REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202507231616
Inácio Picardo Tsope1
RESUMO
O presente artigo tem o intuito de analisar a complexidade e as incertezas dos problemas sócio económicos para o crescimento das empresas: Caso das Pequenas e Médias Empresas em Moçambique. Portanto, para o desenvolvimento do mesmo optou-se por uma abordagem exploratória que susteve-se com o método qualitativo. Destarte discorreu-se de forma crítica conceptual sobre diversos assuntos dada importância que o sector das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) e um contributo importante e um segmento imprescindível para o desenvolvimento económico e social. Entende-se que o actual estágio de desenvolvimento de Moçambique sócio económico das empresas é colocada em causa devido às incertezas geradas pela gestão informal; escassez de recursos; a baixa qualidade de gestão e outros factores. Aliado aos factores, encontra-se também como factor impulsionador no ambiente de complexidade e incertezas, a globalização e suas imposições, visto que o mundo contemporâneo vem assistindo ao desenvolver de situações em que o ambiente no qual actuam as empresas se apresenta de forma cada vez mais turbulenta e dinâmica em termos de mercados.
Palavras-Chaves: complexidade; Incertezas; ambiente de negócio; empresas.
ABSTRACT
This article aims to analyze the complexity and uncertainties of socio-economic problems for business growth: Case of Small and Medium-sized Companies in Mozambique. Therefore, for its development, an exploratory approach was chosen that was supported by the qualitative method. In this way, a conceptual critical discussion was held on various subjects, given the importance of the micro, small and medium-sized enterprises (MSMEs) sector as an important contribution and an essential segment for economic and social development. It is understood that the current stage of Mozambique’s socio-economic development of companies is called into question due to the uncertainties generated by informal management; scarcity of resources; the low quality of management and other factors. Allied to the factors, it is also a driving factor in the environment of complexity and uncertainty, globalization and its impositions, given that the contemporary world has seen the development of situations in which the environment in which companies operate presents itself in an increasingly more turbulent and dynamic in terms of markets.
Keywords: complexity; Uncertainties; business environment; companies.
1 INTRODUÇÃO
De Sousa (2020) argumenta que decorrente da globalização e suas imposições, o mundo contemporâneo vem assistindo ao desenvolver de situações em que o ambiente no qual actuam as empresas se apresenta de forma cada vez mais turbulenta e dinâmica em termos de mercados, tecnologias, impactos ecológicos, mudanças política, económica, culturais e sociais.
Neste âmbito, o artigo ora que se apresenta tem como intuito de analisar a complexidade e as incertezas dos problemas sócio económicos para o crescimento das empresas: Caso das Pequenas e Médias Empresas em Moçambique.
Faz-se neste artigo uma análise crítica-conceptual entorno do ambiente de negócios no contexto moçambicano como forma de caracterizar o actual estágio de desenvolvimento socioeconómico no crescimento das empresas.
Por conseguinte, aborda-se sobre o contributo do sector dos micros, pequenas e médias empresas (MPME´s) no desenvolvimento económico e social e da sua relação com as redes e cadeias de valores que são vistos como um dinamizador do emprego, da produção e da exportação.
Portanto, são analisadas nesta pesquisa as principais complexidades e incertezas enfrentadas pelas micro, pequenas e médias empresas no contexto moçambicano, identificando-se junto às micro, pequenas e médias empresas. Faz-se de igual modo de forma sucinta a caracterização das barreiras que as MPME´s estão expostas como forma de buscar alternativas para a superação das barreiras a serem descritas no decorrer do desenvolvimento do presente artigo.
A escolha de Moçambique para o estudo do tema deve-se ao facto da fraca divulgação de pesquisas acadêmicas sobre a temática das micro, pequenas e médias empresas no que tange às complexidades e incertezas enfrentadas por empresas moçambicanas no panorama dos problemas socioeconômicos.
Problematização
O sector das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) e um contributo importante e um segmento imprescindível para o desenvolvimento económico e social. Em muitos países, ao longo das últimas décadas, o sector tem sido o principal motor do crescimento, forma redes e cadeias de valor com grandes empresas e é visto como um dinamizador do emprego, da produção e da exportação (De Sousa, 2020).
No entanto, na literatura encontramos traços preponderantes na análise das PMEs em países no mesmo estágio de desenvolvimento de Moçambique nomeadamente: gestão informal, escassez de recursos e baixa qualidade de gestão.
Portanto, estes factores que têm que ser melhorados substancialmente no País para o desenvolvimento possa acontecer.
Sustenta-se nestes termos que o ambiente de complexidade e incertezas é decorrente do factor da globalização e suas imposições, o mundo contemporâneo vem assistindo ao desenvolver de situações em que o ambiente no qual actuam as empresas se apresenta de forma cada vez mais turbulenta e dinâmica em termos de mercados, tecnologias, impactos ecológicos, mudanças políticas, económica, culturais e sociais.
Além disso, a competição baseada na inovação derruba, a cada dia, barreiras tradicionais de comércio e investimentos. E neste contexto que as PMEs procuram competir, procurando, antes de tudo, assegurar a sua sobrevivência.
Nestes termos, procura-se neste artigo responder a diversos questionamentos como por exemplo: quais são as complexidades e incertezas relacionadas ao crescimento sócio econômico das micro, pequenas e médias empresas moçambicanas?
Justificativa
O estudo é justificada pela necessidade de capturar tanto a imprevisibilidade e complexidade das variáveis econômicas quanto o papel das instituições e normas sociais na modelagem do comportamento empresarial. Ao realizar esta pesquisa insights práticos e teóricos serão oferecidos sobre como as empresas podem navegar em ambientes voláteis e complexos, mantendo ou mesmo promovendo o crescimento.
Objectivos
A pesquisa apresenta como objectivo principal: a análise das complexidade e as incertezas dos problemas socioeconómicos para o crescimento das empresas no contexto das Micro, Pequenas e Médias Empresas em Moçambique.
2 METODOLOGIA
Este artigo apresenta parte dos resultados de uma pesquisa que teve como objetivo analisar o grau de complexidade e de incertezas dos problemas socioeconômicos para o crescimento das empresas.
A pesquisa se limitou a fazer um estudo exploratório sobre a complexidade e incertezas dos problemas socioeconômicos para o crescimento das empresas, focando na construção de conexões entre os conceitos e os desafios que o crescimento das empresas enfrenta devido a complexidade e incerteza dos problemas socioeconômicos.
Para melhor entendimento dos assuntos, aquisição de conhecimento e sistematização de ideias, foram pesquisadas fontes bibliográficas. Optou-se, desta forma, pela pesquisa exploratória que, de acordo com Gil (2002), ajuda a melhorar a compreensão do problema pesquisado, e não têm a pretensão de ser conclusiva.
A revisão de literatura inclui obras de autores como Machado (2016) e Vilhena (2017), que oferecem diferentes perspectivas sobre as estratégias de crescimento. O objetivo é analisar e sintetizar esses conceitos, aplicando-os ao entendimento dos desafios e oportunidades enfrentados pelas empresas no mercado actual.
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Enquadramento Conceptual
Complexidade
Os estudos de complexidade no âmbito académico se baseiam principalmente nos trabalhos de Edgar Morin, no intuito de haver a compreensão do termo no âmbito deste trabalho é importante compreender o termo complexidade, e para tal inicia-se com base nas definições de Morin.
Segundo Morin (2006, p. 38), uma concepção primária para definir complexidade:
É o complexus que significa o que foi tecido junto, de facto, há complexidade quando elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do todo (como o económico, o político, o sociológico, o psicológico, o afectivo, o mitológico), há um tecido independente, interativo e retroativo entre o objeto de conhecimento e seu contexto, as partes e o todo, o todo e as partes, as partes entre si. Por isso a complexidade é a união entre a unidade e a […] A educação deve promover a “inteligência geral” apta e referir-se ao complexo, ao contexto, de modo multidimensional e dentro da concepção global.
Enquanto que para Morin (2011, p. 13) complementando sua definição anterior,
[…] a complexidade se apresenta com traços inquietantes do emaranhado, do inextricável, da desordem, da ambiguidade, da incerteza… Por isso, o conhecimento necessita ordenar os fenômenos rechaçando a desordem, afastar o incerto, isto é, selecionar os elementos da ordem e da certeza, precisar, clarificar, distinguir, hierarquizar […]
A partir da definição proposta por Morin (2006; 2011) fica em evidência que a incerteza é componente que actua sobre a complexidade. Sua separação é mera condição para a compreensão do fenômeno, sabendo-se que este é constituído de forma heterogênea e seus elementos inseparavelmente associados. Para haver uma compreensão mais clara da complexidade, Bar- Yam (2003) explica que,
[…] o termo “Complexidade” (o sufixo – dade é usado para expressar um estado ou condição) é melhor definido como uma pergunta. Quão complexo é isso? Uma resposta seria sua complexidade é mensurada. Esta definição faz uma conexão entre a condição de um sistema complexo e nossa compreensão dela. Complexidade, portanto, é uma medida da dificuldade inerente ao atingir a compreensão de um sistema complexo. Ou, alternativamente, é a quantidade de informações necessárias para descrever um sistema complexo.
O que pode ser evidenciado na definição apresentada pelos autores é que há uma grande dificuldade para que se compreenda a complexidade, porém muito mais incompreensível pelo facto de ser composta por um conjunto de inter-relações entre as variáveis que se associam e são inerentes aos sistemas complexos.
Negócio
O conceito de negócio é uma ferramenta que permite passar a ideia do seu objectivo, também ajuda o empreendedor a se orientar no caminho a ser tomado para o empreendimento ter sucesso, segundo (Degen, 1989), o conceito de negócio é a combinação de três factores, os prováveis clientes, as necessidades destes clientes e de que forma você vai atender suas necessidades, assim imaginando como vai fazer para trocar recursos financeiros dos seus clientes por produtos ou serviços prestados.
As definições de negócios sociais e de negócios de impacto enfatizam a convergência entre um objetivo central, focado em resolver problemas sociais, com a sustentabilidade financeira e a eficiência, adquiridas por meio de mecanismos de mercado (Comini et al., 2012; Fischer, 2014).
Além disso, diferentemente dos movimentos sociais, marcados pela espontaneidade e por relativa informalidade, os empreendimentos sociais assumem alguma formalidade jurídico-legal, pois se responsabilizam por sua autonomia administrativo-financeira, e se inserem nas relações de mercado (Fischer & Comini, 2012).
Há uma grande diversidade de definições de negócios de impacto, com abordagens mais amplas, especialmente voltadas à inovação e à criação de qualquer tipo de empreendimento social, promotor de um objectivo social (Murphy & Coombes, 2009; Zahra, Gedajlovic, Neubaum, & Shulman, 2009), e que buscam explorar a existência de externalidades positivas da actividade empresarial; e também com abordagens mais restritas, com foco central em habilidades de mercado, no sector sem fins lucrativos, como alternativa de gerar renda (Austin et al., 2012), ou que tenham como objectivo e elemento central do modelo de negócio a resolução de alguma questão social.
Tanto em um caso quanto em outro, comum a todas as definições, está a criação de valor social, como parte essencial e prioritária, em vez de apenas maximizar a riqueza pessoal ao accionista, que é alcançada a partir de uma actividade caracterizada pela inovação ou pela criação de algo novo (Austin et al., 2012).
Porém, na visão norte-americana, altamente influenciada pelo papel de mercado na resolução de problemas, esses negócios podem (e devem) gerar e distribuir lucros, desde que estejam atrelados a uma missão social. Sendo assim, possivelmente estão como pano de fundo dessa diferenciação, a adopção de um modelo de negócio que funcione na base das dinâmicas de oferta e de demanda do mercado, e a possibilidade de distribuição de dividendos, ainda que com limitações, para achatar a desigualdade.
A forte influência dos negócios voltados à base da pirâmide (Barki, 2013), que visam à redução da pobreza e à promoção de condições de vida que assegurem as liberdades.
Ambiente de negócios
De acordo com Maculan (2002) afirma que deixar o esforço empreendedor desenvolver-se a partir de uma dinâmica natural do mercado é claramente insuficiente para promover o empreendedorismo.
Deste modo, o ambiente de uma organização é composto por forças e instituições externas a ela que pode afetar o seu desempenho, e normalmente inclui fornecedores, clientes, concorrentes, sindicados, organismos governamentais regulamentares e grupos de interesses especiais. O ambiente de cada organização é diferente. Em qualquer momento, o seu carácter preciso depende do “nicho” que a empresa demarcou para si mesma em relação à gama de produtos ou serviços que oferece e os mercados a que atende, (Robbins, 2001).
Por seu turno, Catelli (2001) entende que nenhum negócio seja ele grande, médio ou pequeno, está isento do impacto do ambiente em que se insere. Assim, todos os executivos das grandes empresas, ou os empresários de pequenos negócios, procuram se enquadrar neste ambiente.
Este autor afirma que numa economia basicamente global, consideram-se três tipos de ambiente: o ambiente externo, o ambiente remoto e o ambiente próximo.
O ambiente externo da empresa compõe-se de um conjunto de entidades que, directa ou indirectamente, têm um impacto ou sofrem impacto da sua actuação. Esses impactos ocorrem tanto por um processo de troca de produtos/recursos, dinheiro, informação, tecnologia, quanto pela influência dessas entidades sobre variáveis políticas, sociais, econômicas, ecológicas, regulatórias, etc (Catelli, 2001).
O ambiente remoto de uma empresa compõe-se de entidades que, embora possam não se relacionar diretamente com ela, possuem autoridade, domínio ou influência suficientes para definir variáveis conjunturais, regulamentares e outras condicionantes da sua actuação.
Por sua vez, o ambiente próximo da empresa compõe-se de entidades que constituem o segmento em que atua e compete, tais como: fornecedores, concorrentes, clientes, consumidores. As variáveis que determinam a amplitude da gestão de cada uma dessas entidades referem-se aos preços, volumes, qualidade, prazos de entrega, prazos de pagamento, etc. (Muchanga, 2020).
Incerteza
Há uma dificuldade na literatura em se definir o que é incerteza, pois na literatura técnica há uma confusão entre incerteza e risco.
Abordando a falta de clareza em se distinguir: risco e incerteza, na concepção de Hirshleifer e Riley (1992), o risco está relacionado à ameaça que pode ser mensurada em termos de probabilidade de ocorrência e seus impactos, enquanto que a incerteza não pode ser mensurada.
De acordo com Sá (1999) apud Souza (2004, p. 19):
A incerteza é definida como aquela situação em que não se tem conhecimento objetivo da distribuição de probabilidades associada aos eventos que poderão resultar. E o risco, geralmente, é definido como a medida da incerteza. Ou seja, quando se conhece a distribuição de probabilidades de cada um dos eventos possíveis relacionados à decisão tomada, podendo desta formar construir objetivamente a distribuição de probabilidades do evento futuro.
Para ABNT/INMETRO (2003, p. 02), a palavra incerteza:
Significa dúvida, e assim, no sentido mais amplo, “incerteza de medição” significa dúvida acerca da validade do resultado de uma medição. Por causa da falta de palavras diferentes para este conceito geral de incerteza e para as grandezas específicas que proporcionam medidas quantitativas do conceito, como, por exemplo, o desvio padrão, é necessário utilizar a palavra “incerteza” nestas duas acepções diferentes.
De forma incisiva, Valá (2009) afirma que a avaliação do ambiente de negócios em países africanos, que de certa forma impacta no desenvolvimento das diversas Pequenas e Médias Empresas existentes da qual se apresenta uma diversidade de constrangimentos que bloqueiam o crescimento e consolidação das PME’s, a saber: excessivas barreiras reguladoras, elevado custo de financiamento e a sua limitação, fraca qualificação da mão-de-obra, carga fiscal excessiva e custo elevado de pagamento de impostos, deficiente acesso aos mercados, falta de ligações horizontais e verticais entre as empresas e baixo espírito empreendedor.
Na perspectiva do Banco Mundial (2022) o ambiente de desempenho empresarial em diversos países africanos como o caso de Moçambique possui nuances notáveis que o caracterizam como um ambiente em constante mudança e desenvolvimento.
Assim, o desempenho empresarial é avaliado em termos de quatro indicadores principais: Índice de Lucratividade, Índice de Produtividade, Índice da Margem de Lucro e Índice de Robustez Empresarial. Esses índices foram coletados e compilados pelo Banco Mundial (World Bank, 2022).
Em outra análise, Muchanga (2020) argumenta que, as empresas continuam a apresentar-se negativamente afectadas pela incerteza no ambiente de negócios, pela imprevisível aplicação da legislação e por outras barreiras ao investimento que se encontram inseridos nos seguintes condicionalismos: factores macroeconómicos, factores relacionadas com o mercado financeiro e de crédito, factores de comércio e de investimento, factores relacionados com a infra-estrutura e os serviços, factores de governação, factores de emprego e fatores legais.
A título ilustrativo, em 2020, o Índice de Lucratividade em Moçambique flutuou entre 0,01 no segundo trimestre e 0,38 no quarto trimestre. A variação do índice pode ser atribuída a diversos fatores econômicos, como mudanças na economia global, nas políticas governamentais e em condições de mercado (Fazenda e Cardoso, 2023).
De acordo com Fazenda e Cardoso (2023), no primeiro trimestre de 2021, esse índice apresentou um declínio significativo para -0,06, o que pode indicar um declínio na eficiência com que as empresas em Moçambique estão gerando lucros.
Para o Índice de Produtividade em 2020 variou de 1,04 no segundo trimestre para 1,59 no quarto trimestre, mostrando um aumento gradual na produtividade empresarial durante esse ano. No entanto, em 2021, houve um ligeiro declínio no índice para 0,96 no primeiro trimestre, e uma estabilização de 0,97 no segundo trimestre. A queda na produtividade pode ser atribuída a factores como uma diminuição na demanda, aumento de custos operacionais ou questões relacionadas à gestão (Fazenda e Cardoso, 2023)
O Índice da Margem de Lucro segue um padrão semelhante ao do Índice de Lucratividade. Em 2020, o índice variou entre 0,01 no segundo trimestre e 0,21 no quarto trimestre. No entanto, registou uma queda notável para -0,06 no primeiro trimestre de 2021. Isso pode indicar que as empresas em Moçambique estão a enfrentar dificuldades para cobrir suas despesas operacionais ou que os seus preços de venda não estão suficientemente altos para cobrir os custos e ainda gerar lucro (Fazenda e Cardoso, 2023).
Crescimento empresarial
O crescimento empresarial refere-se à expansão das atividades de uma empresa, envolvendo aumento de receita, ampliação de mercado e fortalecimento organizacional. Segundo Penrose (1959, citado em Carvalho, 2016), o crescimento é um processo dinâmico que resulta da interacção entre os recursos da empresa e as oportunidades de mercado.
Outra abordagem relevante é apresentada por Machado (2016), que associa o crescimento empresarial às estratégias de diversificação e inovação. Reforçando a importância de uma estratégia proactiva para o crescimento sustentável sugerida por Penrose, Machado sublinha que o crescimento não se restringe ao aumento quantitativo das operações, mas inclui a capacidade de adaptação e inovação diante das mudanças do mercado.
O crescimento empresarial está intrinsecamente ligado à inovação disruptiva. O desenvolvimento de novos produtos e processos é importante para que as empresas superem a concorrência e se mantenham competitivas, o que enfatiza o papel do empreendedorismo na promoção do crescimento contínuo das organizações.
Com base nas perspectivas sugeridas pelos autores, entende-se que o crescimento empresarial é um processo dinâmico que combina a expansão quantitativa com a adaptação e inovação. Resulta da interação eficiente entre recursos internos e oportunidades de mercado, exigindo gestão estratégica e inovação contínua, culminando com o fortalecimento organizacional necessário para sustentar a competitividade a longo prazo.
Ambiente financeiro na sociedade africana
O ambiente de negócios das PME’s em diversos países africanos é caracterizado pela existência de dois tipos de instituições financeiras, nomeadamente os bancos e as instituições financeiras não bancárias (Muchanga, 2020).
Contudo, compreende-se que os bancos são a fonte tradicional de financiamento das actividades das empresas, não obstante a maior parte das PME’s não use créditos bancários como fonte de financiamento devido ao elevado custo e ao problema de acessibilidade, recorrendo, para o efeito, às instituições não financeiras, tais como os fundos e as instituições de microcrédito.
Igualmente, a EMAN (2008) destaca que desde a institucionalização do diálogo entre o Governo e o sector privado, o problema de acesso ao crédito foi sempre e repetidamente, colocado como sendo um dos sérios obstáculos ao desenvolvimento da economia e do sector privado.
Desafios regulatórios e políticos
Segundo Vilhena (2023), as empresas enfrentam desafios relacionados à complexidade das normas e procedimentos regulatórios. A rigidez das políticas estatais, combinada com a instabilidade política, cria um ambiente de negócios incerto, dificultando o planejamento estratégico das empresas. A burocracia excessiva e as dificuldades no acesso a licenças comprometem o crescimento sustentável das organizações, limitando suas capacidades de expansão.
Normas e regulamentos complexos exigem reformas que tornem o ambiente de negócios mais acessível e menos burocrático. A falta de clareza nas políticas e a instabilidade nas regulamentações desencorajam investimentos e limitam a capacidade das empresas de inovar e expandir suas operações, impedindo o aproveitamento pleno das oportunidades do mercado (Vilhena, 2023).
A adopção de políticas de investimento mais liberais pode ser uma solução para promover o crescimento das empresas. Reformas que reduzam tarifas, simplifiquem os procedimentos de importação e exportação, e criem um ambiente mais favorável aos negócios podem estimular a confiança empresarial, o que contribuiria para o fortalecimento das empresas, permitindo que se adaptem melhor às condições do mercado globalizado (Vilhena, 2023).
Desafios económicos e tecnológicos
A volatilidade económica global apresenta desafios significativos para o crescimento das empresas. Segundo Machado (2016), a flutuações nas taxas de câmbio, crises financeiras internacionais e variações nos preços de matérias-primas criam um ambiente incerto, dificultando o planejamento de longo prazo, exigindo que as empresas sejam altamente adaptáveis, desenvolvendo estratégias que lhes permitam resistir às turbulências do mercado.
O acesso limitado à tecnologia também é apontado por Machado (2016) como um fator que impede o crescimento empresarial. A falta de infra-estrutura tecnológica adequada, combinada com a baixa capacidade inovadora, restringe a capacidade das empresas de competir em mercados globalizados.
Investimentos em tecnologia e inovação são essenciais para superar esses desafios econômicos e tecnológicos, pois empresas que conseguem integrar novas tecnologias em seus processos e produtos têm maior chance de se destacar em um mercado competitivo (Machado, 2016).
Desafios sociais e culturais
Na visão de Carvalho (2016), as empresas também têm enfrentado desafios sociais e culturais que afetam diretamente seu crescimento. A desigualdade social, por exemplo, restringe o mercado consumidor, limitando as oportunidades de expansão, enquanto a exclusão social pode gerar instabilidades que perturbam o ambiente de negócios, exigindo das empresas uma atuação mais responsável e comprometida com o desenvolvimento econômico inclusivo.
A falta de mão-de-obra qualificada é outro obstáculo significativo para o crescimento empresarial. A escassez de trabalhadores com habilidades técnicas e de gestão impede as empresas de atingir seu pleno potencial, refletindo a necessidade de investimentos contínuos na formação e capacitação profissional, de modo a criar um mercado de trabalho que sustente o crescimento e a inovação empresarial (Carvalho, 2016).
A promoção de uma cultura empresarial mais robusta e inclusiva é fundamental para o desenvolvimento sustentável das empresas. Iniciativas que incentivem a formação de redes de colaboração, a inclusão social e a capacitação técnica podem criar um ambiente mais favorável ao crescimento empresarial. Esse ambiente, por sua vez, contribuirá para a criação de empregos, a redução da pobreza e o fortalecimento da economia moçambicana (Carvalho, 2016).
Flutuações económicas
As flutuações econômicas, como recessões e expansões, afetam diretamente o crescimento das empresas, impactando suas receitas e margens de lucro. Durante as recessões, a demanda por produtos e serviços diminui, forçando as empresas a ajustar seus planos estratégicos, cortar custos e, muitas vezes, reduzir suas operações, limitando a capacidade das empresas de expandirem e investirem em novos projetos (Mendes, 2002).
Nas fases de expansão econômica, por outro lado, as empresas tendem a se beneficiar de uma maior demanda por seus produtos e serviços, o que impulsiona o crescimento. No entanto, o crescimento rápido pode também gerar desafios, como a necessidade de aumentar a capacidade produtiva e a dificuldade em atender à crescente demanda. A gestão eficaz desses ciclos é essencial para sustentar o crescimento a longo prazo (Mendes, 2002).
As variações económicas também afetam o acesso ao crédito, que é vital para o crescimento das empresas. Em tempos de recessão, as condições de crédito podem se tornar mais restritivas, dificultando o financiamento de novos projetos ou a expansão das operações. A incerteza econômica torna o planejamento mais complexo, exigindo que as empresas sejam flexíveis e estejam preparadas para adaptar suas estratégias conforme as condições do mercado (Mendes, 2002).
Portanto, a volatilidade económica global pode exacerbar esses desafios, especialmente para empresas que operam em mercados internacionais. As flutuações nas taxas de câmbio, as crises financeiras em outros países e as mudanças nas políticas comerciais podem criar um ambiente ainda mais incerto. As empresas precisam desenvolver estratégias de gestão de risco robustas para mitigar os impactos negativos dessas flutuações.
Impacto das políticas económicas
Segundo Muchanga (2020), as políticas fiscais adotadas pelos governos, como impostos e incentivos fiscais, têm um impacto direto no ambiente de negócios. Aumentos nas taxas de impostos podem reduzir a lucratividade das empresas, desestimulando investimentos e dificultando o crescimento. Por outro lado, incentivos fiscais podem promover o desenvolvimento de sectores estratégicos, estimulando a inovação e a expansão das empresas nesses sectores.
As políticas monetárias, que incluem o controle da oferta de dinheiro e das taxas de juros, também influenciam significativamente o crescimento empresarial. Taxas de juros elevadas encarecem o custo do crédito, limitando o acesso das empresas a financiamentos necessários para expandir suas operações. Em contrapartida, taxas de juros mais baixas podem estimular o investimento e o crescimento, ao tornar o crédito mais acessível.
Mudanças abruptas nas políticas económicas podem criar incertezas que afectam o planeamento empresarial. Por exemplo, uma política fiscal expansionista seguida de uma política de austeridade pode desestabilizar o ambiente de negócios, dificultando o planejamento de longo prazo (Mendes, 2002; Muchanga, 2020).
A estabilidade das políticas econômicas é fundamental para a confiança empresarial. Políticas inconsistentes ou imprevisíveis podem gerar insegurança, desincentivando o investimento e o crescimento. A previsibilidade nas políticas fiscais e monetárias permite que as empresas planejem suas operações com maior segurança, promovendo um ambiente de negócios mais favorável ao desenvolvimento e à inovação (Mendes, 2002).
Instabilidade política e crescimento empresarial
Segundo Carvalho (2016) e Machado (2016), a instabilidade política, caracterizada por mudanças frequentes de governo e conflitos políticos, afeta negativamente o crescimento empresarial. Dum lado, alterações abruptas nas políticas económicas e sociais podem desestabilizar o ambiente de negócios, reduzindo a confiança dos investidores e limitando o acesso ao capital necessário para expansão e inovação.
Doutro, os conflitos políticos, como protestos e disputas internas, também criam um ambiente hostil para o desenvolvimento empresarial, podendo levar à interrupção das operações, à deterioração da infra-estrutura e à desvalorização da moeda local, afetando diretamente a lucratividade das empresas.
Risco regulatório
A incerteza regulatória é outro fator que pode comprometer o crescimento das empresas. Mudanças frequentes ou imprevisíveis nas leis e regulamentações criam um ambiente de negócios volátil, onde as empresas têm dificuldade em se adaptar rapidamente. A criação de novas regulamentações ou a modificação das existentes pode aumentar os custos operacionais e reduzir a competitividade das empresas, especialmente aquelas com menos recursos (Carvalho, 2016).
Corroborando com o autor, Muchanga (2020) sugere que a falta de clareza nas regulamentações também pode impactar a confiança empresarial, desencorajando investimentos e a expansão das operações. Empresas que operam em setores altamente regulamentados enfrentam desafios adicionais, pois a necessidade de cumprir requisitos legais complexos pode desviar recursos significativos do crescimento e inovação.
Desafios sociais e demográficos
Mudanças na estrutura populacional, como o envelhecimento da população, alteram a demanda e a oferta de trabalho nas empresas. Com menos trabalhadores jovens disponíveis, as empresas enfrentam desafios para preencher vagas e manter a produtividade. Ao mesmo tempo, a demanda por produtos e serviços específicos para a população idosa aumenta, exigindo ajustes no planejamento estratégico (Muchanga, 2020).
As migrações também influenciam o mercado de trabalho, criando tanto oportunidades quanto desafios para as empresas. A chegada de migrantes pode suprir a falta de mão-de-obra em determinadas regiões, mas também pode gerar pressões sociais e culturais. A adaptação às novas realidades demográficas é crucial para que as empresas mantenham sua competitividade e atendam às necessidades de uma população diversificada (Muchanga, 2020).
A desigualdade social limita o mercado consumidor e afecta o crescimento das empresas. Em sociedades onde a renda é concentrada em poucas mãos, o poder de compra da maioria é reduzido, restringindo as oportunidades de crescimento. A exclusão social pode gerar instabilidade, aumentando os custos operacionais e dificultando a implementação de estratégias de longo prazo (Muchanga, 2020).
Conforme Machado (2016), as empresas que operam em ambientes marcados pela desigualdade social também enfrentam desafios em termos de produtividade. Trabalhadores provenientes de contextos de exclusão social tendem a ter acesso limitado à educação e capacitação, o que reduz sua eficiência no ambiente de trabalho. A desigualdade, portanto, limita o mercado e compromete a qualidade e a competitividade das empresas.
Machado (2016) sugere ainda que a adaptação às mudanças demográficas e o enfrentamento das desigualdades sociais exigem que as empresas desenvolvam estratégias inclusivas e inovadoras. Investimentos em capacitação e a criação de produtos e serviços que atendam a diferentes segmentos da população são essenciais para garantir o crescimento sustentável.
Incertezas no mercado global
De acordo com Vilhena (2023), a globalização oferece oportunidades, mas também cria incertezas para as empresas. A competição global exige que as empresas inovem continuamente para manter sua posição no mercado. A volatilidade dos mercados internacionais pode afetar as operações, com flutuações cambiais e crises econômicas impactando diretamente a rentabilidade e o planejamento estratégico das organizações.
Mudanças nas políticas comerciais, como o aumento de tarifas e a imposição de sanções, acrescentam camadas de complexidade para as empresas que operam globalmente. Essas barreiras comerciais podem limitar o acesso a mercados estrangeiros, reduzir a competitividade e aumentar os custos operacionais. Empresas precisam desenvolver estratégias de mitigação para enfrentar essas incertezas e garantir sua sobrevivência em um ambiente volátil.
Empresas que navegam no mercado global precisam ser ágeis e resilientes para se adaptarem às mudanças e incertezas que surgem, o que inclui monitorar constantemente as políticas comerciais, ajustar rapidamente as operações e buscar oportunidades em novos mercados.
Inovações tecnológicas e incertezas
A rápida evolução tecnológica impõe desafios significativos às empresas, que precisam se adaptar continuamente para garantir seu crescimento. Tecnologias emergentes podem tornar produtos ou processos obsoletos rapidamente, exigindo investimentos constantes em pesquisa e desenvolvimento (Vilhena, 2023).
A automação e a inteligência artificial (IA) são áreas de incerteza que afetam diretamente o futuro do trabalho e os modelos de negócios. Embora possam aumentar a eficiência e reduzir custos, essas tecnologias também levantam preocupações sobre a empregabilidade, pois muitas funções tradicionais podem ser automatizadas (Vilhena, 2023).
3.2 Enquadramento Teórico
Teorias do caos e da complexidade
Os desafios do crescimento empresarial são debatidos por várias teorias económicas. Nesta pesquisa, analisa-se restritamente a Teoria da Complexidade, que oferece uma lente útil para entender o comportamento.
Percursores
Ernst Bernard Haas (1924-2003), Robert Owen Keohane (1941), Joseph Samuel Nye Jr (1937), Philippe Schmitter (1936), Leon Lindberg, e Lawrence Scheineman, a desenvolveram a partir da elaboração, modificação e verificação de hipóteses sobre a integração regional, tendo como base as instituições da União Europeia, estendendo a seu estudo no papel dos partidos políticos, dos grupos de interesse, bem como análise a opinião das elites políticas dos Estados sobre a integração.
Pressupostos
No contexto empresarial, segundo Vieira (2017), a Teoria de Complexidade ajuda a explorar como múltiplas variáveis interagem de forma imprevisível, gerando impactos que podem influenciar diretamente o crescimento e a sustentabilidade das organizações.
Com a teoria, é possível analisar como pequenas mudanças em variáveis econômicas, políticas ou sociais podem ter efeitos amplificados no desempenho das empresas. Esse enfoque permite que os gestores compreendam melhor as interconexões entre diferentes fatores e antecipem possíveis consequências, possibilitando a adaptação e a inovação em um ambiente de incerteza.
A Teoria de Complexidade também sugere que, “em vez de buscar soluções lineares para problemas complexos, as empresas devem adoptar estratégias flexíveis e adaptativas” (Vieira, 2017, p. 44).
Tal abordagem permite que as organizações respondam de maneira eficaz às flutuações do mercado e às mudanças socioeconômicas, promovendo um crescimento resiliente e sustentável, mesmo em cenários de alta incerteza e complexidade.
4 RESULTADOS
Complexidade e as incertezas dos problemas sócio económicos para o crescimento das empresas: Caso das Pequenas e Médias Empresas em Moçambique.
O ambiente de negócios de Moçambique, como o de muitos países em desenvolvimento, é caracterizado por uma série de desafios e oportunidades. De acordo com o relatório “Doing Business” do World Bank (2019), Moçambique tem feito progressos significativos na melhoria do seu ambiente de negócios, mas ainda há áreas em que necessita-se de mais reformas.
De acordo com Fazenda e Cardoso (2023) um dos principais desafios para os negócios em Moçambique é o acesso ao financiamento. As taxas de juros são muitas vezes proibitivas para as empresas em início de carreira, e muitas enfrentam dificuldades para obter crédito. Esses factores podem ser uma barreira à entrada de novos negócios e limitar a expansão dos negócios existentes.
Em uma pesquisa realizada por Portugal-Perez e Wilson (2012), a infra-estrutura do país, apesar de estar a melhorar, também pode ser um obstáculo para o crescimento empresarial. Os desafios vão desde a qualidade das estradas e o acesso à electricidade até a eficiência dos serviços portuários e aeroportuários. As limitações na infra-estrutura podem aumentar os custos operacionais e reduzir a eficiência, o que pode desencorajar o investimento empresarial.
Adicionalmente, o crescimento populacional em Moçambique e a urbanização crescente representam um mercado potencialmente grande para produtos e serviços. No entanto, isso também vem com desafios, como a necessidade de melhorar a educação e as habilidades da força de trabalho para que se possa atender às necessidades das empresas (Mawson, 2016).
a) Mercado de trabalho
Relativamente ao mercado de trabalho, a EDPME’s (2007 – 2022) revela que a qualidade do ambiente de negócios das PME’s é caracterizada pela inexistência de qualidade e produtividade da força de trabalho que é, por tanto, insatisfatória. Esta estratégia revela ainda que a qualidade e produtividade da mão-de-obra dependem, sobretudo, da educação e cultura; da nutrição e qualidade dos serviços de saúde (Muchanga, 2020).
Sustentando-se ainda no contexto do mercado de trabalho, o papel dos regulamentos do trabalho, uma vez que estes visam garantir as condições de emprego e normalidade das relações entre os empregadores e empregados tendo como finalidade o alcance da eficiência e produtividade. No centro dos regulamentos do trabalho encontra-se a nova Lei do Trabalho3 que contempla mudanças significativas e um avanço em direcção a um mercado de trabalho mais flexível, em que a mão-de-obra constitui uma das variáveis que favorece o desenvolvimento das PME’s.
b) Tributação
O pagamento de taxas constitui um dever de cada cidadão, instituição pública ou privada e é um meio de colaboração individual e colectiva para o desenvolvimento da economia nacional, condição essencial para o almejado combate contra a pobreza no país. Contudo, a forma de colecta dos impostos deve ser parte de uma política fiscal equilibrada, de forma que seja benéfica para a sociedade e não lese interesses dos principais geradores da riqueza (Muchanga, 2020).
Por seu turno, a EDPME’s (2007 – 2022) refere que o ambiente de negócios das PME’s apresenta um sistema de tributação que dificulta o cumprimento das obrigações fiscais, isto é, não favorece o desenvolvimento empresarial, se não vejamos:
O Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) tem uma taxa única de 17%, aplicável aos bens e serviços, incluindo a importação;
O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRPC) tem uma taxa de 32%;
O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS) em que as taxas são progressivas, varia de 10% a 32%; existem outros impostos e taxas diferentes pagas ao Governo, de acordo com a especificidade das actividades ou serviços realizados (Muchanga, 2020).
c) Acesso aos mercados
O mercado nacional parece ser demasiado pequeno para que os empresários corram quaisquer riscos de abertura de novos negócios. Porém, uma soma considerável é gasta mensalmente na República da África do Sul (RAS). O mercado é fraco em termos de disponibilidade de produtos, da linha e da profundidade do produto bem como do seu preço, factores estes que conduzem a um baixo nível de respostas ao cliente (Muchanga, 2020).
Este problema é o resultado da combinação de alguns factores, tais como a má infra-estrutura e a competitividade das empresas comparativamente com os seus vizinhos da RAS, (EDPME’s, 2007 – 2022).
d) Ligações: rede de Pequenas e Médias Empresas
A EDPME’s (2007 – 2022) refere que uma das condições necessárias, mas não suficiente, para que as PME’s prosperem é uma forte ligação entre as empresas e também entre as indústrias, uma vez que uma PME aumenta a sua vantagem competitiva, ao mesmo tempo que tenta sobreviver na cadeia da oferta.
Porém, uma maior magnitude da concorrência não constitui o único benefício das PME’s. Com efeito, existem outros benefícios. Por exemplo, as PME’s complementam-se umas às outras no processo do valor acrescentado, forjando assim ligações complementares. Em resultado disso, as ligações irão evoluir ainda mais e consolidar-se à medida que mais PME’s forem atraídas e procurarem oportunidades de oferta, contribuindo assim para melhorar a economia de escala (Muchanga, 2020).
A ligação das PME’s tem uma implicação importante na maneira como a economia regional é moldada, isto é, as PME’s muitas vezes aglomeram-se num determinado local quando constatam que a proximidade geográfica e do produto reduz o custo de transacção. Deste modo, a integração horizontal e vertical daí resultante conduz, em última instância, a uma especialização regional (Muchanga, 2020).
Entretanto, o clima de investimento em Moçambique tem sido influenciado por vários outros fatores, incluindo a disponibilidade de recursos naturais, o acesso ao financiamento e a infra-estrutura disponível. O país tem uma abundância de recursos naturais, que têm atraído investimento em setores como mineração e energia (Barro & Lee, 2013). No entanto, a infra-estrutura inadequada e o acesso limitado ao financiamento podem ser barreiras ao investimento (Cardoso e Fazenda, 2023).
Finalmente, o desenvolvimento do capital humano é fundamental para o ambiente de negócios. A qualidade da força de trabalho em termos de habilidades e educação pode afetar a produtividade e a eficiência das empresas (Barro & Lee, 2013).
5 CONCLUSÃO
O objectivo deste artigo foi de descrever o ambiente de negócios na sociedade africana. Da qual apresenta-se diversos aspectos importantes dos diversos sistemas financeiros como por exemplo, o sistema financeiro moçambicano. Buscando identificar os diversos fatores que impactam o ambiente de negócios na sociedade africana com vista a compreensão das estratégias das empresas, investidores e formuladores de políticas públicas.
Pode-se neste contexto concluir-se que a maior parte dos países africanos quanto ao ambiente de negócios é caracterizado por uma série de desafios e oportunidades no seu ambiente de negócios e no desenvolvimento económico.
O desempenho empresarial tem sido afectado por factores internos e externos, incluindo a instabilidade política e económica e a flutuação nos preços das commodities.
Percepciona-se que as diversas empresas procuram melhorar a sua eficiência e produtividade através de investimentos em tecnologia e inovação como o caso das empresas moçambicanas, contudo, medidas adicionais devem ser implementadas para lidar com as incertezas e desafios existentes, como aprimorar a governança corporativa e simplificar regulamentações e procedimentos burocráticos.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1Universidade Wutivi
itsope@gmail.com