CORRECT DISPOSAL OF ELECTRONIC WASTE: THE COLLECTION OF BATTERIES AS A TOOL FOR ENVIRONMENTAL AWARENESS IN A PUBLIC SCHOOL IN THE CITY OF MANAUS-AM
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8204429
Msc. Cely Cristina de Araújo Gandra1
Resumo: A procura por aparelhos eletroeletrônicos tem aumentado consideravelmente a demanda e, consequentemente, a sua produção. As vantagens proporcionadas são enormes, porém nem todos percebem as consequências desta alta produção. O desenvolvimento tecnológico cria um paradoxo, uma vez que, ao mesmo tempo em que propicia uma melhor forma de viver e de produzir, gera ameaças para a sociedade. Mediante ao cenário exposto, apresenta-se como questão de pesquisa: Como a Legislação Educacional e a Literatura Científica atual vem tratando a participação e informação de estudantes quanto ao descarte correto de resíduos eletrônicos nas escolas públicas que não tem coleta seletiva de lixo? Para responder a este questionamento, propõe-se como objetivo geral investigar se a comunidade escolar descarta de forma adequada o lixo eletrônico e possui informações sobre as leis específicas existentes para esse descarte e sobre a composição desses materiais. O arcabouço teórico da pesquisa foi dividido em capítulos onde foram abordados o entendimento acerca da educação ambiental e a legislação sobre descarte de resíduos sólidos; a importância do descarte de pilhas e baterias para evitar prejuízos à saúde humana e ao meio ambiente e a participação efetiva de estudantes no descarte de pilhas e baterias para agregar conhecimentos no Componente Curricular de Química aos discentes e promove a transdisciplinaridade entre as áreas do conhecimento da educação básica. Em termos metodológicos a pesquisa incluiu revisão bibliográfica, onde foram revistos conceitos, metodologias e métodos, e pesquisa de campo para a coleta de dados. Dentre os resultados obtidos destacamos os seguintes: os alunos não apresentavam conhecimento sobre o perigo que estes materiais oferecem, e nem como descartá-los de maneira segura, as questões levantadas servirão para a formação de alunos mais conscientes e conhecedores das substancias que contem na parte interna de pilhas e baterias e os perigos para o meio ambiente e a saúde humana, o tema é de suma importância, pois, ínsita que os meios de comunicação levem para a população informações de como as pilhas e baterias devem ser descartadas vinculadas a projetos que tratam desse assunto, em Manaus poucas empresas no mercado de reciclagem e poucas cooperativas ajudam na seleção do material coletado, os alunos que participaram desta pesquisa compreenderam tão claramente o conceito da temática proposta que também fizeram referência a um grande problema social tal como o das pessoas que sobrevivem de coletas em lixões, a preservação do meio ambiente e o conhecimento do descarte em locais que recolhem esses materiais.
Palavras-chave: Descarte de resíduos eletrônicos; Coleta de pilhas e baterias; sensibilização ambiental.
Abstract: The demand for electrical and electronic appliances has increased considerably, and consequently their production. The advantages provided are enormous, but not everyone realizes the consequences of this high production. Technological development creates a paradox, since, at the same time that it provides a better way of living and producing, it also generates threats to society. Given the above scenario, the research question is: How has the Educational Legislation and the current Scientific Literature been treating the participation and information of students regarding the correct disposal of electronic waste in public schools that do not have selective waste collection? To answer this question, we propose as a general objective to investigate whether the school community disposes of electronic waste properly and has information about the specific laws that exist for this disposal and about the composition of these materials. The theoretical framework of the research was divided into chapters where the understanding about environmental education and legislation on solid waste disposal were addressed; the importance of the disposal of batteries to avoid harm to human health and the environment and the effective participation of students in the disposal of batteries to add knowledge in the Curricular Component of Chemistry to the students and promotes transdisciplinarity between the areas of knowledge of basic education. In methodological terms the research included a bibliographic review, where concepts, methodologies and methods were reviewed, and field research for data collection. Among the results obtained we highlight the following: the students did not present knowledge about the danger that these materials offer, nor how to dispose of them safely, the issues raised served for the formation of more conscious and knowledgeable students of the substances that contain in the internal part of batteries and the dangers to the environment and human health, the theme is of paramount importance, because, it is insists that the media take to the population information on how batteries should be disposed of linked to projects that address this issue, in Manaus few companies in the recycling market and few cooperatives help in the selection of the collected material, the students who participated in this research understood so clearly the concept of the proposed theme that they also made reference to a major social problem such as the people who survive on collections in dumps, the preservation of the environment and the knowledge of the disposal in places that collect these materials.
Keywords:. Electronic waste disposal; Battery collection; environmental awareness.
1. INTRODUÇÃO
O Brasil possui posição de destaque na América Latina enquanto consumidor de produtos eletrônicos e produtor de resíduos. O primeiro mapa de lixo eletrônico mundial, coordenado pela Organização das Nações Unidas (ONU), apontou o Brasil como responsável pela produção de 1,4 milhão de toneladas de lixo eletrônico em 2018, dentre as 49 milhões de toneladas produzidas mundialmente.
A demanda pela utilização de energia portátil é crescente em equipamentos eletroeletrônicos diversos, provocando o crescimento da produção e do consumo de pilhas e baterias. Esses itens, ao serem descartados de modo inadequado, liberam componentes tóxicos ao ambiente, contaminando solo, água e atmosfera.
Apenas cuidar da reciclagem não soluciona o problema. É necessário um esforço da sociedade no sentido de educar para reciclar com a finalidade de preservar. O modelo neoliberal de sociedade faz, de grande parte, dos cidadãos a consumidores de produtos, apenas se justifica para criar a escassez alimentada pela rede financeira como geradora das diferenças sociais. Diante do cenário atual, é importante compreender como adolescentes e jovens imersos em uma sociedade capitalista/consumista lidam e interpretam a última etapa do processo de consumo: o descarte e, mais especificamente, a separação do lixo eletroquímico para fins ecologicamente e socialmente corretos.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (Lei n.° 12.305/10) prevê que a responsabilidade sobre o produto cabe a comerciantes, fabricantes, importadores, distribuidores entre outros. Em outras palavras, a PNRS obriga que as empresas aceitem o retorno dos produtos descartados que por elas foram produzidos, sendo responsáveis também pela destinação dos mesmos, num processo denominado logística reversa.
Resíduos sólidos – Conceitos e Gerenciamento
A preocupação relativa aos resíduos vem sendo comentada tanto nacionalmente como internacionalmente, devido a sensibilização para com assuntos relacionados com o meio ambiente. Sendo assim, a sociedade, a iniciativa privada e o governo necessita mudar seus conceitos e se posicionar de formas distintas sobre esse assunto (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2015).
Os cidadãos e a sociedade em geral precisam ser responsáveis pela disposição de forma adequada dos resíduos sólidos, e também rever seus pensamentos com relação ao seu posicionamento de consumidor. O setor privado, precisa gerenciar seus resíduos sólidos de forma ambientalmente correta, e também criar maneiras de assimilar estes a uma nova cadeia produtiva, além de inovar nos produtos e serviços, beneficiando a sociedade e o meio ambiente (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2015).
Os governos são responsáveis por elaborar e praticar planos de gerenciamento de resíduos sólidos, e cumprir com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) instituída pela Lei n° 12.305/10, e que possui instrumentos importantes para um avanço no enfrentamento dos problemas ambientais.
São definidos como resíduos sólidos aqueles materiais nos estados sólido e semi-sólido, que derivam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Compreendem-se nesta definição os lodos oriundos de sistemas de tratamento de água, gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, líquidos cujas características tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água ou ainda que exijam soluções técnicas e economicamente inviáveis (ABNT, 2004).
A classificação de resíduos sólidos abrange a identificação do processo ou atividade que deu origem a este resíduo, os seus constituintes e peculiaridades, e a comparação destes com resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido.
- Os resíduos classe I – Perigosos são aqueles que apresentam periculosidade, com risco à saúde pública ou risco ao meio ambiente, ou uma das características de: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade. Os resíduos classe II – Não Perigosos são divididos em inertes e não inertes.
- Os resíduos classe II A – Não inertes são aqueles que podem ter propriedades, como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
Já os resíduos classe II B – Inertes são definidos como resíduos que não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor (ABNT, 2010). Podem-se considerar resíduos inertes as rochas e tijolos, os vidros e alguns tipos de plástico.
As pilhas e baterias são classificadas como Resíduos Classe I – Perigosos, devido às suas características. Os metais pesados e outros componentes presentes nas pilhas e baterias, podem apresentar características como periculosidade, inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade. Ou seja, as pilhas e baterias são resíduos especiais, que precisam de condições corretas de recolhimento e disposição (SANEBAVI, 2005).
A destinação ambientalmente adequada de pilhas e baterias é aquela que busca minimizar os riscos ao meio ambiente e a saúde, adotando métodos técnicos de coleta, recebimento, reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final de acordo com a legislação ambiental vigente. Deve-se avaliar e adotar medidas adequadas durante todo o ciclo de vida destes produtos (MANTUANO, 2011).
No contexto geral, a totalidade da população deveria dar preferência ao uso de pilhas e baterias recarregáveis, pois estas possuem uma maior vida útil do que aquelas comuns. Estima-se que no Brasil o consumo anual de pilhas e baterias ultrapasse a marca de 1,2 bilhão de unidades por ano (MANTUANO, 2011).
O Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 1999, p. 19) define da seguinte maneira o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos:
Documento que apresenta a situação atual do sistema de limpeza urbana, com a pré-seleção das alternativas mais viáveis, com o estabelecimento de ações integradas e diretrizes sob os aspectos ambientais, econômicos, financeiros, administrativos, técnicos, sociais e legais para todas as fases de gestão dos resíduos sólidos, desde a sua geração até a destinação final (BRASIL,1999, p. 19).
O PNRS é um documento que apresenta as ações de tratamento que devem ser utilizadas nos resíduos sólidos urbanos, de forma geral nas etapas de geração, segregação, acondicionamento, coleta, transporte, tratamento, disposição final e a preocupação com a saúde pública (FEAM,2005).
Os aspectos que precisam ser abordados em um Plano Municipal compreendem o diagnóstico da situação dos resíduos sólidos gerados no território municipal e a caracterização dos processos. Também devem constar, os agentes envolvidos nas questões de resíduos, a definição de metas de redução e reutilização do lixo, ações de coleta seletiva e reciclagem, e os meios de fiscalização e controle (BRASIL, 2011).
Os governos municipais e estaduais deveriam elaborar seus planos de resíduos sólidos, formando planos de redução e reciclagem e analisando a atual situação destes em seus territórios, para propor soluções aos problemas e além de abolir os lixões.
Legislação ambiental sobre descarte de resíduos sólidos
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela lei federal nº 12.305/2010 de 02 de agosto de 2010 e regulamentada pelo Decreto nº 7.404/2010, estabeleceu um esquema de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto, de que decorrem inúmeros deveres legais para a cadeia produtiva, como, por exemplo, a obrigação de efetuar o planejamento e a implementação de sistemas de logística reversa para os produtos eletroeletrônicos e seus componentes (BRASIL, 2010).
Trata-se com destaque todos os resíduos sólidos (materiais que podem ser reciclados ou reaproveitados), sejam eles domésticos, industriais, eletroeletrônicos, entre outros, e também por tratar a respeito de rejeitos (itens que não podem ser reaproveitados), estimulando o descarte correto de forma compartilhada envolvendo o poder público, privado e comunidade.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2018), institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo e pós-consumo.
Tem como objeto e campo de aplicação:
Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.
§ 1º Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de resíduos sólidos.
§ 2º Esta Lei não se aplica aos rejeitos radioativos, que são regulados por legislação específica. (BRASIL, 2010).
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), foi criada com o propósito de regulamentar instrumentos importantes para o enfrentamento de problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos no Brasil, conforme o Quadro 01.
Quadro 01 – Responsabilidade dos atores a partir da PNRS.
Fonte: CEMPRE (2011)
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) também define os resíduos sólidos em seu Art 3º:
XVI – resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia (BRASIL,2018)
Segundo a PNRS (BRASIL, 2018), os resíduos sólidos estão classificados, em 11 categorias quanto à origem e em duas quanto à periculosidade, no Art. 13, incisos I e II. Os REEE que estão classificados no inciso II, alínea a, que está descrito abaixo:
Art. 13. Para os efeitos desta Lei, os resíduos sólidos têm a seguinte classificação:
I – quanto à origem:
a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências urbanas;
b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;
c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”;
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”;
e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”;
f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais;
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;
h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis;
i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades;
j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira;
k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios;
II – Quanto à periculosidade:
a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica;
b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”. (PNRS, BRASIL, 2018).
A regulamentação dos Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (REEE) no Brasil ainda se mostra muito tímida, mesmo sendo observado o grande aumento da sua produção, consumo e descarte incorreto no país, com efeitos altamente perigoso ao meio ambiente a saúde, ora em razão da sua periculosidade inerente, ora devido a facilidade de acumular em grandes volumes.
Os países em desenvolvimento enfrentam enormes desafios na gestão dos REEE, que são gerados internamente ou importados ilegalmente como bens “usados”, na tentativa de colmatar o chamado “fosso digital”. Convive-se nos países em desenvolvimento com poucas e em alguns países quase nenhuma de instalação básica ou de última geração para recuperação ou fim de vida correto para os REEE.
No Brasil, Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 452, de 02 de julho de 2012, dispõe sobre os procedimentos de controle da importação de resíduos, conforme as normas adotadas pela Convenção da Basiléia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito (BRASIL, 2018).
Esta regulação federal apresenta uma interface com os REEE, na medida em que determinados componentes de eletrônicos também podem ser configurados como resíduos perigosos, onde podemos citar como exemplo os compostos de cromo hexavalente, cádmio, mercúrio, chumbo etc. É importante ressaltar que a PNRS proibiu expressamente no art. 49 a importação de resíduos sólidos perigosos e rejeitos, dentre os quais se podem encontrar os eletrônicos, mesmo que seja para tratamento, reforma, reuso, reutilização ou recuperação.
2. METODOLOGIA
Este trabalho propõe a discussão de um tema de relativa importância acadêmica e aplicabilidade prática e para tal utilizou-se de uma pesquisa extensa sobre o assunto discutido e metodologia clara e objetiva. A pesquisa é do tipo Qualitativa, uma vez que visa identificar e analisar os fatores determinantes de um fenômeno. Segundo Gil (2008) a pesquisa permite um aprofundamento da realidade à medida que busca uma explicação para o objeto de estudo.
O procedimento adotado na pesquisa pode influenciar seus resultados, portanto foi dada a devida atenção a escolha do tipo de pesquisa e abordagem a ser utilizada, de forma que esta pudesse agregar elementos técnicos e acadêmicos ao trabalho, garantindo a obtenção de melhores resultados (ANDRADE, 2010).
A metodologia da pesquisa incluiu revisão bibliográfica, onde foram revistos conceitos, metodologias e métodos, e coleta de dados através de questionários. A investigação foi baseada nos estudos bibliográficos a respeito da temática proposta, além de pesquisa de campo para a coleta de dados para caracterizar como a Legislação Educacional e a Literatura Científica atual vem tratando a participação e informação de estudantes quanto ao descarte correto de resíduos eletrônicos nas escolas públicas que não tem a coleta seletiva de lixo.
Desenho de Investigação (Triangulação concomitante)
A pesquisa foi do tipo qualitativa, onde foram utilizados elementos quantitativos para facilitar a compreensão e a análise dos resultados da pesquisa de campo realizada com estudantes e professores da Escola Estadual Santana, na cidade de Manaus, AM. O uso deste tipo de pesquisa permite a mensuração de opiniões, reações, hábitos e atitudes em um universo, por meio de uma amostra que o represente estatisticamente (FREITAS et al, 2010).
Para Sampieri, Collado e Lúcio (2013) na maioria dos estudos mistos realizamos uma revisão exaustiva e completa da literatura apropriada para a formulação do problema, da mesma forma que é feito com pesquisas quantitativas e qualitativas. É necessário incluir referências quantitativas, qualitativas e mistas.
Freitas et al. (2010) acrescenta que para a análise dos dados na pesquisa de métodos mistos está relacionada ao tipo de estratégia de pesquisa utilizada para os procedimentos. Assim, em uma proposta, os procedimentos precisam estar identificados com o projeto.
3. DESCRIÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA
A pesquisa foi realizada na Escola Estadual Professora Santana, localizada na cidade de Manaus, AM e teve como principal foco a investigação acerca de que forma a Legislação Educacional e a Literatura Científica atual vem tratando a participação e informação de estudantes quanto ao descarte correto de resíduos eletrônicos nas escolas públicas que não tem a coleta seletiva de lixo.
Com base nessa necessidade vem sendo realizado dentro de uma escola da Secretaria Estadual do Amazonas de Ensino Médio denominada Santana, desde o ano de 2018, um projeto de coleta de pilhas e baterias.
Para tal foi realizado uma ampla divulgação junto à comunidade escolar dessa problemática através da distribuição de panfletos informativos (boletins e folders) e realizadas palestras sobre a legislação e malefícios provocados por esses resíduos.
A transdisciplinaridade da educação ambiental foi trabalhada nas aulas nos diferentes Componentes Curriculares. A confecção e exposição de cartazes orientaram a comunidade escolar para os perigos das propriedades de cada metal que compõe esses produtos. As ações do projeto continuaram em 2019 no qual, além das atividades descritas ocorreu a aplicação de questionários para avaliar a percepção da comunidade escolar frente aos impactos sobre o meio ambiente.
A coleta das pilhas e baterias se dá a partir da produção de lixeiras com identificação e fixação nos corredores da escola para coleta seletiva desses resíduos eletrônicos com posterior repasse dos mesmos ao seu destino final de descarte.
4. RESULTADO E DISCUSSÃO
Os dados obtidos e os resultados da pesquisa foram apresentados de modo analítico descritivo, por meio de gráficos e tabelas, acompanhados de análise sobre as informações obtidas, apontando para o cumprimento ou não das hipóteses e de seus objetivos. Foram utilizados gráficos e tabelas de forma a melhor ilustrar as respostas dos participantes e facilitar as análises estatísticas.
4.1 Análise dos dados
Os entrevistados responderam o questionário pelo método de autopreenchimento, o que aumenta a velocidade e a precisão do preenchimento, e registro, evitando algum tipo de indução ou viés no registro das percepções dos respondentes.
A aplicação do instrumento de pesquisa foi realizada mediante autorização prévia das partes envolvidas. Foi solicitado o consentimento livre e esclarecido dos entrevistados para sua participação no estudo, assegurando-lhes o direito de dispensar sua participação e, se mesmo consentindo, desistir dela a qualquer momento. Foi afiançado ainda o sigilo das informações, bem como o retorno dos resultados da pesquisa a partir da divulgação e publicação desse trabalho.
Segundo Hair Jr et al., (2009) a etapa de preparação dos dados é considerada uma parte essencial de qualquer técnica multivariada de dados devido ao poder analítico proporcionado ao pesquisador.
É necessária a garantia de que a estrutura estatística e teórica seja sustentada. Esta etapa compreende a depuração dos dados, que são logicamente inconsistentes por estarem fora do padrão do esquema de codificação (MALHOTRA et al., 2012).
4.2 Resultados Integrais da Pesquisa
Partindo do princípio norteador desta investigação científica, os resultados alcançados, que foram descritos e analisados e interpretados de forma direta e objetiva. O objetivo dessa análise foi organizar e sumariar os dados de tal forma que possibilitasse o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Com isso, pretendeu-se estabelecer as correlações necessárias que nos permitiram tecer inferências sobre o tema.
A amostra selecionada para a pesquisa foi de 40 entrevistados entre professores e alunos da Escola Estadual Santana, localizada na cidade de Manaus, AM, conforme tabela, abaixo:
Tabela 02: Sujeitos, População e amostra.
Sujeitos | Amostras | % |
Alunos | 30 | 94,3 % |
Professores | 10 | 5,7 % |
Fonte: O próprio autor, 2021.
Os resultados da análise foram organizados em dois grupos a saber: Grupo I: Alunos e Grupo II: Professores. Esta divisão de dados na análise permitiu que pudesse ser realizada uma análise específica para cada amostra (professores e alunos). Em alguns casos, as questões com mesma abordagem, foram analisadas em conjunto de forma a melhorar a compreensão das análises.
Análise do Grupo I: Alunos
O questionário aplicado junto a amostra de alunos foi composto por 10 questões de múltipla escolha e dissertativas, cujas respostas foram apresentadas abaixo seguindo a ordem numeral crescente.
Foram alternados gráficos e tabelas na apresentação dos resultados e algumas questões foram analisadas em conjunto, de acordo com a temática abordada e resultados alcançados.
Com relação à questão 01: Você já havia ouvido falar de Educação Ambiental?
Gráfico 01: Alunos da EE Santana que já haviam ouvido falar de Educação Ambiental
Fonte: A própria pesquisadora, 2021.
Conforme Gráfico 01, 60% dos alunos entrevistados já haviam ouvido falar da Educação Ambiental, enquanto que 27% afirmaram que não e 14% não souberam ou não quiseram responder.
Para se ter uma consciência acerca do dano causado pelo descarte incorreto, é importante o papel da escola para construir entre os alunos um conhecimento eletroquímico que é complexo e exige o estabelecimento de analogias com fenômenos do mundo micro e macroscópico, pois o uso de termos que não são comuns à linguagem diária, e que fogem do conhecimento comum, torna-se um fator relevante, fazendo-se necessário uma constante associação de conceitos para que haja um entendimento da mensagem transmitida (BARRETO; BATISTA; CRUZ, 2016).
Com relação à 2ª questão: Você considera importante para sua vida a Educação Ambiental?
Gráfico 02: Alunos da EE Santana que consideram a Educação ambiental importante para suas vidas
Fonte: A própria pesquisadora, 2021.
Conforme Gráfico 02, 80% dos alunos entrevistados consideram a Educação ambiental importante para suas vidas. 7% responderam que não e 13% não souberam ou não quiseram responder.
Hoje a Educação Ambiental surge como instrumento de mudança de pensamento, de formação de uma sociedade crítica perante os problemas ambientais, econômicos, sociais e culturais que envolvem o bem estar da humanidade e dos ambientes naturais de onde o homem retira a matéria prima para sua sobrevivência (CUNHA, 2015).
Análise do Grupo II: Professores
O questionário aplicado junto a amostra de professores foi composto por 6 questões de múltipla escolha e dissertativas, cujas respostas foram apresentadas abaixo seguindo a ordem numeral crescente.
Questão 01: Você considera importante os estudantes terem conhecimentos sobre Educação ambiental?
Gráfico 03: Professores da EE Santana que consideram que é importante os estudantes conhecerem Educação ambiental
Fonte: A própria pesquisadora, 2021.
Conforme demonstrado no Gráfico nº 03, 100% dos professores entrevistados consideram importante os alunos terem conhecimento sobre Educação ambiental.
Para Dias (2004) a Educação Ambiental por ser um processo que deve durar por toda a vida, pode ajudar a tornar mais relevante a educação geral. Ela é mais do que apenas um aspecto particular do processo educacional, e deve ser considerada uma excelente base na qual desenvolvem novas maneiras de viver em harmonia com o meio ambiente, um novo estilo de vida, e ainda proporcionar conhecimentos científicos e tecnológicos e as qualidades morais necessárias que permitam desempenhar um papel efetivo na preparação e no manejo de processos de desenvolvimento, que sejam compatíveis com a preservação do potencial produtivo, e dos valores estéticos do meio ambiente.
Questão 02: Você já conhecia a Política Nacional de Resíduos Sólidos. (Lei federal nº 12.305 / 2010)?
Gráfico 04: Professores da EE Santana que já conheciam a Política Nacional de Resíduos sólidos
Fonte: A própria pesquisadora, 2021.
A maioria dos professores entrevistados, com 80% dos votos, já conheciam a Política Nacional de Resíduos Sólidos. (Lei federal nº 12.305/2010). 10% afirmaram que ainda não conheciam e 10% não souberam ou não quiseram responder.
Os governos são responsáveis por elaborar e praticar planos de gerenciamento de resíduos sólidos, e cumprir com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) instituída pela Lei n° 12.305/10, e que possui instrumentos importantes para um avanço no enfrentamento dos problemas ambientais.
A destinação ambientalmente adequada de pilhas e baterias é aquela que busca minimizar os riscos ao meio ambiente e a saúde, adotando métodos técnicos de coleta, recebimento, reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final de acordo com a legislação ambiental vigente. (MANTUANO, 2011).
Para o autor, deve-se avaliar e adotar medidas adequadas durante todo o ciclo de vida destes produtos.
CONCLUSÃO
Para verificar a conscientização ambiental, dos alunos da 2° série do ensino médio sobre os danos ambientais e a saúde da população, devido ao descarte indevido de baterias e pilhas, buscou-se a analisar as respostas dos participantes relativas ao questionário. Os problemas ambientais e de saúde causados pelo acondicionamento inadequado do lixo mais citados antes e após a intervenção foram a destruição do solo e da natureza e as doenças causadas pelo descarte incorreto de pilhas e baterias. Os resultados mostraram que os alunos não apresentavam conhecimento sobre o perigo que estes materiais oferecem, e nem como descartá-los de maneira segura.
As questões levantadas servirão para a formação de alunos mais conscientes e conhecedores das substâncias que contém na parte interna de pilhas e baterias e os perigos para o meio ambiente e a saúde humana. A amostragem do tema é de suma importância, pois, ínsita que os meios de comunicação levem para a população informações de como as pilhas e baterias devem ser descartadas vinculadas a projetos que tratam desse assunto como ocorre em algumas cidades que visam o recolhimento desses materiais; em Manaus poucas empresas no mercado de reciclagem e poucas cooperativas ajudam na seleção do material coletado.
A contribuição para a preservação do meio ambiente e o conhecimento do descarte em locais que recolhem esses materiais, partem da proposta da pesquisa que acredita na capacidade da população em criar uma ação responsável e transformadora do meio no qual vive compreendendo a natureza e sua fiel importância para a sociedade na qual todos nós estamos inseridos.
A população de alunos que participou da avaliação demonstrou não ter conhecimento a fundo sobre o uso e descarte de pilhas e baterias, principalmente com relação à lei que orienta sobre o descarte correto desses materiais e que a simples existência deste conhecimento não é o suficiente para evitar problemas, mas sim ser conhecida, respeitada e cumprida.
REFERÊNCIAS
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DIAS, Genebaldo F. Educação ambiental: Princípios e práticas. 9 ed. São Paulo: Gaia, 2004.
Gil, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social / Antônio Carlos Gil. – 6.ed. – São Paulo: Atlas,2008.
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Capítulo de Livro
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Internet
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Eventos
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1Professora Graduada em Química.