COMUNICAÇÃO E VISIBILIDADE: UM ESTUDO SOBRE A ATUAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E SUAS LIMITAÇÕES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10774750


Nathalia Rosária Alves da Silva;
Orientadora: Profª Drª Rosimere Mendes Cabral


RESUMO

Este trabalho aborda o problema gerado pela falta de visibilidade, de recursos e de comunicação entre a biblioteca escolar e a instituição de ensino da qual faz parte. Aborda como objetivo geral a importância do papel da biblioteca escolar e sua integração com o projeto pedagógico da instituição a que faz parte. Objetiva, especificamente, analisar a comunicação entre professor e bibliotecário, a visibilidade (ou falta) que a biblioteca possui dentro da escola e propor estratégias de ação cultural para torná-la visível. Utiliza como metodologia a revisão de literatura nas áreas da educação e da biblioteconomia, além de pesquisa de campo utilizada para levantar dados relevantes e proporcionar embasamento para esta pesquisa. Evidencia, através dos resultados obtidos pela pesquisa de campo, que a biblioteca escolar possui papel essencial em relação ao processo de ensino-aprendizagem dos alunos, em todas as fases da vida, e no quanto a interação entre bibliotecário e professor, pela busca da otimização dos serviços oferecidos pela biblioteca, é enriquecedora no planejamento de novas atividades que estimulem o seu desenvolvimento acadêmico. Enfatiza a importância de promover projetos de ação cultural na biblioteca e no papel de agente cultural que o bibliotecário exerce com o objetivo de desenvolver e complementar todo o trabalho pedagógico, social e recreativo já realizado em sala de aula, proporcionando aos alunos a ampliação de seus conhecimentos e suas ideias. Conclui que, além de exercer papel primordial no processo de ensino-aprendizagem e no desenvolvimento do letramento informacional, a biblioteca escolar é um excelente meio de ação cultural e deve adotar medidas que a tornem ativa dentro da escola, contando com maiores recursos e investimento para aprimorar o seu trabalho.

Palavras-Chave: Biblioteca escolar. Letramento informacional. Ensinoaprendizagem.

ABSTRACT

The problem caused by the lack of visibility, resources and communication between the scholar library and the educational institution of which it is a part of is the main theme of this article. It addresses the importance of the scholar library and its integration with the pedagogical project of the institution in which it is inserted. Specifically, this article analyses the communication between the teacher and the librarian, the visibility or the lack of it present in the school and propose cultural action strategies in order to enable its visibility. A literature review addressing education and library science was chosen as the methodology of this article as well as field research used to bring up relevant data and provide enough base to this research. Through the results obtained with the field research is noticeable the library plays a very important role regarding the students learning process in all their life phases,  and how much this interaction between librarian and teacher is important for the planning of new activities which can stimulate students` academic development. It also emphasizes the importance of promoting cultural action projects in the library and in the cultural agent role the librarian plays with the purpose of developing and complementing all pedagogical, social and recreational work ever done in a classroom, providing enlargement of students’ knowledge and their ideas. It concludes that the scholar library not only plays a very important role in the learning process and in the development of information literacy, but it also is an excellent means of cultural action and it should adopt measures to become active inside school, counting on bigger resources and investments to improve its work.

Keywords: School library. Information literacy. Teaching-learning.

1 INTRODUÇÃO

O trabalho tem o objetivo de promover a discussão sobre a importância que a biblioteca escolar tem para as instituições de ensino e para o aprendizado de seus alunos. Pretende destacar a necessidade que deve haver, dentro da escola, das atividades da biblioteca estarem atreladas às atividades acadêmicas da instituição, unindo também professores e o bibliotecário. É de extrema importância que a biblioteca escolar seja vista como instrumento fundamental no ambiente educacional e deve estar incorporada às atividades pedagógicas. De acordo com as conclusões de Perucchi (1999, p. 80-81), é de competência da biblioteca escolar:

[…] contribuir ativamente com a educação colocando à disposição dos professores, alunos e demais interessados, o material necessário para o enriquecimento do programa escolar, habilitando-os a utilizar os livros e desenvolver a capacidade de pesquisar, além de sustentar os programas de ensino. 

Pensando em difundir o papel da biblioteca, comprovar sua importância na vida da sociedade e contribuir intelectualmente, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) criou um manifesto com o objetivo de apoiar ativamente o desenvolvimento de bibliotecas. Segundo o Manifesto IFLA/UNESCO (2000): “A biblioteca escolar (BE) proporciona informação e ideias fundamentais para sermos bem-sucedidos na sociedade atual, baseada na informação e no conhecimento”. Sua missão está vinculada ao desenvolvimento de competências para a aprendizagem e desenvolvimento pedagógico, objetivando na transformação de cidadãos responsáveis. A declaração da IFLA (2000, p. 2) diz que:   

Está comprovado que quando os bibliotecários e os professores trabalham em conjunto, os alunos atingem níveis mais elevados de literacia, de leitura, de aprendizagem; de resolução de problemas e competências no domínio das tecnologias e comunicação. 

Portanto, bibliotecário e professor devem trabalhar em conjunto no planejamento de atividades pedagógicas que visem facilitar a aprendizagem. O bibliotecário precisa ser visto como membro da equipe de ensino por parte do professor e de todos. O papel do profissional bibliotecário no contexto escolar é priorizar a “educação dos usuários” (CAMPELLO, 2003).  

Esta pesquisa é baseada no seguinte problema: como a falta de visibilidade e comunicação da biblioteca escolar impacta no ensino da escola básica?

Especificamente na biblioteca escolar Pequeno Príncipe, situada no Colégio Estadual Manuel de Abreu, em Niterói, Rio de Janeiro. 

O tema escolhido surgiu devido ao meu interesse em bibliotecas escolares, principalmente, por não ter tido um maior contato com bibliotecas na minha infância e por não haver biblioteca nas escolas em que estudei quando criança e na adolescência. Acredito que a biblioteca é o coração da escola e que deve ter um espaço significativo em todas as instituições de ensino, sejam elas públicas ou privadas. É na biblioteca que o aluno descobre novas escolhas, novos gostos, novos caminhos e desenvolve um maior senso crítico e difusão de tudo que lhe ensinaram ao longo de sua vida. Na escola em que eu estudei, havia um espaço que chamavam de biblioteca, porém, não era um lugar atrativo, não tínhamos liberdade de ir a hora que quiséssemos e não havia um bibliotecário para organizar e administrar. A suposta “biblioteca” vivia fechada e só tínhamos permissão de entrar quando algum professor resolvesse fazer uma atividade diferente ou a sala com computadores estava ocupada. Era como se fosse a última opção. Não se tinha a preocupação de realizar nenhuma atividade em conjunto com a biblioteca para atrair os alunos nem para que criássemos o hábito de ler ou frequentar alguma outra biblioteca nas horas vagas, como forma de lazer. Mais tarde, já na Universidade, foi que eu comecei a ter contato com uma biblioteca e decidi, então, voltar à escola que estudei para descobrir que fim levou a biblioteca e se, finalmente, pensaram numa solução para ela. Fiz uma visita e me deparei com uma nova biblioteca, ainda debilitada, mas havia uma biblioteca aberta aos alunos, que hoje enfrenta outros problemas, dando origem ao tema do meu anteprojeto. Através do trabalho de campo realizado por meio de questionário aplicado à alunos, agentes de leitura responsáveis pela biblioteca e ao diretor do colégio, pudemos analisar as respostas referentes à assiduidade dos alunos à biblioteca, projetos culturais realizados pela biblioteca em conjunto com os professores e a integração entre aluno, professor, biblioteca e agentes de leitura. Comprovamos que apesar de poucos recursos destinados a este trabalho, a biblioteca está aberta e funcionando, ainda é pouco frequentada e aproveitada pelos alunos, mas através do trabalho realizado pelas agentes de leitura, alunos parceiros e professores, há um grande engajamento em promovê-la dentro da escola. Observamos que há boa quantidade de artigos com temática similar ao deste trabalho e que ajudaram muito a desenvolver a pesquisa.

Ao realizarmos uma breve pesquisa nas bases de dados mais utilizadas pelo meio acadêmico, podemos destacar que durante a última década houve um grande avanço para o campo da Biblioteconomia e na história das bibliotecas escolares acerca da discussão sobre o processo de letramento informacional e no quanto a biblioteca escolar contribui ativamente para desenvolver e implementar o processo de ensino-aprendizagem nas instituições de ensino das quais faz parte. 

Baseado nesta pesquisa, consideramos relevante abordar este assunto e acreditamos que contribuiremos de forma positiva para a comunidade acadêmica e para a sociedade em geral, enriquecendo as pesquisas feitas nesta área. Além disso, esperamos que através de um estudo aprofundado da temática, esta pesquisa possa servir como fonte de informação para futuros pesquisadores e colabore na conscientização do papel primordial que as bibliotecas escolares possuem no cenário educacional brasileiro.

O marco teórico deste TCC é baseado em duas grandes áreas do conhecimento: educação e biblioteca escolar. Dentro dessas áreas, os principais autores utilizados da área de educação serão Paulo Freire, Kelley Cristine Gonçalves Dias Gasque e Marcus Vinicius da Cunha. Para embasar teoricamente o tema abordado e, principalmente, argumentar sobre biblioteca escolar, utilizaremos conceitos e ideias dos autores: Bernadete Santos Campello, Lucia Helena Maroto, Luís Milanesi, Victor Flusser e Waldeck Carneiro da Silva. Extremamente conhecidos e renomados nesta área.

A biblioteca escolar é, sem dúvida, um suporte importante para a formação básica do leitor, por estar dentro da escola, ser referência de leitura e espaço cultural para os discentes, sejam eles crianças, adolescentes, jovens. A biblioteca acoplada à escola contribui de forma especial para o crescimento intelectual do aluno, despertando-o para uma leitura reflexiva e responsável, estimula outros alunos a seguirem o mesmo caminho, dependendo da estratégia utilizada pelo professor em conjunto com o bibliotecário. Mesmo com todo esse leque de conhecimento aberto pela biblioteca, os investimentos nessa área ainda são muito inferiores, sempre deixados em segundo ou último plano. Com a possibilidade de mudar esse quadro, foi criada a Lei 12.244/2010, que dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País até 2020, e atende uma antiga reivindicação dos bibliotecários, movimentos sociais e sindicais, que preocupados com o atual estado lastimável das bibliotecas escolares brasileiras cobraram das autoridades alguma posição mediante o caos (MENDONÇA, 2016, p. 48). A Lei, estabelecida em quatro artigos, prevê: 

Art. 1o  As instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de ensino do País contarão com bibliotecas, nos termos desta Lei. 
Art. 2o  Para os fins desta Lei, considera-se biblioteca escolar a coleção de livros, materiais videográficos e documentos registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa, estudo ou leitura.  
Parágrafo único.  Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado, cabendo ao respectivo sistema de ensino determinar a ampliação deste acervo conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas escolares. 
Art. 3o  Os sistemas de ensino do País deverão desenvolver esforços progressivos para que a universalização das bibliotecas escolares, nos termos previstos nesta Lei, seja efetivada num prazo máximo de dez anos, respeitada a profissão de Bibliotecário, disciplinada pelas Leis nos 4.084, de 30 de junho de 1962, e 9.674, de 25 de junho de 1998. 
Art. 4o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (BRASIL, 2010).

Essa Lei, vem como uma promessa de esperança para que bibliotecários e as bibliotecas escolares, que hoje estão abandonadas, obtenham, finalmente, espaço digno, investimento em seu acervo e estrutura para contribuir no aperfeiçoamento do processo educacional dos estudantes e cumprir o seu objetivo principal que é de formar leitores críticos e deixar de ser apenas um lugar onde se guarda livros.  A biblioteca escolar é um organismo vivo, dinâmico, seus profissionais devem agir com dinamismo, driblando as dificuldades financeiras e burocráticas, principalmente as da rede pública. Aqui entram em jogo suas habilidades diplomáticas e competências argumentativas para montar um acervo rico e diversificado.

Os livros e todo o material de cunho educativo variado, são importantes tanto para a formação cultural como a formação de uma pessoa como cidadã. É de extrema importância e enriquecimento o acesso à internet para alunos em formação, porém, a biblioteca, apesar da explosão tecnológica, ainda é um dos melhores métodos de inclusão social e de aprendizagem que existe, principalmente se estiver aliada à informatização. É importante lembrar que nem todas as escolas possuem acesso à internet ou estrutura física e financeira para abrigar computadores de última geração e, neste caso, as bibliotecas tornam-se muito úteis, tanto para alunos quanto para professores numa aula extracurricular ou de rotina.

A biblioteca continua sendo um espaço mágico onde pode-se viajar para vários lugares, onde a criança ouve histórias, onde é estimulada a adquirir o prazer pela leitura, pela pesquisa e pela ampliação do conhecimento. A biblioteca escolar não é apenas um espaço para acolher livros, mas atua na formação de futuros cidadãos que terão a chance de mudar sua forma de pensar, de ver a vida, melhorar seus conhecimentos e preparar-se para se tornar um leitor pensador, crítico e influenciador das novas gerações, e, consequentemente, somar-se àqueles que buscam boas realizações e qualidade de vida. 

Segundo Motta (1999, p. 21), a biblioteca escolar, “[…] dentro de uma instituição deve estar bem definida quanto à sua organização e funcionamento para que venha facilitar o ensino e a aprendizagem”, é imprescindível, devendo, portanto, ser um lugar bem gerenciado, organizado e prazeroso.   

Para que a biblioteca escolar seja um espaço bem aproveitado dentro da instituição, é importante que participe das atividades pedagógicas, que disponha de um vasto acervo de materiais variados e de autores diversificados, em uma quantidade que dê suporte ao seu corpo discente, docente e toda a comunidade escolar. É de extrema importância que professores discutam com o bibliotecário quais temas serão abordados durante o ano letivo, para que haja um trabalho em conjunto e de grande favorecimento para ambos. É necessário que haja uma interação e um diálogo entre bibliotecário, professor e diretor. A comunicação entre as três áreas, trabalhando em conjunto, determinará se a biblioteca se tornará um local passivo e estático, ou, um lugar vivo, dinâmico e integrado a outros setores da escola, o que influenciará diretamente no processo de ensino-aprendizagem do estudante (SILVA, 1999).  Silva (1999, p. 76) acrescenta que: 

[…] o bibliotecário escolar é uma espécie de coordenador da biblioteca, responsável, como já denota o termo, pela coordenação das sugestões, ideias, atividades vindas de todos os pontos da escola, sempre visando a transformação da biblioteca escolar num espaço dinâmico e articulado com o trabalho desenvolvido pelo professor. 

A biblioteca escolar deve ser um ambiente de acesso livre e agradável, onde sejam desenvolvidas atividades planejadas mediante o conteúdo programático dos professores, de forma a contribuir com resultados positivos no processo de aprendizado dos estudantes. O bibliotecário deve elaborar meios de difundir a criatividade e atrair a comunidade escolar, com o objetivo de estimular o interesse do aluno em conhecer a biblioteca e suas atividades. Para o sucesso da integração Biblioteca-Aluno-Bibliotecário é imprescindível uma boa interação entre o corpo docente e o bibliotecário. Silva (1999, p. 67) destaca sobre a biblioteca, “[…] é nela que a maior parte de nossas crianças terão oportunidade, muitas vezes únicas em nossas vidas, de contato com livros e outros documentos”. A presença de um bibliotecário como gestor deste ambiente é fundamental, por se tratar de um profissional qualificado para exercer a função e por adquirir o papel de agente transformador. 

Segundo Santos (1989), o objetivo da biblioteca escolar é incentivar e disseminar o gosto pela leitura das crianças e adolescentes, através de diversos tipos de materiais, podendo ser bibliográfico e não-bibliográfico, devendo ser organizado e integrado de tal maneira que corresponda aos interesses da instituição a que pertence.

Santos (1989, p. 104) ressalta que “a biblioteca escolar é a base sobre a qual se edificam todas as outras bibliotecas gerais ou especializadas”. Sendo que “o usuário de biblioteca escolar está mais motivado e capacitado a utilizar, no futuro, as bibliotecas, a fim de desenvolver sua vida intelectual, cultural e profissional”. É preciso levar em conta que, apesar de espaço de leitura, a biblioteca, há muito tempo, vem se tornando um espaço de aprendizagem. Campello (2012) argumenta sobre um estudo realizado em Ohio (EUA), onde pesquisadores utilizaram uma técnica de pesquisa quantitativa e qualitativa, por meio de um questionário de múltipla escolha. E, perguntaram aos estudantes daquele estado qual era o papel que a biblioteca escolar exercia como ajuda para eles. O estudo mostrou que uma boa biblioteca contribui para a formação dos estudantes como pesquisadores e que a aproximação da Biblioteconomia com a área da Educação é fundamental para que os bibliotecários entendam o processo de aprendizagem pela busca e pelo uso de informações. 

A biblioteca escolar se torna um laboratório que propicia a conexão de ideias e a construção do conhecimento, onde os estudantes se preparam para tornarem-se aprendizes autônomos e que gostem de aprender. Está mais do que provado que a biblioteca possui papel extremamente importante na sala de aula e dentro do ambiente escolar. A biblioteca escolar deixar de ser apenas um instrumento incentivador da leitura e passa a colaborar com os professores em programas de letramento informacional e se integrar ao processo de aprendizagem (CAMPELLO, 2011). 

A biblioteca escolar é tão rica na questão do que se refere ao desenvolvimento cognitivo, que se o aluno for orientado a buscar informação, automaticamente passa por várias ações, procedimentos e aquisição de habilidades, desenvolvendo então, a metacognição, conforme enfatizado por Moore (1995 apud MAMEDE, 2013). Essas ações citadas por Moore (1995 apud MAMEDE, 2013) são: pensar; problematizar ou elaborar hipóteses ou suposição; questionar; buscar informações; observar; compreender; interpretar; descrever; relacionar; comparar ou estabelecer relações e analisar. 

É obrigação do bibliotecário escolar se aprofundar nos assuntos que sejam relacionados e a tudo que seja indicado para a literatura infantil, dos critérios apontados na escolha, buscar por material que contribua para a inteligência e desenvolvimento da criança, verificar se é instigante, se proporciona prazer. Caldin (2001) listou alguns aliados do bibliotecário na seleção de livros infantis: os concursos literários nacionais e internacionais, as feiras nacionais e internacionais, os catálogos de autores, e a crítica literária de teóricos da literatura infantil. Na arrumação do acervo, é interessante ressaltar que deve ser bem organizado e estar em perfeito funcionamento. Os livros, revistas em quadrinhos, CD’s, DVD’s, mapas, atlas, brinquedos, trabalhos e outros materiais importantes e variados devem ser expostos de maneira que o usuário sinta a necessidade de apropriar-se do seu conteúdo. Outro aspecto pertinente e de extrema importância em uma biblioteca escolar são as programações extracurriculares, onde os alunos se sintam à vontade para utilizar o espaço da biblioteca como lazer.

A função educativa da biblioteca escolar pode ser entendida, nas palavras de Lourenço Filho (1946 apud CAMPELLO, 2003) crítico e reformador do sistema educacional brasileiro, analisando a questão da leitura, estabelecendo a ideia de que esta teria um papel a desempenhar na educação, que iria além daquele de “depósito de livros”: 

Ensino e biblioteca não se excluem, completam-se. Uma escola sem biblioteca é instrumento imperfeito. A biblioteca sem ensino, ou seja, sem a tentativa de estimular, coordenar e organizar a leitura, será, por seu lado, instrumento vago e incerto. Começa a compreensão destas ideias, felizmente, a vigorar entre nós. Certas bibliotecas escolares se modernizam, e passam a funcionar de forma menos ineficiente. Outras ensaiam orientar os leitores, sugerir-lhes trabalhos, proporcionar-lhes melhores recursos de organização.

Devido a todas essas atribuições mencionadas, anteriormente, por diversos autores, podemos observar que a biblioteca deve atuar junto ao planejamento escolar, deve estar atrelada à estrutura pedagógica e à todas as atividades desenvolvidas em sala de aula.  A biblioteca escolar é parte fundamental para o sucesso do processo escolar de ensino-aprendizagem. A importância da presença de uma biblioteca no ambiente escolar deve ser reconhecida por parte da instituição e vivenciada por toda a comunidade escolar. Cabe à escola propiciar condições adequadas para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma contextualizada, levando em consideração os anseios e experiências vivenciadas no seu cotidiano e possa representar uma oportunidade de diálogos e reflexões que contribuam para a melhoria do processo educativo. A escola deve fazer da biblioteca escolar um ambiente organizado, prazeroso, com atividades diversificadas, acessível aos alunos, aos profissionais da educação e toda a comunidade.

Destaca-se que, apesar da considerável mudança de postura da escola em relação à biblioteca escolar, ainda se faz necessário implementar e criar mecanismos para sustentabilidade das ações existentes, a fim de que cada vez mais os alunos e professores utilizem a biblioteca escolar de forma dinâmica e interativa na construção de novos conhecimentos necessários ao exercício da cidadania. 

Os objetivos deste trabalho estão divididos em gerais e específicos. O objetivo geral é investigar a importância da biblioteca escolar. E os objetivos específicos são: analisar a comunicação entre professor e bibliotecário, e debater a visibilidade da biblioteca.

Para Flusser (1983, p. 150), ação cultural na biblioteca “é a transmissão de cultura com uma injeção política, para que o usuário receba a informação de maneira ativa, tendo a possibilidade de modificá-la”. 

Portanto, a ação cultural busca o envolvimento do usuário num processo enriquecedor de criação, libertação e aprendizagem, que se torna possível quando promovido em contexto cultural bem definido, para que de fato faça sentido aos envolvidos. Quando bem planejada, a ação pode gerar resultados incríveis, capazes de transformar realidades e construir novos caminhos. Assim, a biblioteca pode e deve atuar nesse processo, possibilitando ao usuário a oportunidade de adquirir autonomia não apenas no uso das fontes de informação, mas em sua própria vida. 

Foi utilizada a pesquisa bibliográfica com o intuito de obter fontes informacionais que pudessem embasar o tema escolhido e tornar possível um aprofundamento específico no que tange os objetivos traçados pela pesquisa. Foi realizada uma pesquisa de campo na Biblioteca Pequeno Príncipe, localizada no colégio estadual Manuel de Abreu, no bairro Icaraí, na cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, para que seja avaliado o papel que a biblioteca escolar exerce pedagogicamente dentro desta instituição. Foram aplicados questionários estruturados contendo perguntas abertas, com o objetivo de avaliar a opinião dos entrevistados de forma sincera e detalhada acerca do papel da biblioteca e de sua importância e contribuição para o colégio, assim como para a vida acadêmica e futura de seus alunos e funcionários. O questionário foi direcionado ao diretor do colégio, aos alunos e às responsáveis pela biblioteca escolar, que nesse caso, foram as agentes de leitura, devido à ausência de um bibliotecário na biblioteca. 

Segundo Vergara (2005, p.48), “[…] a pesquisa de campo é a investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo. Entrevistas, aplicação de questionários, testes e observação participante ou não”. 

Para a realização desse estudo realizou-se um levantamento bibliográfico em revistas científicas especializadas em biblioteconomia como: Ciência da Informação, Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, CRB-8 digital, Revela, Revista ACB, Informação e Sociedade, Encontros Bibli, Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, TransInformação, Revista do Professor e Revista Iberoamericana de Educación. Também foram consultados o Portal de Periódicos CAPES, o Scielo e o Google Acadêmico, com a utilização das seguintes estratégias de busca: “letramento informacional”, “biblioteca escolar”, “ensino-aprendizagem” e “bibliotecário educador”. Também utilizamos o catálogo online da Biblioteca Central do Gragoatá. O foco da pesquisa foi voltado para artigos de autores especializados na área de educação e biblioteconomia para dar embasamento aos estudos.

Quanto à estrutura, o trabalho será dividido a partir da introdução. No segundo capítulo será abordado o problema: como a falta de visibilidade e comunicação da biblioteca escolar impacta no ensino da escola básica que, além de tema central deste estudo, é um problema enfrentado por diversas bibliotecas escolares quanto à falta de visibilidade que as limita nas instituições da qual fazem parte. No terceiro capítulo abordaremos o processo de Letramento Informacional e sobre o processo de ensinoaprendizagem. No quarto capítulo abordaremos as atividades culturais e os projetos que podem e devem ser desenvolvidos dentro da biblioteca escolar, com o objetivo de atrair novos leitores e todas as outras áreas da escola. Por fim, traremos os resultados obtidos e a análise feita mediante questionário e entrevistas realizadas no Colégio Estadual Manuel de Abreu, onde está localizada a Biblioteca Pequeno Príncipe, tema originário da pesquisa e origem deste TCC. Por fim, as considerações finais acerca do resultado desta pesquisa.  

2 A BIBLIOTECA ESCOLAR E A FALTA DE VISIBILIDADE

Neste capítulo, discutiremos sobre a falta de visibilidade, espaço e de comunicação que a biblioteca escolar enfrenta dentro das escolas, a partir do ensino infantil. Este é um problema recorrente, que vem crescendo, consideravelmente, no Brasil, devido ao descaso que é dado às bibliotecas e aos bibliotecários, por parte do governo e também por parte dos professores dentro das escolas, onde nem a biblioteca e nem os bibliotecários possuem espaço para se inserirem nas atividades pedagógicas realizadas com os alunos. 

Maroto (2009, p. 61) dialoga sobre esse desinteresse:  

O desinteresse por parte dos governantes, pela implantação e manutenção de um Sistema de Bibliotecas Escolares com acervos atualizados e profissionais especializados vem reafirmando a cada dia a falta de tradição bibliotecária e a consequente deficiência da instituição escolar brasileira, impedindo, assim, que milhares de estudantes possam usufruir da primeira, talvez a única, oportunidade concreta de acesso à leitura e aos bens culturais e científicos produzidos pela coletividade. 

A biblioteca escolar brasileira do século XIX era caracterizada como espaço de silêncio, inacessível às camadas populares, simples e trabalhadoras. A elitização da leitura e do livro, as normas rígidas e proibitivas e a ausência da tradição bibliotecária vem permeando a humanidade até hoje, e seus reflexos vem sendo refletidos na maioria das escolas brasileiras onde a biblioteca escolar, quando existe, é o lugar do silêncio, o espaço do castigo (MAROTO, 2009, p. 18).  

Maroto (2009, p. 43-57) conta que no Brasil, a partir de 1549, com o estabelecimento do governo-geral em Salvador/BA, foram instaladas as primeiras bibliotecas conventuais brasileiras, sob a coordenação dos padres da Companhia de Jesus, dando início à fundação de colégios na Bahia e em outras capitais. Nesse mesmo período, já existiam bibliotecas nos conventos de diversas cidades e estados brasileiros. Essas bibliotecas eram constituídas por coleções que abrangiam os mais diversos ramos do conhecimento, mantinham-se acessíveis aos padres, alunos e a quaisquer outras pessoas que recorressem a ela com interesse na busca de informações. Até meados do século XVIII, as instituições religiosas eram as principais mantenedoras e administradoras dos colégios e das bibliotecas do Brasil colônia. Elas contribuíam fundamentalmente na formação cultural e intelectual dos estudantes brasileiros. A partir de 1759, com a expulsão dos jesuítas da Companhia de Jesus do Brasil, as bibliotecas de todos os conventos foram praticamente desprezadas e abandonadas, saqueadas e vendidas, tiveram suas coleções confiscadas e outras, devido à falta de conservação, foram destruídas.

Nos dias de hoje, em meio a tantos problemas relacionados à política, a verbas que não são repassadas devidamente para suas áreas específicas, Silva (1999) menciona o silêncio, como a melhor forma de se descrever esta atual situação. A biblioteca escolar é ignorada quando o assunto é investimento, seja para melhorar a infraestrutura, o acervo, as tecnologias, contratar um corpo de funcionários e principalmente um Bibliotecário. A biblioteca escolar se encontra numa situação calamitosa em que Silva (1999, p. 13) nos propõe que interrompemos a “cerimônia fúnebre” e façamos alguma coisa. 

É possível interromper a cerimônia fúnebre em cujo féretro jaz a biblioteca escolar? Acreditamos que sim e, por isso, conclamamos: basta de silêncio! Queremos bradar, o mais alto possível, contra o abandono, o desprezo e a indiferença a que vem sendo submetida a biblioteca escolar nesse país; sobretudo na escola pública de primeiro grau […].

É pensando nessa “cerimônia fúnebre”, que se questiona, neste capítulo, todo o esquecimento que é dado a esse espaço da escola que deveria ser valorizado e bem aproveitado, não só por alunos, mas por todos os que frequentam o ambiente escolar. Para a escola desenvolver um trabalho pedagógico eficaz, julgamos indispensável que o professor lance mão de novos instrumentos de ensino em acréscimo à exposição oral e ao livro didático adotado. O professor deve incentivar o aluno na busca de outros recursos para aprendizagem, segundo Silva (1999, p. 30), “o professor é peça fundamental na relação aluno/biblioteca, ou seja, o nível de aproximação entre o aluno e a biblioteca escolar depende, em grande medida, do espaço que ela ocupa no fazer didático do docente”. E, entre eles, a biblioteca escolar pode ocupar um lugar destacado, não como depósito de saber acumulado, mas sobretudo como agência disseminadora desse saber e promotora da leitura” (SILVA, 1999, p. 20). 

Não se deve impor uma leitura a um aluno, isso não o incentiva a ler, é necessário que ele veja que tem liberdade para passear em meio às estantes e escolher o que, de fato, lhe agrada, para que o ato de ler se torne um desejo e não mais uma obrigação imposta pelo professor. Essa prática comum em escolas, além de afastar o aluno da biblioteca, distorce a prática da leitura. 

Nesse sentido, Cunha (1979, apud SILVA, 1999, p. 56) explicita que: 

[…] acreditamos que o principal motivo de a leitura não vingar como lazer é ela ser ‘trabalhada’ na escola. Lá, a leitura é apenas um elemento a mais do procurado desenvolvimento da área cognitiva. A literatura não é explorada enquanto arte, mas enquanto material verbal utilizável para possibilitar ao aluno adquirir mais conhecimento. Temos dito que, para felicidade dos alunos e da vida, a escola ainda não ‘descobriu’ o teatro, a música, a revista em quadrinhos e a televisão como ‘instrutivos’. Quando descobrirem, usando as mesmas técnicas aversivas empregadas para a ‘implantação’ do hábito de leitura, mais essas formas de lazer estarão perdidas. 

Carvalho (2008, p. 60) relata que “ler é compartilhar vozes, é dialogar com outras possibilidades”. E que a leitura não se resume em ser instrumento, ela é o próprio espaço de conhecimento, de aprendizagem. O questionamento é feito com relação a leituras impostas por professores para que os alunos, posteriormente, usem para fazer trabalhos ou provas. O papel que o bibliotecário tem de incentivar um aluno a obter gosto e vontade pela leitura é completamente apagado quando essa prática é incentivada dentro de sala de aula. Por que não deixar que o aluno escolha um livro que ele goste e utilize para alguma atividade voltada às aulas? 

Foi quando criança que, sem nenhuma infraestrutura, a autora deste TCC foi apresentada a uma biblioteca escolar. Completamente abandonada, sem recursos, sem organização necessária, sem um bibliotecário. Durante os sete anos em que estudou nesta escola, houve reforma na quadra esportiva, no auditório, na sala onde eram guardados os computadores, etc.  Mas, nunca foi reservado um tempo, nem investimento para a biblioteca. Os alunos, não eram autorizados a frequentá-la, não podiam levar os livros emprestados para casa, não era dado o incentivo necessário para que olhassem para aquela sala escura e empoeirada como um local importante, que pudesse ser utilizado para aprimorar o conhecimento e desenvolver o aprendizado, um incentivo que, consequentemente, seria utilizado durante toda a trajetória acadêmica e também pessoal. Como é mencionado por Silva (1999, p. 37),

“[…] a biblioteca é potencialmente um dos espaços que mais pode contribuir para o despertar da criatividade e do espírito crítico no aluno”. Hoje, oito anos depois, não houve uma diferença significativa, para este problema. Silva (1999, p. 19) afirma que, “[…] a biblioteca escolar é um objeto desprezado pela Educação, o que se constitui em grande injustiça, posto que a sofrível situação em que funciona, na maioria das escolas, faz com que ela se torne um grave e, vale dizer, inexplorado problema educacional”. 

Maroto (2009, p. 64) acrescenta que:

O descaso pela biblioteca e a sua subutilização evidenciam o desinteresse pela promoção da leitura, que começa na educação de base, onde o professor a pretexto de cumprir o “programa curricular” não utiliza os recursos disponíveis no seu acervo, transformando-se, ele e o livro didático, nas únicas fontes de conhecimento.

Diante das afirmações de Silva (1999) e Maroto (2009), podemos observar que os problemas ainda hoje enfrentados pela biblioteca escolar são reflexo, não só do desinteresse do governo, também é um problema enfrentado desde o processo de formação dos professores, que não são devidamente orientados a trabalhar colaborativamente com bibliotecários e se utilizarem dos recursos oferecidos pela biblioteca para auxiliar no processo de aprendizagem dos alunos. Não há uma cooperação entre professores e bibliotecários para proporcionar uma maior qualidade do ensino paralelamente aos serviços da biblioteca e, muitas vezes, os professores são obrigados a seguir somente os livros didáticos, limitando os alunos apenas aquele conteúdo, sem que tenham muito espaço para mostrar novos caminhos e, consequentemente, dialogar entre as duas áreas. 

Em diversos casos, o primeiro contato de muitas crianças com a biblioteca é dentro da escola, é nesse momento que deve ser apresentado um ambiente apropriado, capaz de fazer com que essa criança desenvolva a curiosidade de conhecer, saber e descobrir o que é uma biblioteca e para que ela serve, quando não é ofertado esse incentivo, há grandes chances de que essa criança se torne um adulto que, dificilmente, desenvolverá o hábito da leitura e o interesse em frequentar bibliotecas. Uma escola sem biblioteca é um instrumento imperfeito, ensino e biblioteca são complementares (SILVA, 1999), é nela que a maior parte de nossas crianças terão contato com os livros, revistas, jornais e outros documentos. Maroto (2009, p. 58) chama a atenção ao dizer que a maioria das escolas brasileiras, sem biblioteca continuam sendo “instrumentos imperfeitos” que contribuem para os altos índices de analfabetismo, as altas taxas de evasão e repetência escolar e com os baixos níveis de desempenho em leitura e escrita, resultando, segundo pesquisas de avaliação da educação básica do país, no fracasso de um sistema escolar “unívoco”, que segundo ela, o professor expõe o que considera pertinente e o aluno é apenas um receptor e reprodutor passivo desse discurso.     

Silva (1999, p. 15) afirma, “ora, sabemos que, na grande maioria dos casos, as bibliotecas das escolas públicas não possuem as menores condições para funcionar dignamente, estando longe de merecerem a denominação de biblioteca”. E é exatamente assim que podemos descrever as bibliotecas de escolas públicas, na maioria dos casos, a biblioteca não possui nenhuma condição de acolher os alunos e não é um local considerado atrativo para novos leitores. Além do espaço denominado de biblioteca não oferecer infraestrutura necessária, muitas vezes não são promovidas atividades de incentivo à leitura, atividades em que professores e bibliotecário trabalhem em conjunto para mostrar para o aluno que este é um caminho sem volta, no bom sentido. Um caminho onde a pessoa se torna um devorador de conhecimento, como se transformasse numa fera em busca de sua presa, se torna uma necessidade aprender. 

Silva (1999) enfatiza que o professor é o principal artífice do processo de aproximação entre o aluno, a leitura e a biblioteca escolar. E, este, é detentor da missão de promover a leitura, independente da disciplina que ofereça. Não adianta haver um espaço bonito, bem organizado, bem iluminado e com um vasto acervo se não há o principal, leitores. Por isso, essa grande necessidade do trabalho colaborativo entre todas as áreas existentes na escola. Segundo Amaral (2013), a biblioteca escolar por meio do bibliotecário, pode reforçar as atividades culturais desenvolvendo “oficinas, encontros com escritores, pintura em tela, palestras educativas, saraus literários, leitura compartilhada, exposição, projeção de um filme produzido a partir de um livro etc.” 

Silva (1999) atribui duas missões principais à biblioteca escolar: de ser um organismo de apoio ao processo de ensino-aprendizagem e de promover o gosto e o hábito de leitura entre os estudantes. Porém, apesar de servir como apoio a esse processo, a biblioteca deve atuar de forma dinâmica, viva, onde as ações devem ser articuladas com a ação do professor.   

A biblioteca escolar pode se tornar uma grande aliada no processo de ensinoaprendizagem, promovendo a mediação entre o ensino e a aprendizagem, resultando em um melhor desempenho e rendimento dos alunos. Dentro de sua função educativa a biblioteca deve auxiliar a ação do aluno e do professor, trabalhando colaborativamente e atuante com objetivos comuns e pré-estabelecidos. Mas de acordo com Campello (2012, p. 11), “se os bibliotecários não puderem provar que fazem diferença na escola, então não precisam existir”.  

Para que a biblioteca escolar seja vista dentro da escola, para que ganhe espaço entre os alunos, é necessário que se democratize o acesso ao conhecimento, é preciso que a transmissão do saber vá além do professor e do livro didático, o aluno precisa ser o produtor e não apenas o consumidor do saber (SILVA, 1999). É nesse contexto que deve ser inserida a biblioteca escolar e o bibliotecário, como mediadores do conhecimento e do saber. A biblioteca escolar também possui importante papel na formação de personalidades críticas, criativas e dinâmicas. O papel principal do bibliotecário escolar é de orientar o leitor no contato com a biblioteca, na difusão da informação e na promoção da leitura (SILVA, 1999). Portanto, é necessário que o bibliotecário se dedique a ações que promovam o incentivo à leitura, junto aos alunos e com o auxílio dos professores. É do bibliotecário, juntamente com o professor, a responsabilidade, enquanto educadores, de trabalhar em prol da defesa da biblioteca escolar e de sua valorização.

Maroto (2009, p. 65) acrescenta que:   

Para que a biblioteca tenha o seu lugar de destaque na instituição escolar, faz-se necessário que os responsáveis por sua dinamização (bibliotecários, professores e outros profissionais) desenvolvam estratégias organizacionais, […] que possibilitem o exercício de liberdade e autonomia do leitor/pesquisador naquele espaço, e facilitem o seu livre acesso à informação.

Embora a falta de visibilidade e a desvalorização das bibliotecas escolares não seja exclusividade somente nas escolas públicas, Fragoso (2012, p. 125) discursa sobre a educação pública no Brasil e afirma que “[…] as bibliotecas escolares brasileiras estão longe de cumprir importante função no sistema educacional”. A biblioteca escolar e seu estado precário é fruto da também desvalorização da educação (em especial pública) no Brasil. Silva (1999) salienta que para que a biblioteca desempenhe um papel destacado, é preciso que ela tenha condições de funcionar dignamente, portanto, é cada vez mais inevitável reconhecer que, para superarmos os problemas relacionados à estrutura, ao funcionamento e à utilização das nossas bibliotecas, escolares ou não, é fundamental questionar o modelo socioeconômico em vigor, apontando para a sua transformação. Segundo Silva (1999), por ter como missão principal o desenvolvimento do gosto e do hábito de leitura entre os estudantes, a biblioteca escolar deve merecer atenção especial, de natureza governamental, institucional – da própria escola em que funciona – e, em particular, do professor.

Pensando racionalmente e sabendo que a biblioteca escolar não recebe o investimento necessário para que funcione de maneira satisfatória e atuante dentro da escola e que, tão cedo esse problema não será resolvido, Silva (1999) convoca o bibliotecário a abandonar a lamúria e conferir à atuação da biblioteca escolar uma característica mais agressiva, destaca que é necessário que se  desenvolva mecanismos que atraiam o professor e o aluno para a tarefa, eminentemente coletiva, de pensar e fazer uma biblioteca escolar atuante, eficiente e capaz de enriquecer o trabalho docente e a aprendizagem do aluno.

Diante de todas essas constatações, fica mais do que claro que a biblioteca escolar detém importante e decisiva parcela no sucesso ou fracasso de uma proposta pedagógica, que priorize o acesso à informação, tanto aos professores quanto aos alunos.

Milanesi (1985) menciona que a biblioteca é mais do que livros, é informação, seja de que tipo for. E, a inexistência de seu serviço faz com que o professor se torne a única fonte de conhecimento para o aluno. Se o professor se transforma na única opção, a biblioteca perde seu sentido e aí sim ela passa a ser uma sala vazia e esquecida, completamente dispensável dentro da escola. Silva (1999) ressalta que a biblioteca é um dos espaços que mais pode contribuir para o despertar da criatividade e do espírito crítico no aluno, além de estimular a criatividade e o questionamento do aluno. Em virtude disso, a biblioteca não deve ser um armário trancado de que não se tem acesso. 

A partir do que foi dito por Milanesi (1985), pode-se observar que o problema enfrentado pelas bibliotecas escolares, a busca pela visibilidade e a luta pelo não esquecimento delas dentro das escolas já era uma discussão antiga, inclusive a falta de investimento necessário para haver melhorias. Enquanto esperamos investimentos e valorização, vemos algumas boas intenções e incentivos, mas ainda muito insignificantes e insuficientes levando em conta o tamanho do nosso país (BENASSI; SAVELI, 2007). A ausência de bibliotecas escolares atuantes sempre foi explicada pela falta de recursos para sustentá-las e é tido como motivo principal utilizado para afastar o aluno da biblioteca escolar, para excluir e menosprezar a biblioteca como espaço atuante e indispensável dentro da escola, não são criados mecanismos capazes de fazer com que essa situação mude ou melhore. Visto que todos continuam de braços cruzados, o apoio financeiro certamente não será empregado. 

Mota (2004) questiona a falta de políticas públicas no sentido de potencializar a criação, a manutenção de bibliotecas escolares e a contratação de profissionais qualificados para desempenharem as funções que são demandadas por bibliotecas desta natureza. Neste mesmo sentido, Silva (1999) questiona a deficiência no processo de desenvolver uma política de continuidade e investimentos adequados referentes à biblioteca escolar, a falta de políticas públicas que estimulem os investimentos na construção de bibliotecas e na formação e renovação dos acervos, a falta de interesse do governo e dos próprios envolvidos no sistema escolar em dar valor ao papel da biblioteca e sua participação nos resultados e índices de qualidade na educação do Brasil e conclui que, devido a todo esse descaso, a biblioteca escolar brasileira encontra-se sob o mais profundo silêncio. Silva (1999, p. 13) destaca que, “silenciam as autoridades, ignoram-na os pesquisadores, calam-se os professores, omitem-se os bibliotecários […], pois a biblioteca escolar no Brasil está praticamente morta, faltando apenas enterrá-la”.

É clássico o exemplo de professores que ao serem afastados da sala de aula, por motivos de saúde ou até mesmo de relacionamento com outros professores ou alunos, são incitados a atuar na biblioteca escolar, muitas vezes exercendo o papel de vigilantes ou guardiões do acervo. Este pode ser considerado como agravante, que faz com que alunos e a sociedade passem a ter uma imagem cada vez pior da biblioteca escolar, até mesmo estes professores que são “obrigados” a exercer esse papel, sem que seja uma escolha. Na Biblioteca escolhida para dar origem a este trabalho ocorreu exatamente este problema, por alguns anos, uma professora, cujo rendimento não era considerado muito satisfatório pelo diretor e a beira da aposentadoria, foi incumbida de cuidar da biblioteca para que cumprisse os anos restantes de trabalho. Fica claro que, não é desta forma, com a supervisão de profissionais insatisfeitos e despreparados, que o trabalho de transformar a biblioteca escolar numa instituição permanente e sociocultural, facilitadora do processo de ensino-aprendizagem se tornará eficaz e decisiva dentro da escola. A biblioteca escolar é essencial para o desenvolvimento intelectual dos alunos, por isso, se faz necessário que haja um incentivo na tentativa de disseminar a visão de que a biblioteca é um espaço vivo, que o ambiente da biblioteca é agradável, capaz de despertar o interesse do aluno pela leitura. Contudo, concluímos que o bibliotecário tem papel essencial nesse trabalho. 

3 LETRAMENTO INFORMACIONAL: O BIBLIOTECÁRIO EDUCADOR

Neste capítulo abordaremos a importância que o bibliotecário tem no papel de educador e de profissional da informação. Seu papel dentro da biblioteca escolar é muito importante, porque é através dele que o letramento informacional é apresentado e incentivado aos alunos, a fim de demonstrar que o aprendizado reflexivo seja disseminado e levado para o resto da vida. Esse papel deve ser proposto e trabalhado não somente pelo bibliotecário, mas também pelos professores, dentro de sala de aula, com o objetivo de ampliar o pensamento reflexivo e priorizar a aprendizagem e o incentivo da pesquisa e de métodos que contribuam para o processo de ensinoaprendizagem. O bibliotecário deve adotar uma postura ativa e aprender a lidar com as tecnologias, interagindo com o usuário e desenvolvendo atividades que auxiliem na busca pela informação. 

Para Miranda (2004), o bibliotecário precisa ser um gestor da informação e deve possuir a capacidade de comunicação e de relacionamento interpessoal entre os indivíduos. Para Belluzzo; Guedes e Farias (2007), o bibliotecário deve desenvolver novas habilidades e aptidões, se inteirar das ferramentas de busca à informação e procurar ampliar cada vez mais o seu universo informacional.  Dudziak (2003) menciona que é preciso levar em consideração as diferenças culturais e de aprendizado de cada um e que o bibliotecário deve promover processos e projetos de inovação organizacional tanto na biblioteca quanto na instituição de ensino.

O termo letramento informacional tem por objetivo estimular a independência dos indivíduos no processo de busca de informação em um ambiente digital e impresso. Consiste no engajamento do sujeito no processo de aprendizagem a fim de desenvolver competências e “habilidades necessárias à busca e ao uso da informação de modo eficaz” (GASQUE, 2010, p. 86). O letramento informacional deve ser responsabilidade compartilhada pelos educadores da escola e fazer parte da matriz curricular, “integrando os conteúdos de busca e de uso da informação aos conteúdos disciplinares” (GASQUE; CUNHA, 2010, p. 145). O letramento informacional exige do profissional, além dos conhecimentos básicos, o uso do senso crítico para solucionar futuros problemas informacionais e que eles saibam avaliar e filtrar as informações.

Campello (2009, p. 12) explica que: 

O termo letramento informacional (infomation literacy) foi usado pela primeira vez nos Estados Unidos, na década de 1970, para caracterizar competências necessárias ao uso das fontes eletrônicas de informação, que começavam a ser produzidas na época.

Porém, Gasgue (2012, p. 28) esclarece que: 

[…] os estudos produzidos no Brasil sobre o tema iniciam-se apenas a partir de 2000. O termo foi mencionado, primeiramente, por Sônia Caregnato, que o traduziu como alfabetização informacional, optando posteriormente por habilidades informacionais como seu equivalente em língua portuguesa. 

O letramento informacional representa a possibilidade de ampliação da função pedagógica da biblioteca escolar, porque o bibliotecário passa a exercer o papel de educador, implementando o conceito de construtivismo, no qual Campello (2009) atribui ao próprio aluno o papel de construir seu conhecimento de acordo com suas vivências anteriores, utilizando diversas fontes de informação e, consequentemente, o construtivismo passa a facilitar a aceitação do letramento informacional, evidenciando o uso social da linguagem. Neste sentido, a função do bibliotecário, por meio do processo de letramento, é mediar o processo de busca da informação ampliando o desenvolvimento da competência informacional para os usuários. Campello (2009) completa que os conceitos relacionados à aprendizagem ao longo da vida, aprender a aprender e pensamento crítico-reflexivo, que constituem a base da sociedade da aprendizagem, também estão presentes no discurso do letramento informacional. A escola que adota o construtivismo precisa orientar o aluno para aprender a lidar com a informação e com o letramento informacional e passa a exercer o papel de centro de projetos pedagógicos (CAMPELLO, 2009). 

No Brasil, o letramento informacional ainda é um tema considerado recente, porém, com a disseminação do assunto na Biblioteconomia e devido a uma grande procura por parte dos bibliotecários em aprimorarem sua função educativa, o letramento informacional tem se tornado assunto primordial. 

Gasque e Tescarolo (2007 apud Campello, 2009, p. 36) defendem que a implementação do letramento informacional deve ocorrer já na infância: 

O principal problema para a implementação desse processo verdadeiramente emancipatório com certeza é a visão que discrimina a responsabilidade pelo letramento informacional à classe bibliotecária. Ora, nenhum esforço social de formação, como condição de emancipação de seus cidadãos, será eficaz se não tiver seus fundamentos fincados na educação básica, de caráter universal, que constitui responsabilidade do conjunto dos atores da escola – professores, coordenadores, assessores, orientadores e bibliotecários –, em um esforço de mediação formativa que deve ser sistematizado no Projeto Político Pedagógico e operacionalizado na matriz curricular da educação básica.

Quando o letramento informacional é aplicado e incentivado desde a infância, permite desenvolver nos alunos autonomia quanto à busca da informação e da construção do conhecimento. Se esse processo for aplicado nos primeiros anos do ensino básico e difundido ao longo dos anos, com o auxílio do professor e do bibliotecário, o aluno desenvolverá a capacidade de utilizar a busca da informação e de avaliar o seu uso de forma eficiente e eficaz. 

O letramento informacional pode ser dividido por etapas que possibilitam o aluno a adquirir, ao longo do tempo, uma nova forma de percepção da informação, transformando-a, posteriormente em conhecimento. Segundo Campello (2009), por focalizar as competências das pessoas e não o serviço oferecido pela biblioteca, o letramento informacional tem a vantagem de tornar mais clara a contribuição do bibliotecário para a aprendizagem. Gasque (2012) menciona que a finalidade do letramento informacional é a remodelação dos indivíduos dentro da sociedade da informação. E completa que:

O letramento informacional tem como finalidade a adaptação e a socialização dos indivíduos na sociedade da aprendizagem. Isso ocorre quando o sujeito desenvolve as capacidades de:
* determinar a extensão das informações necessária;
* acessar a informação de forma efetiva e eficientemente; 
* avaliar criticamente a informação e a suas fontes; 
* incorporar a nova informação ao conhecimento prévio; 
* usar a informação de forma efetiva para atingir objetivos específicos; 
* compreender os aspectos econômico, legal e social do uso da informação, bem como acessá-la e usá-la ética e legalmente (GASQUE, 2010, p. 86).

Campello (2009, p.12) ressalta ainda que:

O conceito de letramento informacional foi construído em torno de diversas noções, uma das quais a de sociedade da informação. No seu discurso sobre o tema do letramento informacional, os praticantes ressaltavam as características desse ambiente de abundância de informações e de variedade de formatos, justificando a necessidade de novas habilidades para lidar com a situação altamente complexa e mutável. O letramento informacional constituiria uma capacidade essencial, necessária aos cidadãos para se adaptar à cultura digital, à globalização e à emergente sociedade baseada no conhecimento. Implicaria fundamentalmente que as pessoas tivessem capacidade de entender suas necessidades de informação e de localizar, selecionar e interpretar informações, utilizando-as de forma crítica e responsável.

No contexto do mundo atual, em que a informação se tornou elemento fundamental na vida do aluno e de qualquer pessoa, se faz necessário adquirir conhecimentos que sirvam de aprendizado para manusear e utilizar recursos informacionais, de forma precisa e eficaz, tornando-se imprescindível a intervenção do bibliotecário, para auxiliar e propagar o conhecimento e a capacidade do aluno de refletir. 

Gasque (2011) conta que Dewey em 1910, propôs um conceito de pensamento que se centra na dimensão interativa de pensar o mundo em contato com o mundo, por meio da experiência. E que o processo de letramento informacional, permite desenvolver capacidades de selecionar e acessar a informação adequadamente; avaliar criticamente; usar a informação ética e legalmente para atingir objetivos específicos estimulando a aptidão para pensar reflexivamente. 

3.1 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Assim como no letramento informacional, o processo de ensino-aprendizagem favorece e contribui para o pensamento reflexivo. O aluno deve sempre ser estimulado a buscar respostas para as suas dúvidas e se tornar capaz de adquirir autonomia para desenvolver o raciocínio e a criatividade. Nesse processo de estímulo ao aluno, o educador, seja ele o professor ou o bibliotecário, possui um papel de extrema importância, dentro e fora da sala de aula. O educador precisa abandonar o papel de transmissor de conhecimentos para exercer o papel de orientador, um estimulador de todos os processos que guiará o aluno a construir conceitos, valores, atitudes e habilidades que permitam fazer com que ele cresça como cidadão e possa desempenhar uma influência construtiva em seu processo de aprendizagem.

É nesse momento que professor e bibliotecário devem trabalhar juntos, unindo seus conhecimentos e experiências para que, dentro do processo de ensinoaprendizagem, desenvolvam uma estratégia que sirva como estímulo para transformar o aluno em um cidadão crítico, incentivá-lo a desenvolver uma compreensão racional do mundo que o cerca, ensiná-lo a aprender a lidar com os erros, estimular a aprendizagem, ajudá-los a organizar suas ideias e educá-los através do ensino.

O bibliotecário deve se tornar aliado nesse processo de mediação entre o ensino e a aprendizagem, contribuindo para melhorar o desempenho e o rendimento dos alunos. Nesse contexto, a biblioteca escolar atuará como elo colaborativo e atuante nos objetivos comuns e pré-estabelecidos pelo professor e pelo bibliotecário.  

Milanesi (1984) destaca que a biblioteca é a concentração dos pensamentos, dos ideais, dos conflitos, das sínteses, dos encontros e desencontros. É a porta de entrada para um novo modo de agir, de fazer, de pensar e de refletir. Se o aluno não se deparar com obstáculos e conflitos em seu processo de aprendizagem, não haverá criação. O aluno precisa adquirir habilidades como fazer consultas em livros e demais suportes informacionais, entender o que lê, fazer síntese, desenvolver conclusões próprias, interpretar, realizar experiências e discutir sobre os assuntos aprendidos em sala de aula, deve ser capaz de compreender as relações que existem entre os problemas atuais e o desenvolvimento científico.  

Toda essa troca de experiências entre professor e bibliotecário a fim de contribuir no processo de ensino dos alunos só será possível, a partir do momento que o professor assumir o seu papel de mediador do processo de ensino-aprendizagem junto com o bibliotecário e este assumir o papel de facilitador e estimulador dentro da biblioteca escolar, implementando nesses alunos a postura reflexiva e investigativa, colaborando para a construção de autonomia de pensamento, ampliando a possibilidade de participação social e desenvolvimento mental e capacitando os alunos a exercerem o seu papel de cidadãos críticos.

Por muito tempo e podemos dizer que até hoje, em alguns casos, a prática de ensino mais comum era aquela em que o professor apresentava o conteúdo partindo de definições e exemplos seguidos de exercícios de aprendizagem e fixação, supondo que o aluno aprendia pela reprodução e pela memorização. Como era de se esperar, essa prática se mostrou ineficiente. É importante destacar que a interação entre professor, aluno e bibliotecário, dentro e fora da sala de aula, contribui para um ensino de qualidade e os ajuda a atingir os objetivos de aprendizagem. É imprescindível que o aluno seja motivado a buscar sempre dar o seu melhor, desse modo será mais fácil obter bons resultados de aprendizagem, que só serão possíveis à medida que o educador proporcionar um ambiente que estimule o aluno a criar, comparar, discutir, rever, perguntar e ampliar ideias. O aluno deve possuir espaço para opinar sobre os assuntos discutidos em sala de aula e dentro da biblioteca escolar, deve compreender que o bibliotecário é um instrumento que contribuirá na construção do conhecimento (CAMPELLO, 2009).

Maroto (2009) destaca que:

Muitas escolas públicas, ainda hoje, subestimam ou “ignoram” a importância que os recursos bibliográficos e outras fontes de informação disponíveis na biblioteca escolar representam para o processo de ensino-aprendizagem. A biblioteca é o primeiro lugar a ser desativado quando se precisa de uma sala de aula vazia ou de um espaço para desenvolver atividades consideradas mais relevantes.

Podemos destacar que, apesar da possibilidade de se tornar um local desativado ou uma sala vazia, dando lugar a atividades consideradas mais relevantes, conforme Maroto (2009) menciona, a biblioteca também pode ser esquecida só pelo fato de não ser vista como um meio eficaz para o processo de auxílio à aprendizagem. É necessário que a biblioteca escolar ganhe espaço dentro da escola, que seja vista como mais um instrumento estimulador de práticas educativas nas atividades que complementam a formação do aluno. É necessário que dentro da biblioteca haja a promoção e o incentivo à circulação de ideias, que se torne um espaço atrativo para os alunos. Se todas as escolas contassem com uma biblioteca atuante, o processo de ensino-aprendizagem seria bem mais positivo. Conforme afirma Campello (2012, p.7), “boas bibliotecas propiciam uma aprendizagem peculiar, diferente daquela em que o aluno é um recipiente passivo de informações passadas pelo professor”. Isso significa que os alunos aprendem sendo estimulados a pensar e a questionar.  A biblioteca atua como facilitadora da aprendizagem fazendo com que o aluno compreenda que o estudo é mais do que mera memorização de conceitos e termos científicos apresentados pelo professor ou encontrados em livros. 

A biblioteca escolar e o bibliotecário, dentro de sua função educativa, devem auxiliar a ação do professor, trabalhando como aliados no processo de ensinoaprendizagem, com o intuito de promover a mediação entre o ensino e a aprendizagem, contribuindo para o melhor desempenho e rendimento dos alunos. Campello (2012) complementa que, bibliotecas eficazes contribuem ativamente para a aprendizagem, pois conduzem à criação, disseminação e uso do conhecimento, para o desenvolvimento de valores com relação à informação. 

Campello (2012, p. 29) conclui que:

Entretanto, estudos revelaram que a biblioteca é mais do que um simples estoque de informações. Os estudantes mostraram que ela ajudava a construir suas compreensões e conhecimentos, ensinando-os a pesquisar, a identificar ideias pertinentes, analisar, sintetizar e avaliar informações, a estruturar e organizar ideias, a desenvolver pontos de vista, tirar conclusões e ter opiniões próprias.

Pensando no contexto desses estudos mencionados por Campello (2012), podemos citar o Estudo de Ohio. Um estudo publicado por Carol Kuhlthau, professora e pesquisadora do Center for International Scholarship in School Libraries (EUA), em meados da década de 1980, baseado no sistema de aprendizagem construtivista e no desenvolvimento cognitivo direcionado para crianças e jovens, que trabalha a aprendizagem pela busca e pelo uso da informação. Essa metodologia de Kuhlthau foi desenvolvida quando a autora norte-americana, juntamente com o professor e pesquisador Ross Todd, investigavam em quais aspectos a biblioteca escolar poderia contribuir para os estudantes de uma escola do estado de Ohio (EUA). Ao ser realizada a pesquisa, os resultados apontaram, em sua maioria, que tanto para alunos quanto para professores, a biblioteca era vista como um espaço que os ajudava a seguir os passos para buscar e usar a informação (CAMPELLO, 2009).

No Brasil, foi realizado um estudo semelhante pelas pesquisadoras Janaína Fialho e Maria Aparecida Moura, ambas da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A pesquisa foi voltada para estudantes de ensino médio de duas escolas, uma pública e uma particular, onde os resultados não foram tão animadores e a biblioteca não foi considerada um instrumento facilitador e promotor da pesquisa escolar como no Estudo de Ohio. Porém, para que esse problema fosse solucionado de forma satisfatória, as pesquisadoras sugeriram que professor e bibliotecário trabalhassem juntos para que haja uma melhor articulação e flexibilidade entre eles, onde os dois lados estejam abertos a mudanças, com o objetivo de ampliar a formação dos estudantes (CAMPELLO, 2009). 

Outra pesquisa mencionada por Andrade (2007) realizada pela Universidade de Denver, também nos Estados Unidos (EUA), mostrou que estudantes de escolas que mantém bons programas de bibliotecas aprendem mais e obtém melhores resultados do que alunos de escolas com bibliotecas deficientes. E inclusive, apontou que a influência da biblioteca, com o apoio de um bom programa, de um profissional especializado, de uma equipe treinada, acervo atualizado constituído por diversos materiais informacionais interligando os recursos da biblioteca à sala de aula resultou no melhor aproveitamento escolar dos estudantes, independente do nível social. As conclusões dos estudos mostraram ainda que os alunos obtiveram melhores resultados em escolas cujas bibliotecas contavam com o trabalho do bibliotecário em horário integral, com uma equipe que desenvolvia um programa de ensino de uso da biblioteca e de outras fontes de informação, que planejava atividades em conjunto com o corpo docente e que fornecia treinamento para os professores. Outro fato importante era que o bibliotecário participava das reuniões pedagógicas, o que demonstrava a valorização da biblioteca e sua efetiva inserção na vida da escola (ANDRADE, 2007). 

Infelizmente, no Brasil, a influência das bibliotecas escolares ainda é bem pequena se comparada a países estrangeiros. Andrade (2007) menciona que em avaliações realizadas pelo Ministério da Educação (MEC) a biblioteca ainda não é o foco principal no ensino, porém continua sendo um dos fatores que contribui para o bom desempenho dos alunos.  

Campello (2011) destaca que no Brasil, segundo resultados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) de 2003, a biblioteca possui influência positiva na aprendizagem da leitura, mostrando que:

A existência e a utilização efetiva da biblioteca […] faz diferença. De acordo com os resultados do Saeb 2003, para a 4ª série, em Leitura, quando até 25% dos alunos da escola fazem uso da biblioteca, a média de proficiência é de 168 pontos. Quando mais de 75% dos alunos utiliza a biblioteca regularmente, a média sobe para 181 pontos. Quando não existe esse tipo de recurso para os estudantes, o resultado de desempenho é de 153 pontos. Ainda, os resultados mostram que, quando há um responsável pela biblioteca escolar, a média aumenta, e quando os professores realizam atividades dirigidas nesse ambiente, há ganhos importantes e significativos na aprendizagem (INFORMATIVO INEP, 2004 apud CAMPELLO, 2011, p. 107).

Diante dessas constatações, fica clara a importância que o bibliotecário tem de exercer sua função educativa dentro da biblioteca escolar e implementar ações que estimulem o Letramento informacional, priorizando a educação e a aprendizagem, permitindo a integração pedagógica entre usuários, biblioteca e professores e dando continuidade à busca incessante de pesquisas e métodos que contribuam para o processo de ensino-aprendizagem. Vale ressaltar que cabe ao bibliotecário escolar trabalhar na busca de subsídios que comprovem que a biblioteca não é apenas um espaço para enfeitar a escola. A biblioteca é o lugar onde se constrói conhecimento, onde se desenvolve a aprendizagem colaborativa, a disseminação da informação e deve ser vista como ferramenta indispensável para o aprendizado dos alunos.

A biblioteca escolar deve exercer papel de destaque no processo educativo dos alunos, porque é um recurso indispensável para o processo de ensino-aprendizagem e possui papel essencial no desenvolvimento das competências em informação. A biblioteca escolar deve apresentar um ambiente agradável e aconchegante, que aproxime o aluno da leitura e o estimule a usar a imaginação e a curiosidade de explorar, contribuindo na formação de uma visão crítica e na organização de suas ideias. O papel da biblioteca escolar e do bibliotecário é de complementar o que é aprendido em sala de aula, transformando o processo de ensino-aprendizagem em forte aliado nessa prática.  

4 BIBLIOTECA ESCOLAR: LOCAL DE PRÁTICA DE AÇÕES CULTURAIS

Neste capítulo abordaremos a ação cultural, suas práticas na biblioteca escolar e a importância que o bibliotecário possui como agente cultural e facilitador no processo de desenvolvimento do aprendizado dos alunos. A importância da prática de ações culturais na biblioteca escolar justifica-se não apenas por sua contribuição educativa, mas, ainda, por seu caráter transformador da realidade social dos indivíduos e por promover e propagar sua visibilidade dentro da instituição no qual está inserida. A biblioteca deve trabalhar no desenvolvimento de ambientes que promovam a capacidade do usuário no acesso à informação e produção dos conhecimentos. Assim, no contexto atual em que vivemos, rodeado por inúmeras transformações e avanços, o profissional da informação tem o dever de atuar como mediador nessas transformações, tornando-se ponte para a geração de oportunidades.

O desenvolvimento de ações culturais realizadas na biblioteca escolar traz à tona a importância do papel do bibliotecário como agente cultural, evidenciando a ligação da biblioteca escolar com ações culturais. A Competência Informacional, discutida no capítulo anterior, é aliada na promoção de ações culturais, porque atua na busca, no uso e na compreensão da informação podendo se manifestar em diferentes formatos, textual, visual ou sonoro.

A ação cultural pode ser definida como “processo de criação ou organização das condições necessárias para que as pessoas e grupos inventem seus próprios fins no universo da cultura” (COELHO NETO, 1997, p. 32). Tal definição expressa bem sua finalidade de tornar possível a criação por parte do público e não apenas a disponibilização de bens culturais ao mesmo, tornando-o sujeito ativo no processo. 

Freire (1981) salienta que não se deve sobrepor à visão dos envolvidos e invadi-los culturalmente e sim adaptar-se ao seu contexto cultural, buscando a inserção dos usuários na realidade da transformação. Em outras palavras, na ação cultural o agente prepara as condições e fornece os recursos que propiciem o desenrolar e o avanço da produção cultural. Nela, o indivíduo tem autonomia para escolher quais são os meios e técnicas que prefere utilizar, o que deixa ainda mais evidente o seu papel de protagonista no processo. 

Com relação ao papel do profissional bibliotecário no processo, Cabral (1999, p. 39) destaca que este deve dar início a um “processo de ação cultural emancipatória, de conteúdo ideológico, que propicie a emergência das manifestações culturais do público infantil e adulto”.

De acordo com Milanesi (2002), as atividades culturais e de lazer oferecidas pelas bibliotecas podem ser, entre outras, teatro, cinema, cursos e música. Ou seja, independentemente do suporte, o importante é que sejam ações atrativas ao usuário e colaborem para sua formação e atuação no processo.

Para Flusser (1983, p. 150), ação cultural na biblioteca “é a transmissão de cultura com uma injeção política, para que o usuário receba a informação de maneira ativa, tendo a possibilidade de modificá-la”.

Portanto, a ação cultural busca o envolvimento do usuário num processo enriquecedor de criação, libertação e aprendizagem, que se torna possível quando promovido em contexto cultural bem definido, para que de fato faça sentido aos envolvidos. Quando bem planejadas, as ações podem gerar resultados incríveis, capazes de transformar realidades e construir novos caminhos. Assim, a biblioteca deve atuar nesse processo, possibilitando ao usuário a oportunidade de adquirir autonomia não apenas no uso das fontes de informação, mas em sua própria vida.

Segundo Amaral (2013, p. 24), a biblioteca escolar por meio do bibliotecário, pode reforçar as atividades culturais desenvolvendo “oficinas, encontros com escritores, pintura em tela, palestras educativas, saraus literários, leitura compartilhada, exposição, projeção de um filme produzido a partir de um livro etc.” O profissional responsável pelas atividades culturais deve elaborar um planejamento com antecedência das atividades de acordo com o contexto em que atuará, para que consiga desenvolver e providenciar meios para a execução, bem como “livros, almofadas, tapetes, papel, lápis etc.” (MORISHITA, 2006, p. 36).

As ações culturais devem ser realizadas no contexto do público, para que de fato façam sentido e possibilitem os resultados esperados. Quando há a tentativa de oferecer atrações e atividades que não fazem parte do contexto do público, a ação perde seu caráter de tornar o público criador, tornando-o, possivelmente, um eterno espectador, pouco ou nada acostumado a criar coisa alguma, apenas a receber. Nesse caso, não se trata de ação cultural. Portanto, estas ações, para que de fato ocorram, devem ser cuidadosamente planejadas e pensadas em prol dos alunos envolvidos no projeto.

Projetos de ações culturais devem ser motivados pela promoção e pelo desenvolvimento de comportamentos e habilidades essenciais aos alunos para que se tornem cidadãos com senso crítico e conscientes de suas ações em sociedade. Através da busca pelo desenvolvimento de competências informacionais pelo aluno, em parceria com a biblioteca, não apenas o saber pesquisar está em questão, mas as consequências advindas desse saber. A autonomia, a confiança, o interesse pelo estudo e pela pesquisa, o agir e o pensar em grupo, o respeito, são alguns dos principais motivos para implementar ações culturais na biblioteca escolar.

As práticas de ações culturais tiveram início na Biblioteca Pequeno Príncipe em meados de 2011, período em que a biblioteca passou efetivamente a funcionar dentro do colégio. As atividades culturais são desenvolvidas pelas agentes de leitura e pelos professores periodicamente, oferecendo inúmeras possibilidades de desenvolvimento de projetos de caráter cultural, pedagógico, social e recreativo, proporcionando aos alunos a ampliação de seus conhecimentos e suas ideias acerca de mundo.

O principal objetivo das ações culturais desenvolvidas pela biblioteca é de promover a informação e estimular o hábito pela leitura, com o intuito de aumentar a frequência dos usuários e de conquistar novos usuários. Através dessas ações a biblioteca assume o papel de disseminadora de uma visão de mundo mais abrangente, que prioriza a imaginação, a criatividade e a cidadania cultural.

Atualmente, os projetos de ações culturais ocorrem uma vez na semana e valem para todos os alunos do colégio, independente das séries. A biblioteca oferece as seguintes atividades:

1) Xadrez: os jogos e as brincadeiras são grandes estimuladores na infância, porque além de desenvolver noções de tamanho, de cor, de espaço, de tempo, servem para desenvolver a coordenação motora, sociabilidade, criatividade e o fator emocional. Os jogos recreativos e educativos têm como objetivo atrair as crianças e desenvolver a integração proporcionando entretenimento e o estímulo mental.

2) Troca de livros: os alunos são estimulados a trazer um livro que tenham gostado muito de ler e a emprestar a um amigo, para que ele tenha a mesma experiência. Os alunos são estimulados a dividir e a confiar no colega. Os livros ficam emprestados num período máximo de duas semanas, para que ao final desse período, os alunos se encontrem novamente para dividir suas experiências e fazer a troca de novos livros.

3) Café literário: pelo menos uma vez no mês, as agentes de leitura convidam um autor para vir à biblioteca abordar algum assunto de interesse dos alunos e participar de um lanche preparado pelos próprios alunos, há uma discussão e ambos compartilham suas opiniões acerca do assunto. É uma experiência muito satisfatória para os alunos. 

4) Autor da semana: a cada semana a biblioteca disponibiliza uma estante com obras de um autor diferente. Essas obras permanecem expostas durante uma semana com o objetivo de aproximar o aluno das obras do escritor selecionado e de incentivar os alunos a conhecerem novos tipos de leitura e a saírem da zona de conforto, buscar novas histórias, novas linguagens e novas temáticas. Os livros ficam expostos apenas para consulta, assim os alunos que não conheciam o autor passam a conhecer no momento da visita. 

5) Caixinha de sugestões de leitura: a biblioteca possui uma caixa onde os alunos depositam uma frase marcante ou uma breve opinião a respeito de um livro que tenham lido, junto com o título do livro e nome do autor. Desta forma, os alunos que não sabem o que ler podem ir nessa caixinha e buscar um livro que desperte o interesse a partir da opinião dos próprios colegas. A caixinha de sugestões de leitura é uma ação que trabalha com a formação do acervo da biblioteca, através dos próprios alunos. Também é uma excelente forma de incentivo à leitura, pois estimula os alunos a desenvolver autonomia de escolher temas de livros do seu interesse.

Para incentivar as ações culturais no contexto da biblioteca escolar, é necessário que o bibliotecário esteja aberto a novos conhecimentos relacionados à prática de atividades culturais. Deve se tornar um profissional criativo para criar e aplicar novas metodologias e suportes informacionais que contribuam para o seu trabalho. Portanto, a prática de ações culturais em bibliotecas escolares não deve se restringir à disponibilização da informação, deve ir além do agir do bibliotecário e de sua Competência Informacional.

Orelo e Cunha (2013, p. 30) destacam que o bibliotecário deve ter “além de conhecimentos de processamento técnico e de mediação da informação, um perfil dinâmico, com domínio das tecnologias, habilidades de gestão da informação e […] educação continuada, o que remete a Competência Informacional”.

Bedin e Estácio (2015, p. 380) complementam que:

No contexto educacional, a biblioteca escolar tem como um dos princípios auxiliar e facilitar o processo de ensino e aprendizagem, além de ser considerado o lugar em que deve haver trocas culturais e aquisição de informações, um ambiente que contribui na construção do conhecimento e atividades culturais que ajudam na formação do indivíduo crítico.

Desse modo, o papel do bibliotecário – e da equipe da biblioteca – será “facilitar aos indivíduos o acesso à informação e possibilitar, desta forma, o desejo de aprender, de discutir, enfim, a formação do conhecimento ou o conhecimento em formação” (CUNHA, 2003, p. 46). Nesse sentido, não serão os professores que indicarão materiais a serem consultados, mas os próprios alunos, auxiliados pelos profissionais da biblioteca, que, de fato, farão uma pesquisa, nada parecida com o habitual recortar e colar, mas uma pesquisa na qual eles devem analisar criticamente as inúmeras fontes de informação encontradas.

Dudziak (2003, p. 31) considera como educação de qualidade: aquele que “privilegia o aprender a aprender e a capacidade de intervenção alternativa, baseada em uma cultura educacional que prioriza a atitude investigativa, de autonomia crítica, a busca criativa”.

Cabral (1989, p. 27) reforça que “os indivíduos não sejam apenas receptores, mas sujeitos da criação cultural”; além disso, esta deve “facilitar a utilização de instrumentos adequados ao desenvolvimento da capacidade criadora dos indivíduos”. Considerando tal concepção, é importante destacar alguns objetivos considerados de grande valia para que sejam implementadas ações culturais eficazes na biblioteca escolar e que devem ser incentivadas por todo o ambiente escolar como: desenvolver a competência informacional dos alunos, destacar a importância da biblioteca no contexto escolar, tornar a biblioteca um espaço vivo, dinâmico e atuante na escola; incentivar o hábito da leitura, da pesquisa e estimular a autonomia e a criatividade dos alunos. Conforme Campello (2009) menciona quando argumenta sobre o método de ensino construtivista, atribuindo ao próprio aluno o papel de construir seu conhecimento de acordo com suas vivências anteriores, utilizando diversas fontes de informação.

Por ser considerada um espaço de ações culturais, a biblioteca escolar organiza, armazena e dissemina as informações visando à satisfação dos usuários. Por se tratar de um espaço em que o bibliotecário deve dominar, seu objetivo é facilitar o acesso à informação. A ação cultural no âmbito da biblioteca escolar é um processo em que são desenvolvidas atividades direcionadas aos alunos evidenciando a cultura para que possam usufruir, refletir e criar.

Contudo, podemos concluir que o incentivo a projetos culturais, que de fato focalizem e considerem as particularidades dos sujeitos envolvidos no processo, devem ser encarados como um dever, principalmente dos professores e do bibliotecário para mostrar uma nova visão aos alunos. Num país de tão rica diversidade cultural como o Brasil, aceitar, incentivar e, sobretudo, admirar as inúmeras manifestações culturais existentes, é um dos primeiros passos rumo a tão ansiado progresso no processo de aprendizagem.

5 BIBLIOTECA PEQUENO PRÍNCIPE E A ANÁLISE DE DADOS

Neste capítulo abordaremos os resultados obtidos a partir das respostas dadas aos questionários respondidos pelos alunos, pelo diretor do colégio estadual Manuel de Abreu e pelas agentes de leitura da biblioteca Pequeno Príncipe.

Conforme mencionado no início desta pesquisa, a Biblioteca Pequeno Príncipe não possui um bibliotecário. O papel de gerir e organizar a biblioteca é dividido entre três professoras denominadas agentes de leitura, que se revezam em horários alternados para que a biblioteca funcione durante o horário escolar. E para melhor compreensão do colégio escolhido, apresentaremos um breve histórico da instituição.

De acordo com as informações obtidas pelo site oficial do colégio estadual Manuel de Abreu, a instituição está situada na Rua Lopes Trovão, número 287, no bairro de Icaraí, em Niterói – RJ. Criado em 02 de março de 1962, pelo decreto n° 7987/62, publicado em Diário Oficial no dia seguinte, a então escola estadual Manuel de Abreu expandiu sua modalidade de até a 4ª série para até a 8ª série em 1981; e, em 02 de setembro de 2002, através do decreto n° 3178994, tornou-se colégio estadual Manuel de Abreu, por oferecer, além do ensino fundamental, a modalidade ensino médio. A instituição tem por objetivo primordial a formação integral do educando nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. O colégio possui 1309 alunos matriculados atualmente, divididos em 51 turmas que abrangem do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e do 1º ao 3º ano do ensino médio, além de oferecer uma série voltada à educação especial e à educação de jovens e adultos (supletivo). 

A biblioteca Pequeno Príncipe, localizada no colégio estadual Manuel de Abreu, foi oficialmente aberta ao livre acesso dos alunos em 2011, segundo dados do diretor responsável pelo colégio, quando três professoras de português do colégio decidiram dar continuidade ao trabalho de uma ex-funcionária da secretaria do colégio. Esta senhora possuía formação em biblioteconomia, porém nunca exerceu este papel no colégio estadual Manuel de Abreu. Ela exercia um cargo na secretaria e decidiu, próximo ao período de sua aposentadoria, organizar a biblioteca da escola de forma simples, junto com uma professora que se ofereceu para cuidar da biblioteca em sua ausência e dar continuidade ao trabalho iniciado por ela, com o objetivo de transformar a biblioteca num espaço agradável e utilizado pelos alunos, futuramente. 

Para esta pesquisa, foram entrevistados 87 alunos: 12 alunos do 6º ano do ensino fundamental, 15 alunos do 7º ano do ensino fundamental, 20 alunos do 8º ano do ensino fundamental, 10 alunos do 9º ano do ensino fundamental, 10 alunos do 1º ano do ensino médio, 10 alunos do 2º ano do ensino médio e 10 alunos do 3º ano do ensino médio, como podemos observar no gráfico 1.  

Gráfico 1 – Turmas e quantidade de alunos entrevistados

Fonte: Próprio autor.

Com base nas respostas dadas pelos alunos, todos são incentivados, constantemente, pelos professores de quase todas as disciplinas a visitar a biblioteca do colégio, seja por motivos de provas e trabalhos, seja por lazer entre uma aula vaga e outra, seja para solucionar dúvidas. Porém, apesar desse estímulo por parte dos professores, muitos alunos não quiseram responder à pesquisa e disseram não gostar de ler e não sentem vontade de frequentar a biblioteca. Outro fato preocupante foi o de comentarem que grande parte dos pais, responsáveis e/ou familiares não possuem o hábito de ler ou de frequentar bibliotecas e/ou centros culturais. 

Observamos que grande parte dos alunos que não quiseram colaborar com a pesquisa eram alunos do 8º ano do ensino fundamental e a maioria dos alunos que não se opuseram a responder a pesquisa eram alunos do 6º ano do ensino fundamental. Estes alunos disseram gostar de frequentar a biblioteca pelo menos três vezes na semana. Entretanto, todos os alunos entrevistados, mesmo os que se mostraram resistentes a participar e os que alegaram não gostar de ler e de frequentar a biblioteca, acham que a biblioteca além de ser um poderoso instrumento de aprendizagem, é um espaço muito importante dentro da escola.

De acordo com as respostas obtidas através das agentes de leitura e pelo diretor, podemos notar que há uma grande interação entre professores e agentes de leitura. Ambos realizam atividades periodicamente a fim de incentivar os alunos a aprimorarem suas habilidades, uní-las e aproveitá-las no aprendizado em sala de aula. São desenvolvidas atividades de xadrez, atividades voltadas para desenvolver a matemática, a leitura, a escrita, contação de histórias, etc.

Baseado na constatação, através de alguns alunos, foi possível observar que há um grande problema que leva os alunos a rejeitarem a biblioteca e que este problema vem de suas próprias casas, passando de geração em geração, em que os próprios familiares não possuem o hábito de ir a bibliotecas e, consequentemente, não ensinam nem estimulam seus filhos a adquirir e praticar o hábito de leitura e de frequentar esse tipo de ambiente. Porém, não devemos culpar esses responsáveis, porque, provavelmente, eles também não receberam incentivo necessário para que adquirissem e passassem esse hábito adiante. Cabe aos professores e às agentes de leitura criarem e desenvolverem um projeto que aproxime pais e responsáveis de alunos à biblioteca para que esse interesse também seja despertado neles e, subitamente, passado aos seus filhos. Muitos dos alunos que hoje gostam e frequentam a biblioteca foram levados por amigos e colegas de classe e hoje em dia não abrem mão de frequentar a biblioteca regularmente, além de incentivarem outros colegas a também visitar e conhecer.

A pesquisa também mostrou que os alunos do 6º e 7º anos do ensino fundamental são os que mais frequentam a biblioteca e alegaram gostar bastante do espaço, conforme o gráfico 2. Em contrapartida, os alunos do 8º e do 9º ano do ensino fundamental são os que menos frequentam a biblioteca, grande parte desses alunos não quiseram responder à pesquisa e alegaram que não queriam ser entrevistados por não gostar de ler e nem de qualquer assunto relacionado à biblioteca. No gráfico a seguir podemos observar a quantidade exata de alunos (dos que foram entrevistados) de cada série que mais frequentam e menos frequentam a biblioteca.

Gráfico 2 – Turmas que mais frequentam e que menos frequentam a biblioteca

Fonte: Próprio autor.

Os alunos do ensino médio costumam frequentar a biblioteca em períodos de prova e de trabalhos por acharem que a biblioteca é um ambiente silencioso e propício para estudo e conclusão de trabalhos.

Os alunos do 3º ano do ensino médio estão entre os mais assíduos dentre as outras turmas de ensino médio que frequentam a biblioteca. Estes alunos alegam que vão à biblioteca para buscar material que os ajudem nas pesquisas cotidianas e, principalmente, para se prepararem para as provas do ENEM.

Outro fato importante a ser destacado, foi que muitos alunos mencionaram preferir o laboratório de informática à biblioteca. Porém, tanto o laboratório quanto a biblioteca precisam de reformas e de investimento para melhorar sua infraestrutura e contribuir eficazmente no trabalho de dar um suporte maior a esses alunos. As duas salas estão ligeiramente desatualizadas e fariam maior diferença se disponibilizassem novos recursos para esses alunos. Talvez, se os dois ambientes se tornassem apenas um, o ambiente se tornaria mais atrativo e convidativo para todos os alunos do colégio.

Acreditamos que é necessário trabalhar essa dificuldade que há no uso da biblioteca por parte da grande maioria dos alunos, com a intenção de promover uma maior integração entre a biblioteca e a comunidade escolar, transformando-a no grande difusor de conhecimento do colégio. O interesse é de estimular o apoio ao ensino, ao aprendizado e à leitura por meio dos próprios alunos, de criar um projeto que realmente faça parte do cotidiano de cada um, que seja visto como algo importante e colaborativo na educação.

A biblioteca ganhando maiores admiradores e usuários, despertará a visão de que é um local que merece uma maior atenção no momento de separar verbas para poder contar com a melhoria do espaço. 

O maior desejo mencionado pelas agentes de leitura é de que a biblioteca faça parte da vida dos que gostam de ler e dos que passaram a descobrir um novo mundo ao descobrir a leitura. Por isso, elas se desdobram para promover ações que afirmem aos alunos que a biblioteca é um ambiente de cultura, aprendizado e lazer e não um local de castigo.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho foi realizado com o objetivo de demonstrar a importância que as bibliotecas escolares possuem nas instituições de ensino, no qual estão localizadas e também na vida dos alunos que utilizam seus recursos. Destacamos a necessidade de serem desenvolvidas atividades entre biblioteca e sala de aula, buscando a união entre professor e bibliotecário, com o objetivo de enriquecer o processo de aprendizado dos alunos. Enfatizamos que é imprescindível que a biblioteca escolar seja vista por todos como instrumento fundamental no ambiente educacional e deve estar incorporada às atividades pedagógicas.

Ao longo desta pesquisa, podemos observar que apesar dos problemas enfrentados pela biblioteca com relação à criação e ao seu funcionamento, mesmo que de forma precária, ela se mantém viva dentro da escola realizando um trabalho árduo de mostrar aos alunos que pode proporcionar um vasto conhecimento, basta ser explorada. 

A biblioteca escolar é, sem dúvida, um suporte importante para a formação básica e deve ser vista como referência, pois contribui de forma especial e ativa para o crescimento intelectual do aluno, despertando-o para uma leitura reflexiva, responsável e estimuladora.

Abordamos como um dos assuntos principais o letramento informacional e a possibilidade de ampliação da função pedagógica da biblioteca escolar que ele representa, transformando o bibliotecário em educador e mediador do processo de busca da informação, com o objetivo de ampliar o desenvolvimento da competência informacional para os usuários. Destacamos o quanto é importante que seja desenvolvida uma estratégia que estimule e transforme o aluno em um cidadão crítico, que o incentive a desenvolver uma compreensão racional de mundo, que o ensine a aprender a lidar com os erros, com a aprendizagem e a ajudá-los a organizar suas ideias educando-os através do ensino. 

Mencionamos a importância de serem oferecidas atividades culturais pela biblioteca e no quanto elas contribuem para a importância do papel do bibliotecário como agente cultural, evidenciando a ligação da biblioteca escolar com ações culturais e destacando que essas atividades se tornem ações atrativas ao usuário e colaborem para sua formação e atuação no processo de letramento informacional.

Enfatizamos que as práticas de ação cultural possuem importante papel dentro da biblioteca escolar e tem o poder de transformar, tanto alunos quanto o ambiente em que está inserida, pois além de enriquecer o trabalho que é realizado pela biblioteca e pelo bibliotecário, permite que os usuários interajam entre si a fim de trocar informações e experiências, devolvendo à biblioteca sua visibilidade e importância perante alunos e à instituição a que pertence.

Com a pesquisa de campo realizada na Biblioteca Pequeno Príncipe, observamos que os alunos têm consciência da importância que a biblioteca possui dentro da escola e do poder que ela tem em proporcionar ajuda no processo de ensino e de aprendizagem em sua vida acadêmica, o que falta e se faz extremamente necessário são os investimentos que deveriam ser empregados para melhorar o acervo, os recursos tecnológicos que deveriam ser oferecidos e o planejamento para incluir a biblioteca em todos os processos acadêmicos. A biblioteca escolar, se bem aproveitada, torna-se um espaço dinâmico e parte integrante da escola, em virtude disso deveria abrigar materiais de boa qualidade para desempenhar sua função de agente educacional e proporcionar ainda mais oportunidades de enriquecimento cultural, social e intelectual aos alunos, além de momentos de lazer.

A biblioteca deve proporcionar ao aluno, em qualquer escola, pública ou privada, a oportunidade de crescimento oferecendo a ele o que pode ser alcançado por qualquer ser humano, em qualquer estágio da vida. Este trabalho carrega a esperança de que uma escola pública pode ter um ensino tão bom ou melhor do que qualquer outro tipo de escola. E, deve dar condições e oportunidades iguais para a formação de um cidadão completo, pensante e atuante dentro da sociedade, visando organizar atividades em que o envolvimento do aluno o faça voltar-se para o coletivo, na sociedade como um todo, inserindo-o na realidade e no convívio sadio. 

Portanto, através do problema mencionado no início deste trabalho, que destaca o impacto negativo que a falta de visibilidade e de comunicação entre a biblioteca e a escola geram no ensino básico, concluímos que a biblioteca é um recurso indispensável para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem e para a formação de cada aluno e não deve, em hipótese alguma, ser excluída deste processo educativo. É necessário que haja engajamento no trabalho entre professor e bibliotecário para que a biblioteca assuma o verdadeiro papel de auxiliadora das atividades escolares, no enriquecimento cultural e na formação de uma visão crítica para os alunos. 

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VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 6º. ed. São Paulo: Atlas, 2005.


APÊNDICE A 

QUESTIONÁRIO – DIRETOR

  1. A quanto tempo você exerce o cargo de diretor (a) no colégio?
  2. Quantos alunos estão matriculados no colégio?
  3. Qual o papel que a biblioteca exerce dentro da escola? 
  4. A biblioteca é vista como um meio atuante e auxiliador do processo de ensino?

APÊNDICE B 

QUESTIONÁRIO –  AGENTE DE LEITURA

  1. – A quanto tempo você trabalha na biblioteca do colégio?
  2. Qual o papel que a biblioteca exerce dentro da escola?
  3. Qual a faixa etária dos frequentadores e o que eles buscam na biblioteca?
  4. Quantos alunos frequentam a biblioteca por dia?
  5. Há uma ação conjunta entre a biblioteca e os professores para desenvolver atividades culturais e pedagógicas?
  6. A biblioteca é vista como um meio atuante e auxiliador do processo de ensino? 

APÊNDICE C 

QUESTIONÁRIO – ALUNOSÉRIE:

  1. – Para você, o que é biblioteca? 
  2. Você tem o hábito de frequentar bibliotecas? Se sim, com que frequência?
  3. Quem te levou à biblioteca pela primeira vez?
  4. Qual a importância da biblioteca para o processo de aprendizagem?