DAS PRIMEIRAS CURIOSIDADES SEXUAIS À CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO PELA CRIANÇA: O DESEJO DE SABER

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6941369


Autoras:
Giseli Monteiro Gagliotto1
Manoela Monteiro Gagliotto2


RESUMO

O artigo apresenta uma biografia de Freud, a criação da Psicanálise e sua teoria sobre sexualidade e afetividade. Elucida conceitos psicanalíticos freudianos que contribuem para o entendimento da sexualidade da criança. Aborda dificuldades dos/as professores/as em intervirem nas situações de não construção do conhecimento da criança. Discute o conhecimento psicanalítico, aventando as possibilidades e/ou as impossibilidades de um saber inconsciente articular-se com o campo educativo. Atenta para a relação entre o Desejo, o Saber e a Psicanálise, validando a importância das primeiras curiosidades sexuais para construção do conhecimento pela criança.

Palavras-chave: Psicanálise, Criança; Educação, Sexualidade, Saber, Conhecimento.

ABSTRACT

The article presents a biography of Freud, the creation of Psychoanalysis, and his theory on sexuality and affectivity. It elucidates Freudian psychoanalytic concepts that contribute to the understanding of children’s sexuality. It deals with the construction of knowledge by the child, based on Freudian psychoanalysis. It addresses the teachers’ difficulties in intervening in the child’s non-learning situations. It discusses psychoanalytic knowledge, suggesting the possibilities and/or impossibilities of unconscious knowledge to articulate in the educational field. It pays attention to the relationship between Knowledge and Psychoanalysis, validating the importance of the first sexual curiosities for the construction of knowledge by the child.

Keywords: Psychoanalysis, Child; Education, Sexuality, Knowledge, Knowledge.

INTRODUÇÃO

O artigo apresenta uma biografia de Sigmund Freud, a criação da Psicanálise e sua abordagem acerca da sexualidade. Desenvolve a relação entre os conceitos de sexualidade e afetividade. Aponta para os escritos de Freud que justificam a descoberta da sexualidade da criança. Discute a importância das primeiras curiosidades sexuais para a construção do conhecimento da criança, explicitando as inter-relações entre o saber e a psicanálise. Trata do processo de construção do conhecimento, mais, especificamente, do que faz uma criança chegar ao mundo do saber e como o conhecimento é possível na perspectiva teórica da psicanálise freudiana. As ponderações que se seguem referem-se às dificuldades dos/as professores/as em intervirem, nas situações, de não construção do conhecimento da criança, presente nos espaços educativos. Discute o conhecimento psicanalítico, aventando as possibilidades e/ou as impossibilidades de um saber inconsciente articular-se com o campo educativo, tendo em vista que o objetivo desta não confere com o da psicanálise e apresentam-se distintos: enquanto uma trabalha na defesa do recalque, a outra luta contra ele. Assim, todo o referencial teórico psicanalítico, aqui utilizado, servirá para identificar a relação entre o Saber e a Psicanálise e compreender a importância das primeiras curiosidades sexuais para a construção do conhecimento da criança. Refere-se às possibilidades de aproximações entre a psicanálise e a educação, dando ênfase aos conceitos psicanalíticos freudianos, que contribuem para o entendimento da sexualidade da criança. Por fim, concluímos que é real a importância desses conceitos para o campo pedagógico e para a educação.

FREUD, A SEXUALIDADE E A PSICANÁLISE

Sigmund Freud nasceu em 6 de maio de 1856, em Viena, na Moravia, que, na época, era um distrito da Áustria onde, hoje, localiza-se a cidade de Pribor, na Tchecoslováquia. Era filho de Jacob Freud e Amália Freud. Os nomes que seu pai registrou na Bíblia da família foi “Sigismund Scholomo”, mas este não sobreviveu à adolescência de Freud, que provinha de uma família numerosa, filho do terceiro casamento de seu pai Jacob (que tinha idade para ser seu avô) com sua mãe. Freud era conhecedor do Judaísmo, praticado pelo pai, ainda que, particularmente, não praticasse essa religião. Na infância, Freud aprendeu hebraico com os pais, e, posteriormente, foi autodidata ao estudar latim, grego, espanhol, inglês e italiano (GAGLIOTTO, 2014)

Num contexto histórico, que dava ênfase à cultura e ao conhecimento científico, Freud formou-se em Medicina no ano de 1881, aprofundando seus estudos clínicos em neurologia. No final do século XIX, em Viena, os estudantes de Medicina deviam cursar três anos de seminários de Filosofia, momento que proporcionou a Freud maior proximidade com as questões filosóficas. No ano de 1886, aos trinta anos, Sigmund Freud casou-se com Martha Bernays. Devido aos estudos de Freud em outra cidade, seu namoro fora praticamente por correspondência. Essa união deu origem a seis filhos: Mathilde, Jean-Martin, Oliver, Ernst, Sophie e Anna, esta, a única que se interessou pelos estudos do pai.

Nosso recurso à teoria freudiana justifica-se pelo fato desta, representar a volta da sexualidade para o campo das Ciências Humanas como objeto científico e também pela sua pioneira descoberta da sexualidade infantil. Vejamos a afirmação nesse sentido: “Freud foi o primeiro teórico a considerar a criança dentro do ambiente familiar e como fruto deste, enfim, transformou o entendimento ocidental do que seja sexualidade humana hoje” (SILVA 2001, p. 103).

No início do século XX, mais precisamente em 1916-17, Sigmund Freud (1856-1939), em uma de suas conferências, fala aos norte-americanos sobre a vida sexual dos seres humanos. Apresentaria à plateia suas ideias e descobertas sobre a sexualidade infantil e desbancava o conceito de que a sexualidade só apareceria na adolescência.

As crianças, desde o nascimento, apresentavam atividades auto-eróticas que, da sucção à masturbação, passando pelo controle das fezes como estímulo à mucosa anal, faziam-se acompanhar de fantasias e constituíam assim a história amorosa desses supostos anjos (GUIRADO, 1997, p. 25).1

A Psicanálise, enquanto ciência, encarregada da psiquê humana, esforçava-se para ser reconhecida e aceita, porém eram muitos os descaminhos e entraves encontrados no seio da sociedade vienense, de onde Freud viera, e da norte-americana, onde estava exilado em virtude da I Guerra Mundial.

Segundo a autora supracitada, acostumado que estava com as contraposições, Freud era diretivo e audaz ao perguntar à sua plateia de educadores, pais e médicos: por que estariam constantemente reprimindo as crianças nas escolas e em casa na prescrição de condutas chamadas saudáveis?

Freud assegurava, como estudioso que era, que em suas pesquisas clínicas psicanalíticas, investigando a psique adulta, identificava que a sexualidade infantil é vivida por todos nós.

A edição, em 1905, de sua obra Três ensaios sobre a teoria da sexualidade exibe, com grande destaque, que a sexualidade nasce paralelamente a uma função vital, biológica; no entanto, é uma atividade que se prolonga para além da necessidade vital, diferenciando-a. Assim, em suas pesquisas, a conclusão mais importante a que chega, quando estuda o homossexualismo, não havendo base para supô-lo como anomalia da sexualidade, a relação da pulsão sexual com seu objeto é contingente, acidental, não necessária. O objeto encontra-se colado à pulsão em razão de sua história, não de uma inscrição biológica (SOUZA, 1997).2

Nesse sentido, vamos encontrar no conceito fundante da sexualidade humana para Freud, a atividade de mamar do bebê como gênese da sexualidade. Reconhecido como reflexo, biologicamente, herdado, a sucção tem como objetivo primário saciar a fome. Vinculado ao prazer dessa satisfação, encontra-se um prazer paralelo, ou seja, o prazer sexual. Tal prazer vincula-se à atividade de sucção e a transforma, numa atividade sexual. O prazer, em si, nasce da excitação do contato da boca do bebê (sua zona erógena por excelência) com o seio materno. A ideia reminiscente de um prazer vinculado ao objeto que propiciou a satisfação primeira é sempre revivida e, inconscientemente registrado, fazendo com que a associação entre prazer e objeto seja reativada. A satisfação, ou seja, o prazer é promovido pelo desejo; satisfazer um desejo psíquico difere de satisfazer uma necessidade fisiológica como a fome.

Está claro, além disso, que o ato da criança que chucha é determinado pela busca de um prazer já vivenciado e agora relembrado. No caso mais simples, portanto, a satisfação é encontrada mediante a sucção rítmica de alguma parte da pele ou da mucosa. É fácil adivinhar também em que ocasiões a criança teve as primeiras experiências desse prazer que agora se esforça por renovar. A primeira e mais vital das atividades da criança – mamar no seio materno (ou em seus substitutos) – há de tê-la familiarizado com esse prazer. Diríamos que os lábios da criança comportaram-se como uma zona erógena, e a estimulação pelo fluxo cálido de leite foi sem dúvida a origem da sensação prazerosa. A princípio, a satisfação da zona erógena deve ter-se associado com a necessidade de alimento. A atividade sexual apoia-se primeiramente numa das funções que servem à preservação da vida, e só depois torna-se independente delas (FREUD, 2002, p. 59-60).3

O autor distingue e teoriza sobre as várias fases do desenvolvimento psicossexual, fazendo cada uma delas corresponder a uma organização da sexualidade, de maneira dimensionada, ocorrendo na estruturação do próprio psiquismo. Com isso, Freud abandona as concepções biológicas e aproxima-se de uma compreensão psíquica para explicar a sexualidade. As fases do desenvolvimento psicossexual nomeadas por Freud são: fase oral, fase anal, fase fálica, latência e fase genital. Há diversas formas de compreender as etapas da sexualidade da criança, porém a mais difundida é a freudiana. Os estudos de Freud partem do pressuposto evolucionista da educação e constituição da psiquê humana.

Em seus trabalhos iniciais acerca do tema, Freud acreditava num determinado autoerotismo infantil; a sucção do polegar é um importante exemplo do que falamos. Entretanto, suas pesquisas mostraram que o autoerotismo é secundário a uma escolha de objeto. A relação com o outro, inicialmente de dependência absoluta e posteriormente relativa, é essencial no conceito freudiano de sexualização. A “experiência de satisfação por intermédio de outra pessoa implica, o surgimento da própria necessidade” (SOUZA, 1997).

Elabora uma análise que define as diversas fases de cristalização e difusão da energia psíquica e corporal vital primária – libido – origem das etapas de desenvolvimento psicossexual (NUNES; SILVA, 2000).

De acordo com as fases de desenvolvimento descritas por Freud, a fase oral (0 a 1 ano) refere-se ao período em que a satisfação da criança é experimentada por meio da boca. A boca seria o canal de comunicação entre a criança e o mundo. Nesta fase, há uma transformação da necessidade em desejo, portanto, um objetivo sexual infantil, observado no bebê ou na criança pequena, “consiste em provocar a satisfação mediante a estimulação apropriada da zona erógena que de algum modo foi selecionada” (FREUD, 2002, p. 62), a boca ou a zona labial, primariamente, com a satisfação do instinto obtida pelo ato de sugar.

Quem já viu uma criança saciada recuar do peito e cair no sono com as faces coradas e um sorriso beatífico, há de dizer a si mesmo que essa imagem persiste também como norma da expressão da satisfação sexual em épocas posteriores da vida. A necessidade de repetir a satisfação sexual dissocia-se então da necessidade de absorção de alimento – uma separação que se torna inevitável quando aparecem os dentes e o alimento já não é exclusivamente ingerido por sucção, mas é também mastigado. […] nem todas as crianças praticam esse chuchar. É de supor que chegam a fazê-lo aquelas em que a significação erógena da zona labial for constitucionalmente reforçada (FREUD, 2002, p. 60).

Posteriormente, e análogo a esse prazer, outras zonas vão compondo a sexualidade infantil. O ato de sugar, próprio da primeira atividade erótica, tem de ser substituído por outras ações musculares, segundo a natureza de outra zona erógena. É o que vamos observar com o controle anal.

A fase anal, de 1 a 3 anos, manifesta-se a partir do momento em que a criança passa experimentar as sensações através do controle das fezes e da urina. É um momento no qual a criança começa a internalizar normas sociais referente ao controle dos esfíncteres. Assim, percebe que quando consegue ter controle passa a ser aceita socialmente.

Os transtornos intestinais, comuns na infância, contribuirão para a excitação da zona erógena anal. Segundo o autor, as crianças encontram grande excitação em reter as fezes, já que a acumulação de fezes no intestino provoca intensas contrações musculares e, ao passarem pelo ânus são capazes de produzir excitação da membrana mucosa, causando, conforme observado, tanto sensações de dor como de prazer.

Uma importante observação feita por Freud (2002), com relação à zona erógena anal, é a de que a retenção de fezes estaria vinculada tanto ao estímulo masturbatório dessa zona bem como orientada às pessoas que cuidam dela, implicando significados que, mais tarde, com Abraham (1970), passam a ser intensamente investigados. Esse autor detém-se, então, às observações pertinentes ao caráter neurótico, provenientes desse período da sexualidade infantil.

Na fase fálica, dos 3 aos 6 anos, a criança descobre os órgãos sexuais e começa a interessar-se pelas diferenças sexuais, pela manipulação e busca de prazer através desse exercício. É um momento no qual as crianças desenvolvem intensos jogos sexuais (brincar de papai e mamãe, de casinha, etc.). Nesse período, inicia-se aquilo que Freud denominou Complexo de Édipo. Durante sua vivência, realiza-se o auge da resolução, ou não, da questão edipiana, tema central da psicanálise freudiana.

Dos 6 aos 9 anos de idade, no período de latência, há uma diminuição do impulso sexual, ocorrendo maior ênfase nos aspectos de sociabilidade, gregarismo e descobertas intelectuais. Freud aponta uma distensão, muito provavelmente causada pelo excesso de energia psíquica liberada no idílio edipiano e uma retomada dos jogos de regras e também internalização de diferenças sexuais e papéis sociais (NUNES; SILVA, 2000).

Na fase genital, por volta dos 10 anos de idade, ocorrem grandes transformações biológicas, corporais, afetivas e sociais, atingindo o auge na adolescência. Esta é marcada por maturidade psíquica e organização das estruturas da psique que, antes, estavam consolidadas em experiências de tensão entre o “princípio do prazer” e o “princípio da realidade”, identificado no trabalho (NUNES; SILVA, 2000).

A zona erógena genital é, então, a representante da atividade sexual que se tem na vida adulta. Na infância, por volta dos 3 aos 5 anos, aproximadamente, a masturbação apresenta-se como importante atividade deste período. Freud (2002) estabelece três fases da masturbação infantil, distinguindo-as em: “A primeira é própria do período de lactância, a segunda pertence à breve florescência da atividade sexual por volta do quarto ano de vida, e somente a terceira corresponde ao onanismo da puberdade, amiúde o único a ser levado em conta” (FREUD, 2002, p. 66).

Freud quer, com esta última observação, concluir que a sexualidade está presente muito antes do que, até então, fora observado e legitimado pela ciência. Ao insistir que a sexualidade infantil é própria da vida humana, demonstrando em seus trabalhos como a sociedade reprime toda atividade sexual infantil, quer em casa, quer nas escolas, Freud passa a incomodar não só pais e educadores, mas toda uma comunidade científica que se encontrava, até então, muito confortável e protegida por seus tabus.

Nesse sentido, fica desvinculada a ideia bio-orgânica da concepção freudiana de sexualidade, importante marco na descoberta da sexualidade humana, que é um ponto nodal da teoria e tenta-se evidenciá-lo neste artigo como um alicerce na compreensão científica dos pressupostos psicanalíticos. A estruturação da Psicanálise, com início nos trabalhos de Freud, prova que, além de criar um método para interpretar a mente humana, promoveu mudanças significativas nas formas de compreender as relações, colaborou para a construção do sentimento social a respeito da criança como ser humano em formação (SILVA, 2001).

Silva (2001) identifica a teoria psicanalítica como uma perspectiva viável para a ação da pedagogia e mediação para a Educação Sexual. A autora, ao buscar elementos para uma interpretação institucional e pedagógica da articulação entre Freud e a Educação Sexual da Criança, afirma que apenas a partir dos trabalhos freudianos tornou-se possível a articulação entre a sexualidade na infância e o comportamento sexual do adulto.

SEXUALIDADE E EDUCAÇÃO

A pergunta que permeia este tema é: O que há de insuportável na sexualidade? Qual o papel da educação na condenação da sexualidade?

Kupfer (2007) responde “(…) Ao que tudo indica, é a moral, transmitida pela educação, que incute no indivíduo as noções de pecado e de vergonha que ele deve, necessariamente, ter diante das práticas sexuais.” (p. 36).

Freud relata que tal moral trabalha em comunhão de interesses. O que não é de todo um mal, mas aqui abre-se um parêntese, as formas como a sexualidade é tratada, o que é deturpado. Por exemplo, quando os pais estão em um momento íntimo (pode ser de relação sexual), e a criança em outro momento questiona sobre o que estariam fazendo no quarto e eles se olham, negam a verdade a seus filhos e também a si próprios. Seria mais coerente com seu filho dizer, “filho, papai e mamãe estavam namorando, se beijando, cuidando um do outro e é um momento só nosso”. Pronto; está satisfeita a curiosidade da criança, ao invés de dizer, “filho isso não é para a sua idade; um dia você vai saber; agora não é hora e me deixa terminar de fazer minhas coisas…”.

Segundo Freud, “as crianças costumam tecer suas próprias explicações a respeito de como nascem os bebês, e essas explicações dependem do momento de desenvolvimento sexual em que se encontram” (1997, p. 48). Mas a verdade é que as explicações são superficiais ou não são dadas às crianças.

Freud associou, inicialmente, as doenças nervosas a uma educação moral repressora. Assim, a noção de moral, de pecado e de vergonha já citados, anteriormente, inibe os impulsos sexuais, limitando o desenvolvimento da criança. Então, as doenças nervosas poderiam ser resultados das restrições morais excessivas, mas Freud chegou à conclusão de que existia no interior da sexualidade um componente de desprazer que reforçaria a moralidade. E, mais, percebeu que a satisfação plena dos impulsos é impossível e até mortal. A preservação da vida tanto do indivíduo como do grupo leva ao recalque – repressão sexual profunda e inconsciente – da sexualidade.

Uma vez que a possibilidade de suprimir os impulsos parciais, além de inútil, pode levar à neurose, é importante que o/a professor/a saiba utilizar a energia desses impulsos. O termo Pulsão Parcial aparece por Freud em 1905 na obra Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. A Pulsão Sexual, no seu conjunto, pode ser analisada num certo número de Pulsões Parciais. A maioria delas pode ser ligada à uma zona erógena determinada (boca, pênis, vagina) enquanto outras se definem pelo seu objetivo, por exemplo, a pulsão de dominação pela força.

Freud admite que a sexualidade só encontre sua organização no momento da puberdade, significando que o conjunto da atividade sexual infantil seja definido pelo conjunto inorganizado das pulsões parciais, em que cada pulsão parcial, cada uma por si, procura sua satisfação de prazer no próprio corpo (fase autoerótica, por exemplo, prazer de mamar).

As diversas pulsões parciais tendem de início, independentemente umas das outras, a empurrar o Ego para a satisfação, todavia, no decorrer do desenvolvimento, centram-se cada vez mais na área genital, unindo-se em organizações determinadas, na fase adulta, compondo a libido (pulsão sexual).

Pode-se observar o funcionamento das pulsões parciais na criança (boca, por exemplo) e nos adultos, sob a forma de prazeres preliminares ao ato sexual (partes do corpo) e nas perversões como o voyerismo e o fetichismo. As funções parciais não são exclusivamente espécies que pertençam à libido (pulsão sexual), elas funcionam primeiro independentemente na busca da sobrevivência (por exemplo, mamar) e tendem a unir-se posteriormente às diversas organizações libidinais como no ato de mamar (prazer oral + alimentar-se). Para Freud, a libido é o desejo unicamente sexual derivado psicologicamente da pulsão sexual.

Ao aprofundar o estudo das pulsões, a teoria freudiana coloca-se na fronteira de outros campos do conhecimento. Freud, aliás, expressou mais de uma vez a esperança de que uma contribuição maior para o conhecimento das pulsões pudesse vir de outras áreas do conhecimento, e especificamente, das ciências biológicas. Isto não implica, entretanto, reducionismo, pois o que vai ocorrer com tais forças na vida psíquica dependerá do que se passa em nível psíquico e, em especial, no trabalho realizado em nível dos desejos e das fantasias inconscientes. Nenhuma das pulsões é menos essencial que a outra, não podendo cada uma delas operar isoladamente.

PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO: DESEJO DE SABER E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

A Psicanálise permite um novo olhar sobre a criança, um ser que tem subjetividade e desejo; um ser cujas manifestações, muitas vezes de difícil aceitação, têm significados, da mesma forma que os sintomas de não-aprender. Além disso, a Psicanálise possibilita compreender certas dificuldades, na medida em que dá a conhecer o processo de desenvolvimento da personalidade.

Para Freud, a mola propulsora do desenvolvimento intelectual é sexual. Contudo, a criança não aprende sozinha; é preciso que haja um/a professor/a para que o aprendizado se realize. O ato de aprender sempre pressupõe uma relação com outra pessoa, a que ensina. Dessa forma, não há ensino sem professor, por isso, o aprender envolve a relação/a professor/a-aluno/a e aprender é aprender com alguém.

A ênfase dada pelo pai da Psicanálise ao estudo da relação entre professor e aluno não estava, exatamente, no que seria transmitido pelos conteúdos cognitivos, mas nas relações afetivas entre professores e alunos. A esta relação Freud dá o nome de transferência, entendida como processo psicológico que consiste em transferir para pessoas ou objetos, aparentemente neutros, as emoções e atitudes que existem no indivíduo desde a infância.

O ser humano é o único indivíduo que nasce indiferenciado, desprotegido, incapaz de sobreviver sozinho até que adquira maturidade. Na infância, são estabelecidas relações com o mundo que determinarão em grande parte, muitas outras que acontecerão em etapas posteriores da vida. É essencial que não prive a criança da possibilidade de experienciação para viver suas próprias conquistas, apesar das dificuldades reais ou imaginárias que possam surgir. Como Freud tinha o objetivo de conhecer o desenvolvimento psicossexual da criança, estudava suas principais fontes de prazer e afirmava que, satisfeitos os seus desejos, a criança cresceria saudável psicologicamente.

Segundo Freud, a não satisfação dos desejos, poderia acarretar problemas no Ego da criança que, ao crescer, tornar-se-á uma pessoa com sérios problemas de vícios. Portanto, sujar-se, chorar, sentir dor, machucar-se, e até frustrar-se por não conseguir algo são acontecimentos importantes que, a partir da infância, contribuirão para a construção de um adulto capaz de encaminhar seus próprios conflitos e de buscar suas realizações.

Embora, Freud não tenha tido a intenção de apresentar uma proposta de educação, a psicanálise influenciou, grandemente, o pensamento educacional, não através da aplicação direta de suas teorias ao ensino, mas devido ao fato de ela efetuar o estudo do desenvolvimento dos seres humanos, de suas forças interiores, de suas inter-relações.

É preciso que o/a professor/a conheça os fenômenos que permeiam sua relação pedagógica, e possa compreendê-los, para evitar reações indesejáveis às provocações da criança. O/a professor/a que detém algum conhecimento de Psicanálise encontra-se em melhores condições para compreender os comportamentos infantis; atender às necessidades das crianças e, ainda, selecionar medidas de fornecer-lhes oportunidades de acordo com a ocasião.

Para Freud, o prazer pelo saber nasce a partir da curiosidade infantil sobre a nossa origem: de onde viemos? Para onde vamos? Portanto, todo saber constitui-se com base na infância. Repetindo. A ênfase freudiana não está interessada, prioritariamente, nos conteúdos a serem transmitidos pelo/a professor/a à criança, mas na relação que se estabelece entre eles. Essa relação é o que se chama de transferência. Para que ocorra o fenômeno da transferência, é necessário um vínculo afetivo. Assim, a transferência pressupõe uma relação entre duas pessoas, podendo ser negativa ou positiva. Diz-se que é positiva quando há sentimentos afetuosos, podendo revestir de autoridade a pessoa transferida: a criança transfere afetos ao/a professor/a em função do lugar que este ocupa em sua vida. Sobre a educação e o conceito de transferência.

Sabe-se hoje que essa relação pode variar entre a devoção e a admiração mais afetuosas até a inimizade e a hostilidade mais acirradas. Deriva das relações afetivo-sexuais anteriores e inconscientes do paciente. A transferência tanto positiva quanto negativa pode se transformar em poderoso instrumento terapêutico desempenhando um papel relevante no processo de cura. A transferência encontra-se também presente na relação professor/a-aluno/a e nos permite refletir sobre o que possibilita a criança acreditar no professor e chegar a aprender. É, portanto, um poderoso instrumento no processo de construção do conhecimento. Constitui-se, assim, numa contribuição essencial da Psicanálise à educação. (SHIRAHIGE e HIGA, 2004, p. 36).

A transferência ocorre pelo grau de importância que a criança atribui ao/a professor/a e por acreditar no conhecimento que ele tem para ensiná-la. Neste caso, a criança investe de poder o professor e passa a escuta-lo e a acreditar no que ele diz. Ao contrário, a transferência negativa é caracterizada pelo desprestígio do/a professor/a, por comportamentos hostis com relação a ele que sequer será ouvido pela criança.

Neste sentido, o professor adquire uma influência sobre a criança para transmitir-lhe ensinamentos, valores e inquietações, tornando implícito o caráter transferencial da relação pedagógica. No fenômeno da transferência, a criança transfere para o professor os sentimentos carinhosos ou agressivos da sua relação com os pais (GAGLIOTTO e MAIO, 2003, p. 156).

Transferir pode significar atribuir um sentido especial à figura determinada pelo desejo. Dessa forma, a transferência faz com que se guarde o desejo que não se pertence e sim pertence ao outro.

Na visão que Freud apresenta em Conferências Introdutórias à Psicanálise de 1917, é objetivo da educação reprimir, inibir e proibir impulsos considerados pelo Supereu como imorais, porém, uma repressão sem medidas teria como efeitos colaterais o aparecimento de neuroses que poderiam ser evitadas, esperava Freud, com uma educação mais branda. A educação deveria encontrar, assim, um equilíbrio entre proibição e permissão (BASTOS, 2004, p. 95).

É de extrema importância que o educador não exagere na repressão das pulsões manifestadas pela criança em sua infância, mas que tenha o mínimo de conhecimento sobre as fases de desenvolvimento psicossexual da criança, no sentido de ajudá-la a direcionar a pulsão para o melhor objetivo (sublimação), evitando, assim, o recalque que gera a neurose.

(…) uma repressão excessiva, não só impediria a criança de agir, como poderia originar nela a seguinte reflexão: “não posso pensar sobre isso”. Isto porque a criança acredita que suas ideias são conhecidas pelos adultos, além de acreditar na onipotência de seus pensamentos, o que a leva a acreditar que eles se realizarão. Assim sendo, ela deve bani-los de sua consciência, recalcando-os no inconsciente, de onde só retornarão pelo sintoma neurótico (BASTOS, 2004, p. 97).

Quando a criança não recebe auxílio de um adulto, para resolver seus questionamentos, começa a buscar sozinha as respostas, dando início a sua investigação sobre a sexualidade. A ausência de uma resposta satisfatória faz emergir um fracasso do seu esforço de pensar. Para Freud, o primeiro fracasso, tem para sempre um efeito paralisante na vida da criança. Assim, o papel do adulto, e especialmente o do/a professor/a, é não induzir a criança a deixar de refletir sobre a sexualidade, evitando recalques que, no futuro, terão seu preço por impedir que a criança exerça seu pensamento de forma livre.

A psicanálise não poderia ser ‘casada’ com a educação, pois a primeira visa à escuta do desejo reprimido, enquanto que a segunda acaba promovendo a repressão, isto é, a psicanálise e a educação trabalham em direções opostas. A psicanálise visa acabar com a resistência para permitir o surgimento do desejo recalcado, indo, portanto, contra o narcisismo e o Ideal do Eu do indivíduo. Ao contrário, a educação trabalha pelo narcisismo, colocando-se o educador no próprio Ideal do Eu do educando, o qual assumirá o Ideal do professor, para ter satisfeita sua demanda de amor emitida, ainda que não expressamente. Essa assunção da posição de Ideal por parte do professor, ainda que involuntária, acaba impossibilitando uma autonomia real da criança, pois, o inconsciente desta sempre acaba captando o conteúdo inconsciente de seu mestre, que deseja algo da criança, estando este disposto a identificar-se com o professor em reforço a seu narcisismo, alienando-se de seu próprio desejo (BASTOS, 2004, p. 98-99).

A educação, para ser menos castradora, deve interessar-se mais pelo desejo da criança, pois o saber só é possível se houver desejo em aprender e o/a professor/a deve orientar para que as pulsões da criança realizem seu caminho natural e sejam sublimadas.

A Psicanálise e a Educação são dois campos diferentes, a começar pelos seus objetos de interesse. Os objetos da psicanálise são o inconsciente e o funcionamento do aparelho psíquico; o da educação é o conhecimento. Devido às diferenças de objetos que a educação e a psicanálise não “casam”, pois enquanto uma preocupa-se em atender o desejo reprimido, a outra produz a repressão pensando, unicamente, em preparar o indivíduo de acordo com as regras sociais.

A Educação é o fator principal de neuroses porque não consegue sempre levar em consideração os desejos dos alunos; antes disso, precisa educar de uma maneira socialmente aceita. A educação tem por função dominar os instintos da criança, inibindo sua liberdade total. Diante disso, o/a professor/a depara-se com um grande problema: a exigência de que ele conheça a individualidade psíquica de cada criança, através de pequenos gestos como amor, atenção e que, além disso, exerça, ao mesmo tempo, a sua autoridade.

A contribuição da psicanálise à educação, portanto, consistiria essencialmente na descoberta da nocividade desta, ao mesmo tempo, que da sua necessidade. Não há aplicação possível da psicanálise à pedagogia; não há pedagogia analítica no sentido de que o pedagogo alinharia sua posição subjetiva com a do analista, e adotaria “uma atitude analítica” para com o educando. Tudo o que o pedagogo pode aprender da e pela análise é saber pôr limites à sua ação – um saber que não corresponde a nenhuma ciência, e sim à arte (MILLOT, 2001, p. 154).

Para a Psicanálise, a educação deve procurar ser mais benéfica e menos traumática. Deve reprimir somente o necessário para a criança se defender, abrir mais espaço de escuta ao seu desejo e, assim, estabelecer uma relação de transferência. Permitir que a criança siga livremente o seu desejo de aprender, independente do desejo do seu professor ou do de quem esteja envolvido. Assim, o aprendizado será internalizado e reconhecido como uma parte de si.

O desejo de aprender não é uma autonomia da criança, ou ele aparece por si mesmo ou não, mas quando o desejo surge é preciso permitir autonomia à criança para que ela busque satisfazer o desejo imanente.

Aqui está um conceito de sublimação esclarecedor para a relação entre psicanálise e educação.

[…] Introduzido por Freud, esse termo designa o mecanismo de defesa pelo qual certos impulsos inconscientes são desviados de seus objetos primitivos para fins socialmente úteis e integram-se à personalidade. A sublimação tem um papel importante na adaptação do indivíduo ao seu meio, permitindo seu ajustamento social sem, contudo, inibir seu desenvolvimento pessoal. Na sublimação é possível canalizar pulsões destrutivas para fins socialmente úteis (SHIRAHIGE; HIGA, 2004, p. 27)

Existem várias formas de lidar com os desejos sexuais da criança no contexto escolar e com toda sua curiosidade sexual. Se o/a professor/a estiver munido de conhecimento teórico-psicanalítico, saberá que muitos dos desejos e toda curiosidade, originariamente sexuais, poderão ser sublimados; isto é, ter sua energia sexual (libido) canalizada na direção da produção de objetos não sexuais, mas que também trarão uma satisfação para a criança. Os objetos produzidos, a partir dessa energia sexual, trazem um prazer enorme à criança na medida em que são valorizados culturalmente devido a sua utilidade social.

Diante da sua curiosidade e interesse referentes à sexualidade, a criança busca ajuda do adulto, fazendo perguntas que, na maioria das vezes, ficam sem respostas ou são respondidas de forma censurada. A censura do adulto representa um abandono da criança à própria sorte na busca do esclarecimento sobre as teorias sexuais, causando uma paralisação no seu aspecto intelectual, que passa a entender que deve parar de questionar porque os adultos não gostam de responder.

Toda relação que se estabelece com uma criança, depende do vínculo primário construído na família, pois, através da investigação das relações anteriores, torna-se possível compreender o seu padrão de relacionamento social. Para a Psicanálise, o que pode facilitar a construção do conhecimento é a relação vincular necessária entre professor e aluno, a qual se chama transferência. Através dela pode emergir o desejo de aprender, tornando o ensino algo prazeroso. A relação de transferência só ocorre na verdade e na confiança entre a criança e o/a professor/a. Afinal, a criança acredita que o/a professor/a realmente tem o controle para transmitir-lhe conhecimento, sendo este um grande aliado para a construção do conhecimento e auxiliar no aperfeiçoamento do trabalho do/a professor/a. Quando a criança tem a liberdade de buscar o conhecimento que satisfaça o seu desejo, consegue, com mais facilidade, internalizá-lo e, quando isso não é permitido, precisa sujeitar-se à vontade do/a professor/a ou dos pais, desviando-se do seu próprio desejo. Essa tem sido a principal tarefa da educação. A proposta da psicanálise é que o/a professor/a busque com a criança levar ao bom termo o prazer individual e as necessidades sociais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

“Nenhuma das aplicações da psicanálise incitou tanto interesse e despertou tantas esperanças […] quanto seu emprego na teoria e na prática da educação” (Freud, 1925/1996).

Através dos estudos e pesquisas sobre a teoria psicanalítica freudiana, sabe-se que a psicanálise teve uma importante influência nos casos referentes à constituição do EU e à subjetividade dos seres humanos desde o nascimento.

Freud nutria esperança de que a Psicanálise, uma teoria explicativa da natureza, do funcionamento e da forma de desenvolvimento do psiquismo, pudesse contribuir para reformar os métodos e objetivos educacionais, exercendo, assim, uma ação profilática. Autoras como Catherine Millot, em Freud antipedagogo, e Maria Cristina Kupfer, em Freud e a Educação – o mestre do impossível, mostram que a Pedagogia e a Psicanálise caminham em sentidos opostos. Enquanto a primeira tem como meta a estabilidade e a previsibilidade, a segunda trabalha com um ferramental altamente imprevisível (SHIRAHIGE; HIGA, 2004, p. 35-36).

O/a professor/a pode contribuir na formação da criança ajudando-o a equilibrar suas emoções, na construção do “Eu” e, assim, o desenvolvimento e construção do conhecimento ocorrerão de uma forma mais eficaz. A escola, através do estudo da teoria psicanalítica pode fazer com que o sujeito busque alternativas e desenvolva o prazer de aprender. Dentro da perspectiva psicanalítica, o/a professor/a pode realizar atividades que otimizem o desenvolvimento da criança e levar a psicanálise para a sala de aula. É preciso, porém, compreender que a educação e a psicanálise não podem prometer um bem.

A contribuição da psicanálise à educação, portanto, consistiria essencialmente na descoberta da nocividade desta, ao mesmo tempo, que da sua necessidade. Não há aplicação possível da psicanálise à pedagogia; não há pedagogia analítica no sentido de que o pedagogo alinharia sua posição subjetiva com a do analista, e adotaria ‘uma atitude analítica’ para com o educando. Tudo o que o pedagogo pode aprender da e pela análise é saber pôr limites à sua ação – um saber que não corresponde a nenhuma ciência, e sim à arte (MILLOT, 2001, p. 154).

Conclui-se, portanto, que as contribuições da psicanálise têm fundamental importância, em relação ao processo ensino-aprendizagem porque, na medida em que o educador adquire conhecimentos psicanalíticos como o desejo, a libido, as pulsões, a transferência e a sublimação, existe a possibilidade de compreensão da natureza do outro no processo de construção do conhecimento individual.

Quanto a intermediação do professor nos relacionamentos estabelecidos entre os alunos, sua tarefa principal é a de possibilitar a abertura de frestas nas redomas que enjaulam cada aluno em determinados papéis-função na sala de aula. Como podemos verificar em qualquer situação de ensino-aprendizagem, a rede de relações destina, a cada um ou a pequenas células formadas por mais de um indivíduo, determinados papéis-função que sustentam o conjunto do grupo delimitado na sala de aula ou na escola como um todo (JUSTO, 2004, p. 101).

É preciso resgatar, a criança interior do/a professor/a como forma de aprimorar a relação ensino-aprendizagem e, quanto à afirmação de que educar é impossível, acredita-se que seja impossível enquanto processo pronto e acabado, já que se trata de um processo vivo e infinito, pois enquanto se vive aprende-se através das experiências.

A proposta da Psicanálise para a Educação é que o/a professor/a possa buscar na criança o justo equilíbrio entre o prazer individual e as necessidades coletivas. Assim, ao/a professor/a possibilitará reavaliar suas atitudes, suas práticas do cotidiano da sala de aula e sua concepção acerca da construção do conhecimento. Serve também, para lembrá-lo que possui aparatos psicológicos, assim como os possui, o aprendiz. Dessa forma, o processo de construção do conhecimento envolve um encontro do desejo de ensinar do/a professor/a com o desejo de aprender da criança.


1Grifos da autora.

2Grifo da autora.

3Grifo do autor.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FREUD, Sigmund. Prefácio à Juventude Desorientada, de Aichhorn. In: S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad., Vol. 19, p. 305-308). Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Original publicado em 1925).

FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Tradução de Paulo Dias Corrêa. Rio de Janeiro: Imago, 2002.

GAGLIOTTO, Giseli Monteiro. 2014. A Educação Sexual na Escola e a Pedagogia da Infância: Matrizes Institucionais, Disposições Culturais, Potencialidades e Perspectivas Emancipatórias. Jundiaí, Paco Editorial, 2014.

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KUPFER, Maria Cristina. Freud e a Educação: O mestre do impossível. São Paulo: Scipione, 2007.

LAPLANCHE, Jean. Vocabulário da psicanálise/ Laplanche e Pontalis; sob a direção de Daniel Lagache; tradução Pedro Tamen. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

MILLOT, Catherine. Freud Antipedagogo. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

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SILVA, Edna Aparecida da. Filosofia, Educação e Educação Sexual: matrizes filosóficas e determinações pedagógicas do pensamento de Freud, Reich e Foucault para a abordagem educacional da Sexualidade Humana. 2001. 300 p. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.

SOUZA, Maria Cecília Cortez Chistiano de. Sexo é uma coisa natural? A contribuição da Psicanálise para o debate sexualidade/escola. In: AQUINO, J. G. (org.). Sexualidade na Escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1997, p 11-23.


1Pós-Doutora em Psicologia (2015) pelo Observatório da Sexualidade da UNIDEP, no Departamento de Ciências Sociais e do Comportamento, do Instituto Universitário da Maia-Portugal. É Doutora em Educação (2009) pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP/SP. Psicanalista e Membra Fundadora do Movimento Lacaneano do Centro Oeste do Paraná- Irati/PR. Docente na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Campus de Francisco Beltrão. Doutora em Educação. Líder do (LABGEDUS) Laboratório e Grupo de Pesquisa “Educação e Sexualidade”, cadastrado no diretório dos Grupos de Pesquisas do CNPq. Coordenadora da linha de pesquisa: “Estudos e Pesquisas Psicanalíticas e Educacionais sobre Infância, Sexualidade e Educação Sexual esua importância para a Formação Docente”. Coordenadora do Projeto de Extensão Entre a Educação, a Cultura e a Psicanálise: Diálogos (Im)Pertinentes e do Projeto de Extensão GAPAC- Grupo de Apoio Psicológicos aos Acadêmicos da UNIOESTE: À Escuta da Fala.

2Acadêmica do 5º ano do Curso de Graduação em Psicologia (2022) pela Universidade Estadual do Centro-Oeste- UNICENTRO- Campus de Irati- Paraná. Membra do LABGEDUS: Laboratório e Grupo de pesquisa “Educação e Sexualidade”, cadastrado no diretório dos Grupos de Pesquisas do CNPq. Participante da linha de pesquisa “Estudos e Pesquisas Psicanalíticas e Educacionais sobre Infância, Sexualidade e Educação Sexual e sua importância para a Formação Docente”. Membra do Projeto de Extensão Entre a Educação, a Cultura e a Psicanálise: Diálogos (Im)Pertinentes. Participante do Projeto de Extensão “Escuta dos Idosos” na UNICENTRO-Campus de Irati-PR.