma forma geral, a educação deve avançar de acordo com as necessidades e transformações da sociedade na qual está inserida. Pois, segundo os teóricos Bueno e Gomes (2011), “a educação reflete as transformações da base material da sociedade e, por isso, não está acima da sociedade, mas consiste em uma dimensão concreta da vida material e que se modela em consonância com as condições de existência dessa mesma sociedade”.  Deste modo, Podemos inferir que a educação é uma arte histórica e transitória que é altercada e cambiada mediante as situações socioeconômicas do país. Por conta disso, é necessário que ela se adeque de acordo com as necessidades político-sociais.

 É imprescindível abordar sobre a questão da problemática do uso das tecnologias educacionais pelas IES na educação Superior, pois houve transformações sociais, econômicas, políticas e tecnológicas, pois, de acordo com Bueno e Gomes (Opus Citatum) na sociedade atual há uma grande necessidade de atualização, pois, com a globalização, os avanços tecnológicos e em virtude da otimização do tempo, os profissionais precisaram buscar meios para estudar e aprender e a EAD torna-se uma ferramenta essencial nesse processo.

Neder (2000) se posiciona ao conceito de EAD com intenso domínio, colocando essa modalidade como “um meio, uma ferramenta que permite ampliação do acesso aos estudos possibilitando o uso TICS’s”. Pois, no artigo 80 Lei de n.º 9394/96 a EAD é definida como uma modalidade de educação que permite a autoaprendizagem, com a intercessão de recursos metodológicos e didáticos sistematicamente e pedagogicamente organizados. A EAD é uma modalidade de aprendizagem que permite atingir centenas de pessoas, já que pode estar presente nos lugares mais longínquos. Ela redireciona a forma tradicional de ensino guia para uma nova direção e conceito de ensinar ao discente que não possui condições ir constantemente à IES a oportunidade de se apropriar dos conteúdos que são transmitidos aos estudantes da educação tradicional, ou melhor, presencial. Para Hack (2011) “É uma forma que possibilita a eliminação de distâncias geográficas e temporais ao proporcionar ao aluno a organização do seu tempo e local de estudos”.

2. CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

De acordo com a história, conforme aponta Petri (2000), a EaD surge na pós-revolução russa, por volta de 1922 para suprir deficiências da escola formal elitista que alcançava um número mínimo de pessoas. Ainda segundo Petri (opus citatum) a política EaD abiscoitou o Leste Europeu para promover os estudos dos trabalhadores. Somente na Rússia, de mais de 400.000.000 matriculados nas universidades, 2.500.000 discentes já estudavam a distância antes da ruptura do bloco socialista, este número simula mais da metade dos estudantes. Amorim (2012), diferente de Petri, diz que a EaD surgiu em 1833 na Suécia via correspondência para o curso de contabilidade. Já Alves (2011) afirma que ela nasceu institucionalmente na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas –URSS em 1922, e por força de lei, isto é, legalmente, na Noruega em 1948.

Os Cursos à Distância, inicialmente eram feitos por correspondência e tiveram início, em 1904. “No Brasil, o registro pioneiro aconteceu no Jornal do Brasil oferecendo curso para datilógrafo” (SENAC, 2013), o objetivo era difundir chances de educação básica e profissionalizante para os grupos sociais menos privilegiados financeiramente, o que levava muitos a estigmatizarem a EaD como “inferior” e de nível baixo em comparação com a educação presencial.

A EaD difundiu-se mais ainda por volta dos anos 20 no país através do rádio, do telégrafo e do telefone. Estes equipamentos caracterizaram o início da era dos meios modernos de comunicação. O desenvolvimento das telecomunicações com meios interativos, e a propagação da televisão entre os anos 50 e 90 marcaram a EaD, inclusive através da TV Cultura, e dos Telecursos, pois, eles proporcionaram através da EaD “informal” a autoestima do brasileiro e os impulsionasse para novas ideações educativas e profissionalizadoras.

Os avanços não estagnaram por aí, no Brasil outro progresso que nos fora trazido foi o computador e a internet que nos trouxeram novas expectativas sobre a evolução da EAD, e principalmente para a ampliação de metodologias e artifícios que quadraram os diversos arquétipos de metodologias à distância já existentes, estes são muito difundidos e utilizados atualmente.

No Brasil, diante da precisão do crescimento da educação básica e de pessoas capazes de atuar profissionalmente em múltiplos aspectos. Tendo em vista também a necessidade de uma gestão efetiva, volvida para uma concepção que possibilitasse a solução do déficit escolar, na década de 90 surgiu a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, mais especificamente o artigo 80 da Lei 9.394/96, que instituía a EaD no país, já que  era uma forma de resolver os problemas de escolarização enfrentada no Brasil. Ao passar do tempo a EaD delineou rumo a progressos e regressos e transformou-se em uma modalidade metodológica de ensino “adequada” para acolher diversos níveis formais de educação, entre elas a graduação e a pós-graduação. Assim, o número de IES que oferece a EAD aumentou expressivos “34%” (ABED, 2017) no Brasil após o avanço tecnológico e a publicação da referida lei.

De acordo com dados levantados pela Associação Brasileira de Educação a Distância – ABED, em 2015 e 2017 esse aumento estruturou-se em 64%. A oferta de cursos EaD cresceu 51% e o quantitativo de discentes elevou-se 86% alcançando o total, de 105.622 alunos matriculados nos cursos de bacharelado, 32.957 nos de licenciaturas e 91.086 nos tecnológicos.

Atualmente, com os aporte tecnológicos existentes, a EaD tem crescido cada vez mais e alcançado os lugares mais remotos, por isso, a LDB de 1996 definiu alguns parâmetros para regulamentar tal modalidade, mas o decreto 9.057/2017 abarcou as diretrizes que compuseram os parâmetros de qualidades exigidos pelo Ministério de Educação e Cultura – MEC para a oferta da EaD nas IES.

2.1 Políticas Públicas norteadoras da Educação à Distância

Embora a EAD tenha florescido, diversos estratégias precisam ser discutidas a fim de melhorar o processo de ensino/aprendizagem no campo de educação superior. A altercação desses assuntos nos fez trazer grandes autores sobre EAD, e os históricos dos caminhos percorridos por ela até a chegada transicional que ocorrem diacrônicos hodiernos, sobretudo, a um diagnóstico minudenciado dos conceitos e fundamentos da EAD no Brasil e de seu desenvolvimento trazido com os avanços tecnológicos, já que o país também é um dos amplos impulsionadores da metodologia da EAD.

No entanto, ainda há muitas controvérsias, tais como: Quais são os objetivos da Educação à Distância? Quais as maneiras de transmissão mais eficazes e efetivas para construir saber através da EAD? Quais as melhores tecnologias para avaliar a aprendizagem real? Realmente é o aluno matriculado quem está cursando? Quem é o público-alvo nessa modalidade? A formação e organização dos projetos pedagógicos, os métodos de avaliação de aprendizagem realmente são eficazes?

Com a crescente oferta de Cursos superiores EaD, nos foi trazidos questionamentos sobre a qualidade destes, mas temos que levar em consideração que com essa emergente metodologia requer uma nova didática, uma nova pedagogia, ou melhor, andragogia, já que o público alvo no ensino superior são os jovens e adultos. Para isso, A LDB 9.394/96, o Parecer CNE/CES de N.º 197/2007 moderniza e minudencia os parâmetros de qualidade constituídos pelo Decreto de N.º 5.622/05 e complementa o Decreto 5.773/06 e o Decreto 9.057/17 que norteiam os PPC’s, PP’s e a EAD.

Os sistemas chamados “AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM” são também carentes de regulamentação do sistema de acompanhamento do aprendizado dos alunos, pois, as diferentes metodologias utilizadas, a avaliação do resultado do processo de ensino/aprendizagem é de inescusável valia para a construção de um processo de saber eficiente.

Tais leis, pareceres e decretos nos fornecem os parâmetros legais, que devem ser tomados para referência do PPC, para que este tenha qualidade ao ser proporcionado para futuros acadêmicos. Segundo as referências legais citadas acima, o PPC, que é o Projeto Pedagógico de Curso precisa apontar:

A Concepção de Educação e Currículo que predomina no processo de ensino e aprendizagem apresentando claramente uma opção epistemológica de educação, de currículo, de ensino e de aprendizagem, de acordo com o perfil de estudante que se deseja formar, a qual deve fundamentar todos os processos de organização, adequação, avaliação, planos de disciplinas, tutorias entre outros (ABED, 2012).

Sabemos que o docente e o discente são os principais componentes do processo de construção do saber. No entanto o professor é o promotor, é o guia deste processo. No campo virtual de aprendizagem não é diferente, o que cambia é à maneira de organização didática desta modalidade, pois, ela tem relevância imprescindível para que o discente aprenda, é o que chamamos de Flipped Classroom ou em português, “sala de aula invertida”. Por conta disso, devem ser elaborados aportes tecnológicos capazes de guiar de fato o aprendiz rumo a construção de conhecimentos, mesmo que o método seja autoinstrucional, contudo, para isso, é de extrema importância que seja respeitada a constante mudança cultural, pluriidentitária e globalizada (HALL, 2006). È necessário mecanismos legais que fiscalizem com mais rigor as metodologias aplicadas pelas IES para garantir que o acadêmico aprenda e com o conhecimento adquirido, que ele possa contribuir com a sociedade.

2.2 Estrutura da Educação à Distância

De acordo com Villardi (2005, p. 45), “a educação a distância se vem apresentando como uma possibilidade concreta de fazer a educação superior ultrapassar os centros urbanos, permitindo que a formação continuada se faça pelo acesso a novas tecnologias”. Assim, em concordância com a autora, podemos afirmar que nos diacrônicos hodiernos a EAD está proporcionando saber em locais longínquos, onde talvez a população desses locais não conseguisse cursar o ensino superior em uma IES de maneira presencial. Deste modo, esta metodologia leva a este público, o ensino virtual adaptado às jaezes do discente, e assim, quebra o paradigma da falta de oportunidade para ingressar no Ensino Superior.

Luck (2011) nos mostra que as IES compreendem as mutações político-sociais para direcionarem e estabelecerem mecanismos dinâmicos capazes de manter o sistema de educação eficaz. Para isso, Moran (2009) nos mostra que, nesta vertente há dois modelos de EaD. No primeiro modelo, o professor ministra através de tele aulas, já no segundo caso, o docente atua como tutor, e agora há também o web tutor, que atua de forma totalmente eletrônica e atende diversos alunos no país. Para o tutor, as didáticas pedagógicas e andragógicas precisam ser minuciosamente pensadas e repensadas, construídas e reconstruídas para que sempre melhorem em razão de que a EaD deixou de ser uma modalidade de ensino complementar, se expandiu e passou a ser uma modalidade de educação oficial, que por sinal já faz parte da vida social no brasil e no Mundo e tem afetado o campo educacional de forma macro. 

Assim, de acordo com experiências vivenciadas por estes pesquisadores, há metodologia de construção de conhecimento, e ela traz consigo ferramentas humanas e materiais, que auxiliam no processo educacional na EAD. São estas algumas Ferramentas Humanas:

◉ O Docente, que ministra aula na sede da IES, e esta é transmitida via Satélite, quer seja ao vivo ou gravada;
◉ O Tutor de Sala, que media a “interação” entre o docente e o discente, e também é o responsável pelo encaminhar de dúvidas via chat para serem sanadas;
◉ O tutor eletrônico, que é responsável pelas correções das produções acadêmicas (portfólio, Projeto Integrado Multidisciplinar – PIM, entre outros), e também compete a ele responder questionamentos dos alunos referentes às componentes curriculares estudadas;
◉ O WebTutor, este, corrige as avaliações presenciais feitas em sala de aula. Com ele, o discente nem sequer tem contato, mas ele, baseado nos gabaritos fornecidos pelas instituições avalia o desempenho do acadêmico e atribui-lhe notas ou conceitos, bem como o comentar das questões, quando estas são subjetivas;
◉ Coordenador de curso. Que é o responsável por toda a equipe que compõe o colegiado de determinado curso.

E são estas algumas ferramentas materiais:

◉ A internet;
◉ O computador, netbook, notebook, ultrabook, laptop, etc.;
◉ O Celular, Tablet, iPad, etc;
◉ O livro correspondente a cada componente curricular estudada;
◉ O Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA;
◉ A Biblioteca Acadêmica Virtual – BAV.

Através deste conjunto de ferramentas materiais o alunado:

◉ Acessa o ambiente virtual de aprendizagem;
◉ Recebe orientações sobre o portfólio;
◉ Envia as produções acadêmicas individuais e em grupo;
◉ Acessa as frequências tanto no sistema quanto nas aulas presenciais;
◉ Participa das web aulas compostas por textos, áudio e vídeos e links;
◉ Fazem avaliações virtuais de aprendizagem;
◉ Recebem atividades virtuais;
◉ Compartilham ideias e recebem suporte nos fóruns; e,
◉ Têm acesso ao Tutor eletrônico, responsável por mediar o processo de aprendizagem do discente.

2.3 Educação à distância e o contexto mercadológico

Algumas tecnologias e ferramentas que deveriam ser complementares estão substituindo completamente centenas de professores por apenas um, em um determinado local, que emite seu saber em escala nacional ou internacional para centenas de alunos. Isto é, o “mercado educacional”, com vistas a maximizar lucros e reduzir custos ao invés de utilizarem as metodologias para acrescentar conteúdos e conhecimentos sobre determinadas componentes curriculares, estão substituindo aos poucos os docentes por esses aparatos advindos da tecnologia, demudando o ensino presencial para ensino à distância. Sobre isso, na concepção de Claro (2014) percebemos que nesta metodologia:

Os professores são considerados elementos dispensáveis, o que torna o corpo docente um apêndice no processo de aprendizagem. Para isso, é necessário desenvolver um novo perfil docente, capaz de atender as demandas do ensino e tecnologia (CLARO, 2014).

No aparato de Schlemmer (2005), no que tange o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação, para a construção do processo de aprendizagem, é de suma importância amoldar-se nas compreensões que guiam a ampliação dos instrumentos de aprendizagem que se pretende utilizar, por isso, precisa-se de um conceito fulgente das probabilidades e potenciais, já que no novo processo educacional utiliza-se muito das modernas tecnologias. Isto é, devemos usar ao máximo as Tecnologias de Informação e Comunicação para o processo de construção do saber, mas sem dispensar o acesso perfeito (por inteiro) a aprendizagem que se dá por meio do professor.

Barbosa (2008) diz que no processo de ensino-aprendizagem, o professor é desafiado a assimilar inovações. No entanto, é preciso um projeto intencional e deliberado de mudanças que agrupe ações estratégicas de planejamento, administrativo e pedagógico, e arrisco dizer, avaliativo. Deste modo, na EAD, ou em qualquer outra modalidade de ensino, o discente precisa ter disciplina, e o curso precisa de um bom Projeto Pedagógico. Assim:

O professor precisa começar com o fim em mente. O que queremos que os nossos alunos aprendam quando interagem com o material desse curso? Que experiência os alunos levarão com eles ao concluí-lo? No curso on-line, o plano de ensino é deliberadamente mais aberto a fim de permitir que os alunos desenvolvam novas ideias, exercitem sua capacidade de pensar criticamente e saibam pesquisar. Os objetivos podem ser mais amplos, para que os alunos desfrutem de um curso sem direcionamentos predefinidos e com base em seus interesses e necessidades. Ao planejar um curso on-line, contudo, é ainda importante considerar os resultados esperados conforme o curso progride (PALLOFF; PRATT, 2002, p. 116).

Ensinar não é apenas disponibilizar ferramentas de aprendizagem. É construir, incentivar o discente a fazer pesquisas que de alguma forma contribua para a sociedade, de maneira em que o aprendiz possa ler o mundo, investigar o processo educacional, e construa subsídios para responder a si mesmo e transitar o que aprendeu. Para isso, é de fundamental importância que seja analisado o perfil do aluno EAD, e a partir deles desenvolver potenciais pesquisadores, deixando claro que a universidade não é uma extensão do ensino médio, mas sim um processo de ensino-aprendizagem, onde há desconstrução de alguns conceitos e construção de novas reflexões.

Em razão disso, podemos entender que o docente é o mediador e o discente é a peça chave desse processo educativo, pois, o primeiro entende que sua responsabilidade é ensinar com o intuito de potencializar o conhecimento, por isso sabe que nunca estará totalmente pronto, já que estará em constante mudança e assim, pensa no fazer pedagógico; e o segundo deve entender que está para aprender, absorver os conteúdos ensinados e a partir daí criar novos saberes.

Deste modo, devemos desenvolver capacidade crítica, temos que entender que o discente é único, mas o processo educacional se estabelece como um todo. Devemos ensinar os alunos de forma metodológica e didática que segundo Libaneo, (1944) é o estudo do processo de aprendizagem. Devemos lecionar de modo pedagógico que de acordo com Masetto, (1977) é a arte de ensinar. Em face disso, há questionamentos sobre as metodologias autoinstrucionais, e a eficácia dela para todas estas questões acima mencionadas, visto que falta de alguma forma a interação entre aluno/professor para as questões didáticas de aprendizagem.

Para Ramos, Tecnóloga em Processos Gerenciais, MBA em Administração e Marketing, tutora com formação pela Associação Nacional de Tutores em EAD – ANATED e coordenadora de curso no polo da Universidade Norte do Paraná – UNOPAR no Amapá, que é favorável ao uso das metodologias EAD, diz que:

Vivemos em conexão digital, E seria um grande declínio se limitássemos o potencial tecnológico que temos dentro da educação. Precisamos nos apropriar e aproveitar o que as tecnologias nos oferecem para disseminar conhecimento. Sem limitações mesmo, A EaD é um recurso a mais para o processo de ensino-aprendizagem (RAMOS, 2018, grifo nosso).

Já na ótica de Junqueira , Coordenador de Curso do Intituto UFC virtual, por conta da experiência com alguns tutores e alunos, não é favorável ao uso de algumas metodologias utilizadas na educação à distância. Ele afirma que:

Tutores que atuam na modalidade EAD têm revelado o desuso dessa metodologia. Curiosamente, a justificativa para tal desuso tem se constituído a partir de considerações acerca dos dois pilares da EAD, a autonomia e o diálogo. Em outras palavras, tutores têm desenvolvido o senso de que o uso da educação autoinstrucional instrumentaliza – de modo excessivo – a autonomia e o diálogo dos alunos. Isso tem gerado dificuldades no desenvolvimento da experiência na EaD (JUNQUEIRA, [s.d.], grifo nosso).

É importante salientar que o conteúdo a ser estudado aqui é polêmico e talvez até contraditório, por conta disso, as formulações aqui expostas são efêmeras e abertas a debates, já que, as opiniões no meio da comunidade educacional ainda estão exacerbadamente divididas por pensadores (educadores) que concordam e discordam da metodologia do EAD.

3. DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS DISCENTES AO USAR A METODOLOGIA EAD NO ENSINO SUPERIOR

Há barreiras enormes sobre a metodologia autoinstrucional, e sua aplicabilidade para a produção de conhecimentos, pois, cabe assim como no contexto presencial, a dedicação total do discente para com a graduação, porém, sem o auxílio explicativo, sem a interação “face a face” para com o docente fica difícil haver por inteiro este processo. Sousa e Ramalho (2012) advertem que numerosas são as dificuldades para formar gestores e docentes com e para a utilização de metodologias da EAD, não só para eles, mas também para os alunos, corpo técnico, equipe administrativa e pedagógica em virtude de que elas são dificultosas.

Grande parte dos alunos da Educação a Distância apresenta características particulares, tais como: são adultos inseridos no mercado de trabalho, residem em locais distantes dos núcleos de ensino, não conseguem aprovação em cursos regulares, são heterogêneos e com pouco tempo para estudar no ensino presencial, sendo assim necessitam que um ensino mais flexível e que se encaixe em suas reais necessidades (PRETI, 2000).

Com base nos aportes legais, muitas IES oferecem uma gama de opções de ferramentas de aprendizagem que aos olhos comuns parecem excepcionais. Porém, há de se levar em consideração que muitos discentes não são habilitados para que iniciem a jornada rumo ao ensino superior à distância por não saberem utilizá-las, aglutinando isso com a falta de embasamento tecnológico veremos que o que era para proporcionar saber e facilitar a construção de conhecimento acaba por dificultar o processo de aprendizagem. Sobre a questão das ferramentas, Villardi (2005) afirma que:

A indefinição das funções das diferentes ferramentas de interação em cursos a distância vem provocando uma desvalorização do que pode ser o diferencial de cursos em rede: como ainda não se estudou em profundidade seu uso, cada uma das ferramentas acaba por ser utilizada de forma indiscriminada, levando os alunos a se valerem pouco desse tipo de recurso, que deveria ser o cerne do processo educativo a distancia, mediada por recursos tecnológicos.

Para que haja o aprendizado, é inescusável que haja comunicação, na modalidade EAD isso se deixa a desejar em alguns aspectos de muita relevância. Ao levarmos em conta que durante uma leitura, aula, vídeo aula, ou web aula surjam dúvidas inerentes aos conteúdos estudados, somente o agente promotor do saber poderá sanar e esclarecer. Embora haja essa possibilidade através do tutor eletrônico, o processo de interação docente-discente ainda é fundamental. Até por que, por diversas vezes, as respostas “feedback” advindas do mediador eletrônico demoram dias para ser entregue ao receptor, o que pode até fazer com que o Discente veja barreiras para construir o processo de estudo-aprendizagem.

As Instituições de Ensino buscam rever seu modelo de ensino, promovendo mudanças e procurando atender as exigências da sociedade tecnológica, investido no Ensino a Distância (EAD). Uma das características desta modalidade de ensino é a capacidade de atender grande numero de alunos, continuamente e com qualidade, resultado dos recursos tecnológicos disponíveis para este fim. Desta forma, existe a necessidade de estratégias pedagógicas coerentes, para que o processo ensino aprendizagem apresente resultados satisfatórios (JUSTINO, 2008, p.65).

Cabe abordar que para que alguém seja aluno de um curso superior à distância, deve-se analisar o perfil, a capacidade de concentração ao estudar “sozinho”, verificar as questões de administração de tempo, já que ter disciplina e dedicação são fundamentais independentemente da modalidade de ensino. Contudo, o papel do docente é ímpar, pois, conforme disserta Lopes (2009) apud Claro et al. (2014)  o docente resgata uma reflexão a respeito da incorporação das novas tecnologias e da velocidade na produção e transmissão do conhecimento em escala global, mas na EaD, há algumas dificuldades a serem apontadas.

As dificuldades encontradas é a de sempre querer contar com a presença física do professor para esclarecer as dúvidas encontradas, pois somos frutos desse tipo de sistema de ensino e mudar para outro sistema é sempre complicado, temos sempre certas dificuldades para adaptarmos ao novo. Terão sempre que fazer o aluno entender que na educação a distância ele tem que ler, escrever, fazer exercícios, pois caso contrário ele não conseguirá entender os conteúdos trabalhados (MELLO, 2009).

Dentre as dificuldades encontradas pelos discentes, podemos citar:

◉ Falta de Perfil do discente Para a Educação à Distância;
◉ Docentes mal preparados didaticamente, pedagogicamente e andragogicamente para atender a demanda de alunos;
◉ IES com o quantitativo de tutores e webtutores insuficientes para atender a quantidade de discentes matriculados;
◉ Tutores online que demoram muito tempo para responder e sanar dúvidas;
◉ Metodologias de educação incompatíveis com o perfil do aluno;
◉ PPC’s Mal elaborados, ou elaborados como se fossem atender a educação presencial;
◉ Tutores de sala ou internos não formados na área onde tutoram;
◉ Falta de dedicação por parte de discentes para acompanhar as tarefas no AVA.

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Para perceber os amoldamentos pesquisados, buscaram-se referenciais teóricos e as experiências vivenciadas por estes pesquisadores. Deste modo, a metodologia escolhida foi a quantitativa por meio de pesquisa bibliográfica, e por relatos experienciais dos pesquisadores, que objetivaram descrever as principais dificuldades encontradas por discentes matriculados e egressos de cursos EaD de nível superior.

A pesquisa bibliográfica quantitativa “procura explicar um problema partir de referências teóricas publicadas em documentos” (CERVO e BERVIAN, 1996). Em razão disso, optou-se por artigos de teóricos da EaD, e relatos de experiências vivenciados por ambos os pesquisadores, cujo os objetivos eram Investigar os Paradigmas de resistência e as dificuldades do alunado aos estudos autoinstrucionais, entender a importância da Internet para o processo de aprendizagem e construção de conhecimento através do Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA, e compreender o papel do docente como mediador das dificuldades enfrentadas pelos Discentes na modalidade educacional à distância.

Destarte, ainda são humildes colocações, que foram investigadas de forma minuciosa a partir de estudos de artigos e textos com intuito de explorar tais afirmações; analisamos de que forma a EaD implica nos métodos de aprendizagem contemporâneo, ou melhor, tecnocontemporâneo, pois está incutida de tecnologias da era pós-moderna. Qualificamo-las através dos efeitos da EaD como interferente na aprendizagem hodierna, em razão disso, entete artigo esquadrinhou através de referenciais teóricos, sobre as questões paradigmáticas da Educação à Distância.

5. ANÁLISES E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Com a globalização, o mundo educacional exige polivalência, e habilidades de hibridizações, isto é, docentes capazes de atual no seio tradicional ou não de educação. Para isso, precisam ser autogestores, autônomos, interdisciplinares e independentes. Eles precisam se adaptar à modalidade EaD, que é uma tendência mundial que permite a influência mútua, a um só tempo, de centenas de pessoas em um enorme espaço geográfico, mesmo que seja, por diversas vezes em um pequeno quarto com computador e acesso à internet.

Face ao exposto, foi possível entender e compreender os desafios da educação EAD, a resistência de muitos professores e dificuldades dos discentes em relação aos estudos autoinstrucionais, e como o docente poderá mediar estas questões, pudemos perceber como se dá o processo de assimilação de conhecimento a partir de ambientes virtuais de aprendizagem para que, a partir dessa produção, surjam novos estudos que visem desenvolver e melhorar as atuais plataformas de educação, com o propósito de que no encaminhar destes processos possamos seguir com mais qualidade entre as relações de ensino e aprendizagem na educação superior.

Desta forma, chegamos aos seguintes resultados:

◉ Os Paradigmas de resistência e as dificuldades do alunado ao aprender com as metodologias autoinstrucionais ocorrem principalmente por conta da falta de perfil para a modalidade, o que se pode fazer é traçar um perfil para que no futuro, todos possam ser atendidos verdadeiramente de acordo com o perfil individual, respeitando cada um a própria especificidade, e talvez até as impossibilidades por conta necessidades especiais, necessidades econômicas, familiares, entre outras.

◉ A importância da Internet para o processo de aprendizagem e construção de conhecimento através do Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA é fundamental, visto que no AVA estarão todos os aportes tecnológicos, conteúdos das componentes curriculares específicas de acordo com determinadas áreas e subáreas de graduação já previamente escolhida pelo discente, a partir daí, cabe a ele buscar cada vez mais o aprendizado, sabendo que pode e deve contar sempre com o tutor de sala ou interno e com a infraestrutura da IES na qual está matriculado.

◉ Quanto ao papel do docente como mediador das dificuldades enfrentadas pelos discentes na modalidade educacional à distância irá depender muito de acordo com as especificidades de cada um, isto é, as necessidades da pessoa A talvez não seja a mesma da pessoa B, por exemplo. Em razão disso, o docente deve estar preparado, ser “ninja”, polivalente e interdisciplinar para que possa atender a todos de maneira eficiente, eficaz e efetiva.

◉ Percebemos que a EaD projeta-se como uma das maneiras, se não como a maneira mais plausível de integração relevantemente pedagógica e eficaz para o processo de mediação para construção e assimilação de conhecimentos.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto de pesquisa ocorreu por conta da necessidade de um estudo que buscasse mais profundamente a questão da qualidade do ensino superior na modalidade à distância, bem como as dificuldades de adaptação enfrentadas pelos discentes de determinados cursos.

Por meio deste, vimos que a EAD surgiu por conta da necessidade de preparar e formar centenas de pessoas que por razões pessoais, sejam ela financeira, disponibilidade, de trabalho, família, vontade, etc., não possuíam tanto tempo para se dedicarem a cursar uma graduação na modalidade presencial. Junto a todo este processo de inovação tecnológica no campo educacional, o Ministério da Educação e Cultura – MEC formulou parâmetros para regulamentar e reger também este tipo de educação, que hoje está por força de lei vinculada as novas tecnologias.

Compreendemos que tudo que é novo assusta, e tal modalidade educacional, aliada a era da educação tecnocontemporânea ainda é pouco abrangida, e esses processos de transformações são tão significativos, fundamentais e abrangentes que pendemos a questionar se a educação está transformando o mundo, ou se o mundo está transformando a educação, e com ela, trazendo novos desafios e dificuldades didáticas e metodológicas a serem estudadas.

A Instituição de Ensino Superior é responsável pela oferta do Curso de Graduação à distância. Em razão disso, esta pesquisa foi imprescindível, já que buscou entender e difundir sobre como funciona a interação ensino-aprendizagem e docente-discente no contexto EAD.

A EaD é e continuará sendo parte do futuro das IES, e pelo que nos parece, a internet continuará por muito tempo sendo o mecanismo principal de disseminação, e as tecnologias serão melhor aperfeiçoadas para melhorar a qualidade, visto que, através dela há inúmeras possibilidades para incursão de informações e pela agilidade em comparação aos pregressos métodos utilizados anteriormente.  Ela, no que lhe diz respeito, determina que o discente aprenda a aprender, pois, através dela é possível haver o processo de construção do conhecimento através de múltiplas tecnologias.

Diante de todas estas informações, podemos considerar que a Educação à Distância está aí, e veio para ficar, cabe a nós agora nos prepararmos para este “novo” processo de construção de saber, cabe a todos contribuir para uma educação de qualidade no ensino superior, para que assim, através da educação possamos fazer nossa parte enquanto integrantes de um mundo social. Apesar de ainda ser visto como sinônimo de precariedade e de educação em massa, a educação à distância mostrar-se-á como um grande modo de propagar o ensino daqui para frente, quem se adaptar sucederá, mas quem ainda continuar vendo-a com olhares desdenhosos poderão até ficar presos no tradicionalismo arcaico.

No entanto, muitas coisas ainda precisam ser melhoradas, esperamos que esta pesquise não pare com a publicação deste artigo, que a partir destes possam surgir novos estudos, novos teóricos que tenham uma leitura de mundo mais dinâmica, mais aberta, menos tradicionalista, e que estes possam buscar métodos mais eficazes para promovermos uma educação à distância com mais qualidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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