DEWEY E AS RELAÇÕES EM DEMOCRACIA, EXPERIÊNCIA E EDUCAÇÃO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7211806


Autora:
Ingrid Diana de Araújo Galdino


Resumo

O trabalho tem como objetivo tratar da contribuição filosófica e pedagógica de Dewey trazendo luz sobre muitas questões que antes não se atentava na área da educação. Como consequência desse novo modelo se percebe grande colaboração ao aluno como cidadão na sociedade democrática.

Palavras-chave: Dewey – educação – democrática – sociedade.

Sobre Jonh Dewey

John Dewey nasceu em 1859 em Burlington, uma pequena cidade agrícola do estado norte-americano de Vermont. Na escola, teve uma educação desinteressante e desestimulante, o que foi compensado pela formação que recebeu em casa. Ainda criança, via sua mãe confiar aos filhos pequenas tarefas para despertar o senso de responsabilidade. Foi professor secundário por três anos antes de cursar a Universidade Johns Hopkins, em Baltimore.

Estudou artes e filosofia e tornou-se professor da Universidade de Minnesota. Escreveu sobre filosofia e Educação, além de arte, religião, moral, teoria do conhecimento, psicologia e política. Seu interesse por pedagogia nasceu da observação de que a escola de seu tempo continuava, em grande parte, orientada por valores tradicionais, e não havia incorporado as descobertas da psicologia, nem acompanhara os avanços políticos e sociais. Fiel à causa democrática, ele participou de vários movimentos sociais. Criou uma universidade-exílio para acolher estudantes perseguidos em países de regime totalitário. Morreu em 1952, aos 93 anos.

Todos os que já ouviram a respeito da importância de ouvir o aluno, de tentar ligar a teoria a prática, a tentar problematizar para que o aluno pense a partir do seu próprio pensamento com certeza já ouviu ideias e pensamentos de Dewey, ou de algum outro pensador muito influenciado por ele. O filósofo norte-americano defendia a democracia e a liberdade de pensamento como instrumentos na manutenção emocional e intelectual das crianças.

Dewey é o nome mais célebre da corrente filosófica que ficou conhecida como pragmatismo, embora ele preferisse o nome instrumentalismo – uma vez que, para essa escola de pensamento, as idéias só têm importância desde que sirvam de instrumento para a resolução de problemas reais. No campo específico da pedagogia, a teoria de Dewey se inscreve na chamada educação progressiva. Um de seus principais objetivos é educar a criança como um todo. O que importa é o crescimento – físico, emocional e intelectual.

O princípio é que os alunos aprendem melhor realizando tarefas associadas aos conteúdos ensinados. Atividades manuais e criativas ganharam destaque no currículo e as crianças passaram a ser estimuladas a experimentar e pensar por si mesmas. Nesse contexto, a democracia ganha peso, por ser a ordem política que permite o maior desenvolvimento dos indivíduos, no papel de decidir em conjunto o destino do grupo a que pertencem. Dewey defendia a democracia não só no campo institucional mas também no interior das escolas.

Educação

Influenciado pelo empirismo, Dewey criou uma escola-laboratório ligada à universidade onde lecionava para testar métodos pedagógicos. Ele insistia na necessidade de estreitar a relação entre teoria e prática, pois acreditava que as hipóteses teóricas só têm sentido no dia-a-dia. Outro ponto-chave de sua teoria é a crença de que o conhecimento é construído de consensos, que por sua vez resultam de discussões coletivas. “O aprendizado se dá quando compartilhamos experiências, e isso só é possível num ambiente democrático, onde não haja barreiras ao intercâmbio de pensamento”, escreveu. Por isso, a escola deve proporcionar práticas conjuntas e promover situações de cooperação, em vez de lidar com as crianças de forma isolada.

Seu grande mérito foi ter sido um dos primeiros a chamar a atenção para a capacidade de pensar dos alunos. Dewey acreditava que, para o sucesso do processo educativo, bastava um grupo de pessoas se comunicando e trocando idéias, sentimentos e experiências sobre as situações práticas do dia-a-dia. Ao mesmo tempo, reconhecia que, à medida que as sociedades foram ficando complexas, a distância entre adultos e crianças se ampliou demais. Daí a necessidade da escola, um espaço onde as pessoas se encontram para educar e ser educadas. O papel dessa instituição, segundo ele, é reproduzir a comunidade em miniatura, apresentar o mundo de um modo simplificado e organizado e, aos poucos, conduzir as crianças ao sentido e à compreensão das coisas mais complexas. Em outras palavras, o objetivo da escola deveria ser ensinar a criança a viver no mundo.

Experiência

“Afinal, as crianças não estão, num dado momento, sendo preparadas para a vida e, em outro, vivendo”, ensinou, argumentando que o aprendizado se dá justamente quando os alunos são colocados diante de problemas reais. A Educação, na visão deweyana, é “uma constante reconstrução da experiência, de forma a dar-lhe cada vez mais sentido e a habilitar as novas gerações a responder aos desafios da sociedade”. Educar, portanto, é mais do que reproduzir conhecimentos. É incentivar o desejo de desenvolvimento contínuo, preparar pessoas para transformar algo.

A experiência educativa é, para Dewey, reflexiva, resultando em novos conhecimentos. Deve seguir alguns pontos essenciais: que o aluno esteja numa verdadeira situação de experimentação, que a atividade o interesse, que haja um problema a resolver, que ele possua os conhecimentos para agir diante da situação e que tenha a chance de testar suas idéias. Reflexão e ação devem estar ligadas, são parte de um todo indivisível. Dewey acreditava que só a inteligência dá ao homem a capacidade de modificar o ambiente a seu redor.

Educação em Dewey

Para Dewey concretizar o ideal democrático da sociedade, recorreu à Educação como um fenómeno de extrema importância, capaz de proporcionar um espaço democrático para as diferentes classes sociais e através de uma metodologia fundamentada no interesse e na experiência do indivíduo, garantir a perpetuação dos valores liberais básicos, como a liberdade, a solidariedade e a igualdade de oportunidades.

Dewey, ao falar da democracia relativa à Educação, afirma que uma sociedade deve trazer o conhecimento como uma troca entre todos de maneira inclusiva, educação a todo e qualquer individuo independente de sua classe social ou quais quer outras questões sendo um ambiente respeitoso e democrático entre todos ajudando a construir assim uma sociedade melhor.

Para Dewey,a Educação Democrática é aquela onde a igualdade de oportunidades é um elemento fundamental, isto é, todos os indivíduos presentes no processo de ensino e aprendizagem devem ter a mesma oportunidade de ensino e que não deverá haver diferenças de classes, cada aluno deve-se enriquecer com as experiências dos outros, entrando numa relação de inter-ajuda.

Assim, uma Educação sem essa igualdade de oportunidades baseia-se nos privilégios e, neste caso, não é democrática. A Educação, para Dewey, é um processo de vida onde se faz uma experiência, e, ao mesmo tempo, um processo social onde representa não a vida futura, mas a presente e real para a criança. Portanto, a Educação não deve ser autoritária como na escola tradicional nem tão pouco buscar deixar o aluno sem uma instrução colaborativa e guiada entregue a informações além da sua vivência e sem link com o seu cotidiano como na educação progressiva.

A Educação Democrática comporta uma dimensão de formar o homem para valores republicanos e democráticos e a formação para a tomada de decisões em todos os níveis. Para se compreender a Educação Democrática em Dewey é indispensável: a formação intelectual e a informação, isto é, desenvolver a capacidade de conhecer em vista a poder escolher. Portanto, para se poder formar o cidadão é preciso informá-lo das vastas áreas de conhecimento, através da literatura e das artes, em geral; a educação moral também é essencial, aquela ligada a uma didática de valores que não se podem aprender apenas intelectualmente, como também através da consciência ética, que é formada tanto de sentimentos quanto da razão; por fim, é imprescindível a Educação do comportamento, no sentido de enraizar hábitos de tolerância diante do diferente, bem como o aprendizado da cooperação ativa e da subordinação do interesse pessoal ou grupal ao interesse geral, ao bem comum.

A Educação Democrática consiste em formar os cidadãos para poderem viver os grandes valores democráticos que abarcam as liberdades civís, os direitos sociais e os da solidariedade planetária. Também consiste na formação em poder participar na vida pública, tanto como cidadão comum ou como governante.

Para Dewey, a escola é o principal local onde deverá ser desenvolvida a Educação Democrática, embora sofra atualmente a concorrência de outras instituições, é o caso dos meios de comunicação social, igrejas, cinemas, etc.

A Educação tem como finalidade, em Dewey, propiciar à criança condições para que resolva por si própria os seus problemas, e não os tradicionais ideais de formar a criança de acordo com modelos prévios, ou mesmo orientá-la para um porvir. Assim, tomando o conceito de experiência como fator central de seus pressupostos, chega-se à conclusão de que a escola não pode ser uma preparação para a vida, mas sim a própria vida.

Para Dewey, o ensino e a aprendizagem baseiam-se numa compreensão de que o saber é constituído por conhecimentos e vivências que se entrelaçam de forma dinâmica, distante da previsibilidade das ideias anteriores. Deste modo, os alunos e professor detentores de experiências próprias, são aproveitadas no processo. O professor, neste caso, tem uma visão sintética que é mais abrangente e clara acerca dos conteúdos, e os alunos uma visão sincrética que é confusa e não muito clara daquilo que aprende, o que torna a experiência um ponto central na formação de conhecimentos, mais do que os conteúdos formais. De acordo com estes factos, isto levará a uma aprendizagem essencialmente coletiva, assim como é coletiva a produção de conhecimentos. Com estes aspectos e postos em prática, o processo de ensino e aprendizagem irá avante e, portanto, os alunos e o professor se enriquecerão e haverá, neste caso, a interação escolar de poder aprender e também de poder ensinar, mas tudo isto centrado no professor como orientador deste processo de ensino e aprendizagem.

Portanto, uma sociedade que assente em princípios democráticos, permitirá uma escola que privilegie uma relação de liberdade individual compatível com as liberdades coletivas. Sendo assim o ambiente escolar opera de formas positivas trazendo benefício para a vida do indivíduo para muito além as sala de aula, fazendo a experiencia educacional beneficiar a sociedade.

Referências bibliográficas

Experiência e Educação. Dewey, Jonh. Nova York. 15 edição, 1952. The Macmillan Company.

Jonh   Dewey.   Westbrook,   Robert   B.   Teixeira,   Anísio.   2010.    Editora Massangana.